Brasil de Fato RJ - 324

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RIO DE JANEIRO Ano 7

edição 324

12 a 18 de setembro de 2019

distribuição gratuita

brasildefato.com.br

/brasildefatorj

@Brasil_de_Fato

RJ Fotos: Divulgação

METRÔ DO RIO:

O BURACO DA GÁVEA É MAIS EMBAIXO

Decisão do governador de aterrar estação do metrô paralisa as obras que já custaram R$ 900 milhões aos cofres públicos. Entenda. GERAL, PÁG 5.

COPA DOS REFUGIADOS BUSCA INTEGRAÇÃO ATRAVÉS DO ESPORTE

Torneio quer mostrar a realidade de vida de pessoas que vieram para o Brasil fugindo de guerras, fome e perseguição. ESPORTES, PÁG 11.

SOB AMEAÇA DE DESPEJO, ASSENTAMENTO COMPLETA CINCO ANOS EM MACAÉ (RJ)

Com 63 famílias, assentamento Osvaldo de Oliveira é o primeiro Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) do estado. Saiba mais. GERAL, PÁG 4.

INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO SOFREM COM A PERDA DE AUTONOMIA

CEFET/RJ é uma das unidades afetadas pela nova política educacional do governo. GERAL, PÁG 3.


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GERAL

RJ

RIO DE JANEIRO, 12 A 18 DE SETEMBRO DE 2019

REPÓRTER SUS

CHARGE | Helô D'Angelo

ANA PAULA EVANGELISTA / SAÚDE POPULAR

Doulas e Defensoria do RJ criam canal de denúncias de violência obstétrica Site recebe denúncias e oferece cartilha de direitos das mulheres

Divulgação

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“violência obstétrica”, embora presente no cotidiano das mulheres grávidas, tem dados esparsos e frágeis, porém alarmantes. Há dificuldade em dimensionar o fenômeno. Estima-se que uma em cada quatro mulheres reconhece a ocorrência de violência durante o parto. As mulheres negras aparecem como as principais vítimas. No Repórter SUS, programa produzido em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz), Morgana Eneile, presidente da Associação de Doulas do Estado do Rio de Janeiro (ADoulasRJ), fala sobre o canal na internet para denunciar situações de violência obstétrica. É o violenciaobstetricafale.com.br. Morgana explica que o canal vai além do simples registro das denúncias. “A gente construiu um projeto que pudesse promover o acesso à informação de qualidade, não só sobre violência obstétrica, como os direitos das pessoas durante o ciclo gravítico puerperal, que é o que envolve a gestação, o trabalho de parto e o puerpério”. Numa parceria com a De-

Uma em cada quatro mulheres reconhece a violência durante o parto

fensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, o site lançado recentemente disponibiliza a cartilha "Gestação, parto e puerpério", paraa que as mulheres conheçam seus direitos, além de um formulário para registrar a denúncia. “Esse é um canal muito simples. Na verdade, o formulário é distribuído para o Nudem [Núcleo Especializado de Promoção dos Direitos da Mulher], de uma forma que a gente possa ir alimentando e constituindo essas denúncias. Nem todas se tornarão um processo jurídico, mas a relevância de que elas sejam denunciadas, tem a ver com a construção de políticas públicas,

a forma como a Defensoria pode atuar junto com a comissão de saúde, em torno da ação e fiscalização junto aos órgãos do executivo”. Outra expectativa de Morgana é de que no futuro a diversidade do sistema jurídico esteja apto a reconhecer não só a violência obstétrica, mas também que essas políticas possam ser tanto de prevenção do problema, como do reconhecimento dos danos que essa mulher possa vir a causar. Para denunciar uma violência que você viveu durante o parto, ou de alguém que foi vítima, acesse o site https://violenciaobstetricafale.com.br/denuncie.

RJ www.brasildefato.com.br redacaorj@brasildefato.com.br /brasildefatorj @Brasil_de_Fato (21) 99373 4327 (21) 4062 7105 CONSELHO EDITORIAL Alexania Rossato, Antonio Neiva (in memoriam), Carolina Dias, Igor Barcellos, Joaquín Piñero, Mario Augusto Jakobskind (in memoriam), Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam) | EDIÇÃO Mariana Pitasse e Vivian Virissimo | ADMINISTRAÇÃO Angela Bernardino, Júlia Procópio e Erivan Silva DISTRIBUIÇÃO Carolina Dias REDAÇÃO Clívia Mesquista, Denise Viola, Eduardo Miranda, Fernanda Castro, Filipe Cabral, Luiz Ferreira e Jaqueline Deister | DIAGRAMAÇÃO Augusto Erthal e Juliana Braga.


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GERAL

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Instituições federais de ensino sofrem com a perda de autonomia

FAT O S DA SEM A N A Divulgação

CEFET/RJ é uma das unidades afetadas pela política educacional de Bolsonaro JAQUELINE DEISTER

RIO DE JANEIRO (RJ)

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Divulgação

esde o dia 15 de agosto o Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (CEFET/RJ) entrou para o rol das instituições de ensino que, ao longo dos últimos nove meses de governo Bolsonaro, passou a sofrer algum tipo de intervenção direta do Ministério da Educação (MEC). A situação na unidade de ensino do Campus do Maracanã ficou conturbada desde a nomeação de Maurício Aires Vieira, assessor do ministro Abraham Weintraub, para o cargo de Diretor Geral pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL). A nomeação impediu que o professor eleito para o cargo, Maurício Saldanha Motta, tomasse posse. A eleição foi passível de questionamento no MEC pela chapa derrotada, mas, segundo funcionários da instituição, o resultado final foi homologado pela consultoria jurídica do MEC. De acordo com o Ministério da Educação, a nomeação de Vieira é legal e ocorreu pois o processo eleitoral do CEFET/RJestá sob análise. Segundo a nota enviada ao Brasil de Fato, o MEC justifica a designação do diretor em cará-

ter temporário “até que se concluam todos os trâmites de análise do processo de consulta à comunidade, bem como para dar continuidades à administração da instituição”. Vieira foi recebido com protesto de estudantes em todas as ocasiões em que esteve no CEFET/RJ, os alunos não reconhecem o assessor do MEC como diretor geral pro tempore. Porém, Vieira já iniciou o trabalho e, no último dia 29, exonerou o professor Maurício Saldanha Motta do cargo de vice-diretor da instituição. Para a professora e coordenadora do curso de Física do CEFET/RJ, Elika Takimoto, a interferência do governo federal nas instituições públicas de ensino está associada a implementação do programa Future-se, projeto que dá às universidades a função também de captar recursos para cobrir seus gastos. “Vemos que o ministro da Educação está nomeando e não respeitando a escolha das comunidades e não só no CEFET/RJ, como em outros lugares também e fora isso temos o Future-se que é uma tentativa de privatizar as universidades e ainda o conhecimento, fazer com que o conhecimento seja muito voltado para o mercado”, ressalta a professora.

CARIOCAS TRANSFORMAM CENSURA DE CRIVELLA EM MEMES

»»Cariocas criaram memes para abordar a censura do prefei-

to Marcelo Crivella a um livro exposto para venda na Bienal do Livro do Rio de Janeiro. O exemplar foi proibido de circular por que o prefeito considerou “conteúdo impróprio” uma gravura de um beijo entre dois homens. Para manifestar contra a grave ação do prefeito, internautas usaram o desenho em meio a cenários de problemas reais enfrentados por quem mora na cidade do Rio: tem os dois se beijando na ciclovia Tim Maia, em um imenso buraco na rua, pegando um ônibus superlotado, em meio a enchentes e lixo acumulado.

67% DOS BRASILEIROS DIZEM NÃO ÀS PRIVATIZAÇÕES »»Pesquisa Datafolha divulgada nesta semana pelo jornal

Folha de S.Paulo mostra que continua alta entre os brasileiros a rejeição ao projeto de privatização de empresas públicas e desmonte do Estado defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) e seu ministro da Economia Paulo Guedes. Segundo a pesquisa, 67% dos brasileiros são contra as privatizações, enquanto apenas 25% se dizem a favor. Os demais se disseram indiferentes ou não souberam responder.

BOLSONARO PLANEJA COBRAR IMPOSTO PARA SAQUES E DEPÓSITOS

»»O governo Bolsonaro planeja em sua proposta de reforma

Diretor interventor foi recebido com protesto de estudantes no CEFET/RJ

tributária que saques e depósitos em dinheiro sejam taxados com uma alíquota inicial de 0,4%. A cobrança integra a ideia do imposto sobre pagamentos, que vem sendo comparado à antiga CPMF. Já para pagamentos no débito e no crédito, a alíquota inicial estudada é de 0,2% (para cada lado da operação, pagador e recebedor).


GERAL

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Sob ameaça de despejo, assentamento completa cinco anos em Macaé (RJ) Com 63 famílias, assentamento Osvaldo de Oliveira é o primeiro Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) do estado CLÍVIA MESQUITA

Clívia Mesquita

RIO DE JANEIRO (RJ)

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espejo não, agroecologia sim” foi a palavra de ordem que marcou o ato político, realizado no último sábado (7), em homenagem ao quinto ano do assentamento Osvaldo de Oliveira, organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na região serrana de Macaé (RJ). As 63 famílias sem-terra que integram o assentamento estão apreensivas por conta de um processo de reintegração de posse determinado pelo Tribunal Regional Federal do Rio de Janeiro (TRF-RJ) em agosto deste ano. Apesar da ameaça de despejo, as famílias não deixaram de comemorar o aniversário do assentamento e inauguraram com entusiasmo uma casa de farinha e uma máquina para produzir tijolos de forma sustentável. O projeto da casa de farinha veio da necessidade de facilitar o transporte e aumentar a durabilidade das safras de aipim produzido no assentamento. O projeto foi financiado com recursos de incentivo à tecnologia social do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e executado em parceria com estudantes do curso de engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) de Macaé.

No sábado (7), foi comemorado o quinto ano do assentamento

SUSTENTÁVEL

»Motivo de orgulho para as famílias, o assentamento Os-

valdo de Oliveira se diferencia de outros por se categorizar como um Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS). Criado em 2014, é o primeiro PDS oficializado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) no estado do Rio de Janeiro. O objetivo principal é a preservação do meio ambiente e a produção de alimentos saudáveis, de forma agroecológica, sem uso de veneno.

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Armazém do Campo completa um ano no Rio de Janeiro com programação cultural REDAÇÃO RIO DE JANEIRO (RJ)

»»Há cerca de um ano, era inaugurado o Armazém do

Campo no Rio de Janeiro. Localizado em um casarão tradicional no bairro da Lapa, no centro da cidade, o espaço de comercialização organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) se tornou referência em alimentação saudável e cultura popular para os cariocas. São mais de 450 produtos orgânicos e agroecológicos, vindos de assentamentos da reforma agrária, empresas parceiras e pequenos agricultores. A coordenadora do Armazém do Campo no Rio, Angela Bernardino, explicou que a participação nas feiras não dava conta de escoar toda produção de alimentos do MST. A proposta da rede de lojas, presente em cinco estados, é comercializar diariamente os produtos e aproximar a população do debate sobre alimentação saudável. “É um desafio muito grande construir um espaço do MST que também é de resistência, ainda mais nesse período que a gente vive. Aqui no coração da Lapa um dos objetivos é dialogar com a sociedade que o MST não só ocupa a terra como também produz alimentos agroecológicos, sem veneno”, disse Angela, em entrevista ao Programa Brasil de Fato RJ. A grande variedade de produtos do Armazém vem de diversos estados como Goiás, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Já as frutas, verduras e hortaliças frescas vem dos assentamentos localizados no sul fluminense. O Armazém do Campo tem conquistado o público carioca não só pela qualidade dos produtos mas também por ter se tornado um importante ponto de encontro da cultura e da resistência política na cidade do Rio. A loja promove debates, lançamento de livros e apresentações culturais em um espaço acolhedor. Neste mês de setembro, acontece uma série de atividades em comemoração ao primeiro ano do Armazém. Serão quatro dias com programação de maracatu, forró e rodas de samba a partir desta quinta-feira (12), às 19h. O Armazém do Campo RJ está localizado na Avenida Mém de Sá, 135, na Lapa, no centro do Rio de Janeiro. Pablo Vergara

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HISTÓRICO

»Conhecido anteriormente como Fazenda Bom Jardim, o assentamento Osvaldo de Oliveira está localizado no distrito Córrego do Ouro, no município de Macaé, região norte fluminense. A propriedade foi considerada improdutiva pelo Incra em 2010, sendo decretada para fins de reforma agrária. No mesmo ano, cerca de 300 famílias do MST ocuparam as terras da fazenda no dia 7 de setembro com o objetivo de pressionar a desapropriação que aconteceu em 2014. Este ano, a decisão do desembargador do TRF-RJ deu prazo de 90 dias e prevê a utilização de força policial caso não seja desfeito o assentamento.

Espaço de comercialização é localizado na Lapa, no Rio


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GERAL

RIO DE JANEIRO, 12 A 18 DE SETEMBRO DE 2019

Metrô do Rio: o buraco da Gávea é mais embaixo

Divulgação

Decisão do governador de aterrar estação do metrô paralisa as obras que já custaram R$ 900 milhões aos cofres públicos EDUARDO MIRANDA

RIO DE JANEIRO (RJ)

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população fluminense foi surpreendida na semana passada pela decisão do governador Wilson Witzel (PSC) de aterrar o buraco da estação de metrô da Gávea, na Zona Sul do Rio, e não dar continuidade às obras, que já custaram R$ 900 milhões aos cofres públicos. Segundo Witzel, seria necessário mais de R$ 1 bilhão para o término da estação. Administrador da página “Metrô que o Rio precisa” no Facebook e ex-coordenador de transporte em gestões municipais passadas, Atílio Flegner publica frequentemente mapas de projetos antigos de expansão metroviária. Em entrevista ao Programa Brasil de Fato, ele afirmou que pelos gastos e pelo bem da população a intenção do governador não se justifica. “Mais de 40% das obras estão concluídas. O túnel de São Conrado à Gávea está praticamente pronto, tem até trilho e faltam apenas 10 metros para chegar à estação. Só não abriram o

buraco para que a água que colocaram não invada o túnel”, explica Flegner, acrescentando que faltam 1.200 metros para ligar o Leblon à estação da Gávea, “o que é muito pouco em termos de metrô”, afirma ele. Apesar de denúncias de corrupção e falta de planejamento nas obras do metrô fazerem parte de governos passados, o pesquisador do Observatório das Metrópoles, Juciano Rodrigues, diz que a decisão de Witzel mostra a incapacidade do governo em pensar políticas eficientes para a população e o transporte público. GOVERNO “O governo pode até dizer que está resolvendo um problema do governo passado, mas ele mostra que não tem capacidade de apontar caminhos e soluções. O governador tinha consciência desses problemas quando se candidatou, e isso em curto e médio prazo vai se refletir no custo e na qualidade de vida da população”, afirma Rodrigues, doutor em urbanismo vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Decisão de Witzel surpreendeu população; obras da estação da Gávea já estão 40% concluídas

O governo pode até dizer que está resolvendo um problema do governo passado, mas ele mostra que não tem capacidade de apontar soluções" Juciano Rodrigues, pesquisador do Observatório das Metrópoles

DESMENTIDO »Nesta terça-feira (10), o Tribunal de Contas do Es-

tado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) disse que a justificativa do governador Wilson Witzel (PSC) para aterrar a estação e interromper as obras por conta de bloqueio dos recursos não procede. “O Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) vem a público esclarecer que não existe qualquer decisão plenária da Corte de Contas que impeça o Governo do Estado de aportar recursos nas obras da Estação Gávea da Linha 4 do metrô, ao contrário do que vem sendo divulgado pelo Governo”, afirma a nota.

PROJETO

»Um mapa de expansão do metrô do final da década de 1970 mostra que o projeto original tinha seis linhas, uma delas passando por Niterói e chegando a Itaboraí, na região metropolitana. Os únicos trechos concretizados são a Linha 1 (Uruguai – General Osório), a Linha 2 (Pavuna – Botafogo) com modificações, e um trecho também alterado e reduzido da Linha 4 (Ipanema - Barra da Tijuca). O administrador da página “Metrô que o Rio precisa” conta que a Linha 4, onde está a estação Gávea, não tem o trajeto original, que deveria fazer o caminho pelas seguintes estações: Jardim Oceânico, São Conrado, Gávea, Jardim Botânico, Humaitá, Botafogo. Mas o governo estadual resolveu “esticar” a General Osório, em Ipanema, até Jardim Oceânico, na Barra.

?

Apontado por especialistas como o transporte mais eficiente VOCÊ SABIA em cidades de grande porte, no caso do Rio de Janeiro, o metrô da capital fluminense tem apenas 50 quilômetros de extensão. Em projetos antigos, a ideia é que em 1990 a expansão do metrô do Rio já tivesse chegado a 67 quilômetros de linhas.


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GERAL

Receita Federal libera consulta ao 4º lote de restituição do Imposto de Renda 2019 REDAÇÃO

RIO DE JANEIRO (RJ)

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Receita Federal liberou na última segunda-feira a consulta ao quarto lote de restituições do imposto de Renda Pessoa Física ( IRPF) de 2019 (ano-base 2018).

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Basta acessar o site ou ligar para o Receitafone 146. Outra opção é usar o aplicativo Pessoa Física. É preciso informar o número do CPF . O quarto lote inclui 2.819.522 contribuintes e o crédito do dinheiro será feito no dia 16 de setembro na

conta indicada no momento da declaração. No total, serão pagos R$ 3,5 bilhões. Também estão incluídas restituições residuais dos exercícios de 2008 a 2018. Para as restituições referentes a este ano, a correção será de 2,58% (acumulado

de maio a setembro). Para as devoluções mais antigas, de 2008, o percentual aplicado será de 111,36% (variação de maio de 2008 a setembro de 2019). A restituição ficará disponível para saque por um ano. Dessetotal,R$226.805.119,93

referem-se ao quantitativo de contribuintes de que tratam o art. 16 da Lei nº 9.250/95 e o Art. 69-A da Lei nº 9.784/99, sendo 5.746 contribuintes idosos acima de 80 anos, 37.622 contribuintes entre 60 e 79 anos, 4.719 contribuintes com alguma deficiência física ou mental ou moléstia grave, e 15.267 contribuintes cuja maior fonte de renda seja o magistério.

Empresa abandona negociação e funcionários dos Correios entram em greve JUCA GUIMARÃES

»»Os

SÃO PAULO (SP)

trabalhadores dos Correios, organizados em 36 sindicatos e duas federações, aprovaram na noite de terça-feira (10) greve por tempo indeterminado que pretende alcançar todo o país. A paralisação começou mais forte em São Paulo e no Rio de Janeiro. Segundo os sindicatos, cerca de 7 mil trabalhadores participaram das assembleias nestas duas capitais. Antes de cruzar os braços, os sindicatos fizeram dez reuniões com a empresa. Porém, a estatal abandonou a negociação sem fechar o acordo coletivo, que estava sendo mediado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST). “A empresa abandonou as negociações e não deixou alternativas além da greve, que começou forte em São Paulo e no Rio de Janeiro. A tendência é ampliar”, disse Douglas Melo diretor do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de SP. Os Correios informaram, em nota para o Brasil de Fato, que é "insustentável" a proposta dos trabalhadores considerando o "projeto de reequilíbrio financeiro da empresa" que teve, segundo a estatal, prejuízo acumulado de R$ 3 bilhões. No entanto, os dados divulgados pelo ex-presidente dos Correios, o general Juarez Cunha, demitido em junho, depois de se posicionar contra a privatização dão conta de um resultado financeiro positiva no balanço da estatal. Em 2018, a arrecadação somou R$ 19,69 bilhões e as despesas somaram R$ 19,53 bilhões, gerando um saldo de R$ 161 milhões. . Os trabalhadores querem também o fim do projeto de privatização da empresa. Para os sindicalistas, a privatização acabaria com a integração nacional promovida pelos Correios, que atende todas as cidades do país. Na lógica empresarial, só haveria interesse em manter as operações nas 324 cidades que dão lucro.


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GERAL

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Moro escondeu gravações para impedir posse de Lula como ministro de Dilma em 2016

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Mais de 40% dos desmatamentos na Amazônia acontecem em áreas públicas JUCA GUIMARÃES

Evaristo Sá/AFP

SÃO PAULO (SP)

Ex-juiz Sergio Moro é atual ministro de Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro REDAÇÃO

SÃO PAULO (SP)

U

ma reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo no último domingo (8), com informações obtidas pelo The Intercept Brasil, mostrou que os grampos de conversas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em março 2016, divulgados ilegalmente pelo então juiz Sergio Moro, eram seletivos. As mensagens deixam claro que o magistrado pretendia reforçar a hipótese de que Lula aceitara um convite para ser ministro-chefe da Casa Civil como forma de obstruir a Justiça – todos os diálogos que contrariavam essa narrativa foram mantidos em sigilo. Na ocasião, Moro divulgou à Rede Globo uma conversa entre a então presidenta da República, Dil-

ma Rousseff (PT), e Lula, o que levaria o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, a suspender a nomeação de Lula como ministro. As conversas entre membros da força-tarefa da Lava Jato no aplicativo Telegram divulgadas no último domingo, no entanto, mostram que a entrada de Lula no governo tinha como objetivo “salvar” o governo em crise, por meio de uma tentativa de reaproximação com Temer e o MDB. É essa a preocupação que o presidente expressa em quase todos os telefonemas omitidos por Moro. O assunto teria sido discutido entre o juiz e integrantes do Ministério Público. Moro pediu relatórios com transcrições dos diálogos considerados mais relevantes. Em 15 de março, na véspera da nomeação de Lula, a polícia anexou aos autos da

investigação 44 arquivos de áudio. Membros da força-tarefa entendiam como irregular a decisão de Moro de levantar o sigilo e divulgar parte dos áudios. Cinco dias depois do vazamento, o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, suspendeu as decisões de Moro, afirmando que o sigilo havia sido levantado “sem nenhuma das cautelas exigidas em lei”. Mesmo assim, a anulação da posse de Lula como ministro foi mantida. Em nota, os advogados de Lula disseram que a reportagem “auxilia a reconstrução da verdade histórica e expõe as grosseiras ilegalidades praticadas por Moro e pelos procuradores da Lava Jato contra o ex-presidente Lula, contra os seus advogados, e também contra o STF".

»»A Campanha “Seja Legal com a Amazônia”, lançada na última semana, em São Paulo, tem como objetivo principal cobrar ações do governo federal e da Justiça para inibir a expansão do roubo de terras públicas na região da Amazônia. As áreas de grilagem, após a derrubada da floresta, são usadas principalmente para criação de gado e plantação de soja. Este tipo de desmatamento, segundo a campanha, é responsável por mais de 40% das áreas de queimadas na região, ou 65 milhões de hectares, duas vezes o tamanho da Alemanha e 15% da área total da floresta. “A gente não precisa mais desmatar para crescer, precisa cumprir a lei. O Código Florestal é o elemento central da organização do nosso território produtivo e das nossas paisagens”, disse André Guimarães, da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura e diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). Entre janeiro e agosto deste ano, foram registrados 9 mil focos de incêndio em terras públicas da Amazônia. Outros 3,1 mil focos aconteceram em áreas já demarcadas como zonas de conservação. De acordo com a campanha, a grilagem é o principal agente de devastação ambiental na Amazônia. Na área de floresta pública, foram registrados 31% dos alertas de desmatamentos deste ano. Por outro lado, segundo dados do Ipam, 33% das queimadas foram realizadas em terras privadas, ou seja, fazendas que já contam com o cadastro ambiental rural (CAR).


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CULTURA & LAZER

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Nathalia Souza

DICAS MASTIGADAS

Aprenda a fazer uma versão abrasileirada dos nachos mexicanos No Brasil, a comida mexicana é consumida com guacamole Divulgação

O “segurança” da areia Entre becos e vielas do Rio, personagem de Jorge Amado não é ficção VINICIUS ANDRADE ANA BEATRIZ EVANGELISTA TATIANA LIMA

RIO DE JANEIRO (RJ)

Nachos são tortilhas de milho crocantes em formato de triângulo GABRIELLA MESQUITA

SÃO PAULO (SP)

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Nacho é uma comida de origem mexicana, que recebeu esse nome por conta de seu inventor, Ignacio Nacho Anaya. A forma mais comum de

Ingredientes: •  1 xícara de farinha de trigo; •  1 xícara de farinha de milho (fubá) não-transgênico; •  1/2 xícara de água; •  2 colheres de sopa de azeite; •  1 colher de sopa de páprica defumada;

se fazer esse prato é com tortilhas de milho crocantes em formato de triângulo, com queijo e pimenta jalapeño. No Brasil e em outros países, a comida mexicana ficou muito popular com as tortilhas, enciladas, nachos, burritos, tacos e o famoso guacamole. •  1 colher de café de pimenta caiena (vai ficar bem picante); •  1 colher de sopa de orégano; •  1 colher de chá de sal. Observação: Caso você prefira fritar a massa, vai precisar de bastante óleo também. Mas dá para fazer assado.

Modo de preparo: 1. Aqueça o forno a 200 graus. Depois, misture todos os ingredientes numa tigela e trabalhe a massa com as mãos até ficar bem incorporada e nada farelenta. Como se fosse um pão; 2. Unte uma mesa ou bancada da sua cozinha com farinha de trigo e dê uma leve sovada na massa. Faça uma bolinha e abra com um rolo de macarrão ou garrafa de vidro. Vá amassando até a massa ficar bem lisinha e fininha; 3. Transfira essa massa para uma assadeira, com cuidado para não quebrar. 4. Em seguida, faça riscos em forma de triângulo com uma faca. Daí, é só assar a 180 graus por cerca de 10 minutos. Cuidado para não deixar a massa queimar. 5. Se sobrar, você pode guardar num pote bem fechado ou vidro por até 3 dias. Depois disso vai começar a ficar menos crocante. Se você fizer a versão frita, vai durar mais.

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edro Bala, Sem Perna e Pirulito são alguns dos personagens da clássica obra de Jorge Amado, “Capitães da Areia”. Lançada há 87 anos, o romance retrata o cotidiano de adolescentes abandonados, que vivem nas ruas sobrevivendo de furtos. É um retrato real da vida de jovens que vivem em favelas do Rio de Janeiro, a 1700 km da capital baiana (lugar que ambientou a obra). Em um domingo de sol, o "Segurança da Areia" enrola um cigarro de maconha sentado na areia da praia de Ipanema, lugar que não pisava há quase dois anos. O mesmo tempo que entrou para o tráfico de drogas. No morro, ele é a sombra de um dos “donos da favela”, chamado por todos de segurança. Ele, diferente dos outros personagens do livro, não é órfão, mas foi abandonado pelo Estado. O passeio raro feito ao lado do irmão e do primo teve direito a tudo: camarão, açaí e cervejas. Mas para conseguir descer para o asfalto, teve que pedir liberação com antecedência. O dono do morro liberou a “meta”: R$500. A grana foi dividida: “100 pra minha mãe, 50 pra minha avó, e 50 pra bisa”, conta. Há três décadas no Rio, a reposta do governo contra o tráfico é truculenta. A “meta” do atual governador Wilson Witzel é “mirar na cabecinha”. Entre janeiro e julho de 2019, o número de

mortes em confrontos com a polícia foi de 1.075 casos, segundo o Instituto de Segurança Pública do governo. Nunca se matou tanto. O "Segurança da Areia" garante que não teve escolhas. Sem incentivo na escola, com apenas 14 anos, viu-se imerso no tráfico. As únicas referências masculinas do jovem também seguiram esse caminho. Hoje, com 16 anos, enquanto alguns sonham com a universidade, ele sonha apenas em ser camelô como alguns amigos de infância, que conseguem dessa forma ganhar dinheiro honesto e limpo. A história do "Segurança da Areia" pode se encaixar em romance de ficção, mas é a realidade de diversos jovens que moram em favelas do Rio. A cidade cartão postal que une beleza e caos, vive há décadas o genocídio da população preta e pobre.

» Esse texto foi produzido original-

mente por estudantes do Curso de Comunicação Popular do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), quando a equipe de comunicadores realizava uma apuração sobre mobilidade urbana para chegar à praia para o jornal Vozes das Comunidades de 2019. Foi quando encontraram o “segurança da praia” dentro do metrô e, conversando com ele, descobriram sua história. Ela nos ajuda a tentar compreender um pouco melhor sobre a cidade que vivemos para além das notícias factuais dos jornais que narram o Rio de Janeiro.


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CULTURA & LAZER

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LANÇAMENTO

“Mal sabiam eles que nós somos a tempestade”, diz escritora Elika Takimoto sobre novo livro Uma das suas inspirações, conta a autora, é Marielle Franco, vereadora carioca executada a tiros Divulgação

ANA CAROLINA CALDAS

CURITIBA (PR)

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oi na cidade de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, em um dos atos “Ele Não”, contra Bolsonaro, que a então candidata a deputada estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT), a professora de física Elika Takimoto, falou pela primeira vez sobre o tema de seu livro "Nós somos a tempestade". Brasil de Fato - Como começou sua trajetória de escritora? Elika Takimoto - Sempre li muito desde muito nova. Mas, por incrível que pareça eu sempre tirei zero em redação. Então a escola me fez acreditar que eu não sabia escrever bem, porque eu fazia duas coisas que são er-

O que aconteceu com a Marielle nos assusta muito. Então para ir contra o medo, temos que continuar espalhando sementes e ideias." Elika Takimoto é famosa por suas atividades nas redes sociais

ros inaceitáveis para uma redação escolar: uma era escrever em primeira pessoa e a outra era fugir do tema. Eu sempre gostava e gosto de escrever o que me emociona, e então, às vezes, fugia do tema. Mas o tempo vai passando, continuo lendo muito, e ainda desejando escrever. Até que com 33 anos eu escrevo minha primeira

crônica que se chama Beleza Suburbana, mandei para um amigo escritor por email e ele falou para eu abrir um blog e publicar. Assim, nasceu o meu blog “Minha vida é um blog aberto”, onde escrevo o que me dá na telha sempre em primeira pessoa. Por que “Nós somos a tempestade”?

Eu estive em Campos durante a campanha e em um dos atos do “Ele não”, com a praça lotada, me chamaram para falar. Eu já estava acompanhando o dia na internet e vi que o outro lado estava debochando dos atos "Ele Não". Então, movida por uma força peguei o microfone e falei de forma muito enfática que haviam sussurrado no meu ouvido, sussurraram no ouvi-

do de Marielle, sussurraram no ouvido de várias mulheres perguntando se não, não tínhamos medo da tempestade e mal sabiam eles que nós somos a tempestade. Essa história, inclusive não é contada no livro. Estou contando de forma inédita para vocês. Você tem medo? Ao reler o livro eu chorei, me emocionei muito e a palavra que mais aparece é medo. Às vezes escrevo que sinto medo, às vezesque não e outras que estou lidando com ele. Mas a gente tem que ir com medo mesmo. O medo não pode nos silenciar. O que aconteceu, por exemplo, com a Marielle nos assusta muito. Mas se a gente ficar calado, a gente enterra Marielle de vez. Então para ir contra o medo, temos que continuar espalhando sementes e ideias.

SEM VENENO

Filme sobre MST será exibido na assembleia geral da ONU »Com mais de 50 mil visualizações em 19 dias

de competição o curta-metragem "O que é agroecologia", produzido por Rafael Forsetto e Kiane Assis – que mostra o trabalho de agricultores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na zona rural de Lapa (PR) – venceu a categoria "alimentação e saúde humana" do Global Youth Video Challenge, das Nações Unidas. Agora, a obra será exibida durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) fará o discurso de abertura no próximo dia 24,

em Nova Iorque, nos Estados Unidos. No assentamento Contestado, a produção de alimentos sem agrotóxicos, por meio de sistemas agrícolas que utilizam todos os recursos naturais sem desmatar, ajudam a colocar comida saudável na mesa dos trabalhadores da região sem contaminar a terra, a água e a saúde de quem planta e de quem come. A produção é respaldada pela Escola Latino Americana de Agroecologia. Construída junto à Via Campesina, a instituição colabora na difusão de modelos de produção alternativos ao agronegócio.


10 MUNDO

RJ

RIO DE JANEIRO, 12 A 18 DE SETEMBRO DE 2019

Brendan Smialowski / AFP

AMÉRICA CALIENTE

JOAQUÍN PIÑERO

Colômbia ameaça Venezuela na fronteira mais militarizada da América do Sul Nos últimos dias se percebe uma retomada dos ataques à Venezuela AFP

Forças Armadas da Venezuela estão em alerta contra um possível ataque à soberania do país

O

clima voltou a esquentar na fronteira mais mili- Maduro tarizada da América do Sul. O serviço de inteli- anunciou gência venezuelano identificou a movimentação e treinamentos de grupos paramilitares na região fron- uma série de teiriça do Departamento de Guajira na Colômbia, além exercícios de ter evitado atentados à bomba contra alvos do gover- militares entre no em Caracas. Nos últimos dias se percebe uma retomada dos ataques à 10 e 29 de Venezuela que vão desde o criminoso embargo econômico setembro nos e bloqueio total impostos pelos EUA, passando pela tentatiestados de Zulia, va de isolamento no campo diplomático e agora a ameaça Táchira, Apure e de invasão militar. Em março de 2018, o Comando Sul dos EUA tornou pú- Amazonas blica uma informação sobre sua estratégia para a América Latina e Caribe. Nela mencionou que nos próximos dez anos, os principais “perigos” ou “ameaças” identificadas e que devem ser combatidas são Cuba, Venezuela e Bolívia, além da crescente influência de China e Rússia na região. E a Colômbia passa a ser aliada mais que estratégica dos EUA, principalmente por sua nova condição de país parceiro global da OTAN. Recentemente o presidente colombiano Ivan Duque subiu o tom contra o governo de Nicolás Maduro acusando-o de dar apoio aos guerrilheiros das FARC-EP que retomaram a luta armada depois do fracassado acordo de paz assinado em 2016. Diante desse cenário, o presidente Nicolás Maduro, ordenou, na última semana, que as Forças Armadas da Venezuela fiquem em alerta contra um possível ataque à soberania do país. E anunciou uma série de exercícios militares entre 10 e 29 de setembro nos estados de Zulia, Táchira, Apure e Amazonas, que fazem divisa com a Colômbia. Enquanto isso, o Brasil, que outrora atuava decisivamente para moderar e evitar esses conflitos na região, agora é ignorado sistematicamente.

TRUMP DEMITE JOHN BOLTON O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou pelo Twitter na última terça-feira (10) que demitiu o assessor de Segurança Nacional, John Bolton. Trump não explicou o motivo da decisão. Segundo o jornal New York Times, a saída de Bolton vem em meio a tentativas do presidente norte-americano de buscar "aberturas diplomáticas" com a Coreia do Norte e o Irã, dois países que a administração Trump entrou em conflito ao longo do mandato. Bolton foi responsável por diversas políticas hostis com relação ao Oriente Médio e a América Latina durante o governo Trump.

COLÔMBIA

Por que parte das Farc decidiu voltar à luta armada apesar de acordo de paz? TIAGO ANGELO SÃO PAULO (SP)

»»Um grupo de ex-comandantes das Forças Arma-

das Revolucionárias da Colômbia (Farc) anunciou no último dia 29 seu retorno à luta armada. A medida, segundo eles, é uma resposta ao que chamaram de “traição do Estado colombiano aos acordos de paz”, pacto assinado em 2016 entre a então guerrilha e o governo da Colômbia. Se por um lado o acordo de paz agradou organismos internacionais e rendeu um Prêmio Nobel da Paz a Juan Manuel Santos, o caminho para a implementação dos pontos pactuados se mostrou mais complicado. Além disso, a perseguição política contra ex-membros da guerrilha não cessou. O presidente da Colômbia, Iván Duque, reagiu imediatamente após os dissidentes anunciarem seu retorno à luta armada. O mandatário comunicou que o país oferecerá uma recompensa de 3 bilhões de pesos colombianos (aproximadamente US$ 860 mil) para informações que levem à captura dos guerrilheiros.


11

ESPORTES

RIO DE JANEIRO, 12 A 18 DE SETEMBRO DE 2019

ACNUR/Emiliano Capozoli

RJ

BRASILEIRÃO 19ª RODADA

FLA

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SAN

SÁB 14/09/2019 MARACANÃ 17:00

PAL

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CRU

SÁB 14/09/2019 ARENA PALMEIRAS 19:00

CHA

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VAS

SÁB 14/09/2019 ARENA CONDÁ 19:00

CEA

x

BOT

SÁB 14/09/2019 CASTELÃO (CE) 21:00

O tema da Copa deste ano é “Reserve um minuto para ouvir uma pessoa que deixou o seu país”

Copa dos Refugiados busca integração através do esporte

Torneio quer mostrar a realidade de pessoas que fugiram de guerras, fome e perseguição TAYGUARA RIBEIRO

SÃO PAULO (SP)

C

om o intuito de integrar através do esporte, o Brasil sedia mais uma Copa dos Refugiados e Imigrantes. O torneio de futebol busca mostrar as realidades das vidas dessas pessoas para o público brasileiro e, assim, contribuir com a luta contra os preconceitos, as discriminações e a xenofobia. Entre as equipes estão as seleções da República Democrática do Congo, Cabo Verde, Gana, Paquistão, Haiti, Guiné, Colômbia e Venezuela.

Organizado pela ONG África do Coração, com o apoio do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), a competição surgiu em 2014, em São Paulo. Na edição deste ano, o torneio, que começou no segundo fim de semana de agosto, está dividido em etapas regionais que acontecem nas cidades de Brasília, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Curitiba, Recife, e São Paulo. As seleções vencedoras de cada fase disputam as finais, em novembro, no Rio de Janeiro, em data ainda a ser definida. Os jogadores representam não apenas as seleções dos seus países de ori-

MUNDIAL

Seleção Brasileira de Vôlei conhece os adversários na Copa do Mundo A seleção feminina luta pelo título inédito e a masculina pelo tri

gem, como também as cidades e estados em que foram acolhidos ao chegar no Brasil. O tema da Copa deste ano é “Reserve um minuto para ouvir uma pessoa que deixou o seu país”. Serão cerca de 1.120 atletas de 39 nacionalidades participando do torneio. Os jogadores são solicitantes de refúgio, refugiados reconhecidos e imigrantes. Um deles é Ibrahim Macaba, capitão da equipe da Guiné Conacri, há seis anos morando no Brasil.’’ “Eu agradeço muito ao povo brasileiro. Que nos ajuda. Eu estou muito satisfeito com todas as coisas porque nesse país a gente tem paz’’, relata.

» Na semana passada, foram apresentados os adversá-

rios das seleções brasileiras feminina e masculina de vôlei na busca da Copa do Mundo, que serão realizados no Japão. A seleção feminina luta pelo título inédito e a masculina pelo tri. A Copa Feminina acontece entre os dias 14 e 29 de setembro e o Brasil começa encarando a Sérvia. Já a Masculina, será na sequência entre os dias 1 e 15 de outubro, com o Brasil disputando na quadra contra o Canadá.

CAM

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INT

DOM 15/09/2019 INDEPENDÊNCIA 11:00

CAP

x

AVA

DOM 15/09/2019 ARENA DA BAIXADA 11:00

GRE

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GOI

DOM 15/09/2019 ARENA DO GRÊMIO 16:00

FLU

x

COR

DOM 15/09/2019 MANÉ GARRINCHA 16:00

BAH

x

FOR

DOM 15/09/2019 FONTE NOVA 16:00

SAO

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CSA

DOM 15/09/2019 MORUMBI 19:00 TABELA CLASSIFICAÇÃO 1 Flamengo 2 Santos 3 Palmeiras 4 Corinthians 5 São Paulo 6 Internacional 7 Bahia 8 Atlético-MG 9 Athletico-PR 10 Botafogo 11 Grêmio 12 Ceará 13 Fortaleza 14 Goiás 15 Vasco 16 Cruzeiro 17 Fluminense 18 CSA 19 Chapecoense 20 Avaí

P 39 37 36 32 31 30 30 27 26 26 25 21 21 21 20 18 15 15 14 10

J 18 18 18 18 18 18 18 18 18 18 18 18 18 18 18 18 18 18 18 18

V 12 11 10 8 8 9 8 8 8 8 6 6 6 6 5 4 4 3 3 1

SG 23 12 15 10 8 6 6 3 7 -1 2 1 -4 -12 -9 -11 -9 -17 -14 -16


12 ESPORTES

RIO DE JANEIRO, 12 A 18 DE SETEMBRO DE 2019

PAPO ESPORTIVO

LUIZ FERREIRA

PRECISAMOS FALAR SOBRE HOMOFOBIA NO FUTEBOL

DIRETAMENTE NO SEU CELULAR,BASTA SALVAR O NÚMERO (21) 993734327 NOS SEUS CONTATOS E ENVIAR UM OI EM NOSSO WHATSAPP.

FLUMINENSE SEGUE SEU CALVÁRIO »A maneira como o Fluminense foi

Rafael Ribeiro/Vasco

E

ste colunista disse certa vez em participação no Programa Brasil de Fato Rio de Janeiro que o futebol iniciava a sua quarta grande revolução. A primeira havia sido a mudança da regra do impedimento em 1925. A segunda aconteceu em 1974, quando a Holanda assombrou o mundo com o chamado “Futebol Total”. A terceira se passou no final da década de 1980 com o histórico Milan de Arrigo Sacchi e a introdução de conceitos utilizados até hoje. Mas e a quarta revolução? Ela teve início no dia 25 de agosto de 2019. Foi nessa data que o árbitro Anderson Daronco paralisou o jogo entre Vasco e São Paulo por conta de gritos homofóbicos vindos das arquibancadas de São Januário. A reação dos torcedores e de boa parte da mídia foi de surpresa. Alguns falaram em tom de deboche sobre o “fim do futebol raiz” e a “vontade da FIFA e da CBF de acabar com a festa das torcidas nas arquibancadas”. Outros levantaram questões mais rasas e classificaram gritos como “time de veado” como “parte da cultura do futebol”. Bom, se partirmos do princípio de que o velho e rude esporte bretão foi dominado por homens desde a sua criação na metade de PARA RECEBER sécuAS MATÉRIAS DO BRASIL DE FATO lo

RJ

derrota pelo Palmeiras na última terça-feira (10) foi de dar vergonha. O time não esboçou a menor reação. E a impressão que fica é que Oswaldo de Oliveira já está desgastado com jogadores e torcida.

FLAMENGO TEM JOGO DECISIVO CONTRA O SANTOS »A partida contra o Santos no pró-

ximo sábado (14) vale demais para o Flamengo. Pode ser a consolidação da liderança no Brasileirão. Todo cuidado será pequeno diante da equipe de Jorge Sampaoli.

O jogo entre Vasco e São Paulo foi interrompido por gritos homofóbicos

XIX, isso até que faz sentido. É só observarmos como tratamos o futebol feminino nas últimas décadas e como reagimos ao vermos qualquer manifestação pró-LGBT nas arquibancadas e nas redes sociais. Já ouvi mais de uma vez que somos nós mesmos em duas situações da nossa vida: quando tomamos um porre e quando estamos nas arquibancadas vendo nosso time em campo. E isso diz muito sobre nós. É um problema que transcende a esfera esportiva. Reproduzimos a mesma visão que expulsa, agride e mata homossexuais dentro e fora do futebol em outros níveis. O ex-jogador Neto foi muito feliz quando levantou a questão em seu programa na BAND ao per-

guntar para os comentaristas (alguns ex-jogadores como ele) sobre atletas que acabaram tendo que sair do esporte por conta de opção sexual. O racista, o homfóbico, segundo ele, “nem são gente”. Essa fala pode ser um pouco pesada. Mas se entendemos que abrimos mão da nossa Humanidade toda vez que agimos de maneira preconceituosa, isso começa a fazer muito sentido. A quarta revolução do futebol não é tática ou técnica. Ela passa por algo semelhante ao que o grande Nelson Mandela falava: “O esporte tem o poder de mudar o mundo. Tem o poder de inspirar, tem o poder de unir as pessoas de um jeito que poucas coisas conseguem”.

LUXEMBURGO PRECISA TER CUIDADO COM O QUE FALA »Se

Vanderlei Luxemburgo continuar falando que a briga é contra o rebaixamento e que “não tem o elenco que quer no Vasco”, as coisas podem ficar complicadas. O técnico pode até perder o grupo por conta de declarações como essa.

EDUARDO BARROCA ACHOU A FORMAÇÃO DO TIME »Marcinho no meio-campo junto de Cícero e Alex Santana. Eduardo Barroca achou a formação ideal do Botafogo. Agora é corrigir os problemas e seguir o caminho. O Botafogo pode chegar mais longe do que muita gente pensa.


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