Cultura | p. 7
Onde enterraram?
Toledo busca primeiro título paranaense. Fandinho (foto) fez gol no primeiro jogo da final
Jornalista lança livro sobre guerrilheiros desaparecidos
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Pra fazer história
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Esportes | p. 8
PARANÁ
Ano 4
Edição 119
18 a 24 de abril de 2019
O papel dos Estados Unidos País segue desestabilizando governos com “guerras híbridas” Mundo | p.4
distribuição gratuita
www.brasildefato.com.br/parana
EFEITO
BOLSONARO Fábrica no Paraná vai fechar por perder vendas para árabes
Brasil | p. 5
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Brasil | p. Geral | p. 2 e6 5
Salário mínimo Acaba política de valorização
Geral | p. 3
Reforma da Previdência Comissão não vota texto
Brasil de Fato PR 2 Opinião
Brasil de Fato PR
Paraná, 18 a 24 de abril de 2019
Três anos de um golpe contra o Brasil EDITORIAL
H
como o petróleo do pré-sal passaram a ser á três anos, no dia 17 de abril, a Câmafacilmente leiloadas. ra dos Deputados votava pela abertura Desde então, o povo brasileiro assistiu do processo de impeachment da então preà quebra da legislação trasidenta Dilma Rousseff (PT). balhista. Viu a aprovação da O pedido foi encaminhado Agora temos o “PEC do teto dos gastos”, lipor Eduardo Cunha (PMDB), desenho completo mitante de investimentos hoje preso. Dilma seria afastaem Saúde e Educação. Viu a da até a votação definitiva no de que os prisão de Lula sem provas e, Senado. Por que o Brasil de Fato objetivos foram a com isso, a chegada de Bolsonaro ao governo, que tem trata aquele episódio como desestabilização um “golpe”? Por que poucos do Brasil e de sua como único projeto a retirada de direitos constitucioveículos da mídia se referem hoje a essa data? Agora te- maior empresa, a nais, trabalhistas e também sociais. As receitas proposmos o desenho completo de Petrobras tas até o momento são inque os objetivos foram a desuficientes para resolver os sestabilização do Brasil e de problemas do povo brasileiro. Só a orgasua maior empresa, a Petrobras, cujos arnização popular nas ruas poderá frear este quivos de informações foram invadidos golpe contra o país, que segue em curso. pelo governo dos EUA. E riquezas naturais
SEMANA
Mínimo seria R$ 573 se já valesse a regra de Bolsonaro
OPINIÃO
Juliane Furno,
doutora em economia
N
o dia 16, o presidente Jair Bolsonaro encaminhou para apreciação no Congresso Nacional a sua nova proposta de Orçamento para 2020, na qual extingue a principal política pública e social – herança dos governos petistas. A “Política de Valorização do Salário Mínimo” foi a principal medida de justiça social levada adiante no Brasil desde 2005. A política de valorização do salário mínimo estipulava que a correção do salário mínimo incorporaria o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores, somado com a inflação do ano anterior. Essa medida tinha como premissa que os trabalhadores – aqueles que produzem toda a riqueza da sociedade – deveriam participar dos ganhos econômicos. Assim, a variação (desde que positiva) do acúmulo da riqueza produzida socialmente deveria ser incorporada aos ganhos dos trabalhadores. E não ouviríamos mais aquela máxima de que “primeiro é preciso crescer o bolo para depois reparti-lo”. Essas sempre foram justificativas, aliás, para apartar os trabalhadores dos ganhos da sociedade.
A Política de Valorização do Salário Mínimo ainda tinha uma dimensão importante na atuação contra as desigualdades de gênero, raça e regionais. Hoje, a diferença salarial entre homens e mulheres e entre brancos e negros é muito menor nos empregos de remuneração baixa. Isso ocorre porque grande parte das mulheres e da população negra ou ganha 1 salário mínimo ou tem seus rendimentos dire-
A Política de Valorização do Salário Mínimo tinha uma dimensão importante na atuação contra as desigualdades de gênero, raça e regionais tamente indexados a ele. Além disso, a existência de um salário mínimo nacional com aumento real anualmente contribuiu para diminuir as desigualdades regionais. Parte dos municípios mais pobres são aqueles em que a maioria dos trabalhadores recebem salário mínimo. Se esse se valoriza, as desigualdades regionais recuam.
EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 119 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Franciele Petry Schramm e Laís Melo COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Manoel Ramires ARTICULISTAS Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Gibran Mendes e Julio Carignano DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com IMPRESSÃO Grafinorte | Nei 41 99926-1113
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FRASE DA SEMANA
Ratinho Júnior pode subir tarifa da Sanepar em 12,13%
Jaelson Lucas | AEN
“Estão destruindo tudo aquilo que foi construído ao longo de 80 anos” disse a deputada federal Luiza Erundina (Psol-SP) sobre o ataque do atual governo às leis trabalhistas. Para ela, as leis “precisam ser atualizadas, mas não podemos retroceder, e sim fortalecer o que é justo para a economia.”
O governador Ratinho Jr. (PSD) pode autorizar o reajuste da tarifa da Sanepar em 12,13%. O presidente da empresa, Claudio Stabile, havia solicitado o reajuste de até 25,63% à Agência Reguladora do Paraná (Agepar), que autorizou o aumento em reunião ocorrida nesta semana. O conselho diretor da Agepar autorizou o reajuste de 12,63% para os paranaenses mediante análise de impactos econômicos e consulta aos usuários via audiências públicas. O reajuste engloba os serviços de água e esgoto e deve ser aplicado em até 30 dias da publicação da homologação. O reajuste também foi comunicado ao mercado financeiro e acionistas no mesmo dia 15. Ratinho Jr. já havia sinalizado que a conta dos paranaenses poderia ficar mais cara. “Hoje a Sanepar e a Copel são empresas de capital aberto, estão em bolsa de valores. Eu obviamente tenho que cobrar os investimentos. Há um histórico muito ruim de fazer demagogia com tarifa. Obviamente, se houvesse uma tarifa abusiva sem investimento da Sanepar, eu cobraria um posicionamento da empresa”, disse.
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Governo perde batalha da previdência não é votada em comissão Cristiane Sampaio, Brasília Depois de mais uma sessão agitada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), a votação da reforma da previdência foi adiada para a próxima semana. O anúncio foi feito pelo presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), após novos embates entre governo, oposição e membros do chamado “Centrão” – grupo conservador que não integra oficialmente a base do presidente Jair Bolsonaro (PSL). O anúncio do encerramento da sessão, com o adiamento da votação, veio após uma reunião de bastidor em que líderes partidários debateram com o relator da matéria, deputado Marcelo Freitas (PSLMG), possíveis alterações no seu parecer. “Acho que é uma vitória de
uma aliança pontual entre oposição e centro. É uma vitória dos dois campos, cada um pela sua visão. A nossa é muito político-ideológica porque nós não estamos pedindo nada pra ninguém. Nós só queremos derrotar uma proposta que consideramos incorreta, e os partidos de centro são mais heterogêneos, têm interesses diversificados aí. Alguns discordam, de fato, de pontos da proposta e outros estão mandando recados para o governo”, disse a líder da minoria, Jandira Feghali (PCdoB-RJ). A declaração é uma referência à costura que partidos do “Centrão” vêm tentando fazer nos bastidores em busca de acordos com o governo em relação à reforma. O adiamento da votação tem também, por trás, a insatisfação de diferentes grupos políticos com os pontos mais rígidos da proposta. Mídia Ninja
Aula pública debate pontos da previdência em Curitiba A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, fará duas aulas públicas em Curitiba, nesta quinta (18), contra a reforma da previdência. Às 12h na Praça Generoso Marques, no centro da cidade, e às 17h30 no Terminal Guadalupe. A iniciativa atende a uma das propostas do Diretório Nacional do partido de intensificar o debate nas ruas para derrotar o projeto. O objetivo do governo Bolsonaro era votar o projeto antes da Páscoa, mas foi derrotado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e a retomada dos debates ficou para o dia 23.
Governo confirma déficit de 40% no número de professores efetivos na Unespar O Chefe da Casa Civil, Guto Silva, confirmou a falta de profissionais na Unespar. Ele respondeu a pedido de informações do deputado Requião Filho (MDB), admitindo que não há previsão de realização de novo processo seletivo para cobrir o déficit. O motivo seria o Edital 0037/2015 do concurso que ainda está em vigor e, destes aprovados, há expectativa de contratar somente 17 candidatos neste ano.
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Qual é o papel dos EUA no mundo hoje?
Kevin Lamarque | Reuters
Com novas técnicas de guerra, as chamadas “Guerras Híbridas”, país segue desestabilizando governos com os quais não concorda Pedro Carrano
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erseguido e exilado há sete anos na embaixada do Equador em Londres, Inglaterra, o ativista digital Julian Assange foi perseguido pelo governo dos EUA desde que tornou públicos documentos confidenciais desse governo, em 2010. No dia 11 de abril deste ano, foi preso quando o atual presidente do Equador, Lenín Moreno, retirou o direito de asilo diplomático. A prisão é só mais um entre tantos fatos que reforçam: os EUA seguem vestindo o seu papel de “xerife” do mundo. Os problemas aumentam quando, em apenas 121 dias, o governo Bolsonaro aproxima-se do governo Trump e, com isso, afasta-se de outros países. No dia 16 de abril, Bolsonaro anunciou a saída do Brasil da União de Nações Sul-America-
nas (Unasul) – espaço de articulação dos países do sul. Sinalizou possibilidade de abrir as portas do Brasil para tropas estadunidenses caso haja intervenção militar na Venezuela. É fato que houve no mínimo seis guerras em países ao redor do mundo desde a Guerra do Iraque, em 2003. Antes, durante o século 20, foram 50 intervenções dos EUA e da sua agência de inteligência, a CIA, contra governos de diferentes países. “Os EUA sempre foram ativos na tecnologia militar e espionagem no mundo. Eles passaram a última década do século 20 e a primeira do século 21 sendo a única potência do mundo, política, militar e econômica. E estão agora enfrentando uma séria ameaça vinda da Eurásia (sobretudo China e Rússia)”, analisa Chrysantho Scholl, professor de Direito e História.
ESTADOS UNIDOS E AS GUERRAS HÍBRIDAS A palavra “híbrido” quer dizer mistura. A recente obra “Guerras Híbridas”, do autor Andrew Korybko aponta – a partir do caso da Síria e Ucrânia -, como o governo dos EUA passou em anos recentes a promover a desestabilização de governos com os quais não concorda – usando de diversas técnicas não convencionais (mobilização, notícias falsas, criação de oposição), o que antecede o uso de força militar. “No Vietnã, foi uma guerra truculenta como tantas que os EUA fizeram, mas vazou para a imprensa imagens do que eles promoveram nessa operação de guerra. Então, em certos momentos não é conveniente fazer uma guerra convencional para tirar um governo rival. Era preciso uma nova forma, consistindo numa operação de guerra disfarçada de revolução popular. Eles instigam as pessoas a participar de revoltas que no fundo são organizadas pelos EUA. Isso aconteceu na ‘Primavera Árabe’ e no Brasil”, explica Chrysantho Scholl, professor de Direito e História. PUBLICIDADE
ISSO É EUA: PAÍSES COM INTERVENÇÃO DIRETA E INDIRETA DESDE 2001
200 mil mortos na Guatemala Nos anos 70 e 80, os EUA já haviam patrocinado guerras na América Central. Em especial Ucrânia na Guatemala, a CIA Síria patrocinou massacres,o que Líbia deixou 200 mil mortos e 40 mil pessoas desaparecidas. Venezuela O conflito começou em 1954, quando o presidente Jacobo Arbenz implementou a Reforma Agrária e distribuiu terra para os camponeses. Dado o apoio popular de Arbenz, o governo dos EUA passou a lançar mão do apoio a estudantes de classe média no país, de forma a desestabilizar o governo. Se o governo dos EUA considerou a guerra do Vietnã uma derrota, a Guatemala foi considerada uma vitória.
Geórgia Bahrein
Afeganistão Iraque
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BRF vai paralisar atividades por queda na venda a árabes no governo Bolsonaro Proposta é que trabalhadores da unidade de Carambeí (PR) suspendam produção e recebam salário-desemprego. Se vendas não retomarem, podem ser demitidos Frédi Vasconcelos
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or alegado excesso de estoques e baixa demanda, a direção da BRF, uma das maiores empresas brasileiras de alimentos, comunicou aos funcionários da planta de Carambeí (PR) que pretende suspender a produção de frangos por 60 dias, a partir de junho, medida que pode chegar a até cinco meses. Nesse período, os trabalhadores teriam de
Há reflexo da política externa do atual governo, da aproximação com Israel e por ter deixado de lado a política neutra que o Brasil tinha em relação aos conflitos dos árabes
viver com seguro-desemprego. Se as vendas aos países árabes, principais compradores, não voltarem ao normal, cerca de 1.500 pessoas podem perder o emprego. O secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de alimentação de Carambeí e Região, Wagner do Nascimento Rodrigues, explica que 90% da produção dessa planta é vendida para o mundo árabe, com o chamado abate Halal, que segue preceitos muçulmanos. Embora a empresa não declare os motivos do excesso de estoque, Wagner atribui à postura do governo Bolsonaro boa parte da perda de mercados. “Na minha leitura, há reflexo da política externa do atual governo, da aproximação com Israel e por ter deixado de lado a política neutra que o Brasil tinha em relação aos conflitos dos árabes”, diz. O sindicato fará assembleia no mês de maio para
ver se os trabalhadores aceitam a proposta do que é chamado de lay-off, a suspensão das atividades por determinado período. Dos 1500 trabalhadores contratados, apenas 300 seriam mantidos em atividades de manutenção e limpeza. Reflexos no Paraná A paralisação da unidade em Carambeí, além do risco aos empregos diretos, traz da-
nos a toda a cadeia produtiva da região. O deputado estadual Tadeu Veneri (PT) afirma que o risco de desemprego pode ser multiplicado por três, por afetar as famílias que fornecem frangos para o abate, a maioria da agricultura familiar. “Para o Paraná foi terrível quando a BRF encerrou a planta de perus em Francisco Beltrão, 400 aviários da região
foram fechados. Se parar a produção de frangos em Carambeí, muitos vão quebrar. A cadeia é integrada, não tem pra quem vender. Outro ponto que destaca é a inoperância do governo do Estado. “Até onde tenho conhecimento, há total ausência do poder público nisso, da Secretaria de Indústria e Comércio, da Agricultura, do governador etc. em resolver esse problema.” Divulgação
Proposta do governo acaba com aumento real do salário mínimo Divulgado nesta semana pela equipe econômica, medida propõe correção somente pela inflação Redação
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governo federal propôs, para o ano que vem, que o salário mínimo vá para R$ 1.040,00, corrigido apenas pela inflação, sem aumento real. A proposta foi divulgada na segunda-feira (15)
pela equipe econômica, junto com o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Se aprovado, o reajuste começa a valer em janeiro de 2020. Hoje o salário mínimo é de R$ 998,00. Para os anos seguintes, a proposta do governo é de R$
1.082,00 para 2021 e R$ 1.123,00 em 2022. Os valores têm correção apenas pela inflação, ou seja, sem a política de aumentos reais criada pelo ex-presidente Lula (PT) em 2007 para atender a uma reivindicação histórica de várias categorias e, ao
mesmo tempo, aquecer a economia brasileira. Em 2011, já no governo Dilma (PT), a política foi transformada em lei pela primeira vez, com validade até 2015. Naquele ano, a política de valorização foi renovada por mais quatro anos, até 2019.
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Projeto do “escola sem partido” tem audiência na Assembleia do Paraná
Governo quer acabar com conselhos que permitem participação popular
Proposta é considerada inconstitucional pelo Ministério Público. Aliados de Bolsonaro querem implantar “escola com partido único”, diz deputado Redação, com informações da APP Sindicato e ALEP
Decreto extingue centenas de órgãos que desenvolvem e fiscalizam políticas públicas no governo federal
D
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Lu Sudré, São Paulo
App Sindicato
epois de passar por outras comissões da Assembleia Legislativa do Paraná, o projeto que institui o “escola sem partido” passou por audiência pública na segunda, 15, na Comissão de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior da Alep. Convidado a participar da audiência, o representante do Ministério Público do Paraná, Olympio de Sá Sotto Maior Neto, afirmou que o MP é contra essa proposta que, “Amordaça e persegue os professores”, além de ferir a Constituição. “O Supremo Tribunal Federal já analisou por três vezes esse projeto e o considerou inconstitucional”, diz Olympio. Para o deputado Professor Lemos (PT), “Esse não é um projeto para garantir uma escola plural, ao contrário, é a ideia de uma escola com um partido único, o partido do governo fe-
deral”, sintetiza. Que também lembra que o STF, o Ministério Público e o Conselho Estadual de Educação emitiram pareceres contrários à proposta. Para o presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão, a escola tem que ser um ambiente de múltiplas opiniões e também de espaço para que os estudantes possam aprender e questionar sobre política, cidadania, sexualidaPUBLICIDADE
de e violência. “O projeto é feito por quem desconhece a realidade nas escolas e por quem não sabe que, muitas vezes, é o único local em que o jovem consegue falar e questionar a sua realidade.” O projeto foi apresentado por deputados da base de apoio do governo Bolsonaro e já passou por outras comissões da Alep, podendo ir a votação no plenário e breve.
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) assinou, na semana passada, decreto que limita a participação da sociedade civil na formulação de políticas públicas. Essa é a opinião de Émerson Santos, membro da mesa diretora do Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos LGBT (CNDC/ LGBT), um dos órgãos que correm risco de extinção após a decisão do governo, que também oficializou o fim da Política Nacional de Participação Social (PNPS) e do Sistema Nacional de Participação Social (SNPS). Com o decreto, comitês, conselhos, comissões e fóruns que não tenham sido oficializados por lei serão encerrados até dia 28 de junho. As instâncias foram desenvolvidas com o objetivo de permitir que a sociedade civil participe da formulação das políticas públicas e também tenha a possibilidade de fiscalizar sua implementação pelo governo. Na última segunda-feira (15), os depu-
tados Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da Oposição na Câmara, e Humberto Costa (PT), apresentaram projetos para sustar os efeitos do decreto 9.759/2019. O Partido Socialismo e Liberdade (PSB) também entrou com uma ação popular na Justiça Federal pedindo a anulação do decreto presidencial. Para Carla Bezerra, advogada e doutoranda em Ciência Política pela Universidade
O que o governo considera burocracia, na verdade, é um processo democrático de participação nas tomadas de decisão de São Paulo (USP), “As intenções declaradas do governo são de redução da participação da sociedade civil. O que ele considera burocracia, na verdade, é um processo de democracia de ampliação da participação das tomadas de decisão, que tem fiscalização e participação da sociedade civil”, destaca.
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Jornalista de Foz do Iguaçu lança livro sobre incessante busca aos desparecidos políticos
LUZES DA CIDADE Venâncio de Oliveira
Caçador de beija-flor*
Obra relata os últimos passos de seis guerrilheiros que desapareceram ao regressar ao Brasil Arquivo Pessoal
Laís Melo O jornalista Aluízio Palmar, que mora em Foz do Iguaçu desde agosto de 1979, quando emergiu para a vida legal saindo da luta clandestina contra a ditadura militar, lança no dia 26 de abril edição atualizada do livro “Onde foi que vocês enterraram nossos mortos?” A publicação traz revelações sobre os últimos passos de seis guerrilheiros que estavam na Argentina e desapareceram ao ingressar no Brasil para promover ações armadas no Sul do país. O fio condutor da narrativa é a busca a um grupo de desaparecidos políticos. Eles estavam exilados na Argentina e foram atraídos para uma armadilha na região Oeste do Paraná. A obra é o resultado de 26 anos de investigação jornalística e verdadeira obstinação em busca das circunstâncias das mortes e a localização da cova onde fo-
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ram enterrados cinco brasileiros e um argentino, que insistiram em continuar a luta armada contra a ditadura militar, mesmo após a derrota das organizações guerrilheiras em meados de 1974. “A transição da ditadura militar para a democracia aqui no Brasil foi incompleta. Nesse processo faltou a justiça de transição, ou seja, investigar a fundo as circunstâncias da mortes e ocultação de cadáver. Após essa investigação os responsáveis pelos crimes co-
Conta-se a história de um caçador de beija-flor que os comia para transformar-se no ser mais belo de todos. Mas para que a receita funcionasse, o homem precisava ser extremamente cruel. Desde a caça, nos seus passos rasteiros que fazia com que o épico pássaro sentira um medo inefável, ao mesmo tempo, que os fazia sentir esperança em escapar, contudo, sempre vã, pois era impossível fugir do caçador. O bichinho passava dias sem comer nem tomar água até que sua música se tornava rala.
metidos deveriam responder pelas mortes, estupros e ocultação. Essa falha leva com que a impunidade persista e o perigo de retorno à ditadura militar esteja sempre presente, como um fantasma a nos ameaçar. Essa é a importância de revelar memórias.”, explica o autor. A julgar pelo que conta no livro, Aluízio Palmar não se isolou de algumas das mais arriscadas batalhas de seu tempo: a de uma geração que, cercada pela repressão da ditadura militar, optou pela guerrilha.
Assim sucessivamente até vê-lo triste, melancólico, como implorando pela morte, quando ele cravava uma agulha no seu coração. O último canto, fazia o caçador, belo. Destruiu-se toda a esperança do mundo do beija-flor. E foi assim que o vaga-lume, seu coração, o abandonou e vagou sem sentido, com sua luz tentando iluminar algo que já não existia. E o beija-flor deixou de brilhar. O caçador foi condenado a reinar numa feiura eterna. *conto que integra romance “Tocaia, tocayo”, ainda não publicado Pedro Carrano
DICAS MASTIGADAS
Frango Xadrez
Ingredientes 1/2 xícara de molho shoyu 1/2 xícara de água 2 colheres (sopa) de amido de milho 1 colher (sopa) de óleo de gergelim 2 cebolas picadas 2 dentes de alho picado 1 pimentão verde picado 1 pimentão vermelho picado 1 pimentão amarelo picado 2 colheres (sopa) de amendoim torrado 1 colher (sopa) de óleo de gergelim
500 g de peito de frango em cubos sal a gosto pimenta-do-reino a gosto 1/4 de xícara de champignon Modo de Preparo Em um recipiente, misture o molho shoyu, a água e o amido de milho, reserve. Em uma frigideira, adicione 1 colher (sopa) de óleo de gergelim, a cebola e o alho picado. Refogue bem, retire os ingredientes da frigideira e
reserve. Volte a frigideira para o fogo e adicione o pimentão vermelho, verde e amarelo. Mexa e deixe que os pimentões fritem, reserve. Em outra frigideira, adicione 1 colher (sopa) de óleo de gergelim e o frango. Tempere com sal, pimenta-do-reino e deixe cozinhar. Adicione o champignon e a mistura reservada de cebola e alho. Mexa mais um pouco e acrescente os pimentões e o molho reservado. Para finalizar, adicione o amendoim torrado e mexa bem.
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Subir com Louzer Por Cesar Caldas A apenas 11 dias da estreia na Série B, o torcedor alviverde sabe que o time para as primeiras rodadas da competição tem carências técnicas nos três setores, especialmente na criação de jogadas pelo meio de campo e na velocidade para o ataque. Espera-se que a diretoria consiga suprir essas deficiências até 11 de junho (8ª rodada), quando o campeonato será interrompido por um mês, em razão da Copa América de Seleções. Há sérias razões para se preocupar com a performance da equipe até lá, dado o saldo deplorável do início da temporada, quando enfrentou equipes pouquíssimo qualificadas e só colecionou reveses. Se o comando coxa-branca aprendeu alguma coisa com o fracasso de 2018, que custou a perda de R$ 45 milhões em receitas para este ano, sabe que a estabilidade do treinador Umberto Louzer será fundamental para o clube atingir seu objetivo.
Sessão de sábado Por Marcio Mittelbach O próximo sábado, 20, marca o último sábado de monotonia para a torcida paranista. Pelo menos até o mês de junho. A partir do dia 27/4, quando acontecerá o nosso jogo de estreia na Série B fora de casa, contra o Vila Nova, serão cinco sábados seguidos com jogos do Paraná. Apenas na sexta rodada o time da Vila vai jogar em outro dia da semana. Dia 4 o confronto é em casa, contra o CRB. Dia 11 o desafio é fora, contra o Cuiabá. No dia 18 temos mais um adversário em casa, o Guarani. A saga de sábados seguidos com compromissos tricolores acaba dia 25, no confronto fora de casa contra a Ponte Preta. Depois disso jogamos na terça, dia 28, em casa contra o Oeste. No primeiro sábado do mês de junho uma folga, não temos jogo do tricolor. Em compensação, dia 8/6, mais um sábado, o tricolor tem na agenda nada mais nada menos que um Paratiba no Couto Pereira.
Em busca do primeiro título Toledo sai na frente na primeira partida da final e precisa de um empate contra o Atlhetico para conquistar paranaense no próximo domingo Redação
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o próximo domingo, às 16h, o Toledo quer fazer história e ganhar pela primeira vez o campeonato paranaense. Disputa com o Athletico, que já tem 24 títulos, mas saiu atrás na primeira partida decisiva. Precisando de apenas um empate para ser campeão, a equipe dever repetir a estratégia do primeiro confronto no interior, em que segurou o empate até quase o final da partida, quando fez 1 a 0 contra o time alternativo do Furacão, que está jogando o campeonato regional. Campeão do primeiro turno sobre o Coritiba, o Porco teve campanha muito ruim na segunda metade do campeonato. Só não foi rebaixado porque estava na final, mas
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voltou a respirar ao ganhar domingo passado do Furacão. Para o técnico Agenor Piccinin, o resultado apaga um segundo turno ruim. “É uma volta aí para o cenário de uma equipe que compete para buscar o título e vai com uma pequena vantagem para o segundo jogo”, disse após a partida para o sistema Globo. “Em momento algum falamos que tínhamos um supertime, mas
que ia lutar e foi coroado com vitória. Teve humildade, perseverança e disponibilidade tática e aplicação acima do seu limite, o que ajudou muito.” Com empate por qualquer placar o Porco será campeão. Se perder por um gol de diferença haverá disputa por pênalti no jogo da Arena da Baixada. Se vencer por mais gols, o Athletico levará seu 25º título do paranaense.
NÚMERO DE TÍTULOS NO PARANAENSE O dia mais engraçado Por Roger Pereira Uma semana depois de um dos dias mais importantes da história da Arena, os atleticanos testemunharam um dos mais engraçados. Embalados e de ressaca pela histórica vitória sobre o Boca Juniors e pelo suado triunfo diante do Tolima, 13 mil atleticanos voltaram ao estádio para prestigiar o time de aspirantes na final do segundo turno do Paranaense contra o Coritiba. Foi um jogo duro para a piazada do Athletico, diante do que o rival tinha de melhor. Mas o espírito nas arquibancadas era de descontração. A torcida coxa-branca lotou seu espaço e fez uma grande festa, digna de uma verdadeira final. E, depois que o Coritiba abriu o placar, a parte verde do estádio explodiu: “olé”, “é campeão”, “freguês”, “O chiqueirão é nosso”. Mas, aos 45 do segundo tempo, a piazada do Furacão buscou o empate para, depois, nos pênaltis, transformar aquela na noite mais engraçada do ano.
Coritiba 38 Athletico 24 Ferroviário 8 Paraná Clube 7 Britânia 4 Londrina 4 Grêmio Maringá 3 Palestra Itália 3 Pinheiros 2 Operário-PR 1
Colorado Internacional Paraná SC Paranavaí Água Verde América Cascavel Comercial Iraty Monte Alegre
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