RIO DE JANEIRO Ano 6
edição 292
6 a 10 de dezembro de 2018
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RJ Mauro Pimentel/AFP
PEZÃO É PRESO E ALERJ AUTORIZA IMPEACHMENT
O governador está sendo acusado de integrar um núcleo político que cometeu crimes como lavagem de dinheiro e corrupção. Entenda o caso. GERAL, PÁG 7.
VOCÊ SABE OS BENEFÍCIOS DE ANDAR DE BICICLETA?
INTERVENÇÃO MILITAR:
Confira na reportagem do Brasil de Fato. CULTURA & LAZER, PÁG 8.
Fabio Teixeira/AFP
10 MESES DE MAIS MORTES E VIOLÊNCIA NO RIO Neste mês de dezembro a intervenção militar no estado do Rio de Janeiro completa 10 meses com resultados desastrosos. Dados do último relatório apresentado pelo Observatório da Intervenção mostram que o número de tiroteios entre os meses de fevereiro a novembro na região metropolitana do Rio aumentou 59% se comparado com o mesmo período de 2017. Além disso, o número de pessoas mortas pela polícia também cresceu 40,5% segundo a entidade. GERAL, PÁGS 4 e 5. Fernando Frazão/Agencia Brasil
VENDEDORES AMBULANTES PEDEM TRANSPARÊNCIA
Na última semana, Câmara barrou o veto do prefeito Marcelo Crivella (PRB) sobre Projeto de Lei que regulariza depósito de mercadorias. GERAL, PÁG 2.
FINAL DA LIBERTADORES DA AMÉRICA NA ESPANHA?
Confira os comentários sobre as polêmicas do campeonato. ESPORTE, PÁG 12.
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GERAL
Vendedores ambulantes pedem transparência no Rio de Janeiro Câmara barrou o veto do prefeito Marcelo Crivella (PRB) sobre Projeto de Lei que regulariza depósito de mercadorias CLÍVIA MESQUITA
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Câmara Municipal do Rio de Janeiro foi palco de uma audiência pública realizada pela Comissão Especial do Comércio Ambulante na última semana sobre a regulamentação e o cadastramento dos camelôs na cidade. A audiência, que contou com a participação de entidades representativas da categoria, cobrou transparência da Prefeitura do Rio e o cumprimento da Lei 1.876/1992, atualizada e sancionada em 2017 (Lei 6.272/2017), que trata sobre o comércio ambulante no município. “Cadê minha TUAP?”, foi a pergunta lançada pelos trabalhadores em referência a Taxa de Uso de Área Pública (TUAP), condição para o exercício legal da atividade. Segundo a categoria, a lei contempla um número superior de ambulantes do que os 18.400 registrados hoje. Cerca 4.500 pessoas cadastradas em 2009 ainda não receberam autorização da prefeitura para trabalhar. Um estudo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio/RJ), aponta que três milhões de pessoas estão no mercado informal. “Ambulante legal pra quem? Tem que ser discutido com os trabalhadores na rua, não com reunião a portas fechadas”, questiona Maria dos Camelôs, como é conhecida a representante do Movimento Unido dos Camelôs (MUCA).
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Para ela, é visível que cada vez mais pessoas estão recorrendo à informalidade por conta do desemprego. Maria ainda comenta que camelôs sem autorização acabam alugando a licença de terceiros para conseguir trabalhar. “A nossa luta é muito grande, ninguém vem pra rua porque quer, vem por necessidade, tenho cliente virando colega de trabalho”, afirma. LUTA POR DEPÓSITOS Na última terça-feira (27), os camelôs conseguiram barrar no legislativo o veto total do prefeito Marcelo Crivella (PRB) ao Projeto de Lei de autoria do vereador Reimont (PT), com 38 votos a favor e uma abstenção. A PL 330/2017, conhecida como Lei do Depósito, já havia sido aprovada na Câmara no ano passado, mas retornou após ser vetada pelo chefe do executivo neste ano. “Tivemos uma reunião com o próprio Crivella, que manifestou interesse de ter um depósito regularizado pela prefeitura. Mas na hora que o projeto chegou à mesa dele, em vez de sancionar, ele vetou”, aponta José Mauro, presidente da Associação de Tapioqueiros, Churros e Pipocas do Rio de Janeiro. “É um prefeito que não gera nenhuma confiança para o ambulante”, conclui o vendedor. A Lei do Depósito regulamenta locais onde os trabalhadores ambulantes possam guardar suas mercadorias em segurança. A legislação vigente não abrange o armazenamento do material, que acaba sendo levado durante os chamados “estouros”, quando um depósito é invadido. www.brasildefato.com.br redacaorj@brasildefato.com.br /brasildefatorj @Brasil_de_Fato
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MERCADÃO DE MADUREIRA AGORA É BEM IMATERIAL DO ESTADO
Prestes a se tornar um sessentão, em 2019, o Mercadão de Madureira — considerado o maior mercado popular da América Latina — recebeu mais um título. A lei declara o mercado como bem imaterial do Estado do Rio de Janeiro. Em 2013, o então prefeito Eduardo Paes decretou o local como Patrimônio Cultural da cidade.
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CONSELHO EDITORIAL Alexania Rossato, Antonio Neiva (in memoriam), Carolina Dias, Igor Barcellos, Joaquín Piñero, Mario Augusto Jakobskind (in memoriam), Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam) | EDIÇÃO Mariana Pitasse| SUBEDIÇÃO Eduardo Miranda | ADMINISTRAÇÃO Angela Bernardino e Erivan Silva | DISTRIBUIÇÃO Carolina Dias | REDAÇÃO Clívia Mesquista, Denise Viola, Filipe Cabral, Flora Castro, Luiz Ferreira e Jaqueline Deister | DIAGRAMAÇÃO Aline Ranna e Juliana Braga.
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EM UM ANO, NÚMERO DE POBRES NO BRASIL SOBE PARA 54,8 MILHÕES
EDUARDO MIRANDA
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m apenas um ano aumentou em 2 milhões o número de brasileiros que vivem na linha de pobreza. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a proporção era de 25,7% em 2016 e passou para 26,5% em 2017. A variação significa que o número de pessoas que sobrevivem com R$ 406 por mês passou de 52,8 milhões para 54,8 milhões. Os dados, divulgados na última quarta-feira (5), mostram também aumento da extrema pobreza, quando a renda mensal é inferior a R$ 140, de acordo com a linha proposta pelo Banco Mundial. Em 2016, 13,5 mi-
lhões (6,6% da população) estavam nessa faixa. Em 2017, esse índice saltou para 7,4%, ou seja 15,2 milhões vivendo em extrema pobreza. No Rio de Janeiro, o percentual subiu de 18,5% para 19%, com 3,1 milhões na linha de pobreza. No Sudeste, o percentual de pessoas abaixo dessa linha subiu para 17,4% da população, abarcando 15,2 milhões de pessoas. No Nordeste, 44,8% da população estava em situação de pobreza, o equivalente a 25,5 milhões de pessoas. MULHERES, NEGROS E PARDOS Entre negros ou pardos, 13,6% estavam entre os 10% da população com os menores rendimentos. No outro extremo, porém, apenas 4,7%
CRISE E IMPEACHMENT
»Em entrevista ao Programa Brasil
de Fato, o diretor da Associação de Trabalhadores do IBGE, Luiz Almeida Tavares, afirmou que a pesquisa é um somatório de índices dos últimos anos. Segundo o analista, esses índices se tornaram preocupantes com a crise internacional do capitalismo em 2008 e pioraram após o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. “Com o impeachment, esses números se acentuaram porque foi tirado do
trabalhador o direito amplo de políticas públicas. A crise da saúde pública, a falta de saneamento e de programas de habitação, a falta de boas escolas, tudo converge também para a questão da cor. Mulheres, pretos e pardos são os que mais sofrem”. Para erradicar a pobreza, o estudo apontou que seria necessário investir R$ 10,2 bilhões por mês na economia, ou garantir R$ 187 por mês a mais, em média, na renda de cada pessoa nessa
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Piora de diversos índices aumentaram também a pobreza extrema no país
deles estavam entre os 10% com maiores rendimentos. Já entre os brancos, 5,5% integravam os 10% com menores rendimentos e 16,4% os 10% com maiores rendimentos. A análise por restrição de acesso a bens em múltiplas dimensões complementa a análise monetária e permite avaliar as restrições de acesso à educação, à proteção social, à moradia adequada, aos serviços de saneamento básico e à internet. Nos domicílios cujos responsáveis são mulheres negras ou pardas sem cônjuge e com filhos até 14 anos, 25,2% dos moradores tinham pelo menos três restrições às dimensões analisadas. Esse é também o grupo com mais restrições à proteção social (46,1%) e à moradia adequada (28,5%). situação. A análise demonstra que não só a incidência da pobreza aumentou, mas também a intensidade, já que em 2016 esse valor era de R$ 183 a mais. O analista da Síntese de Indicadores Sociais do IBGE, Leonardo Athias, indica que, além de políticas públicas do governo, a melhora nas condições do mercado de trabalho é um dos caminhos que podem contribuir para a redução da pobreza: “ter oportunidades, reduzir a desocupação e aumentar a formalização têm obviamente uma série de efeitos que permitem as pessoas saírem dessa situação”.
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JUSTIÇA VOLTA A LIBERAR DEMISSÕES NA SAÚDE » O juiz Marcello Alvaren-
ga Leite, da 9ª Vara da Fazenda Pública, revogou a liminar que ele mesmo havia concedido no último dia 23, que impedia demissões de profissionais do programa “Saúde da Família”, da Prefeitura do Rio. O projeto de "reestruturação" da Secretaria Municipal de Saúde prevê a extinção de 184 equipes, responsáveis pelo atendimento de quase 700 mil pessoas.
VENDA DA CEDAE É REVOGADA » A Assembleia Legislativa do
Rio de Janeiro derrubou, na última quarta-feira (5), o veto do governador Luiz Fernando Pezão (MDB) à emenda que revoga a venda da Cedae. O texto, que promulgado na quinta (6), retira a Cedae como principal garantia do Regime de Recuperação Fiscal (RRF). A emenda é de autoria do deputado Paulo Ramos (PDT). A aposta do governo é que o caso seja revertido na Justiça.
MP QUER CASSAR CRIVELLA » A Procuradoria Regio-
nal Eleitoral (PRE/RJ) pediu ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE/RJ) a cassação e a inelegibilidade por oito anos do prefeito Marcelo Crivella (PRB), por uso indevido da máquina pública e abuso de poder político. Crivella promoveu o evento "Café da Comunhão" usando estrutura do Palácio da Cidade para beneficiar um candidato de seu partido. No encontro, Crivella ofereceu vantagens pessoais aos convidados presentes.
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PARA DELEGADO, DESMILITARIZAÇÃO ASSEGURARIA DIREITOS AOS POLICIAIS
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JAQUELINE DEISTER
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o próximo dia 10 de dezembro a Declaração Universal dos Direitos Humanos completa 70 anos. O documento é um marco histórico que instituiu a busca pela igualdade e justiça social como princípios básicos de Estados e democracias recentes. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), desde a sua adoção, em 1948, a Carta-compromisso com os direitos fundamentais foi traduzida em mais de 500 idiomas. No Brasil, os direitos humanos são assegurados pela Constituição Federal, que em seu artigo primeiro já consagra a cidadania, a dignidade humana e os valores sociais do trabalho como fundamentais para a população brasileira. Como jovem democracia, o Estado brasileiro ainda está longe de cumprir os 30 artigos do documento. A deputada estadual eleita pelo Rio de Janeiro Renata Souza (Psol) estuda o impacto da militarização na vida da juventude negra. Para ela, a Declaração mostra o quanto o mundo ainda precisa evoluir em termos de humanidade. “Hoje, infelizmente, os direitos humanos são demonizados, as pessoas acreditam que trabalhar em prol da dignidade humana possa ser escolher e hierarquizar dores na nossa sociedade. Somos totalmente contra a hierarquização da dor, a humanidade precisa dar conta de quem é que sofre e tem os seus direitos mais fundamentais violados. Todas as ideias que tentam desqualificar os defensores de direitos humanos precisam ser debatidas, pois não podemos cair no erro de achar que alguns seres humanos têm mais direitos que outros. A luta pelos direitos humanos é a luta pela igualdade”, explica a ex-assessora da vereadora Marielle Franco.
AS POLÍCIAS E OS DIREITOS HUMANOS
» O debate sobre os direitos humanos ainda é desqualificado em muitos setores sociais. É alto o índice de incompreensão por parte da população brasileira sobre os princípios e os valores estabelecidos pela Declaração Universal. O delegado da Polícia Civil e integrante do movimento policiais antifascistas Orlando Zaccone atenta que para mudar as policias brasileiras e reduzir os números de violações cometidas pelas forças de segurança é fundamental aprofundar a discussão sobre a desmilitarização que diz respeito também a garantir direitos fundamentais para os policiais. “Precisamos fazer a compreensão no debate com a população de que a desmilitarização é algo importante para a construção do trabalhador policial. Os policiais são violados constantemente nos seus direitos fundamentais. Vou dar o exemplo do PM, o policial militar no Brasil é um sub-cidadão. Por quê? Ele é proibido do direito de sindicalização, de greve, da livre expressão do pensamento porque ele é regido por um estatuto militar”, afirma Zaccone. O delegado, que atua também como defensor de di-
reitos humanos, ainda aponta como essencial entender que não são apenas as polícias que violam direitos humanos, mas que há todo um aparato de Estado desenvolvido de maneira a corroborar com o descumprimento da garantia dos direitos fundamentais dos cidadãos. “Os agentes policiais violam direitos humanos a partir das suas condutas, mas as suas condutas são homologadas pelo poder jurídico, o arquivamento de autos de resistência é um exemplo disso. Fala-se muito no Brasil que nós temos a polícia que mais mata, mas pouco se fala que essas mortes são homologadas e legitimadas pelo poder jurídico que acaba decidindo que essas ações letais estão em conformidade com a lei. Hoje, no Rio de Janeiro, nas estatísticas, as mortes provocadas a partir de ações policiais são consideradas pelo Estado como mortes provenientes de ação legal”, detalha. O balanço anual da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos divulgado em maio deste ano aponta que o Brasil registrou mais de 142 mil denúncias de violação de direitos humanos em 2017. Os casos que envolvem negligência de crianças e adolescentes lideram a lista.
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APÓS 10 MESES DE INTERVENÇÃO MILITAR, MORTES E VIOLÊNCIA AUMENTAM
Estatísticas apontam aumento de 59% no número de tiroteios e crescimento de 40,5% de pessoas mortas JAQUELINE DEISTER
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QUANTO CUSTA A INTERVENÇÃO? »A decisão do governo federal de intervir na autonomia do estado do Rio foi baseada no artigo 34 da Constituição Federal e está orçada, segundo o Portal da Transparência, em R$ 1,2 bilhão. A 26 dias do fim da ação, o Gabinete de Intervenção Federal no Rio de Janeiro, utilizou R$ 53,95 milhões em despesas de custeio e manutenção da atividade. Cerca de R$ 430 milhões do orçamento já estão comprometidos para o futuro. No Portal da Transparência é possível também identificar as empresas e órgãos que mais receberam recursos com a intervenção. De acordo com as informações do site ligado ao Ministério da Transparência e a Controladoria Geral da União, o Comando do Exército recebeu cerca de R$ 29 milhões para executar a ação. Já do ponto de vista empresarial, a Verint Systems Inc, líder no fornecimento de soluções de segurança de dados e espionagem, presente em mais de 180 países, foi a maior favorecida. Até o momento, a Verint arrecadou mais de R$ 40 milhões com a intervenção militar no Rio de Janeiro. A empresa se popularizou após a tendência mundial de controle e vigilância pelas redes. De acordo com a Associated Press, o governo peruano chegou a gastar U$ 22 milhões com a Verint para o desenvolvimento de um programa de espionagem. A companhia opera em
países da América Latina e já realizou transações com Colômbia, Equador e México. Silvia Ramos, do Observatório da Intervenção, acredita que falta transparência no critério do uso dos recursos da intervenção. Ela questiona também que as Forças Armadas recebem um repasse maior do que a área de segurança pública do Rio de Janeiro. Segundo ela, as Forças Armadas já se beneficiam com repasses referente à Garantia da Lei e Ordem (GLO). “Quando vemos caminhões na Via Dutra e Pavuna para diminuir o roubo de carga o que estamos vendo são recursos da GLO utilizados. Cada operação dessas com mil ou dois mil homens custa mais de R$ 1 milhão. Nós, do Observatório da Intervenção, monitoramos 584 operações, usando 195 mil agentes com a apreensão apenas 695 armas. É quase a apreensão de uma arma por operação”, relatou. A intervenção militar no Rio de Janeiro segue até o dia 31 de dezembro sem perspectiva de renovação por parte do novo governo federal de Jair Bolsonaro (PSL) que já disse não ter interesse em prorrogar a ação no estado. A ação segue também sem dar respostas, após nove meses, sobre o crime político que tirou a vida de Marielle Franco e Anderson Gomes.
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este mês de dezembro a intervenção militar no estado do Rio de Janeiro completa 10 meses. A ação, que inicialmente foi vista como promissora por boa parte da população, não trouxe resultados desastrosos Dados do último relatório apresentado pelo Observatório da Intervenção, uma iniciativa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes (CESeC/Ucam), mostram que o número de tiroteios entre os meses de fevereiro a novembro na região metropolitana do Rio aumentou 59% se comparado com o mesmo período de 2017. Além disso, o número de pessoas mortas pela polícia também cresceu 40,5% segundo a entidade. Para Silvia Ramos que é coordenadora do Observatório da Intervenção, a medida de força do governo federal, prevista na Constituição, intensificou problemas estruturais na área de segurança pública que já existiam no estado do Rio de Janeiro. “Os problemas da segurança pública do Rio de Janeiro que já existiam nos últimos anos e suscitou na intervenção não foram alterados, pelo contrário, alguns desses problemas se acentuaram, como a política de segurança baseada em tiroteios, operações, mortes decorrentes de ação policial, presença e expansão de controle de territórios por
grupos armados ilegais, como a milícia, problemas de corrupção policial”, destacou a pesquisadora. A INTERVENÇÃO NAS FAVELAS A análise de Silvia é compartilhada também pela Comissão Popular da Verdade, organização composta por entidades da sociedade civil e movimentos populares que se dedica a monitorar violações de direitos humanos dentro da intervenção militar no Rio. Há oito meses a Comissão vem promovendo atividades públicas para denunciar o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol) e Anderson Gomes, as megaoperações em favelas cariocas que afetam o dia a dia dos moradores das comunidades e também um relatório com dados sobre os impactos sociais da intervenção. Ana*, que integra a Comissão Popular da Verdade, afirma que a população negra e periférica tem sido a mais atingida após o Exército assumir a segurança pública no estado do Rio. “A política de confronto dentro das comunidades traz mais prejuízo para as pessoas que moram nas favelas e não têm mais paz e sossego. Na nossa opinião, o que precisa ter é uma política de inteligência, quando essa política é efetuada, os resultados aparecem sem a necessidade de invasão e confronto”, explicou. *Ana é o nome fictício utilizado para preservar a identidade da fonte
R$ 1,2 BILHÃO
É o orçamento do governo federal na intervenção militar
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NOSSOS DIREITOS | ASSOCIAÇÃO DE MORADORES E PARTICIPAÇÃO POPULAR » Você sabia que é possível e im-
portante participar de decisões coletivas que influenciam diretamente sua vida, como a pavimentação de uma rua ou a construção de creches e reformas de postos de saúde em seu bairro?
Para isso, cada comunidade e morador tem o direito de fiscalizar os atos do poder público, cobrando informações sobre o planejamento de obras, reformas dos equipamentos públicos e acompanhando os gastos de verbas na região onde mora.
Para acompanhar mais de perto as ações do poder público, o jeito mais recomendado é participar da associação de moradores no seu bairro. Em muitos lugares, as associações estão paradas ou nas mãos de poucos moradores, e isso pode mudar.
Reúna-se com seus vizinhos e participe ativamente da conquista dos seus direitos no bairro onde você mora! *Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares (RENAP)
Bolsonaro pretende tirar R$ 1,1 mil das aposentadorias por mês JUCA GUIMARÃES
SÃO PAULO (SP)
» O brasileiro não tem o va-
lor do seu trabalho reconhecido dignamente pelo governo. Quem está chegando perto da idade de aposentadoria percebe rapidamente a desvalorização da sua força de trabalho. Na prática, se o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) conseguir mudar as regras da aposentadoria, o brasileiro perderá quase R$ 1.100 por mês. De acordo com a equipe de Bolsonaro, que define as prioridades econômicas e o continuísmo da gestão Temer no arrocho dos direitos sociais e trabalhistas, o modelo de aposentadoria no país vai deixar de ser de repartição simples para virar um sistema de capitalização. Um modelo que já fracassou completamente no Chile e na Argentina. No Brasil, o trabalhador consegue completar os 35 anos necessários de contribuição para o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), aos 53 anos. Com essa idade, o valor médio da aposentadoria por tempo de contribuição deveria ser de R$ 1.851,96.
Desde 2015, o valor integral só é pago se o trabalhador consegue atingir a regra do fator 85/95, que leva em conta a soma da idade e do tempo de contribuição. Por essa regra, o valor completo da aposentadoria é pago se essa soma for igual a 95 para os homens e 85 para as mulheres. Se ele não alcançar a soma, mas o trabalhador já tiver 35 anos (homens) ou 30 anos (mulheres) de contribuição, é aplicado o fator previdenciário. Segundo os dados da folha de pagamento do INSS, com o fator previdenciário, o valor médio dos benefícios cai de R$ 1.851,96 para R$ 1.226,00, uma redução de R$ 625,00. O problema é ainda mais grave com a possível mudança de regime de desconto da aposentadoria que o governo Bolsonaro prepara. Os exemplos de Chile e Argentina, que adotaram o modelo de capitalização, demonstram que o valor do benefício é bem menor que a expectativa. O valor de R$ 1.851,96 de aposentadoria mensal cairia para R$ 735,60 apenas. Uma perda de R$ 1.100.
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PEZÃO É PRESO E ALERJ AUTORIZA IMPEACHMENT
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Carl de Souza/AFP
O governador está sendo acusado de integrar um núcleo político que cometeu crimes como lavagem de dinheiro e corrupção EDUARDO MIRANDA
RIO DE JANEIRO (RJ)
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governador Luiz Fernando Pezão (MDB) foi preso na última quinta-feira (29), no Palácio Guanabara, por ser acusado de integrar um núcleo político que cometeu crimes como lavagem de dinheiro e corrupção. Como Pezão é chefe do Poder Executivo estadual, a prisão precisou de autorização do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A chefe do Ministério Público Federal (MPF), a procuradora-geral Raquel Dodge, disse que os crimes continuavam sendo praticados e atrapalham a investigação, o que justificou a prisão.
Segundo a Polícia Federal e o MPF, Pezão teria recebido entre 2007 e 2015 aproximadamente R$ 25 milhões em contratos firmados com grandes construtoras. Além dele, foram presos o secretário de Obras, José Iran Peixoto Jr., o secretário de Governo, Affonso Henriques Monnerat, o sobrinho de Pezão, Marcelo Santos Amorim. Após a prisão, quase dois anos depois de a bancada do Psol apresentar na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) um pedido de impeachment de Pezão e do vice-governador, Francisco Dornelles (PP), a Mesa Diretora da Casa aprovou na última terça-feira (4) o pedido para abertura do processo.
Pezão foi preso no Palácio Guanabara, residência e sede oficial do governo
PEZÃO JÁ FOI CONDENADO PELA OPINIÃO PÚBLICA, DIZ PESQUISADOR »Organizador do livro “Operação Lava Jato e a democracia brasileira” e pesquisador da Casa de Rui Barbosa (FCRB), o cientista político Fábio Kerche disse em entrevista ao Brasil de Fato que chama a atenção a forma como se deu a prisão de Pezão. Ele critica o atropelamento de julgamentos. “São prisões espetaculares, feitas de manhã cedo, com imprensa sabendo bem antes e acompanhando tudo. Mesmo se no futuro esses acusados forem
considerados inocentes, a imagem pública já foi arranhada, o que também traz consequências para os pilares da democracia”, comentou Kerche. O cientista político explicou, ainda, que essa estratégia de punir antes do julgamento final é um comportamento do Ministério Público desde meados de 1990. “É parte da estratégia fazer a denúncia, ter a condenação pública da pessoa, mesmo sabendo que mais adiante o julgamento mostrará o contrário”.
Governo Bolsonaro anuncia fim do Ministério do Trabalho Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas
» Criado em 1930 no governo do
presidente Getúlio Vargas, o Ministério do Trabalho, que dá suporte para a geração de empregos e renda e apoio ao trabalhador, além de outras atribuições, teve seu fim anunciado pelo governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Com isso, a pasta chega ao fim após 88 anos de existência. Segundo o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), as funções do Tra-
balho serão distribuídas entre os ministérios da Economia, da Justiça e da Cidadania. Lorenzoni foi questionado em entrevista à Rádio Gaúcha sobre onde ficaria a função de combate ao trabalho análogo ao escravo. O futuro ministro disse, então, que não se lembrava em que área ficaria a fiscalização das condições de trabalho. Em pouco mais de 10 anos 50 mil trabalhadores em situação semelhante à de escravidão fo-
ram libertados no Brasil, mas os autores dos crimes quase sempre não são punidos. A situação para os trabalhadores do campo é ainda pior. Diante da falta de informações por parte do governo de transição, funcionários de agências do Ministério do Trabalho em todo o Brasil temem, ainda, prejuízos ao trabalhador caso haja a terceirização definitiva de serviços como emissão de carteira de trabalho e entrada no seguro-desemprego.
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Andar de bicicleta traz benefícios para o coração e para os músculos
Exercício trabalha diferentes potencialidades do corpo e melhora condicionamento físico
Tomaz Silva/Agência Brasil
MARCOS BARBOSA
RECIFE (PE)
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lém de ser um dos meios de transporte mais tradicionais do mundo, a bicicleta também é famosa por ser utilizada por esportistas para a prática do ciclismo. Fazendo uso da atividade rítmica e cíclica, essa modalidade esportiva é bastante completa e ideal para o desenvolvimento dos sistemas de energia aeróbico e anaeróbico, a depender da intensidade e da duração. Segundo Jefferson Reis, educador físico, personal trainer e ciclista há mais de 10 anos, uma das principais vantagens do ciclismo são os benefícios que a atividade traz para o coração: “Vamos evitar doenças cardiovasculares, fortalecer o bombeamento do coração, evitar hipertensão e outras doenças crônicas, como obesidade e diabetes”.
Atenção com equipamentos de segurança está entre recomendações de personal trainer
Além disso, Jefferson relembra que a atividade em bicicletas também ajuda “fortalecendo a musculatura dos membros inferiores, dependendo da força e do tempo, beneficiando também a resistência muscular”. Jefferson afirma que essas melhoras foram percebidas por ele no próprio corpo,
na medida em que manteve a prática para se deslocar durante a semana, e a utilizar a bicicleta para o lazer nos fins de semana: “Senti um condicionamento físico melhor, você se sente bem mais disposto”, reforça. No entanto, o personal trainer afirma que, além da prática regular, os iniciantes
devem prestar atenção em outras questões que podem contribuir para o alcance de bons resultados. O primeiro deles é a prática de hábitos saudáveis, como uma boa alimentação e ingestão de água. “É fundamental dar preferência a alimentos como frutas e raízes, carboidratos mais complexos e se
AGENDA CULTURAL » EXPOSIÇÃO
O Museu Nacional de Belas Artes exibe 20 obras da Itália e uma de Nova Iorque de representações de São Francisco de Assis (1182 – 1226). A mostra “São Francisco na Arte de Mestres Italianos” traz ao público pinturas de autores reconhecidos em todo o mundo. O MNBA fica em frente ao Theatro Municipal, no Centro do Rio. Ingressos a R$ 4 (meia), R$ 8 (família de até quatro pessoas) e gratuito aos domingos.
» TEATRO A peça “Por Elas” abor-
da a violência contra a mulher e o feminicídio a partir de histórias reais de sete personagens. O objetivo do espetáculo é provocar a reflexão e estimular o debate sobre direitos humanos e igualdade de gêneros. Na Caixa Cultural, no Centro, de terça a domingo, às 19h, até dia 20. Ingresso a R$ 15 (meia).
» FILME
O documentário “Clementina de Jesus — Rainha Quelé” foi disponibilizado na íntegra,
hidratar durante a atividade e no resto dia”. Outra recomendação é que os iniciantes comecem com pequenas distâncias, entre 5 e 10 km, para irem sentindo como está o nível de condicionamento físico: “No caso do praticante querer praticar longas distâncias, é bom se reunir em grupo para fazer pequenos percursos. Na medida em que ele for se sentindo mais condicionado, poderá utilizar a bicicleta para ir ao trabalho e manter o condicionamento físico”. Jefferson chama a atenção para os equipamentos de segurança, que são essenciais para uma atividade segura. “É importante tomar os devidos cuidados utilizando os equipamentos de segurança, porque pode haver acidentes de trânsito. É importante estar sempre atento, seguro e, se possível, andar em grupo”, recomenda o personal. Reprodução
na internet. O média-metragem dirigido pelo sorocabano Wertinon Kermes conta a história de Clementina de Jesus, senhora negra, pobre, dona de casa e empregada doméstica que, após toda uma existência longe dos palcos e das mídias, aos 60 anos passou a cantar com grandes nomes da música como João Bosco, Pixinguinha e Paulinho da Viola, com sua voz rascante e gutural. O filme está disponível gratuitamente no link https://vimeo.com/301702668.
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ESPETÁCULO PROTAGONIZADO MULHERES NEGRAS SOFRE BOICOTE DA CÂMARA NO RIO “Encruzilhada Feminina” foi cancelada minutos antes por conta de uma homenagem a Wilson Witzel (PSC) REDAÇÃO
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RIO DE JANEIRO (RJ)
ma peça teatral protagonizada por mulheres negras teve sua estreia cancelada em cima da hora na última quinta-feira (29) pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro, no centro da cidade. A apresentação do espetáculo “Encruzilhada Feminina” estava agendada há seis meses para acontecer no hall de entrada da casa legislativa, mas foi cancelada minutos antes do horário combinado, às 18h30. As mulheres foram informadas que poderiam se apresentar do lado de fora da ca-
sa. O motivo alegado pela administração foi a realização de uma cerimônia em homenagem ao governador eleito Wilson Witzel (PSC). Decepcionadas, roteiristas, diretoras, atrizes e espectadoras protestaram nas escadarias do Palácio Pedro Ernesto, na Cinelândia, em repúdio ao ocorrido. Confira a entrevista completa com Cynthia Rachel, escritora e diretora do “Encruzilhada Feminina”: Brasil de Fato: Vocês estavam prontas pra estrear quando receberam a informação de que não ia haver apresentação?
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Equipe do espetáculo protestou nas escadarias do Palácio Pedro Ernesto
Cynthia Rachel: Estamos ensaiando desde fevereiro e a nossa pretensão, a partir do convite que partiu da Câmara dos Vereadores, era estrear lá e não aconteceu. O que foi muito frustrante pra gente. Chegamos pra preparar nossa grande estreia e fomos informados que a casa sediaria um evento e que, por normas burocráticas internas, nós não poderíamos ficar no que lugar onde seria nossa apresentação, o hall de entrada. Foi nos sugerido apresentar do lado de fora, mas como não foi esse o acordo que fizemos inicial-
Lésbicas na política é o tema da 3ª edição da Revista Brejeiras
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»Foi lançada nesta semana, a 3ª edição da Revista Brejeiras. Com o tema "#ElasSim: Lésbicas na Política", a publicação conta com entrevistas de mulheres lésbicas de todo Brasil e também do mundo. Entre elas estão: a diretora-executiva da Anistia Internacional, Jurema Werneck, a ativista israelense Sahar Vardi na resistência contra a militarização, a historiadora Heliana Hemetério, a poeta e costureira, Lidi de Oliveira, a antropóloga Fátima Lima, além de uma matéria sobre os caminhos grisalhos do prazer, uma receita de baião a duas com Mirna Gomes do MasterChef Profissionais, uma entrevista com a cantora Thaís Feijão e um rolezin nas redes com Jéssica Ipólito. Esta edição conta com 52 páginas e tiragem de 1 mil exemplares. Valor do exemplar: R$20 nas livrarias. Pontos de venda: livrarias Blooks em Botafogo, Niterói, São Paulo e pelo site para todo o Brasil http://www.indieblooks.com.br/
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mente, foi um baque. Ficamos sem saber o que fazer.
E agora quais são as possibilidades?
Sem meias palavras, a gente tá falando de um extremo desrespeito e uma atitude que também foi racista. Para se apresentar do lado de fora não precisa de autorização.
Talvez a gente apresente no Centro Cultural dos Correios dentro de uma exposição instalada, que conta a história de uma família de artistas chamada “Benet Domingo”. Recebemos a proposta e estamos em negociação, também com outros espaços. As pessoas, de fato, estão bem solidárias com a gente e isso é muito bom. Nessa encruzilhada que a gente tem caminhado até agora, diante de tantos golpes, temos seguido com muita firmeza.
Foi uma medida paliativa que não soou tão bem pra gente. E nós não quisemos, é claro. Como nosso espetáculo é político, de artes cênicas, nós abraçamos o convite de estrear na Câmara. Seria ótimo discutir alguns temas dentro daquela casa que é do povo e que precisa contemplar as pautas do povo.
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DICAS MASTIGADAS
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CALDINHO DE ABÓBORA Ingredientes:
Modo de preparo:
• 1/2 kg de abóbora moranga • 2 cebolas grandes • 4 dentes de alho • 300 g de carne seca ou charque desfiada (dessalgada) • 1 caixa de creme de leite • Cebolinha e coentro verde picada a gosto • Queijo minas ralado • Sal e pimenta a gosto
1. Primeiro cozinhe a abóbora normalmente (com os temperos que você gosta). Em seguida, bata no liquidificador e reserve. 2. Numa outra panela, refogue alho e cebola e em seguida frite a carne. Quando estiver bem refogada, adicione a abóbora batida e o creme de leite. 3. Aguarde levantar fervura e adicione a água se preferir um caldo mais líquido. 4. Acerte os temperos e sirva quente, salpicado com queijo ralado.
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MODRIC VENCE BOLA DE OURO E ENCERRA HEGEMONIA DE CR7 E MESSI Mbappe foi considerado o melhor do mundo com menos de 21 anos
Rashide Frias/AFP
FRASE DA SEMANA
Isso no meu país é lamentável. Não temos respeito por nada, está tudo fora de órbita. O presidente enganou muita gente de que iria mudar tudo, e estamos piores do que há um tempo atrás” Diego Maradona, em declaração contra o presidente argentino Mauricio Macri, após a confusão que levou ao adiamento da final da Libertadores, entre River Plate e Boca Juniors
Marta é homenageada em Prêmio Brasileirão 2018 »Maior atleta de futebol do mundo, com seis títulos Fifa The Best, Marta foi a grande homenageada do Prêmio Brasileirão 2018, na última segunda-feira (3), no Rio. O prêmio foi entregue à rainha por dona Tereza, mãe da jogadora. “Essa foi a surpresa mais fantástica que recebi
na minha vida. Não sei como ela não me contou antes”, disse a jogadora, emocionada ao lado da mãe. “Premiar as meninas junto com os meninos são um incentivo. Isso nos motiva a seguirmos em frente e continuar lutando pela igualdade”, completou Marta.
Marcello Casal Jr./Agência Brasil
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Franck Fife/AFP
croata Luka Modric venceu na noite da última segunda-feira (3) o prêmio Bola de Ouro, da revista "France Football", durante cerimônia em Paris, e quebrou a hegemonia do português Cristiano Ronaldo e do argentino Lionel Messi. Em setembro, Modric já havia recebido o "The Best", organizado pela Fifa. Com a nova premiação, ele se torna o primeiro jogador a desbancar Cristiano e Messi, que do- Modric (à esquerda) com a Bola de Ouro e Mbappe com o Troféu Kopa minaram o pódio entre 2008 e 2017. Cada um conquistou ele também foi eleito o me- pa, criado para premiar o o posto de melhor do mundo lhor da Europa pela Uefa. melhor jogador do mundo cinco vezes. O último jogador Na Bola de Ouro, Cris- com menos de 21 anos. a derrotar a dupla foi o brasilei- tiano Ronaldo, da JuvenO "Ballon D'Or" é um prêro Kaká, em 2007, quando atu- tus, garantiu a segunda co- mio criado pela revista ava pelo time italiano Milan. locação, seguido de Antoi- "France Football" e esteve Neste ano, Modric venceu ne Griezmann, atacante do vinculado à Fifa entre 2010 a Liga dos Campeões com o Atlético de Madrid. O fran- e 2015. No entanto, nas duas Real Madrid e disputou a iné- cês Kylian Mbappe ficou no últimas duas edições, vendita final da Copa do Mundo quarto lugar e também foi cidas por CR7, voltou a ser com a Croácia. Além disso, premiado com o Troféu Ko- independente. (Ansa)
CENTRO PARALÍMPICO BRASILEIRO É REFERÊNCIA MUNDIAL »No último dia 26, o quadro O vôlei sentado é uma de diretores da World ParaVolley indicou o Centro de Treinamento Paralímpico de São Paulo como referência do vôlei sentado no mundo. A ideia da instituição é ter espaços de referência em todos os continentes. Outras instalações indicadas foram as da cidade de Hangzhou, na China.
modalidade esportiva para atletas amputados, principalmente nos membros inferiores, ou com outros tipos de deficiência locomotora. O esporte surgiu em 1956, da combinação entre o vôlei e um esporte alemãopraticadoporpessoas com pouca mobilidade, sem rede, chamado sitzbal.
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PAPO ESPORTIVO
aro amigo, vamos fazer que nem as crianças e brincar de “faz de conta”. Vamos fazer de conta que Flamengo e Vasco estão na final da Copa Libertadores da América e que o mundo inteiro anseia pelo Clássico dos Milhões mais importantes de todos os tempos. No entanto, as torcidas rubro-negra e vascaína entram em conflito nos arredores do Maracanã e quase provocam uma tragédia antes da decisão começar. O jogo é suspenso por falta de segurança e a “solução” da Conmebol é transferir a decisão para o Estádio da Luz, em Lisboa, capital de Portugal. Nem preciso dizer que torcedores de Fla e Vasco ficariam meio “pistolas” com essa determinação, não é? Bom, foi mais ou menos isso que a Conmebol fez com a final da Libertadores de 2018. O jogo que vai decidir o campeão sul-americano saiu do Monumental de Núñez e foi remarcado para o próximo domingo (9) no Santiago Bernabéu, casa do… Real Madrid. Pois é. Na Espanha, meu amigo. Não foi por acaso que surgiram memes e zoações na internet dizendo que a competição muda-
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LUIZ FERREIRA
Final da Libertadores em Madrid é um tapa na cara de quem ama o futebol
Reprodução / Facebook / Conmebol Libertadores
Na internet, memes nomearam o campeonato de "Copa Colonizadores da América"
ria de nome para Copa Colonizadores da América... Essa decisão é errada de tantos jeitos que eu nem sei direito por onde começar. Ela é um verdadeiro tabefe na cara de quem ama o futebol e estava doido para ver dois clubes do tamanho de Boca Juniors e River Plate decidindo o torneiro mais importante das Américas. É a maior prova da nossa incapacidade de fazer o simples: organizar um jogo de futebol e se comportar de maneira digna nos arredores e dentro dos estádios. Amigo, você pode falar que a rivalidade entre os dois finalistas é muito grande, que as duas torcidas se provocam o tempo todo, que na Argentina é diferente e outras coisas. Mas nada tira da minha cabeça que nós, torcedores (sim, estou me incluindo nessa), somos os maiores responsáveis por toda a baderna que tomou conta dos estádios e arenas. A gente simplesmente não sabe se comportar. E em determinados locais (como a Argentina) a situação piora demais. Como cobrar retidão de CBF, Conmebol e FIFA se o torcedor age como se estivesse no Circo Romano? Rivalidade é uma coisa. Babaquice é outra.
DECISÃO DA CONMEBOL
»E ainda existe a Conmebol que prefere passar a mão na cabeça deste ou daquele clube (por conta de prestígio, contratos ou sei lá o quê) em detrimento de outros. A maneira como ela “passou pano” no caso do técnico Marcelo Gallardo que, mesmo suspenso, apareceu no vestiário do River Plate durante a semifinal contra o Grêmio (e ainda zombou do fato diante da impren-
sa) resume bem o que a entidade que comanda (???) o futebol sul-americano anda fazendo com a modalidade. Muito interesse e pouca coisa que preste. Em vez de cobrar das autoridades argentinas e dos próprios clubes que os marginais sejam enquadrados nos rigores da lei, “passam pano” no que aconteceu em Buenos Aires e ainda exaltam a “rivalidade” dos torcedores.
Na boa, isso é uma tremenda bifa na nossa fuça. Qual será a próxima atitude genial da Conmebol? Como se já não bastassem as denúncias de corrupção, os escândalos que eu e você acompanhamos no noticiário e tudo mais que aconteceu nos últimos anos (com presidente de entidade indo parar atrás das
grades), ela me inventa mais essa. Mas também não podemos tirar a culpa de quem joga pedra no ônibus do time rival e de quem alimenta esse tipo de barbaridade. A verdade, meu amigo, é que nós estamos nos afastando do verdadeiro espírito esportivo e alimentando nossos próprios monstros.