RIO DE JANEIRO Ano 7
edição 304
28 de março a 3 de abril de 2019
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José Eduardo Bernardes
RJ
WITZEL PRECARIZA “RIO SEM HOMOFOBIA”
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Confira entrevista exclusiva da apresentadora e chef especializada em culinária natural ao Brasil de Fato. GERAL, PÁGS 6 E 7.
Criado em 2007 para combater a violência e a discriminação contra a população LGBT+ e promover valores relacionados às minorias no estado do Rio de Janeiro, o programa “Rio Sem Homofobia”, vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, passa pelo seu pior momento na gestão do governador Wilson Witzel (PSC), com atrasos de salários e infraestrutura precária. GERAL, PÁG 5.
ORGANIZAÇÕES E VÍTIMAS DA DITADURA REPUDIAM COMEMORAÇÕES DO GOLPE DE 64 INCENTIVADAS POR BOLSONARO
O regime durou 21 anos e deixou um saldo de 437 mortos e desaparecidos, segundo Comissão Nacional da Verdade. GERAL, PÁG 4.
Tânia Rego / Agência Brasil
SAIBA COMO O FIM DA JUSTIÇA DO TRABALHO AFETA VOCÊ
Sem Justiça do Trabalho os trabalhadores e trabalhadoras brasileiras ficarão em situação ainda mais vulnerável. GERAL, PAG 2. Rovena Rosa / Agência Brasil
FLA X FLU DE TIRAR O FÔLEGO
O jogo teve gols anulados, árbitro de vídeo em ação, pênalti no final da partida e muita entrega e dedicação das duas equipes. ESPORTES, PÁG, 12.
Alexandre Vidal / Flamengo
BELA GIL: “HOJE SOU TOTALMENTE ‘LULA LIVRE’, DE ESQUERDA E FEMINISTA”
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Verdades e mentiras sobre o fim da Justiça do Trabalho e como isso te afeta Sem Justiça do Trabalho trabalhadores e trabalhadoras brasileiras ficarão em situação ainda mais vulnerável
VERDADES
EDUARDO MIRANDA
RIO DE JANEIRO (RJ)
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o assumir a Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL) disse, em entrevistas, que vê “excesso de proteção” da Justiça em relação ao trabalhador. Além da reforma da Previdência, que tira direitos da população, uma tentativa de dar fim à Justiça do Trabalho deixaria os trabalhadores e trabalhadoras brasileiras em situação ainda mais vulnerável. Apenas o Supremo Tribunal Federal (STF) pode extinguir a Justiça do Trabalho, mas isso não impede que Bolsonaro tenha um ato inconstitucional para acabar com a defesa das leis trabalhistas por esse setor do Judiciário. Conheça alguns mitos e verdades sobre a Justiça do Trabalho, com base em dados produzidos por entidades de magistrados e promotores desse ramo do Judiciário.
»Depois da reforma trabalhista feita pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) e que teve o então deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) como um de seus defensores, a renda média dos brasileiros caiu, segundo dados do IBGE, o desemprego não diminuiu, a informalidade e o trabalho sem carteira assinada dispararam e a precariedade para a saúde do trabalhador e da trabalhadora dentro do ambiente de trabalho piorou. Rovena Rosa / Agência Brasil
»A extinção do Ministério do Trabalho pelo presidente Jair Bol-
sonaro e a reforma trabalhista de Temer foram os primeiros passos para desmontar os direitos da população brasileira. As próximas tentativas do governo federal serão acabar com o Ministério Público do Trabalho, responsável por apurar denúncias de abusos contra o trabalhador e a trabalhadora, e com a Justiça do Trabalho.
»A Proposta de Emenda Constitucional nº 300/16 diminuiria de
dois anos para três meses o prazo para o trabalhador entrar com ação contra a empresa. A proposta também só permitiria ao trabalhador reclamar os dois últimos anos de trabalho na Justiça, e não cinco, como é atualmente. Nessa PEC, a jornada de trabalho pode aumentar de 8 horas para 10 horas diárias; o aviso prévio que varia entre 30 e 90 dias, dependendo do número de anos trabalhados, passaria a somente 30 dias; acordos e convenções coletivas poderão passar por cima da própria Constituição.
MENTIRAS
»Não é verdade que a Justiça do
Juízes, servidores e advogados fazem ato em defesa da Justiça do Trabalho
Trabalho custa muito aos cofres públicos. Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a Justiça Trabalhista custa cerca de R$ 88 por ano por habitante, menos da metade do que custa a Justiça comum, mas ninguém está pedindo a extinção da Justiça comum. Apenas em 2017, a Justiça do Trabalho arrecadou quase R$ 3,7 milhões para os cofres públicos.
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mentira quando dizem que não existem direitos nem demandas trabalhistas nos Estados Unidos. Naquele país, a ação trabalhista típica é coletiva, um trabalhador pode representar na Justiça os demais trabalhadores e ex-trabalhadores em situação igual à sua. Em 2015, as empresas que desrespeitaram direitos trabalhistas nos Estados Unidos pagaram US$ 2,5 bilhões em acordos judiciais.
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CONSELHO EDITORIAL Alexania Rossato, Antonio Neiva (in memoriam), Carolina Dias, Igor Barcellos, Joaquín Piñero, Mario Augusto Jakobskind (in memoriam), Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam) | EDIÇÃO Mariana Pitasse e Vivian Virissimo | ADMINISTRAÇÃO Angela Bernardino e Erivan Silva | DISTRIBUIÇÃO Carolina Dias | REDAÇÃO Clívia Mesquista, Denise Viola, Eduardo Miranda, Filipe Cabral, Flora Castro, Luiz Ferreira e Jaqueline Deister | DIAGRAMAÇÃO Aline Ranna e Juliana Braga.
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Com deputados eleitos presos, suplentes tomam posse na Assembleia Legislativa do Rio Na última semana, livro de posse foi levado até o presídio em que cinco parlamentares estão presos preventivamente Thiago Lontra / Alerj
JAQUELINE DEISTER
RIO DE JANEIRO (RJ)
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a última terça-feira (26), dois deputados estaduais suplentes tomaram posse na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Sergio Fernandes (PDT) passará a ocupar a vaga de Luiz Martins (PDT) e Sérgio Louback (PSC) assume a cadeira de Chiquinho da Mangueira (PSC). A polêmica envolvendo a posse dos cinco deputados que encontram-se presos preventivamente começou na quinta-feira (21) quando o livro de posse saiu da Assembleia em direção ao presídio para que os parlamentares eleitos assinassem o documento. A posse dos deputados André Corrêa (DEM), Luiz Martins (PDT), Marcus Abraão (Avante), Marcus Vinícius Neskau (PTB) e Chiquinho da Mangueira (PSC) que foram denunciados na Operação Furna da Onça, um desdobramento da Lava Jato, no Rio de Janeiro, deflagrada em novembro de 2018, gerou discussão entre os parlamentares.
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FATOS DA SEMANA Esqueçam o que twittei
»»Lembram de um presidente que exer-
ceu no passado a carreira de sociólogo, mas quando chegou ao poder disse entre amigos a frase: “Esqueçam o que escrevi”? Pois é. Jair Bolsonaro é uma versão piorada e digitalizada de Fernando Henrique Cardoso. Depois de críticas de todos os lados sobre suas publicações no Twitter, ele resolveu apagar os descalabros. Entre eles, o tweet sobre o “Golden shower” no Carnaval passado.
Sinal amarelo para Crivella
»»A relação do prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PSC), com a Câmara Municipal anda bem complicada. Na última terça-feira (26), vereadores tentaram aprovar um projeto para que, caso Crivella sofra impeachment, a eleição de um novo prefeito seja realizada indiretamente, pela própria Câmara. Os vereadores querem tirar das mãos da população o direito de escolher o substituto. Por apenas um voto o projeto não foi aprovado. Suplentes assumiram vagas dos deputados estaduais eleitos que estão presos
O deputado Flavio Serafini (PSOL), que foi contra a saída do livro de posse da Alerj, explica que a situação a qual a Assembleia ficou submetida foi delicada, pois poderia parecer que a Casa estava protegendo os parlamentares, enquanto, na verdade, o poder legislativo se submeteu a uma decisão do Judiciário. “Se o poder Judiciário considera que esses deputados de-
Dança das cadeiras »A cerimônia de posse começou na segunda-feira (25). Os suplentes dos deputados presos terão 30 dias para serem empossados. De acordo com a ordem de suplência, Carlos Caiado (DEM) assume a vaga de André Correa (DEM); Capitão Nelson (Avante) entra no lugar de Marcos Abraão (Avante) e Coronel Jairo (Solidariedade) assume a cadeira de Marcus Neskau (PTB).
vem tomar posse porque os parlamentares foram eleitos e ainda não foram julgados, o poder Judiciário tem que permitir que esses deputados venham aqui”, ressalta o líder do PSOL na Alerj. De acordo com Serafini, há indícios graves de que os parlamentares presos cometeram atos ilícitos e a Alerj não pode se omitir na avaliação da conduta dos deputados.
Porém, Coronel Jairo está preso pela Lava Jato. A Alerj aguardará o prazo de 30 dias para o parlamentar se apresentar. Caso isso não ocorra, o 2º suplente, Paulo Bagueira (Solidariedade) será convocado. Bagueira é presidente da Câmara Municipal de Niterói e assumiu a prefeitura da cidade durante o período em que Rodrigo Neves esteve preso. A assessoria do vereador informou ao Brasil de Fato que Bagueira aguardará o prazo determinado pela Alerj para se pronunciar sobre a suplência.
Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
Moro isolado
»»Depois de levar uma rasteira do pre-
sidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), em relação ao seu “Pacote Anticrime”, o ministro da Justiça, Sergio Moro, quer apresentar o projeto no Senado para ver se ele evolui. A questão é que só Moro não se convenceu de seu isolamento com o tal pacote. Na última quarta-feira (27), instituições públicas, organizações da sociedade civil e movimentos populares lançaram a pá de cal sobre o projeto, com a campanha “Pacote Anticrime, uma solução Fake”.
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RIO DE JANEIRO, 27 DE MARÇO A 3 DE ABRIL DE 2019 Tânia Rego / Agência Brasil
JAQUELINE DEISTER
VOCÊ SABIA
RIO DE JANEIRO (RJ)
O
golpe de 1964 completa 55 anos no próximo dia primeiro de abril. Durante 21 anos o Brasil viveu uma ditadura civil-militar que deixou um saldo de 437 mortos e desaparecidos além de 6.591 militares perseguidos pelo regime, segundo o relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV) entregue em 2014 à Presidência da República. Ana Miranda é fundadora do Coletivo Memória, Verdade e Justiça. A farmacêutica aposentada, hoje com 70 anos, é uma das sobreviventes da ditadura civil-militar. Ela começou na luta política em 1967 e integrou movimentos como a Dissidência Comunista da Guanabara e a Aliança Libertadora Nacional (ALN). Miranda viveu na clandestinidade e passou quatro anos presa. TORTURA
“Em abril de 1969, quando eu fui presa em Curitiba (PR), fiquei isolada uma semana, não fui torturada fisicamente, mas vi companheiros machucados. Tortura sempre existiu neste país. Só que contra opositores é em momentos determinados. Ali houve uma decisão de existir tortura regular, assassinatos, ocultação de cadáveres, execuções, tudo passou a ser natural”, conta. O relatório final da Comissão Nacional da Verdade responsabilizou 377 agentes como responsáveis direta ou indiretamente pela prática de tortura e assassinatos durante o regime militar. Contudo,em 2019, a onda do chamado revisionismo histórico, que nega a existência da ditadura civil- -militar, se intensificou no Brasil com a chegada da extrema-direita ao poder.
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Em defesa da memória, diversos coletivos no Rio de Janeiro realizam ao longo do mês de março e abril atividades em protesto ao golpe de 1964. Na segunda-feira (1), às 16h, o movimento Ocupa DOPS realizará um ato de repúdio em frente ao antigo centro de detenção política e tortura durante a ditadura militar, localizado na Rua da Relação com a Rua dos Inválidos, no centro do Rio.
Organizações e vítimas da ditadura protestam contra comemorações incentivadas por Bolsonaro O regime durou 21 anos e deixou um saldo de 437 mortos e desaparecidos, segundo Comissão Nacional da Verdade
REPÚDIO
»Mesmo
com todas as conhecidas atrocidades cometidas no período da ditadura, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) determinou, na última segunda-feira (25), ao Ministério da Defesa que sejam feitas comemorações em unidades militares em referência a 31 de março de 1964. A decisão gerou o repúdio de órgãos como a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), do Ministério Público Federal (MPF), que a classificou como sendo de “enorme gravidade constitucional”. Já a Defensoria Pública da União pediu que a Justiça Federal em Brasília proíba o governo federal de realizar quaisquer comemorações sobre o golpe militar de 1964 e que impeça a União de efetuar qualquer gasto público para esta finalidade sob pena de multa. Além disso, um
grupo formado por vítimas da ditadura protocolou uma Ação Popular e um Mandado de Segurança contra Jair Bolsonaro alegando imoralidade, improbidade, ilegalidade administrativa e um atentado contra à Presidência da República da recomendação. O advogado e ex-presidente da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro, Wadih Damous, ressalta que as manifestações públicas das instituições são essenciais neste momento. O ex-deputado federal explica que a conduta de Bolsonaro contra a democracia pode ter graves implicações legais. “Numa dimensão superior, caracterizada a ilegalidade e a inconstitucionalidade, ele pode ser enquadrado em crime de responsabilidade porque o Estado Democrático de Direito é uma determinação constitucional, um princípio constitucional, destaca o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio (OAB-RJ).
POSICIONAMENTO
» Em apoio a Bolsonaro, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que declarou nesta quarta-feira (27) não considerar que houve um golpe no país em 64. Segundo ele, a atuação dos militares foi um “movimento necessário” para evitar uma “ditadura”. O governador do estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) também declarou a uma emissora de rádio na última quarta-feira (27) que “nunca houve golpe no Brasil”. Para Ana Miranda, que permanece atuante na luta por memória, verdade e justiça, a palavra de ordem dos tempos atuais é: resistir. Ela acredita que faltou um debate mais sólido sobre o modelo de democracia brasileira e a memória na década de 80 para evitar que atrocidades do passado fossem aplaudidas como feitos históricos.
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“Rio Sem Homofobia” sofre com atrasos de salários e infraestrutura precária Programa foi criado em 2007 pelo governo estadual para combater a violência e a discriminação da população LGBT
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riado em 2007 para combater a violência e a discriminação contra a população LGBT+ e promover valores relacionados às minorias no estado do Rio de Janeiro, o programa “Rio Sem Homofobia”, vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, passa pelo seu pior momento na gestão do governador Wilson Witzel (PSC). Cerca de 50 funcionários que atuam no programa estão entrando no terceiro mês sem receber seus salários. Desde fevereiro, os técnicos ouvem promessas semanais de que os pagamentos serão realizados. Nenhuma das datas marcadas pela Secretaria, no entanto, foram cumpridas e os salários seguem atrasados. No dia 25 de fevereiro, o deputado Carlos Minc (PSB) esteve à frente de uma audiência na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para discutir a situação de precariedade no programa do governo. Segundo ele, uma nova audiência pode ser convocada em breve para que a gestão de Witzel dê explicações. “Há problemas que precisam ser resolvidos e que envolvem não só os atrasos de salários. Nós ouvimos a Secretaria, sabemos que há dificuldades de ordem econômica, mas também sabemos do viés ideológico desse atual governo, que é
o de não priorizar esse tipo de tema”, afirmou Minc. Os problemas mencionados por Minc incluem a infraestrutura dos locais onde o Rio Sem Homofobia funciona. No prédio da Central do Brasil, as salas estão sem ar-condicionado e perderam o isolamento acústico necessário para o sigilo em atendimentos ao público. A Secretaria sustenta que não há prejuízo ao atendimento e que o Rio Sem Homofobia “passa por avaliação
interna em todos os aspectos”. Sobre os atrasos, o governo informa que as folhas de pagamento de janeiro e fevereiro foram processadas para pagamento pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), que faz o repasse ao programa, e que os funcionários receberão os salários nos próximos dias. O governo atribui o atraso também à mudança de gestão e ao fato de o programa ser renovado a cada 12 meses.
REFERÊNCIA MUNDIAL »Ativista há 30 anos da causa LGBT, idealizador e presidente do Rio Sem Homofobia durante 10 anos, Claudio Nascimento deixou o programa no início de 2017, ainda durante o governo de Luiz Fernando Pezão (MDB). Segundo Nascimento, naquele momento o programa já deixava de ser prioridade como política pública. “O Rio Sem Homofobia é o primeiro a existir por iniciativa de um governo estadual no Brasil. Ele influenciou e influencia as políticas para a população LGBT em todo o país e foi reconhecido pela União Europeia como modelo a ser seguido para os direitos humanos”, comenta Nascimento, que segue à frente do grupo Arco-Íris. Entre os serviços oferecidos estão o Disque Cidadania LGBT, os Centros de Referência de Promoção da Cidadania LGBT, o Núcleo de Monitoramento Técnico de Crimes Homofóbicos, Projetos de mobilização comunitária e protagonismo cidadão, o SOS Saúde LGBT e a comissão processante para Cumpra-se da Lei 3406/2000, de Carlos Minc, para aplicar a lei e punir estabelecimentos comerciais que discriminem pessoas por orientação sexual e identidade de gênero.
Tânia Rego / Agência Brasil
EDUARDO MIRANDA
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GERAL ENTREVISTA
MARIANA PITASSE E JOSÉ EDUARDO BERNARDES
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esde que despontou na televisão, a apresentadora e chef de cozinha, especializada em culinária natural, Bela Gil tem sempre seu nome associado a uma polêmica. Seja por servir melancia como churrasco, por escovar os dentes com cúrcurma ao invés de pasta de dente, ou por declarar que comeu a placenta do filho mais novo após o parto. No entanto, não faz muito tempo que a polêmica tem ido além das notícias envolvendo seus hábitos de vida, considerados peculiares. Cada vez mais, Bela tem deixado seu discurso mais politizado. Prova disso foram suas opiniões explicitadas nas redes sociais durante o período eleitoral e também depois dele. “As pessoas falam: ‘que decepção!’. Mas, no caso, uma coisa está totalmente relacionada a outra. Não é por uma questão pessoal com o Bolsonaro, é um fato, eu tenho que falar, tenho que avisar a população que o governo dele aprovou o uso de mais de 80 agrotóxicos em duas semanas, por exemplo. É o meu papel”, afirma. Confira a entrevista completa: Brasil de Fato: Por que decidiu tratar mais enfaticamente sobre economia e desperdício no seu novo livro?
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BELA GIL, APRESENTADORA
HOJE SOU TOTALMENTE ‘LULA LIVRE‘, DE ESQUERDA E FEMINISTA” Em entrevista ao Brasil de Fato, apresentadora conta que perdeu muitos seguidores após se posicionar politicamente nas redes sociais
Bela Gil: Venho trabalhando com culinária há muitos anos, depois de 10 temporadas do programa “Bela Cozinha” eu decidi focar na questão do desperdício para poder chamar atenção das pessoas para esse problema. Cerca de um terço da comida produzida no mundo é desperdiçada e quando a gente fala de frutas, legumes e verduras, esse número pode chegar a 50%. É muita coisa jogada fora. Esse desperdício acontece em grande parte em casa. Talvez com mais educação e mudança de cultura, nós, os consumidores podemos tentar melhorar o desperdício de alimentos. Mas eu sei que é um problema sistêmico: a gente tem quase 1 milhão de pessoas passando fome no mundo e uma produção excedente de alimentos. Por que a comida não chega na boca de
No Brasil, estamos passando por um momento extremo de um governo fascista, com a democracia ameaçada, com ódio pairando no ar”
quem está com fome? É sistêmico. Eu decidi falar na prática o que a gente pode fazer quanto a isso. Então eu quis fazer essas receitas com parte de plantas e alimentos que iriam para o lixo. É mito ou verdade a comida natural ser mais cara? Pois é, é um mito mas tem também um fundo de verdade. A gente vive em um sistema em que oferta e demanda vão influenciar o preço final do alimento orgânico hoje ainda é muito escasso, então claramente o valor do orgânico vai ser mais caro e o custo para se fazer alimento orgânico é muito maior. Na agroecologia, você produz mais por hectare do que na produção convencional, isso é fato e o sistema insiste em falar para a gente o contrário, dizendo que a gente precisa de veneno para alimentar o mundo. As pessoas precisam entender que quando está comprando alimento orgânico, agroecológico, está investimento na própria saúde, mas também no meio ambiente, na saúde da terra, na saúde social também. De fato, o orgânico ainda é mais caro por esses motivos. Como democratizar a alimentação saudável no Brasil?
Democratizar a alimentação saudável no Brasil não tem outra resposta a não ser a reforma agrária. É imprescindível que a gente tenha uma distribuição de terras democrática. Se a gente quer democratizar alimentação, a comida vem da terra. Se a gente não democratizar a terra como vamos ter alimentação democrática? Impossível. No Brasil hoje, 46% das terras cultiváveis estão na mão de 1% da população. É uma desproporção enorme. Então para democratizar a alimentação é preciso que a gente democratize o espaço no qual a gente planta a comida, que é a terra. Você acredita que estamos fazendo o caminho inverso a tudo isso com governo Bolsonaro? Em uma das últimas entrevistas que eu dei me perguntaram sobre o governo atual e eu respondi que queria muito ouvir mais do presidente e suas posições em relação a isso, porque não se fala. A gente vê a aprovação de mais de 80 agrotóxicos em poucos dias de governo, a extinção do Consea [Conselho Nacional de Segurança Alimentar] e tudo isso faz com a gente fique desestimulada. Estamos realmente andando para trás, isso é muito triste. Quem está ganhando com a
Eu fui entendendo que se sentir bem com você mesma, sua profissão, seu corpo, não ter vergonha, não ter medo, são atitudes feministas”
liberação de agrotóxicos não é a população, é quem produz. Eu sempre falo, quem nos alimenta hoje é quem nos medica. Eles nos alimentam com veneno para inventar um remédio novo para medicar a população. É um ciclo que poderia ser interrompido se a gente desse ênfase à reforma agrária, agroecologia, educação alimentar. A gente tem políticas públicas incríveis a questão mesmo é a vontade dos políticos de colocá-las em prática. Você ocupa e apresenta a cozinha de forma revolucionária? Eu ficava receosa de falar isso, mas agora vendo em retrospectiva, o que venho fazendo, não me incomodo em falar que é uma cozinha revolucionária
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porque eu vejo e sinto que as pessoas vêm mudando. Antigamente você falava disso e era taxado de natureba, hippie e esquerdista. Agora é “cool”. Tem gente de todos os tipos, todas as raças, as classes. Ser vegano, vegetariano, comer consciente não está dentro de uma caixinha só. Enfim, isso é algo que eu sinto a revolução. Eu venho falando para um público muito extenso, não só um tipo. A demanda também mudou. No mercado você vê óleo de coco, linhaça, painço, até leite de amêndoa de caixinha. Eu acho que a revolução é essa, uma coisa muito assustadora, depois de um tempo se torna algo natural. Isso é revolução, mas não basta para mim, eu quero muito mais. Sempre falo que minha cozinha está cada vez mais política. Sempre foi culinária consciente, baseada na natureza, mas é essencialmente política. Eu uso a cozinha, o ato de comer e cozinhar, como um ato revolucionário. Você se considera feminista? Eu fui me descobrindo feminista ao longo do meu trabalho. Eu fui lendo mais e entendendo sobre. Eu entendi que as coisas que eu fazia por intuição, por amor a minha feminilidade, eram atitudes feministas. Eu tive meu filho em casa, eu comi minha pla-
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centa, eu larguei o absorvente, fiz uma marca de calcinhas de pano, fiz questão de compartilhar o momento do meu parto com outras mulheres para mostrar que ter um filho naturalmente é possível, bacana, não é todo esse terror que as pessoas colocam. Escrevi um livro sobre maternidade. Hoje em dia lugar de mulher é onde ela quiser. Eu fui entendendo que se sentir bem com você mesma, sua profissão, seu corpo, não ter vergonha, não ter medo, são atitudes feministas. Então, eu falei: “sou essa pessoa”.
sário. Em momentos de crise, acho que é escolha individual, mas eu preciso me rotular. Então, hoje eu sou totalmente “Lula livre”, sou totalmente de esquerda, sou feminista. Sou essa pessoa hoje porque acho que é forma de a gente juntar forças e de uma maneira ou de outra, tentar achar o caminho do meio. Para a mudança, crise é necessária. Não tem uma revolução, ou uma mudança, sem uma crise. Isso é história.
Como você se coloca hoje nessa sociedade tão polarizada? Onde está a Bela Gil?
Com certeza. Desde outubro não sei quantos seguidores perdi no Instagram. Em relação a trabalho, sou muito coerente. Ninguém que me contratasse, pensaria que eu estaria apoiando o governo atual. As pessoas sabem quem eu sou. Sou muito transparente em relação às minhas posições. As pessoas falam: “adoro sua comida, mas fiquei muito triste em saber da sua posição política”. Ou quando posto alguma coisa que tem a ver com a política, as pessoas falam: “que decepção! Estou aqui para ler sobre alimentação e não sobre política”. Mas, no caso, uma coisa está totalmente relacionada a outra. Não é por uma questão pessoal com o Bolsonaro, é um fato, eu tenho que falar, tenho que avisar a população que o governo dele aprovou o uso de mais de 80 agrotóxicos em duas semanas. É o meu papel. Não é porque é eleitor do Bolsonaro que tem que ficar chateada comigo.
Eu nunca gostei de me rotular. Mas eu entendo que para uma mudança o radicalismo é importante. Eu mudei minha alimentação muito jovem. Eu era uma criança normal, que comida balas, chicletes, biscoitos recheados, o que a gente chama na cultura alimentar de comida de criança. Mudei minha alimentação na adolescência radicalmente. Para achar o caminho do meio, é preciso entender os extremos. No Brasil, estamos passando por um momento extremo de um governo fascista, com a democracia ameaçada, com ódio pairando no ar. Hoje, apesar de eu não gostar de me rotular, eu acho neces-
Apesar de eu não gostar de me rotular, eu acho necessário nesse momento”
Você já sentiu algum peso por se posicionar?
Fotos José Eduardo Bernardes
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CULTURA & LAZER
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PALAVRAS CRUZADAS
DICAS MASTIGADAS
Ingredientes: • 60 gramas de grão de mostarda branca ou preta, podendo usar metade da cada) • 200 ml de vinagre de maçã • 2 colheres de sopa de mel
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MOSTARDA À MODA ANTIGA
www.coquetel.com.br
• 1 colher de mostarda em pó • 1 pitada de pimenta do reino (moída na hora) • 1 pitada Sal • 1 copo de água
Modo de preparo:
Coloque os grãos em uma tigela e cubra com um copo de água. Deixe descansar por duas horas para hidratar. Passe os grãos em uma peneira e deixe até drenar toda a água. Transfira para uma vasilha onde você possa amassar os grãos com um pilão. Adicione a pimenta do reino, o sal e o vinagre. Acrescente o mel e a mostarda em pó e continue amassando até formar um creme. Coloque num outro vidro, fervido e limpo, e guarde na geladeira por pelo menos três dias antes de abrir. Pode ser usada por até um ano.
Benefícios:
Assim como a folha, a semente melhora a digestão, previne diversos tipos de câncer incluindo estômago e cólon, regula a tireoide (pelo alto teor de selênio), tem ação anti-inflamatória e assim alivia dores articulares e musculares, melhora a imunidade, ajudando na prevenção de gripes e resfriados, protege a visão (é fonte de luteína e zeaxantina, dois carotenoides com ação ocular), reduz o colesterol (contém vitamina B3 que combate a aterosclerose) e pode ajudar na prisão de ventre.
TIRINHA | Paulo Neumann
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ÁRIES
21/03 a 19/04
Seu pensamento se amplia, mas você tende a usar isso como escapismo para seus aborrecimentos. É hora de desintoxicar seu emocional.
TOURO
Agora é a chance para agir sobre suas finanças, porém não o faça sem se planejar com fundamento. Aproveite o tempo com amigos.
GÊMEOS
Estar e agir em grupos está favorecido, contudo poderá acontecer desavenças de ideias no trabalho. Seus dons e sua criatividade se exaltam.
CÂNCER
Você enxerga melhor as chances de aprimoramento que estão à sua volta. Seja moderado e cauteloso ao decidir. A generosidade está no ar.
20/04 a 20/05
21/05 a 21/06
22/06 a 22/07
LEÃO
Aproveite os lazeres, entretanto não perca de vista a ponderação sobre o orçamento. Interiorize-se para rever suas atitudes nas relações.
VIRGEM
As relações mais próximas ganham maior discernimento sobre oportunidades e desafios, então use para promover aperfeiçoamento.
LIBRA
O conhecimento é fomentado via a comunicação, então faça uso para ultrapassar os obstáculos. Sua criatividade no dia a dia se exalta.
23/07 a 22/08
23/08 a 22/09
23/09 a 22/10
ESCORPIÃO Com um maior tino administrativo,
23/10 a 21/11
você organiza o orçamento e diminui as perdas. Seu encanto nas relações aumenta seus prazeres.
SAGITÁRIO Autoconfiança em alta promove
22/11 a 21/12
melhor aproveitamento das oportunidades. Mas seja criterioso. Momento de bem-estar na rotina.
CAPRICÓRNIO As adversidades são chances de 22/12 a 19/01
melhoria, mesmo que cause ansiedade. Sua capacidade de comunicação aumenta e melhora o convívio.
AQUÁRIO
A cumplicidade nas relações aumenta, e todo mundo se ajuda. Contudo, evite envolver dinheiro nas interações. Você melhora a gestão dos bens.
PEIXES
Há uma abertura no âmbito profissional, ainda que apareça mais estresse. Seu lado mais belo e sensual desperta e incita autocuidado.
20/01 a 18/02
19/02 a 20/03
AGENDA TEATRO
» O quê? Peça "Por elas" aborda o
tema da violência doméstica. O objetivo primordial do espetáculo é provocar a reflexão e estimular o debate sobre os direitos humanos e equidade de gênero, cooperando para a prevenção e o enfrentamento da violência doméstica e do feminicídio na sociedade. Onde? Centro Cultural do Poder Judiciário. (Rua Dom Manuel, 29, Centro). Quando? 28, 29 e 30 de março, às 19h. Quanto? Grátis, com retirada de senha a partir das 18h.
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HORÓSCOPO
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CULTURA & LAZER
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LIVROS
» O quê? Serão lançados dois livros da escritora mineira, Cidinha da Silva, uma das expoentes da literatura brasileira. Cidinha da Silva é prosadora, dramaturga e editora. Autora de 15 livros de literatura entre crônicas para adultos, conto e romance para crianças e adolescentes. Ela irá lançar os títulos "Exuzilhar" e "Pra começar", volumes inciais da série Melhores Crônicas, da Kuanza Produções. Onde? VOID Madureira, Rua Carvalho de Souza, 182. Quando? Sexta-feira (28), das 20h às 2h. Quanto? Grátis. EXPOSIÇÃO
»O quê? Mostra O "Rio do Samba" explora aspectos sociais, culturais e políticos do mais brasileiro dos ritmos. Cerca de 800 itens ajudam a contar a história do samba carioca desde o século XIX até os dias de hoje. Prato de porcelana tocado por João da Baiana e jóias de Carmem Miranda são algumas das raridades em exibição. Quando? Terça-feira, das 10h às 19h, quarta a domingo, das 10h às 17h. Onde? Praça Mauá, 5, Centro. Quanto? Às terças-feiras é gratuito. Nos outros dias, R$20 (inteira) e R$ 10 (meia).
Reprodução
RJ
SAMBA
» O quê? Roda de samba da Pedra do Sal é uma opção de boa música no Centro do Rio. O encontro dos músicos acontece há seis anos com clássicos do samba. Tudo acontece perto do Largo de São Francisco da Prainha, na Praça Mauá. Onde? Pedra do Sal. Rua Argemiro Bulcão, Saúde. Quando? Toda segunda-feira, às 19h30.Quanto? Grátis.
10 MUNDO
Enquanto Bolsonaro propõe comemorar o golpe no Brasil, Argentina grita: “Nunca mais”
AMÉRICA CALIENTE JOAQUÍN PIÑERO*
Os interesses dos EUA na América Latina
População do país vizinho foi às ruas no domingo (24) para denunciar violações
»»A partir dessa semana vamos dar uma breve pin-
LUIZA MANÇANO
SÃO PAULO (SP)
O
presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PSL), militar da reserva, determinou na última segunda-feira (25) que o Ministério da Defesa faça “as comemorações devidas” pelos 55 anos do golpe de Estado de 1964, que inaugurou a ditadura no país, no próximo 31 de março. A declaração de Bolsonaro não contradiz sua trajetória pessoal, embora ganhe outros contornos à frente da Presidência da República. Na ocasião da votação do impeachment de Dilma Rousseff (PT), Bolsonaro, então deputado federal, dedicou seu voto ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra – ex-chefe do
DOI-Codi, centro de torturas do regime. O 31 de março de 1964 é uma data relembrada ano a ano pelas vítimas da ditadura no Brasil, como é na Argentina o dia 24 de março de 1976, que marca o início do último regime ditatorial do país – encerrado em 1983, com a transição democrática. Para recordar a data, agora denominada “Dia Nacional da Memória pela Verdade e Justiça”, milhares de argentinos saíram às ruas do país no último sábado (24) e gritaram “Ditadura nunca mais”, atitude que revela não só uma visão crítica sobre o passado, mas também em relação ao presente e ao futuro. O “Nunca mais” anuncia que recordar é necessário para que não se perpetuem nas instâncias de poder saudosistas e apoiadores da ditadura. Emiliano Lasalvia/AFP
Marcha do Dia Nacional da Memória pela Verdade e Justiça, em Buenos Aires, capital da Argentina
ÁFRICA / DESASTRE EM MOÇAMBIQUE CAUSOU AO MENOS 750 MORTES
Chiba Asuyoshi / AFP
celada no quadro geopolítico do nosso continente e principalmente na região mais conhecida como América Latina e Caribe. Para início de conversa, vamos entender quais são os principais interesses dos EUA nessa parte do continente. Vamos lá: DOUTRINA MONROE. Logo após o período colonial (séc.19) quando as disputas se davam entre as principais nações europeias como Espanha, Portugal, Inglaterra, Holanda e França, os Estados Unidos da América, passaram a considerar a América Latina e o Caribe como seu quintal. Esse controle e hegemonia foi mantido na base do “pau e prosa”. No dia 2 de dezembro de 1823, o então presidente estadunidense James Monroe, fez o seu famoso pronunciamento em que deixa claro que o continente não deveria aceitar nenhum tipo de intromissão européia sobre quaisquer aspectos, isto é, “a América é para os americanos”. Essa foi a base da chamada “Doutrina Monroe”. RESERVAS DE PETRÓLEO. Quando olhamos para esse continente, percebemos o porquê da sanha capitalista por essas terras e mares. Com uma população de mais de 600 milhões de habitantes, essa é uma região que compreende mais de 20 milhões de quilômetros quadrados de superfície (13,5% da área territorial do planeta); terras férteis, água em abundância, grandes diversidades geográficas e biológicas, portanto geradores de importantes recursos alimentícios, energéticos e minerais. É na região que estão localizadas as maiores reservas de petróleo, ferro, cobre, lítio e prata do planeta. Também é daqui que saem a soja, trigo, celulose, etanol, açúcar, algodão, carne e café que são exportados para os países centrais. NOVO CICLO. Nas últimas décadas, após um longo período de golpes, invasões e ditaduras (todas apoiadas direta ou indiretamente pelos EUA), e a implantação da política neoliberal por governos aliados de Washington, houve uma mudança no cenário político e econômico na região com eleições dos chamados governos “progressistas” que teve início com a eleição de Hugo Chávez na Venezuela em 1998. Atualmente há um novo ciclo de luta de classe na região. Um momento histórico importante e complexo, determinado por uma nova correlação de força entre o capital, os governos e as forças populares. *Joaquín Piñero é militante do MST e da ALBA Movimientos e atua no Setor de Relações Internacionais.
RJ
RIO DE JANEIRO, 27 DE MARÇO A 3 DE ABRIL DE 2019
Desde que o sudeste da África foi atingido pelo ciclone Idai, no dia 14 de março, as cifras da destruição não pararam de ser atualizadas. Até agora, o desastre provocou a morte de ao menos 750 pessoas em Moçambique, Malaui e Zimbábue, além de ter causado inúmeros danos à infraestrutura dos três países. Após a passagem do ciclone, 128 mil pessoas precisaram ser realojadas em abrigos improvisados.
RJ
ESPORTES
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Vanderlei Almeida/AFP
BRASIL QUER SEDIAR A COPA DO MUNDO FEMININA EM 2023 País terá forte concorrência na disputa para ser a sede do próximo Mundial Feminino LUIZ FERREIRA
RIO DE JANEIRO (RJ)
É
oficial. O Brasil foi um dos dez países que manifestaram interesse em sediar a próxima edição da Copa do Mundo de Futebol Feminino, que acontece em 2023. Argentina, Bolívia, Colômbia, Austrália, Nova Zelândia, Japão, África do Sul e as Coreias do Sul e do Norte (estas em candidatura conjunta) são os concorrentes do nosso país na disputa. De acordo como
a FIFA, esse é o maior número de nações a formalizar interesse em sediar o Mundial Feminino desde a primeira edição do evento, ocorrida em 1991. Cada confederação nacional terá que registrar sua candidatura na FIFA até o próximo dia 16 de abril. O processo de escolha é semelhante ao da Copa do Mundo Masculina. Os países terão que cumprir uma série de requisitos pedidos pela entidade que comanda o velho e rude esporte bretão
»Lembrando que o Brasil está no Grupo C da Copa do Mundo da França, que acontece entre os dias 7 de junho e 7 de julho deste ano. A Seleção Brasileira estreia no dia 9 de junho contra a Jamaica e ainda enfrenta Austrália e Itália na fase de grupos.
e apresentar seus projetos. Como estamos falando de futebol feminino, o incentivo à modalidade em cada país será analisado e levado em consideração. O anúncio da sede da Copa do Mundo de 2023 deve ser feito no mês de março do próximo ano. E dentre os candidatos, nenhum sediou uma edição do Mundial Feminino.
Reprodução/ Boca Jrs.
É inegável que o futebol feminino cresceu muito no Brasil nos últimos anos. O sucesso internacional de jogadoras como Marta (eleita por seis vezes a melhor do mundo), Cristiane e Formiga, a obrigatoriedade dos clubes brasileiros por parte da CBF e da Conmebol na formação e manutenção de equipes femininas e o próprio in-
teresse do torcedor (principalmente do público feminino) na modalidade foram fatores determinantes nesse processo. Mas todos concordam que ainda existe muita coisa a ser feita. Principalmente na divulgação e cobertura do futebol feminino pela mídia esportiva e uma melhor organização das nossas competições.
Minas Panagiotakis/AFP
#NUNCAMÁS Times da Argentina repudiam ditadura
»Os clubes de futebol da
Argentina se uniram para repudiar o golpe de Estado ocorrido no país vizinho em 1976. A mobilização aconteceu no Dia Nacional pela Memória, Verdade e Justiça que é celebrado todos os anos no dia 24 de março. River Plate, Boca Juniors, Independiente, Racing e Estudiantes divulgaram mensagens contra o regime.
IGUALDADE Marta fala na ONU
»A jogadora Marta contou uma
parte de sua história de vida em evento da Organização das Nações Unidas (ONU) que premiou atletas com o Troféu COI no último domingo (24). Embaixadora da ONU Mulheres, a jogadora falou sobre a falta de incentivo para meninas que querem se dedicar ao esporte. Neste cargo, Marta tem por objetivo denunciar a situação de vulnerabilidade das garotas e incentivar projeto.
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RJ
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PAPO ESPORTIVO
LUIZ FERREIRA Alexandre Vidal/Flamengo
Rafael Ribeiro/vasco.com.br
E O BANGU ENCARA O VASCO NA OUTRA SEMIFINAL
»A campanha do Bangu no Campeonato
Carioca é impressionante. Cinco vitórias consecutivas e chances reais de se garantir nas semifinais da competição. Tem muita gente se lembrando de 1987, quando Alvirrubro Suburbano conquistou o título da Taça Rio. É exatamente por isso que o Vasco terá uma pedreira pela frente. Alberto Valentim já adiantou que o garoto Tiago Reis será titular junto com o mesmo time que perdeu para o Bangu. Será um jogaço com toda a certeza. Vítor Silva/SS Press/BFR
O FLA-FLU MAIS LOUCO DOS ÚLTIMOS TEMPOS
S
e alguém souber de algum Fla-Flu mais doido que esse, me avise. O jogo da última quarta-feira (27) teve gols anulados, árbitro de vídeo em ação, pênalti no final da partida e muita entrega e dedicação das duas equipes. Venceu o time que teve mais raça e não se entregou. No caso, o Flamengo de Abel Braga. É bem verdade que a partida foi recheada de polêmicas e lambanças da arbitragem (para variar). Nem tanto nos lances mais comentados da noite. Eu também marcaria a falta de Matheus Ferraz em Rodrigo Caio e o pênalti de Léo Duarte em Everaldo. Mas a confusão que Marcelo de Lima Henrique fez dentro de campo só contribuiu para que os ânimos se exaltassem ainda mais. Renê abriu o placar ainda no primeiro tempo, poucos minutos antes de Bruno Henrique acertar as travas da chuteira no
(21) 993734327
adversário e levar cartão vermelho direto justíssimo e sem apelação para A ou B. Ou o VAR. O segundo tempo trouxe um Fluminense mais envolvente. O gol de empate (e que poderia ser o da classificação) saiu na bela cobrança de pênalti de Yony González. Mas o Fla não se entregou e chegou à vitória em pênalti bobo de Léo Santos em cima do garoto Vítor Gabriel que Éverton Ribeiro cobrou com uma frieza absurda. E ainda tivemos tempo para “cenas lamentáveis” no final da partida com direito a dedo na cara de árbitro e pancadaria no caminho para o vestiário. Mais do que nunca, o “ai, Jesus”, resumiu bem o que foi esse Fla-Flu. Os comandados de Abel Braga estão na final da Taça Rio e esperam o adversário no próximo domingo (31). Já o Fluzão de Fernando Diniz precisa ser mais decisivo se quiser brigar por títulos.
BOTAFOGO SE CONCENTRA NA COPA DO BRASIL
»Os péssimos resultados na Taça
Guanabara acabaram punindo o Botafogo com a eliminação precoce no Campeonato Carioca. Ao mesmo tempo, vejo alguns torcedores criticando e até pedindo a cabeça do técnico Zé Ricardo sem ver que ele vem tirando leite de pedra nessas últimas semanas. Claro que o time pode (e deve) melhorar dentro de campo, mas é difícil fazer omelete sem ovos não é? Falta qualidade no elenco do Botafogo. E não é de hoje. Lucas Figueiredo/CBF
TITE PRECISA ACORDAR PRA VIDA!
»Assim como você, eu também fiquei bem pistola com a Seleção
Brasileira. E ainda mais pistola com o Tite. A insistência em certos conceitos que só atrapalham ao invés de tirar o melhor de cada atleta dentro de campo. Não foi por acaso que o escrete canarinho só melhorou quando seu treinador resolveu mudar de esquema tático e deixar seus atletas nas suas posições de origem. Ou Tite abre o olho o quanto antes ou essa Copa América será recheada de gritos e sussurros.
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