RIO DE JANEIRO Ano 6
edição 290
22 a 28 de novembro de 2018
distribuição gratuita
brasildefato.com.br
/brasildefatorj
@Brasil_de_Fato
RJ
”O CRIME CONTRA MARIELLE FOI POLÍTICO, MAS TAMBÉM RACISTA”
Elisangela Leite/Anistia Internacional
Esta é a análise de Marinete da Silva, mãe da vereadora Marielle Franco (Psol), assassinada no dia 14 de março deste ano junto com seu motorista, Anderson Gomes, em um crime que ainda não foi solucionado. No Dia da Consciência Negra, a advogada recebeu o Brasil de Fato para falar sobre sua trajetória além de acolhimento e política. GERAL, PÁG 5.
POR QUE AS COTAS RACIAIS SÃO IMPORTANTES?
Agência Brasil
Entenda sobre o programa que incluiu parte da população negra nas universidades públicas. GERAL, PÁG 7.
Uma mistura de arte, dança e luta que se transformou ao longo da História do Brasil. CULTURA & LAZER, PÁG 8.
Yasuyoshi Chiba/AFP
SAIBA MAIS SOBRE A ORIGEM DA CAPOEIRA
O QUE O BRASIL PERDE COM SAÍDA DOS MÉDICOS CUBANOS DO MAIS MÉDICOS?
Confira na reportagem do Brasil de Fato. GERAL, PÁG 3.
JOVENS NEGROS SÃO AS MAIORES VÍTIMAS DE HOMICÍDIO
A juventude negra tem 2,7 vezes mais chances de ser vítima de homicídio que um jovem branco, segundo o Atlas da Violência 2018. GERAL, PÁG 4.
2
GERAL OPINIÃO
DANIEL MEDEIROS*
POR QUE O BRASIL AINDA NÃO QUEBROU A “MALDIÇÃO” DA CASA GRANDE E SENZALA?
»A
democracia é um regime político que pressupõe igualdade jurídica. Pode não parecer, mas essa definição levou séculos para ser elaborada. A ideia de que as pessoas, independente da origem social, racial, religiosa ou econômica devem ser tratadas da mesma forma pela Lei, é um pensamento muito difícil. Nosso país tem uma longa tradição de exclusão. Lima Barreto, no começo do século XX, já lembrava que “não temos povo, mas público”. A dificuldade de sequer pensar a modernização do país como inclusiva do povo é parte da lógica da administração pública brasileira. A reurbanização do Rio de Janeiro, iniciada no governo Rodrigues Alves em 1903, deixou a capital da República linda, mas apenas para os que podiam. Os antigos habitantes dos cortiços e velhos casarões não tinham mais lugar no novo espaço que deveria espelhar a pujança dos cafeicultores. Seu destino foi a remoção para os morros da periferia. E essa foi a regra da res publica. Em mais de 500 anos de colonização, apenas oito presidentes foram eleitos em um processo que se pode considerar democrático. E desses oito, um se suicidou, outro renunciou e dois foram impedidos. E ainda: um regime militar interrompeu esse período democrático por longos 21 anos. Nesse tempo todo, os índices econômicos do país avançaram muito. O PIB dobrou e dobrou e dobrou, colocando-nos entre as potências mundiais. No entanto, a desigualdade social, isto é, a distância entre os mais ricos e os mais pobres, ampliou-se. O país e seus admi-
RJ
RIO DE JANEIRO, 22 A 28 DE NOVEMBRO DE 2018
nistradores não conseguem solucionar a “maldição" da casa grande e senzala. Qualquer crise empobrece os mais pobres. O respeito pelos direitos mais básicos depende do humor das elites, quase sempre de mau humor. Terminamos o século XX com índices de miséria e violência recordes. E assim tem sido nessas quase duas décadas: a educação é ineficiente, a saúde é precária, a segurança é frágil, os serviços públicos não são confiáveis. A população, de uma maneira geral, olha incrédula para tudo isso e então, aos poucos, esse olhar vai se enchendo de raiva. A política tradicional, cheia de vícios e desvios, faz o sacrifício de quem é honesto se tornar um acinte. E a ideia de democracia, de igualdade perante a lei, uma quimera, uma conversa para boi dormir. Vivemos esse momento agora. Um país com ódio. Uma sociedade com um porrete nas mãos querendo quebrar as placas, os monumentos, os espelhos que refletem seus rostos assustados e sem horizonte. A democracia é um regime político que pressupõe igualdade jurídica. Essa definição levou séculos para ser elaborada. A questão que se impõe ao nosso século é acreditar nela. Uma crença frágil, como planta que exige cuidados diários. O desafio está aí, para quem tem lágrimas ao invés de fúria nos olhos. *Daniel Medeiros é consultor de Conteúdos em Humanidades. Doutor em Educação Histórica pela UFPR, também é parceiro do Instituto Aurora.
Dia da Consciência Negra é comemorado no Rio com homenagem a Zumbi » Ativistas,
grupos culturais e religiosos comemoram hoje (20) o Dia da Consciência Negra com várias atividades em frente à estátua de Zumbi dos Palmares, no centro do Rio de Janeiro. O líder da resistência contra a escravidão, que comandou uma comunidade de escravos foragidos (quilombo), em Alagoas, no século XVII, morreu em 20 de novembro de 1695. Logo no início da manhã, houve apresentações de capoeira e do grupo Afoxé Filhos de Gandhi. “Depois de 130 anos da abolição [da escravidão] não concluída, quando os negros foram jogados à própria sorte, o Estado não se preparou para essa abolição. Construiu-se um apartheid social, quando a mão-de-obra escravizada foi substituída pela mão-de-obra dos europeus. Isso levou o negro direto da senzala para as favelas e para os presídios”, disse Cláudia Vitalino, da União de Negros e Negras pela Igualdade Racial e do Conselho Estadual de Direitos dos Negros.
www.brasildefato.com.br redacaorj@brasildefato.com.br /brasildefatorj @Brasil_de_Fato
(21) 99373 4327
(21) 4062 7105
CONSELHO EDITORIAL Alexania Rossato, Antonio Neiva (in memoriam), Carolina Dias, Joaquín Piñero, Mario Augusto Jakobskind (in memoriam), Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam) | EDIÇÃO Mariana Pitasse | SUBEDIÇÃO Eduardo Miranda | ADMINISTRAÇÃO Angela Bernardino e Erivan Silva | DISTRIBUIÇÃO Carolina Dias | REDAÇÃO Clívia Mesquista, Denise Viola, Filipe Cabral, Flora Castro, Luiz Ferreira e Jaqueline Deister.
RJ
RJ
JÚLIA ROHDEN
SÃO PAULO (SP)
A
GERAL
RIO DE JANEIRO, 22 A 28 DE NOVEMBRO DE 2018
saída de 8.469 médicos cubanos do Programa Mais Médicos, anunciada pelo governo cubano na última semana, após declarações consideradas “depreciativas” e “ameaçadoras” por parte do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), vai impactar na saúde de 28 milhões de brasileiros, de acordo com estimativa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Os profissionais atuavam em todas as regiões do país, em 2.857 municípios, e sua saída deve afetar especialmente os municípios do Norte e do Nordeste e as periferias das grandes cidades. De acordo com a Organização Panamericana de Saúde (Opas), a maior parte dos municípios onde os cubanos atuam tem 20% ou mais da população vivendo em extrema pobreza. Cerca de 1.575 municípios, ou seja, 28% do total de municípios brasileiros, contavam apenas com atendimentos de cubanos por meio do Mais Médicos, muitos deles localizados em regiões de difícil acesso. Cerca de 80% desses municípios que contam exclusivamente com profissionais cubanos tem menos de 20 mil habitantes, de acordo com levantamento da Associação Brasileira de Municípios, que divulgou carta aberta cobrando ações de Bolsonaro para reverter a situação. Felipe Proenço de Oliveira, da Rede de Médicas e Médicos Populares, ressalta que mais de 700 municípios tiveram um médico pela primeira vez graças ao programa e os cubanos atuam especialmente em municípios com população em situação de extrema pobreza, locais que são rejeitados pelos médicos brasileiros. “A saída dos médicos cubanos, que foi provocada pelo presidente eleito Jair Bolsonaro, vai impactar diretamente naquelas regiões que historicamente não contavam com assistência médica, daquelas populações que cansaram, no período anterior a 2013, de procurar o posto de saúde e a única resposta que recebiam era que faltavam médicos”, afirma.
O que o Brasil perde com a saída de cubanos do Mais Médicos?
Cerca de 28% do total de municípios do país contava apenas com profissional cubano para atender a população Divulgação
Os profissionais cubanos atuavam em 2.857 municípios no Brasil
A saída dos médicos cubanos, que foi provocada por Bolsonaro, vai impactar diretamente naquelas regiões que historicamente não contavam com assistência médica” Felipe Proenço de Oliveira, médico Doutor em saúde coletiva, Oliveira informa que em muitos lugares são os médicos cubanos responsáveis pela atenção básica. “Mesmo municípios de médio porte serão afetados. Ponta Grossa, no Pa-
raná, é um exemplo onde cerca de 75% dos médicos da atenção básica são cubanos. Então tanto municípios de pequeno porte, quanto de médio porte e também nas periferias das grandes cidades, o impacto será enorme”, conclui. Não há um prazo fixado para a saída dos profissionais cubanos, mas estima-se que devem ficar, no máximo, até o final deste ano. O Ministério da Saúde anunciou que irá lançar um edital para a contratação de médicos brasileiros que queiram ocupar as vagas de cubanos. Felipe Oliveira aponta que essa medida não deve ser efetiva, já que as vagas ocupadas pelos cubanos foram ofertadas primeiro aos brasileiros que não quiseram atuar naquelas localidades. “Os brasileiros efetivamente não vão para essas localidades onde os médicos cubanos estão”.
3
Brasil concentrou 40% dos feminicídios da América Latina em 2017 Levantamento da ONU mostra que 2,7 mil mulheres foram assassinadas LETYCIA BOND
AGÊNCIA BRASIL
» A cada dez feminicídios cometi-
dos em 23 países da América Latina e Caribe em 2017, quatro ocorreram no Brasil. Segundo informações da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), ao menos 2.795 mulheres foram assassinadas na região, no ano passado, em razão de sua identidade de gênero. Desse total, 1.133 foram registrados no Brasil. O levantamento também ranqueia os países a partir de um cálculo de proporção. Nessa perspectiva, quem lidera a lista é El Salvador, que apresenta uma taxa de 10,2 ocorrências a cada 100 mil mulheres, destacada pela Cepal como “sem paralelo” na comparação com o índice dos demais países da região. Em seguida aparecem Honduras (5,8), Guatemala (2,6) e República Dominicana (2,2) e, nas últimas posições, exibindo as melhores taxas, Panamá (0,9), Venezuela (0,8) - também com uma base de 2016, e Peru (0,7). Colômbia (0,6) e Chile (0,5) também apresentam índices baixos, mas têm uma peculiaridade, que é o fato de contabilizarem somente os casos de feminicídio perpetrado por parceiros ou ex-parceiros das vítimas, chamado de feminicídio íntimo. Totalizando um índice de 1,1 feminicídios a cada 100 mil mulheres, o Brasil encontra-se empatado com a Argentina e a Costa Rica.
4
GERAL
RJ
RIO DE JANEIRO, 22 A 28 DE NOVEMBRO DE 2018
Jovens negros e periféricos são as maiores vítimas de homicídio no Brasil Mauro Pimentel / AFP
A juventude negra tem 2,7 vezes mais chances de ser vítima de homicídio que um jovem branco no país, segundo o Atlas da Violência 2018 CLÍVIA MESQUITA
RIO DE JANEIRO (RJ)
A
juventude negra no Brasil tem 2,7 vezes mais chances de ser vítima de homicídio que um jovem branco. O índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência, com dados de 2015, revela o perfil e o alto nível de desigualdade racial no país em termos de violência letal e políticas de segurança pública. No Rio de Janeiro, o Atlas da Violência divulgado este ano afirma que 2016 marcou o fim de um período estável, e um aumento significativo dos indicadores de letalidade. O estudo é produzido pelo Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). No período de uma década (2006-2016), a taxa de mortalidade da população negra teve um aumento de 23,1% - ao passo que a de não negros reduziu 6,8% no país. Neste contexto, as mulheres negras sofrem 71% a mais com os homicídios registrados em comparação com as não negras. Nalayne Mendonça Pinto, professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), afirma que o projeto de intervenção social representado pelas Polícias Pacificadores (UPPs) nunca existiu. Houve um direcionamento na área da segurança com a expectativa para grandes eventos como os Jogos Olímpicos (2016), mas a conjuntura política nacional e econômica desfavorável contribuiu para o agravamento desse cenário.
Conjuntura política nacional e econômica desfavorável contribuiu para o agravamento desse cenário
No período de uma década (2006-2016), a taxa de mortalidade da população negra teve um aumento de 23,1% - ao passo que a de não negros reduziu 6,8% no país “Sem um conjunto de ações em diferentes áreas de atenção e proteção a essa juventude nossos índices continuarão alto. Isso mostra que a gente tem uma década de juventude perdida, de um genocídio da população jovem. Precisamos de um Estado de bem-estar social que priorize a qualidade de vida das pessoas e assuma um problema social que de fato é um genocídio e precisa ser discutido em todas as esferas”, afirma.
RIO DE JANEIRO »O Atlas da Violência 2018 também aponta subnotificação das mortes em decorrência de intervenções policiais devido à falta de investigação dos crimes. A juventude foi vítima de 87,7 homicídios por grupo de 100 mil pessoas no Rio de Janeiro em 2016. Para a pesquisadora de segurança pública e sociologia criminal, a abordagem da polícia direcionada aos jovens negros revela o racismo institucional seletivo voltado a esse público. “Sem ações de bem-estar social, formação de policiais que sejam voltadas para a garantia dos direitos humanos e da cidadania, que discutam o papel da polícia, e um investimento público sério na área de perícia e inteligência não vamos produzir nenhum efeito. Nossos índices de elucidação de homicídios são baixíssimos, nós precisamos de investigação e não de maior ação de enfrentamento”, diz. A superação desses índices alarmantes passa, segundo Naylane, pela substituição da lógica de enfrentamento defendida pelo governador eleito Wilson Witzel (PSC), e redução das incursões que produzem maior índice de letalidade. “O Rio é um estado violento por intervenção policial, temos um grave problema com os autos de resistência. Estamos assistindo um aumento no índice de morte da população de jovens negros também por armas de fogo. O governador [Witzel] faz afirmações que representam uma grave violação constitucional de autorizar as execuções”, conclui a pesquisadora.
RJ
GERAL
RIO DE JANEIRO, 22 A 28 DE NOVEMBRO DE 2018
5
Pedro Nogueira Ribeiro
“O crime contra Marielle foi político,mas também racista”, afirma Marinete da Silva A mãe da vereadora assassinada em março deste ano fala ao Brasil de Fato sobre sua trajetória, acolhimento e política Mídia Ninja
FLORA CASTRO
RIO DE JANEIRO (RJ)
M
ãe, esposa, avó. Mulher, negra, nordestina. Essas são algumas das muitas caraterísticas que, à primeira vista, definem Marinete da Silva, mãe da vereadora Marielle Franco (Psol), assassinada no dia 14 de março deste ano junto com seu motorista, Anderson Gomes. A advogada paraibana recebeu o Brasil de Fato numa tarde chuvosa no último dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, quando tinha acabado de voltar de São Paulo, onde recebeu em nome de sua filha o Troféu Raça Negra - prêmio oferecido pela ONG Afrobras e a Faculdade Zumbi dos Palmares que destaca personalidades da luta pela igualdade racial. Depois da tragédia do dia 14 de março deste ano, Marinete foi jogada aos holofotes e se tornou uma das maiores defensoras da justiça e memória de sua filha. “Nós fomos levados mesmo, jogados no mundo da mídia. A gente tendo que trabalhar, tivemos que nos reorganizar. Eu acabei ganhando uma filha de 19 anos [a neta]. Ou seja, tudo muda a partir daquilo. Além do vazio que fica, como se
fosse um pedaço que tiram da gente”, conta. Para Marinete, defender o legado de Marielle é um dever. “Queremos que as pessoas saibam que a Marielle tinha uma família. Que além da figura pública, que as pessoas falam ‘Marielle, presente’, mas presente de que forma? Através da família dela. A gente tem levado isso, e vamos levar, de uma família unida, que está sofrendo, e muitas vezes é deixada de lado. Hoje quem cuida da gen-
te é Deus”, complementa. É fácil ver de onde veio o jeito firme e forte de Marielle em Marinete. Mas a mãe garante que nos últimos anos ela quem aprendeu bastante com a filha. “Aprendi que a desigualdade vem de muito tempo. Aprendi que o negro é cada vez mais descriminado. Esse crime [contra Marielle] foi político, mas também foi um crime de racismo. Diretamente ou indiretamente, Marielle foi discriminada. Aqueles homens acham que o espaço em que a Marielle chegou não é pra todo mundo, Marielle incomodou. É uma lição pra gente”, afirma. Marinete deixa claro em sua fala, que apesar do que aconteceu com a filha, ainda sente esperança quando pensa no legado de Marielle. “Eu sinto essa esperança vindo da Marielle. Ela é uma referência. Marielle hoje consegue ultrapassar limites. Ela consegue mostrar que é possível, que ela chegou. A preta, o preto, podem ocupar esse espaço, tem condições de chegar. E que venham mais Marielles, ainda que igual a minha não venha mais, mas que levem essas pautas, que acreditem que é possível”, defende.
TRAJETÓRIA
»Quem vê Marinete em diversos eventos defendendo a memória da filha, talvez não imagine a sua trajetória. Ela nasceu em Alagoa Grande, na Paraíba, em 1951 e passou a sua infância em João Pessoa, para onde mudou bem nova. “Tive uma infância feliz. Éramos 11 irmãos, eu já sou das mais novas, vim numa época mais tranquila, que já não se passou dificuldade. Meus pais tinham uma pastelaria, a gente fazia bolos e doces para as feiras da região”, conta. Foi a primeira filha a se formar na universidade. Marinete cursou Direito na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e se especializou, anos mais tarde, em questão previdenciária. “Não tínhamos nenhum advogado na família e eu achava importante, então decidi fazer”, conta. Ela se casou aos 26 anos em João Pessoa depois de namorar por quatro anos à distância, através de visitas e cartas, com o carioca Antônio Francisco Silva, o Toinho. Depois de casada, se mudou para o Rio. Marielle nasceu 1 ano e 5 dias depois do casamentoCom a primeira filha nos braços, Mariente começou
a cursar magistério na Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM), no bairro de Bonsucesso. Se tornou professora de primário e trabalhou em escolas durante os seis primeiros anos de Rio de Janeiro. “Eu trazia a Marielle bebezinha para a universidade. Tenho muitas fotos dela bebê, no carrinho, as meninas da minha turma ajudavam”, relembra. Foi nessa época que a família foi morar na Maré, no Conjunto Esperança e depois no Conjunto Manoel da Nóbrega, perto da Paróquia de Nossa Senhora dos Navegantes, na zona Norte do Rio. É nessa paróquia que começa a formação católica de Marielle e da caçula Anielle, nascida cinco anos depois da primogênita. “Nossa família é Paraibana, lá da Paraíba, e maranhense, aqui da Maré!”, destaca rindo.
6
GERAL
RIO DE JANEIRO, 22 A 28 DE NOVEMBRO DE 2018
Lula nega envolvimento D com obras no sítio de Atibaia
LIA BIANCHINI
CURITIBA (PR)
Na última quarta-feira (14), o ex-presidente saiu pela primeira vez depois de 223 dias preso em Curitiba
esde que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi preso na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, não se tinha um registro novo de sua imagem ou voz. Da PF, Lula se comunica com o povo através das pessoas que o visitam ou de bilhetes escritos à mão. Na quarta-feira (14), a população brasileira pôde ver
e ouvir o ex-presidente pela primeira vez depois de 223 dias, em gravação do depoimento prestado à Justiça Federal do Paraná. Logo no início do depoimento, Lula pediu à juíza substituta Gabriela Hardt que explique qual é a acusação que pesa contra ele. “Doutora eu gostaria de perguntar para esclarecer, porque estou disposto a responder toda e qualquer pergunta: eu sou dono do sítio ou não?”, completando com a afirmação “quem tem que me responder é quem me acusou”. A denúncia do Ministério Público é de Lula seria beneficiário de reformas custeadas pelas empreiteiras OAS e Odebrecht em um sítio em Atibaia, no interior de São Paulo, frequentado por Lula e sua família e de propriedade de Fernando Bittar. As obras teriam totalizado mais de R$ 1 milhão. Perguntado sobre a possibilidade de que sua esposa, Marisa Letícia, tivesse solicitado obras às empreiteiras, Lula afirma que “ficou fácil citar o nome de Dona Marisa, porque ela morreu”. O ex-presidente explicou que Dona Marisa era quem cuidava das finanças pessoais do casal e que tinha total confiança na responsabilidade da esposa. “Não acredito que a Marisa tenha feito alguma coisa que possa resultar em ela não pagar alguém. Se ela não pagou, é porque alguém convenceu ela de que não precisava receber”. Os indícios utilizados para relacionar Lula ao uso do sítio são registros de visita e a existência de bens pessoais do ex-presidente no sítio. O ex-presiden-
RJ
Meu esforço é não perder a tranquilidade e pedir a Deus que neste país se faça justiça”, Luís Inácio Lula da Silva, ex-presidente. te afirmou que frequentava o sítio desde 2011, com a própria família e com o pai do proprietário, Jacó Bittar, e que não era estranha existência de bens pessoais seu no local. “Se você invadir um quarto de hotel onde eu estou, você vai encontrar todos os pertences meus lá. É meu esse quarto?”, indagou Lula. Lula também negou a existência de uma conta corrente do Partido dos Trabalhadores destinada à obtenção de propina e administrada por João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do partido. “Eu quero saber se encontraram dinheiro do Vaccari no exterior. Eu quero saber se encontraram conta do PT no exterior. Quando um cidadão vem aqui, acusado, fazer delação e dizer que é tudo caixa do PT, ele está mentindo”, disse. Já ao final do depoimento, Lula disse entender-se como um “troféu que a Lava Jato precisava entregar”. Para o ex-presidente, seu maior esforço agora é “tentar desmentir as notícias contadas” a seu respeito. “Eu me sinto vítima do processo do triplex, do processo do sítio e do terreno do instituto. Então, realmente, meu esforço é não perder a tranquilidade e pedir a Deus que neste país se faça justiça”, afirmou Lula.
RJ
GERAL
RIO DE JANEIRO, 22 A 28 DE NOVEMBRO DE 2018
COTAS RACIAIS:
UMA TENTATIVA DE CORRIGIR DÍVIDA HISTÓRICA COM POPULAÇÃO NEGRA
Na passagem para a República, governo queimou documentos sobre negócios da escravidão para evitar indenizações
Agência Brasil
Em 2002, Uerj foi a primeira universidade pública no Brasil a adotar cotas raciais e sociais
»Nos últimos 15 anos, setores conservadores da elite econômica e social vêm insistindo que as cotas raciais provocaram mais abandono de vagas e queda no ensino universitário público. Mas um extenso relatório da Procuradoria Geral do Estado do Rio divulgado recentemente mostra o oposto: “Os dados analisados revelam, muito ao contrário, que a taxa de evasão é maior entre os não-cotistas que entre os cotistas”. E cita como exemplo o estudo de abandono ou desistência do curso feito pela Uerj. “De 2003 até 2016, dos 22.917 estudantes que lá ingressaram por cotas, 26% desistiram em meio ao curso. Entre os não cotistas, o índice é de 37%”. “Em termos de conclusão da graduação é possível afirmar que a implementação do sistema de cotas resultou em aumento da diversidade étnica de formados nas grandes áreas de conhecimento no interior das universidades públicas do
EDUARDO MIRANDA
RIO DE JANEIRO (RJ)
R
ecentemente, o presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou que políticas sociais como as “ações afirmativas” são “coitadismo”. Mas pouco se estuda nas escolas o que de fato aconteceu aos negros após o fim da escravidão, quando o Brasil já se despedia da Monarquia para entrar na República. Você sabia, por exemplo, que praticamente todos os documentos que registravam as negociações de escravos e os nomes dos “senhores” que compravam e vendiam negros foram queimados? Isso foi feito para evitar que o Estado tivesse que indenizar as pessoas que foram libertas. Por isso, essa dívida histórica nunca foi paga. O Estado só iniciou bem recentemente uma ação para corrigir a dívida histórica, apesar de o movimento negro existir há décadas e lutar por igualdade. Em 2002, a Universida-
ABANDONO DE VAGAS
Agência Brasil
7
de do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) foi a primeira no país a adotar a lei de reserva de vagas para candidatas e candidatos que se declaram pretos (as) ou pardos (as). UERJ ENEGRECIDA Estudante da faculdade de Direito da Uerj e membro do Coletivo Negro Patrice Lumumba, Tainara Mourão afirma que a universidade estadual “enegrecida” de hoje reflete o que é o Brasil real e mostra a contradição no passado da Uerj em que apenas ricos e brancos conseguiam se sentar nos bancos da instituição. “Quando se possibilita a inserção maior do negro na universidade, a sociedade brasileira, que é majoritariamente negra, reflete sobre si mesma, como sujeito desse processo, e não como objeto”, avalia a estudante, acrescentando que os projetos de extensão da Uerj para a sociedade também passam a ser melhor qualificados.
Estado do Rio de Janeiro”, acrescenta o relatório da PGE-RJ. Os documentos queimados que registravam séculos de exploração jamais serão recuperados e a dívida histórica não será resolvida em tão pouco tempo. Tainara Mourão, do Patrice Lumumba, defende ainda a criação de mais ações afirmativas para fora do âmbito da universidade e a ocupação de outros espaços. “Se nos dizem que é na política que devemos estar para mudar as estruturas, estaremos lá, se é nas universidades, vamos ocupar esses espaços. Mas é difícil estar nesses lugares porque desde o início o nosso lugar social não é esse, daí a necessidade de mecanismos que nos tornem iguais. A cota aparece como essa medida de reparação histórica, mas a gente precisa entender que ela não dá conta de tudo”, conclui a estudante.
CULTURA & LAZER
ANAÍRA LOBO
SALVADOR (BA)
“M
andinga de escravo em ânsia de liberdade, seu princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista”, escreveu Mestre Pastinha (1889-1981) sobre a capoeira no início do século XX, dando voz à liberdade e longevidade de uma arte secular do povo negro brasileiro. Apesar dos poucos registros históricos, sabe-se que a capoeira tem origem entre o século 16 e 17, a partir da conjunção de diversas manifestações culturais africanas, que foram adaptadas à necessidade de desenvolver uma luta de autodefesa e de resistência física e cultural contra a escravidão imposta pelo sistema colonial português. Não se sabe ao certo onde a prática teve início, se na Bahia, no Rio de Janeiro ou Pernambuco. Mas foi em terras baianas que ela ganhou a força de movimento de libertação e aquilombamento do povo africano e, posteriormente, dos afro-brasileiros. Estima-se, segundo o Banco de Dados do Tráfico Transatlântico de Escravos, que cerca de 1.7 milhões de africanos foram trazidos para a Bahia entre os séculos
RIO DE JANEIRO, 22 A 28 DE NOVEMBRO DE 2018
Ê, VIVA A
CAPOEIRA,
YASUYOSHI CHIBA / AFP
8
CAMARÁ! A capoeira se reinventa no tempo e ensina a arte da resistência ancestral
16 e 19, transformando a região não apenas em um forte pólo escravagista, mas, principalmente, da resistência africana à diáspora. A prática da capoeiragem era fortemente reprimida por se tratar de uma arma e por isso, ao longo do tempo, negros e negras passaram
EM PAQUETÁ, COMEÇAM AS FILMAGENS DO FILME “NOITES DE ALFACE” » No último final de semana, começaram na Ilha De Paquetá, no Rio de Janeiro, as filmagens de “Noites de Alface”, estrelado por Marieta Severo e Everaldo Pontes. O filme, que será rodado ao longo deste mês, conta com roteiro de Zeca Ferreira e marca sua estreia como diretor de longas de ficção.
a treinar seus movimentos dentro de uma roda aliando dança, música, teatralidade e brincadeiras para disfarçar a atividade. O berimbau, por exemplo, dava ritmo ao jogo, mas também anunciava a chegada de um feitor. E assim, a união desses elementos transformou
a capoeira em uma das mais fortes expressões artísticas afro-brasileiras. Tamanho foi o poder desta arte como instrumento de organização do povo negro, que em 1890, mesmo após a abolição oficial do sistema escravista, ela foi rotulada de “arte negra” e
RJ
colocada como prática fora da lei pelo Código Penal da República, e assim permaneceu até 1930, quando foi apresentada ao então presidente Getúlio Vargas e reconhecida como elemento de identidade nacional. De lá pra cá, a capoeira passou por muitas transformações e também ganhou o mundo. Em 2014, a Roda de Capoeira recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Hoje, a capoeira continua sendo de fundamental importância em um Brasil ainda marcado pelo racismo e extrema desigualdade social. A professora Jéssica Paranaguá, mulher jovem e negra, há alguns anos treina na Associação de Capoeira Angola Navio Negreiro (Acanne) e explica como a capoeira é ainda uma forma de enfrentar os problemas impostos pelo sistema. "Ali, a gente aprende vários aspectos da cultura de matriz africana, da nossa ancestralidade e se fortalece para poder enfrentar as demandas sociais da atualidade A cultura dos marginalizados sempre foi uma forma de se organizar, mas também de ser feliz”, conclui.
Guilherme Azevedo
Inspirado no romance homônimo da escritora paulista Vanessa Bárbara, o roteiro traz um drama pontuado por elementos sutis de humor e pitadas de suspense, percorrendo a solidão de Otto (Everaldo Pontes) após a morte de sua esposa, Ada (Marieta Severo). E mostra sua dificuldade em lidar com a aceitação e com as tarefas cotidianas e, principalmente, em se relacionar com a vizinhança, coisa que a mulher fazia com maestria.
RJ
CULTURA & LAZER
RIO DE JANEIRO, 22 A 28 DE NOVEMBRO DE 2018
Isabelly Brasil
QUILOMBO DO GROTÃO:
RESISTÊNCIA TRADICIONAL EM NITERÓI
Com mais de 70 anos de história, o local se consolidou como território de cultivo da cultura afro JAQUELINE DEISTER
RIO DE JANEIRO (RJ)
U
m espaço de resistência e valorização dos saberes e práticas ancestrais do povo negro está localizado em Niterói. Com mais de 70 anos de história, o Quilombo do Grotão se consolidou como território de cultivo das raízes da cultura afro-brasileira no estado. A história do Grotão começou nos anos de 1920, quando Manoel Bonfim e sua esposa
Maria Vivência, descendentes de escravos no estado do Sergipe, chegaram ao município para trabalhar na Fazenda Engenho do Mato, responsável pela produção em larga escala de banana prata e hortifrutigranjeiros para o município de Niterói. Renatão do Quilombo, neto de Manoel Bonfim e Maria Vivência e atual presidente da Associação da Comunidade Tradicional de Engenho do Mato, conta que na década de 1940 a his-
9
A história do Grotão começou nos anos de 1920
tória da sua família com a terra que hoje é o Quilombo do Grotão começou de fato a ser escrita. “Minha vó veio para cá para fazer a farinha da fazenda e trabalhou 28 anos, até que a fazenda faliu. Como indenização, os donos da fazenda deram três alqueires de terra para a gente e 2 mil
mudas de bananas. Vovô plantou as bananas e começou outro ciclo”, conta a liderança. PERMANÊNCIA A vida da família Bonfim transcorreu com normalidade até 1956, quando a especulação imobiliária começou a assolar pelas terras do
bairro que ficou conhecido como Engenho do Mato. Nos anos de 1960, o Estado precisou intervir para redividir as terras e assegurar que a família de Manoel e Maria permanecesse com a sua área que chegou a produzir até três mil quilos de bananas para os niteroienses. Depois de resistir por 55 anos, o Quilombo do Grotão precisou travar a sua mais dura batalha pela permanência em 2003. Os moradores precisaram se organizar após a criação do Parque Estadual da Serra da Tiririca, em 1991, para evitar que a comunidade fosse extinta com a nova delimitação de área para a proteção ambiental. Hoje, na sexta geração da família Bonfim, o Quilombo do Grotão consolidou-se como lugar da resistência
da cultura negra. Com cerca de 60 pessoas, o quilombo foi reconhecido em 2016 pela Fundação Cultural Palmares, órgão vinculado ao Ministério da Cultura voltado para a preservação da cultura afrodescendente. Além disso, o Quilombo do Grotão também se tornou Ponto de Cultura pelo programa Rede Cultura Viva de Niterói que traça um mapeamento de toda a produção cultural da periferia de Niterói. Atualmente, o Quilombo do Grotão promove atividades que vão desde oficinas com ervas medicinais para a produção de sabonetes, até aulas de percussão, capoeira e artesanato. O Grotão se tornou um espaço de referência também para os amantes da tradicional feijoada e da boa roda de samba.
QUILOMBOS PELO BRASIL
» Segundo
armazemdocampo.rio fb.com/armazemcamporj Rua Mem de Sá, 135 - Lapa
a Fundação Palmares, o estado do Rio de Janeiro possui 40 comunidades remanescentes de quilombos reconhecidas e mais de 3,2 mil foram certificadas em todo o Brasil. No ano de 2018, 72 comunidades tradicionais foram certificadas em território nacional até o momento e outras 243 comunidades aguardam o processo de certificação. Na História do Brasil, os quilombos ficaram conhecidos como marcos na resistência do povo negro contra o regime da escravidão. A organização econômica baseada na agricultura de subsistência, as táticas de guerrilha e a organização política foram as marcas principais destes espaços. O Quilombo do Palmares é o mais conhecido. Formou-se no início do século 17 e durou por quase cem anos, localizava-se na Serra da Barriga, região hoje pertencente ao estado de Alagoas.
10 CULTURA & LAZER
RIO DE JANEIRO, 22 A 28 DE NOVEMBRO DE 2018
CAÇA-PALAVRA
DICAS MASTIGADAS
PUDIM DE PAÇOCA
www.coquetel.com.br
Ingredientes: • 1 xícara e 1/2 de amendoim torrado sem casca • 1 litro de água • 16 paçocas rolhas • 2 colheres de sopa bem generosas de amido de milho
Modo de preparo: 1. Coloque o amendoim torrado e sem casca de molho na água por 8 horas. Tire da água e bata no liquidificador com um litro de água, até obter um tipo de leite. Passe numa peneira e o leite de amendoim está pronto. 2. Agora, o pudim. Bata todos os ingredientes no liquidificador e depois leve essa mistura para o fogo médio, em uma panela, mexendo sempre até engrossar. O ponto vai ser tipo de um brigadeiro. Divulgação
Previsão do Tempo Quinta-feira, 22 de novembro de 2018.
23
ºC
29° 18° SEXTA, 23/11 Ensolarado
31° 23°
Tempestades isoladas com raios e trovoadas
DOMINGO, 25/11 SÁBADO, 24/11 Pancadas Parcialmente de chuva nublado
31° 24°
28° 23°
TIRINHA | André Dahmer http://www.andredahmer.com.br/
RJ
RJ
ESPORTES
RIO DE JANEIRO, 22 A 28 DE NOVEMBRO DE 2018
Relembre 10 atletas negros brasileiros que quebraram barreiras Fotos: Agência Brasil
EDSON ARANTES DO NASCIMENTO,
KETLEYN QUADROS,
judoca, foi a primeira mulher a ganhar uma medalha em esportes individuais para o país na história das Olimpíadas. O feito ocorreu nos jogos olímpicos de Pequim (2008), conquistando a medalha de bronze na categoria leve (até 57 kg)
7
5
e ex-campeão de MMA (Artes Marciais Mistas), tem 17 vitórias seguidas e 10 defesas de título consecutivas. “Spider” é considerado o melhor lutador da história pelo presidente do UFC, Dana White, e já venceu grandes nomes do MMA como Vítor Belfort, Dan Henderson e Rich Franklin.
3
brasileiro a se tornar bicampeão olímpico., foi pentacampeão Sul-americano e tricampeão Pan-americano (1951, 1955 e 1959). Venceu o campeonato luso-brasileiro, em Lisboa em 1960. Foi dez vezes campeão brasileiro, tendo mais de quarenta títulos e troféus internacionais e nacionais.
RAFAELA SILVA
6
se tornou em 2013 a primeira brasileira a se sagrar campeã mundial de Judô. Nos Jogos Olímpicos de 2016, conquistou a medalha de ouro. Primeira atleta da história do judô brasileiro, entre homens e mulheres, a ser campeã olímpica e mundial.
8
ROBSON CAETANO DA SILVA, atleta brasileiro espe-
cializado em corridas de curta distância, participou de quatro Jogos Olímpicos, ganhando um bronze nos 200 metros rasos em Seul 1988 e outro bronze no revezamento 4×100 m, em Atlanta 1996.
9
JOÃO ALVES DE ASSIS SILVA, o Jô,
jogador de futebol, foi revelado pelo Corinthians e aos 16 anos de idade conseguiu o feito de se tornar o jogador mais novo a vestir a camisa do clube como profissional.
10
JOSÉ ADILSON RODRIGUES DOS SANTOS,
escritor Aldyr Schlee, criador da camisa amarela da seleção brasileira, morreu na última quinta-feira (15), em Pelotas, no Rio Grande do Sul, aos 83 anos. Ele lutava desde 2012 contra um câncer de pele.
Em 1953, quando tinha 19 anos, o escritor venceu um concurso proposto pelo jornal “Correio da Manhã” para escolher o novo uniforme da seleção brasileira. A ideia era trocar a camisa branca, que ficara marcada pela derro-
ta do Brasil na final da Copa do Mundo de 1950, no Maracanã, contra o Uruguai. O conjunto desenhado por Schlee foi o vencedor do concurso, que contou com centenas de participantes. Ele foi premiado com o
Divulgação
o Maguila, é expugilista brasileiro. Maguila tornou-se o primeiro brasileiro “campeão mundial” dos pesos-pesados no dia 22 de agosto de 1995, aos 37 anos. Derrotou por pontos o inglês Johnny Nelson.
Morre Aldyr Schlee, criador da camisa da seleção brasileira »O
ADHEMAR FERREIRA DA SILVA, primeiro atleta
DAIANE DOS SANTOS foi a primeira
ginasta brasileira a conquistar uma medalha de ouro em Campeonato Mundial. Daiane fez parte da primeira Seleção Brasileira completa a disputar uma edição olímpica – nos Jogos de Atenas e possui dois movimentos nomeados após ser a primeira ginasta no mundo a realizá-los: o duplo twist carpado, ou Dos Santos I, e a evolução deste primeiro: o duplo twist esticado, ou Dos Santos II.
ANDERSON SILVA, o Spider, lutador
JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA,
o João do Pulo, foi um atleta especializado em saltos, sendo recordista mundial do salto triplo, medalhista olímpico e tetra campeão Pan-americano no triplo e no salto em distância.
o Pelé, é o maior jogador de futebol de todos os tempos. Descoberto por Waldemar de Brito, Pelé começou sua carreira no Santos e entrou na Seleção Brasileira aos 16. Venceu sua primeira Copa do Mundo aos 17.
1
4
2
11
equivalente a R$ 20 mil e ganhou um estágio no jornal. Além de ter criado a histórica camisa amarela da, Schlee também foi tradutor, jornalista, professor universitário, tendo mais de 12 livros publicados. (Ansa)
Divulgação
Escritor faleceu aos 83 anos
12 ESPORTES PAPO ESPORTIVO
LUIZ FERREIRA
Todas as cores do esporte
AMANHÃ É O DIA D DO VASCO »Ou o Vasco vence ou o
Vasco vence. E a torcida precisa lotar São Januário, esquecer as brigas políticas e empurrar o time contra o São Paulo. Como sempre fez.
Tânia Rego / Agência Brasil
D
ia 20 de novembro. Talvez essa data não signifique muita coisa para os apaixonados por esporte. Ainda mais num momento em que tudo tem se transformado em linha de show. Mas o que muita gente não sabe é que as nossas arenas, estádios, tablados, pistas, piscinas e ginásios já foram palco de inúmeras demonstrações de luta contra o racismo. Heróis conhecidos e desconhecidos que dedicaram suas carreiras à defesa da igualdade e da diversidade. E no mês que celebramos a consciência negra, é impossível não nos lembrarmos de alguns personagens importantíssimos. Como esquecer do norte-americano Jesse Owens? Aquele mesmo que levou quatro medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de 1936 em plena Alemanha Nazista e com Hitler vendo tudo de camarote? Como esquecer da grande Aída dos Santos? A mulher que lutou contra tudo e contra todos para representar o país nos Jogos Olímpicos de Tóquio e não conquistou uma medalha no salto em altura por muito pouco? E o que falar de Pelé? Simplesmente o maior jogador de futebol de todos os tempos, amigo. E como esquecer do seu discurso pedindo atenção às crianças do país logo depois de marcar seu milésimo gol no Maracanã? Voltado para o Brasil temos a gigante Rafaela Silva. Depois de ser eliminada nos Jogos de Londres e sofrer
RJ
RIO DE JANEIRO, 22 A 28 DE NOVEMBRO DE 2018
BRASILEIRÃO 36ª RODADA
INT
1 x 2 CAM
QUA 21/11/2018 BEIRA-RIO 19 :30
SAN
1x1
BOT
3x0
VIT
1x 0
COR
QUA 21/11/2018 VILA BELMIRO 21:00
CRU
QUA 21/11/2018 MINEIRÃO 21:45
CAP
QUA 21/11/2018 ARENA DA BAIXADAO 21:45
FLA A luta contra o racismo também deve ser travada dentro e fora dos estádios
o ódio racial que infelizmente ainda existe, renasceu das cinzas e levou o ouro no judô no Rio de Janeiro. E ainda temos Serena Williams! Essa mulher talvez só seja a melhor tenista de todos os tempos. Recordista de títulos de Grand Slam, recordista de prêmios, mãe, ativista pelos direitos das mulheres e mais um monte de coisas. Indo para o basquete temos Michael Jordan e Magic Johnson. O primeiro só é o maior de todos os tempos. O segundo foi importantíssimo para desmistificar o preconceito contra a AIDS ainda nos anos 1990. Dois monstros. E ainda temos Diogo Silva (atleta do taekwondo), Daiane dos Santos (da ginástica artística), Adhemar Ferreira da Silva (o primeiro bicampeão olímpico brasileiro), Jane-
E O FLUMINENSE TAMBÉM PRECISA ABRIR O OLHO
»A vida do Fluminense também não está fácil. Uma derrota para o Bahia pode ser terrível. Ainda mais com a proximidade da zona do rebaixamento.
th (ícone do basquete), Colin Kaepernick (atleta do futebol americano que peitou só o presidente dos Estados Unidos em protesto contra a violência racial no seu país), João do Pulo, a Rainha Marta, Robson Caetano, Anderson Silva, Venus Williams (irmã de Serena), George Weah (ex-jogador do Milan e atual presidente da Libéria), Simone Biles (dona de quatro medalhas de ouro na ginástica nos Jogos Rio 2016) e muitos outros. Certo é que os exemplos do esporte estão aí. Sabemos exatamente o que fazer, como fazer e porque fazer. Lutar contra o racismo é nosso dever. Dentro e fora dos estádios e arenas. Deve fazer parte da nossa agenda. Refletir, aprender e agir sempre. Afinal, o esporte é tão incrível que abraça todas as cores sem distinção. Não é?
BOTAFOGO CHEGOU BEM LONGE »De candidato ao
rebaixamento à briga por vaga no G6 nas últimas rodadas. O Botafogo de Zé Ricardo foi gigante. Mas faltou gás e elenco.
FLAMENGO SEGUE NA BRIGA PELO TÍTULO
»Ainda é muito difícil. Mas a vitória sobre o Grêmio mantém o Flamengo na briga pelo título. Pena que o time tenha reagido tarde demais.
2 x 0 GRE
QUA 21/11/2018 MARACANÃ 21:45
PAL
4 x 0 AME
QUA 21/11/2018 ARENA PALMEIRAS 21:45
VAS
x
SAO
x
SPO
x
FLU
x
PAR
QUI 22/11/2018 SÃO JANUÁRIO 20:00
CHA
QUI 22/11/2018 ARENA CONDÁ 21:00
BAH
QUI 22/11/2018 FONTE NOVA 21:00
CEA
QUI 22/11/2018 CASTELÃO (CE) 21:00 TABELA CLASSIFICAÇÃO P 1 Palmeiras 74 2 Flamengo 69 3 Internacional 65 4 Grêmio 62 5 São Paulo 62 6 Atlético-MG 56 7 Atlético-PR 53 8 Cruzeiro 52 9 Botafogo 48 10 Santos 47 11 Bahia 44 12 Corinthians 43 13 Fluminense 42 14 Ceará 39 15 Vasco 39 16 Sport 38 17 América-MG 37 18 Chapecoense 37 19 Vitória 36 20 Paraná 22
V 21 20 18 17 16 16 15 14 12 12 11 11 11 9 9 10 9 9 9 4
J SG 36 36 36 29 36 20 36 20 35 15 36 13 36 16 36 2 36 -8 36 6 35 -3 36 0 35 -11 35 -7 35 -8 35 -22 36 -17 35 -18 36 -26 35 -37