O Coxa voltou
Joka Madruga
Esportes| p. 8
Editoria | p. 7
Voz marcante Roseane dos Santos lança álbum “Fronteiriça”
Pretícia Jerônimo
Avanço do time exige planejamento e trabalho de base
PARANÁ
Ano 4
Edição 148
5 a 11 de dezembro de 2019
distribuição gratuita
www.brasildefato.com.br/parana
Votação sem povo
Repressão policial
Sem diálogo com o funcionalismo, Ratinho Jr. repete as práticas de Richa e Greca, transfere o local de votação e altera a aposentadoria dos servidores Paraná | p. 5
Governador não recebe servidores públicos, mas mobiliza 800 policiais militares, agride professores e desrespeita o regimento da Assembleia Legislativa Paraná | p. 5 Giorgia Prates
Lia Bianchini
Paraná | p. 4
Brasil 6 Geral | p. 3
Direitos | p. 6
Soberania nacional
Povos do Paraná
Mais um despejo forçado
Qual é a importância desse assunto?
Indígenas sofreram 160 casos de ataques às suas terras
PM ignora decisão judicial e desaloja 50 famílias sem-terra
de Fato PR 2Brasil Opinião
Para entender a Venezuela que não passa na rede Globo
EDITORIAL
E
m 1999, Hugo Chávez ganha a presidência da Venezuela pela primeira vez, em meio à retirada de direitos na América Latina, os venezuelanos escolhem um presidente vindo do povo trabalhador. Seu primeiro ato é chamar uma Assembleia Geral Constituinte, com o objetivo de refundar o Estado no país, a partir de uma Constituição com construção e aprovação popular. O estado necessitava chegar em cada casa do país. Para isso, são criadas as “missões”, programas do governo para erradicar o analfabetismo, o desemprego, garantir saúde e moradia. Essas missões, além de fornecer três milhões de moradias populares, por exemplo, são também uma grande
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Paraná, 5 a 11 de dezembro de 2019
ferramenta de trabalho de conscientização do povo. Na medida em que uma pessoa aprendia a ler e escrever, ela começava a ensinar os outros. Seriam essas as duas grandes lições da Venezuela, que despertam tanto ódio nos ricos? Um estado que sirva o povo, em que a resolução da vida concreta da população seja atrelada a um processo de formação de consciência, e um exército que se identifica com os trabalhadores. O fato é que no Brasil e na América Latina vemos vários golpes ocorrendo. E, na Venezuela, existe um povo heroico, que resiste contra o bloqueio e a guerra econômica promovida pelo governo Trump, dos EUA.
SEMANA
Sobre o fechamento do ensino médio noturno no Paraná OPINIÃO
Regis Clemente da Costa
Doutor em Educação, professor de filosofia da Rede Estadual de Educação, professor Colaborador no Departamento de Educação da UEPG
A
Secretaria da Educação no Paraná (SEED/PR), sob o comando de Renato Feder, com o aval do governador Ratinho Jr., anunciou o fechamento de turmas de ensino médio noturno em todo o estado do Paraná. Após a repercussão negativa perante a comunidade escolar, em nota, a Secretaria da Educação informou se tratar de “fake news”, porém, como constatado em inúmeros colégios estaduais, é possível notar que a “fake news”, nesse caso, foi disseminada pela própria SEED/PR, uma vez que, sim, estão fechando turmas de ensino médio noturno em todas as séries, mas principalmente no primeiro ano do ensino médio. A estratégia de fechamento, somente do primeiro ano, em alguns colégios, é uma forma da SEED/PR promover, lentamente, o fechamento total do ensino médio nessas escolas. Diante de mais esse ataque do governo do Paraná à educação pública, vale as-
sinalar o que as leis brasileiras garantem em relação ao ensino médio noturno. Destacamos três importantes leis: Constituição Federal de 1988, a Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB 9394/96) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A luta em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade permanece atual, necessária e urgente. Fechar o ensino médio noturno ataca os filhos da classe trabalhadora que precisam conciliar estudo e trabalho. Em tempos de desemprego crescente e ataques a direitos sociais, é imprescindível que a sociedade esteja ciente desses ataques e também apoie essa luta. Fechar o ensino médio noturno, além de ferir a Constituição Federal de 1988, a LDB 9394/96 e o ECA, é um ataque aos direitos dos estudantes, à sua formação, ao seu presente e ao seu futuro. As políticas neoliberais seguem fazendo estrago na educação pública paranaense. Em nome dos índices e das imposições do Banco Mundial e outros organismos internacionais que ditam as políticas educacionais.
EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 148 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Lindsey Rocha Lagni, Regis Clemente da Costa e Rubens Bordinhão Neto ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates, Pretícia Jerônimo, Joka Madruga e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com IMPRESSÃO Grafinorte | Nei 41 99926-1113
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QUE DIREITO
FRASE DA SEMANA
Jornalistas mobilizam-se contra MP da Precarização Profissional Jornalistas de todo o país promoveram uma mobilização contra a Medida Provisória 905/2019, que altera diversos pontos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e extingue a exigência de registro profissional para o exercício do jornalismo. No Paraná, a mobilização contra a MP da “Precarização Profissional” foi organizada pelo Sindijor/PR. De acordo com a jornalista e dirigente da Fenaj, Paula Padilha, “o objetivo é pressionar politicamente para que o Congresso derrube a MP, que retira diversos direitos dos trabalhadores”. A entidade paranaense também percorreu a Assembleia Legislativa do Paraná para solicitar apoio dos deputados. Em um ofício, o sindicato explica que, dentre os danos ao jornalismo com a aprovação desta MP, estão a “proliferação cada vez maior de fake news, o desrespeito ao piso salarial da categoria, o não cumprimento da jornada de trabalho e a contratação de pessoas sem formação profissional”. A diretora do Sindijor, Silvia Valim, explica que “a medida provisória é mais uma iniciativa para desregulamentar profissões históricas que sempre contribuíram para o desenvolvimento econômico, estrutural e intelectual do Brasil”.
“Bolsonaro e seu grupo fazem de bode expiatório as muitas pessoas que protegem a Amazônia de incêndios que ele próprio permitiu que acontecessem” Mark Ruffalo Ator estadunidense, que interpretou Hulk, em crítica à acusação de Bolsonaro de que Leonardo DiCaprio tem envolvimento com as queimadas na Amazônia.
Evan Agostini
Audiência pública debate direitos dos povos indígenas do Paraná Lia Bianchini “Por que não tem estudo para ver onde não é terra indígena?”. A provocação é de Laercio da Silva, cacique da aldeia Araçaí, de Piraquara. Ele foi uma das lideranças indígenas presentes na Audiência Pública “Direitos da população indígena do Paraná”, nesta terça (3), na Assembleia Legislativa (Alep). A indagação do cacique ecoa uma das principais lutas indígenas: a demarcação de terras. Hoje, o Paraná tem 24 territórios indígenas demarcados. O número corresponde a uma área de 1.253 km², equivalente a apenas 0,63% da área total do estado. Dos 26.559 indígenas paranaenses, apenas 11.934 estão em aldeias oficialmente reconhecidas. Além da luta por territórios ainda não demarcados, os indígenas resistem diariamente aos ataques às terras já reconhecidas. Segundo dados do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em 2019 já foram registrados 160 casos de invasões, exploração ilegal ou danos em terras indígenas - 44% a mais que no ano passado. Também compondo a mesa, a cacica Juliana Kerexu Hirim, de Ilha da Cotinga, fez um apelo para que as demandas apresentadas não fossem “falas que vão ser levadas com o vento”, e cobrou que a questão indígena seja respeitada na prática. “Essas aldeias estão protegendo a natureza, nossos
rios, nossas matas, para que a gente possa ter ar puro, água para beber. A invasão nas aldeias vai trazer impactos para todos”, lembrou Kerexu. As lideranças indígenas denunciaram ainda políticas recentes do governo federal, como a proposta de municipalização da saúde indígena e a proibição para que funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) visitem terras indígenas em processo de demarcação. A audiência foi proposta pelo deputado Goura (PDT), que lembrou que “o estado brasileiro é o maior violador dos direitos dos povos indígenas” e, no atual momento de desmonte do país, “quem mais sofre é a população que vive à margem do estado”. Mandato Goura
É ESSE? Rubens Bordinhão Neto
GLOs e excludente de ilicitude Na semana passada, Bolsonaro enviou ao Congresso um projeto de lei que assegura o excludente de ilicitude aos agentes de segurança pública que atuam nas operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). As missões de GLO são operações de segurança autorizadas pelo presidente da República em situações de grave perturbação da ordem. Nessas ocasiões são concedidos poderes de polícia aos militares de forma provisória. Já o excludente de ilicitude é um conceito jurídico utilizado para abrandar as penas dos agentes que cometerem excessos “sob escusável medo, surpresa ou violenta emoção”. Ou seja, se aprovado, o projeto cria um regime jurídico privilegiado aos agentes estatais em relação aos cidadãos comuns e autoriza as forças de repressão a fazer uso abusivo da violência nas operações de GLO. Bolsonaro declarou que, com este projeto, as GLOs poderiam ser usadas também contra os protestos populares– que ele comparou a atos de terrorismo. Trata-se de mais uma grave ameaça às instituições democráticas do país e aos direitos constitucionais de reunião e livre manifestação do pensamento. Rubens Bordinhão Neto é advogado popular e integrante da Consulta
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Frente pela Soberania alerta sobre risco de venda de empresas públicas
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Centrais sindicais, movimentos populares e partidos políticos participaram do lançamento da Frente Ana Carolina Caldas
A
s empresas públicas estão na mira do governo desde Temer (MDB). O avanço, agora, ocorre de forma mais agressiva com Bolsonaro (sem partido), que quer privatizar dezenas de empresas até o fim do seu mandato. Petrobras, Correios e Eletrobras são algumas que já estão na lista a serem vendidas para empresas internacionais, ao lado de um pacote de 17 empresas. Contra a venda do Brasil, movimentos populares, partidos políticos e seis centrais sindicais se uniram em uma ampla “Frente Parlamentar e Popular em defesa da Soberania Nacional”. A Frente no Paraná quer dialogar com a população em geral, com o objetivo de combater o modelo privatista que já vem trazendo desmonte do estado, a precarização dos trabalhos e serviços ofertados para a população, a perda de direitos dos trabalhadores
e o fim da soberania nacional. O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Marcio Kieller, destacou a importância da presença e unificação das centrais sindicais: “Que possamos, além da conversa e mobilização da classe trabalhadora, chegar na população que será a mais atingida por preços mais altos e serviços precários”, disse. Serviço público valorizado O plenário da Assembleia contou com a presença de trabalhadores de diferentes áreas e empresas que estão na lista das privatizações. O deputado estadual Tadeu Veneri (PT), líder da oposição, destacou que tanto no Paraná como no Brasil, há um projeto de desconstrução do serviço público. “Há uma desconstrução daquilo que nos últimos 30 anos foi visto como o principal direito que a população tem: um serviço público de qualidade”, lamentou. Orlando Kissner
Requião defende um plebiscito Ana Carolina Caldas Presidente de honra da Frente Nacional em defesa da Soberania Nacional, o ex-senador Roberto Requião (MDB), convocou todos a se unirem para derrotar o projeto do liberalismo econômico. “O que esta Frente precisa ter como unificada é a derrota do capitalismo financeiro, um projeto contra o liberalismo econômico que traz como consequência a perda sistemática de direitos dos trabalhadores”, disse. De acordo com Requião, “Quando os direitos sociais ganham força, o capitalismo financeiro se reorganiza para a revanche. Esta revanche acontece a partir de três frentes: a precarização do estado e o
QUANDO? No Paraná, a Frente foi lançada, no dia 2 de dezembro, na Assembleia Legislativa.
projeto de venda das empresas, a precarização do parlamento com a financeirização das campanhas eleitorais e parlamentares comprometidos com o dinheiro apenas, e, por último, a precarização do trabalho, com a eliminação dos direitos dos trabalhadores”, afirmou. Como alternativa, Requião defendeu o fortalecimento da Frente e a realização de um plebiscito com um referendo de revogação de tudo o que foi feito pelos governos Temer e Bolsonaro contra a Soberania Nacional. “É preciso dizer aos empresários que estão comprando concessões públicas que estes governos não estão autorizados a vender. E, suas campanhas eleitorais não disseram que venderiam o Brasil e nem que liquidariam direitos dos trabalhadores. Defendo que seja feito um plebiscito para revogar o que foi feito nos governos Temer e Bolsonaro”.
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Sem diálogo com servidores, Ratinho Jr. altera previdência e retira mais direitos Votação dos projetos foi realizada sob forte aparato policial para impedir participação dos trabalhadores Giorgia Prates
1600 lugares, estava totalmente vazio, acompanhado apenas pela imprensa. Em Assembleia anterior à votação, a greve dos servidores foi suspensa.
Ana Carolina Caldas e Lia Bianchini
“J
á estamos há anos sem reajuste e agora com essa reforma o governador vai tirar novamente 3% a mais do nosso salário para aumentar a arrecadação”, lamentou Altair Carlos, técnico do Hospital Universitário de Maringá, presente no protesto dos servidores públicos estaduais do Paraná. A mobilização iniciou no dia 3 (terça), com uma caminhada até o Palácio Iguaçu, e se prolongou até o outro dia (4), quando os servidores ocuparam a Assembleia Legislativa. O funcionalismo protesta contra a Reforma da Previdência estadual, pedindo a retira-
da do projeto enviado pelo governador Ratinho Jr, buscando diálogo com ele. Porém, tramitando na Assembleia, em regime de urgência, o projeto foi aprovado por 43 votos a favor e 9
contra. As duas sessões necessárias para a aprovação de um projeto foram realizadas no mesmo dia. A bancada de oposição contestou, alegando desrespeito ao regimento da casa.
A votação então ocorreu no palco vazio da Ópera de Arame, por decisão da presidência da Assembleia Legislativa, após ocupação dos servidores no dia anterior. O local, com mais de
Entenda o caso Ratinho Jr enviou à Alep, em 18 de novembro, o pacote da “Reforma da Previdência estadual”, composto por uma Proposta de Emenda à Constituição Estadual e os projetos de lei 855 e 856. Entre as mudanças que afetam os servidores, está o aumento na alíquota da contribuição , que passará para 14%, pelo menos enquanto houver déficit no sistema. Isso inclui os já aposentados, que pagarão 14% sobre o que passar de dois salários mínimos.
Mais de 800 policiais para impedir participação dos servidores Giorgia Prates
Já é prática dos governos estaduais no Paraná receber os servidores públicos com repressão. Isso ocorreu no dia 29 de abril de 2015, quando helicópteros e bombas tentaram dispersar os servidores em greve. Já na tarde do dia 3, após a entrada de servidores na sessão plenária, um forte aparato policial foi montado dentro e fora da casa legislativa. Além de um professor ferido e uma professora que foi hospitalizada atingidos por disparos da PM, outras três pessoas foram atendidas pelas equipes de saúde com problemas por conta
do spray de pimenta nos olhos e passam bem. De acordo com reportagem do Brasil de Fato Paraná no local, mais de cem policiais militares esvaziaram o comitê da imprensa no interior da Alep e entraram no local, com ameaças. Já na quarta-feira, quando a votação foi transferida para a Ópera de Arame, segundo informações do Coronel Péricles dos Santos, responsável pela operação, um contingente de 800 policiais foi usado para impedir que os servidores participassem da votação. Além de 70 viaturas e um helicóptero.
SEM DIÁLOGO O presidente da APP Sindicato, Hermes Leão, critica o governador Ratinho Jr. por ter agido de forma antidemocrática e com violência contra os servidores. “Ratinho já promoveu a violência na Assembleia Legislativa, onde tivemos servidores feridos após repressão policial. No dia da votação, a fuga dos deputados para uma “fortaleza” é o que a gente vê nas ditaduras. É violência extrema porque rompe com o respeito à manifestação,’ afirmou.
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Um artista latinoamericano
Divulgacao | MST
Obra do equatoriano Javier Guerrero, que vive em Curitiba há 30 anos, será doada ao Instituto Lula Arquivo Pessoal
Lia Bianchini
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a primeira eleição do ex-presidente Lula, em 2003, o artista Javier Guerrero, inspirado pelo programa Fome Zero, criou um mosaico em que retrata aspectos da cultura paranaense e brasileira como um todo, com os dizeres “Brasil, paz. Fome nunca mais”. A arte foi doada à fundação cultural da Caixa Econômica Federal. Anos depois, para surpre-
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sa de Javier, seu mosaico foi encontrado em um ferro velho, já bastante deteriorado. O artista recuperou a obra, fez uma restauração e, nas próximas semanas, ela segue para o Instituto Lula, como doação de Javier “para o local onde ela pertence”. A saga do mosaico mostra a vontade mobilizadora da vida de seu artista. Atualmente com 58 anos, Javier diz viver por acreditar “na força transformadora dos pobres do mundo”. Quando jovem, ainda no Equador - seu país de origem ele se enfileirava nas trincheiras dos movimentos rebeldes, que lutavam contra governos conservadores equatorianos na década de 1980. Em tom de brincadeira, Javier conta que, após ser preso pela atuação política, em 1986, por não gostar de estar “preso nem morto”, ele aceita o convite de um amigo para se mudar para Curitiba. Desde então, vive na capital paranaense e defende uma visão alternativa do estado: “o Paraná é um estado combativo”. Javier se diz, hoje, um artista brasileiro nascido no Equador. Ele vê com pesar a onda ultraconservadora que toma conta da América Latina, mas diz que tem força para seguir lutando - através da arte - por um mundo mais justo. “Eu faço arte pelos marginalizados do mundo, porque eu faço parte deles. Eu sou um pobre, um artista, um trabalhador como os outros”, afirma.
Mais um despejo forçado ocorre em Querência do Norte Redação Cerca de 50 famílias de agricultores e agricultoras sem-terra foram surpreendidas pela presença de aproximadamente 150 policiais militares na madrugada do dia 3, em Querência do Norte, noroeste do Paraná. A ação deixa pessoas feridas por balas de borracha. Ainda não há confirmação do número de feridos. Por volta das 6h, a Polícia Militar passou a cercar a área do acampamento Companheiro Sétimo Garibaldi, localizado na fazenda São Francisco. No final do mesmo dia, decisão do Tribunal de Justiça do Paraná suspende liminar de reintegração de posse. Porém, a PM ignora a decisão e segue despejando as famílias. O clima é de tensão e conflito iminen-
te, com a pressão da PM para a execução imediata do despejo. Helicópteros fizeram voos rasantes sobre a comunidade e cerca de 40 viaturas estão no local. A comunidade existe há cerca de um ano e meio e é formada por crianças, jovens, adultos e idosos. As famílias criam gado, suínos e produzem grãos e hortaliças. Nas primeiras horas após o início da ação policial na área, o economista e escritor Eduardo Moreira divulgou um vídeo em que denuncia a ameaça de despejo e se solidariza com as famílias acampadas. Para Humberto Boaventude, advogado das famílias, “(…) Não houve intimação do Incra e há uma divergência a respeito de quem que é o proprietário legítimo essa área”, afirma.
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Paraná, 5 a 11 de dezembro de 2019 Pretícia Jerônimo
Roseane Santos faz o prélançamento do seu primeiro álbum com dois shows em Curitiba Cantora se apresenta acompanhada de sua banda na Alfaiataria, nos dias 6 e 7 de dezembro
Ana Carolina Caldas São mais de 15 anos de carreira, reconhecida como uma das vozes mais marcantes da cena musical curitibana, intimamente ligada aos universos do samba e afrobrasileiro, Roseane dos Santos lança seu primeiro disco, o álbum “Fronteiriça”, agora também como compositora. Nos dias 7 e 6 dezembro, a cantora apresenta as 10 novas músicas com letras escritas por ela e parcerias das áreas da música, teatro, literatura e dança. Roseane Santos compartilha com o mundo um novo diálogo com suas próprias origens. “Lançar esse trabalho é mostrar ao mundo um cruzamento de regiões da minha própria existência. São anos de pesquisa na minha caminhada entre a música tradicional e a canção contemporânea revelados ali. O disco tem um pouco de cada coisa que fiz ao longo da minha história e não é experi-
mental no sentido de buscar algo que nunca fiz. Me assumir como compositora é a ruptura mais importante para mim neste momento, meu divisor de águas”, conta. O show que apresentará o disco acontecerá no Espaço Cultural “Alfaiataria”, com a participação da banda composta pelos artistas Victoria Vilandez, Francisco Okabe, Gabriela Bruel, Daniel D´Alessandro e Luciano Faccini. Além da banda, Roseane receberá convidadas como Nat Bermudez e Maitê Magnabosco.
Pré-lançamento de Fronteiriça – Roseane Santos Quando: Dias 6 e 7 de dezembro, 20h Onde: Alfaiataria (Rua Riachuelo - 274, centro) Entrada: R$30 (inteira) e R$15 (meia)
Gibran Mendes
DICAS MASTIGADAS
Sorvete de manga e coco Por Lindsey Rocha Lagni
Dança em resistência Fazia porque rezava. Rezava porque escrevia. E porque fazia, rezava e escrevia, tinha gente que não gostava. Porque rezava de um jeito torto aos olhos dos “homens de bem”. Porque fazia dançando e cantando, na voz do povo, dos que não têm. E assim, juntando as vozes das mulheres mortas, das florestas queimadas e do mar poluído, avançava em correnteza – às vezes maresia. Se escondia na beira do abismo, pra pular se encurralada. Pisava nas armadilhas, sumia nas emboscadas. Pressentia os dentes de ferro, as algemas, as fogueiras. A história se repetindo e Zumbi zunindo, zunindo... Ouvia no fundo da alma os gritos fortes da senzala. Re-
zava porque sabia que ainda existe essa chibata – à espreita, silenciosa... nas portas dos shopping centers, na imponência desses tanques - expostos feito troféus – , na prisão injusta dos réus que lutaram por liberdade e, vestidos de verdade, firmaram os pés nesse chão. Puseram na mesa o pão, nas ruas revolução, nos livros muito da história – escondida por tantos anos, nos discursos sacudiram a poeira debaixo dos panos. E assim, fazendo, rezando e escrevendo, caminhava junto com eles, na pisada seca dos índios, na gingada forte dos negros, honrando toda a descendência, convidando pra dançar uma dança em resistência.
Escolha uma manga madura, mas ainda firme, de preferência de uma variedade sem muito fiapo. É essencial usar manga congelada para atingir a consistência de sorvete.
Sandra Guimarães
Ingredientes 2 xícaras de manga congelada, em cubinhos 1/2 xícara de leite de coco de ótima qualidade 1 colher de chá de de suco de limão Modo de preparo Bata todos os ingredientes no liquidificador até ficar homogêneo e com a consistência de sorvete. Você vai precisar ser paciente e parar o motor algumas vezes pra mexer a mistura com uma colher. Sirva imediatamente ou, se preferir um sorvete mais firme, deixe meia hora no congelador antes de servir. Rende 4 porções pequenas Texto original escrito por Sandra Guimarães em http://www. papacapim.org/
de Fato PR 8Brasil Esportes
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Paraná, 5 a 11 de dezembro de 2019
Da série “Balanço de final de ano” de cada equipe da capital Joka Madruga
Cesar Caldas
“A
previsão para hoje é: quente! A cor de hoje é preto. Vistam-se de preto para absorver os raios solares do verão”. Essa era a recomendação, logo no começo do filme, do radialista “Mister Señor Love Daddy”, interpretado pelo ator negro Samuel L. Jackson em “Faça a Coisa Certa” (1989), um clássico do diretor Spike Lee. A desastrada diretoria do Coritiba não tem mais o direito de errar. Passados dois dos três anos do mandato para o qual foi eleita, incidiu em erros recorrentes para os quais foi sucessivamente alertada por conselheiros, sócios e crônica especializada. A temporada de 2020 nem começou, mas o primeiro desacerto já está co-
metido. Este colunista perguntou, pela terceira vez em três anos, se o departamento de futebol já definiu, em conjunto com as comissões técnicas do profissional e do sub-20, quais
ELAS POR ELA Fernanda Haag
Diretamente para o Equador A Seleção Equatoriana de futebol de mulheres tem um novo comando: Emily Lima. A ex-treinadora da Seleção Brasileira assume a equipe do Equador a partir de 5 de dezembro. O objetivo da federação e da técnica é classificar o país para a Copa do Mundo de 2023, por isso, o contrato tem duração de três anos e, caso a classificação aconteça, ela permanece no cargo. A única vez que as equatorianas participaram do torneio mundial foi em 2015. Esperamos que repitam o feito agora com a nova treinadora, que também treinará, por enquanto, as seleções Sub-20 e Sub-17, fazendo um trabalho integrado e coordenando as equipes. Emily é um dos nomes importantes do futebol de mulheres, sua carreira como jogadora durou 15 anos e como técnica já conquistou o Campeonato Paulista, vice-campeonato da Copa do Brasil e da Copa Libertadores, além de ter treinado o Brasil no Sub-17 e no time principal.
os atletas serão promovidos de categoria, passando a integrar o elenco principal. Novamente a resposta foi um retundo “não”. Desde meados de outubro essa decisão já deve-
ria ter sido tomada, com o afastamento imediato dos jogadores escolhidos. No início de novembro já estariam com um novo contrato assinado, treinando e viajando com os profissio-
nais, para inclusive sentir o peso e a responsabilidade da disputa pelo acesso à Primeira Divisão. Um “rito de passagem”. O verão está chegando. A torcida não vai admitir que, na Série A, um técnico e um superintendente tomem decisões que repercutam no trabalho de outro treinador e outro diretor a serem contratados cinco meses depois. Daí a importância de definir já – com firmeza e convicção – quem ocupará esses postos-chave por toda a temporada do ano que vem. Não faz sentido que uma dupla faça a lista de dispensa do atual elenco (23 jogadores) e aponte aquisição de jogadores, para depois sobrevir outra que não participou da formação do time. Que, enfim, a diretoria acerte a mão.
Repense
Até 2020, Caldeirão
Por Marcio Mittelbach
Por Roger Pereira
Ainda que o planejamento do Paraná Clube fosse ficar entre os dez primeiros da Série B, a temporada de 2019 terminou com um gosto amargo para a torcida paranista. Olhando para tabela até que representamos. Fizemos a sexta melhor campanha com a terceira menor folha salarial, ficamos a seis pontos do quarto colocado. A preocupação maior vem do que aconteceu fora de campo. Vem dos salários atrasados, em alguns casos desde setembro. Vem de uma torcida dividida, mesmo existindo apenas um projeto, que é o da atual gestão. Vem de mais um ano sem encontrar um patrocinador máster. Tudo isso preocupa, mas não dá direito de desistir em 2020. Quando a coisa vai mal é que o verdadeiro torcedor precisa abraçar o time. Se a temporada de 2019 te levou a pensar em se desassociar, repense. Talvez seja a hora de fazer o contrário. Talvez seja justamente o momento de participar mais da vida do clube e defender o seu ponto de vista.
A partida de quarta-feira (4 de dezembro), diante do Santos, foi a última do Athletico na Arena da Baixada na temporada 2019. E que temporada! No Caldeirão, vimos o Furacão bater o River Plate, na Recopa; vimos aquele inesquecível 3 a 0 sobre o Boca, na Libertadores, vimos nossa piazada bater o Coritiba (com emoção) na fi nal do segundo turno do Paranaense e, depois, conquistar o estadual. Tudo isso no primeiro semestre. E, na segunda metade do ano, a Arena da Baixada foi palco de partidas épicas que nos levaram ao título da Copa do Brasil. Não só o primeiro jogo da final, mas a semifinal diante do Grêmio, quando o Athletico reverteu o 2 a 0 e conquistou a vaga nos pênaltis. Mesmo, na maioria das vezes, com público inferior ao que nosso time merece, a Arena da Baixada foi fundamental. Que 2020, com a casa ainda mais cheia, a torcida possa fazer ainda mais diferença.