Final da Libertadores
Divulgação
Esportes | p. 8
Cultura | p. 7
Contação de histórias
Por enquanto, Chile mantém partida entre Flamengo e River Plate
Ator se apresenta em seis comunidades quilombolas do Paraná
Elenize Dezgeniski
PARANÁ
Ano 4
Edição 143
31 de outubro a 6 de novembro de 2019
distribuição gratuita
América Latina diz não
www.brasildefato.com.br/parana
Bolsonaro enlouquece com denúncia Presidente faz vídeo xingando todo mundo após matéria que mostra visita de acusado de assassinar Marielle a condomínio em que mora Geral | p. 3
Continente dá recado contra privatizações e cortes de direitos. Com isso, governo Macri perde na Argentina. Já Evo Morales fica na Bolívia com políticas sociais. Povos do Equador, Chile, Haiti e Costa Rica tomam as ruas. Mundo | p. 4 e 5
Reprodução
O petróleo ainda é nosso? Nosso “bilhete premiado” pode ser leiloado por 8 vezes menos do que vale Editorial | p. 2
Suzana Hidalgo
Crianças de 4 e 5 anos Prefeitura põe em risco oferta de creches em período integral Cidades | p. 6
2 Opinião Brasil de Fato PR
O petróleo ainda é nosso? EDITORIAL
O
que já foi uma afirmação de Getúlio Vargas, hoje é uma incerteza. A descoberta de reservas de petróleo na Bahia na década de 50 resultou na criação da Petrobrás, graças à campanha da sociedade brasileira “O petróleo é nosso”. Mas agora querem vender barato a nossa maior empresa nacional. No dia 6 de novembro, o governo Bolsonaro pretende leiloar uma área situada na Bacia de Santos, na camada do pré-sal, sobre a
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qual a Petrobras, em 2010, ganhou o direito de explorar até 5 bilhões de barris de petróleo. Hoje, após pesquisas, a área pode gerar 15 bilhões de barris. De acordo com reportagem publicada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), considerando a avaliação mínima de 6 bilhões de barris, o ganho com sua comercialização chegaria a R$ 800 bilhões. O governo Bolsonaro pretende arrecadar cerca de oito vezes menos: R$ 100 bi-
lhões com a venda dos direitos de exploração. “O povo brasileiro está sendo saqueado”, foi o que afirmou Guilherme Estrella, que atuou na estatal entre 2003 e 2012, um dos principais quadros técnicos da descoberta de petróleo no pré-sal. Fica a reflexão: será que a reserva deste valioso recurso natural, que por um curto período nos deu esperança de independência em energia, ainda pode ser nosso e usado em favor do povo?
SEMANA
O desmonte dos serviços públicos no atual período brasileiro
OPINIÃO
Hermes Leão,
é professor e atualmente presidente da APP-Sindicato
G
etúlio Vargas criou o dia do Servidor Público, data que se refere à criação de instâncias como o Conselho Federal do Servidor Público Civil e o Departamento Administrativo do Serviço Público. O serviço público surge da formação de uma proposta de estado que atenda os direitos fundamentais do povo. Desde aquele período, os servidores/as se organizaram em entidades para defesa dos seus direitos. Passos importantes constituíram uma rede de proteção social caracterizada pela oferta de educação, saúde, segurança, cultura etc. de caráter público visando a atender a maioria do povo. Porém, nos últimos anos, especialmente a partir do golpe que instituiu o ilegítimo governo Temer (MDB), e a aplicação do programa “Uma ponte para o futuro”, estabeleceu-se o predomínio ideológico da proposta de livre mercado, e estado mínimo. O período Bolsonaro (PSL) vem aprofundando as medidas contidas no programa golpista de Temer com a retirada de direitos trabalhistas, fim de concursos públicos e muitos outros que ainda virão.
No Paraná, os servidores/ as vêm enfrentando uma sequência de ataques desde o governo Beto Richa e Cida Borguetti. O governo Ratinho Jr. (PSD), da mesma forma, aprofunda os ataques e a precarização dos serviços públicos paranaenses. No último período deu fim a um direito importante como a licença especial, uma conquista de cinquenta anos.
Depois de Richa e Cida Borguetti, o governo Ratinho Jr. (PSD) aprofunda os ataques e a precarização dos serviços públicos paranaenses Neste 28 de outubro, o Fórum das Entidades Sindicais organizou uma manifestação no Centro Cívico, tendo como foco central o adoecimento e o crescente número de suicídios entre servidores civis e militares, consequência das más condições de trabalho. A luta será contínua e cada vez mais necessária que além dos servidores, a sociedade se una na defesa do serviço público.
EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 143 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas e Laís Melo COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Mariana Sanchez e Hermes Leão ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com IMPRESSÃO Grafinorte | Nei 41 99926-1113
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FRASE DA SEMANA
“Atrevimento de Bolsonaro não tem limites”
Deputados do Paraná querem R$ 19,8 milhões para atividades parlamentares Os deputados estaduais querem regulamentar os benefícios deles no exercício do cargo. Em meio ao discurso de contenção de despesas que levou ao parcelamento do reajuste do funcionalismo público e ao fim da licença especial, os parlamentares discutem o projeto de resolução 21/2019 que os autoriza a receber até R$ 30,6 mil por mês em ressarcimento de atividades parlamentares. Se aprovado, o ressarcimento pode chegar a aproximadamente R$ 19,8 milhões por ano. Quem paga essa conta é o caixa da Assembleia Legislativa. De acordo com o projeto, em seu artigo 3º, “o valor máximo das verbas regulamentadas por esta resolução para cada gabinete é de 302 vezes a Unidade de Padrão Fiscal do Paraná (UPF/PR), calculado com base no índice referente ao mês de janeiro do respectivo exercício financeiro”. O site da Secretaria da Fazenda registra que cada Unidade equivalia a R$ 101,57 em janeiro deste ano, o que dá o montante mensal de até R$ 30,6 mil por gabinete. A Assembleia Legislativa tem 54 deputados. Cada um recebe R$ 25,3 mil mensais. Ainda tem direito a R$ 96,5 mil mensais para pagar até 23 comissionados e outros R$ 31,4 mil por mês a título de verba de ressarcimento.
Nelson Jr. | SCO STF
Disse à “Folha de S.Paulo” o ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello. O comentário foi sobre o vídeo postado nas redes sociais do presidente em que ele se compara a um leão atacado por hienas, entre elas o STF, a imprensa, a OAB e partidos de oposição. O vídeo caiu tão mal que foi apagado em seguida.
Globo liga Bolsonaro a assassinato de Marielle e presidente ‘surta’ em vídeo Presidente chama emissora de canalha e ameaça acabar com concessão Frédi Vasconcelos O presidente Jair Bolsonaro parece não se incomodar com o fato de que há quase 600 dias está sem solução o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e de seu motorista, Anderson Gomes. Mas reagiu com violência quando o Jornal Nacional, da TV Globo, fez matéria em que afi rma que um dos suspeitos das mortes entrou no condomínio em que morava e, segundo um porteiro, teria pedido autorização para se dirigir à casa do presidente. Em vídeo que gravou na Arábia Saudita e postou nas redes sociais, teve verdadeiro surto: “Seus patifes da TV Globo, seus ca-
nalhas. Não vai colar. Não tinha motivo para matar quem quer que fosse no Rio de Janeiro”, xingou o presidente. Os ataques continuam em mais de 20 minutos de vídeo em que chega a ameaçar não renovar a concessão que permite a emissora transmitir sua programação. Sobrou também para o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, a quem Bolsonaro acusou de ter passado a informação para a Globo. Reações Em nota divulgada no dia da reportagem do Jornal Nacional, o PSOL, partido de Marielle, exigiu esclarecimentos sobre os fatos. “O PSOL nunca fez qualquer ilação entre o assassinato e Jair Bol-
sonaro. Mas as informações veiculadas são gravíssimas. O Brasil não pode conviver com qualquer dúvida sobre a relação entre o presidente da República e um assassinato... Exigimos respostas. Exigimos justiça para Marielle e Anderson.” Sobre a ordem de Bolsonaro para o ministro Sergio Moro interferir no caso, o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) reagiu. “Recusamos e não aceitaremos qualquer interferência externa, por exemplo, avocando-se o processo para a Polícia Federal. Nesse sentido, o pedido do ministro Sérgio Moro para o PGR para que seja instaurado inquérito sobre a investigação nos parece uma interferência indevida.”
Novo direção na CUT-PR O bancário Márcio Kieller foi eleito para a presidência da CUT Paraná pelos próximos quatro anos. A vice-presidência ficará com o petroleiro Mário Dal Zot, a secretaria-geral com Vera Pedroso, do Sidaen ,e o trabalhador da agricultura familiar, Neveraldo Oliboni, o secretário de fi nanças da entidade.
CPI da Fake news Em depoimento à CPI das fake news, o deputado Alexandre Frota, ex-aliado de Bolsonaro, disse que o presidente protege e fi nancia “terroristas virtuais”, três assessores que trabalham dentro do Palácio do Planalto. “Vem de dentro do Palácio do Planalto os três personagens que vieram das redes bolsonaristas e tiveram oficializadas as suas redes de ataque com dinheiro público. E quem coordena? Carlos Bolsonaro, direto do Rio de Janeiro.”
Formação Mais de 50 jovens do Levante Popular da Juventude se reuniram em Curitiba no Espaço Marielle Vive, em 26 e 27/10, para atividades de formação política. Foi a primeira de quatro etapas da Escola de Formação Emerson Pacheco, nomeada em homenagem a um militante assassinado pela polícia no Ceará.
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Povos da América Latina resistem Presidente da Argentina perde eleição, milhões protestam no Chile, Bolívia mantém projeto de democracia social e Venezuela resiste e faz programas sociais Redação
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epois da onda conservadora que varreu a América Latina nos últimos anos, como o impeachment no Brasil, vitória de um projeto de direita na Argentina e tentativas de derrubar o governo da Venezuela, os povos da América Latina sentiram os ataques que sofreram e estão dando res-
postas. Levantes são vistos no Chile, Equador, Costa Rica e Haiti. O Chile teve em outubro as maiores manifestações populares da década contra medidas do governo liberal de Sebastián Piñera, milhões de pessoas saíram às ruas em protesto que começou por conta do aumento de passagens no sistema coletivo, mas que colocaram em xeque todo o proDivulgação
Associação Brasileira de Imprensa
jeto de privatização e retirada de direitos da população chilena, que serve de modelo ao governo Bolsonaro. Na Argentina, Mauricio Macri, presidente que foi eleito com o discurso de “arrumar” a economia, acabou quebrando o país, aumentando a fome e elevando tarifas, além de retirar direitos dos trabalhadores. A resposta veio com a derrota nas urnas (leia entrevista abaixo). Na Bolívia, ao contrário, Evo Morales, presidente que promoveu a integração e melhoria das condições de vida dos mais pobres, foi eleito pela quarta vez no primeiro turno. E, na Venezuela, a população continua resistindo a ataques externos e construindo moradias, como mostra reportagem exclusiva feita pelo BDF no país (leia texto no box ao lado).
Pedro Carrano, de Caracas Na Venezuela, o programa Missões Moradia entregou cerca de 2,5 milhões de habitações desde 2011, em um país de 32 milhões de habitantes. Quase o mesmo número de pessoas nos Estados Unidos que perderam suas casas devido à crise financeira mundial de 2008. As 137 famílias da comunidade de Amatina, na capital Caracas, visitada pela reportagem, ergueram seus edifícios, de forma comunitária, ao longo de três anos. Aprenderam técnicas de construção, assessoradas por engenheiros. Não se trata de apenas um benefício social oriundo do governo. As famílias se organizaram para essa construção, o que se mantém mesmo com o projeto quase concluído. Algumas famílias apresentam à reportagem, com orgulho, suas casas, que chegam a ter três quartos e até 90 metros quadrados, diferente dos programas brasileiros. Há um bloqueio econômico e midiático que deturpa e não apresenta a realidade dos venezuelanos. Esse sentimento apareceu na conversa com os moradores de Amatina. “São políticas que não se quer ver aplicadas fora da Venezuela”, critica Ivaida Marocoina, moradora que conhece bem a situação de luta por moradia em outros países.
Ricardo Stuckert
Redação
“Precisamos recuperar o espírito rebelde do povo”, diz Lula ao BdF
Fome e altas tarifas fizeram Macri perder eleição na Argentina
Em entrevista exclusiva, ex-presidente projeta sua saída da prisão ao lado do povo para resistir ao desmonte do Estado
Professor da Universidade de Quilmes fala sobre a derrota do atual presidente
A equipe do Brasil de Fato solicitou à Justiça entrevista com o ex-presidente Lula há pouco mais de seis meses. O encontro exclusivo com o ex-presidente durou 2 horas, no mesmo dia em que o STF retomou o julgamento sobre as prisões em segunda instância. Veja abaixo alguns trechos do que disse e leia a íntegra da entrevista no site brasildefato.com.br.
Arquivo Pessoal
Venezuela garante mais de 2 milhões de moradias populares
“Prisão de Lula é a prisão de um projeto de país” No dia 27 de outubro Lula completou 74 anos de vida. Caravanas do país inteiro engrandeceram a programação da Vigília Lula Livre, em Curitiba, que contou com apresentações artísticas e “parabéns ao Lula”, com direito a bolo de 100 quilos. Ao lado da comemoração, lideranças políticas destacaram o momento também como a união de forças para denunciar a prisão política e exigir sua liberdade. Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), reforçou a importância da luta. “(Lula) Está aqui de cabeça erguida e não trocará sua dignidade por nada. A prisão de Lula é a prisão de um projeto de país. Quem está preso ali é a soberania do povo brasileiro”, disse.
ENTREVISTA
CASA PRÓPRIA
Cidades | 5
Frédi Vasconcelos Após a derrota do presidente Mauricio Macri, nas eleições argentinas do último domingo, o Brasil de Fato Paraná entrevistou o professor Daniel Carcegila, da Universidade Nacional de Quilmes, para entender os motivos do resultado eleitoral. Leia aqui trecho da entrevista e a versão completa no site brasildefato.com.br/parana. Brasil de Fato Paraná – A derrota de Mauricio Macri tem a ver com a situação econômica do país? Quais os problemas que hoje afetam a população argentina? Daniel Carceglia – Certamente, uma das principais causas da derrota do modelo neoliberal do governo Macri é a situação econômica em que mergulhou o país. É importante entender que os setores mais empobrecidos do nosso país foram atin-
gidos pela fome. É comer sem saber como ou de onde virão os recursos para a próxima refeição toda vez que eles se sentarem à mesa. Por outro lado, as camadas de renda média da população tiveram aumento de 3600% nas tarifas de gás e de 1800% nas tarifas de eletricidade; gerados pela dolarização dos serviços – e o dólar passou de 9,75 pesos em dezembro de 2015 para 68,80 hoje, e em alta - e pela remoção de subsídios ao consumo de energia. Além disso, aqueles que desejavam empréstimos para a compra de moradias foram enganados pelo Estado com um aumento impagável dos empréstimos, que o próprio estado propôs e promoveu como um acesso seguro a um teto. Para as pequenas empresas, o desapego à produção nacional foi expresso em políticas que resultaram no fechamento de pelo menos 20 dessas empresas por dia.
Bia Pasqualino e Nina Fideles
Soberania É por isso que tenho falado muito da soberania nacional. A soberania nacional não é defender a Petrobras, não é defender o Banco do Brasil. A soberania nacional é defender o povo brasileiro. Só existe uma nação por causa do povo. E o que dá qualidade a uma nação é a qualidade de vida do povo, a qualidade de educação do povo, a qualidade da alimentação, a qualidade de produção, é o conhecimento científico e tecnológico dessa nação. É isso que é soberania. É isso que eu acho que a gente tem que ir para a rua, brigar. Quando sair da prisão Olha, tem que saber de uma coisa: se eu sair, eu vou para a rua conversar com o povo brasileiro. Não tem jeito. Vou conversar e vou chamar o povo a lutar contra essa entrega que eles estão fazendo. Se o prejuízo que eu causar à minha vida for lutar pelo povo brasileiro, é a única coisa que eu aprendi a fazer. Espírito rebelde Nós precisamos recuperar o espíri-
to rebelde do povo brasileiro. É isso que nós precisamos. Todo esse desmonte coloca o povo brasileiro em uma situação muito delicada, de estar tentando prover sua própria vida. A gente não vive mais os tempos de acesso às políticas públicas que permitiam que se tivesse 10 minutos para refletir o que cada um queria sobre o Brasil. Como esperar que o povo, que está vendendo o almoço para comprar a janta, reflita sobre o que quer, vá para a rua, se insurja? Ricardo Stuckert
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Prefeitura põe em risco Cmeis de período integral para crianças de 4 e 5 anos
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Edital para contratação de conveniadas diminui vagas e traz outros prejuízos Ana Carolina Caldas
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ais de 500 pessoas estiveram presentes em audiência pública suprapartidária convocada pela Câmara Municipal de Curitiba, na segunda, 28, para debater o edital da prefeitura que altera a forma de contratação de centros de educação infantis conveniados para 2020. Realizada no auditório da APP Sindicato, pais e professores lotaram o local com cartazes pedindo a anulação do edital. Uma das principais reclamações foi a falta de diálogo. Os atuais contratos com as 73 creches comunitárias se encerram em dezembro de 2019. O novo modelo proposto pela prefeitura traz mudanças que
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poderão deixar crianças de fora do atendimento integral e rebaixar a qualidade no atendimento. Com o atual convênio, são atendidas cerca de dez mil crianças, e metade destas de 4 a 5 anos em período integral. Com a mudança, as crianças desta faixa etária deverão ser responsabilidade do município, que hoje tem capacidade para atender apenas em meio período. As crianças de 0 a 3 anos ficariam sob responsabilidade das conveniadas. Diogo Kowalski, representante de pais e alunos, disse que a prefeitura desconsidera a realidade dos que precisam desse atendimento integral. “Nossos filhos têm sido tratados como números. Meu filho é um ser humano que tem di-
reito à educação de qualidade.” O pai também disse que outro ponto preocupante é que o edital muda o nível dos educadores, pois altera a exigência de profissionais com ensino superior, podendo ser contratadas pessoas com ensino médio. Outras mudanças previstas são a contratação das creches conveniadas por dia letivo, e não pelo ano todo, e a mudança no valor pago por criança. Para os representantes das creches comunitárias, o valor pago pela prefeitura não cobrirá os custos com as novas regras. Outro ponto é a redução de vagas totais ofertadas em comparação com o último contrato, estabelecido em 2016. O edital atual prevê 6.400 contra as 10 mil oferecidas anteriormente.
Congresso Brasileiro de Agroecologia acontece em Sergipe Redação O XI Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA) acontece no começo de novembro, entre os dias os dias 4 a 7, na Universidade Federal de Sergipe (UFS), com o lema “Ecologia de Saberes: Ciência, Cultura e Arte na Democratização dos Sistemas Agroalimentares”. O encontro está baseado no conceito de “Ecologia de Saberes”, proposta de diálogo entre diferentes conhecimentos que podem ser considerados essenciais para o avanço de lutas sociais, a exemplo da busca pela soberania alimentar. Uma outra perspectiva de ciência, pautada na construção coletiva do conhecimento, que escuta seus diferentes sujeitos.
ALIMENTO SEM VENENO No Espaço Território da Alimentação, cerca de 40 famílias sergipanas de agricultoras e agricultores camponeses fornecerá 9 toneladas de alimentos que serão utilizados na preparação dos cafés da manhã, almoços e jantares ofertados durante os 4 dias do CBA. Em torno de 50% dessas refeições serão comercializadas. A outra metade será destinada a voluntários e convidados. Para mais informações do XI CBA, acesse www.cbagroecologia.org.br
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“Escrevedor de histórias” percorrerá comunidades quilombolas Projeto vai a cidades do interior nos meses de outubro, novembro e dezembro Ana Carolina Caldas O ator Marcel Szymanski vai levar a performance “Escrevedor de Histórias” para seis comunidades remanescentes quilombolas do Paraná: Adelaide Maria Trindade Batista (Palmas), Água Morna (Curiúva), Batuva (Guaraqueçaba), Feixo (Lapa), João Surá (Adrianópolis) e São Roque (Ivaí). Em cada parada será realizada uma oficina/conversa que propõe uma reflexão sobre o papel da arte e da ancestralidade na sociedade. O projeto prevê ainda uma publicação impressa com registros de cada vivência para distribuição gratuita em 2020. O ator Marcel Szymanski utili-
Cultura 7 Brasil de| Fato PR
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za uma máquina datilográfica como objeto relacional, de escuta e de cultivo à memória, para registrar cada encontro e as histórias que dele brotam. A performance sugere um tempo/espaço em que talvez não haja computador, tampouco internet. O clima nostálgico criado para a performance convida o público a compartilhar suas lembranças, sonhos e segredos. “Muitos se surpreendem com a experiência das palavras irem tomando forma à medida que as teclas são batidas. Para muitos a máquina de escrever é algo inédito”, conta o ator. O projeto conta com um diário eletrônico das histórias e vivências, disponibilizado via internet: https://www.facebook. com/escrevedordehistorias/
Gibran Mendes
LUZES DA
CIDADE Por Mariana Sanchez
Silêncio que se rompe nas ruas A culpa é da insularidade do território, dizem. Espremido entre a dureza da cordilheira e um gélido oceânico manso apenas no nome, delimitado pelo deserto mais seco do mundo, ao norte, e por inóspitos glaciares ao sul, o Chile é puro enrijecimento. O espanhol falado por lá é truncado, difícil de compreender. Há uma densidade intransponível no silêncio dos chilenos, e lembro de senti-la bem perto, numa cabine de caminhão, viajando de carona pela rodovia Panamericana. Lembro também das minhas primeiras impressões de Santiago: uma capital toma-
da por carabineiros. Homens armados por toda parte. Um país militarizado. Dizem que a culpa é da insularidade, mas pode ser do medo. Porque a violência da repressão e o toque de recolher de 1973 também ecoam neste histórico outubro de 2019. Mas de repente o sistema estala e o silêncio se rompe. Depois de tirar tudo dos chilenos – educação, saúde e até mesmo a água -, o neoliberalismo também tirou o medo. E agora, no ponto mais alto da Plaza Itália, o coração do país, há uma bandeira Mapuche dizendo tudo o que precisava ser dito, há tanto tempo.
Elenize Dezgeniski
DICAS MASTIGADAS Batata Doce Recheada Ingredientes 1 batata-doce média com casca 2 colheres (sopa) de manteiga 1/2 cebola pequena picada 3 colheres (chá) de requeijão cremoso 5 fatias de muçarela 2 colheres de salame ou linguiça picada 2 colheres de coentro e cebolinha
Diva Braga
Como fazer Embrulhe cada batata-doce com um pedaço de papel-alumínio, fechando completamente e leve ao forno médio (180º), preaquecido, por 1 hora. Retire do forno e espere amornar. Abra o papel e deixe metade da batata coberta, e faça um pequeno corte na parte de cima e retire parte da polpa e amasse num prato. Em uma panela refogue a manteiga e a cebola até dourar. Acrescente a polpa da batata, o requeijão, o salame e a muçarela e refogue até formar um creme. Retire do fogo, coloque o creme dentro da batata, e cubra a superfície com o restante da muçarela picada. Leve a batata de volta ao forno médio (180º), por 15 minutos, ou até a superfície dourar. Retire do forno e sirva quentinha.
Brasil8deEsportes Fato PR
Brasil de Fato PR
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Emoção até o fim Por Cesar Caldas A apreensão da torcida do Coritiba certamente vai durar até a última rodada da Série B, que coincide com o último dia de novembro. Mesmo sem nenhum adversário que integre o tal G-12 do futebol brasileiro, o alviverde vai entrar no mês decisivo em posição variável entre a terceira e a quinta, a uma distância provável de apenas um ponto do clube que estiver logo acima ou abaixo. Há hoje sete clubes disputando duas vagas na primeira divisão. Uma vitória na próxima sexta (1º/11), diante do Botafogo-SP, reduzirá os pretendentes a seis. Não bastasse, encherá de brios o time para enfrentar o Sport três dias depois, às 20 horas no Couto. Para isso, será fundamental arrumar o sistema defensivo. Inadmissível, na reta final, o ocorrido em Cuiabá, quando a equipe esteve três vezes à frente no placar e em nenhuma soube administrar a vantagem.
Manifesto de um coração tricolor Por Marcio Mittelbach Duas vitórias a mais e eu estaria mais tranquilo agora. Tropeçar tanto na Vila Capanema foi de lascar. Mas também não posso deixar de agradecer por seguir batendo acelerado. Afi nal, estamos a dois pontos do G4 e ainda faltam seis rodadas para acabar o campeonato. Até bem pouco tempo atrás, chegava a essa altura do ano e eu já não tinha grandes provas. Era obrigado a buscar no passado o oxigênio para seguir em movimento. Este ano, não. Se em casa a coisa está difícil, fora o tricolor me fez bater a mil por várias vezes. As vitórias nos clássicos. Os cinco triunfos seguidos. Houve deslizes. Mas, a vida é assim. É como diz aquela canção do Roberto. “Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi.” Que venham as próximas!
Férias, que férias? Por Roger Pereira Campeão da Copa do Brasil, o Athletico ficou sem muita aspiração no Brasileiro. Acabada a competição que priorizamos, o Brasileirão já estava inalcançável e a possibilidade de rebaixamento era remotíssima. Como a vaga na Libertadores do ano que está garantida, a única coisa que o campeonato pode propiciar ao Furacão, agora, é uma melhor premiação. Isso poderia indicar que o clube estaria “de férias” neste final de ano, jogando com menos interesse, tirando o pé ou aproveitando para testar jovens jogadores e avaliar atletas emprestados ou em fim de contrato. Mas, desde a conquista do Brasil, o time só perdeu uma partida, para o líder Flamengo, num jogo que teve chances de vitória. E, além de os resultados estarem aparecendo, a qualidade do futebol apresentada e a disposição dos jogadores mostra que temos um time fora de série, talentoso e profissional.
Mesmo com crise, final de Libertadores é mantida no Chile Partida única entre Flamengo e River Plate acontece em 23 de novembro Frédi Vasconcelos
A
pesar dos protestos que vêm sacudindo o Chile, com milhões de pessoas nas ruas em protestos contra o governo, a confederação sul-americana de futebol, Conmebol, até este momento manteve a final da Copa Libertadores, entre Flamengo e River Plate, em Santiago, no dia 23 de novembro. A ministra de esportes chilena, Cecilia Pérez Jara, declarou em entrevista coletiva: “O governo nos deu total apoio para realizar a final da Libertadores em Santiago. O futebol pode ser uma boa chance para unir.” Questionada se há uma data-limite para confirmar a decisão na capital chilena, Cecilia afirmou: “A data é o dia da final. Temos toda a confiança e a
convicção do presidente da Conmebol e do presidente do Chile. Vamos fazer todo o esforço para que tudo saia o melhor possível”. Apesar do otimismo da ministra, no mesmo dia em que deu a entrevista, foram cancelados dois outros eventos que aconteceriam no país: os encontros da Apec (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico)
e da COP 25 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas). Desde o início dos protestos, foram suspensas rodadas do Campeonato Chileno, mas a Conmebol também tem garantido a realização de Flamengo x River Plate no Estádio Nacional em Santiago, em que pela primeira vez a Libertadores será decidida em partida única. Divulgação
Estádio Nacional, em Santiago, está programado para receber a final da Libertadores
ELAS POR ELA Fernanda Haag
Uma América alvinegra Entre os dias 11 e 28 de outubro aconteceu no Equador a Copa Libertadores feminina (poderíamos nomear de Libertadoras?). Em meio aos protestos populares dos equatorianos, iniciados pela questão dos subsídios e combustíveis, a Conmebol decidiu manter a competição. Alguns jogos chegaram a ser adiados por conta disso, mas, dentro do possível, tudo correu como planejado. O torneio demonstrou a hegemonia brasileira, com a primeira final da Libertadores feminina entre ti-
mes de um mesmo país. Corinthians e Ferroviária reeditaram a final do Brasileirão e foi a chance de as alvinegras terem vingança contra as guerreiras grenás. A equipe do Parque São Jorge, coroando uma campanha brilhante ao longo do ano, sagrou-se bicampeã da Libertadores, vencendo por 2 a 0 a final única. A Ferrinha não conseguiu repetir o sucesso do seu ferrolho e teve sua meta furada primeiro por Crivelari, após linda jogada de Tamires, e no último minuto de jogo por Juliete.