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Campanha de vacinação de crianças e adolescentes acontece até 9 de setembro no Rio. GERAL, PÁG

Poliomielite: com baixa cobertura vacinal, Brasil corre risco de retorno da doença

Sem casos desde 1989, país retrocedeu muito na imunização nos últimos anos

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JULIANA PASSOS E NARA LACERDA

RIO DE JANEIRO (RJ)

As sucessivas quedas nos índices de alcance da vacinação contra a poliomielite podem levar o Brasil a voltar a ter registros da doença. Desde 2015 a cobertura vacinal em solo nacional está abaixo do mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 95%. Fora desse patamar, a população não pode ser considerada protegida.

O presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha, explica que há várias causas para o fenômeno conhecido como hesitação vacinal, quando há vacina disponível, mas as aplicações não acontecem. Um dos motivos é a falta de conhecimento sobre as doenças.

“Em 2019 a Organização Mundial da Saúde já colocava como uma das 10 ameaças à saúde global, a hesitação vacinal. Umas das principais causas – e aqui cabe bem para a pólio – é a complacência. A falsa sensação de segurança para doenças que as pessoas nunca viram, não conhecem e acham que não precisam vacinar seus filhos e se vacinar. Pólio é um exemplo", explica.

O Brasil não tem relatos de infecções desde 1989 e é considerado livre de circulação do poliovírus desde 1994, segundo certificação da OMS. Mas o vírus ainda circula no planeta e o risco é real.

O pesquisador conta ainda que, assim como o Brasil, Israel havia relatado o último caso em 1989. No primeiro semestre, foram registrados sete casos no país. “Nós, que estamos com cobertura abaixo de 80%, sem fazer a vigilância de paralisia flácida e sem fazer a vigilância ambiental – que é bem interessante para detectar o vírus em esgotos – nos coloca em risco e é uma informação muito preocupante.”

Dados coletados em 2021 mostram que a primeira dose da vacina chegou a apenas 67% do público alvo no Brasil. Os reforços tiveram resultados ainda piores e chegaram a apenas 52% das crianças.

A erradicação da poliomielite foi uma conquista histórica para a saúde pública brasileira, que sofreu com surtos durante todo o século XX. Nos anos 1950, epidemias graves atingiram diversas cidades e, na década seguinte, o país começou a campanha de imunização em massa. Em 2021, o país completou 10 anos de uso da vacina injetável com o vírus inativado para as primeiras doses. O método mais eficaz e seguro substitui as conhecidas gotinhas, que contém o vírus atenuado. No entanto, o avanço de uma década não pode ser comemorado frente à baixa cobertura vacinal.

TRANSMISSÃO E SINTOMAS

»Além dos baixos índices de imunização, pesa para o Brasil a falta de saneamento básico. Quase metade da população não tem coleta de esgoto e 35 milhões não têm água tratada.

A poliomielite é transmitida principalmente pela boca por meio do contato com fezes contaminadas ou com gotículas de uma pessoa infectada. Água e alimentos podem ser meios de propagação.

Depois que o vírus entra na corrente sanguínea, o caminho está aberto para que ele chegue ao sistema nervoso. Os sintomas mais leves são febre, dor de garganta, náusea, vômito e constipação. Mas nas formas graves da doença, que atingem principalmente crianças com menos de cinco anos, a doença causa paralisia, geralmente nas pernas.

No Rio, campanha oferece 18 tipos de vacina

» A Campanha de Vacinação contra a Poliomielite e Multivacinação para Atualização da Caderneta de Crianças e Adolescentes começou na última segunda-feira (8) no Rio. A dose contra a poliomielite será aplicada em crianças de 1 a 4 anos.

Os demais imunizantes ficam disponíveis para complementar o esquema vacinal do público de zero a 14 anos. A campanha vai até 9 de setembro.

As vacinas oferecidas na campanha são BCG, Hepatite B, Pentavalente (DTP/ Hib/ HB), Pólio inativada, Pólio oral, Rotavírus, Pneumocócica 10 valente (Conjugada), Meningocócica C (Conjugada), Febre amarela, Tríplice viral, Varicela, DTP, Hepatite A, Difteria e tétano, Meningocócica ACWY (Conjugada), HPV Quadrivalente, Influenza e Covid-19. Caso haja indicação, a imunização ocorrer simultaneamente com a dose contra a Covid-19.

As unidades de Atenção Primária (clínicas da família e centros municipais de saúde) estão abertas para a vacinação de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e aos sábados, das 8h às 12h.

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