Programação para a criançada
Divulgação
Cultura | p. 7
Esportes | p. 8
A chance de subir no Brasileirão Coritiba depende das próprias pernas para ir à série A
Final de semana com musical e atividade na praça
Divulgação
PARANÁ
Ano 4
Edição 142
17 a 23 de outubro de 2019
distribuição gratuita
www.brasildefato.com.br/parana Gibran Mendes
Professores têm pouco a comemorar em seu dia Profissão é marcada pelo excesso de trabalho, perseguição de governos e retirada de direitos.
Geral | p. 4
Presente de “grego” Ratinho acaba com licença especial no dia do professor
Candidatos pedem anulação de eleição de Conselho Tutelar em Colombo Favorecimento a candidata apoiada pela prefeitura e nomes errados nas urnas estão entre as irregularidades | p. 5
Brasil | p. 4 e 5
Brasil | p. Cidades | p.66
Defesa dos mais vulneráveis Entrevista exclusiva com novo ouvidor da Defensoria Pública
Brasil de Fato PR 2 Opinião
Paraná, 17 a 23 de outubro de 2019
Moro pede esmola com chapéu alheio
SEMANA
OPINIÃO
Tânia Maria de Oliveira,
advogada, historiadora e pesquisadora, membra do Grupo Candango de Criminologia da Unb e da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia
O
Ódio aos trabalhadores EDITORIAL
E
ntre os aspectos que unem o presidente Jair Bolsonaro e o governador Ratinho Jr. há um que se destaca. O aparente ódio aos trabalhadores, o que fica claro na maioria das decisões tomadas nesses mais de nove meses de governos federal e estadual. Bolsonaro mandou para o Congresso uma reforma da previdência em que alegava acabar com privilégios, mas que 70% do custo caiu nas costas do trabalhador privado, aquele que começa a trabalhar antes e ganha menos. Além de enviar projetos retirando direitos trabalhistas e seu ministro da educação ter começado verdadeira guerra contra professores e servidores.
Brasil de Fato PR
Ratinho não ficou atrás, fez projeto atacando direitos de professores de universidades estaduais, está retirando direitos que o funcionalismo estadual tem há décadas e, para não ficar atrás na vilania, autorizou o uso da Polícia Militar em sete despejos de acampamentos de sem-terra no estado só nesses primeiros meses de governo. Desculpas sempre há, mas todas as ações vão na direção de prejudicar trabalhadores e mostrar genuíno amor a empresas e empresários. É bom de lembrar, nas próximas eleições, o que eles fizeram e de que lado estão, não com base em palavras, mas nas ações de seus governos.
s jornais trouxeram a notícia na quarta-feira (9) que o ministro Sérgio Moro evitou encontrar Deltan Dallagnol em um restaurante onde estavam. Esquivar-se de contato com Dallagnol parece revelar parte de uma estratégia maior de Moro. A queda de popularidade e de influência, após as divulgações do portal “The Intercept Brasil”, faz com que ele tente se realocar no cenário da política nacional. Moro era símbolo de uma pauta cujo apelo popular era infalível: o combate à corrupção. Mas a ausência de empenho do Ministério da Justiça e Segurança Pública em apurar acusações contra membros do governo e da família do presidente da República o colocam como portador de uma imagem marcada pela incoerência e ambiguidade. Agora, na busca de uma “nova pele”, tenta vincular sua imagem à queda dos índices de homicídios no país, cuja tendência vem desde janeiro de 2018, sem qualquer relação com programas ou políticas públicas implementadas no governo Bolsonaro. Os dados divulgados pelo Monitor da Violência mostram que a queda de 22% nos homicídios no país foi, em muito, impulsionada pelo estado do Ceará, que chegou a diminuir 53%. Além da criação do
Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) em 2018, projeto idealizado no governo Lula e enviado ao Congresso Nacional durante o governo Dilma, em conjunto com a alteração na lei do fundo nacional de segurança pública, garantindo mais recursos para a área. O que as pesquisas evidenciam é que não existe qualquer relação entre ações do Ministério de Moro e a redução dos homicídios. Por um lado, isso não seria possível nem mesmo se o governo Bolsonaro apontasse caminhos para esse resultado, tendo em conta que 10 meses não seria suficiente para alcançá-lo. Por outro, a estratégia política do governo alinha-se a posturas tendentes ao autoritarismo, inversamente proporcionais à eficiência. Pedro de Oliveira | ALEP
EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 142 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Tânia Maria de Oliveira ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www. facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com IMPRESSÃO Grafinorte | Nei 41 99926-1113
Brasil de Fato PR
Brasil deGeral Fato |PR 3
Paraná, 17 a 23 de outubro de 2019
FRASE DA SEMANA
Com baixos salários, trabalho intermitente avança no Paraná Antes de a reforma trabalhista ser aprovada, sindicatos alertavam que os empregos formais seriam substituídos por intermitentes. Com isso, os direitos e a renda dos trabalhadores seriam reduzidos. Foi justamente o que aconteceu. O Dieese do Paraná analisou os dados referentes ao saldo de empregos formais e salário médio dos admitidos pelo Cadastro Geral de Admitidos e Demitidos, Caged, do Ministério do Trabalho, entre novembro de 2017, quando começou a vigorar a reforma trabalhista, a agosto de 2019. Dos 619.887 empregos, o trabalho intermitente representou 16,5% (102.173 empregos) do total. Entre novembro e dezembro de 2017, 298 postos gerados no Paraná eram intermitentes. O índice era mínimo. Já entre janeiro a agosto de 2019, saltou para 3.242. Em todo o período, são 7.408 postos, o que representa 11,9% dos 62 mil postos. Segundo o levantamento, o modelo prejudica a renda. “O salário dos intermitentes (R$ 1.009,49) foi em média equivalente a apenas 66% do salário médio total (R$ 1.530,07)”, aponta o Dieese. Curitiba lidera, no estado, a opção pelo contrato intermitente 57,59%. Já a Construção Civil foi o setor que mais recorreu ao modelo de contratação no Paraná: 30,43% dos intermitentes.
“Temos um governo que não gosta do povo brasileiro”
68% das federais rejeitam o Future-se
Disse o novo presidente da CUT, o metalúrgico Sérgio Nobre. Para ele, o desmonte das políticas públicas protagonizado por Bolsonaro é um crime contra o País. Roberto Parizotti
Desigualdade: 1% dos brasileiros ganha 34 vezes mais que 50% da população Pesquisa divulgada pelo IBGE mostra aumento da distância entre mais ricos e mais pobres Redação, São Paulo Os trabalhadores brasileiros mais ricos, 1% da população, ganham, em média, R$ 27.744 por mês, o que corresponde a 34 vezes mais que o rendimento da metade mais pobre da população brasileira, trabalhadores que vivem com a média de R$ 820 mensais. Os números constam da Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc) 2018 divulgada na quarta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A diferença entre o topo e a base, segundo o IBGE, é a mais alta da pesquisa, iniciada em 2012. A distância salarial vinha
caindo até 2013, ficando estável até 2016. A tendência foi revertida a partir de 2017, se alargando em 2018. A desigualdade aumenta quando o rendimento real do trabalho dos mais pobres cai ou sobe menos do que o dos mais ricos, o que tem acontecido nos últimos anos. “O rendimento do trabalho corresponde a aproximadamente três quartos do rendimento total das famílias. O mercado de trabalho em crise, em que as pessoas estão deixando seus empregos e indo para outras ocupações, com salários mais baixos, provoca um impacto no rendimento total”, explicou a gerente da PNAD Contínua, Maria Lucia Vieira. Com isso, o Índice de
Gini, que mede a concentração de renda, subiu de 0,537 para 0,545, levando em consideração todas as rendas das famílias (trabalho, aposentadoria, pensões, aluguéis, Bolsa Família e outros benefícios sociais). Esse é o maior Gini desde 2012, ano em que foi publicada a primeira pesquisa. Nessa base de dados, quanto mais próximo de 1, pior. A pesquisa também mostra que os 10% mais pobres ficam com apenas 0,8% de toda a massa de salários do país, enquanto os 10% mais ricos concentram 43,1%. Os dados do IBGE mostraram ainda que mais da metade dos brasileiros têm média salarial inferior a um salário-mínimo.
O projeto do governo Jair Bolsonaro (PSL) que prevê a ingerência do capital privado nas universidades públicas federais, batizado de Future-se, é total ou parcialmente rejeitado por todas as instituições que já iniciaram o debate sobre assunto. Ao todo, 43 das 63 universidades federais (68%) se reuniram para analisar a proposta do governo e fizeram diversas críticas ao projeto. A rejeição mais forte é na região Sudeste, onde 19 universidades se posicionaram contra o programa.
Nobel contra a desigualdade O Prêmio Nobel de Economia deste ano foi dividido entre três pessoas pelas contribuições à luta contra a pobreza e às desigualdades sociais. Foram premiados Esther Duflo e Abhijit Banerjee, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA), e o especialista estadunidense em economia do desenvolvimento Michael Kremer, da Universidade de Harvard.
Novo presidente da CUT No 13º Congresso Nacional da CUT “Lula Livre” – Sindicatos Fortes, Direitos, Soberania e Democracia, foi eleita a nova direção nacional da central. Na presidência ficou o metalúrgico do ABC Sérgio Nobre. A vice-presidência será ocupada pelo representante do sindicato dos Bancários de São Paulo, Vagner Freitas. A secretaria geral será comandada pela trabalhadora rural Carmen Foro.
4 | Cidades
Paraná, 17 a 23 outubro de 2019
Brasil de Fato PR Brasil de Fato PR
Paraná, 17 a 23 de outubro de 2019 Paraná, 17 a 23 de outubro de 2019
Muito além da sala de aula Jornadas estafantes, ataques a direitos, desvalorização da escola pública, mais que parabéns, professores querem condições de trabalho dignas
J
ornadas estafantes, dois, três turnos por dia. Trabalho “não para nunca”. Essa é a realidade de professoras, do ensino fundamental e da universida-
de pública, por coincidência duas “Elzas”, entrevistadas pelo Brasil de Fato Paraná. Mais que dar parabéns pelo dia do professor, comemorado em 15 de outubro, o BDF buscou entender a realidade a que as profissionais estão submetidas.
Arquivo Pessoal
“Trabalho três turnos por necessidade”, diz Elsa, da escola pública “Trabalhar três turnos é por necessidade. Estamos com salários sem reajuste, ainda tem desconto de impostos, não passa de dois salários mínimos cada turno,” diz Elsa Magalhães, que é mãe, dona de casa e ainda trabalha de manhã, tarde e noite em escolas públicas, desde 2003, quando fez seu primeiro concurso. Atualmente, pela manhã, é professora do ensino fundamental, à tarde trabalha com formação de docentes no ensino médio e, à noite, atua como pedagoga. Rotina pesada que, segundo ela, só é aliviada porque ama o que faz. “Eu acredito na sala de aula. Eu me realizo vendo uma criança do 5º. ano ou um jovem com os olhos brilhando porque superou uma dificuldade, aprendeu algo. Eu vibro com eles, eu coloco vida, pois só assim tem sentido.” Elsa aponta como aspectos negativos a desvalorização externa, que nada tem a ver com a sala de aula. “Os contras são a desvalorização da profissão, são estes tempos em que é crime trabalhar conteúdos com senso crítico e alguma desvirtuação na função da escola”, diz. Elsa, em 2005, teve que pedir licença médica e precisou fazer tratamento com antidepressivos. Atribui isso ao desgaste da rotina, pois, “muitas vezes era o meu salário que sustentava a casa.” Mesmo com tantas adversidades, não pensa em desistir. “Meus alunos me enchem de vida,” declara.
“O trabalho não acaba nunca”, diz Elza, da UTFPR A primeira reação da professora Elza Oliveira Filha, que dá aula em Comunicação Organizacional na UTFPR, é de indignação quando perguntada sobre a frase do ministro da Educação, Abraham Weintraub, de que professor ganha muito e trabalha pouco. “É estapafúrdio, por parte do ministro, pensar que a gente trabalha apenas em sala de aula. E aqui na UTFPR, que conheço bem, ninguém dá tão pouca aula como ele fala nem ganha tanto”. Elza conta que dá 12 horas de aula por semana, mas que orienta seis alunos no trabalho de conclusão de curso, TCC, coordena o Núcleo de Comunicação do Departamento de Extensão do Campus e faz projeto de pesquisa, com estudantes da graduação e do mestrado, no Observatório Paranaense de Mídia. “Trabalhei 25 anos em jornais diários, que todos os dias fechavam uma edição, mas acabava e ia pra casa dormir, sem ficar preocupada. Na Universidade, a sensação é de que nunca acaba, sempre tenho coisas para fazer, aulas para preparar, trabalhos para corrigir. Mesmo nas férias, isso fica na cabeça permanentemente. Ela destaca ainda o aspecto do relacionamento com os alunos, gratificante, mas também desgastante. “Os alunos sofrem com depressão, síndrome do pânico, desemprego, é um momento da sociedade que implica desgaste maior do professor. Muitas vezes você deita e fica pensando. Ontem mesmo tive conversa com uma aluna que está sem emprego, pensando em desistir da universidade. Vou deitar e fico pensando o que posso fazer para ajudar. Isso também faz parte das atividades.”
Ratinho Jr. dá ‘presente de grego’ ao funcionalismo No Dia do Professor, é aprovado projeto que acaba com licença especial Ana Carolina Caldas No dia do professor, eles acabaram, junto com todo o funcionalismo, recebendo um verdadeiro “presente de grego” do governo do Estado. Em 15 de outubro, deputados aprovaram projeto do governador Ratinho Jr. que acabou com a licença especial, a que tinham direito há décadas. Era um período de 90 dias a que os servidores tinham direito a cada 5 anos de serviço e se não tivessem penalidades administrativas. O que era usado, muitas vezes, para tratamento médico. A votação, em segundo turno, na
Assembleia Legislativa, aconteceu com grande protesto dos servidores que lotaram as galerias da Alep. Muitos professores presentes lamentavam não poder comemorar o seu dia. “É triste estar aqui lutando por um direito nosso. Um governador que trata seus professores assim é alguém que promete muitos outros ataques”, disse Maria Lucia, professora da rede pública. Na sessão, a deputada Luciana Rafagnin (PT) trouxe números de suicídios que vêm acontecendo entre servidores. “Em 2018, 11 policiais morreram por suicídio. Entre 2008 e 2016, na área da saúde, foram 48 casos. E em 2018 foram 15
Candidatos ao Conselho Tutelar pedem anulação de eleição em Colombo Luiz Costa | SMCS
Arquivo Pessoal
Redação
Brasil de Fato Cidades | 5 PR
mortes de professores pela mesma causa.” Luciana destacou que tanto o aumento de adoecimento como o número de suicídios se dão pelas más condições de trabalho e que a licença especial era uma possibilidade para tratamento. Como fica Para os servidores que entrarem agora no serviço público, após a lei entrar em vigor, não haverá mais direito à licença. Os atuais servidores, que completarem o tempo de serviço necessário para o direito, terão de comprovar a realização de cursos de aperfeiçoamento profissional (capacitação) na sua área.
Ana Carolina Caldas
Urnas com problemas e favorecimento a uma das candidatas estão entre as irregularidades denunciadas Ana Carolina Caldas As eleições para o Conselho Tutelar foram canceladas em várias cidades do Paraná, como em Curitiba, Campo Largo e Paranaguá, por irregularidades. Mas, em Colombo, município da região metropolitana, foram mantidas apesar de várias denúncias. As irregularidades apontadas vão da troca de nomes de candidatos nas urnas à utilização de equipamentos públicos por candidata para fazer campanha, o que é proibido. Em denúncia encaminhada ao Ministério Público, em que pedem o cancelamento da eleição, cinco candidatos alegam que a pessoa mais votada teria feito campanha com o auxílio da prefeitura e em equipamentos públicos. “Há total ajuda da máquina da prefeitura para quem
teve mais votos. E temos como comprovar” denuncia uma das candidatas. Problemas antes da eleição Os problemas começaram mesmo antes do dia da eleição. Em ofí-
“Desconhecemos publicação formal de qualquer documento que tenha nomeado as pessoas que integram a Comissão Eleitoral” dizem candidatos cio ao Ministério Público e à prefeitura cinco candidatos disseram que, “Desconhecemos publicação formal de qualquer documento que tenha nomeado as pessoas que integram a Comissão Eleitoral.” E, ain-
da, “Não foi possibilitado o acesso e a conferência de documentos apresentados para comprovar requisitos mínimos para a candidatura ser oficializada.” Eleitora relata erro Jusceni Rosa dos Santos Vidolin protocolou denúncia sobre o que considerou grave irregularidade. Ela relatou ao Brasil de Fato Paraná que foi votar no Centro de Convivência Lírio do Vale e, ao digitar o número 5, primeiro de uma sequência de três números, uma foto já apareceu e foi pedido que confirmasse o voto. “Não era minha candidata e nem havia digitado o próximo número.” O mesário foi informado e atestou o erro. Resolveram anular a tela e reiniciar o voto. Conseguiu na segunda tentativa, mas ficou preocupada que isso levasse a erro outras pessoas.
Brasil de Fato PR 6 Cidades
Brasil de Fato PR
Paraná, 17 a 23 de outubro de 2019
Divulgação | MST
Defensoria tem papel central na defesa dos mais vulneráveis O advogado Tiago Hoshino fala sobre o trabalho que terá ao assumir a ouvidoria externa da Defensoria Pública do Paraná Divulgação
Ana Carolina Caldas
É
dever do estado garantir assistência jurídica gratuita aos que não podem pagar. E isso é feito pela Defensoria Pública. Thiago Hoshino tomará posse como ouvidor-geral externo do órgão em 20 de outubro. Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato Paraná, fala sobre as dificuldades para garantir respeito aos direitos humanos. Brasil de Fato Paraná – Há casos concretos de jovens da pe-
PUBLICIDADE
riferia mortos pela polícia ou assassinados em disputas nas comunidades. De que forma você vê isso? Tiago Hoshino – Recentemente, a Defensoria da Bahia publicou pesquisa com dados contundentes sobre o viés racial e classista das audiências de custódia. Também se sabe que a letalidade das forças do estado é desigualmente distribuída. Há grupos e territórios mais expostos, como a população negra e as áreas periféricas ou assentamentos informais. Embora a Defensoria não
seja o órgão com atribuição de investigar essas situações, tem papel central na garantia de direitos a essas comunidades, reduzindo sua vulnerabilidade. Por isso existe um Núcleo de Política Criminal que executa importante trabalho com famílias de vítimas de violência ou da população encarcerada. No Paraná, quais os principais desafios em relação aos direitos humanos? Eu citaria o discurso ainda arraigado de que este é um estado forjado unicamente pela imigração europeia e por sua cultura. Os efeitos dessa fantasia são o fomento ao racismo, à discriminação, à intolerância, à xenofobia ao negar a contribuição determinante negra, indígena, migrante na nossa história. Assumir um estado plural e aberto à diversidade é também não sufocar as múltiplas memórias de lutas e resistências que fizeram e fazem o Paraná que conhecemos.
Os Sem Terrinha se reúnem em defesa de brincar e lutar Lia Bianchini Com o lema “Sem Terrinha em Movimento: direito de lutar, brincar e construir reforma agrária popular”, o encontro em Curitiba reúne cerca de 400 crianças, entre 6 e 12 anos, de assentamentos e acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de diferentes cidades paranaenses. Segundo Valter de Jesus Leite, integrante do Setor de Educação do MST, o encontro busca ampliar o debate sobre o lugar da criança dentro do movimento sem-terra e fortalecer a coletividade. “A identidade sem-terrinha não é uma construção dos adultos para as crianças. É uma construção com as crianças. Logo, envolve entender essas crianças como um sujeito coletivo no interior do movimento, que também reivindica seus direitos, se auto-organiza para estudar, para lutar por melhorias na
qualidade de vida no campo”, explica. Para Jeizi Loici Back, também integrante do MST, o encontro busca fortalecer também a defesa pelo direito que as crianças têm ao lúdico. “Além desse caráter de luta, tem a defesa da infância, garantir que as crianças tenham o direito ao lúdico, ao brincar, que elas possam ter uma infância saudável, possam acessar escola, saúde”, diz. Na programação do encontro estão atividades como grupo de estudo e debate sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), rodas de contação de histórias, roda de Cacuriá (uma dança folclórica típica do Maranhão), além de mais de 28 oficinas com educadoras e educadores de diferentes áreas. Durante a preparação do encontro, houve campanha para arrecadação de livros de literatura, doces e brinquedos, que serão distribuídos para as crianças.
Brasil de Fato PR
BrasilCultura de Fato| PR 7
Paraná, 17 a 23 de outubro de 2019
Programação para a criançada no final de semana Redação Encantar e reencantar adultos e crianças com o que existe de mais lúdico na cultura brasileira. Essa tem sido uma das missões do grupo Tupi Pererê em 10 anos de história. Para colocar isso em prática, a trupe tem utilizado uma receita que é a cara da infância e tem como ingredientes variadas linguagens artísticas. Seus trabalhos contam com muita música e passeiam por contação de histórias, teatro, artes visuais e literatura. Essa miscelânea cultural é também o que vai marcar o evento comemorativo do grupo em outubro. A programação de aniversário será coroada por um espetáculo musical inédito: o “Tumbalelê”, que acontece no Teatro do Paiol no dia 20. A montagem tem músicas extraídas do re-
DICAS MASTIGADAS Divulgação
Risoto de tomate e manjericão Ingredientes 2 xícaras de arroz arbóreo. 1 cebola pequena picada. 2 dentes de alho moído. 2 tomates maduros em cubinhos. 15 folhas de manjericão.
pertório da trupe e do cancioneiro popular permeadas por contos do folclore nacional, além da participação especial de “Fafá Conta” na narração de histórias, Fabinho de Souza no trompete e Samuel Petean na bateria. Quando: 20 de outubro, 16h Onde: Teatro do Paiol Quanto: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)
100 ml. de vinho branco ou cachaça. Queijo parmesão ralado. Caldo de legumes o quanto bastar. Sal, pimenta e azeite.
Como preparar Faça 4 xícaras de caldo de legumes e reserve à parte. Refogue a cebola e o alho no azeite por alguns instantes sem deixar dourar. Acrescente o arroz e refogue por alguns instantes. Adicione o vinho e deixe o álcool evaporar por um tempo. Acrescente então pequenas conchas do caldo de legumes quente e mexa suavemente o arroz sem parar. Quando a água começar a secar acrescente outra concha de caldo e repita o processo até o arroz ficar “al dente”. No final, adicione o tomate, o manjericão, o queijo ralado e mais uma concha rasa de caldo. Prove e corrija o tempero. Adicione um fio de azeite e sirva quente.
Reprodução
Evento gratuito propõe ocupação de praças públicas Divulgação
Redação No sábado, 19 de outubro, a Escola Semeador do Saber e a Fabrikart Ideias Educacionais realizam o “Viva a Praça”, uma manhã de atividades para adultos e crianças. Na programação estão oficina de construção de brinquedos, contação de histórias, oficina de pin-
tura com tintas naturais, dança, música e brincadeiras. O evento acontece na Praça Maria Rosa G. do Contestado, no bairro Hugo Lange, das 9h às 12h. Quando: 19/10, 9h às 12h Onde: Praça Maria Rosa G. do Contestado, Hugo Lange Quanto: gratuito
Quando: 20/10, 16h Onde: Teatro do Paiol Quanto: R$ 30 e R$ 15
LUZES DA CIDADE
Por Fernando Lopez
Uhu, a Hungria é nossa! - Maria Eduarda, minha querida, temos que mudar nossa viajem deste fim de semana. -Por que Carlos Alberto? - Você viu o que a prefeita comunista de Paris fez? Deu uma honraria para o Lula! O Lula!
-Que horror! Paris, eu amava... -Mas vamos para onde, então? New York? Faz quase um mês que não jantamos no Boulud. - Enquanto De Blasio for prefeito não piso naquela Venezuela disfarçada. - Berlin! A Joice disse que abriu
um restaurante top bem perto do nosso apartamento. -Merkel... -Buenos Aires? É chinfrim mas dá pra ir com o jatinho das crianças. Pertinho. - Kirshner! -Meu Deus Alberto! Eles estão
dominando tudo! Vermelhos em Portugal, Espanha, até no México. Eu adorava o nosso resort em Acapulco. - Já sei! Hungria! O por do sol é lindo em Buda. -Sim, Hungria . - Ahá, uhu, o Orbán é nosso!
Brasil de Fato PR 8 Esportes
Brasil de Fato PR
Paraná, 17 a 23 de outubro de 2019
Briga de foice na série B
ELAS POR ELA Divulgação
É campeão! Mas...
Faltando nove rodadas para a maioria dos times, quais a chances de cada um subir ou cair Frédi Vasconcelos
A
menos de dez rodadas para o final do Brasileirão da série B, a não ser que dê zebra, pelo menos dois times estão com os dois pés no acesso. Segundo cálculos do Infobola, do matemático Tristão Garcia, o Bragantino (SP) tem 99% de chances e o Sport (PE) chega a 93% de possibilidade de acesso. Os dois que vêm logo a seguir na tabela, Atlético-GO e Coritiba, têm 60% e 59%, respectivamente. Vale lembrar que o Coxa tem um jogo a menos que a maioria dos adversários. Depois vêm seis times que ainda podem jogar a série A em 2020, América-MG (29%), Paraná (25%), Botafogo-SP (17%), Operário (6%), CRB (4%) e Ponte Preta (4%). Para o matemático, o
acesso será garantido a quem chegar a 63 pontos. Na parte de baixo, o lanterna São Bento (SP) tem 86% de risco de ir para a terceirona. Figueirense (83%), Criciúma (76%) e Vila Nova (62%) completam as posições em que ninguém gostaria de estar.
Fernanda Haag
Entre os paranaenses, o Londrina é quem corre mais risco, com 42% de chance de chegar ao Z4 até o fim do campeonato. O outro paranaense, o Operário, já está quase salvo, com 1% de chance de cair. A previsão é que serão necessários 46 pontos para a salvação.
Temos as campeãs paranaenses de 2019. O Foz Cataratas/Athletico (os times da fronteira e da capital têm parceria devido às exigências recentes da CBF e Conmebol) empatou com o Toledo em 1 a 1 no Estádio Municipal 14 de Dezembro e se sagrou campeão estadual. O time está acostumado a erguer a taça, pois é a nona conquista consecutiva. Venceu todas as edições que disputou. Lembramos que o Foz tem tradição na modalidade, venceu a Copa do Brasil de 2011 e chegou ao vice-campeonato da Libertadores de 2012. Mas, nem tudo são flores, e o presidente do clube, Gezi Damaceno, informou que se o Athletico não mantiver a parceria para o próximo ano o Foz irá solicitar a dispensa das competições, pois seria inviável manter a equipe. É uma situação complicada e que revela mais uma vez os desafios do futebol de mulheres. Vocês já pensaram em um clube campeão recente da Copa do Brasil, vice, também recentemente, da Libertadores e eneacampeão estadual sair das competições oficiais assim, se fosse no futebol masculino? Difícil hein?!
Obrigação de vencer
Das voltas que a vida dá
Todos querem Tiago Nunes
Por Cesar Caldas
Por Marcio Mittelbach
Por Roger Pereira
Para respirar com alívio no final de novembro, qualificado para voltar à Série A, o alviverde terá que vencer pelo menos duas das cinco partidas fora do Estádio Couto Pereira, além de trazer preciosos empates. O primeiro adversário a ser enfrentado longe de seus domínios é, em tese, o mais fácil de ser batido: o Vila Nova, no próximo sábado (19/10). O Colorado goiano está na zona de rebaixamento, tem o ataque menos efetivo da Série B (20 gols) e é o segundo com menos vitórias (seis em 29 jogos). Coritibanos, é vencer ou vencer – sem desculpas. No último mês da competição, os confrontos serão bem mais acirrados, dado o pífio histórico coxa-branca fora de Curitiba: Botafogo-SP, Figueirense (SC), Brasil de Pelotas-RS e Vitória da Bahia são os desafios do Verdão, respectivamente, nos dias 1º (sexta), 8 (idem), 12 (terça-feira) e 30 (sábado – última rodada).
Primeiro semestre de 2015. Com sete meses de salários atrasados, o Paraná Clube corria o risco de ser interditado pela Justiça. No mesmo momento, o Figueirense era campeão estadual e começava a luta pela terceira permanência seguida na primeira divisão. Naqueles dias ninguém poderia imaginar o estágio que as duas equipes iriam se enfrentar nesse sábado, 19/10. Depois de um vexatório W.O., o Figueirense luta desesperadamente para não cair para a Série C. O que teria causado uma mudança tão drástica? As escolhas feitas. No mesmo 2015, um novo presidente do Paraná Clube foi eleito com o discurso de quitar as dívidas e devolver a credibilidade ao clube. Já o Figueirense se rendeu ao canto da sereia. Embarcou nas incertezas da relação clube-empresa e agora é ele quem respira com ajuda de aparelhos.
É uma constante: caiu técnico de time grande, “Tiago Nunes é o mais cotado”. O sucesso do treinador é reconhecido por todos e, hoje, é o comandante mais cobiçado por clubes insatisfeitos com seus técnicos. Atlético-MG, São Paulo, Cruzeiro, Palmeiras, Internacional e Corinthians já sondaram o técnico rubro-negro, que segue manifestando sua intenção de permanecer no CT do Caju. Não há motivos para Tiago deixar o Furacão. É o único time brasileiro já garantido na Libertadores e os cofres estão cheios por premiações. Alguns dos principais jogadores podem sair, é verdade, mas estão valorizados e a reposição poderá ser à altura. Uma proposta de renovação que valorize o técnico mais vitorioso da história do Athletico e a participação dele, escolhendo a dedo as contratações, devem ser suficientes para mais um ano promissor com nosso professor.