EDIÇÃO 354
Ano 9
19 a 25 de maio de 2022
distribuição gratuita
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brasildefatorj
OPERAÇÕES POLICIAIS: VIOLÊNCIA FECHOU MAIS DE 30 ESCOLAS DA CAPITAL
Erik Dias
RJ
LIVRO DE FOTÓGRAFOS DA ROCINHA MOSTRA OLHAR DE DENTRO
Imagens de “Rocinha sob lentes” também podem ser vistas em rede social do coletivo. CULTURA & LAZER, PÁG 8.
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DESEMPREGO NO RJ É O 3º MAIS ALTO DO PAÍS EM 2022
Fabio Motta/Prefeitura do Rio
Plano de ensino remoto emergencial foi criado pela prefeitura da capital para evitar que crianças e professores fiquem no alvo de tiros. Saiba mais. GERAL, PÁG 5.
Estado teve pior desempenho do Sudeste com mais de 1,3 milhão de trabalhadores desocupados. GERAL, PÁG 7.
PREFEITURA DE MAGÉ ASFALTA PARTE DA LINHA FÉRREA POR ENGANO E VÍDEO VIRALIZA
Moradores conseguiram remover o asfalto no trecho SaracurunaGuapimirim. GERAL, PÁG 2.
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Prefeitura de Magé asfalta parte da linha férrea da Supervia por engano e vídeo viraliza
Rafael Wallace/Alerj
PRODUTOR CULTURAL PRESO POR ENGANO RECEBE MEDALHA TIRADENTES
Reprodução
Moradores conseguiram remover o asfalto no trecho SaracurunaGuapimirim; município pediu desculpas à população
Na última sexta-feira (13), a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) concedeu a Medalha Tiradentes ao produtor cultural Ângelo Gustavo Nobre, que esteve quase um ano encarcerado injustamente. Além do jovem, outras 10 pessoas que foram erroneamente presas por equívocos em inquéritos policiais com base em reconhecimento fotográfico receberam moções de louvor. “Eu sinto muito alívio até hoje ao ajudar outras pessoas que passaram e estão passando pelo mesmo que eu. Espero que ninguém mais sofra isso”, contou Nobre, que virou ativista da causa de vítimas de erros em processos penais.
Município da Baixada Fluminense asfaltou por engano parte da linha férrea REDAÇÃO
carregado pela operação tapa-buracos foi afastado das funções. “A prefeitura se desculpa com a populaprefeitura de Magé, município ção de Suruí e garante que situações coda Baixada Fluminense, asfaltou mo essa não se repetirão. Trata-se de um por engano parte da linha férrea caso isolado. A Secretaria de Infraestruda concessionária Supervia que corta tura realizou mais de 400 operações coo bairro Suruí na última semo essa em 2021 e todas com sugunda-feira (16). O resulta- Moradores cesso. O tráfego de trens foi resdo da obra que fazia parte de tabelecido imediatamente”, disuma operação para tapar bu- tentaram se o comunicado. racos na região viralizou nas retirar o O ramal Guapimirim foi liberedes sociais. rado após uma vistoria realizaasfalto com da por técnicos da Supervia. “Tão Enquanto moradores retiravam o asfalto com picare- picaretas logo soube do fato, uma equipe tas, a circulação do trecho Sada concessionária foi ao local paracuruna-Guapimirim ficou suspensa. ra a retirada do material e liberação da Por meio de nota, a prefeitura de Magé via, mas os próprios moradores da região pediu desculpas à população e classifi- já haviam retirado o asfalto. A equipe da cou o incidente como um caso isolado. SuperVia fez a vistoria do local e liberou O município informou ainda que o en- a circulação”, informou a concessionária. RIO DE JANEIRO (RJ)
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Idosa é resgatada após 72 anos de trabalho análogo à escravidão » Após denúncia anônima, uma mulher negra de 84 anos
foi resgatada da casa onde trabalhava em condições análogas à escravidão no Rio de Janeiro. Sem receber salário, ela foi mantida como empregada doméstica por três gerações da mesma família, há 72 anos. O caso é o mais longo de escravidão contemporânea já registrado no Brasil, segundo o Ministério do Trabalho. O resgate foi realizado pela Auditoria Fiscal do Trabalho no Rio, com a participação do Ministério Público do Trabalho e do Ação Integrada, programa de atendimento psicossocial. A vítima, que teve sua identidade preservada, se encontra em abrigo público da Prefeitura do Rio. As informações são do portal G1.
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(21) 99373 4327
CONSELHO EDITORIAL: Antonio Neiva (in memoriam), Carolina Dias, Joaquín Piñero (in memoriam), Mário Augusto Jakobskind (in memoriam), Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam), Cláudia Santiago, Gerson Castellano, Carolina Proner, Maíra Marinho, Pablo Vergara, Olímpio Alves dos Santos, Silas Evangelista, Valéria Zacarias e Cristina Valle | EDIÇÃO: Mariana Pitasse | SUBEDIÇÃO:Eduardo Miranda | ADMINISTRAÇÃO: Aline Bernardino | DISTRIBUIÇÃO: Caroline Otávio | REDAÇÃO: Clívia Mesquita, Jéssica Rodrigues, Jaqueline Deister, Luiz Ferreira e Lucas Maia | DIAGRAMAÇÃO: Juliana Braga e Pablo Tavares.
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No RJ, Lula empata, enquanto Freixo figura em segundo lugar para governador Ex e atual presidente tem 35% das intenções de voto entre eleitores fluminenses, aponta pesquisa Quaest/Genial Ricardo Stuckert
REDAÇÃO
SÃO PAULO (SP)
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ú lt i ma pesqu isa Quaest, encomendada pelo Banco Genial Investimentos, realizada no Rio de Janeiro, mostra um empate entre o ex-presidente Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) entre os eleitores fluminenses: 35% a 35% das intenções de voto na eleição presidencial. Segundo os dados, divulgados na última terça-feira (17), o petista caiu 4 pontos e o atual presidente cresceu na mesma proporção. Somados, os outros candidatos caíram de 16% para 11%. Brancos e nulos subiram de 11% para 15%. Indecisos se mantêm em 4%. Ciro Gomes (PDT) tem 6%, o melhor índice entre os demais candidatos. João Doria (PSDB) e André Janones (Avante) marcam 2% cada. Simone Tebet (MDB) tem 1%.
Ex-presidente Lula apoia a candidatura do deputado Marcelo Freixo para governo do Rio
Segundo a pesquisa, no segundo turno, Lula segue vencendo Bolsonaro no Estado por 47% a 38% No segundo turno, Lula segue vencendo Bolsonaro no Estado por 47% a 38% - era 47% a 36% na pesquisa anterior, oscilações dentro da margem de
erro. Brancos e nulos caíram de 15% para 12%. Indecisos eram 2% e são 3%. A pesquisa Genial/Quaest RJ foi realizada entre 12 e 15
de maio, com 1,2 mil entrevistas presenciais domiciliares em 46 municípios do estado do Rio de Janeiro. A margem de erro é de 2,8 pontos percentuais com 95% de confiabilidade. A pesquisa está registrada no TSE sob o número BR-01548/2022 e RJ09916/2022.
O estudo ouviu os eleitores sobre as intenções de voto para a eleição ao governo do Rio de Janeiro. O resultado traz, no cenário com mais nomes, o governador Cláudio Castro (PL), pré-candidato à reeleição, à frente da disputa, com 25%, seguido pelo deputado federal Marcelo Freixo (PSB), com 18%. Na sequência, vem o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT), com 8%. Ainda aparecem o deputado estadual André Ceciliano (PT) e o deputado federal Paulo Ganime (Novo), com 2%, e o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Felipe Santa Cruz (PSD), com 1%. A proporção dos que dizem que irão votar em branco, anular ou deixar de votar chega a 33%. Os indecisos representam 10%. A margem de erro é de 2,8 pontos percentuais para mais ou para menos.
MP-RJ investiga falta de 7 mil profissionais da educação no estado
Promotoria quer saber por que motivo governo não convocou cadastro reserva, que tem 9 mil aprovados em concursos Divulgação- Governo do Rio
REDAÇÃO
RIO DE JANEIRO (RJ)
» O Ministério Público do Rio de
Escolas sofrem com falta de profissionais
Janeiro (MP-RJ) informou nesta semana que abriu investigação para apurar a falta de professores e de profissionais de apoio na rede estadual de ensino. Estima-se, segundo o MP-RJ, que a carência seja de 7 mil professores nas escolas da rede estadual, mas o número pode ser ainda maior que o inicial.
A Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Proteção à Educação vai trabalhar com informações apresentadas durante uma reunião realizada na terça-feira (10), na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), em que estavam presentes representantes da Secretaria de Estado de Educação (Seeduc). Ainda segundo o MP-RJ, a partir de informações recebidas em sua ouvidoria, haveria um cadastro de reserva de mais de 9 mil aprovados em concursos realiza-
dos e homologados em momento anterior à entrada do Estado no Novo Regime de Recuperação Fiscal (RRF). O MP-RJ pretende investigar também as providências administrativas adotadas; a eventual validade dos concursos públicos realizados nos anos de 2013 e 2014 e a razão do não suprimento dos cargos vagos de docentes diante da suposta existência de candidatos aprovados e/ou cadastro reserva.
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Evaristo Sa / AFP
NARA LACERDA
SÃO PAULO (SP)
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a última terça-feira (17), Dia Mundial de Combate a LGBTQIA+fobia, a organização #VoteLGBT divulgou um estudo mostrando que o Brasil avança a passos lentos para garantir a representatividade política dessa população. Segundo o relatório “A Política LGBT+ Brasileira: entre potências e apagamentos”, nas cidades com até 500 mil habitantes, os partidos brasileiros investem apenas 2% do teto de gastos em candidaturas LGBTQIA+. Municípios menores conseguem garantir uma porcentagem um pouco maior, de 6%. Os índices de investimento em candidaturas LGBTQIA+ são pequenos, mas representam determinado avanço, observados principalmente nas eleições mais recentes. “Tivemos números recordes de candidaturas e de eleitos, mas todas essas vitórias estão sendo construídas em um contexto de muita luta e, muitas vezes, a despeito dos partidos políticos”, afirma a pesquisadora, Evorah Cardoso, pesquisadora integrante do #VoteLGBT. REDAÇÃO
SÃO PAULO (SP)
» Sancionada
durante o governo Dilma Rousseff, em 2012, a Lei de Acesso à Informação completa 10 anos. A medida regulamentou trechos da Constituição sobre o direito à informação pública e vem garantindo mais transparência com os dados do Estado e informações sobre os governantes.
Investimentos de partidos em candidaturas LGTBQIA+ é só de 2%, diz estudo
Pesquisa indica avanço tímido da representatividade política no país
Nas eleições de 2020, o movimento #VoteLGBT identificou 556 candidaturas LGBTQIA+, sendo 97% delas eleitas.
Ela ressalta que as candidaturas são subfinanciadas e que o apagamento é sen-
tido dentro e fora dos partidos. “Sem apoio financeiro, elas ainda sofrem com as su-
as reais chances de disputa em muitas cidades do país. Estamos em todos os lugares, mas estamos isolados”. Nas eleições de 2020, o movimento #VoteLGBT identificou 556 candidaturas LGBTQIA+, sendo 97%
Lei de Acesso à Informação completa 10 anos no Brasil Para a jornalista Maria Vitória Ramos, que é diretora e uma das fundadoras da agência de dados Fiquem Sabendo, a Lei trouxe para o Brasil uma mudança de comportamento para a administração pública.
“Com a promulgação da Lei de acesso à informação, nós tivemos uma mudança de paradigma estrutural no Brasil, pois até a ditadura existia uma ideia de que o sigilo era a regra, mas com a criação da Lei acontece uma in-
versão. Hoje a transparência é a regra e o sigilo é a exceção”. Além disso, para a jornalista, foi de extrema importância a mobilização de diversas organizações e entidades que contribuíram para a criação da Lei.
delas eleitas, o que representa 17% do total. Em pesquisa com esse grupo, 49% dos entrevistados e entrevistadas relataram que já sofreram ataques por causa da orientação sexual. As agressões vieram de dentro do próprio partido em 26% dos casos. Mais de metade das vítimas procurou ajuda com as legendas, mas não houve nenhum tipo de ação em 56% das situações. “O cenário da violência política está presente e não fica restrito às eleições. Continua nos mandatos eleitos, dentro dos partidos e das casas legislativas. Isso precisa ser combatido, pois existimos, não seremos apagados e nosso lugar é em todo lugar”, ressalta Evorah Cardoso. Para chegar aos resultados, a organização #VoteLGBT iniciou a pesquisa em maio de 2021. Inicialmente, os próprios candidatos e candidatas passaram por entrevistas. Em seguida, os partidos receberam um questionário anônimo para avaliar a experiência de eleitos e eleitas LGBTQIA+. Dados oficiais da Justiça Eleitoral e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também foram analisados. “A criação da Lei teve muitas pessoas envolvidas como o Fórum de Direito de Acesso às Informações Públicas, que é uma coalização de diversas de organizações que tiveram um papel fundamental nesse processo. Nós também tivemos uma série de pessoas fez com que o Brasil conseguisse chegar nesse momento de abertura dos governos e fortalecimento de uma democracia participativa”.
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EDUARDO MIRANDA
RIO DE JANEIRO (RJ)
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lunos, professores e profissionais da educação do Rio de Janeiro enfrentam em suas rotinas o fato de estarem no alvo de tiroteios por disputa entre facções criminosas e pelas operações policiais promovidas pelo governo estadual. O assunto voltou a ganhar destaque com o confronto que já dura mais de uma semana entre traficantes no Morro dos Macacos, na zona Norte da cidade. Professora da rede municipal em Vila Aliança, na zona oeste do Rio e um dos bairros mais violentos da cidade, F.C.L., que pediu para não ter o nome identificado na reportagem por medo de retaliação, contou ao Brasil de Fato que atua há mais de 10 anos em uma escola da região e nunca deixou de ter medo de ir para a instituição, do caminho de volta para casa e de estar na unidade. "Nos últimos anos, já tive alunos que não voltaram mais para a escola porque a mãe preferiu deixar o filho dentro de casa ou porque a família saiu às pressas da comunidade. A gente enfrenta o medo por vários poderes de violência, como o tráfico e a milícia, e por poderes de segurança, mas que são violentos, como é o caso de alguns policiais", conta ela. Um levantamento realizado pela Secretaria Municipal de Educação do Rio identificou que apenas na última semana 33 escolas da rede pública foram afetadas em função de operações policiais nas localidades. Sete escolas em Senador Camará, na zona Oes-
Operações policiais: violência fechou mais de 30 escolas municipais do Rio na última semana Plano de ensino remoto emergencial foi criado para evitar que estudantes e professores fiquem no alvo de tiros André Borges/AFP
Nos últimos dias, uma das consequências para as escolas foi o retorno às aulas remotas
te, 10 escolas de Vila Aliança, nove na região do Morro dos Macacos e sete no Caju, na zona Norte, foram fechadas por conta de tiroteios. PROTOCOLO DE GUERRA A situação de violência permanente na cidade e no estado faz com que a Prefeitura tenha em parceria com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha um protocolo para enfrentar a situação de forma emergencial. A Cruz Vermelha atua mundialmente na proteção e assistência de vítimas de
guerra e em situações de violência. Entre as operações do Comitê, o Brasil aparece ao lado de países como Afeganistão, Etiópia, Iêmen, Lago Chade, Moçambique, Síria e Ucrânia, que atualmente vive em situação de guerra com a Rússia. Segundo a SME, o programa tem como objetivo mitigar riscos por meio de protocolos que são aplicados por professores, alunos e toda a comunidade escolar em situações de risco. A Secretaria informou que
sempre que há uma situação de risco o protocolo é acionado. Nos últimos dias, uma das consequências para as escolas foi o retorno emergencial às aulas remotas. Uma medida utilizada durante quase dois anos em decorrência da pandemia da covid-19 acabou se tornando alternativa à violência urbana. De acordo com a SME, o ensino à distância é utilizado somente em situações de instabilidade nos territórios das unidades escolares.
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FALÊNCIA DO ESTADO »Para a coordenadora-
-geral do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe-RJ), Helenita Beserra, havendo ou não a presença da polícia nos eventos que atingem as escolas, as ações demonstram a incapacidade do Estado em lidar com a vida da população e com o futuro de crianças e adolescentes. "Tudo isso significa, em última instância, a falência do poder do Estado. Em determinadas comunidades, existe apenas a escola como aparelho estatal e, algumas vezes, a intervenção policial. Muitas dessas regiões não têm nem mesmo um posto de saúde da família para essa população. E se a escola é fechada, o Estado não está mais lá", afirma a representante do Sepe-RJ. Helenita lembra que os alunos vêm de dois anos sem o ensino presencial e que a violência torna essa permanência na escola ainda mais fragilizada. "Os professores não têm condição psicológica de trabalhar. Nessas horas, o docente está pensando em como garante que esse aluno, que não está habituado às aulas presenciais, esteja vivo, e como ele, professor ou professora, vai assegurar sua própria vida", comenta ela. Para a coordenadora do Sepe-RJ, o cenário de violência permanente no Rio de Janeiro "é altamente preocupante, porque ela atinge as regiões mais pobres e atinge o filho da classe trabalhadora, que já não tem quase nada".
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Financiamento público às Comunidades Terapêuticas arrisca reforma psiquiátrica Em nome da política de guerra às drogas, o investimento nas entidades religiosas cresce GABRIELA MONCAU
SÃO PAULO (SP)
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ouco é o sistema”. “Por um SUS antimanicomial”. “Contra o fascismo, em defesa do cuidado em liberdade e dos direitos humanos”. “(Ainda) por uma sociedade sem manicômios”. Esses são eixos de alguns dos atos que estão sendo organizados, Brasil afora, na última quarta-feira (18), dia nacional da luta antimanicomial. Eles dão o tom do momento reativo vivido pelo movimento, nascido na década de 1970 no Brasil, em defesa dos direitos das pessoas com sofrimento mental e visando o cuidado em liberdade. Desde que foi aprovada em 2001, a Lei da Reforma Psiquiátrica estruturou a política de saúde mental no Brasil com base no fechamento de leitos em hospitais psiquiátricos (também chamados de hospícios ou manicômios) e no desenvolvimento da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que oferece cuida-
Divulgação
Aprovada em 2001, a Lei da Reforma Psiquiátrica estruturou a política de saúde mental no Brasil
Em todas as 28 unidades inspecionadas em 11 estados brasileiros, foram identificadas violações. Entre elas, a obrigatoriedade de execução de tarefas repetitivas, laborterapia, supressão de alimentação, privação de sono, alta medicalização, uso irregular de amarras, além de violência física. Em 16 delas foram constatadas práticas de castigo e punição aos internos.
dos interdisciplinares, em liberdade e próximo da residência de quem recebe esses cuidados. Desde 2011 e mais intensamente a partir de 2016, no entanto, a reforma psiquiátrica vem sofrendo uma série de ataques. Para a psiquiatra e psicóloga Miriam Abou-yd, integrante do Fórum Mineiro de Saúde Mental, da Frente Mineira Drogas e Direitos Humanos e da Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial (Renila), se vive em 2022 “o momento mais difícil do SUS, da reforma psiquiátrica e da luta por uma sociedade sem manicômios”. “Os Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) não recebem nenhum aumen-
to de recursos financeiros desde 2011. E desde 2017 está em vigor uma portaria do Ministério da Saúde que, entre outros enormes retrocessos, interrompe o fechamento de hospitais psiquiátricos e lhes garante aumento financeiro”, explica Abou-yd. Em sua visão, uma das formas mais consistentes com que o governo federal tem atacado a perspectiva antimanicomial é por meio da sua política de guerra às drogas. “Houve um incremento nas contratações das Comunidades Terapêuticas e um aumento astronômico de investimentos nessas instituições, contra as quais há incontáveis denúncias de graves violações de direi-
tos humanos”, destaca Miriam Abou-yd. Entre 1990 e 2007, o escritor, editor e ativista Roque Júnior passou 387 dias internado em hospitais psiquiátricos, “sem contar uns dois anos do período pós internação. Aquele período que tem uma adaptação de medicamentos, de retorno à sociedade”, relata. Atualmente usuário dos serviços da Rede de Atenção Psicossocial, Júnior se cuida em liberdade e se tornou um ativista da luta antimanicomial. Autor de 65 livros publicados, ele faz parte do Fórum Gaúcho de Saúde Mental e da Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial (Renila). “Comunidades terapêuticas são os atuais manicômios”, explica ele. “As pessoas ficam ali por seis meses, um ano, depois ficam um período na sociedade e retornam para essas CTs, muitas das quais impõem um trabalho praticamente escravo, para multiplicar seus prédios e ampliar as internações”, diz.
O QUE SÃO COMUNIDADES TERAPÊUTICAS?
»Existentes no Brasil des-
de a década de 1960, as Comunidades Terapêuticas (CTs) são instituições privadas que oferecem internações para pessoas que fazem uso problemático de drogas. Em sua maioria, tem ligação com igrejas católicas ou evangélicas, se localizam em espaços afastados da cidade e pregam a abstinência. A quantidade de entidades que se autodenominam Comunidades Terapêuticas não para de aumentar, em paralelo ao crescimento numérico, político e econômico das igrejas evangélicas no Brasil. Segundo a última pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2017 havia cerca de 2 mil CTs no país. Uma série de pesquisas trouxeram à tona denúncias de violações de direitos humanos praticadas em CTs.
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Desemprego no RJ é o 3º mais alto do país no primeiro trimestre de 2022, aponta IBGE RJ acumula mais de 1,3 milhão de desempregados
AFP
O edifício, inaugurado em 1945, é um dos marcos da arquitetura modernista no Rio
Justiça Federal veta tentativa de Bolsonaro de vender o Palácio Gustavo Capanema Lei de 1937 impede venda de imóveis públicos tombados, mas prédio aparecia em lista de bens que seriam leiloados REDAÇÃO
RIO DE JANEIRO (RJ)
A
Justiça Federal atendeu a uma ação civil pública do Ministério Público Federal (MPF) e vetou a venda do Palácio Gustavo Capanema pela União. O edifício, inaugurado em 1945, é um dos marcos da arquitetura modernista no Rio de Janeiro e a decisão reconhece que o tombamento impede sua comercialização. Em novembro do ano passado, o MPF justificou a ação pela tentativa do governo federal de vender o prédio em uma feira de imóveis. Na época, o procurador da República Antonio do Passo Cabral afirmou que "a União considera que pode vendê-lo a qualquer momento, inclusive a particulares, mediante apresentação de pro-
posta" e que a "alienação de bem tombado a particulares é vedada pela legislação". Antes de levar o caso à Justiça, o MPF chegou a recomendar que o Gustavo Capanema não fosse vendido à iniciativa privada, mas um parecer da Secretaria de Patrimônio da União e da Secretaria de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia sustentou que, para o governo federal, a venda era permitida mesmo em caso de imóvel tombado. Um decreto-lei de 1937 estabelece que a transferência de imóveis públicos tombados só pode ocorrer para entidades federais, estaduais ou municipais. Mesmo assim, em agosto do ano passado o Capanema apareceu em uma lista de imóveis que seriam leiloados pelo governo de Jair Bolsonaro.
História »O valor histórico, cultural
e arquitetônico do Palácio Gustavo Capanema foi reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em tombamento realizado em 1948. O prédio foi inaugurado por Getúlio Vargas e foi sede do antigo Ministério da Educação e Saúde, com projeto arquitetônico de Le Corbusier e Oscar Niemeyer, com azulejos de Portinari, esculturas de Bruno Giorgi, pinturas de Alberto Guignard e José Pancetti, e jardins de Burle Marx. Hoje, o prédio uma biblioteca pública, uma sala de espetáculos, parte do acervo da Biblioteca Nacional e órgãos culturais.
No Sudeste, Rio teve o pior desempenho entre os estados REDAÇÃO
RIO DE JANEIRO (RJ)
» O Rio de Janeiro ocupa o
terceiro lugar entre os estados com a maior taxa de desemprego no país no primeiro trimestre de 2022. Os dados são da Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última sexta-feira (13). Segundo o levantamento, o contingente de desempregados no Rio de Janei-
ro era de 1,323 milhão de trabalhadores até março. O número, acima da média nacional (11,1%), representa uma taxa de 14,9%, atrás apenas da Bahia (17,6%) e Pernambuco (17%). Em comparação a outros estados do Sudeste, o Rio de Janeiro teve o pior desempenho. São Paulo, Minas e Espírito Santo registraram índices de desemprego abaixo da média nacional. Já as menores taxas de desocupação foram as de Santa Catarina (4,5%), Mato Grosso (5,3%) e Mato Grosso do Sul (6,5%).
TAXA DE DESEMPREGO (EM%) RIO DE JANEIRO
14,9
BRASIL
SÃO PAULO
11,1
10,8
MINAS GERAIS
ESPÍRITO SANTO
9,3
9,2
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Livro de fotógrafos da Rocinha mostra olhar de dentro sobre o cotidiano da comunidade
Nos cinemas, "Pureza" tem Dira Paes contra trabalho escravo » A atriz Dira Paes está nas telas
Imagens de “Rocinha sob lentes” também podem ser vistas em rede social do coletivo
Allan Almeida
REDAÇÃO
RIO DE JANEIRO (RJ)
U
ma das maiores favelas do Brasil, a Rocinha costuma ser retratada com foco em seus problemas e a violência local se tornou um imaginário coletivo nas páginas de jornais. Mas a comunidade pode ser vista por outros ângulos, é o que provam Allan Almeida, Diego Cardoso, Erik Dias e Marcos Costa. Os quatro jovens, moradores da Rocinha, empunham câmeras fotográficas – muitas vezes emprestadas – e aparelhos celulares, para registrar o cotidiano da comunidade. Parte dessa produção foi reunida recentemente no livro “Rocinha Sob Lentes”, produzido e editado pela Engenho Arte e Cultura, que leva o mesmo nome do coletivo criado pelos jovens. “Já lá se vão 50 anos trabalhando como fotógrafo documentarista e, acreditem, ainda me emociono quando descubro fotógrafos po-
Olhar Rocinha pelas câmeras mudou relação de jovens com a comunidade
pulares documentado suas comunidades com aquele misto de intimidade e afeto que só quem vive ou viveu na localidade possui”, diz João Roberto Ripper, um dos principais nomes da fotografia popular e que assina texto no livro. “O livro pode ser entendido como a mais recente manifestação de um
movimento nascido nos anos 2000, que vem sendo chamado de Fotografia Popular. Iniciado com a Escola de Fotógrafos Populares da Maré em 2004, esse processo de transformar os moradores dos espaços populares em cronistas de seus próprios territórios”, avalia Dante Gastaldoni, editor da publicação. Divulgação
Primeiros cliques
»Além da paixão pela fotografia, Allan,
Diego, Erik e Marcos também são moradores da Rocinha. Após os primeiros cliques e o contato com equipamento profissional, Marcos, de 29 anos, teve a ideia de criar com o grupo o coletivo fotográfico Rocinha Sob Lentes, que já atua há mais de 4 anos na comunidade. Como era de esperar, olhar pelas câmeras alterou a relação dos jovens com a comunidade. “Comecei a ver a Rocinha de outra maneira, de uma maneira mais crítica”, afirma Marcos.
Atualmente, todos conciliam a produção fotográfica com outras atividades profissionais. “Tem gente que acorda cedo para trabalhar no emprego formal e quando volta, já volta fotografando”, conta ele, que aproveita o horário da manhã para exercitar o olhar. O livro “Rocinha Sob Lentes” tem edição bilíngue e tem distribuição gratuita para escolas e instituições governamentais, dentro e fora do país. As fotos do coletivo também podem ser vistas no Instagram @rocinhasoblentes.
dos cinemas com o filme “Pureza”, que estreia nesta quinta-feira (19), e interpreta Dona Pureza, uma mulher que, em 1993, no interior do Maranhão, trabalhava fabricando tijolos ao lado de seu filho Abel. Em busca de uma vida melhor, o rapaz decide tentar a sorte nos garimpos da Amazônia. Quando fica meses sem receber notícias do filho, Pureza inicia uma jornada incansável para descobrir o seu paradeiro. Na busca por Abel, Pureza percorre cidades, se embrenha em fazendas e descobre um cruel sistema de aliciamento e cárcere de trabalhadores rurais. Ela testemunha o tratamento brutal dispensado aos trabalhadores. Com muita coragem, ela consegue escapar da fazenda e decide denunciar os fatos às autoridades Federais. Sem credibilidade, e lutando contra um sistema forte e perverso, Pureza retorna à fazenda para registrar provas e pressionar o governo – sem nunca perder de vista a busca por seu filho Abel. O filme é dirigido por Renato Barbieri, tem no elenco os atores Matheus Abreu e Flávio Bauraqui e é inspirado na história real de Pureza Lopes Loyola, cuja luta inspirou a criação do Grupo Especial de Fiscalização Móvel, a primeira ação na História do Brasil destinada a combater o trabalho escravo. Divulgação
Amigos criaram o coletivo
História é baseada em caso real
CAÇA-PALAVRA PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
DICAS MASTIGADAS
www.coquetel.com.br Representa o réu, no julgamento Período de reajustes de salários 5, em romanos Consertado (o texto)
Agitar; fazer tremer
Narrativa lendária sobre heróis
Obter gratuitamente (bras. pop.)
Unidade de venda da gasolina (símbolo) Malandro; esperto O "eu" oblíquo
• Deve-se escolher um tipo de farinha sem glúten. Além disso, pode-se variar os temperos
MODO DE PREPARO
»A receita começa no dia anterior, colocando o grão de bico de
molho durante 24 horas, independentemente de ser feito cru ou cozido. »Depois das 24h de molho, comece picando a cebola e o alho no menor tamanho que você conseguir. Na sequência, refogue um fio de azeite e coloque uma pitadinha de sal. Coloque os grãos - escorra bem antes - quando os primeiros ingredientes estiverem refogados. »Depois acrescente os demais temperos, cúrcuma, páprica, mais sal, pimenta e deixe mais 2 minutinhos só para uma incorporada nos temperos. Passe, então, pelo processador. Coloque também uma colher de azeite porque ajuda no preparo. »Tire do processador e coloque numa tigela. Daí que você vai colocar a farinha de aveia ou algo que você escolher. Siga devagarzinho para ir percebendo o ponto, e conseguir modelar o hambúrguer sem deixá-lo grudento. »Dica: colocar a massa na geladeira por 1 hora. Isso ajuda a modelar. »Depois modele, deixando uma espessura de 1 cm. Passe para a frigideira e faça só uma selada com um fio de azeite de cada um dos lados por dois minutinhos. Está prontinho para você saborear.
E PARA QUEM NÃO TEM PROCESSADOR?
»Você pode cozinhar o grão de bico na panela de pressão por uns
15 minutos depois que ele estiver molhado. Escorra. »Dica: tem pessoas que tiram a casca. Pode-se manter a casca por ser nutritiva e incorporar, dar um rendimento no preparo. »Depois amasse com um garfo e faça o mesmo processo da outra receita. Neste caso, é necessário também aumentar a quantidade de farinha.
Scooby-(?), amigo do Salsicha (TV) Folga que emenda com o fim de semana
Declarar; divulgar Açude do Ceará Irineu Marinho: fundou "O Globo"
Sílaba de "rocha" Insensível; desumano
Talento natural Sustentam o corpo
(?)-book, livro eletrônico (Inform.)
A água depois de filtrada
Tornar obrigatório Estado da região norte Quarta do Brasil cuja capital nota é Boa Vista (sigla) musical
Ente; criatura Farol da (?), ponto turístico da Bahia
Forma de decote suave
Robusto; vigoroso Instituição literária brasileira (sigla)
BANCO
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Solução F L A S E L A R I D O R L M E L A R R O Ã O T C P O R U U R T E A B L
Sayonara Salum
Aplicar taxas
Fecha; tampa
DICA
Conversafiada (gír.) Triste, em inglês
Fracassar É levada junto ao viajante
3/sad. 4/saga. 5/barra — falir. 8/feriadão. 9/corrigido.
• 300g de grão de bico; • 1 cebola; • 2 dentes de alho; • 2 colheres de chá de cúrcuma; • 2coleheres de chá de páprica; • 2 colheres de azeite; • 2 colheres de farinha de aveia (pode ser também farinha de quinoa ou farinha de arroz). • Sal • Pimenta • Cebolinha • Salsinha
Que tem aptidão para algo
© Revistas COQUETEL
H T A B A B A R I G I L A F A G R EV E D M I A D M E I M Ã F O R A
»A cozinheira Sayonara Salum ensina duas formas de preparo aproveitando o grão de bico cru ou cozido. Quem não tiver processador, pode preparar o hambúrguer amassando os grãos com um garfo.
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A D A V C O R G S A G D O O D F E R D O P E S F E R S B A R
HAMBÚRGUER DE GRÃO DE BICO: APRENDA DUAS VERSÕES DE PREPARO
INGREDIENTES
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CULTURA & LAZER
EDIÇÃO 354 19 A 25 DE MAIO DE 2022
10 MUNDO
EDIÇÃO 354 19 A 25 DE MAIO DE 2022
Estados Unidos são o primeiro país a atingir 1 milhão de mortos pela covid-19
Al Drago/AFP
REDAÇÃO
AGÊNCIA ANSA
Desde 2020, país esteve no topo das nações mais afetadas pela emergência sanitária MICHELE DE MELLO
SÃO PAULO (SP)
O
s Estados Unidos tornaram-se o primeiro país do mundo a atingir a cifra de 1 milhão de mortos pela covid-19, segundo dados da Universidade Johns Hopkins e da plataforma Our World in Data, publicados na última quarta-feira (18). A cifra é equivalente à soma de todos os óbitos registrados na Europa ou na
América do Sul. Além disso, o país acumula 82,7 milhões de casos. O surgimento da variante ômicron, em dezembro de 2021, considerada a cepa mais contagiosa do vírus, provocou o aumento dos óbitos, apesar da vacinação de cerca de 50% da população estadunidense no início de 2022. A taxa de mortalidade chegou a uma média de 2 mil falecidos por dia em janeiro e fevereiro deste ano — um total de mais de 125
Memorial para as vítimas da covid-19 em Washington, nos EUA
mil mortes em dois meses. Apesar de ser a maior potência econômica mundial, desde 2020 os EUA se mantiveram no topo do ranking entre as nações mais afetadas pela pandemia. No início de abril de 2020, a infecção causada pelo coronavírus havia matado mais estadunidenses do que todos os militares mortos nas guerras no Iraque e no Afeganistão juntos.
Mais de 332 milhões de doses de vacinas contra o vírus sars-cov2 foram aplicadas em todo o país. No entanto, somente 66% da população estadunidense completou o ciclo de imunização, sendo Nova York o estado com a maior porcentagem de vacinados, 77% da população, enquanto a Georgia está na base do ranking, com uma relação de apenas 54% de imunizados.
Perseguição judicial contra defensores dos direitos humanos aumenta na Colômbia, diz pesquisa REDAÇÃO
RIO DE JANEIRO (RJ)
» O Comitê de Presos Polí-
ticos divulgou um estudo sobre a criminalização da defesa dos direitos humanos na Colômbia. A pesquisa alerta sobre o aumento de 165% nos processos judiciais contra líderes e defensores durante o governo do presidente Iván Duque. Afirma, além disso, que o ativismo social é uma atividade de alto risco no país e que o Ministério Público se tornou um instrumento
de perseguição. "Estão tentando criminalizar a ação dos líderes sociais, dizendo que esse líder está liderando marchas, promovendo protestos, opondo-se à empresa x ou y e que isso é uma estratégia de insurgência, não
Desenho raro de Michelangelo é leiloado por valor recorde
de liderança social. Fazem isso sem provas para comprovar essa estratégia, porque não há nenhuma prova de que muitos desses líderes sociais tenham relações com ações insurgentes", afirmou Franklin Castañeda, diretor do Comitê. Asamblea Nacional Popular Colombia
Mais de 70 lideranças já foram assassinadas no país em 2022
Segundo o relatório, as ações de perseguição judicial são uma estratégia para deslegitimar o ativismo social. O documento aponta ainda que, com o avanço da pandemia e das políticas de retrocesso implementadas pelo governo Duque, a desigualdade e o conflito aumentaram nos territórios, assim como as ameaças e a violência em algumas comunidades. Segundo a ONG Indepaz, mais de 70 lideranças sociais já foram assassinadas na Colômbia em 2022.
» Um desenho raro atribuído ao artista italiano Michelangelo Buanorroti (1475-1564) foi leiloado na última quarta-feira (18), em Paris, pelo valor recorde de 23,16 milhões de euros, quantia equivalente hoje a R$ 120 milhões. A obra "Giovane nudo" ("Jovem nu") teria sido desenhada por Michelangelo no início de sua carreira e fazia parte de uma coleção privada francesa. O governo da França chegou a qualificar o desenho como "tesouro nacional" e a proibir sua exportação, mas depois removeu o bloqueio, permitindo o leilão. A obra também seria o primeiro estudo de um nu feito por Michelangelo a sobreviver até os tempos atuais. O recorde anterior de um desenho do artista italiano era do "Cristo risorto" ("Cristo ressuscitado"), leiloado em 2000 por 9,5 milhões de euros. Divulgação
Obra se chama "Giovane nudo"
ESPORTES
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Sky Sports/Reprodução
JOGADOR BRITÂNICO REVELA PUBLICAMENTE QUE É GAY Jake Daniels tem 17 anos e joga no Blackpool, da Inglaterra REDAÇÃO
AGÊNCIA ANSA
O
Ginasta russo perde medalha após apologia à guerra
BRASILEIRAS VÃO AO PÓDIO NO MUNDIAL DE BOXE DA TURQUIA Reprodução
» A Federação Internacional de
Ginástica (FIG) suspendeu por um ano o ginasta russo Ivan Kuliak depois de o atleta usar um símbolo da invasão à Ucrânia no pódio da Copa do Mundo de Atletismo, em Doha, no Catar. O atleta de 20 anos de idade faturou a medalha de bronze em uma das provas da competição e usou uma letra “Z” no peito ao lado do ucraniano Illia Kovtun, que ficou com o ouro. A letra é referência à frase “Za Pobedu” (Pela vitória, em russo) e está pintada nos tanques russos. Kuliak está proibido de disputar as competições da entidade por um ano. Ele também foi desqualificado no Mundial e terá que devolver a medalha, apesar de poder apelar da decisão.
seu primeiro contrato profissional, anotou 30 gols pela equipe juvenil. Fashanu, que foi o último jogador britânico a ter revelado publicamente que era gay, defendeu a seleção sub-21 da Inglaterra e o Norwich City. Ele falou sobre sua homossexualidade no fim da carreira, mas se suicidou em 1998, aos 37 anos de idade. Daniels seguiu os mesmos passos do meio-campista Joshua Cavallo, que defende o Adelaide United, da primeira divisão do futebol da Austrália.
COB/Divulgação
Jogador contou que recebeu apoio da equipe e da família
jovem atacante Jake Daniels, do Blackpool, revelou sua homossexualidade na última segunda-feira (16). O atleta se tornou o primeiro jogador profissional no Reino Unido a fazer isso desde Justin Fashanu, em 1990. A equipe do Blackpool, que joga a segunda divisão do Campeonato Inglês, publicou em suas redes sociais uma mensagem do jogador de 17 anos de idade.
“Essa temporada foi fantástica para mim dentro dos gramados, mas fora deles escondi o verdadeiro eu e quem realmente sou. Eu sempre soube que sou gay, e agora sinto que estou pronto para me assumir”, escreveu o atleta, comemorando o apoio da família, dos companheiros e do clube. Apesar de defender a equipe de base do Blackpool, o promissor jogador atuou pelo time principal em uma partida da Championship. Daniels, que assinou recentemente
A atleta Caroline Almeida fez sua estreia em mundiais já conquistando a medalha de bronze para o Brasil, em Istambul. Outro pódio está garantido pela brasileira e semi-finalista Beatriz Ferreira, já que as competições não têm confrontos pelo terceiro lugar. Atleta utilizou “Z” pintado nos tanques ucranianos
12 ESPORTES
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LUIZ FERREIRA
PAPO ESPORTIVO
FLAMENGO: problemas vão muito além das quatro linhas
É
Marcelo Gonçalves / Fluminense
fazer avaliações mais profundas, mas parece que Fernando Diniz finalmente vai engrenar. O Fluminense vem jogando bem e pode chegar longe. A conferir.
O BOTAFOGO É SÓ ALEGRIA » É difícil dizer até onde o Botafogo vai
Vitor Silva / Botafogo
nessa temporada. Mas está bem claro que o time se conectou com sua torcida. E isso vem fazendo toda diferença no que vemos em campo. Luís Castro vem fazendo um bom trabalho.
Torcedor não pode cair na lorota de que basta demitir Paulo Sousa
dessa diretoria e com a aproximação com o governo Bolsonaro foi acusada de “misturar política com esporte”.
O que pouca gente entende é que Paulo Sousa é o menor dos problemas do Flamengo O Flamengo só não foi totalmente gourmetizado porque a sua torcida bateu o pé e foi para as redes sociais e para as cadeiras do Maracanã protestar contra Landim, Braz e essa visão mais capitalista selvagem de
transformar tudo em números. Todas as decisões têm a ver unicamente com dinheiro, planilhas e essa postura de playboyzinho conservador. Concordo plenamente que o trabalho de Paulo Sousa está muito abaixo do esperado. A demora em perceber que era preciso ser mais flexível com os jogadores acabou contribuindo demais para a crise pela qual a equipe vive atualmente. Mas não se esqueçam de que Paulo Sousa é o menor dos problemas se é que pode ser considerado um. Porque não existe treinador que resista ao sucateamento descarado do departamento de futebol. A corda sempre acaba arrebentando do lado mais fraco.
MANTER-SE NO TOPO É A TAREFA DO VASCO » O time ainda está devendo uma atuação convincente. Mas ninguém nega que os últimos resultados podem sim dar confiança para um Vasco que finalmente chegou no G4. A tarefa agora é se manter por lá. Daniel Ramalho / CRVG
bastante compreensível que o torcedor do Flamengo esteja na bronca com Paulo Sousa. Estamos chegando no meio do ano e a equipe ainda não conseguiu apresentar um futebol consistente. A vitória sobre a Universidad Católica (pela Libertadores) foi boa, mas o caminho ainda é longo. Só que o torcedor rubro-negro não pode cair na lorota de que basta demitir Paulo Sousa e trazer Jorge Jesus de volta para que as coisas voltem a funcionar como funcionaram em 2019. O contexto é completamente diferente. E aquele cenário é praticamente impossível de ser repetido por mais que se tente. O que pouca gente entende é que Paulo Sousa é o menor dos problemas do Flamengo. O clube mais amado do país é hoje o retrato da sua diretoria. E todas as atitudes de Rodolfo Landim, Marcos Braz, Bruno Spindel e companhia se refletem naquilo que vemos em campo. Voltemos um pouco no tempo. A diretoria que herdou o legado da gestão de Eduardo Bandeira de Mello é a mesma que desmontou todo um departamento de análise de desempenho, aparelhou o departamento médico do clube, fechou o Flamengo para a sua torcida e concentrou o todo poder na mão do grupo que é hoje conhecido como “clubinho do Leblon”. Vale lembrar também que a grande parcela da torcida que protestou contra as decisões
Gilvan de Souza / Flamengo
FERNANDO DINIZ CHEGOU CHEGANDO » É verdade que ainda é muito cedo para se