Brasil de Fato RJ - 346

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EDIÇÃO 346

Ano 8

18 a 24 de novembro de 2021

distribuição gratuita

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Arte: Michele Gonçalves

RJ

POR QUE NOVEMBRO É MÊS DA CONSCIÊNCIA NEGRA? Confira nesta edição do Brasil de Fato um especial sobre a conquista de direitos do povo negro e entenda como alguns comentários que parecem inocentes alimentam o racismo. ESPECIAL, PÁGS 5, 6, 7 E 8. Stefano Figalo/Brasil de Fato

PAPO NA LAJE: PROGRAMA FEITO POR JOVENS DA PERIFERIA ESTREIA NA TV

SELEÇÃO BRASILEIRA: FINALMENTE TEMOS UM TIME COMPETITIVO

Leia os comentários do jogo da semana, além dos pitacos sobre os times cariocas. ESPORTES, PÁG 12.

Todas as quintas, o semanal é transmitido no canal do YouTube e na TV Comunitária do Rio. GERAL, PÁG 3.

ACESSE AS NOTÍCIAS DO BRASIL DE FATO RJ TAMBÉM PELO CELULAR, ATRAVÉS DO QR CODE Lucas Figueiredo/CBF


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GERAL

RJ

EDIÇÃO 346 18 A 24 DE NOVEMBRO DE 2021 Divulgação

EDITORIAL

MARÍLIA MENDONÇA SERÁ HOMENAGEADA NO GRAMMY LATINO

Os pilares da desigualdade

A cantora e compositora Marília Mendonça, que morreu vítima de um acidente aéreo em Minas Gerais no dia 5 de novembro, vai ser homenageada na cerimônia do Grammy Latino. O tributo está sendo organizado pela cantora Anitta, que vai apresentar a premiação neste ano. Segundo a carioca, uma solenidade relembrará a história da sertaneja. “Realmente, eu vou me apresentar no Grammy Latino. Quando aconteceu a fatalidade, eu conversei com os organizadores e perguntei se seria possível fazer um musical com as canções dela. Eles foram ver o que era possível, houve uma grande conversa. Será uma solenidade”, explicou Anitta.

E

sta edição impressa do Brasil de Fato RJ celebra a resistência de duas minorias que, de fato, em números absolutos, são maioria: as mulheres e os negros, ambas com mais de 50% da população brasileira. Mas, em termos políticos, são minorias esmagadas pelo assédio, a agressão, o ódio e o preconceito. Novembro é um mês especial para ambas, abrigando tanto o enfrentamento da violência de gênero quanto o combate à violência racista. Uma em cada quatro mulheres foram agredidas física, sexual ou psicologicamente em 2020. A cada minuto, oito mulheres apanharam. Na maioria, os agressores foram companheiros, ex-companheiros, namorados ou ex-namorados. O lar, e não a rua, é onde mora o perigo. E se, além de mulher, for negra, o risco aumenta. É o que diz pes- Mulheres e negros quisa do Forum Brasileiro de Se- sempre pagaram gurança Pública. Os negros, ali- um preço alto por ás, representam 77% das vítimas de homicídio. Comparados aos viverem em um brancos, têm mais do dobro de país brutal chance de serem assassinados. Com a segunda maior população negra do planeta – atrás somente da Nigéria - o Brasil sempre fugiu desse espelho. Campeão das três Américas na compra de escravizados - 5 milhões – negou quase tudo aos seus descendentes. Mulheres e negros sempre pagaram um preço alto por viverem em um país brutal. Hoje, essa brutalidade se exaspera sob o impulso de tempos ainda mais ferozes. À discriminação e à violência juntam-se a fome, o desemprego, o arrocho, a carestia, a doença. O Brasil fechou 2020 como o 7º país mais desigual do mundo. Pior do que nós apenas nações africanas. Se, em 2019, quase a metade da riqueza foi para o 1% mais rico da população, em 2020 esse grupinho faturou ainda mais: 49,6%. É algo que demonstra que, ao lado dessas duas lutas imprescindíveis, existe aquela maior, que une todas as lutas, e nos leva a caminhar juntos para golpear os pilares da desigualdade.

CHARGE | P. BATISTA

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(21) 99373 4327

CONSELHO EDITORIAL: Antonio Neiva (in memoriam), Carolina Dias, Joaquín Piñero (in memoriam), Mário Augusto Jakobskind (in memoriam), Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam), Cláudia Santiago, Gerson Castellano, Carolina Proner, Maíra Marinho, Pablo Vergara, Olímpio Alves dos Santos, Silas Evangelista, Valéria Zacarias e Cristina Valle | EDIÇÃO: Mariana Pitasse e Eduardo Miranda | ADMINISTRAÇÃO: Aline Bernardino | DISTRIBUIÇÃO: Caroline Otávio | REDAÇÃO: Clívia Mesquita, Jéssica Rodrigues, Jaqueline Deister e Luiz Ferreira | DIAGRAMAÇÃO: Juliana Braga e Pablo Tavares.


RJ

GERAL

EDIÇÃO 346 18 A 24 DE NOVEMBRO DE 2021 Stefano Figalo/Brasil de Fato

REDAÇÃO

RIO DE JANEIRO (RJ)

SERVIÇO Programa "Papo na Laje"

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odas as quintas-feiras vai ao ar o programa de TV Papo na Laje. A partir das 18h, o programa é transmitido no canal do YouTube do Papo na Laje e na TV Comunitária do Rio de Janeiro, com transmissão no canal 6 da NET. O primeiro episódio do semanal teve como tema "Ser Jovem Hoje" e estreou na última quinta (11). Ele foi gravado na favela Cerro Corá, na zona sul do Rio, bem abaixo do Corcovado e com vista para o Cristo Redentor. A moradora da comunidade e integrante do Levante Popular da Juventude, Paloma Soares, destacou ao Brasil de Fato durante as gravações que "falar da história de quem vive no local é uma experiência essencial". "Muita gente aqui da comunidade está com a venda nos olhos e precisa abrir a mente e ter mais conhecimento sobre o próprio lugar em que mora, ter esse primeiro programa gravado aqui na minha laje, no lugar que eu moro e trazer

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Todas as quintas, às 18h. Transmissão no YouTube Papo na Laje ou na TV Comunitária do Rio (canal 6 da NET).

O Papo na Laje foi idealizado para mostrar a realidade da juventude periférica

Papo na Laje: programa de TV feito por jovens da periferia vai ao ar todas as quintas A partir das 18h, o programa semanal é transmitido no canal do YouTube e na TV Comunitária do Rio de Janeiro

debates para os jovens aqui da comunidade é muito importante", avalia. Com apresentação da atriz e ativista Juliana França, o Papo na Laje foi idealizado por um grupo de jovens para mostrar a realidade da juventude periférica. Toda semana, a apresentadora recebe convidados que realizam trabalhos sociais em regiões vulneráveis. O encontro acontece em diferentes lajes das periferias e favelas cariocas do Rio. "A nossa proposta não é falar dos problemas que a gente já vê muitas vezes reforçados nos noticiários, a nossa proposta é que seja um momento da gente se reunir para mostrar as nossas potências e que a juventude constrói e propõe muitas coisas importantes", explicou ao Brasil de Fato o diretor e roteirista, Dieymes Pechincha.

Covid-19: terceira dose da vacina é ampliada para toda a população AGÊNCIA BRASIL

RIO DE JANEIRO (RJ)

O Ministério da Saúde anunciou, na última terça-feira (16), a redução do intervalo de tempo para aplicação da dose de reforço da vacina contra a covid-19 dos atuais seis meses para cinco meses. A decisão, que será implementada pelas secretarias de Saúde dos

estados e municípios, contempla todas as pessoas acima de 18 anos, independentemente do grupo etário ou profissão. Segundo o Ministério da Saúde, mais de 350 milhões de doses das vacinas contra a covid-19 já foram distribuídas para todo o país, e mais de 297 milhões já foram aplicadas ao longo de 11 meses. Mais de 157

milhões de pessoas tomaram ao menos uma dose do imunizante – número que, segundo a pasta, representa 88% do público-alvo previsto no plano nacional de vacinação contra a doença. No entanto, cerca de 21 milhões de pessoas ainda não retornaram para tomar a segunda dose na data prevista. Segundo a secretária extraordinária de

Enfrentamento à Covid-19, Rosana Melo, pessoas na faixa entre 25 e 34 anos formam a maioria dos que ainda não compareceram para tomar a segunda dose. “Algumas [vacinas], de fato, trazem [causam] alguns efeitos adversos que passam em um ou dois dias. A população tem que estar consciente disso. Tem que estar alerta e saber que es-

tes efeitos são esperados e acontecem”, comentou Rosana, destacando que, junto com as recomendações de uso de máscara, distanciamento social e higienização das mãos frequente e adequada, a vacinação vem proporcionando a redução do número de casos graves da doença e, consequentemente, das internações e mortes.


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GERAL

Racismo estrutural leva à maior mortalidade materna entre mulheres negras Durante o último ano, morreram 78% mais mulheres negras grávidas do que mulheres brancas em razão da pandemia de covid GABRIELA AMORIM

LENÇÓIS (BA)

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pandemia de covid-19 descortinou a desigualdade que marca a mortalidade materna de mulheres negras e brancas, é o que explica é Emanuelle Góes, pesquisadora de pós-doutorado do CIDACS/Fiocruz/Bahia, doutora em Saúde Pública e integrante do GT Racismo e Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). Durante o último ano, morreram 78% mais mulheres negras grávidas do que mulheres brancas por covid, de acordo com levantamento feito pela ONG Criola. A pesquisadora explica que a mortalidade materna, de maneira geral, é um evento evitável e que vinha diminuindo ao longo dos anos, com uma estagnação nesta queda a partir de 2014. Emanuelle Góes observa, porém, que essa diminuição se deu de forma desigual, sendo maior para as mulheres brancas e em menor proporção para mulheres negras - e que esta questão piorou no contexto da pandemia. Os profissionais e pesquisadores de saúde coletiva já previam que a covid-19 iria impactar de forma diferenciada as gestantes. “Ob-

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viamente que ia impactar mais as gestantes negras, das regiões mais distantes dos centros, das periferias, da região norte e nordeste”, explica a pesquisadora. Ela conta ainda que o estado brasileiro até o momento não apresentou nenhuma iniciativa para superação desses índices. “Não há qualquer iniciativa para redução da mortalidade materna com um olhar de enfrentamento ao racismo. As mulheres negras

morrem porque o racismo é estruturante, ele é institucional”, acrescenta Desta forma, para a pesquisadora, a fim de se reverter esse cenário é preciso implementar políticas de enfrentamento ao racismo nos espaços da saúde, e em particular na atenção obstétrica. “As mulheres precisam parar de morrer de uma morte prevenível. Parar de morrer em um momento e que elas estão dando a vida”, finaliza.

As mulheres precisam parar de morrer de uma morte prevenível. Parar de morrer em um momento e que elas estão dando a vida” Emanuelle Góes, pesquisadora Mateus Pereira/SECOM

Ricardo Stuckert

Lula comentou sobre o maior desafio de um futuro governo

Na Europa, Lula defende inclusão social para Brasil crescer REDE BRASIL ATUAL

SÃO PAULO (SP)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na última segunda-feira (15), em Bruxelas (Bélgica), que como candidato à presidência do país em 2022 vai lutar para “resgatar a democracia e colocar o pobre no orçamento”. “Quando o pobre tem dinheiro, a economia passa a funcionar”, disse Lula ao defender que, se eleito, promoverá uma grande e forte política de inclusão social no país. O ex-presidente ainda disse que, além de colocar o pobre no orçamento, é preciso colocar o rico no Imposto de Renda para promover a justiça social no país. Em entrevista coletiva, Lula também comentou sobre as especulações em torno do nome do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, como

seu provável vice na chapa à Presidência. Indagado se não teria medo de que com Alckmin se repetisse o episódio de traição do então vice-presidente Michel Temer, que em 2015 e 2016 atuou pelo impeachment de Dilma Rousseff, Lula afirmou que ainda não há qualquer definição de nomes e frisou que não está procurando candidato a vice. Comentando as especulações da imprensa, Lula disse: “Eu tenho 22 candidatos a vice e oito ministros da Economia e eu ainda nem decidi ser candidato”. Quanto ao nome do vice, Lula disse que “tem que ser uma pessoa que some”. Lula concedeu entrevista no Parlamento Europeu. Ao seu lado, participou da entrevista a deputada espanhola Iratxe Garcia Pérez, membro do parlamento europeu desde 2004 e representante da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas.

Quando o pobre tem dinheiro, a economia passa a funcionar” A mortalidade materna é evitável e vinha diminuindo

Lula, ex-presidente do Brasil


Edição Especial Nº 17 / 2021 Circulação nacional Distribuição gratuita

CONSCIÊNCIA NEGRA

RAIO X

Povo negro conquistou direitos na base da luta. Veja como Bolsonaro tenta sabotar essa história de resistência Pág. 2

INGENUIDADE OU LUTA PRECONCEITO? ANCEsTRAL Entenda como alguns comentários que parecem inocentes alimentam o racismo Pág. 3

Unidade e oposição ao governo Bolsonaro são pautas da 18ª Marcha da Consciência Negra Pág. 4


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ED. ESPECIAL Nº 17/ CIRCULAÇÃO NACIONAL - WWW.BRASILDEFATO.COM.BR

Raio x

Por que ser antirracista? Direitos sempre foram conquistados na base da luta

▶ Desde que os primeiros africa-

nos chegaram ao Brasil e foram vendidos como escravos, existe resistência. Os quilombos, locais de refúgio, surgiram a partir de 1575 e continuaram existindo mesmo após a abolição da escravatura. O protagonismo em episódios marcantes da história do Brasil, como revoltas e levantes populares, contrasta com um cenário de discriminação que continua até hoje. A Constituição garante igualdade, o Código Penal prevê punições aos racistas, mas os

POR AQUI, ACREDITA-SE QUE O PAÍS É POSSÍVEL SEM NOSSA EXISTÊNCIA. COMEÇAMOS A LAMENTAR AS MORTES QUANDO A PANDEMIA CHEGOU À CLASSE MÉDIA. ENQUANTO OS POBRES E NEGROS MORRIAM, NÃO HAVIA LAMENTAÇÃO.”

Vilma Reis, socióloga e ativista

pretos e pardos ainda têm salários mais baixos, são maioria entre as vítimas fatais de ações da polícia e minoria em cargos de liderança. Sob governo de Jair Bolsonaro (sem partido), que já foi condenado por declarações racistas e acusado de genocídio da população preta, o movimento negro brasileiro se organizou ainda mais e ampliou sua influência política e social, enfrentando o racismo estrutural, ocupando as ruas e carregando suas bandeiras. A mais importante delas é o antirracismo: ações conscientes e um posicionamento explícito pela garantia de igualdade de oportunidades para todas as pessoas.

Para a socióloga e ativista Vilma Reis, o Dia da Consciência Negra em 2021 deve ser um momento de reflexão sobre a população preta que faleceu em decorrência do coronavírus no Brasil. “A grande maioria”, lembra a ativista. “Por aqui, acredita-se que o país é possível sem nossa existência. Começamos a lamentar as mortes quando a pandemia chegou à classe média. Enquanto os pobres e negros morriam, não havia lamentação.” Apesar da dor, a socióloga e integrante da Coalizão Negra tem esperança. “Quando chamamos a primeira manifestação de 2021 contra esse governo de morte, mexemos com mais de 80 cidades brasileiras. Isso é muito potente. A credibilidade que o movimento tem conquistado nacionalmente e internacionalmente são relevantes para que pensemos em um futuro promissor para o nosso povo”, diz.

As conquistas

▶ Em 1999, a cada 100 estudantes das

universidades brasileiras, 15 eram negros. Vinte anos depois, são 46 negros a cada 100, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep). A Lei de Cotas (agosto de 2012) é uma das grandes responsáveis por esse avanço. Ela determina que as 69 universidades federais e os 38 institutos federais de educação, ciência e tecnologia reservem no mínimo 50% das vagas para estudantes que concluíram o ensino médio em escolas públicas. Dentro da reserva de cotas, as vagas devem ser preenchidas por estudantes autodeclarados pretos, pardos, indígenas e por pessoas com deficiência. A revisão da Lei de Cotas, prevista para uma década após sua publicação, está marcada para 2022 – que também é ano de eleição presidencial.

▶ Cerca de 90% dos trabalhadores do-

mésticos brasileiros são mulheres, e 66% são pretas. São os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). O movimento negro luta há décadas pela regularização da profissão, onde predomina a informalidade – que torna ainda mais desigual a relação de forças entre empregador e empregado. Em abril de 2013, a então presidenta Dilma Rousseff (PT) sancionou a PEC das Domésticas (Emenda Constitucional 72), de autoria da deputada federal Benedita da Silva (PT), figura histórica do movimento negro brasileiro. Um estudo elaborado pela ONU Mulheres e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2020, a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), mostrou que 28% das trabalhadoras domésticas do Brasil possuem vínculo empregatício.

▶ Fruto da pressão do movimento

negro, a criminalização do racismo ocorreu em 1988, após o Plenário da Constituinte aprovar a emenda do deputado federal Carlos Alberto Caó de Oliveira, um homem negro, que definiu o racismo como crime inafiançável e imprescritível. No último dia 28 de outubro, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que injúria racial também passa a ser um crime imprescritível, ou seja, passível de punição mesmo décadas depois. O Código Penal determina que injúria racial é a ofensa à qualquer pessoa por sua raça ou cor, com intenção de ofender a honra da vítima. Já o crime de racismo é cometido quando a ofensa for contra um grupo ou coletividade.

▶ Por decisão do Superior

Tribunal Eleitoral (TSE), em setembro de 2020, a verba do fundo eleitoral será distribuída de acordo com a proporção de negros. A medida, que já teve efeito nas últimas eleições, provocou avanço na eleição de candidaturas negras. Em 2008, apenas 16,5% dos prefeitos eleitos no país eram negros. O índice saltou para 32% em 2020.


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Governo Bolsonaro ataca a população negra A Coalizão Negra por Direitos pediu o indiciamento de Bolsonaro na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid por genocídio. O pedido não foi aceito. Tire suas próprias conclusões:

Ações e omissões na pandemia

Declarações racistas ▶ Antes mesmo de assumir

a presidência, Bolsonaro havia sido condenado por danos morais coletivos à população negra por declarações preconceituosas. Ele já disse que seus filhos são “bem educados”, por isso nunca namorariam uma mulher negra; e que quilombolas não servem nem para “procriar”, comparando-os a animais. “Como é que está a criação de barata aí?”, disse em

julho, apontando para o cabelo crespo de um apoiador. Sempre que questionado, ele afirma que são apenas piadas, comentários bem -humorados. Além de cometer crimes, Bolsonaro dá mau exemplo e contribui para um ambiente de intolerância, onde brancos se sentem à vontade para comentar sobre a aparência de negros, zombar e expressar seu ódio como se fosse questão de opinião.

Aparelhamento da Fundação Palmares Bolsonaro nomeou para chefia do órgão federal de promoção da cultura afrobrasileira um jornalista que não considera o Brasil um país racista e que já se referiu ao movimento negro como “escória maldita”. À frente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo não atendeu nenhuma liderança quilombola em dois anos de gestão. Quilombolas são descendentes e sobreviventes de comunidades formadas por escravizados fugitivos, os

▶ O governo federal demorou a garantir auxílio emergencial aos trabalhadores na pandemia e só liberou os R$ 600 por pressão do Congresso. Contrário às medidas de isolamento, Bolsonaro deixou os pobres sem saída: trabalhar e se expor ao vírus, ou ficar em casa sem renda e passar fome. Uma pesquisa da Rede Penssan, com dados de 2020, mostrou que quan-

do a pessoa de referência na casa é negra, 10,7% das famílias convivem com a fome; se é branca, 7,5%. Dados do início de julho mostram que as mortes por doença respiratória durante a pandemia cresceram 71% entre os negros e 24,5% entre os brancos. Maioria da população, os negros receberam apenas 23% das vacinas contra a covid-19 no Brasil.

Bolsonaro tem laços históricos com as milícias do Rio de Janeiro e apoia, mesmo na pandemia, operações policiais nas periferias – que têm jovens negros como principal alvo. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a polícia nunca matou tanto quanto no ano passado: 6.416 pessoas. A cada dez vítimas fatais, oito são negros e sete tem menos de 25 anos. Mais de uma vez, Bolsonaro foi às redes para

"Isso é racismo reverso" A expressão é geralmente usada por pessoas brancas que desconhecem a história do Brasil ou que não aceitam perder seus privilégios. O contrário de racismo não é “racismo reverso”, mas antirracismo, e é isso que o movimento negro defende. Cotas para entrar na universidade ou no mercado de trabalho são uma tentativa de minimizar a segregação econômica e a criminalização dos povos negro e indígena, que se mantêm até hoje, após 300 anos de escravidão. Essas políticas reduzem a desigualdade, mas são insuficientes para compensar séculos de injustiça.

“Eu não sou racista. Tenho até amigos negros” A negação do racismo como elemento estrutural do Brasil impede o reconhecimento da desigualdade e a elaboração de políticas de inclusão. Ter amigos, conhecidos, avós, vizinhos, namorada e, muito menos, empregada doméstica negra não garante que você seja antirracista. Os negros são 56% da população – estranho seria se você só conhecesse pessoas brancas. O mero convívio ou a relação de afeto com um indivíduo não significa a compreensão das desigualdades que a população negra, em seu conjunto, enfrentam diariamente.

“Por que Dia da Consciência Negra, e não da consciência humana?”

Estímulo à violência policial quilombos. Eles têm direito à propriedade dessas terras, conforme a Constituição de 1988. Mais de 200 territórios quilombolas não reconhecidos aguardam parecer da Fundação para avançar no processo de titulação. Em setembro, o STF reconheceu a omissão do governo Bolsonaro no reconhecimento dos direitos quilombolas e aguarda que a Fundação Palmares apresente um plano de metas e orçamento para a titulação de terras.

Aprenda para nunca mais dizer:

comemorar os assassinatos e ironizar as vítimas: “CPF cancelado”. Assim que ele chegou à Presidência, o Brasil deixou de informar dados relativos à violência cometida por policiais no relatório anual de violações de direitos humanos. Em nota, o governo afirmou que os dados não foram divulgados porque “foram identificadas inconsistências em seus registros” e que eles seriam alvo de “estudo aprofundado” para posterior divulgação.

Quem pede a substituição do Dia Consciência Negra por “consciência humana” defende que não haja sequer um dia de debate e reflexão sobre o racismo. A pergunta soa ingênua, mas reflete um negacionismo sobre os danos causados pela escravidão. Se a “consciência humana” bastasse, 4,8 milhões de africanos não teriam sido transportados à força para o Brasil e vendidos como escravos e os negros não seriam as vítimas em 75% dos casos de morte em ações policiais. O Dia da Consciência Negra é uma tentativa de, ao menos uma vez no ano, estimular um debate sobre essas desigualdades, além de celebrar a contribuição do povo negro para a cultura, a ciência, a economia e a política do Brasil.


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Luta Ancestral

Quem vai às ruas no 20 de novembro? Entenda origem da data e a mensagem dos protestos contra Bolsonaro O Dia da Consciência Negra foi instituído pela Lei nº 12.519, de 2011. É uma referência à data do assassinato de Zumbi dos Palmares, em 1695. Ao lado da companheira Dandara, Zumbi liderou o maior quilombo do período précolonial, fundado por negros que fugiam do trabalho escravo em engenhos de açúcar. A escravatura foi abolida no Brasil em 1888, mas pessoas negras continuam sofrendo discriminação: são maioria entre os pobres e minoria entre os ricos. Todos os direitos conquistados desde então foram na base da luta. Esse é o sentido das manifestações de rua deste ano, que se somam à Campanha Nacional Fora Bolsonaro.

Fundador da Coalizão Negra por Direitos e da Uneafro, Douglas Belchior defende a unidade no Dia da Consciência Negra, pois “Bolsonaro promove uma desvalorização da vida negra em todas as dimensões de seu governo.” “Se existe um contraponto real e imediato à existência do Bolsonaro, é a existência da vida negra”, acrescenta. A educadora Iêda Leal, coordenadora nacional do Movimento Negro Unificado (MNU), diz que consciência negra e consciência de classe precisam caminhar juntas. “Quem acredita que uma sociedade deve ser construída com base na solidariedade, no respeito e na valorização da vida precisa estar conosco para a gente continuar lutando contra o racismo”, convoca.

“A PALAVRA DE ORDEM NESSE DIA SERÁ A CONTINUIDADE NO LEGADO DE ZUMBI E DANDARA. QUEREMOS O PAÍS UNIDO PELAS PAUTAS FUNDAMENTAIS DA VIDA DA POPULAÇÃO NEGRA DESSE PAÍS, QUE É A GRANDE MAIORIA. É HORA DE UNIFICAR.”

Iêda Leal,

coordenadora do MNU

16ª Marcha da Consciência Negra de São Paulo, 2019. Foto: Elineudo Meira

Cinema no campo

Dicas culturais

O ator e diretor Wagner Moura lançou o filme Marighella no último dia 6 no assentamento Jacy Rocha, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Prado, na Bahia. A produção é baseada na história do guerrilheiro e poeta Carlos Marighella. Negro, comunista e inimigo número 1 da ditadura, ele foi assassinado em São Paulo (SP) em 1969. "As pessoas veem na luta de Marighella a sua luta no Brasil de hoje", disse Wagner Moura, em entrevista ao Brasil de Fato. Mais de 200 famílias produzem leite, hortaliças, café, temperos e cacau sem agrotóxicos no assentamento Jacy Rocha, rodeado por grandes fazendeiros.

Nos últimos anos, o mercado cultural brasileiro tem recebido uma vasta oferta de músicas, livros e filmes sobre a questão racial. O Brasil de Fato fez uma seleção curta para que você comece a explorar esse vasto universo.

Para o MST, o legado de Marighella é uma inspiração na luta dos camponeses por um país mais justo e democrático.

foto: midianinja

Assista Marighella estreou oficialmente no Brasil em 04/11 e está em cartaz nas principais salas de cinema do país.

Wagner Moura [ao centro], rodeado por militantes do MST no lançamento do filme

Machado de Assis, Carolina Maria de Jesus, Cuti, Joel Rufino dos Santos e Solano Trindade são alguns dos grandes escritores negros brasileiros. Nesta edição, vamos indicar a leitura de duas escritoras contemporâneas, Djamila Ribeiro e Conceição Evaristo. O “Pequeno Manual Antirracista” foi um dos livros mais vendidos de 2020 no Brasil.

CONTATO Site: brasildefato.com.br Email: jornalismo@brasildefato.com.br Fale conosco pelo Whatsapp: +55 11 94594-3576 Receba notícias pelo Whatsapp: bitly.com/vemdezapBdF

Escrita pela filósofa Djamila Ribeiro, a obra propõe uma reflexão acerca dos privilégios brancos, acumulados em séculos de exploração e opressão do povo negro. Homenageada do Prêmio Jabuti de 2019, a escritora Conceição Evaristo publicou, em 2014, o livro “Olhos D’Água”. A obra reúne 15 contos que falam sobre a dura realidade de 15 mulheres, com idade e trajetórias distintas, mas alvo da mesma violência física e racial.

NAS TELAS Está nos cinemas a obra “Doutor Gama”, dirigida por Jeferson De e inspirada na trajetória do jornalista, escritor

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e advogado abolicionista Luiz Gama, que libertou mais de 500 escravos no Brasil, utilizando as leis nacionais. A nova geração do cinema vem repleta de cineastas negros: Lázaro Ramos, Sabrina Fidalgo, Jeferson De, Renata Martins, Yasmin Tayná, entre outros. Vale a pena conhecê-los!

Se você gosta de documentários, não deixe de ver “Amarelo – É tudo para ontem”, produzido pela Laboratório Fantasma, empresa do rapper Emicida e de seu irmão, Evandro Fióti. No filme, o músico mescla seu repertório com a história da cultura negra no Brasil.

Fato. Circulação nacional gratuita, em outubro de 2021. Edição: Daniel Giovanaz e Nina Fideles Reportagem: Alessandra Murteira, Camila Natalino Frois, Daniel Giovanaz, Igor Carvalho e Mateus Menezes Quevedo

Revisão: Leandro Melito Jornalista responsável: Nina Fideles (MTB 6990/DF). Artes e diagramação: Fernando Bertolo Ilustração da Capa: Bárbara Quintino @barah.ilustra


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CULTURA & LAZER

EDIÇÃO 346 18 A 24 DE NOVEMBRO DE 2021

RESISTÊNCIA NEGRA

SARAH FERNANDES

Ingredientes típicos da África são base da culinária brasileira Dos terreiros e das senzalas, saberes ancestrais de mulheres escravizadas construíram paladar do país

Divulgação

Feijoada é um dos principais exemplos da culinária afro-brasileira

SÃO PAULO (SP)

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uiabo, coentro, inhame, leite de coco, pimenta malagueta, noz moscada, café, gengibre, jiló, amendoim e azeite de dendê. Não importa em que lugar do país você esteja, se procurar na sua cozinha certamente vai encontrar pelo menos um desses ingredientes. O que eles têm em comum? São uma pequena parte dos alimentos típicos de África que foram trazidos para o Brasil nos navios negreiros e hoje são fundamentais na culinária do país, provando a importância da resistência negra na nossa cultura. E não são apenas ingredientes, mas muitas das receitas e dos modos de fazer que fazem parte do dia a dia dos brasileiros tem como origem os saberes ancestrais de africanos escravizados, em especial das mulheres. Afinal, eram elas que cozinhavam nas casas grandes a partir de seus conhecimentos tradicionais. Assim, elas introduziram na culinária brasileira receitas saboreadas

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em diversas regiões, como cocada, angu, cuscuz, pamonha, quindim, mungunzá, moqueca e vatapá. Vale lembrar que os escravizados encontraram também ingredientes nativos do Brasil e modos de preparo típicos da Europa e de diferentes etnias indígenas. Com isso, incorporaram sabores e aprimoraram receitas, conquistando diferentes paladares e dando origem à chamada gastronomia afro-brasileira. A mandioca substituiu o inhame e o milho substituiu o sargo. Condimentos que já existiam no Brasil foram utilizados para compensar a falta de algumas pimentas, como explica o chef de cozinha chef Marcelo Reis, que se dedica a culinária afro-brasileira. “Os negros observaram os pratos preparados pelos indígenas, como o pirão, a moqueca e o bobó e os enriqueceram com produtos africanos, como o leite de coco. Eles também entraram em contato com os animais criados pelos colonizadores e assim surgiram receitas como vatapá, sarapatel o xinxim de galinha”, completa Reis.

OPINIÃO

Lembremos de Zumbi, mas não nos esqueçamos de Dandara Reprodução

» No Dia da Consciência Negra, a

luta do povo preto é lembrada na figura de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, símbolo da luta e resistência dos negros escravizados no Brasil. Uma luta que teve também como líder a guerreira Dandara dos Palmares, que lutou pela liberdade de seu povo, mas é vítima da invisibilização da mulher negra. Os poucos registros historiográficos mostram que ela era uma brava guerreira negra que dominava técnicas de capoeira, lutava ao lado de homens e mulheres, plantava e não se encaixava nos padrões de gênero que ainda hoje são impostos. Combatente, Dandara preferiu tirar a própria vida a voltar à con- Dandara é símbolo de luta, mas é vítima da invisibilização da mulher negra

dição de escrava. Ela continua a inspirar meninas e mulheres negras e é nome que ecoa, junto com Tereza de Benguela, Luísa Mahin, Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro, Carolina de Jesus e tantas outras que se fazem resistência. Todas nós, mulheres negras, que ousamos existir e insistir na quebra dos grilhões sociais, somos um pouco de Dandara. Que possamos sempre lembrar disso, neste 20 de novembro e em todos os dias de nossa vida, para que nunca mais sejamos invisibilizadas. Lembremos sempre de Zumbi, mas não nos esqueçamos de Dandara. *SAMANTHA NASCIMENTO SOUSA É BANCÁRIA E SECRETÁRIA DE COMBATE AO RACISMO DA CUT-DF.


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Confira a programação cultural pelo mês da Consciência Negra no Rio

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Cais do Valongo e da Imperatriz, na Zona Portuária, integra programação especial

Funk Dj Vinil: Rivalzinho, 21h Rivalzinho - Rua Álvaro Alvim s/nº. Cinelândia.

Roda de Samba em comemoração à consciência negra, 13h Praça Zumbi dos Palmares, Padre Miguel Evento organizado pelo grupo cultural Terreiro de Crioulo. Baile Charme do Disco Voador de Marechal Hermes, 19h Planetário da Gávea. Baile Charme (Viaduto de Madureira), 21h Viaduto de Madureira.

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Solução

Feira Afro Rena, 16h às 22h Feira de economia criativa da cultura afro-brasileira com artesanato, moda, gastronomia e beleza. A entrada é gratuita. Clube Renascença, Rua Barão de São Francisco, 54 - Andaraí.

Maracatu com Baque Mulher, 10h Monumento a Zumbi - Av. Presidente Vargas, 4, Cidade Nova.

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Homenagem a Zumbi dos Palmares, 9h Centro Administrativo São Sebastião - R. Afonso Cavalcanti, 455 - Cidade Nova Homenagem a Zumbi e ao Dia Nacional da Consciência Negra com apresentações culturais, artísticas e feira de afroempreendedorismo.

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SEXTA (19)

Feira Cultural na Arena Fernando Torres (Parque Madureira), 9h às 18h Arena Fernando Torres (Parque Madureira).

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Roda de Jongo, 14h30 Praça das Mães - Madureira.

Curso de astronomia indígena, afro-brasileira e árabe, 10h Planetário do Rio - Rua Vice-Governador Rubens Berardo, 100 - Gávea Mais informações: Instagram @planetariodorio

Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3).

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Inauguração Teatro Ruth de Souza, 18h Parque das Ruínas: Rua Murtinho Nobre 169, Santa Teresa.

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Debate: Racismo Estrutural, 9h - Av. Pedro II, nº 111 - São Cristóvão Com Padre Edmar Augusto Costa (Reitor da Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos), Humberto Adami Santos Júnior (Presidente da Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil) e Jorge Adolfo Freire e Silva (Coordenador Executivo da Coordenadoria Executiva de Promoção da Igualdade Racial).

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Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, na Região Portuária do Rio - Composto por lugares que remetem à vida dos africanos e seus descendentes, como Cais do Valongo e da Imperatriz, Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN) – Cemitério dos Pretos Novos, Largo do Depósito, Jardim Suspenso do Valongo, Pedra do Sal e Centro Cultural José Bonifácio – Museu da História e Cultura Afro-Brasileira – MUHCAB (antiga escola da Freguesia de Santa Rita). Mais informações no site do Instituto dos Pretos Novos (IPN).

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Rodas de Conversa "Negro no Samba", 14h - Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos – R. Uruguaiana, 77 – Centro.

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SÁBADO (20)

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QUINTA (18)

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ma série de eventos foi proposto pela Prefeitura do Rio neste ano como parte da programação do “Novembro Negro Rio 2021”. Abaixo, você confere as principais atividades em homenagem a Zumbi dos Palmares, líder da resistência negra durante o regime escravagista e assassinado no dia 20 de novembro de 1695. A data foi instituída nos anos 1970 para estimular a reflexão sobre igualdade racial, equidade de direitos e a inserção das maiorias minorizadas nos mais diversos setores sociais.

Divulgação

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Ricardo Stuckert / CBF

BRASILEIRO CONQUISTA TÍTULO NO TÊNIS DE MESA

Formiga anuncia aposentadoria da seleção brasileira de futebol Aos 43 anos, jogadora disputará sua última partida no dia 25 contra a Índia

Santiago Regaira/ITTF Americas

O brasileiro Hugo Calderano conquistou o título do Campeonato Pan-Americano de Tênis de Mesa, após derrotar o canadense Eugene Wang por 4 sets a 1, no final da noite da última segunda-feira (15), na Villa Deportiva Nacional, em Lima (Peru). No individual feminino, Bruna Takahashi conquistou a medalha de prata.

Meio-campista da seleção de futebol fez sua estreia em 1995, aos 17 anos

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ormiga fará uma partida de despedida da seleção brasileira feminina de futebol contra a Índia na próxima quinta-feira (25). A jogadora de 43 anos representou o Brasil em sete edições consecutivas de Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. Formiga jogou um total de 233 partidas pelo Brasil. Sua primeira aparição Olímpica foi em 1996 nos Jogos de Atlanta. O Brasil conquistou medalhas de prata em 2004 e 2008. Antes de Tóquio 2020, ela confirmou que os Jogos no Japão seriam sua última

grande competição internacional. Formiga fez sua estreia internacional como reserva, aos 17 anos, na Copa do Mundo de 1995. Nos Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996, ela já havia se tornado titular. A meio-campista ganhou esse apelido por seu estilo de jogo colaborativo. Seu nome de nascimento é Miraildes Maciel Mota. Aos 43 anos e quatro meses, sua participação nos Jogos de Tóquio 2020 fez com que ela se tornasse a jogadora mais velha a disputar o torneio Olímpico de futebol feminino.

Atleta amador morre após prova de 21km da meia maratona do Rio Bruno Oliveira/Divulgação

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atleta amador passou mal e morreu no último domingo (14), a poucos metros de completar os 21 quilômetros da meia maratona, na Maratona do Rio 2021. O evento foi a retomada das corridas de rua desde o início da pandemia da covid-19. Segundo a organização da maratona, o homem, que veio de outro estado para participar da prova, teve um mal súbito, foi atendido no local pela equipe médica de plantão e levado para o Hospital Souza Aguiar, no

Brasil alcança três pódios no skate em campeonato no EUA » O skate brasileiro fechou o Super Crown, em Jacksonville, na Flórida (EUA), com dobradinha no pódio feminino e prata no masculino. Nas disputas deste domingo (14), Pâmela Rosa se sagrou campeã e Rayssa Leal e Lucas Rabelo ficaram com o segundo lugar da última etapa de 2021 da Street League Skateboarding (SLS). Em 2019, Pâmela Rosa já havia conquistado o Super Crown no Brasil, com Rayssa Leal também em segundo lugar. O evento foi homologado pela World Skate como mundial daquele ano, valendo pontos na corrida classificatória para as Olimpíadas de Tóquio. Divulgação CBSK

Segundo a organização da maratona, homem teve mal súbito

centro do Rio, mas não resistiu e morreu. Cerca de 20 mil atletas se inscreveram para a prova, que percorreu diversos bairros da cidade. Na segunda-feira (15), foi a vez de os atle-

tas de elite fazerem o trajeto de 42 quilômetros da prova principal. Os pernambucanos Justino Pedro da Silva e Mirela Saturnino de Andrade venceram nas categorias masculina e feminina.

Rayssa, Pâmela e Momiji Nishiya dividem pódio nos EUA


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PAPO ESPORTIVO

LUIZ FERREIRA

SELEÇÃO BRASILEIRA: FINALMENTE TEMOS UM TIME V Lucas Figueiredo / CBF

ocê tem todo o direito de não gostar do Tite e da Seleção Brasileira. Você pode não achar que o escrete canarinho joga de acordo com as “tradições da camisa amarelinha”. Ou que o treinador mencionado anteriormente é “retranqueiro”, “chato” e “falador”. Ou que o Brasil está muito abaixo das principais seleções da Europa. Você pode achar tudo isso e mais um montão. Pode até pensar que Papai Noel vai chegar em fevereiro junto com o Rei Momo. Só não pode afirmar que a Seleção Brasileira não tem um time formado e altamente competitivo. E nem pode dizer que Tite não tem alternativas e ideias de jogo na sua prancheta. O que eu e você vimos na noite da última terça-feira (16), no empate sem gols contra a Argentina, foi um time competitivo, que se adaptou ao contexto completamente desfavorável (incluindo uma arbitragem absurdamente caseira) e que competiu, criou chances e que, por questão de detalhes, não saiu de San Juan com mais três pontos pra coleção. E isVítor Silva / Botafogo

Seleção Brasileira empatou em zero a zero com a Argentina em San Juan

so tudo já tendo carimbado o passaporte para o Catar e com Tite dando chances para a “molecada” jogar. Neymar, Lucas Paquetá, Casemiro, Raphinha, Marquinhos, Alisson, Ederson, Antony, Vinícius Júnior, Fabinho, Matheus Cunha, Da-

QUEM É QUE SOBE? O BOTAFOGO SOBE!

» O Botafogo está de volta à elite do futebol

brasileiro com méritos. Enderson Moreira fez um baita trabalho e os jogadores compraram suas ideias. Destaque para o atacante Rafael Navarro. O que esse menino joga é uma barbaridade. Luís Oyama, Kanu e Chay são outros que merecem aplausos.

nilo, Guilherme Arana, Éder Militão… Será mesmo que alguém ainda tem coragem de dizer que não temos um time formado? Lógico que Tite ainda precisa fazer ajustes. Mas a base está aí. E ela é altamente competitiva. Rafael Ribeiro / Vasco

Vá lá. É verdade que a Seleção Brasileira não empolga há algum tempo. Talvez a útlima atuação que encheu os olhos do exigente torcedor tenha sido a goleada sobre o Uruguai no mês de outubro. Mas qual seleção está empolgando nesses dias? Não podemos esquecer que Itália (atual campeã da Eurocopa) e Portugal (que conta com uma das melhores gerações de jogadores da sua história) sofreram contra Irlanda do Norte e Sérvia e vão ter que se virar na repescagem para garantir seus lugares na próxima Copa do Mundo. Amigo, se o Brasil não garante a vaga na Copa por causa de Irlanda do Norte ou Sérvia, ia ter invasão na CBF com foices e tochas. Tite seria preso por dez anos e Neymar seria exilado em algum canto desconhecido. Falo com tranquilidade. Assim como também falo sem nenhum medo de ser feliz: temos um time! As últimas atuações podem não ter enchido os olhos. Mas deixam bem claro que a Seleção Brasileira não deve nada a ninguém.

E O VASCO, HEIN? » A campanha pífia na Série B foi um

resumo cristalino do que tem sido o Vasco nesses últimos meses. Muita pompa, muita festa e pouco futebol. E pouca gestão também. Jorge Salgado errou demais no planejamento para a temporada de 2021. Difícil apontar um único que se salve ali em São Januário.

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