EDIÇÃO 360
Ano 9
30 de junho a 6 de julho de 2022
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OBRAS DO BRT DA AVENIDA BRASIL TÊM ATRASO DE CINCO ANOS Brigas políticas de gestões diferentes prolongam o sofrimento da população carioca com engarrafamentos e poluição. Saiba mais.
Reprodução/TV Globo
Divulgação
RJ
OSMAR PRADO: “POLÍTICA SÉRIA NA ÁREA AMBIENTAL SÓ COM UM NOVO GOVERNO” Ator de Pantanal fala sobre mudanças que testemunhou com a devastação do bioma. GERAL, PÁG 2.
POR QUE O ACESSO A ARMAS POR PMS DA RESERVA PODE BENEFICIAR A MILÍCIA NO RJ??
Resolução publicada em junho permite que policiais da reserva retirem pistola, carregadores e munições nas corporações. Entenda. GERAL, PÁG 7.
GERAL, PÁG 5.
EXPOSIÇÃO NO CCBB MOSTRA OBRAS DE CÂNDIDO PORTINARI NUNCA ANTES VISTAS
Público poderá conhecer novidades de um dos mais importantes artistas brasileiros. CULTURA & LAZER, PÁG 8. Fotos Divulgação/CCBB/Projeto Portinari
ACESSE AS NOTÍCIAS DO BRASIL DE FATO RJ TAMBÉM PELO CELULAR, ATRAVÉS DO QR CODE
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REDAÇÃO
Águas da Baía de Guanabara têm pior avaliação desde 2014
RIO DE JANEIRO (RJ)
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egundo análises divulgadas pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), todos os 21 pontos de monitoramento de qualidade das águas da Baía de Guanabara registraram índices classificados como “ruim” ou “péssimo” em 2021. Essa é a primeira vez que o resultado ruim generalizado aparece na série histórica do instituto, iniciada em 2014. As informações da pesquisa foram divulgadas pelo o jornal O Globo. De acordo com o levantamento, 13 pontos foram classificados como péssimos e oito como ruins. Nenhum recebeu nota “regular”, “boa” ou “ótima”: todos pioraram ou permaneceram com a mesma avaliação negativa de 2019, ano em que foi divulgado o último boletim do Inea — ape-
Jaqueline Deister
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Pesquisa aponta que 21 pontos de monitoramento registraram índices classificados como “ruim” ou “péssimo” em 2021
Em Niterói, na região metropolitana, a situação também se agravou
Essa é a primeira vez que o resultado ruim generalizado aparece na série histórica do instituto
sar de ser anual, o serviço sofreu uma interrupção em 2020 em razão da pandemia de covid-19. O levantamento do Inea ainda mostra que a qualidade da água do trecho próximo ao Aeroporto Santos Du-
mont caiu de “regular” em 2019 para “ruim” em 2021. As águas próximas aos bairros do Flamengo e de Botafogo também sofreram com uma redução ainda mais radical de qualidade, saindo de “regular” para “péssimo”.
Em Niterói, na região metropolitana, a situação também se agravou: de “regulares”, a qualidade das águas perto da praia de Icaraí e de Jurujuba agora são classificadas como “péssima” e “ruim”, respectivamente. O indicador caiu duas notas na região perto da Fortaleza Santa Cruz: de “regular” para “péssimo”. Até mesmo o ponto de coleta já na área externa da Baía de Guanabara, em mar aberto, recebeu classificação ruim pela primeira vez: até então, o trecho só havia recebido as notas regular e boa ao longo de toda a série histórica. A análise do Inea — feita em sete datas diferentes ao longo do ano — consolida os resultados de oxigênio dissolvido, fósforo total, nitrogênio amoniacal total, nitrogênio nitrito, nitrogênio nitrato, potencial hidrogeniônico, coliformes termotolerantes e fitoplâncton.
GLAUCO FARIA RIO DE JANEIRO (RJ)
» Para o ator Osmar Prado, que faz o
personagem Velho do Rio na novela Pantanal, da Rede Globo, iniciativas efetivas do governo federal voltadas para a preservação ambiental no Brasil só serão possíveis em uma eventual nova gestão. "Uma política mais consequente só poderá ser realizada ao final das eleições de outubro — que serão um plebiscito —, se de fato fizermos a esco-
lha de uma frente democrática, progressista, liderada pela coligação do presidente Lula", diz, em entrevista ao Brasil de Fato. Sobre a possibilidade de a novela, que trata de temas ambientais, aumentar a conscientização sobre a importância da preservação, ele aponta que formatos assim têm limites. "Se pode levar a uma conscientização eu não sei, um folhetim é um folhetim, eu me lembro que quando nós fizemos Renascer, discutia-se
a questão da reforma agrária e uma das discussões do Tião Galinha com o padre era: 'mas eu não sou filho de Deus? Se sou filho de Deus, não tenho direito a um pedaço de terra? Ou será que os outros são mais filhos de Deus do que eu?'", lembra. "Mas me sinto muito honrado em fazer o Velho do Rio e acho que posso contribuir com a minha interpretação e com as coisas incríveis que o personagem diz para a melhoria do meio ambiente", pontua.
Ator Osmar Prado faz o personagem Velho do Rio na novela Pantanal
CONSELHO EDITORIAL: Antonio Neiva (in memoriam), Carolina Dias, Joaquín Piñero (in memoriam), Mário Augusto Jakobskind (in memoriam), Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam), Cláudia Santiago, Gerson Castellano, Carolina Proner, Maíra Marinho, Pablo Vergara, Olímpio Alves www.brasildefatorj.com.br dos Santos, Silas Evangelista, Valéria Zacarias e Cristina Valle | EDIÇÃO: redacaorj brasildefato.com.br Mariana Pitasse | SUBEDIÇÃO:Eduardo Miranda | ADMINISTRAÇÃO: Aline Bernardino | DISTRIBUIÇÃO: Caroline Otávio | REDAÇÃO: Clívia fato_rj /brasildefatorj Mesquita, Jéssica Rodrigues, Jaqueline Deister, Luiz Ferreira e Lucas Maia brasildefatorj (21) 99373 4327 | DIAGRAMAÇÃO: Juliana Braga, Pablo Tavares e Érico Lebedenco.
Divulgação
Osmar Prado: “Política séria na área ambiental só com um novo governo”
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Entidades de defesa da diversidade sexual pedem compromisso de candidaturas
Niterói tem primeira Clínica Jurídica do país voltada para população LGBTQIA+
Programa "Voto com Orgulho" quer ajudar a eleger pessoas comprometidas com proteção de direitos e cidadania
Atendimentos são realizados de forma presencial ou remota
FELIPE MENDES
RIO DE JANEIRO (RJ)
E
Giorgia Prates
REDAÇÃO RIO DE JANEIRO (RJ)
Iniciativas semelhantes são organizadas desde 1996
ntidades ligadas a movimentos em defesa da diversidade sexual se organizaram para reunir candidaturas que apoiem pautas ligadas à garantia de direitos. O programa, batizado de "Voto com Orgulho", criou uma plataforma que aponta uma série de políticas públicas para enfrentar a discriminação. Foram elaboradas cartas compromisso que serão apresentadas a candidatas e candidatos, além de um cadastro para reunir postulantes a cargos públicos que se alinham à pauta. Diante das especificidades de cada cargo, foram elaboradas diferentes cartas para candidaturas que pleiteiam LGBT, da Rede Trans Brasil, a presidência da República, da Associação Brasileira de governos estaduais, Senado, Famílias Trans Homo afeCâmara e assembleias legistivas, da iniciativa Sleeping lativas. O programa também Giants, do Grupo Dignidade se organizou para combaCuritiba, do Instituto Sinerter discursos de ódio e viogia de Minas Gerais e da ONG Transparência lência nas eleições, além de Para este ano, a Eleitoral. u m g r upo de expectativa é de O coordenaenfrentamento dor da elaboa notícias fal- reunir em torno ração da plasas, as chama- de 270 candidatas taforma, Todas fake news. ni Reis, explie candidatos A iniciativa foi ca que iniciaorganizada pela Aliança Nativas semelhantes são orgacional LGBTI+ e pelo Grupo nizadas desde 1996, quando Arco-Iris de Cidadania LGBas entidades conseguiram TI+ Rio, com apoio da Assoregistrar oito candidaturas ciação da Parada do Orgupelo país nas eleições mulho LGBT+ de São Paulo, do nicipais. Para este ano, a exFórum de Empresas e Direipectativa é de reunir em tortos LGBT, da União Nacional no de 270 candidatas e can-
» Niterói, na região Metropolitana do Rio de Ja-
didatos. As entidades vão oferecer assessoria e cursos de capacitação. O registro já está aberto, e pode ser feito pelas pré-candidaturas neste formulário. "A expectativa é de esperança de que a gente possa mudar todo esse panorama que se abateu no nosso país, do extremismo religioso e político, e que a gente possa voltar a um governo, a um estado que respeita as instituições, que respeite as minorias, que não faça discurso de ódio. O vento contrário sempre impulsiona a gente a voar mais alto. Tivemos retrocesso nesses últimos três anos e meio. Nos rearticulamos e o movimento se fortaleceu", disse Reis.
neiro, é a primeira cidade do país a receber uma Clínica Jurídica voltada exclusivamente para a população LGBTQIA+. O projeto é uma parceria da prefeitura com a Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense (UFF), a Fundação Euclides da Cunha (FEC), instituição sem fins lucrativos de incentivo à pesquisa, e o Grupo Diversidade Niterói. A proposta da Clínica Jurídica é oferecer assistência gratuita para garantia de direitos básicos da população LGBTQIA+, como saúde, moradia, alimentação, transporte, nome civil e educação. Além disso, segundo os coordenadores, o projeto é uma oportunidade de aprendizado a partir do estudo de casos concretos. A equipe conta com cinco estudantes bolsistas e nove voluntários do curso de Direito e Audiovisual da UFF. Além do atendimento, o grupo promove seminários sobre políticas públicas, curso preparatório para ingresso de pessoas LGBTQIA+ na pós-graduação, cartilhas sobre casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e alteração do registro civil no caso de travestis e transexuais. Uma das coordenadoras do projeto, a professora Carla Appollinario, afirma que "as ações e atividades da Clínica, embora voltadas em um primeiro momento à comunidade LGBTQIA+ de Niterói, têm contribuído para a difusão de um modelo de educação popular que se pauta pelo respeito à vida e à diversidade não apenas de quem se encaixa nesse perfil específico, mas de toda a sociedade”. COMO BUSCAR ATENDIMENTO?
» Os atendimentos da Clínica Jurídica de Ni-
terói são realizados de forma remota ou presencial, com agendamento prévio por meio de formulário, na Faculdade de Direito da UFF ou na sede do Grupo Diversidade Niterói, localizada na Avenida Visconde do Rio Branco, no centro da cidade.
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REDAÇÃO
RIO DE JANEIRO (RJ)
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o estado do Rio de Janeiro, 2,8 milhões de pessoas passam fome, segundo levantamento que integra o segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, produzido pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN). Esse número corresponde a 15,9% da população do estado. A pesquisa, que depois de fazer um levantamento nacional se debruçou sobre a situação da fome nos estados, foi divulgada na última quinta-feira (23), durante o Encontro Nacional Contra a Fome, organizado pela Ação da Cidadania no Rio. Ainda de acordo com a pesquisa, houve um aumento de 400% no número de pessoas que não têm o que comer no estado entre 2018 com 2022. Além disso, chega a 60% a porcentagem de pessoas em situação de insegurança alimentar nos três níveis (leve, moderado e grave) no Rio, ou seja, pessoas que estão vivendo com algum tipo de restrição no acesso à aliREDAÇÃO
RIO DE JANEIRO (RJ)
»O
Encontro Nacional Contra a Fome, realizado pela Ação da Cidadania em parceria com outras instituições, chegou ao seu último dia, na última quinta-feira (23), na zona portuária do Rio de Janeiro, com o lançamento do "Pacto pelos 15% com Fome", uma convocação da organização à sociedade na luta contra a insegurança alimentar.
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Fome aumenta 400% e atinge 2,8 milhões de pessoas no estado do RJ, aponta pesquisa Estudo apresenta dados sobre a fome registrados em 2018 e em 2022 Mauro Pimentel - AFP
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No RJ, 70% dos desempregados sofrem com insegurança alimentar ou passam fome
Chega a 60% a porcentagem de pessoas em situação de insegurança alimentar nos três níveis mentação. Há quatro anos, esse número era de 32,2%. O levantamento ainda aponta que enquanto 50% dos homens responsáveis por "colocar comida na mesa" estão em situação de segurança alimentar, 38,58%
das mulheres que lutam pelo sustento de suas famílias passam fome. A diferença também aparece no recorte por raça: 37,61% dos chefes de família pretos e pardos vivem em situação de insegurança ali-
mentar grave no Rio de Janeiro. Por outro lado, 55,63% dos chefes de família que se identificaram como brancos não sofrem com nenhum tipo de restrição. No estado, quase 70% das pessoas que estão desempregadas sofrem com insegurança alimentar moderada ou passam fome. Quando se trata de insegurança alimentar, o nível modera-
do significa que um pessoa da família precisa abrir mão de comer para que a outra se alimente, ou que a pessoa deixa de fazer pelo menos uma das principais refeições diárias. Os números reforçam, ainda, como a escolaridade influencia e é influenciada pela fome. Se por um lado 37,5% das pessoas que não estudaram ou que estudaram até 4 anos praticamente não têm o que comer, 74% das pessoas que estudaram mais de oito anos vivem em situação de segurança alimentar. Os dados da pesquisa foram coletados entre novembro de 2021 e abril de 2022, a partir da realização de entrevistas em domicílios, em áreas urbanas e rurais do estado do Rio. A Segurança Alimentar e a Insegurança Alimentar foram medidas pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia).
Ação da Cidadania lança campanha nacional "Pacto pelos 15% com Fome" O objetivo é mobilizar empresas, grupos de mídia e pessoas físicas para contribuir O objetivo é mobilizar empresas, grupos de mídia, agências de comunicação e publicidade, pessoas físicas, instituições e ONGs, para que façam parte do movimento, apoiando campanhas e projetos de entidades que estarão atuando junto ao Pacto, seja fa-
zendo doações ou até mesmo dedicando tempo ao voluntariado. "Vamos fazer um pacto para ajudar os 15% dos brasileiros que não têm o que comer. O direito básico à alimentação é garantido pela Constituição, mas hoje parece uma miragem
distante. Há quase 30 anos, Betinho mobilizou milhares de voluntários para ajudar 32 milhões de pessoas que passavam fome", disse o diretor-executivo da Ação da Cidadania, Rodrigo "Kiko" Afonso. A plataforma www.15por15. org está disponível desde a
última semana, com informações sobre o projeto e como é possível participar do movimento. A ideia é que empresas e pessoas, físicas ou jurídicas, possam criar suas ações para doar 15 centavos, 15 reais, 15 milhões, 15 segundos, minutos ou porcentagem de vendas.
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Obras do BRT da Avenida Brasil consumiram quase R$ 2 bilhões e têm atraso de cinco anos Brigas políticas de gestões diferentes prolongaram o sofrimento da população carioca com engarrafamentos e poluição ITDP/Reprodução
EDUARDO MIRANDA
RIO DE JANEIRO (RJ)
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uitas promessas, mu ito d i n hei ro gasto e nenhuma garantia, até agora, de melhoria da vida de quem passa diariamente pela Avenida Brasil, a principal via do Rio de Janeiro, com 58 quilômetros cortando as zonas Oeste e Norte até chegar ao centro da capital. As obras do BRT Transbrasil, que pretendem solucionar o problema dos grandes engarrafamentos na via, começaram em 2015 e a previsão é que elas tivessem sido entregues em 2017. São cinco anos de atraso e o sistema, cuja nova previsão é começar a funcionar em 2023, já tem custo de quase R$ 2 bilhões. Segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura do Rio, o BRT Transbrasil deveria ter sido entregue na gestão passada pelo então prefeito Marcelo Crivella (PRB). A Secretaria informou que as obras foram retomadas em agosto de 2021 do ano passado, já com a gestão de Eduardo Paes (PSD), que iniciou a reforma em seu primeiro governo. Para Pedro Bastos, pesquisador de mobilidade urbana do Observatório das Metrópoles e doutorando em Planejamento Urbano pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPUR-UFRJ), as desavenças e as disputas po-
A Avenida Brasil, inaugurada em 1946, foi construída para facilitar a locomoção de pessoas, bens e mercadorias para fora da cidade, mas se tornou “uma avenida extremamente perversa” para a mobilidade intraurbana, segundo especialistas.
As obras do BRT Transbrasil, que pretendem solucionar o problema da via, começaram em 2015
líticas estão entre os fatores para o atraso, já que o BRT é legado de Paes, como outras obras iniciadas na cidade com os Jogos Olímpicos de 2016. “O BRT foi vilipendiado pela má gestão [de Crivella], má gestão que dura até hoje. Mas ele é uma solução inteligente, é aprovado e funciona em várias cidades do mundo. E é uma obra ambiciosa que precisa de um plano de contingência bem feito para impactar o mínimo possível na cidade”, analisa Bastos. Para o pesquisador, a implementação do BRT Transbrasil não resolveria o problema das desigualdades sociais ao longo da via, mas tornaria menos difícil e mais equitativo o acesso a trabalho, lazer e cuidados médicos, “direitos fundamentais para a vida urbana”, complementa.
REFÉNS DO CEP
O SISTEMA
»Engenheiro e coordenador da Casa Fluminense, Vitor Mihes-
»Ao Brasil de Fato, a Secretaria municipal de Infraestru-
sen acompanha de perto os percalços do BRT Transbrasil, mas também viveu na pele as dificuldades de quem precisa viajar diariamente pela Avenida Brasil. Durante a faculdade, ele morava em Realengo, na zona Oeste, e ia para a zona Sul. “Na época, fiz os cálculos: em um ano, eu perdia 30 dias no trânsito na Avenida Brasil. As zonas Oeste e Norte não são lugares de passagem dos tomadores de decisão, essa obra não acaba não é à toa. Isso não aconteceria com uma obra na zona Sul, onde vivem os governantes. Pessoas periféricas e pretas ficam reféns de seus CEPs, que não são alvo de políticas públicas”, critica Mihessen. Segundo o engenheiro, as zonas Norte e Oeste da cidade, que seriam impactadas pela BRT Transbrasil, são as áreas mais populosas da cidade e as que elegem, portanto, os “ditos representantes”.
tura informou que as obras terminam no fim de 2022, mas o terminal intermodal Gentileza, que vai ocupar o terreno do antigo Gasômetro, já chegando ao centro, só fica pronto em 2023 e a previsão do funcionamento total do sistema é dezembro de 2023. A gestão atual está investindo mais R$ 430 milhões, o que totaliza cerca de R$ 1,89 bilhão de recursos investidos no total da obra. No total, serão 18 estações, quatro terminais – Deodoro, Margaridas, Missões e o intermodal Gentileza – e mais 22 intervenções como viadutos e alargamentos de pistas ao longo de 26km de via. Segundo a Secretaria municipal de Transporte, além do ganho de tempo que se perde nos engarrafamentos da Avenida Brasil, a expectativa é que cerca de 250 mil pessoas sejam transportadas diariamente no BRT Transbrasil até 2030.
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Exposição indevida de atriz mostra "falta de sensibilidade com mulheres estupradas"
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O colunista Leo Dias divulgou informações que davam pistas do caso e ajudavam a criminalizar a vítima
Especialistas analisam violência sofrida por Klara Castanho à luz do direito à privacidade, ao aborto e à adoção CRISTIANE SAMPAIO
BRASÍLIA (DF)
O
caso da exposição indevida, por parte do colunista Leo Dias, de uma atriz que encaminhou um filho para doação após gravidez resultante de estupro reavivou os debates sobre os direitos das mulheres em situação de violação sexual e também sobre o direito à intimidade daquelas que optam pelo aborto legal ou pela adoção. A discussão, que tomou as redes sociais neste final de semana, foi estimulada por uma sucessão de fatos que expuseram a vítima, a atriz Klara Castanho, que acabou revelando a própria identidade neste final de semana, ao fazer um desabafo via Instagram. A artista teve algumas das suas informações sobre o caso mencionadas inicialmente por Leo Dias no último dia 16, durante participação no programa de Danilo Gentili. Na ocasião, o colunista, sem citar o nome da atriz, mencio-
nou informações que davam pistas do caso e ajudavam a criminalizar a vítima. "Não é uma coisa feliz. É muito denso. O carma vai ser grande”, mencionou, ao profetizar ainda que “a conta vai chegar” e que o caso seria uma espécie de “maldade”. A atitude do colunista gerou grande repercussão nas redes sociais, levando a discussão ao nome de Klara Castanho. “Esse caso revela que há uma gigantesca falta de sensibilidade com as mulheres estupradas no Brasil, e essa falta de sensibilidade chega a ser perversa, impiedosa. Nós estamos falando de um tema muito sério”, afirma a diretora do Instituto Patrícia Galvão, Jacira Melo, entidade que trabalha com o tema da violência de gênero. PROTEÇÃO LEGAL Maria Cristine Lindoso, pesquisadora do doutorado em Direito da Universidade de Brasília (UnB) e professora do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) de
Brasília, sublinha que, pela legislação vigente no país, todo cidadão tem direito à proteção de dados. “O caso dela é mais interessante porque envolve dados médicos, que são entendidos como dados pessoais sensíveis, são protegidos pela lei de uma forma diferente justamente pelo risco que podem trazer, pelo potencial discriminatório, pela profundidade da devassa à privacidade que eles podem trazer”, explica Lindoso. Na exposição midiática do caso, Leo Dias chegou a veicular em sua coluna informações como o sexo do bebê, a data de nascimento e o hospital onde a criança nasceu, rompendo diferentes barreiras que protegem a privacidade dos envolvidos e facilitando a identificação da mãe adotiva e do filho. Após a repercussão negativa, o colunista tirou o link do ar no site Metrópoles.
RELEMBRE O CASO »O caso de Klara Castanho virou alvo de uma série de in-
ternautas que embarcaram na onda da condenação da artista. Ao manifestar-se publicamente sobre o caso, a artista fez um desabafo que atraiu as atenções nas redes sociais neste final de semana. Em um duro relato, ela contou ter sido vítima de violência sexual, disse ter descoberto a gravidez pouco tempo antes de a criança nascer e afirmou ter optado pela doação por entender que esse seria “um ato supremo de cuidado” e por não ter condições de seguir adiante com o bebê. “Esse é o relato mais difícil da minha vida. Pensei que levaria essa dor e esse peso somente comigo. Entre o momento que eu soube da gravidez e o parto, se passaram poucos dias. Era demais para processar, para aceitar e tomar a atitude que eu considero mais digna e humana”, disse Klara. A vítima contou ainda que foi procurada por meios de comunicação logo após o parto. “Apenas o fato de eles saberem mostra que os profissionais que deveriam ter me protegido em um momento de extrema dor e vulnerabilidade, que têm a obrigação legal de respeitar o sigilo da entrega, não foram éticos, nem tiveram respeito por mim e nem pela criança”, desabafou a atriz. Na tarde do último domingo (26), Dias publicou uma nota na coluna pedindo desculpas à atriz pelo ocorrido. “Errei ao publicar sobre Klara. Mesmo que eu não tenha revelado a história, reconheço que não tenho noção da dor dela e peço perdão. Ela foi covardemente exposta. Tenho consciência disso”, disse.
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Cristophe SImon/AFP
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JAQUELINE DEISTER
RIO DE JANEIRO (RJ)
U
ma resolução publicada em 1° de junho no Diário Oficial do estado do Rio de Janeiro autoriza que policiais militares da reserva remunerada, que se enquadrem nos critérios estabelecidos pela PM, retirem na corporação uma pistola com os respectivos acessórios, até três carregadores e no mínimo 50 munições. A medida deve beneficiar cerca de 10 mil PMs e gerou preocupação, principalmente em setores da sociedade que atuam na área de segurança pública.
Segundo parlamentares, não houve debate público e transparência para implementar a medida No dia 6 de junho, a deputada estadual Renata Souza (Psol), juntamente com os seus colegas de bancada, Flavio Serafini, Dani Monteiro e Mônica Francisco, protocolaram no Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), uma representação contra a distribuição de armas para os policiais da reserva. No documento, os parlamentares pedem a instauração de uma investigação para apurar a possível responsabilidade do
Acesso a armas e munições por PMs da reserva pode beneficiar a milícia no RJ Resolução publicada em junho permite que policiais da reserva retirem pistola, carregadores e munições nas corporações secretário de estado de Polícia Militar, Luiz Henrique Marinho Pires, sobre a expedição de possível ato administrativo abusivo em relação às suas atribuições. Na avaliação de Renata, não houve debate público e transparência para implementar a medida. Segundo a deputada, a resolução amplia a circulação de armas no estado e pode beneficiar a milícia. “Vemos com muita preocupação também o crescimento das milícias no estado do Rio de Janeiro, em especial com agentes que não estão fazendo mais parte da corporação, agentes da reserva, ou que sofreram algum processo administrativo, isso não sou eu que estou dizendo são as investigações sobre grupos milicianos no estado do Rio de Janeiro, que a CPI das milícias demonstrou com muita qualidade o que representa esse grupo armado que tem
braço no poder público”, explica a parlamentar que ainda alerta sobre o caráter sigiloso do processo administrativo que trata da distribuição de armas pela Polícia Militar.
O QUE DIZ A PM »Por meio de nota, a as-
MAIS VIOLÊNCIA Outro ponto questionado por especialistas da área é o uso do bem público para beneficiar uma lógica privada. De acordo com Daniel Hirata, professor de sociologia e coordenador do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (GENI/UFF), além da má gestão dos recursos públicos, a medida aumenta a circulação de armas e, consequentemente, a violência. “Há de se perguntar qual seria o uso dessas armas e munições já que esses policiais não estão atuando oficialmente. Isso me parece que só vai aumentar o tipo de resolução privada de conflitos que se opõe a própria ideia de segurança pública. Vai aumentar também um mercado não regulado de circulação de armas e munições que muitas vezes vai também se destinar a grupos armados como as milícias e por fim amplia a circulação de armas e munições”, detalha o pesquisador ao Brasil de Fato.
sessoria da Polícia Militar informou à reportagem que “o objetivo da medida é proteger os veteranos da reserva remunerada, por reconhecimento de quem sempre serviu e protegeu a população e a Corporação” e explicou que os veteranos da reserva remuneradas poderão acautelar as armas caso preencham alguns requisitos básicos. Entre eles: "não apresentar qualquer impedimento médico, psicológico e/ou psiquiátrico; não apresentar restrição administrativa ou judicial, que implique na suspensão da posse ou restrição ao porte de armas; e não estar cumprindo pena restritiva de liberdade". Segundo o órgão, a cada quatro anos do recebimento da cautela, o policial beneficiado será convocado pela Diretoria de Veteranos e Pensionistas (DVP). Para manter o benefício, o policial terá que passar por instrução de armamento e tiro, além de inspeção de saúde.
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Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no centro do Rio, inaugurou na última quarta-feira (29) a exposição gratuita “Portinari Raros”, com cerca de 50 obras pouco vistas ou nunca antes expostas de Candido Portinari (19031962), um dos mais importantes artistas brasileiros de todos os tempos. Obras originais, raras, como a única cerâmica produzida pelo artista ao longo de toda a sua vida, estudos de dois cenários produzidos para o “Balé Iara”, da companhia Original Ballet Russe, e um dos estudos para o painel “Guerra”, da ONU, estarão na exposição, assim como pinturas e desenhos em diversas técnicas. “Portinari é o maior pintor da brasilidade, tem um papel chave no modernismo brasileiro e foi um artista bastante multidisciplinar no seu tempo, encontrou caminhos e linguagens, diversidade de estilos e possibilidades”, afirma o curador Marcello Dantas.
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Exposição gratuita no CCBB mostra obras de Cândido Portinari nunca antes vistas Público poderá conhecer novidades de um dos mais importantes artistas brasileiros Projeto Portinari/Coleção Roberto Marinho
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Um dos destaques é a obra “Flora e Fauna Brasileiras”, de 1934 e que tem 1,60 de comprimento
Ocupando o primeiro andar do CCBB RJ, a mostra será dividida em seis núcleos temáticos: “Fauna”, “Paisagens acidentais”, “Desenhos”, “Infância”, “Carajá”, “Balé” e
“Flores”, que darão um amplo panorama das diversas facetas e linguagens exploradas por Portinari. "As obras vieram principalmente de coleções privadas, o
que significa que várias nunca foram expostas ou estão há muitas décadas em casas de pessoas sem serem vistas pelo público. São trabalhos que vão surpreender muita gen-
te”, ressalta o curador. A mostra tem ainda uma instalação digital que leva o público a uma viagem por mais de 5 mil obras do artista. SERVIÇO CCBB-RJ Onde? Rua Primeiro de Março, 66, no Centro do Rio, próximo à Igreja da Candelária. Quando? De 2ª feira a domingo, das 9h às 21h, no domingo, das 9h às 20h, e fecha às 3ª feiras. Quanto? Gratuita, ingresso no site eventim.com.br ou presencialmente na bilheteria do CCBB.
Reforma agrária é questão urgente, afirma Dira Paes
Para a Filó, de Pantanal, questão fundiária se relaciona com a preservação do meio ambiente Divulgação/TV Globo
GLAUCO FARIA
SÃO PAULO (SP)
» Intérprete da Filó na nove-
la Pantanal, a atriz Dira Paes contou ao Brasil de Fato que é possível perceber nas locações em que a novela é gravada os efeitos da devastação na região. Segundo pesquisadores do MapBiomas, a área coberta por água e campos alagados foi reduzida em 29% entre 1985 e 2020. "Sobre os efeitos da degradação ambiental, a gente percebe que a estiagem demonstra isso. A ausência de água na superfície, a terra racha-
Governo Bolsonaro despreza direitos humanos, diz atriz
da, a secura mais aparente, mais propícia a um fogo que se espalha mais rapidamente nessa vastidão que é o Panta-
nal. Isso faz com que o Pantanal esteja em constante ameaça”, relata a atriz. Dira acredita que alguns as-
pectos da trama da novela podem ajudar a despertar o interesse das pessoas em relação ao meio ambiente. "É muito recompensador para o artista quando ele consegue fazer um trabalho que ecoa sobre um tema. No caso, as questões levantadas pela novela Pantanal são muito atuais, mobilizam e provocam discussão", aponta. E sobre os temas levantados, ela destaca um que deveria ser prioritário: a reforma agrária. "Essa é uma das pautas importantes que a novela toca, a questão da reforma agrá-
ria, que tem sido adiada por anos e se faz tão urgente justamente para fazer com que a consciência ambiental seja privilegiada, sendo pauta mundial", pondera. A atriz também avalia de forma negativa a condução das iniciativas da área ambiental no governo Bolsonaro. "A gente vê políticas que fazem com que cientistas sejam destituídos das suas convicções e de seus estudos, e que terras e áreas protegidas sejam invadidas. Vemos desprezo com ONGs e com os direitos humanos”, afirma Dira Paes.
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CAÇA-PALAVRA PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
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DICAS MASTIGADAS
www.coquetel.com.br Curso que se faz após o mestrado
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Capitais de Roraima e Rio Grande do Norte, respectivamente A primeira hora
© Revistas COQUETEL Corrida Categoria de jipes de desfile Dia, mês de fantasias e ano de Carnaval
Dividir o baralho Restituir; repor
Desistir por medo (fig.) Variedade de limão Excesso na comida
• 1 pimenta dedo de moça • 2 dentes de alho • 1/2 maço de coentro • Sal à gosto
Centenário de Pasolini é celebrado com mostra de filmes no Rio » A partir deste sábado (2), o
Divulgação
Centro Cultural Banco do Brasil, no centro do Rio, promove a mostra de cinema com filmes do cineasta, poeta e ativista po-
Cena de "Mamma Roma" (1962)
lítico italiano Pier Paolo Pasolini, cujo centenário foi celebrado em março deste ano. Com seus filmes, Pasolini questionou a moral burguesa e os valores conservadores das décadas de 60 e 70. “Teorema”, “Salò ou 120 de Sodoma”, “Mamma Roma” são alguns exemplos. Na mostra, que também terá uma exposição, será lançado o documentário “O Jovem Corsário”, que reconstrói a infância e a juventude do artista. A programação da exposição, que vai até dia 31 de julho, e da mostra gratuita de filmes, que vai o dia 10, pode ser conferida no site do CCBB-RJ.
Boba; ingênua Agnaldo Timóteo, cantor
A pessoa com muitos conhecimentos Esmalte incolor para unhas
Tocar, de leve, com os lábios
(?)-bumbá, encenação folclórica
Cheiro agradável
Sereia dos rios brasileiros (?) justa: vexame Não é? (pop.)
Oposto de "minoria" Suporte de ataduras Excessivamente estudioso (gíria) Qualquer tecido Nobre britânico
BANCO
As primeiras vogais 23
Solução D O A R T I A G I R N I A T L O I D AI A R D A E
• 1 limão taiti
Milho, em inglês Produção agrícola
Sombrios; sem luz
C R U T O R A M A R E L A T A I G A L U R O S LA C O S A B J A R F B O R I A L A S O N E R D E
• 2 tomates
Conjunto de quaisquer cerimônias
C O T I D I A N O
• 1 cebola roxa
Prata (símbolo) Por baixo de
(?) Costa, cantora De todos os dias
B D O A E V I E S T A B E N M A T P A L
INGREDIENTES • 1 abacate maduro
»Pique o tomate, a cebola, os dentes de alho, a pimenta e o coentro. Amasse o abacate com ajuda de um garfo, acrescente o suco do limão, os ingredientes picados e misture bem. Ajuste o sal e adicione o coentro. Sirva com torradas ou biscoitos tipo nacho.
A companheira de Adão (Bíblia)
4/corn — nerd — olor. 5/lorde — taiti.
GUACAMOLE
MODO DE FAZER
10 MUNDO
EDIÇÃO 360 30 DE JUNHO A 6 DE JULHO DE 2022
Bolívia rejeita plano de Bolsonaro para asilo a autora de golpe de Estado
Em meio a onda de calor, 16 sobreviventes foram hospitalizados com exaustão; três pessoas foram detidas
Ex-presidente Jeanine Áñez foi condenada a 10 anos de prisão
Jordan Vonderhaar /Getty Images North America/Getty Images via AFP
Pelo menos 46 migrantes são encontrados mortos em caminhão nos Estados Unidos
» O presidente da Câmara dos Deputados da Bolí-
lada por uma recente onda de calor recorde, com termômetros marcando até 39,5 °C na última segunda-feira (27). Segundo o chefe de polícia de San Antonio, William McManus, três pessoas foram detidas em conexão com o incidente. Ele não detalhou se o motorista do caminhão estava entre eles. O veículo foi encontrado numa área remota na beira de uma estrada próxima à Rodovia I-35, que se estende até a fronteira com o México. McManus relatou que o caminhão foi descoberto
Em 2019, Janine participou de golpe contra Evo Morales
O DW
por um trabalhador das redondezas que ouviu um grito de socorro. A maioria dos corpos foi encontrada dentro do veículo por volta das 18h (hora local), mas ao menos um estava do lado de fora. Havia homens e mulheres entre os mortos. Autoridades do Texas vêm lidando com níveis recordes de travessias de migrantes vindos do México. Acredita-se que todas as vítimas encontradas no caminhão tenham entrado ilegalmente nos EUA.
AFP
Caminhão foi encontrado próximo à fronteira com o México
via, Freddy Mamani, rechaçou a hipótese ventilada por Jair Bolsonaro de conceder asilo político no Brasil para a ex-chefe de Estado interina Jeanine Áñez. Em seu perfil no Twitter, o boliviano afirmou que Bolsonaro não se interessa "pelos massacres, pela democracia ou pela justiça". "O que quer, ao oferecer asilo político a Jeanine Áñez, é salvar uma das protagonistas do golpe de Estado de 2019. Exigimos respeito pela sentença da Justiça boliviana", disse. No início de junho, Áñez foi condenada a 10 anos de prisão por participação em um golpe contra Evo Morales, que chegou a obter seu quarto mandato nas eleições de 2019, mas renunciou em meio à onda de protestos que tomou o país naquele ano. Como todos os que estavam na linha sucessória também abdicaram, Áñez, então segunda vice-presidente do Senado, se autoproclamou presidente interina da Bolívia, em uma sessão parlamentar boicotada pelo Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Evo. Bolsonaro revelou, em entrevista ao canal de extrema direita "Programa 4 x 4", que fará "o que for possível" para trazer Áñez ao Brasil, "caso assim o governo da Bolívia concorde". "Estamos prontos para receber o asilo dela", disse o presidente.
REDAÇÃO
s corpos de ao menos 46 pessoas que se acredita serem migrantes que atravessaram a fronteira do México com os Estados Unidos foram encontrados na última segunda-feira (27) dentro e ao redor de um caminhão abandonado nas proximidades de San Antonio, no Texas, sul dos EUA. Segundo o chefe do Corpo de Bombeiros de San Antonio, Charles Hodd, além das 46 pessoas encontradas mortas, 16, incluindo quatro crianças, foram transportadas para hospitais com vida, mas com sintomas de exaustão devido ao calor e aparente desidratação. "Os pacientes que vimos estavam quentes ao serem tocados e sofrendo de insolação e exaustão devido ao calor. Não havia sinal de água no veículo. Era um caminhão semirreboque refrigerado, mas não havia nenhuma unidade de ar condicionado visível em funcionamento", disse Hood. As autoridades não disseram como as pessoas morreram, mas sugeriram que o calor extremo possa ter sido uma causa. San Antonio, que fica numa das principais rotas de traficantes de pessoas a partir do México, foi asso-
REDAÇÃO ANSA
ESPORTES
EDIÇÃO 360 30 DE JUNHO A 6 DE JULHO DE 2022
Hamilton reage a racismo de Nelson Piquet e pede mudança de mentalidade Ex-piloto chamou heptacampeão de “neguinho” em uma entrevista concedida em 2021 Fotos Divulgação
REDAÇÃO
ANSA
O
heptacampeão da Fórmula 1, Lewis Hamilton, reagiu na última terça-feira (28) aos comentários racistas feitos pelo ex-piloto Nelson Piquet em uma entrevista sobre o acidente entre o britânico e Max Verstappen, que atualmente é seu genro, no Grande Prêmio da Inglaterra do ano passado. O vídeo foi gravado em novembro de 2021, mas só viralizou durante esse fim de semana. Na manhã desta terça, Hamilton postou mensagens em suas redes sociais sobre o assunto, incluindo uma em português. "Vamos focar em mudar a mentalidade", escreveu. Depois, em inglês, postou que a situação "é mais do que a linguagem". "Essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não têm lugar no nosso esporte. Fui cercado por essas atitudes e alvo disso em minha vida toda. Houve muito tempo para aprender. Chegou a hora da ação", adicionou. Antes da manifestação do piloto britânico, a Mercedes publicou uma nota - sem citar o nome de Piquet - "condenando nos mais fortes termos qualquer uso de linguagem racista ou discriminatória de qualquer tipo".
"Lewis liderou os esforços do nosso esporte para combater o racismo, e ele é um verdadeiro campeão de diversidade dentro e fora das pistas. Juntos, nós compartilhamos a visão de um automobilismo diversificado e inclusivo, e esse incidente destaca a fundamental importância de continuar a lutar por um futuro melhor", escreveu a equipe de Hamilton. Pouco depois, foi a vez do perfil da Fórmula 1 fazer um pronunciamento, afirmando que "usar uma linguagem discriminatória ou racista é inaceitável em qualquer forma e não tem mais lugar na nossa sociedade". "Lewis é um incrível embaixador para nosso esporte e merece respeito. Seus esforços incansáveis para ampliar a diversidade e a inclusão são lições para muitos e algo que nós estamos comprometidos como F1", ressalta. Também por meio das redes sociais, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) se manifestou condenando "fortemente" os comentários "que não tem mais espaço no esporte ou na sociedade". "Nós expressamos nossa solidariedade a Lewis Hamilton e apoiamos completamente seu compromisso com a igualdade, diversidade e inclusão no esporte", pontuou ainda.
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Ana Marcela Cunha é bicampeã dos 5km no Mundial de Esportes Aquáticos Viviane Jungblut é 7ª colocada em Budapeste
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Entidades esportivas condenaram fala racista
RACISMO »No vídeo divulgado, Piquet se refere a Hamilton
por diversas vezes como "neguinho" e ainda insinua que o britânico bateu de propósito em Verstappen. Hamilton, único piloto negro na Fórmula 1, criou em 2019 a "The Hamilton Commission" em parceria com a Royal Academy of Engineering do Reino Unido para estudar e incentivar a inclusão de jovens pretos e pertencentes a minorias no mundo do esporte a motor. No primeiro relatório publicado em julho do ano passado, a comissão informou que apenas 1% das pessoas que atualmente trabalham na F1 são pretas. Para além dos títulos conquistados em pista - Hamilton é o maior vencedor ao lado de Michael Schumacher -, o piloto britânico vem se tornando cada vez mais uma voz ativa na luta antirracista e de direitos de minorias.
coleção de Ana Marcela Cunha ganhou mais uma medalha de ouro na última segunda-feira (27). A brasileira sagrou-se bicampeã dos 5km das águas abertas no Mundial de Esportes Aquáticos de Budapeste. Na mesma prova, outro resultado expressivo para o país: Viviane Jungblut terminou na sétima colocação. Ana Marcela completou a prova em 57m52s90, selando a conquista da 13ª medalha dela em Mundiais. Ao todo, são seis ouros (5km em 2019 e 2022 e 25km em 2011, 2015, 2017 e 2019), duas pratas (por equipes e nos 10km em 2013) e cinco bronzes (5km em 2010, 2013, 2017 e 10km em 2015 e 2017). Ana Marcela assumiu a liderança na metade da prova, com as adversárias na cola. A prata ficou com a francesa Angelie Murer, menos de um segundo atrás da brasileira (57m52s90), e bronze com a italiana Giulia Gabbriellishi (57m54s90). Divulgação/Fina
Ana Marcela acumula medalhas
12 ESPORTES PAPO ESPORTIVO
TORCIDA ÚNICA:
a verdadeira morte do futebol
Presidente do Athletico Paranaense, Mario Celso Petraglia, defende a torcida única
De fato, a violência nos estádios e fora deles é um problema de décadas que parece sem solução. Ver um jogo no estádio já é complicado por conta de uma série de fatores e o medo de ser surpreendido por uma
FLUMINENSE SEGUE SUA ARRANCADA » A vitória no Clássico Vovô de domingo (26) comprovou o que muita gente suspeitava. O Fluminense vai brigar por coisas grandes nessa temporada. Além disso, é muito agradável ver o time de Fernando Diniz em campo. Ótimo trabalho até o momento.
briga no meio das cadeiras ou no caminho para nossas casas ainda é grande. Por outro lado, instituir a torcida única em todo o país nada mais é do que decretar a morte do nosso futebol. E não se enganem: acredi-
tar que Petraglia, outros dirigentes e o poder público estão preocupados com a nossa segurança é o mesmo que defender que o fim dos direitos trabalhistas vai aumentar a oferta de emprego no Brasil.
SELEÇÃO FEMININA AINDA PRECISA EVOLUIR » Está certo que a Seleção Feminina ainda precisa evoluir em vários aspectos. Mas a derrota para a Suécia escancarou a necessidade de se aprimorar as condições físicas da equipe. Não dá pra vencer jogos se você não ganha as divididas em campo. Isso é básico.
Vários torcedores que acompanham seus times fora das suas cidades reclamam da maneira como certos clubes tratam a presença do público visitante nos estádios. Daí é só conectar os fatos. Baixa oferta de ingressos, problemas no acesso às arenas, falta de escolta policial e um péssimo tratamento dos anfitriões. Está muito claro que o objetivo é criar o cenário perfeito para se acabar com a torcida visitante e “aliviar” as autoridades das suas obrigações. A intenção nunca foi acabar com a violência nos estádios. Se assim o fosse, todos os envolvidos nas brigas das últimas semanas estariam respondendo pelos seus crimes e proibidos de acompanhar os jogos de dentro das nossas arenas. Caso essa ideia vá para a frente, podemos decretar a morte do futebol e o seu “renascimento” como linha de show.
Lucas Figueiredo/CBF
Gustavo Oliveira/athletico.com.br
uem acompanha o espaço aqui no Brasil de Fato sabe que uma das bandeiras levantadas por este colunista é o combate à crescente “gourmetização” do nosso futebol. Dito isto, precisamos falar sobre as revelações trazidas pelo presidente do Athletico Paranaense, Mario Celso Petraglia. Na última terça-feira (27), durante a coletiva de apresentação do volante Fernandinho, o dirigente afirmou que existe uma movimentação nos bastidores do futebol para que o modelo de torcida única nos estádios seja adotado em todo o país. “Nós brigamos pela torcida única. Não tem mais condições, é um custo absurdo para a sociedade e para os clubes. Infelizmente, me parece que em função dos últimos acontecimentos, com a violência pior, o Ministério Público Federal está tentando um movimento para que tenhamos torcida única no Brasil todo. (…) São centenas de pessoas. Como é que vai se controlar o comportamento de todas?”, disse Mario Celso Petraglia sem dar maiores detalhes sobre essa mobilização.
LUIZ FERREIRA
Marcelo Gonçalves / Fluminense
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