Brasil de Fato RJ - 124

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Guarda Municipal reprime camelôs

70 anos da Feira de São Cristóvão

Trabalhadores são lançados à informalidade e sofrem com proibição da Prefeitura do Rio

O local é um espaço importante de sociabilidade

RIO DE JANEIRO

28 a 30 de setembro de 2015

Alexandre Maciera / Riotur

Stefano Figalo / Brasil de Fato

Cultura | pág. 11

Cidades | pág. 5

distribuição gratuita

Ano 3 | edição 124

Agrotóxico prejudica saúde dos brasileiros

Em entrevista, o engenheiro agrônomo Jorge Dotti Cesa fala tóxico no Brasil e critica a quantidade de químicos utilizados sobre a situação preocupante do uso indiscriminado de agro- nos alimentos considerados seguros. Entrevista l pág. 4 Stefano Figalo / Brasil de Fato

FREGUESIA! Vasco vence Flamengo pela quarta vez no ano e acredita na permanência na série A, com 10 rodadas para tirar cinco pontos de desvantagem. Rubro-negro se complica na luta pela Libertadores.

Esportes | pág. 16

Padre fala sobre intolerância Metade dos terreiros do Rio já foram atacados

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Paulo Fernandes / Vasco

Cidades | pág.7


2 | Opinião

EXPEDIENTE

Desde 1º de maio de 2013 O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora com edições regionais em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. O Brasil de Fato RJ circula todas as segundas e quintasfeiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. CONSELHO EDITORIAL: Alexania Rossato, Antonio Neiva (in memoriam), Joaquín Piñero, Kleybson Andrade, Mario Augusto Jakobskind, Nicolle Berti, Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam) EDIÇÃO: Vivian Virissimo (MTb 13.344) SUB-EDIÇÃO: André Vieira e Fania Rodrigues REPORTAGEM: Bruno Porpetta e Pedro Rafael Vilela REVISÃO: Sheila Jacob COLUNA SINDICAL: Claudia Santiago

Rio de Janeiro, 28 a 30 de setembro de 2015

EDITORIAL

É hora de ir às ruas Pouco a pouco a situação no país vai se configurando da forma como os que perderam a eleição presidencial planejaram. Ou seja, dia após dia, o projeto derrotado na eleição passada vai ganhando corpo e seus operadores vão se fortalecendo nas esferas do poder ditando as regras, mudando as leis e aplicando seus planos. A grande maioria que votou pela continuidade de um projeto ganhou mas não levou. Esse projeto vinha dando certo, com desemprego baixo, aumento real do salário mínimo, aumento do poder de compra,

naliza cada vez mais os pobres. Não se pode aceitar essa política econômica na qual quem paga a conta da crise são os que ganham menos. É hora de resistir, de demonstrar descontentamento e de exigir que o governo cumpra o projeto para o qual

É hora de pressionar por mudanças estruturais foi eleito. É hora de ir às ruas. É hora de pressionar por mudanças estruturais, é hora de retomar o diálogo com o povo para fortalecer essa luta.

Não se pode aceitar essa política econômica na qual quem paga a conta da crise são os que ganham menos

FOTÓGRAFO: Stefano Figalo ESTAGIÁRIO: Victor Ohana ADMINISTRAÇÃO: Carla Guindani DISTRIBUIÇÃO: Kleybson Andrade DIAGRAMAÇÃO: Juliana Braga TIRAGEM MENSAL: 200 mil exemplares

programas sociais inclusivos, mas também exigia avanços com projetos estruturais. GOVERNO ACUADO O que vemos é um governo acuado, perdendo cada vez mais base de sustentação e apoios. Um governo chantageado por um parlamento

corrupto, por uma burguesia sedenta de lucros estratosféricos e por um conjunto de ações articuladas por esses setores que têm como principal porta-voz os meios de comunicações empresariais. Diariamente, nos dizem que o remédio para sair da crise deve ser os cortes nos

investimentos sociais, a retirada dos direitos trabalhistas, pois pesam na folha de pagamento das empresas, privatização de empresas como a Petrobrás, os Correios, etc. É a receita neoliberal. A classe trabalhadora não vai aceitar passivamente a volta de um projeto que pe-

PREVISÃO DO TEMPO Segunda-feira, 28 de setembro, Rio de Janeiro, Brasil

(21) 4062 7105

redacaorj@brasildefato.com.br

29

ºC|F

Tempestades com raios isoladas

ATOS NO RJ Nos próximos dias 2 e 3 de outubro, haverá mobilizações em todo o país levantando essa bandeira por uma nova política econômica e para que os ricos paguem pela crise. Ocorrerão várias atividades de rua ao longo desses dias. Aqui no Rio de Janeiro, a mobilização será no dia 2 com um ato em Niterói às 10h, e, a partir das 15h, a concentração será na Candelária, de onde sairá às 17h em passeata até o prédio da Petrobrás. Participe!


Rio de Janeiro, 28 a 30 de setembro de 2015

mal

Wilson Dias / Agência Brasil

SINDICAL por Claudia Santiago

“A falta de autoridade está se tornando tanta que o sujeito vai para a praia de Ipanema. É preciso autoridade”,

Tania Rego / Agência Brasil

mandou

PIOR FRASE DA SEMANA

Seminário de engenharia A Federação Interestadual de Sindicatos dos Engenheiros (FISENGE), o Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio (SENGE), a Associação Brasileira de Engenharia e Ciências Mecânicas e a Escola Politécnica da UFRJ realizaram no último fim de semana o seminário “Ensino da Engenharia no Século XXI” em um hotel no centro do Rio.

disse o prefeito Eduardo Paes ao defender o reforço do policiamento nas praias da zona sul do Rio.

mandou

bem

EBC Memórias

Equidade de gênero no mercado de trabalho vai demorar 80 anos Apesar do aumento de mulheres no mercado de trabalho nas últimas décadas, a equidade com os homens pode levar até 80 anos, segundo o Relatório Global de Equidade de Gênero, do Fórum Econômico Mundial. Para tentar diminuir esse tempo, equivalente a uma geração, pesquisa feita com líderes de 400 empresas ao redor do mundo indicou que três medidas prioritárias

podem ser tomadas. As medidas constam no estudo Women Fast Forward, feito pela consultoria Ernst & Young (EY). O trabalho indica como prioridades: “iluminar o caminho para a liderança feminina, acelerar a mudança na cultura empresarial com políticas corporativas progressistas e construir um ambiente de apoio”. (ABr)

Caravana dos bancários Roberto Parizotti / CUT

O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), conhecido por seus comentários preconceituosos, inovou em suas ofensas ao chamar os imigrantes de escória do mundo. Mandou péssimo.

Clarice Castro / GERJ

O cantor Emicida mandou muito bem ao falar sobre racismo no programa Altas Horas. Ele defendeu que o Brasil não vive uma democracia racial e disse que a cultura no país é de a opressão gritar e o oprimido ficar calado. Grande crítica.

OPERAÇÃO VERÃO A Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro antecipou para o último final de semana a “Operação Verão”. Segundo o órgão, a operação, que estava programada para começar no dia 03 de outubro, foi antecipada devido aos últimos acontecimentos nas praias da zona sul.

Geral | 3

Como forma de pressionar os banqueiros a avançar nas contrapropostas da mesa única de negociação, os bancários estão se mobilizando em todo o país, com manifestações e paralisações. No Rio de Janeiro, o Sindicato dos Bancários vem agitando as agências com caravanas que convocam a categoria a se mobilizar cada vez mais e pedem o apoio dos clientes, lembrando que eles também são explorados pelos banqueiros. Divulgação


4 | Entrevista

Rio de Janeiro, 28 a 30 de setembro de 2015

Agrotóxicos: situação se tornou insustentável para os brasileiros Confira entrevista sobre alimentos seguros e soberania alimentar com o engenheiro agrônomo Jorge Dotti Cesa Divulgação

Camila Marins do Rio de Janeiro (RJ) Na prática, o que são alimentos seguros? De que forma o cidadão e a cidadã podem ter certeza da segurança dos alimentos que estão consumindo? Jorge Dotti Cesa - Alimentos seguros, na prática, são aqueles que apresentam uma determinada qualidade, que não cause danos à saúde do consumidor. Na atual dinâmica do mundo consumista, fica muito difícil para o cidadão comum ter esta garantia de forma 100% segura. Os próprios limites de tolerância de resíduos de determinadas substâncias químicas são muitas vezes questionados por estudos diferentes. O uso indiscriminado de agrotóxicos é hoje, com certeza, o principal problema. No Brasil, há preocupação com o aumento do uso de agrotóxicos nos alimentos. Qual a sua avaliação sobre esse aumento? É o principal desafio atual. Precisamos produzir para alimentar nove bilhões de pessoas no mundo. Não resta dúvida de que, no modelo atual de produção, a tecnologia e o uso de agrotóxicos são necessários para garantir produtividade e volume de produção. Mas temos que racionalizar e fortalecer outras formas de produção, com menor uso ou até sem uso, como no caso da produção orgânica e agroecológica. À custa do discurso de que é necessário usar agrotóxicos, a situação foi se tornando insustentável.

ção. Tudo isso gera custo. Em muitos casos, a produção orgânica dá mais trabalho para ser produzida. Como a oferta ainda é menor que a procura, muitos supermercados exageram nas suas margens de lucro. Em feiras locais ou pequenos armazéns especializados em orgânicos, os preços são bem menores. Além do selo de certificação, existe também o processo participativo de certificação, em que os próprios produtores e até consumidores de pequenas feiras fazem uma autofiscalização da produção.

Para engenheiro agrônomo, uso indiscriminado de agrotóxicos é problemático

Divulgação / Seagro

Esta medida é um exemplo vivo da força do poder econômico das multinacionais Está em construção no país a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica. Quais os principais desafios? Como muita coisa no Brasil, as políticas públicas têm muitos pontos positivos. Falta a sua efetividade em maior escala e adoção por parte de diversos órgãos federais e es-

taduais de instrumentos de efetivo apoio para essas formas de produção mais seguras e sustentáveis. Já tivemos muitos avanços, mas ainda tímidos frente ao potencial e à importância da produção agroecológica e orgânica. Principalmente nos supermercados, os alimentos orgânicos são identificados com selo e são bem mais caros ao consumidor. Por que existe esse impacto no valor dos alimentos orgânicos? Os selos são a garantia de que o produto é orgânico, permitindo também a rastreabilidade e a identificação do responsável técnico pela produ-

Recentemente, a Câmara Federal aprovou uma proposta que retira a necessidade da rotulagem dos alimentos transgênicos. Quais os impactos dessa medida? Esta medida é um exemplo vivo da força do poder econômico das multinacionais. A informação no rótulo do que está sendo consumido é um direito do consumidor (artigo 6º do CDC). A rotulagem com a letra “T” foi uma conquista neste sentido. Agora tivemos um retrocesso na Câmara Federal. Afinal, se os transgênicos não fazem mal a saúde, por que tanta preocupação em omitir a informação de que determinado alimento foi produzido com o uso de transgenia? Precisamos pressionar o Senado para reverter isto.


Rio de Janeiro, 28 a 30 de setembro de 2015

Camelôs denunciam repressão da Guarda Municipal

Cidades | 5 Stefano Figalo / Brasil de Fato

Trabalho informal é alternativa ao desemprego

Em agosto deste ano, a taxa de desemprego chegou a 7,6%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para fugir deste cenário de desocupação ou por estarem cansados de seus atuais empregos, muitos trabalhadores veem a atividade informal como uma alternativa. No Rio de Janeiro, para desempenhar a função de camelô é necessária uma permissão da Prefeitura. Para aqueles que não têm a licença e precisam desse trabalho para sustentar a família, resta correr da repressão da Guarda Municipal. Reinaldo, de 26 anos, começou bem cedo a trabalhar como camelô, aos 11 anos. Já vendeu um pouco de tudo, mas hoje tem uma barraquinha de óculos. “Eu vendia fruta, mas como é que eu vou correr com um carrinho? Cansei de ter minha mercadoria apreendida. Daí comecei a vender óculos”, desabafa. Ele é um dos trabalhadores informais que ainda lutam para conquistar a permissão. Além dele, sua mãe, de 60 anos, também tenta conseguir a liberação. “Minha mãe está esperando há três anos a permissão. Eles mandam ir lá

toda semana, mas ela nunca conseguiu”, reclama. O camelô lembra ainda a dificuldade de encontrar outras formas de sustento. “Quando perdemos a mercadoria, ficamos sem chão. Se reagimos, somos tratados como bandidos e vamos pra delegacia. Lá o delegado nos diz que não é pra trabalhar na rua, mas sim de carteira assinada. Eu te pergunto, cadê esses empregos com carteira assinada?”, completa. REPRESSÃO Vitor, de 33 anos, outro ambulante que também vende óculos no Centro do Rio, compartilha das ideias de seu colega de profissão. So-

Em busca de sustento, camelôs enfrentam repressão da Guarda Municipal

bre a repressão, o trabalhador é direto. “A gente vive uma situação crítica. Os guardas [municipais] não deixam a gente trabalhar. Como é que vamos ganhar o dinheiro para sustentar nossa família?”, questiona o camelô que há 10 anos está no mercado informal. O trabalhador explica o que fazem no momento em que chega a Guarda Municipal. “A gente precisa pegar a nossa mercadoria e sair correndo. Se a gente não correr eles pegam a nossa mercadoria, quebram a nossa tábua,

o cavalete, a nossa banquinha”, afirma. IMIGRANTES Nascida na Bolívia, Maria vive há três anos no Rio de Janeiro. Buscando uma vida melhor, ela e outros três irmãos deixaram seu país para vender roupas na região central do Rio. Para ela, seria necessário que a Prefeitura criasse um programa especial para legalizar o trabalho informal de pessoas que estão numa situação parecida com a dela. “É muito ruim ter que ficar correndo pra não ter a mercadoria apreStefano Figalo / Brasil de Fato

André Vieira do Rio de Janeiro (RJ)

Prefeitura controla permissões para desempenhar a função de camelô

endida. Nós gostamos muito do Rio e gostaríamos de ficar. O melhor seria se o governo [municipal] olhasse mais para a gente”, contou a boliviana. Em algumas cidades, como em São Paulo, ações de reconhecimento aos imigrantes latino-americanos estão

Para aqueles que não têm a licença e precisam desse trabalho para sustentar a família, resta correr da repressão da Guarda Municipal se consolidando. A Feira da rua Coimbra, da qual 90% dos participantes são bolivianos, foi regularizada no final do ano passado após 11 anos de luta. Por meio de sua assessoria, a Secretaria de Ordem Pública comunicou que sobre as novas permissões “existe uma fila de espera de candidatos que fizeram o cadastramento de 2009” e que “não há previsão para abertura de novas vagas”.


6 | Mundo

Rio de Janeiro, 28 a 30 de setembro de 2015

Desaparecimento de estudantes do México completa um ano Tomaz Silva / Agência Brasil

Caso envolvendo 43 estudantes mexicanos ainda não foi resolvido

Familiares e amigos dos estudantes de Ayotzinapa, no estado mexicano de Guerrero, lembraram a data de um ano do desaparecimento dos 43 estudantes. Os jovens foram levados por policiais depois de uma abordagem violenta dos militares. O fato aconteceu na noite do dia 26 de setembro de 2014, quando os estudantes, que viviam em regime de internato, voltavam para a escola depois de promover ações para arrecadar recursos para o colégio rural de Ayotzinapa. Depois de um ano do de-

saparecimento, o caso ainda não foi resolvido e os corpos dos estudantes não apareceram. Além disso, os colegas dos 43 estudantes mexicanos desaparecidos sofreram novas agressões na semana passada. A polícia de Guerrero voltou a reprimir os estudantes, no momento em que um grupo de pais e colegas dos jovens se preparava para pegar alguns ônibus até a capital de Guererro, Chilpancingo, para realizar um protesto. Dois estudantes ficaram feridos e um caminhão foi incendiado. (Telesur)

Presidencia da Colombia

EM FOCO

Tragédia na Arábia Saudita Mais de 700 pessoas morreram e 860 ficaram feridas, na semana passada, em um tumulto de peregrinos em Mina, perto de Meca, segundo a Defesa Civil da Arábia Saudita. Em janeiro de 2006, 364 peregrinos morreram em um tumulto na mesma região. No primeiro dia da festa de Adha, perto de dois milhões de peregrinos começaram o ritual de apedrejamento de Satanás, no Vale de Mina, no Oeste da Arábia Saudita. O ritual da Eid Al Adha (Grande Festa ou Festa do Sacrifício) dura quatro dias e é celebrado pelos muçulmanos de todo o planeta. Divulgação/ TMM 24

Freddy Zarco / ABI

Bolívia O Congresso da Bolívia aprovou, na semana passada, o projeto de lei de reforma parcial da Constituição que permitirá ao presidente, Evo Morales, se candidatar para um quarto mandato nas eleições de 2019.

Acordo vai pôr fim a meio século de conflito na Colômbia

FARC e governo da Colômbia anunciam acordo de paz O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e o principal líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Rodrigo Londoño, conhecido como “Timochenko”, anunciaram na semana passada que chegaram a um acordo sobre a transição jurídica que vai pôr fim a meio século de conflito. Na ocasião, foi anunciadoque até março de 2016 o go-

verno e a guerrilha vão assinar o acordo final dos diálogos de paz, que acontecem em Havana, em Cuba. “Um adeus definitivo à última e mais longa guerra da Colômbia. Acordamos que as Farc começarão a deixar as armas no máximo 60 dias após a assinatura do Acordo Final”, informou o mandatário na conta do Twitter da Presidência colombiana. (PrensaLatina)


Rio de Janeiro, 28 a 30 de setembro de 2015

“Há uma escalada de perseguição religiosa”

Cidades | 7 Stefano Figalo / Brasil de Fato

Padre Luís Correa Lima, da PUC, alerta para o aumento da intolerância Fania Rodrigues do Rio de Janeiro (RJ) Cresce a intolerância religiosa no Brasil e no Rio de Janeiro. Segundo a Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, o disque 100 recebe uma denúncia a cada três dias por intolerância religiosa. Entre os anos 2011 e 2014, foram registradas 504 ocorrências pelo disque denúncia. Só em 2013 foram 231 denúncias por discriminação religiosa, mais que o dobro do ano anterior. O padre jesuíta Luís Correa Lima, professor de História e Teologia da PUC-Rio, confirma o aumento da intolerância. “A gente está tendo uma escalada crescente de perseguição religiosa. No Rio, só na zona norte, cerca de 50 pais-

No estado do Rio de Janeiro existem cerca de 500 terreiros. A metade deles já sofreu ataques e perseguições de-santo foram expulsos de comunidades não pacificadas, por conta de uma associação entre o tráfico e pastores neopentecostais”, destaca o padre jesuíta. ATAQUES A TERREIROS Embora a PUC seja uma universidade católica, a instituição tem um trabalho de mapeamento de terreiros de religiões de matriz africana,

em todo o Brasil. Tudo é feito através do Núcleo Interdisciplinar de Preservação da Memória Afrodescendente, que já tem mais de dez anos. Esse mapeamento é importante porque ele ajuda na elaboração de políticas públicas, devido a uma parceria entre a PUC-Rio e o governo federal. “Muitos desses terreiros estão em situação vulnerável, tanto do ponto de vista ambiental, quanto social. No estado do Rio de Janeiro existem cerca de 500 terreiros. A metade deles já sofreu ataques e perseguições”, ressalta padre Luís. O religioso explica que, no passado, a igreja Católica também perseguiu as religiões de matriz africana, mas hoje a realidade é outra. “A igreja demonizava essas religiões, mas isso mudou com o Concílio Vaticano II (1961)”,

Padre Luís fala sobre pesquisa que mapeia terreiros no Brasil

garante. O documento final desse Concílio diz que “a igreja não rejeita nada que há de justo e santo nas religiões não cristãs”. Surfista, descolado e com ar jovial, o padre Luís tem uma visão moderna a respeito do papel da igreja Católi-

ca e dos diálogos que devem existir entre as religiões. Esse jeitão também o aproxima da juventude. O padre conta ainda que mantém uma relação de amizade e cordialidade com um dos pais-de-santo mais respeitados do Rio, o Babalawo Ivanir dos Santos.

Comissão aprova polêmico Estatuto da Família Texto será analisado no plenário da Câmara do Rio de Janeiro (RJ) A Comissão Especial sobre Estatuto da Família, do Congresso, aprovou, na última quinta (24), uma polêmica lei (PL 6.583/13) em que prevalece o conceito tradicional, excluindo do texto os casais homoafetivos. A proposta do relator, o deputado Diego Garcia

(PHS-PR), recebeu 17 votos favoráveis e 5 contra. O texto segue agora para o plenário da Câmara. Durante a sessão, os deputados contrários à proposta, entre eles parlamentares do PT, PcdoB e PTN, tentaram adiar a votação, apresentando uma série de requerimentos. Todos foram derrubados. (Abr)


8 | Brasil

Rio de Janeiro, 28 a 30 de setembro de 2015

Ibama não libera operação de Belo Monte Instituto cobra o cumprimento de exigências ambientais. Sem a licença, a concessionária fica impedida de encher o reservatório EBC Memória

Maiana Diniz da Agência Brasil O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) emitiu parecer em que nega a emissão da licença de operação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, até que a concessionária Norte Energia, responsável pela usina, comprove o cumprimento de todos os itens previstos no programa de compensações ambientais. Sem a licença, a em-

presa fica impedida de encher o reservatório e dar início à geração de energia no empreendimento. O documento do Ibama enumera 12 exigências que precisam ser comprovadas pela empresa, como a implantação de oito pontes para adequar o sistema viário de Altamira, obras de saneamento nas cidades de Ressaca e Garimpo do Galo, remanejamento de populações de áreas que serão alagadas, além da limpeza de resíduos na área do futuro lago. As pendências listadas

Ibama faz 12 exigências para liberar a licença da Usina Belo Monte

pelo Ibama foram verificadas em campo nos últimos 45 dias por fiscais do órgão. A Norte Energia afirmou, por meio de nota, que os itens apontados estão concluídos e que a comprovação será feita, como, por exemplo, “as obras de acesso viário, a supressão de vegetação e a parte de saneamento, necessitando apenas que seus registros fotográficos sejam enviados ao Ibama”. Segundo a empresa, a comprovação será feita por meio de mapas de localização das interferências, descrição das obras e fotos. (ABr)


Cidades | 9

Rio de Janeiro, 28 a 30 de setembro de 2015

Memória EBC

Estudantes organizam protesto em Brasília contra cortes na educação

OPINIÃO | Jeferson Dias

Justiceiros: perigo para a população das favelas

EBC Memória

Estudantes se mobilizam contra cortes na educação Atividade terá ato em Brasília, mas debates também ocorrerão por todo o país André Vieira do Rio de Janeiro (RJ) Dilma Rousseff assumiu seu segundo mandato em 2015 com o lema “Brasil: Pátria Educadora”. Como medida para conter a crise financeira que atravessa o país, a mandatária cortou recursos de setores essenciais à população. Somente da educação foram cortados mais de R$ 10 bilhões. Contrários à medida de corte da presidenta Dilma, estudantes de todo o Brasil estarão reunidos no próximo dia 6 de outubro em Brasília num ato para pressionar o governo a rever seu posicionamento. Thiago Pará, secretário-geral da União Nacional dos Estudantes (UNE), explica os objetivos da mobilização. “A ideia central é mobilizar em todo o país cerca de quatro ou cinco mil estudantes para o ato. Queremos combater os cortes na educação. Também vamos combater os projetos

que prevejam a revisão da lei de partilhas, além de cobrar a implementação do Plano Nacional de Educação (PNE)”, conta o líder estudantil.

Não queremos que o ajuste fiscal caia sobre o trabalhador, nem sobre projetos sociais, mas sim que sejam taxadas as grandes fortunas Thiago Pará, secretário-geral UNE O estudante lembra também que não cabe ao trabalhador sofrer com a crise financeira mundial. “Não queremos que o ajuste fiscal caia sobre o trabalhador, nem sobre projetos sociais, mas sim que sejam

taxadas as grandes fortunas”, completa. ATIVIDADES NO RIO De caráter nacional, a atividade puxada pela UNE conta também com a participação das entidades locais. No Rio de Janeiro, a União Estadual dos Estudantes (UEE) está preparando um seminário para o próximo dia 3 de outubro, em local que será definido nos próximos dias. Uma delegação também deixará o estado para se juntar a outras caravanas que seguirão para Brasília. Para a secretária-geral da UEE-RJ, Ingrid Figueiredo, o debate neste momento deveria ser outro. “A gente está num cenário bem complexo de aumento de demanda de novas vagas para universitários e de limite de recursos, principalmente com os cortes na educação, o que é gravíssimo. Deveríamos estar debatendo como sair da crise sem cortar dinheiro da educação e de outros setores importantes para a população”, avalia.

O discurso de “justiça com as próprias mãos” vem crescendo em larga escala na mídia e nas redes sociais. Isso tem a ver com a marginalização dos moradores de áreas periféricas, que na sua grande maioria são negras/os. Esse discurso é usado para legitimar a violência contra jovens negras/os, faveladas/os e su-

“Justiça com as próprias mãos” cresce em larga escala na mídia e nas redes sociais burbanas/os. Estes sofrem racismo e violência, quando têm o seu direito de ir e vir retirado, ou quando são impedidas/os de sair de seus bairros pela polícia. Em 2014 um jovem foi covardemente agredido, preso em um poste com uma corrente de bicicleta. Nos últimos finais de semana, moradores da zona sul agrediram menores que estavam dentro de um ônibus que rumavam para a zona norte no final do dia. A justificativa para a criação e legitimação desses

grupos de bandidos (que se dizem “justiceiros”) vem dos roubos cometidos por menores. Esses delitos representam uma parcela mínima dos cometidos em geral. Para esses grupos, todos que vêm de favelas e regiões carentes ou negras/os representam um perigo para sua segurança. SEGREGAÇÃO No Rio de Janeiro, assim como em todo o Brasil, não há valorização dos espaços periféricos e ocorre o sucateamento das instituições que garantem a ressocialização de jovens que cometem infrações, como é o caso do DEGASE. Além disso, a segregação, defendida por esses grupos, reparte a cidade. Para eles, lugar de pobre e preto é nas favelas. A cidade é para todas e todos. Esse tipo de atitude justifica a banalização da violência contra os jovens de periferias e favelas, que no seu cotidiano já sofrem com a violência do Estado e da polícia. Jeferson Dias é morador da favela do Cerro Corá e militante do Levante Popular da Juventude


10 | Cultura

Rio de Janeiro, 28 a 30 de setembro de 2015

AGENDA DA SEMANA

Bagaceira 15 anos – interior

SEMPRE VI NOVELA | Michel Yakini

Nalla’s Bar

Divulgação

O quê: Espetáculo é sobre duas velhinhas irreverentes que se recusam a morrer. Onde: Centro Cultural Banco do Brasil – Rua Primeiro de Março, 66, Centro. Quando: Quarta e quinta, às 19h30. Sex a dom, às 17h30 e 19h30. Até 4/10. Quanto: R$10 (R$ 5 meia)

Juventude

Maria do Carmo Oliveira / Divulgação

O quê: O bar abre espaço para programações e apresentações de bandas de rock independentes, com covers e repertórios de própria autoria. Onde: Nalla’s Bar – Rua Robert Schumann, 193, Jardim América. Quando: De quarta-feira a domingo, a partir de 19h. Quanto: 0800 Divulgação

Narrativas poéticas

Divulgação

O quê: Filme com Paulo José será exibido em projeto sobre filmes do diretor e dramaturgo Domingos Oliveira, que completa 50 anos de carreira este ano. Onde: Oi Futuro Flamengo – Rua Dois de Dezembro, 63, Catete. Quando: Quarta (30), às 20h. Quanto: 0800

O Meu de Todo Mundo

O quê: Exposição reúne 54 trabalhos de 36 artistas, como Cândido Portinari, Emiliano Di Cavalcanti, Alfredo Volpi e Tomie Ohtake. Onde: Museu Nacional de Belas Artes – Av. Rio Branco, 199, Centro. Quando: Ter a sex, 10h às 18h. Sáb e dom, 12h às 17h. Quanto: R$ 8 Divulgação

Carrossel e o racismo do horário nobre

Divulgação

Telenovela do SBT atinge picos de audiência e boas doses de racismo

O quê: Mostra em que artistas usam a fotografia para tratar de questões como ausência, solidão, memória, entre outros temas. Onde: Centro Cultural da Justiça Federal – Av. Rio Branco, 241, Centro. Quando: De terça a domingo, das 12h às 19h. Até 11/10. Quanto: 0800

Deveria ser cego o homem invisível? Renan Cepeda / Divulgação

O quê: Com curadoria de Marcia Mello, mostra de Renan Cepeda expõe 23 registros de câmeras dos anos 50. Onde: Espaço Sesc – Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana. Quando: Seg de 14h às 20h / Qui e sex de 13h às 18h / Dom de 13h às 17h. Até 31/01 Quanto: 0800

Quem tem um curumim em casa, na faixa dos três aos oito anos, sabe bem como nossos miúdos sofrem por conta da telenovela Carrossel do SBT, que atinge picos de audiência e boas doses de racismo. Na Escola Mundial, transitam dezenas de pessoas e somente três são negras: a faxineira Graça (Márcia de Oliveira), que representa uma nordestina caricata, subalterna e atrapalhada; a pequena Laura (Aysha Benelli), ridicularizada por ser gordinha e comilona, que interpreta o estereótipo da negra/boazinha/iludida; e o famoso Cirilo (Jean Paulo Campos), apelido pejorativo de muitos meninos negros, que faz o tipo do negro/inocente/ingênuo. Cirilo é apaixonado por Maria Joaquina (Larissa Manoela), garota rica, soberba e preconceituosa, e é chamado de “Chocolate” por Paulo (Lucas Santos), menino branco e malicioso. Além disso, Cirilo sempre cai nas armadilhas porque tem o “coração puro” e vê bondade em tudo, como se estivesse num mundo amável e sem conflitos. Esse tocante poderia ser positivo, já que é uma discussão pertinente no universo infantil. Mas o que

incomoda é a constância de racismo e estereótipos, confirmando o padrão de comportamento e direcionando o desfecho pra teoria do sangue vermelho. Ou seja, somos ofendidos na telenovela inteira e depois, “deixa pra lá…”, “que besteira…”, “somos todos humanos…”. Preocupante, camará! Sou de uma geração formada nesse exemplo e a geração da minha pequena segue os passos.

Preocupante! Sou de uma geração formada nesse exemplo e a geração da minha pequena segue os passos Aqui em casa, a estratégia é mirar as causas e amenizar os efeitos, mas o projeto Carrossel é de massa e contínuo. Percebi que ficar no silêncio é pior, pois tudo indica que se a gente continuar embarcando nesse Carrossel, o dado da diversidade vai estacionar no “ande uma casa e volte mais dez”, e vai ser difícil nossa molecada sair ilesa desse atraso. Michel Yakini é escritor e produtor cultural


Rio de Janeiro, 28 a 30 de setembro de 2015

Cultura | 11 Riotur

Feira de São Cristóvão mantém viva a cultura nordestina

Para matar a saudade do nordeste Feira de São Cristóvão completa 70 anos neste mês. Local já foi palco de nomes imortais da música brasileira

Alexandre Macieira / Riotur

Alexandre Macieira/ Riotur

Akemi Nitahara da Agência Brasil O pedacinho do nordeste no Rio de Janeiro completa 70 anos este mês. No dia 18 de setembro, a Feira de São Cristóvão - Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, também chamada de Feira dos Nordestinos, celebrou sete décadas mantendo viva a cultura dos imigrantes que chegavam ao bairro da zona norte da cidade desde a década de 1940. Atualmente são cerca de 700 barracas e 100 restaurantes com produtos típicos do norte e nordeste, mas o começo foi bastante informal. A professora de história da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Sylvia Nemer, resgatou os folhetos de cordéis e histórias orais sobre a Feira de São Cristóvão para seu doutorado e tem um livro publicado sobre o tema. De acordo com ela, a versão oficial conta que o cordelista Raimundo Santa Helena leu no dia 18 de setembro de 1945, no Campo de São Cristóvão, um cordel que tinha feito sobre o fim da Segunda Guerra Mundial. Sylvia explica que há outra versão histórica, cantada nos cordéis de mestre Azulão, de que a feira foi surgin-

São cerca de 700 barracas e 100 restaurantes com produtos típicos

Início das atividades da Feira de São Cristóvão teria sido no ano de 1945

Local foi espaço importante de sociabilidade da comunidade migrante, bem como de preservação dos costumes

do ao longo da década de 40 a partir de um movimento de nordestinos que desembarcavam e ficavam acampados esperando um local para morar ou um trabalho. MIGRANTES “Como era o ponto final dos caminhões chamados de pau de arara e foi um mo-

mento de crescimento urbano muito acentuado, ali era um local de contratação de mão de obra para pedreiros e porteiros de edifício, as ocupações tradicionais dos migrantes nordestinos nesse período. Teve algumas figuras, entre elas a do João Gordo, que teria iniciado esse comércio de produtos do nordeste para cá e daqui para o nordeste, porque o mesmo caminhão, que vinha trazendo gêneros e pessoas, levava produtos daqui para o nordeste”, acrescentou. Seja qual for a versão, a historiadora destaca que o local foi um espaço importante de sociabilidade dessa comunidade migrante, bem como de preservação dos costumes, que permanece até hoje.

NOMES IMORTAIS Palco de nomes imortais da música brasileira, a Feira de São Cristóvão já recebeu Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro e ainda recebe ícones como Zé Ramalho, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Quinteto Violado e Maria Bethânia, que foi homenageada no local em junho pelos 50 anos de carreira. Em 2003 a feira foi transferida para o local fechado que ocupa hoje, dentro de um pavilhão de exposições que foi reformado, e é administrada pela prefeitura. De acordo com o presidente da Feira, Helismar Leite, o local recebe a mesma visitação que o Cristo Redentor, com cerca de 300 mil pessoas por mês.


12 | Opinião

Rio de Janeiro, 28 a 30 de setembro de 2015

OPINIÃO | Marcelo Rodrigues

Somos fortes, somos CUT

Frederico Santana Rick

Tirar lições da crise e construir o novo (3)* A política econômica neodesenvolvimentista dos últimos anos recompôs a classe trabalhadora, melhorando sua capacidade de luta, como demonstra o aumento do número de greves nesse período. Essa geração que entrou no mundo do trabalho no último período se encontra órfã de referências. É essa ampla parcela da sociedade que está em disputa, podendo ser canalizada para o projeto da direita ou da esquerda. Eis o nosso desafio. Não os disputaremos se não formos inventivos e ousarmos criar novas formas de diálogo e organização. A tarefa parece simples, mas não é, pois exige romper com uma tática que perdurou ao longo das últimas décadas. Ao não apostarmos numa clara demarcação à esquerda de nosso projeto, ao não politizarmos os ganhos sociais obtidos, ao ficarmos contidos pela política de conciliação de classes, não construímos base social mobilizável e consciente que permita o aprofundamento das mudanças em nosso país.

Esses parecem ter sido nossos maiores limites; do contrário, o que explica que nesse momento, após mais de 12 anos de governos Lula e Dilma, não sejamos capazes de alterar a correlação de forças a nosso favor?

É preciso construir um novo bloco histórico, político e social, capaz de apontar para o novo É preciso construir um novo bloco histórico, político e social, capaz de apontar para o novo e se apresentar como alternativa. Essa construção não é simples, exige paciência. O novo não nasce do nada, mas sim a partir do que já temos construído. É preciso muita dedicação e trabalho, e isso exigirá ainda mais dos nossos dirigentes sociais. É preciso nos unificarmos em torno de uma bandeira política que nos permita romper o cerco da direita e canalizar

as lutas econômicas e corporativas que seguiremos fazendo. CONSTITUINTE Pelo muito que temos debatido, é possível afirmar que a luta por uma Assembleia Constituinte para a realização da reforma do sistema político é esta bandeira com potencial integrador e politizador. Como foram as lutas pela Anistia e pelas Diretas Já, no início dos anos 80, que, guardadas as enormes diferenças, possuem alguma semelhança com o período em que vivemos, de possível retomada das lutas sociais. Toda crise é oportunidade de superação. O que não podemos é titubear no caminho a seguir. É preciso afirmar a necessidade de um projeto popular para o Brasil, tirar lições da crise e construir o novo sem medo de dizermos a que viemos. Frederico Santana Rick é militante das pastorais sociais e da Consulta Popular *Terceira parte.Íntegra:. brasildefato.com.br/node/32931

Eleito presidente da Central Única dos Trabalhadores no estado do Rio de Janeiro durante o nosso 15º Congresso Estadual, realizado em agosto passado, me vejo diante da responsabilidade de consolidar os avanços obtidos pelos dois mandatos do companheiro Darby Igayara à frente da central. Além de dar continuidade à política de levar a bandeira vermelha da CUT aos quatro cantos do estado, sempre nas ruas em defesa dos direitos dos trabalhadores, da democracia e do Brasil, a nova direção e eu não pouparemos esforços para reforçar a solidariedade e os laços de classe entre os sindicatos. Vamos dobrar a aposta na interiorização da central. Nosso objetivo é fazer com que todas as regiões do estado contem com referências estruturais e políticas da CUT. E, por estar convencido de que o papel da central na vida política do país ganhará ainda mais relevância nos próximos anos, é fundamental que os dirigentes eleitos para o quadriênio 2015/2019 se dediquem exclusivamente às tarefas da CUT-RJ. CRISE POLÍTICA Ampliar e aprofundar as alianças da central com os movimentos sociais é outro ponto de honra para nós. Especialmente neste período turbulento em que vivemos, marcado por uma grave crise política e

por dificuldades econômicas crescentes. Ao mesmo tempo em que reafirmamos a disposição de ir às últimas consequências para barrar a articulação golpista da direita, seguiremos firmes na luta por mais direitos para a classe trabalhadora e mais democracia em nosso país.

Não aceitamos que o ajuste fiscal do governo se faça às custas do sacrifício dos trabalhadores. Para que os ricos paguem pela crise, insistiremos na taxação das grandes fortunas Não aceitamos que o ajuste fiscal do governo se faça às custas do sacrifício dos trabalhadores. Para que os ricos paguem pela crise, insistiremos na taxação das grandes fortunas e heranças, na elevação dos impostos para os ganhos de capital e numa reforma tributária progressiva, com base no princípio distributivo elementar, segundo o qual quem pode mais paga mais e quem pode menos paga menos. Marcelo Rodrigues (Marcelinho) é presidente da CUT-RJ


Rio de Janeiro, 28 a 30 de setembro de 2015

Variedades | 13

BOA E BARATA

Divulgação

Mousse de maracujá

Mande sua receita r e d ac ! aor j@ b rasild

e fato.c

Modo de preparo

• 1 lata de creme de leite • 1 lata de leite condensado • 1 lata de suco de maracujá (use a mesma medida do leite condensado) • Polpa de 1 maracujá • 1 xícara (chá) de água • ½ xícara (chá) de açúcar

Coloque o creme de leite, o leite condensado e o suco de maracujá no liquidificador e bata bem. Despeje em forminhas individuais. Em seguida, leve à geladeira até ficar firme. Desenforme. Para a cobertura, misture a polpa, a água e o açúcar e leve ao fogo até formar uma calda rala. Sirva sobre o doce.

Tempo de preparo 30 minutos

om .br

AMIGA DA SAÚDE Oi Amiga da Saúde, minha menstruação é irregular. Isso pode ser indício de algum problema de saúde? Jéssica Leandra, 19 anos, estudante to em cada mulher). Se ele for sempre igual ou com pequenas variações, está regular. Irregular seria um ciclo com grandes variações, quando você nunca sabe o dia em que a menstruação chegará. É comum ela ser desregulada nos primeiros anos da adolescência ou perto da menopausa.

Dúvidas sobre saúde? Encaminhe e-mail para redacaorj@brasildefato.com.br

Divulgação

Querida Jéssica, caso sua menstruação esteja mesmo irregular, pode ser devido a algum desarranjo que precisa ser investigado. Mas precisa ver se realmente está irregular, pois a maioria de nós se confunde quando a menstruação não chega sempre no mesmo dia do mês, mesmo isso sendo natural. Você deve contar o intervalo entre o primeiro dia de uma menstruação e o primeiro dia da próxima. Esse é o ciclo menstrual, que pode ser de 25, 30, 35 dias, etc (varia mui-

Ingredientes

Rendimento 5 porções


14 | Variedades

Rio de Janeiro, 28 a 30 de setembro de 2015

FASES DA LUA Cheia Até 3/10

Minguante 4/10

Nova 12/10

Crescente 20/10

LUA DA SEMANA CHEIA

A sua vida amorosa vai se apresentar mais equilibrada, conferindo uma maior autoestima. Para se sentir em harmonia com o parceiro, reserve o fim de semana apenas para ambos. Faça um esforço maior para ouvir as outras pessoas, ninguém é dono absoluto da verdade. Tente quebrar com a rotina do seu cotidiano, experimente surpreender o ser que você ama. Deverá dedicar-se à resolução de problemas antigos para que a vida evolua positivamente. Terá prazer pela forma como as suas atividades evoluem, a nível pessoal e profissional. Se estiver disposto a lutar por aquilo que deseja, terá mais chances de alcançar os seus objetivos. Uma discussão mais acalorada poderá terminar um relacionamento já por si muito fraco. As suas convicções podem leválo a atingir os seus objetivos se associadas à sua serenidade. Os seus amigos mais chegados manifestarão grande simpatia e respeito pela sua pessoa. Quaisquer informações que surjam relativas aos seus relacionamentos poderão perturbá-lo. Deverá alterar a sua postura no campo dos afetos, se pretende evoluir sem criar dramas.


Rio de Janeiro, 28 a 30 de setembro de 2015

“Algumas críticas à Baía têm requintes de ‘tapetão’”

Esportes | 15 Divulgação / COB

O Brasil de Fato RJ entrevistou o presidente da Federação de Triathlon do Rio, Julio Alfaya Bruno Porpetta do Rio de Janeiro (RJ) Há 30 anos, a Federação de Triathlon do Rio luta pela popularização do esporte, que mistura três práticas nobres – natação, corrida e ciclismo – e está inscrita no programa olímpico desde Sydney, em 2000. Conversamos com o presidente Julio Alfaya sobre as condições do esporte na cidade às vésperas dos Jogos Olímpicos e, em meio a tantas críticas à poluição da Baía de Guanabara, ele fugiu do tom comum. Brasil de Fato - Quais problemas o Triathlon enfrenta no Brasil? Julio Alfaya - O esporte amador, em geral, sempre passou e continuará passando por dificuldades, pois depende de recursos para sua subsistência em um país com tantas mazelas em temas importantes, como segurança, educação e saúde, por exemplo. Vez por outra temos sucesso na comercialização de patrocínios, mas não há continuidade nos projetos. Além da parte financeira, o Triathlon é uma modalidade de difícil execução, pois necessita de grandes espaços públicos para realização de provas. Não é como vôlei, basquete ou fute-

bol, que dependem apenas de uma quadra ou campo. Brasil de Fato - Para o Rio 2016, qual o nível da preparação dos atletas brasileiros e quais as dificuldades? Sou muito pessimista neste aspecto, pois quase não há planejamento técnico adequado, mais uma vez por questões financeiras. No Brasil quase tudo acontece nos dois anos que antecedem os Jogos e aí já é tarde para a formação de atletas. Vivemos da garra e determinação de alguns heróis, com poucos recursos e grande habilidade natural, que acaba sendo mal lapidada pela falta de planejamento.

Me perguntavam sobre um bom local para treinamento e, até bem pouco tempo atrás, não tinha o que dizer Brasil de Fato - O Rio vem enfrentando problemas com as condições das águas. Como isso tem afetado o Triathlon? Poderia ser o grande legado das Olimpíadas, mas, pelo jeito, vamos varrer esta sujeira para debaixo do tapete. Fico envergonhado com

Triathlon necessita de grandes espaços públicos para realização de provas Divulgação

Alfaya, da Federação de Triathlon

As equipes estrangeiras querem levar a disputa para Búzios, onde a raia é mais adequada à performance de seus atletas Divulgação / COB

Falta de planejamento técnico prejudica modalidade

o nível de poluição que vamos oferecer a todos os atletas. No Triathlon, transferimos a realização de nossas provas da Praia do Flamengo para o Recreio, e houve uma grande melhora. Mas é importante registrar

que algumas críticas à Baía de Guanabara têm um viés puramente esportivo e requintes de “tapetão”. As equipes estrangeiras querem levar a disputa para Búzios, onde a raia é mais adequada à performance de seus atletas.

Brasil de Fato - No ciclismo, quais os maiores problemas enfrentados no treinamento? O ciclismo necessita de grandes espaços, com bom asfalto e bloqueio ao trânsito de veículos. Muitos pais me perguntavam sobre um bom local para treinamento de seus filhos e, até bem pouco tempo atrás, não tinha o que dizer a eles. Após a morte do atleta Pedro Nikolai, no Leblon, o prefeito Eduardo Paes assinou um decreto que bloqueia o Aterro do Flamengo de terça a quinta-feira, no período das 4h às 5h30 da manhã. É o horário que temos para o treinamento de nossos atletas, nesta área que foi batizada de APCC Área de Proteção ao Ciclismo de Competição. Brasil de Fato - Quais são os favoritos e quem pode surpreender nos Jogos? O favoritismo, infelizmente, é de atletas de outros países que estão num patamar diferenciado. Temos excelentes atletas, mas a luta é muito difícil, até desigual. Do Brasil, temos chances com a atleta Pâmela Oliveira, que deve ficar entre as vinte melhores.


16 | Esportes

Bauru não resiste ao Real Madrid no Mundial de Basquete Após ter vencido a primeira partida, no Ibirapuera, em São Paulo, por 91 a 90, o Bauru precisava de uma vitória simples para se sagrar campeão intercontinental de clubes contra o Real Madrid, mas não foi dessa vez. O time espanhol venceu a segunda partida, também no ginásio paulistano, por 91 a 79, e conquistou seu quinto título intercontinental, sendo o segundo contra brasileiros. O Real Madrid conquistou o mundial interclubes contra o Sírio Libanês, em 1981, no mesmo Ibirapuera. Para o Bauru, restou o consolo do cestinha da partida. O armador Ricardo Fischer marcou 26 pontos. O MVP (sigla em inglês para “jogador mais valioso”) do torneio foi Sergio Llull, do Real Madrid. O jogo foi decidido logo no início, já que o Bauru passou metade do primeiro quarto sem acertar uma cesta sequer. Com isso, o Real abriu uma vantagem de 12 pontos que acabou sendo determinante para o título. O s pl a no s do B auru, após a perda do título, estão relacionados aos amistosos que a equipe fará nos Estados Unidos, na fase de pré-temporada das equipes da NBA. O time do interior paulista enfrenta o New York Knicks, no dia 7 de outubro, e o Washington Wizards, no dia 11, pelo NBA Global Games. (BP)

Rio de Janeiro, 28 a 30 de setembro de 2015

Vasco vira o placar e Fla vira freguês

2X0 FLU

Sab. 26/9 18h30

GRE

Sab. 26/9 21h

SAN

Dom. 27/9 11h

CAP

Dom. 27/9 11h

GOI

3X1 AVA

3X1

Bruno Porpetta do Rio de Janeiro (RJ)

INT

1X2 PON

1X1

SAO

Dom. 27/9 16h

PAL

1X2

FLA

Dom. 27/9 16h

FIG

Dom. 27/9 16h

JEC

Dom. 27/9 16h

CRU

Dom. 27/9 18h30

SPO

Dom. 27/9 18h30

VAS

1X3

O Vasco, de Rodrigo, vence o Flamengo pela quarta vez no ano. Freguesia

corou de cabeça para Emerson completar para o gol. Depois disso, só uma bola bem enfiada para Leandrão no comando de ataque vascaíno, que forçou uma boa saída de Paulo Victor nos pés dele. No segundo tempo, o Vasco voltou mais determinado a mudar o resultado da partida. Aos oito minutos, Leandrão perdeu um gol fácil, mas não demorou muito a empatar o jogo.

Aos 12 minutos, em cobrança de falta, o capitão Rodrigo soltou uma bomba por cima da barreira sem chance para Paulo Victor, que ainda chegou a tocar na bola, mas não evitou o gol. Na empolgação, o Vasco continuou pressionando e quatro minutos depois chegou à virada. Jorge pôs a mão na bola dentro da área. Pênalti cobrado por Nenê e números finais na partida.

Hamilton rende homenagens a Senna Com a vitória no Grande Prêmio do Japão de F-1, no autódromo de Suzuka, na madrugada de sábado (26) para domingo (27), o piloto inglês Lewis Hamilton igualou o número de vitórias de uma lenda da categoria, o brasileiro Ayrton Senna.

28a RODADA

Paulo Fernandes / Vasco

Flamengo saiu na frente no primeiro tempo, mas Vasco virou no segundo para 2 a 1

Vasco e Flamengo se enfrentaram no Maracanã, na quente tarde deste domingo (27), com objetivos bem diferentes. O Fla buscava voltar a vencer, após duas derrotas, para seguir sonhando com a Libertadores. Já o Vasco queria manter a boa sequência no Campeonato Brasileiro, interrompida apenas pela derrota na Copa do Brasil para o São Paulo durante a semana, para fugir da zona do rebaixamento. O jogo esteve na média das demais partidas entre as duas equipes. Fraco tecnicamente, sem grandes lances de perigo, truncado no meiocampo e bastante pegado. As exceções neste panorama foram muito poucas. No primeiro tempo, apenas dois lances de emoção. Um para o Flamengo, aos 11 minutos, em bola cruzada por Jorge pela esquerda. Guerrero es-

Brasileirão 2015

Foi a 41ª vitória de Hamilton, que postou em sua conta no Twitter uma homenagem à marca alcançada. Um retrato de Ayrton Senna, ainda com sua Lotus preta, sentado na pista, atrás de seu carro, onde o inglês o chama de “ídolo”, “o maior” e “rei”.

A marca foi conquistada justamente onde Senna ganhou seus três títulos mundiais, no Japão. O pódio foi completado pelos alemães Nico Rosberg e Sebastian Vettel. O brasileiro Massa chegou em 17º lugar. (BP)

COR

2X2

CAM

2X0

CFC

3X0

CHA

Classificação Série A 1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o 8o 9o 10o 11o 12o 13o 14o 15o 16o 17o 18o 19o 20o

Corinthians Atlético-MG Grêmio Palmeiras Santos São Paulo Flamengo Internacional Ponte Preta Sport Atlético-PR Fluminense Cruzeiro Coritiba Avaí Goiás Chapecoense Figueirense Vasco Joinville

P 60 53 51 45 43 43 41 41 40 40 38 37 36 33 32 31 31 28 26 24

J 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28

V 18 16 15 13 12 12 13 11 10 9 11 11 10 8 9 8 8 7 7 5

SG 26 18 16 18 12 5 -2 -3 1 10 -2 -6 1 -6 -16 0 -12 -17 -29 -14

Zona de classificação para Libertadores Zona de rebaixamento para Série B


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