entrevista | págs. 4 e 5
esporte | pág. 16
Stedile analisa as mobilizações
Em jogo tenso, Brasil vence o Uruguai e está na final
É hora do governo aliar-se ao povo ou pagará a fatura no futuro. Essa é uma das avaliações de João Pedro Stedile, da coordenação nacional do MST, sobre os protestos no país
Com gols de Fred e Paulinho, a seleção brasileira venceu por 2 x 1 o time do Uruguai e garantiu seu lugar na final da Copa das Confederações. As equipes fizeram, na tarde de ontem (26), no Mineirão, em Belo Horizonte (MG), um dos jogos mais disputados do torneio.
Edição
Wander Roberto/VIPCOMM
Uma visão popular do Brasil e do mundo
Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013 | ano 11 | edição 09 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato Pablo Vergara
cidades | pág. 7
Hoje tem novo protesto na Candelária Está marcada para hoje, quinta-feira (27), nova mobilização que vai tomar as ruas do Rio de Janeiro. Manifestantes de todas as partes da cidade se concentrarão na Candelária a partir das 14 horas. Todos vão protestar por melhores condições no transporte em frente à Fetranspor, a Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio. Fabio Teixeira/Folhapress
cultura | pág. 11
No palco com Lima Barreto Em cena, angústias e realizações de um dos mais importantes autores da literatura nacional. É a peça Lima Barreto, ao terceiro dia. A montagem retoma o tema desigualdade.
cidades | pág. 8
Moradora relata chacina Na favela, a bala não é de borracha. Em entrevista, a moradora da Maré Gizele Martins critica a operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope), que resultou em 13 mortes. Manifestantes no Centro do Rio: novas mobilizações
Protesto contra ação do Bope na Maré
02 | opinião
Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013
editorial | Brasil
A hora e a vez do projeto popular AS MOBILIZAÇÕES que acontecem em todo o país abrem a possibilidade de avançar nas mudanças estruturais que interessam ao povo brasileiro. A retomada da luta de massas configura o momento privilegiado para que o governo federal assuma compromissos com a pauta das mudanças estruturais que conformam um projeto popular. Os atos e marchas são predominantemente progressistas até o momento, mas a disputa política e ideológica com as forças de direita se acelera. Assistimos uma acirrada disputa pelos rumos das mobilizações populares. As forças de direita não conseguem organizar uma manifestação política ex-
Sabemos quem é o inimigo, podemos construir uma ampla unidade e apresentar um programa que traga soluções para os problemas básicos do povo pressiva desde a “marcha pela família e a propriedade”, às vésperas do golpe de 1964. Desde os anos de enfrentamento com a ditadura militar, as ruas são dos que defendem os interesses populares. Agora, tentam instrumentalizar as atuais lutas que surgem por reivindicações legítimas e progressistas. Buscam isolar a esquerda organizada dos atos, utilizando de pequenos grupos de ex-
trema direita que insuflam palavras de ordem e agressões para impedir as organizações populares de promoverem essa disputa. As manifestações refletem a situação que se instaurou nos últimos anos, nas grandes cidades, com o avanço da especulação imobiliária, o aumento no custo de vida – muito além dos salários – e o baixo investimento em serviços públicos. Em muitas delas, eles ficaram
paralisados, gerando um sucateamento destes serviços, como podemos identificar claramente na péssima qualidade dos transportes. Nos grandes centros urbanos, a população, que vai para a escola e para o trabalho em ônibus e metrôs apertados, perde de três a quatro horas por dia no trânsito, tempo que poderia utilizar para estar com a família, estudando ou participando de atividades culturais. As mobilizações também têm expressado forte sentimento de rejeição ao atual sistema político. Nesse contexto, os partidos políticos e os próprios políticos são vistos como parte de uma mesma engrenagem. Mesmo as bandeiras de
partidos de esquerda passam a ser vistas como símbolos da burocracia, apesar de seu histórico de lutas. Sem a entrada em cena dos milhares de trabalhadores e trabalhadoras, do campo e da cidade, dos jovens negros e negras das periferias, esse processo não se desenvolverá a ponto de demonstrar ao conjunto da sociedade brasileira quais são os reais inimigos do povo. Sabemos quem é o inimigo, podemos construir uma ampla unidade e apresentar um programa que traga soluções para os problemas básicos do povo. É a possibilidade que temos de acumular forças para avançarmos na construção de um Projeto Popular para o Brasil.
Na segunda feira (24), um desses atos ocorria próximo a Favela da Maré e mais uma vez terminou em conflito. Porém dessa vez, as balas não eram de borracha. O sangue da juventude que já escorreu na Favela do Borel, no Vidigal,
em Vigário Geral e na Chacina da Candelária, e tantas outras, mais uma vez escorreu na Maré. Até quando? Hoje (27), mais uma vez, vamos ocupar a Candelária. Não é dia de luto, é dia de luta por uma vida melhor.
editorial | Rio de Janeiro
Por uma vida melhor SETE DIAS SEPARAM nossos leitores da última edição do Brasil de Fato Rio de Janeiro. Porém, para o povo fluminense, essa semana guarda a maior mobilização de massas que essa cidade já viu. Mais de um milhão de pessoas ocuparam todas as pistas da Avenida Presidente Vargas. No dia 26 de junho de 1968, há exatos 45 anos, ocorria no Rio de Janeiro a Passeata dos 100 Mil, contra a ditadura militar. Assim como naquele momento, na última quinta-feira (20), jovens saíram às ruas em busca de um futuro melhor. A redução da passagem de ônibus foi conquistada, e essa experiência deixa um saldo maior para a maioria desses jovens que participaram pela primeira vez de uma manifestação. Conquistaram nas
Redação Rio: redacaorj@brasildefato.com.br
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ruas sua primeira vitória das muitas que virão. Mas o principal: aprenderam que as ruas são o espaço de reivindicações populares, que lutando veem as conquistas. E que quem está em luta, educa também toda a sociedade para a necessidade de participar na construção dos destinos da nação. As vozes que saíram às ruas eram muitas, e ao mesmo tempo, eram uma só. Diversas são as necessidades sentidas diretamente por todos nós, que ecoávamos gritos de mais recursos pra saúde e educação; por um transporte público gratuito e de qualidade; por uma mídia que fale a nossa língua, muito diferente da Rede Globo; contra a violência policial e a privatização do Maracanã; Fora Feliciano e muitos mais. Porém todas es-
sas vozes eram também uma só: queremos um Brasil melhor, um Brasil que se preocupe com os interesses do povo brasileiro. Ao fim da belíssima manifestação, quebra-quebra. A mídia tenta colocar a culpa da violência nos manifestantes. Impossível. Toda aquela massa de gente se manifestava pacificamente até o momento em que se encontrava com a Polícia Militar. A violência da Polícia se estendeu em confrontos com manifestantes por todo o centro e pelas ruas da Lapa, utilizando principalmente bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. As manifestações se multiplicaram, e todos os dias ocorreram atos menores em todos os cantos da cidade.
Editor-chefe: Nilton Viana • Editores: Aldo Gama, Marcelo Netto Rodrigues, Renato Godoy de Toledo • Subeditor: Eduardo Sales de Lima • Repórteres: Marcio Zonta, Michelle Amaral, Patricia Benvenuti • Correspondentes nacionais: Daniel Israel (Rio de Janeiro –RJ), Maíra Gomes (Belo Horizonte – MG), Pedro Carrano (Curitiba – PR), Pedro Rafael Ferreira (Brasília – DF), Vivian Virissimo (Rio de Janeiro –RJ) • Correspondentes internacionais: Achille Lollo (Roma – Itália), Baby Siqueira Abrão (Oriente Médio), Claudia Jardim (Caracas – Venezuela) • Fotógrafos: Carlos Ruggi (Curitiba – PR), Douglas Mansur (São Paulo – SP), Flávio Cannalonga (in memoriam), João R. Ripper (Rio de Janeiro – RJ), João Zinclar (in memoriam), Joka Madruga (Curitiba – PR), Leonardo Melgarejo (Porto Alegre – RS), Maurício Scerni (Rio de Janeiro – RJ) • Ilustrador: Latuff • Editor de Arte: Marcelo Araujo • Revisão: Marina Tavares Ferreira • Jornalista responsável: Nilton Viana – Mtb 28.466 • Administração: Valdinei Arthur Siqueira • Endereço: Al. Eduardo Prado, 676 – Campos Elíseos – CEP 01218-010 – Tel. (11) 2131-0800/ Fax: (11) 3666-0753 – São Paulo/SP – redacao@brasildefato.com.br • Gráfica: Info Globo • Conselho Editorial: Alipio Freire, Altamiro Borges, Aurelio Fernandes, Bernadete Monteiro, Beto Almeida, Dora Martins, Frederico Santana Rick, Igor Fuser, José Antônio Moroni, Luiz Dallacosta, Marcelo Goulart, Maria Luísa Mendonça, Mario Augusto Jakobskind, Milton Pinheiro, Neuri Rosseto, Paulo Roberto Fier, René Vicente dos Santos, Ricardo Gebrim, Rosane Bertotti, Sergio Luiz Monteiro, Ulisses Kaniak, Vito Giannotti • Assinaturas: (11) 2131– 0800 ou assinaturas@brasildefato.com.br
Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013
Latuff
opinião | 03
Emanuel Cancella
Petróleo pode garantir passe livre, saúde...
Mário Augusto Jakobskind
O papel da mídia de mercado A JUVENTUDE está nas ruas do país. Mas a mídia de mercado, sobretudo a do Rio de Janeiro – os veículos da Globo – prefere criminalizar os protestos contra o aumento das tarifas. Para isso, enfoca as ações de grupos que nada têm a ver com as manifestações. Também tenta esconder o que as elites sempre quiseram para o país. Ou seja, a repressão policial, como sempre acontece nas áreas das comunidades carentes. A PM reprimiu os manifestantes de forma truculenta até na porta do Hospital Souza Aguiar. Inclusive, o Secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, ameaçou chamar o Exército.
Os que viveram os anos de 1960, quando os jovens saíam às ruas contra a ditadura militar, lembram como a mídia de mercado tratava os protestos. Total semelhança aos dias atuais. A Rede Globo, que agora tenta se apresentar como defensora da democracia, na cobertura dos atuais protestos procura pautar as manifestações de acordo com seus interesses. Para o Rio de Janeiro é algo especialmente lamentável, porque a cidade tem o predomínio midiático deste grupo empresarial chamado Globo, o que não permite à população ter acesso a outro tipo de informação. O contraponto fica por conta das redes sociais e meios
alternativos. Na questão dos transportes coletivos, a mídia tradicional omite, por exemplo, a abertura das planilhas dos custos das empresas de ônibus. Escondem o fato de que os proprietários aqui no Rio de Janeiro têm tanto poder que chegam até a nomear os secretários de Transportes, municipal e estadual. Por tudo isso é urgente e necessário democratizar os meios de comunicação. Mário Augusto Jakobskind é correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Integra o Conselho Editorial do Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes – Fantástico/IBOPE.
Thiesco Crisóstomo
Jornada Mundial da Juventude EM JULHO, o Rio de Janeiro será sede do maior evento católico do mundo. Aqui será realizada a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), encontro promovido pela Igreja Católica que reúne os jovens e promove o encontro com o papa, chefe da Igreja católica no mundo. A JMJ ocorre todos os anos nas dioceses por ocasião da festa católica de Domingo de Ramos e a cada dois anos é escolhida uma cidade para sediar o encontro mundial. A JMJ será realizada na arquidiocese do Rio de Janeiro. É a segunda vez que uma Jornada é realizada na América Latina. A primeira foi em Buenos
Aires (Argentina), em 1987, e foi a primeira fora de Roma. Tinha como lema “Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele.” Na ocasião , um milhão de pessoas participaram do evento. Este ano, estão sendo esperadas mais de 2 milhões de pessoas para celebrar juntas o lema “Ide e fazei discípulos em todas as nações”. A escolha do Brasil para sede desse evento se deve por sermos um dos países com maior número de católicos. Durante anos a CNBB contribuiu efetivamente para uma evangelização engajada na realidade juvenil brasileira através
das Pastorais da Juventude do Brasil, atuando nas comunidades, trabalho, escola, zona rural e nos movimentos populares, sindicatos e partidos. Para os jovens destas pastorais, a importância desse evento no país é a possibilidade de apresentar este rosto da Igreja no Brasil. Uma Igreja que é engajada na realidade e que provoca a juventude a também ser sujeito de transformação da realidade de exclusão, tão evidente em terras brasileiras. Thiesco Crisóstomo é Secretário Nacional da Pastoral da Juventude
OS PROTESTOS QUE TÊM levado milhares de pessoas às ruas, iniciados pelo Movimento do Passe Livre (MPL), representam a retomada das mobilizações históricas do povo brasileiro. Dentre as mais significativas lutas do passado, merece destaque a campanha “O Petróleo é nosso!”. Talvez o maior movimento cívico desse país, realizado nas décadas de 1940 e 1950, que resultou na criação da Petrobras e na instituição do monopólio estatal do petróleo. Naquela época, o petróleo era apenas uma promessa. Agora, a descoberta do pré-sal, tornou-se uma realidade que coloca o Brasil entre os cinco maiores do mundo em reservas estimadas. Só o Campo de Libra, que o governo brasileiro pretende leiloar no próximo dia 22 de outubro, poderia financiar, com folga, o passe livre para todos os brasileiros e políticas de saúde e educação públicas de qualidade para a população.
Só o Campo de Libra, que o governo brasileiro pretende leiloar no próximo dia 22 de outubro, poderia financiar, com folga, o passe livre para todos os brasileiros e políticas de saúde e educação O campo de Libra dispõe, no mínimo, de 14 bilhões de barris de petróleo, como confirmam estudos detalhados, realizados em maio pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). Ao custo de 100 dólares o barril, isso representa o equivalente a 1,4 trilhões de dólares! No entanto, esse tesouro submerso no pré-sal pode ser vendido por uma quantia infinitamente menor, escoando pelos dutos para abastecer outros países, sem trazer benefícios para os brasileiros. Barrar o leilão de Libra é um grande desafio. Mas só conseguiremos se a maior parte da população entender que é necessário abraçar essa bandeira e se integrar à campanha “O Petróleo tem que ser nosso!”. Só existem dois caminhos: 1) a riqueza escondida no présal estará a serviço da nação, sob controle estatal; 2) ou será entregue às multinacionais do petróleo e alguns megaempresários nacionais. Na campanha presidencial, a presidenta Dilma garantiu que jamais entregaria o pré-sal a países e empresas estrangeiras. Então, Dilma chamou o petróleo do pré-sal de “Nosso passaporte para o futuro!”. É importante que as lideranças do Movimento Passe Livre pautem esse debate, inclusive com a presidenta Dilma, propondo o cancelamento do leilão. O Conselho Nacional do Petróleo (CNPE) pode propor à Presidência da República que suspenda o leilão e faça um contrato direto com a Petrobras para a exploração e produção no campo de Libra. Com o dinheiro a ser arrecadado em Libra, financiar o passe livre, saúde e educação de qualidade para os brasileiros torna-se apenas uma questão de disposição política, invertendo as atuais prioridades (que só favorecem as elites) em favor dos legítimos interesses do povo que está nas ruas. Emanuel Cancella é secretário-geral do Sindipetro-RJ e coordenador da Frente Nacional dos Petroleiros (FNP).
04 | entrevista
Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013
O significado e as perspectivas das mobilizações de rua José Cruz/ABr
MANIFESTAÇÕES Para João Pedro Stedile, a juventude mobilizada, por sua origem de classe, não tem consciência de que está participando de uma luta ideológica Nilton Viana da Redação
João Pedro Stedile, da coordenação nacional do MST
sima qualidade dos serviços públicos, em especial na saúde e mesmo na educação, desde a escola fundamental, ensino médio, em que os estudantes saem sem saber fazer uma redação. E o ensino superior virou loja de vendas de diplomas a prestações, onde estão 70% dos estudantes universitários.
É HORA DO GOVERNO aliar-se ao povo ou pagará a fatura no futuro. Essa é uma das avaliações de João Pedro Stedile, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) sobre as recentes mobilizações em todo o país Nesta entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, Stedile fala sobre o caráter desses protestos e faz um chamamento: devemos ter consciência da natureza dessas manifestações e irmos todos para a rua disputar corações e mentes para politizar essa juventude que não tem experiência da luta de classes.
“A juventude não é apolítica, ao contrario, tanto é que levou a política para as ruas, mesmo sem ter consciência do seu significado”
Brasil de Fato – Como você analisa as manifestações que vêm sacudindo o Brasil? João Pedro Stedile –Houve uma enorme especulação imobiliária que elevou os preços dos aluguéis e dos terrenos em 150% nos últimos três anos. O capital financiou – sem nenhum controle governamental – a venda de automóveis para enviar dinheiro para o exterior e transformou nosso trânsito em um caos. Nos últimos dez anos, não houve investimento em transporte público. O programa habitacional Minha Casa, Minha Vida empurrou os pobres para as periferias, sem condições de infraestrutura. Tudo isso gerou uma crise estrutural. As pessoas estão vivendo um inferno nas grandes cidades, perdendo três, quatro horas por dia no trânsito. Somado a isso, a pés-
Do ponto de vista político, por que isso aconteceu? Toda a juventude nascida depois das Diretas Já não teve oportunidade de participar da política. Hoje, para disputar qualquer cargo, por exemplo, o de vereador, o sujeito precisa ter mais de um milhão de reais. O de deputado custa ao redor de dez milhões de reais. Os capitalistas pagam e depois os políticos os obedecem. A juventude está de saco cheio dessa forma de fazer política burguesa, mercantil. Os partidos da esquerda institucional, todos eles, se moldaram a esses métodos. Envelheceram e se burocratizaram. E, portanto, gerou na juventude uma ojeriza à forma dos partidos atuarem. E eles têm razão. A juventude não é apolítica, ao contrário, tanto é que levou a polí-
tica para as ruas, mesmo sem ter consciência do seu significado. Mas está dizendo que não aguenta mais assistir na televisão essas práticas políticas que sequestraram o voto das pessoas, baseadas na mentira e na manipulação. E por que as manifestações eclodiram somente agora? Somou-se todo o clima que comentei, mais as denúncias de superfaturamento das obras dos estádios, que são um acinte ao povo. A Rede Globo recebeu do governo do estado do Rio de Janeiro e da prefeitura R$ 20 milhões do dinheiro público para organizar o showzinho de apenas duas horas do sorteio dos jogos da Copa das Confederações. O estádio de Brasília custou R$ 1,4 bilhão e não tem ônibus na cidade! As maracutaias que a Fifa/CBF impuseram e que os governos se submeteram. A reinauguração do Maracanã foi um tapa no povo brasileiro. No maior templo do futebol mundial não havia nenhum negro ou mestiço! O aumento das tarifas foi apenas a faísca para acender o sentimento de revolta, de indignação. Ainda bem que a juventude acordou. E nisso houve o mérito do Movimento Passe Livre, que soube capitalizar essa insatisfação popular e organizou os protestos na hora certa. Por que a classe trabalhadora ainda não foi à rua? A classe trabalhadora demora a se mover, mas quando se move afeta di-
Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013
entrevista | 05 Marcelo Camargo/ABr
Protestos estão levando milhares de pessoas às ruas do país
retamente o capital. Coisa que ainda não começou acontecer. Acho que as organizações que fazem a mediação com a classe trabalhadora ainda não compreenderam o momento e estão um pouco tímidas. Acho que é apenas uma questão de tempo. Nos últimos dias, já se percebe que em algumas cidades menores e nas periferias das grandes cidades já começam a ter manifestações com bandeiras de reivindicações bem localizadas. E isso é muito importante.
“A PM foi preparada desde a ditadura militar para tratar o povo sempre como inimigo”
Vocês do MST e dos camponeses também não se mexeram ainda... É verdade. Nas capitais onde temos assentamentos e agricultores familiares mais próximos já estamos participando. Acho que nas próximas semanas poderá haver uma adesão maior. Na nossa militância está todo
mundo doido para entrar na briga e se mobilizar. Qual é a origem da violência que tem acontecido em algumas manifestações? A burguesia, através de suas televisões, tem usado a tática de assustar o povo colocando apenas a propaganda dos baderneiros e quebra-quebra. São minoritários e insignificantes. Para a direita, interessa colocar no imaginário da população que isso é apenas bagunça e no final, se tiver caos, colocar a culpa no governo e exigir a presença das Forças Armadas. Espero que o governo não cometa essa besteira de chamar a guarda nacional e as Forças Armadas para reprimir as manifestações. É tudo o que a direita sonha! Quem está provocando as cenas de violência é a forma de intervenção da Polícia Militar. A PM foi preparada desde a ditadura militar para tratar o povo sempre como inimigo. Há, então, uma luta de classes nas ruas? É claro que há uma luta de classes nas ruas. Embora ainda concentrada na disputa ideológica. E o que é mais grave, a
própria juventude mobilizada, por sua origem de classe, não tem consciência de que está participando de uma luta ideológica. Eles estão fazendo política da melhor forma possível, nas ruas. Os jovens estão sendo disputados pelas ideias da direita e pela esquerda. Pelos capitalistas e pela classe trabalhadora. E quais são os objetivos da direita e suas propostas? A classe dominante, os capitalistas, os interesses do império Estadunidense e seus porta-vozes ideológicos, que aparecem na televisão todos os dias, têm um grande objetivo: desgastar ao máximo o governo Dilma, enfraquecer as formas organizativas da classe trabalhadora, derrotar quaisquer propostas de mudanças estruturais na sociedade brasileira e ganhar as eleições de 2014. Quais os desafios para a classe trabalhadora e as organizações populares e partidos de esquerda? Os desafios são muitos. Primeiro devemos ter consciência da natureza dessas manifestações e irmos todos para a rua disputar corações e men-
tes para politizar essa juventude que não tem experiência na luta de classes. Segundo, a classe trabalhadora precisa se mover, ir para a rua, manifestar-se nas fábricas, campos e construções, como diria Geraldo Vandré. Terceiro, precisamos explicar para o povo quem são os principais inimigos do povo. E agora são os bancos, as empresas transnacionais que tomaram conta de nossa economia, os latifundiários do agronegócio e os especuladores. Precisamos pautar o debate na sociedade e exigir a aprovação do projeto de redução da jornada de trabalho para 40 horas; exigir que a prioridade de investimentos públicos seja em saúde, educação, refor-
ma agrária. E aprovar em regime de urgência, para que vigore nas próximas eleições, uma reforma política de fôlego, que, no mínimo, institua o financiamento público exclusivo da campanha. Direito de revogação de mandatos e plebiscitos populares autoconvocados. O que o governo deveria fazer agora? É hora de mudar. E mudar a favor do povo. Para isso o governo precisa enfrentar a classe dominante. Enfrentar a burguesia rentista, deslocando os pagamentos de juros para investimentos em áreas que resolvam os problemas do povo. Promover logo as reformas políticas, tributárias. Encaminhar a aprovação José Cruz/ABr
“A classe trabalhadora demora a se mover, mas quando se move afeta diretamente ao capital”
do projeto de democratização dos meios de comunicação. Criar mecanismos para investimento pesados em transporte público, que encaminhem para a tarifa zero. Acelerar a reforma agrária e um plano de produção de alimentos sadios para o mercado interno. Garantir logo a aplicação de 10% do PIB em recursos públicos para a educação em todos os níveis. É hora do governo aliarse ao povo ou pagará a fatura no futuro. E que perspectivas essas mobilizações podem levar para o país? Tudo ainda é uma incógnita. Por isso que as forças populares e os partidos de esquerda precisam colocar todas as suas energias para ir para a rua; manifestar-se, colocar as bandeiras de luta de reformas que interessam ao povo. Porque a direita vai fazer a mesma coisa e colocar as suas bandeiras conservadoras, atrasadas, de criminalização e contra as mudanças sociais. Em cada cidade, em cada manifestação, precisamos disputar corações e mentes. (A íntegra desta entrevista encontra-se em: www. brasildefato.com.br)
06 | cidades
Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013
As condições precárias e a dupla jornada dos motoristas Pablo Vergara
TRABALHO Com menos cobradores, ônibus que circulam no Rio não apresentam melhorias e têm falhas de manutenção Daniel Israel do Rio de Janeiro (RJ) José é motorista de ônibus há mais de dois anos e cumpre a chamada dupla função. A dupla função ocorre quando o motorista, além de dirigir, é responsável pela cobrança da passagem. A linha na qual trabalha circula apenas no Centro, o que não diminui as péssimas condições a que está submetido. “Nós não temos nem banheiro próprio, nem tempo para comer. Então, como estou estressado, sentindo muita dor de cabeça, na semana que vem eu vou ao médico para uma checagem geral (check-up)”, argumenta ele, que mora na Baixada Fluminense. Na mesma situação que ele, cada vez mais motoristas sofrem com condições precárias de trabalho. Até por isso, existe grande rotatividade no setor, o que leva as empresas a colar cartazes, em seus próprios veículos, anunciando contratações. “Muitos trabalham por sete horas e dobram com frequência. Acaba que sobra pouco tempo para lazer e descanso. No caso das mulheres, que trabalham mais como cobradoras do que motoristas, o cansaço é agravado pelas tarefas domésticas”, avalia a assistente social Juliana Ladeira. Formada em Serviço Social, em 2010 Juliana terminou uma pesquisa em que analisava, entre outros pontos, a eliminação da função de cobrador.
“Para começar, enquanto o cobrador é visto como uma função nessa engrenagem, as pessoas colocam o motorista como profissional”, afirma. Ela chegou à conclusão de que também existem diferenças no uso do tempo livre. “Apesar de ocuparem o mesmo espaço nas folgas dos trabalhadores que entrevistei (23, no total de 30), lazer e descanso são categorias que se diferenciam pelo gênero. Quando estão de folga, as mulheres costumam descansar, devido ao acúmulo entre trabalho e tarefas domésticas. Enquanto isso, os homens fazem uso do lazer duas vezes mais do que elas”. Necessários para qualquer trabalhador, lazer e descanso podem ser a melhor prevenção a acidentes de trabalho.
“Muitos trabalham por sete horas e dobram com frequência. Acaba que sobra pouco tempo para lazer e descanso”
Falta ao trabalho Professor na Santa Casa de São Paulo, o médico Luiz Carlos Morrone relata estudo feito em uma empresa paulista: dos 556 empregados, a classe dos motoristas de ônibus é a que mais falta ao trabalho. “No total, trabalham
Dupla função: condições precárias de trabalho provocam grande rotatividade no setor
nessa empresa 273 motoristas. Durante a realização da pesquisa, 77 foram afastados, pelos mais diferentes problemas de saúde. Algumas das causas incluem transtornos mentais (21 casos) e doenças circulatórias (11) e nervosas (5)”, revela. Morrone, que também é diretor-científico na Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), diz que, para ser caracterizada como doença relacionada ao trabalho, é preciso que a empresa avise a Previdência Social ou que o trabalhador vá até o sindicato. Via-crúcis O motorista José chega ao trabalho às 5h da manhã para pegar o carro (ônibus) na garagem, que fica na Zona Norte. De lá, segue para o Centro, onde começa a rodar por volta das 5h30. A cada semana, ele tra-
balha por sete horas, durante sete dias seguidos, com direito a apenas 24 horas para descansar. E não é só isso. “Da garagem até o Centro, o deslocamento não é contado como tempo de trabalho, da mesma forma quando acaba o meu serviço. Isso porque, antes de ir embora, eu preciso tirar dinheiro meu (que o patrão não me devolve) para pegar um ônibus e entregar o montante das passagens de cada dia, em Vila Isabel”, conta o motorista, que não folga desde o dia 16. No domingo (30) ele está liberado para ficar em casa. Medicina Para piorar, o médico Luiz Carlos Morrone destaca a ineficiência do serviço prestado tanto pelas empresas quanto pelo Estado. Segundo ele, a Previdência só reconhece doenças relacio-
nadas ao trabalho quando a empresa se manifesta. Porém, isto não costuma ocorrer, e se o trabalhador reivindica que sofre de doença ocupacional, ele corre o risco de ser demitido. O motorista José relata imposição feita pelo dono da concessionária. “Se não forem atingidos
300 passageiros pagantes, o motorista é suspenso e tem o salário descontado, ficando afastado de um a cinco dias. Mas se Deus quiser, no mês que vem, eu não estarei mais nessa empresa”, despede-se ele. (José é nome fictício. Temendo represália, o motorista não quis se identificar)
Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013
Povo nas ruas
Pablo Vergara
PROTESTO Manifestantes se concentrarão hoje (27) na Candelária, a partir das 14 horas Vivian Virissimo do Rio de Janeiro (RJ) Está marcada para hoje, quinta-feira (27), nova mobilização que vai tomar as ruas do Rio de Janeiro. Manifestantes de todas as partes da cidade se concentrarão na Candelária a partir das 14h. Todos vão protestar por melhores condições no transporte em frente à Fetranspor, a Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio. O trajeto foi definido em plenária do Fórum de Lutas contra o Aumento da Passagem com a presença de mais de três mil pessoas. Diferente dos últimos atos, esta manifestação não terá como destino o prédio da Prefeitura ou da Câmara de Vereadores, mas a federação que representa os donos do transporte público.
“É importante manter o povo na rua para avançar na pauta do transporte. Precisamos de um processo transparente”
“Na atual conjuntura, o verdadeiro inimigo do povo do Rio é a Fetranspor que mantém uma máfia no transporte público. Agora, mais do que nunca, é importante questionar essa máfia para que a tarifa seja subsidiada pelos lucros dos empresários e não pelo Estado”, disse Antonio Neto, integrante do Fórum de Lutas. A prefeitura divulgou nesta terça-feira (25)
que os empresários de ônibus tiveram um lucro líquido de R$ 69,4 milhões em 2012. Essa foi a primeira vez que os lucros dos quatro consórcios que controlam o sistema público no Rio foram reveladas. Na coletiva, o prefeito Eduardo Paes também descartou a possibilidade de repassar R$ 200 milhões em subsídios para as empresas, ideia sustentada quando a tarifa foi reduzida de R$ 2,95 para R$2,75. “É importante manter o povo na rua para avançar na pauta do transporte. Precisamos de um processo transparente. Apenas divulgar o lucro líquido não basta, queremos a planilha geral com os custos reais do transporte”, explicou Neto. Comissão quer abrir caixa-preta Na tentativa de revelar essa caixa-preta, o vereador Eliomar Coelho (PSOL) conseguiu garantir assinaturas para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai investigar os contratos da prefeitura com as empresas de ônibus. “Desejamos abrir essa caixa-preta. A planilha de custos das empresas precisa ser analisada com muito detalhe, um verdadeiro pente-fino. Também queremos saber como opera a fiscalização do Executivo dos serviços prestados e as relações trabalhistas dessas empresas”, afirma. Segundo Eliomar, o objetivo é fazer tudo que possa contribuir para construir um novo modelo de sistema de transporte no Rio, no qual a qualidade esteja garantida com pontualidade, conforto e preço acessível.
cidades | 07
Plenária do Fórum de Lutas contra o Aumento da Passagem definiu trajeto da manifestação
Os trabalhos da CPI dos Ônibus só começarão em agosto em função do recesso parlamentar e vão durar 90 dias, prorrogáveis por 45. A solicitação para instalação da CPI ainda aguarda análise da Mesa Diretora. No Rio, 42 empresas venceram a licitação para explorar o serviço de transporte público. Se-
gundo dados da Junta Comercial do Rio de Janeiro, alguns empresários são sócios de várias dessas companhias. O caso mais emblemático é o da família Barata que tem participação em 12 empresas. “Falta transparência do Estado e das empresas que lidam com o estado. Não vejo momento me-
lhor para cobrar de quem está no poder mais participação da população. Agora, queremos abrir a caixa-preta do transporte. Estes dados tinham que estar disponíveis muito antes de uma CPI”, disse a jornalista Natália Mazotti que, junto com outros pesquisadores, apurou e sistematizou os dados sobre o empresariado.
MOBILIZAÇÃO COPA DAS MANIFESTAÇÕES Além do ato desta quintafeira, nova mobilização está programada para o próximo domingo (30), às 15h na Praça Saens Peña (Tijuca), rumo ao Maracanã.
Repressão policial REPRESSÃO Balas de borracha, bombas de efeito moral e carros blindados Gilka Resende do Rio de Janeiro (RJ) O final da manifestação no Rio, na última quinta-feira (20), foi marcado por uma desproporcional repressão do Batalhão de Choque. Balas de borracha, bombas de efeito moral e carros blindados, os Caveirões, ameaçaram os que foram às ruas. Alguns agentes também usaram armas de fogo. O barulho das bombas era alto, trazia terror e sufocava os ma-
nifestantes. Solidariamente, outros compartilhavam uma mistura de água e vinagre, e guiavam os que passavam mal. As bombas iam ao céu e se repartiam em três, caindo a muitos metros e em diferentes pontos da Presidente Vargas. Desesperadas, as pessoas começavam a correr. Imediatamente, em razão do perigo de pisoteamento, outras gritavam “não corre, não corre!”. A investida da polícia militar não parava e
a revolta cresceu. Pessoas começaram a quebrar agências bancárias, fachadas de prédios, placas de sinalização, lixeiras, câmeras de segurança. Já depois das 21h, foram ouvidos disparos de som diferente. Alertas como “é arma de fogo”, “é tiro de verdade” e “é o Bope!”, a famosa Tropa de Elite, despertaram uma correria tamanha que, dessa vez, não pôde ser controlada. Depois, era possível ver gotas de sangue pelas calçadas. No Rio de
Janeiro, pelos menos 60 ficaram feridos. Episódios de repressão também ocorreram nas Praças XV, Mauá e da Bandeira, nos arredores do IFCS da UFRJ e nos bairros Lapa e Glória. Pessoas com medo buscavam abrigo em bares e portarias. A violência chegou até Laranjeiras, já na Zona Sul da cidade, onde um grupo de manifestantes tentava chegar ao Palácio Guanabara, sede do governo estadual de Sérgio Cabral (PMDB).
08 | cidades
Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013
“O verdadeiro criminoso é o Estado” Vania Bento/O Cidadão/Comunicação Comunitária
CHACINA NA MARÉ A moradaora Gizele Martins fala sobre o que conteceu durante a noite de segundafeira (24), após uma manifestação; a Maré foi tomada por caveirões e a ação resultou em 13 mortes Camila Marins, Gilka Resende e Vivian Virissimo do Rio de Janeiro (RJ) A moradora da Maré e comunicadora popular Gizele Martins trabalha diariamente na defesa da favela e contra a criminalização da pobreza. Nesta entrevista, a jovem conta a situação da comunidade após a recente operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope). “Tivemos uma chacina na Maré, com 13 mortes. Não sabemos quantos, de fato, sumiram”, relata. “No protesto da Presidente Vargas, as balas eram de borracha. Mas a bala que a gente leva todo dia é de fuzil. Vem o barulho de tiro, seguido do silêncio, o sangue jorra no chão e depois levam o corpo para o caveirão”, compara. Brasil de Fato – Como você avalia o papel do Estado em relação às manifestações? Gizele Martins – Na favela, não temos o direito de nos manifestar. A gente não tem direito à vida. Pensar em protestar, dar entrevista ou falar em plenária são riscos. Queremos parar de sobreviver, queremos viver. A classe média pode se manifestar, e nós? Rodrigo Pimentel, comentarista da Globo, admitiu que a polícia não poderia ter utilizado balas de verdade na manifestação na Alerj. Mas ele justificou dizendo que as armas de
fogo são para territórios como as favelas. O governador Sérgio Cabral, em 2007, disse que as mulheres de favelas são fábricas de produzir marginal. Ou seja, o Estado já tem esse pensamento que criminaliza. Quem são os vândalos? Os verdadeiros? Para mim, o Estado que temos é o criminoso.
“O governador Sérgio Cabral, em 2007, disse que as mulheres de favelas são fábricas de produzir marginal”
Moradores protestam contra ação do Bope: “chacina na Maré”
Gritávamos “Ão ão ão, fora Caveirão!”. Expulsamos um dos caveirões da Maré. Foi emocionante. Não queremos o extermínio, queremos o direito à vida. A favela é vista à margem, mas fazemos parte da cidade. Você acredita que esta ação policial pode se desdobrar na entrada de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP)? Há duas semanas,
desde o início da Copa das Confederações, a Força Nacional está na Maré. Todas as entradas foram cercadas, assim como aconteceu no Pan -Americano. O Estado quer ocupar o conjunto de Favelas da Maré com a UPP, ainda mais pela proximidade do aeroporto internacional. Certamente, a ação policial desta semana é uma preparação para isso, porque a Maré é alvo.
Vania Bento/O Cidadão/Comunicação Comunitária
Como foi a mobilização na Maré? Fomos denunciar o extermínio na Maré que aconteceu durante a noite de segunda-feira (24), após uma manifestação. A Maré foi tomada por caveirões e a ação resultou em 13 mortes. No dia seguinte, nos reunimos na passarela 9 e fomos caminhando da Nova Holanda até Parque União [duas das 16 favelas que formam o conjunto de favelas da Maré]. O Choque já estava entrando pelas ruas de trás e, mesmo sem proteção ou coletes, nós moradores ocupamos as ruas com cartazes e gritos de denúncia. Éramos jovens, adultos, mais velhos e muitas crianças enfrentando pacificamente.
Comunidade luta contra a criminalização da pobreza
Você, como moradora da favela, se sente representada nos meios de comunicação? Nunca me senti representada nos grandes meios de comunicação. O favelado aparece como preguiçoso ou criminoso. Por isso, é fundamental a comunicação popular e comunitária na favela. Mostrar que somos pessoas que têm sua cultura e querem seus direitos, como saúde e educação. Favela não é o problema, mas consequência da sociedade que temos. Vamos ficar de braços cruzados? A gente entende o medo, mas quem tiver coragem tem que ir para as ruas. E de onde vem a sua coragem? A força vem da revolta, da defesa do que eu sou. A coragem vem quando uma professora da universidade me chama de criminosa, e eu respondo: ‘sou favelada e sou gente, ser humano assim como você’. Depois de tantos assassinatos, a força vem de querer acreditar que não vai acontecer de novo. Sonho com uma sociedade justa, com direitos iguais. Ninguém tem o direito de passar fome. Ninguém tem o direito de sofrer essa violência.
SINDICAL
Sindicatos marcam ato para 11 de julho Os sindicatos de trabalhadores de todos o país realizarão atos, paralisações e manifestações, no próximo dia 11 de julho, uma quinta-feira, em várias cidades do país. Os trabalhadores querem redução da jornada de trabalho para 40 horas; melhorias na Educação e na Saúde; transporte público de qualidade; e a manutenção de todos os direitos dos trabalhadores garantidos pela CLT.
Professores do Rio param hoje Nesta quinta-feira (27), no centro do Rio, a partir das 17h, os profissionais de educação participam da passeata convocada pelos sindicatos e movimentos sociais. Um pouco mais cedo, professores e funcionários das redes municipal e estadual participam de assembleia unificada, no auditório da ACM (Rua da Lapa 86 - Lapa), às 13h.
Enfermeiros protestam contra fechamento de leitos De acordo com denúncia do Sindicato dos Enfermeiros do Rio de Janeiro, o Hospital Municipal Salles Neto, que atende sobretudo o público infantil, no Rio Comprido, fechou todos os 23 leitos. “Não há justificativa para isso. A população precisa de mais hospitais públicos, gratuitos e de qualidade”, afirma a presidenta da entidade, Mônica Armada.
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Centrais sindicais e MST marcam ato unitário para 11 de julho em todo o país PARALISAÇÕES Em reunião com a presidenta Dilma, centrais sindicais apresentaram as pautas da mobilização nacional Antonio Cruz/ABr
de Brasília (DF) Em reunião realizada nessa terça-feira (25), as centrais sindicais e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) marcaram para 11 de julho o Dia Nacional de Lutas, com o lema “Pelas liberdades democráticas e pelos direitos dos trabalhadores”. As paralisações, greves e manifestações terão como objetivo destravar a pauta da classe trabalhadora no Congresso Nacional e nos gabinetes dos ministérios, além de construir e impulsionar a pauta que veio das ruas nas manifestações realizadas em todo o país nos últimos dias.
“Greves e manifestações terão como objetivo destravar a pauta da classe trabalhadora no Congresso Nacional” Vão participar da mobilização nacional a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Força Sindical, a União Geral dos Trabalhadores (UGT), a Central Sindical e Popular (CSP) Conlutas, a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), a Central dos Sindicatos do Brasil (CSB) e a Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), além do MST. Na reunião dessa terça-feira, as centrais sindicais e o MST estabeleceram uma plataforma unitária de lutas: 1) Educação – pelos 10% do PIB, melhoria da qualidade, ciranda infantil
nas cidades, etc.; 2) Saúde – garantia de investimentos conforme a Constituição, melhoria do Sistema Único de Saúde (SUS), apoio à vinda dos médicos cubanos etc.; 3) Redução da jornada de trabalho para 40 horas – aprovação do projeto que está na Câmara; 4) Transporte público de qualidade – proposta de tarifa zero em todas as grandes cidades; 5) Contra a PEC 4330 – projeto que institucionaliza o trabalho terceirizado sem nenhum direito, como Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e férias; 6) Contra os leilões do petróleo; 7) Pela Reforma Agrária – solução dos problemas dos acampados, desapropriações, recursos para produção de alimentos sadios, legalização das áreas de quilombolas, entre outras reivindicações; 8) Pelo fim do fator previdenciário, que afeta a classe trabalhadora ao se aposentar. Além disso, os movimentos sociais defendem a reforma urbana para enfrentar a crise das grandes cidades e a especulação imobiliária; e a democratização dos meios de comunicação, com o encaminhamento ao Congresso Nacional do Projeto de Lei de Iniciativa Popular construído pelo Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC). A mobilização também denunciará o genocídio da juventude negra e dos povos indígenas; a repressão dos movimentos sociais; e a impunidade dos torturadores da ditadura. Além disso, demonstrarão repúdio à aprovação do estatuto do nascituro e à redução da maioridade penal. (Agência Brasil)
Dilma recebe representantes de centrais sindicais, no Palácio do Planalto
Dilma propõe 5 pactos PLEBISCITO Cinco itens foram apresentados pela presidenta. Entre eles, a destinação de 100% dos recursos dos royalties do petróleo para a educação de Brasília (DF) A presidenta Dilma Rousseff apresentou a proposta de convocação de um plebiscito popular para que os brasileiros opinem sobre a reforma política. O anúncio, feito nesta segunda-feira (24) no Palácio do Planalto em Brasília (DF), propõe ainda um “pacto” com cinco itens, entre eles a destinação de 100% dos recursos dos royalties do petróleo para a educação e a alteração na legislação para que o crime de corrupção se torne hediondo. Dilma afirmou tam-
bém que o país precisa dar um salto de qualidade no transporte público nas grandes cidades, com mais metrôs, VLTs e corredores de ônibus. A reunião está sendo realizada com prefeitos e governadores das 27 unidades federativas. Antes, a presidenta se reuniu com integrantes do Movimento Passe Livre (MPL), que iniciou os protestos pelo país reivindicando a revogação das tarifas do transporte público. Após o encontro com o MPL, representantes do movimento afirmaram que a luta continuará até o governo apre-
sentar medidas concretas para reduzir a tarifa de transporte público no país.
“País precisa dar um salto de qualidade no transporte público nas grandes cidades”
Leia os 5 itens que fazem parte do pacto anunciado hoje pela presidenta: 1) responsabilidade fiscal para garantir a estabi-
lidade da economia; 2) a convocação de um plebiscito sobre reforma política e alteração na legislação para que o crime de corrupção se torne hediondo; 3) pacto pela saúde, com a criação de novas vagas para médicos e a contratação de profissionais estrangeiros; 4) investimento de 50 bilhões de reais em mobilidade urbana para transportes, como metrô e ônibus; 5) mais recursos para a educação, repetindo a destinação de 100% dos recursos dos royalties do petróleo para a educação. (Agência Brasil)
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Alteração de lei pode sufocar voto de minorias nos EUA
FATOS EM FOCO
EUA 50 anos após luta de Luther King, decisão da Suprema Corte pode favorecer segregacionistas
A ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) informou hoje (26) que pelo menos 100.191 pessoas, a maioria civis, foram mortas na Síria desde o início dos confrontos no país, em março de 2011. Pelo balanço da ONG, entre os mortos estão 36.661 civis, 18.072 da oposição, 25.407 das forças governamentais e 2.571 não identificados.
Reprodução
de São Paulo (SP) Liderados por Martin Luther King em 1964, milhares de pessoas marcharam nos EUA a favor do direito de voto aos negros. O confronto com autoridades policiais e a violenta repressão do movimento ganharam repercussão internacional, pressionando o governo no ano seguinte a aprovar a Lei de Direitos Eleitorais. A medida deu acesso às urnas a milhões de norte-americanos. “Estou profundamente decepcionado com a Suprema Corte”. Assim classificou Barack Obama nesta terça-feira (26), quase 50 anos após a decisão da Justiça norte-americana de declarar inconstitucional parte da Lei de Direitos Eleitorais. Os parágrafos derrubados ontem estabeleciam que nove estados – conhecidos por promover no passado segregação racial e social – precisavam de uma autorização para fazer alterações em suas leis eleitorais. Com a decisão, os estados citados pela lei poderão solicitar ao governo federal sua própria legislação acerca de, por exemplo, quem pode votar ou não. São eles: Alabama, Alasca, Arizona, Geórgia, Louisiana, Mississippi, Carolina do Sul, Texas e Virgínia. A lei em questão ficou conhecida por proteger durante décadas o direito ao voto de minorias – como negros e imigrantes – das investidas conservadoras dos estados segregacionistas. Diversos congressistas republicanos, por exemplo, defendem a adoção de um documento “do governo norte-americano” para que o cidadão possa votar. Como nos EUA o prin-
Direitos Eleitorais favoreceriam os conservadores, uma vez que os populares votam maciçamente nos Democratas, do afrodescendente Barack Obama. Além disso, ajudariam a promover a segregação racial, embora em número menor do que nas décadas passadas. “Ontem a Suprema Corte definiu, na verdade, que acabou o racismo nos EUA”, ironizou o cientista político Adam Serwer, em entrevista ao portal Mother Jones.
“Com a decisão, os estados citados pela lei poderão solicitar ao governo federal sua própria legislação”
Protesto em Washington contra a alteração da Lei de Direitos Eleitorais
cipal documento de identidade é a habilitação de motorista, uma medida como essa impediria que milhares de cidadãos, sobretudo os mais pobres, tivessem acesso às urnas. Existem outros diversos mecanismos – que os democratras chamam de “manobras” – como o da “drive license” para bloquear as camadas populares do direito ao voto. A questão da segregação racial e social é, sem dúvida, o ponto-chave da discussão acerca da decisão da Suprema Corte ontem. “Hoje o país não
“A questão da segregação racial e social é, sem dúvida, o ponto-chave da discussão acerca da decisão da Suprema Corte” está mais dividido como estava em 1965 e, após 50 anos, as coisas mudaram muito”, disse o presidente da Suprema Corte, John Roberts, no texto que de-
finiu as alterações. “Não podemos nos basear em dados de várias décadas e em práticas erradicadas”, reiterou em alusão aos dados referentes ao racismo e à discriminação social nos nove estados. Segregação O argumento da Suprema Corte é que o país superou os problemas raciais e que é o momento de “seguir em frente”, confiando na maturidade política e social nos EUA. No entanto, dizem cientistas políticos, legislações locais acerca dos
Os exemplos de racismo e segregação acontecem diariamente nos EUA. Em 2011, em grampo telefônico do FBI, o senador republicano Scott Beason, defensor das mudanças eleitorais, foi flagrado se referindo aos negros do EUA como “aborígenas”. Já na semana passada no Arizona, um aposentado negro foi detido sob acusação de dirigir embriagado, mesmo com o teste do bafômetro apontando 0% de álcool no organismo do motorista. “Sou parado em média cinco vezes a cada 20 quilômetros que percorro nessa cidade”, disse. “A decisão de hoje mina décadas de práticas positivas que garantiram que o voto fosse justo, especialmente em regiões onde a discriminação tem sido historicamente muito ativa”, declarou Obama. (Opera Mundi)
100 mil mortos na Síria
Snowden pede asilo ao Equador O governo do Equador pode levar semanas para decidir sobre o pedido de asilo de Edward Snowden, ex-agente da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA), disse o ministro das Relações Exteriores, Ricardo Patiño. Sobre Snowden, que se encontra atualmente em Moscou, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que o governo russo não o extraditará para os EUA. “Ele é um homem livre e quanto antes decidir para onde quer ir, melhor”, disse Putin.
Banco do Vaticano O papa Francisco anunciou a instalação de uma comissão para analisar e propor reformas para o Instituto de Obras da Religião, conhecido como Banco do Vaticano, alvo de uma série de denúncias de corrupção. A comissão deverá ser comandada pelo cardeal Raffaele Farina e, ao final das atividades, será elaborado um relatório. O Instituto é criticado pela falta de transparência.
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Em cartaz, a consciência crítica de Lima Barreto TEATRO Peça permanece em cartaz até 30 de Junho e é uma excelente oportunidade de explorar o passado e repensar o presente, através do olhar bruto e sincero do autor Valéria Martins
Mariane Matos do Rio de Janeiro (RJ) Nos palcos, as angústias e realizações de um dos mais importantes autores da história da literatura no Brasil. Trata-se da peça Lima Barreto, ao terceiro dia, em cartaz desde 24 de maio no Teatro Dulcina, na Cinelândia. Por meio da adaptação do texto de Luis Alberto de Abreu, o espetáculo é dirigido e adaptado por Luiz Antônio Pilar – diretor reconhecido por sua trajetória sempre enlaçada com a questão racial.
Muito além de reviver os trilhos por onde caminhou Lima Barreto, essa produção quer avivar a luta racial em um Brasil tão desigual Pilar tomou conhecimento do texto ao final da década de 1980, enquanto trabalhava em outra peça na capital paulista. O diretor da época desistiu da montagem e desde então Pilar guardou o desejo de realizar sua própria peça. “Luiz Alberto de Abreu, autor da montagem, é hoje o mais importante dramaturgo brasileiro em atividade”, explicou. Muito além de reviver os trilhos por onde caminhou Lima Barreto, essa produção quer avivar a luta racial em um Brasil tão desigual. “É lamentável que as questões sociais abordadas no texto do Abreu e na literatura
do Lima ainda permaneçam atuais”, defendeu. No espetáculo, o público é conduzido a um despertar não apenas sobre o autor e suas obras, cuja importância por vezes é esquecida, mas principalmente para suas críticas e lutas que dialogam com a realidade atual. Trata-se de um resgate na história de um autor que em meio a suas dificuldades, diante da marginalização e do preconceito, em um país onde o negro já nascia sem voz e era visto como menos inteligente, se manteve firme na disputa não só de um espaço para si, mas também para aquela maioria que dividia as “bibocas” do subúrbio com ele. Tablado com Lima A peça promove o encontro envolvendo três “Limas”: o real (referindo-se ao momento de sua internação no hospício); o da memória (englobando os sonhos de sua juventude); e o do delírio (recordando a importância de seu “sonhar”). Tudo isso levando o
Cena da peça Lima Barreto, ao terceiro dia, em cartaz na Cinelândia
público a um mergulho nas angústias de um autor negro em um país preconceituoso e estagnado na manutenção de aparências que não são suas. O espectador viaja num embalo mesclado entre a comédia e a tragédia, reproduzindo o drama do autor e de toda uma sociedade que já nasce excluída de uma vida decente.
“Se conseguirmos despertar uma consciência crítica no público, teremos alcançado um estado ideal”
Valéria Martins
Espetáculo resgata história do autor diante da marginalização e do preconceito
Além de trazer à tona para o público a linguagem artística e o senso estético da arte de Lima Barreto, que critica e expõe a realidade, a montagem tenta expressar o desvio do caminho habitual da literatura de sua época, que ele taxava de mecânica e aprisionada. Diante do contexto histórico atual de luta e mobilização, o espetáculo se concretiza como mais um elemento de formação e informação crítica, principalmente no que diz respeito à busca de igualdade e o respeito às diferenças. Deixa claro, por meio das palavras e da história de Lima Barreto, que não devemos parar de sonhar e buscar nossos ideais, mesmo quando somos confrontados com resoluções imediatas. A peça continua em cartaz até 30 de Junho e é uma excelente oportunidade de explorar o passado e repensar o presente, através do olhar
bruto e sincero, inspirado no mais atrevido autor. Conta, obviamente, com um belíssimo texto, bem adaptado e somado à atuação de um elenco encantador. Para o diretor, antes de tudo, o teatro é entretenimento, com sua função de divertir e emocionar: “Se conseguirmos despertar uma consciência crítica no público, teremos alcançado um estado ideal”.
SERVIÇO LIMA BARRETO, AO TERCEIRO DIA Temporada: De sexta a domingo, até 30 de junho Horário: 19h Onde: Teatro Dulcina Rua Alcindo Guanabara, nº 17 – Centro Ingressos: R$20,00 (inteira) Duração: 90min Classificação: 14 anos Acesso cadeirantes: sim Informações Tel.: (21) 2240-4879
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Quadrilha do Sampaio comemora 57 anos FESTA Fundada por imigrante italiana, mais antiga quadrilha de roça do Brasil se apresenta pela cidade até agosto Pablo Vergara
Daniel Israel do Rio de Janeiro (RJ) Na segunda (24), a Quadrilha do Sampaio comemorou 57 anos de atividade. Farta de comida, e também de adereços, alegria e danças, a festa serviu para a mais antiga quadrilha de roça do Brasil seguir o ritmo das festas juninas. Com ensaios que ocorrem sempre entre a primeira semana após o Carnaval e o início de junho, apresentações para os mais diversos públicos se multiplicam todos os fins de semana, até agosto. Nesses dois meses, a cada sábado e domingo, no máximo 20 casais embalam tardes e noites em vários bairros da cidade. Fundada pela italiana Maria do Carmo Perrotta (mais conhecida como Carmem Perrotta), em 1956, a Quadrilha do Sampaio nasceu de um desejo da direção da Paróquia Nossa Senhora da Conceição. Localizada entre os
AGENDA BALÉ CELEBRANDO A FAVELA O projeto Dançando para não Dançar apresenta, nessa sexta-feira (28), o espetáculo Favela. Terá início às 18h e contará com a presença da bailarina Ana Botafogo, madrinha do projeto, e do músico Geraldo Azevedo. Com entrada franca a apresentação acontecerá no Largo do 20, Ladeira dos Guararapes, Cosme Velho. FESTA JUNINA A Grande Companhia
bairros de Sampaio e Engenho Novo, separada da Av. 24 de Maio pela linha do trem, Márcio Perrotta explica de onde se originou a quadrilha. “A Sampaio surgiu da necessidade de se prolongar os festejos de São João, depois de a minha mãe se dedicar à Paróquia por tantos anos”. Márcio está à frente da quadrilha desde 2010, quando faleceu sua mãe. Ele faz questão de dividir o legado de sua mãe com os colegas de quadrilha.
“Eu continuo a dançar pelo amor que sinto por essa quadrilha”
“Para mim e meus amigos, ficou a missão de não deixar a cultura junina morrer. Queremos mostrar ao público que mais do que uma apresentação, a Quadrilha do Sampaio é uma aula de Brasileira de Mysterios e Novidades está convidando a todos para a sua Festa Junina. Além da atração de sua famosa Quadrilha de Pernas de Pau, a festa contará com a Banda Forró Sem Frescura, comidas típicas, brincadeiras e DJ. Marcada para o dia 29, sábado, às 17h, acontecerá na Praça da Harmonia, Gamboa. O evento é gratuito. SÃO JOÃO CARIOCA Em sua 4ª edição, o evento acontecerá em um local diferente dos outros três passados. Dessa vez, o espaço a protagonizar a festa ca-
Quadrilha do Sampaio: 57 anos de tradição
folclore”, afirma. Como em toda festa junina, a Sampaio não poderia deixar de ter um enredo em 2013. Neste ano, até a última dança, os casais serão guiados pelos brincantes. Fruto dos mitos e santos católicos, lembra a professora de música Norma Nogueira, o enredo está presente nas festas juninas que se comemora no nordeste e sudeste do Brasil. rioca será o Parque Madureira. O Arraial contará com diversas atrações que vão de comidas típicas e brincadeiras a apresentações de quadrilhas, grupos e cantores como Preta Gil. Marcado partir das 10h do dia 29, sábado, o evento será gratuito e aberto para quem quiser aparecer. FESTRILHA Nos últimos anos, desde 2007, a Organização Festrilha Rio organiza um concurso de quadrilhas. Somando cerca de 40 quadrilhas, o concurso teve início em 16 de
“A origem da quadrilha é francesa, não é à toa que existem termos como ‘anarriê’ e ‘alavandu’. No Brasil, essa cultura surgiu nos terreiros de café, com traços bastante caipiras”, explica a professora, que leciona na Escola de Música Villa-Lobos, na Carioca. Nem tudo são flores... Vencedora de todos os concursos juninos oficiais organizados no esJunho e está em sua fase eliminatória. As semifinais e final estão marcadas para julho e agosto, ainda sem datas confirmadas. Nesse final de semana, terão apresentações a partir das 19h na Unidos de Vila Kennedy, Avenida Brasil. O evento é gratuito. GENESIS Neste sábado (29), o Grupo Afroreggae, celebrando seus 20 anos de existência, estreia o espetáculo Genesis. A apresentação conta a origem da humanidade por meio da mistura de elementos das cultu-
tado do Rio, dos anos 1970 até 2006, a Quadrilha do Sampaio se tornou conhecida dentro e fora do Brasil. Nos últimos 20 anos, destaca-se a homenagem recebida em nome do Brasil, durante a lembrança a Nossa Senhora de Fátima, em Portugal. Atualmente, a professora Silvana Gomes é uma das mais antigas dançarinas da Sampaio. “Danço há 15 anos, até ras indígena e afro-brasileira. Mesclando dança, circo, música e teatro, Genesis chegará aos palcos trazendo uma estética inédita no Brasil. A montagem estará em cartaz de 29 de junho até 21 de julho, com apresentações todos os sábados, às 19h, e domingos, às 18h, no Anfiteatro Benjamim de Oliveira – Núcleo do AfroReggae, em Cantagalo. A entrada é gratuita (distribuição de senhas 1h antes do espetáculo – 180 lugares). ÓPERA NO PALÁCIO Caso no Júri, a opereta que faz parte do pro-
que em 2006 fui convidada para representar a filha do coronel, que simboliza a menina rica do povoado. Eu continuo a dançar pelo amor que sinto por essa quadrilha”, garante. Mesmo com tanto prestígio e admiração, a Quadrilha do Sampaio amarga dívidas e sequer possui transporte regularizado na Prefeitura. “Já falei para o prefeito da vergonha que sinto pelo fato de a capital cultural do meu país não garantir o transporte digno. E não adianta ele me dar um ônibus de linha, se as catracas dificultam na hora de levarmos nossos materiais”, revela Márcio. Pensando em atrair patrocínio, além de comemorar a data, a jornalista Denise Carla produziu um vídeo que conta uma história que já dura mais de meio século. “O vídeo surgiu da necessidade de a quadrilha ter um material desse tipo. Assim, nós temos resgatado as fotografias que estavam perdidas”, relata. grama Ópera no Palácio, traz aos palcos brasileiros a versão nacional do clássico inglês Trial by Jury (1875). Ela narra a história do julgamento de um malandro carioca que quebrou a promessa de casamento com uma inocente mocinha. Em cartaz apenas até esse final de semana, nos dias 28 e 29 de junho (sexta-feira, às 19h, e sábado, às 16h). O espetáculo acontece no Salão Histórico do Primeiro Tribunal do Júri – Rua Dom Manuel, 29, 2º andar, Centro. A entrada é gratuita (distribuição de senha 30 min. antes do recital).
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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS www.coquetel.com.br Oncologista que atua na TV, escreveu "Carcereiros" Produto contra os insetos O verbo de conjugação irregular O plano alternativo
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Que podem ser acionados a distância Índice medido em pesquisas de opinião
Divisão O pai, em relação ao hospitalar filho menor (jur.) Pronome Itens da lista feminino de presença
Partícula de carga positiva (símbolo) Forma industrializada de leite
Base da relação conjugal perfeita Verão, em francês Emprego; aplicação
Artefato que indica a direção do vento (?) públicas: ruas e avenidas
Escuderia de Kimi Raikkonen na F1
(?) Ciata, figura do Carnaval carioca "A (?) Adormecida", conto infantil
Álbum da banda de rock Pearl Jam
Maria (?), mulher de Lampião 2, em romanos Árvore da Mata Atlântica Flor de montanhas
Rio A 2a maior hi- suíço que drelétrica deságua do mundo no Reno Alessandra Negrini, atriz paulista
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B
3/été — ten. 4/alva. 5/gávea — lotus. 14/dráuzio varella.
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S
Guardacostas (bras.)
A
HORÓSCOPO
NAS BANCAS E LIVRARIAS
G
Código da Alemanha na internet
R T E P O R T E S T EN I TA A N T Q U E L D E N GA A L
HERLOCK S
Exame de (?): ajuda na solução de crimes
A L E N A L O A M A E T U S S B O N E L I A A T A A R I A P A Q U I
Bairro Única carioca da sede do letra com Flamengo cedilha A linguagem usada no cotidiano
BANCO
Manobra militar ofensiva Brisa Antero de Quental, poeta português
Espaço desocupado
D R R E P E A N O M U P O Z U T L O A S R I P D A A D B E A C L O
Thomas (?) Edison, inventor dos EUA
Solução
APRENDA A PENSAR COMO
Deus romano do vinho (Mit.)
I R O V I A I R E L V L A V Ã C O
(?) de si: perder o autocontrole Erg (símbolo) "Aérea", em FAB
ASTROLOGIA - Semana de 27 de junho a 3 de julho Período positiva para conhecimentos; influência especial para novos ideais e realizar ajustes e revisões
Áries
(21/3 a 20/4) Período bom para questões profissionais. Momento para separar razão e emoção. Bom para lidar com questões familiares. No amor, cuidado ao colocar assuntos sem importância nas relações mais afetivas.
Touro
(21/4 a 20/5) Momento para novos objetivos e questões profissionais. Assuntos relacionados a interesses materiais podem tomar seu tempo. No amor, período requer mais atenção com os sentimentos nas relações de maior vínculo afetivo.
Gêmeos
(21/5 a 20/6) O momento é bom para lidar com as questões materiais. Cuidado com as questões financeiras, elas podem causar a ansiedade. Paciência e jeito nos relacionamentos, procure conversar mais para evitar mal-entendidos.
Câncer
(21/6 a 22/7) Momento importante para fazer algumas revisões e pôr fim em antigos assuntos. O período ajuda para você dar direção a novos objetivos de forma mais segura. No amor, momento para uma nova postura diante de suas relações.
Leão
(23/7 a 22/8) A semana traz influência positiva para novos convívios sociais, eventos e diversões. Também há tendências para realizar ajustes em questões profissionais. No amor, momento para levar mais a sério alguns sentimentos.
Virgem
(23/8 a 22/9) Período bom para mais oportunidades e busca de novos objetivos profissionais. Momento para retomar antigas amizades. O intenso ritmo de trabalho requer, na vida amorosa, atenção especial para a família.
Libra
(23/9 a 22/10) O momento é positivo para esclarecer questões familiares. Há tendências para imprevistos no trabalho. Busque mais envolvimento com grupos e situações sociais. No amor, procure expor mais o que sente.
Escorpião
(23/10 a 21/11) Momento bom para se dedicar mais aos estudos. Período para refletir mais sobre o que quer ser. No amor, período propenso para definir sentimentos e responsabilidades. Fique atento a novas paqueras.
Sagitário
(22/11 a 21/12) O período é especial para refletir sobre gastos e despesas. Evite o consumismo, gastos que não são essenciais. Na vida amorosa, momento propício para revisões e esclarecimentos importantes sobre assuntos antigos da família.
Capricórnio (22/12 a 20/1)
A semana aponta tendências para envolvimento mais intenso em seus relacionamentos. Período favorável à realização de novos objetivos profissionais. Na vida amorosa, momento para situações marcantes e decisões.
Aquário
(21/1 a 19/2) Período para dedicação a novos ideais profissionais. Momento bom para mudanças no ambiente de trabalho. Cuidados com o corpo e a saúde. No amor, momento propício para o romantismo e surpresas.
Peixes
(20/2 a 20/3) Semana boa para refletir mais sobre a realidade. No amor, período sensível aos ambientes e emoções das pessoas. Aproveite para uma reflexão especial sobre sentimentos e também valores pessoais.
14 | esporte
Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013
Ginástica artística conquista cinco medalhas em Portugal Luiz Pires/VIPCOMM
COPA DO MUNDO Diego Hypólito e Jade Barbosa garantiram medalhas de ouro da Redação Na Copa do Mundo de Anadia, em Portugal, a seleção brasileira de ginástica artística teve um bom saldo. A equipe ganhou quatro medalhas, sendo três de ouro e uma de bronze.
No salto feminino, o Brasil subiu ao pódio duas vezes Arthur Zanetti mais uma vez demonstrou por que é o atual campeão olímpico nas argolas e conquistou o ouro. A prata foi para o chinês Mingyong Yan. O argentino Federico Molinari ficou com a medalha de bronze. Diego Hypólito ga-
rantiu o ouro no solo. No mesmo aparelho, Arthur Mariano também fez uma boa apresentação e terminou com o quarto lugar. O segundo colocado foi o alemão Mathias Fahrig, e o terceiro foi o estadunidense Samuel Mikulak. Hipólito também conquistou o bronze com a prova do salto. No salto feminino, o Brasil subiu ao pódio duas vezes, com Jade Barbosa conquistando o ouro, e Adrian Gomes o bronze. A prata ficou com Oksana Chusovitina, do Uzbequistão. Ótima série O ginasta Arthur Zanetti conquistou a medalha de ouro nas argolas na etapa da Copa do Mundo de Anadia, em Portugal, com a nota 15.800. O chinês Mingyong Yan levou a prata (15.750) e o argentino Federico Molinari ficou
O ginasta Arthur Zanetti, medalha de ouro nas argolas na etapa da Copa do Mundo de Portugal
Se homologado pela FIG, poderá entrar para o código com o nome Zanetti
com o bronze (15.550). Arthur decidiu mostrar o novo elemento que incorporou à sua série e que agora será avaliado pela Federação Internacional de Ginástica (FIG) para entrar no có-
digo de pontuação. Na competição portuguesa, o elemento foi fixado como grau de dificuldade. Se homologado pela FIG, poderá entrar para o código com o nome Zanetti.
Jefferson Bernardes/VIPCOMM
A última atualização do ranking mundial da Federação Internacional de Judô (IJF) foi histórica para o esporte brasileiro. Pela primeira vez, três categorias da lista são lideradas por atletas do país: enquanto Sarah Menezes e Mayra Aguiar mantiveram suas posições nos rankings de 48 kg e 78 kg, respectivamente, Victor Penalber retomou a ponta entre
os judocas de até 81 kg. Penalber chegou a liderar o ranking no início de maio, mas caiu para a
Diante do ucraniano Sergiy Stakhovsky, o maior vencedor de Grand Slams conheceu a sua pior derrota em dez anos ao sofrer a virada por 3 a 1, após pouco mais de três horas de partida. Na próxima rodada, Stakhovsky terá pela frente o austríaco Jurgen Melzer, que nesta quarta superou o alemão Julian Reister também de virada.
segunda colocação após o World Masters, disputado no final do mesmo mês. Agora, o brasileiro volta à liderança com pequena vantagem de 36 pontos para o georgiano Avtandil Tchrikishvli. Na categoria até 48 kg, Sarah Menezes mantém vantagem tranquila de 654 pontos sobre a vice-líder belga Charline van Snick. Já Mayra Aguiar tem 322 à frente da húngara Abigel Joo.
Recém-promovido ao NBB, o Macaé já está reforçando sua equipe para a competição. Na terça-feira (25), o clube fechou a contratação do ala/armador Duda Machado, que estava no Flamengo. Duda se sagrou campeão com o rubro-negro na última temporada. Além disso, o atleta de 30 anos também foi eleito o melhor sexto homem do NBB na temporada 2012/13.
Kobe Bryant faz avaliação médica no Botafogo
RANKING Três categorias são lideradas por atletas do país. Sarah Menezes e Mayra Aguiar mantiveram suas posições e Victor Penalber retomou a ponta entre os judocas de até 81 kg Na categoria até 48 kg, Sarah Menezes mantém vantagem tranquila de 654 pontos sobre a vice-líder
Federer cai
Macaé fecha com exFlamengo
Brasil tem três líderes no judô da Redação
FATOS EM FOCO
A judoca Mayra Aguiar (à esquerda)
Durante passagem pelo Brasil, o ala/armador do Los Angeles Lakers, Kobe Bryant, visitou o departamento médico do Botafogo. Através de indicação do brasileiro Leandrinho, do Washington Wizards, o astro da NBA fez uma avaliação com o fisioterapeuta do Bota, Alex Evangelista. Kobe faz tratamento no tendão de Aquiles desde a lesão sofrida no jogo contra o Golden State Warriros, em 13 de abril, na temporada regular da NBA. Desde então, o jogador ficou afastado.
Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013
esporte | 15 Glauber Queiroz/PortalL da Copa/ME
opinião | Bruno Porpetta
Os donos da casa A FIFA descartou qualquer possibilidade da Copa do Mundo não ser realizada no Brasil. Para a entidade, todas as manifestações ocorrendo pelo país não são problema dela. A Lei Geral da Copa, que dá garantias à FIFA de lucro certo, sem impostos e sem problemas com a legislação brasileira, além de determinar que pedaços do território das cidades estejam subordinados à entidade, delimita até onde o Brasil pode “criar problemas”. Apesar de todos os protestos, a venda de ingressos vai bem. A de produtos relacionados com o torneio, idem. Para o planeta FIFA, vai quase tudo na mais perfeita ordem. Como a Copa das Confederações é um evento-teste para a Copa do Mundo, o que deve estar se discutindo na organização dos eventos é como torná-los mais “impermeáveis” ao
mundo real. Pega mal ver a imprensa alemã agradecendo aos brasileiros por fazerem o que sul-africanos e alemães não fizeram: denunciar a FIFA e seus desmandos nos países-sede! Se quisermos impedir que a FIFA faça do Brasil o quintal de seus negócios quase nunca transparentes, devemos continuar ocupando as ruas. A repressão policial é covarde, quer assustar a quem nunca havia participado de manifestações, mas estes devem espelhar-se no exemplo dos que já passam por isto cotidianamente. Nas favelas e subúrbios, todo dia é dia de Copa. As bombas e balas não são novidade alguma. Seus moradores, ainda assim, resistem. Neste jogo, temos que mostrar quem é o dono da casa! Bruno Porpetta é autor do blog porpetta.blogspot.com
copa das confederações Espanha
10 X 0
Taiti
Maracanã | Rio de Janeiro (RJ) | 20/06 | 16h00
Nigéria
1X2
Uruguai
Fonte Nova | Salvador (BH) | 20/06 | 19h00
Japão
1X2
México
Mineirão | Belo Horizonte (MG) | 22/06 | 16h00
Itália
2X4
Brasil
Fonte Nova | Salvador (BH) | 22/06 | 16h00
Nigéria
0X3
Espanha
Castelão | Fortaleza (CE) | 23/06 | 16h00
Uruguai
8X0
Taiti
Arena Pernambuco | Recife (PE) | 23/06 | 16h00
Jogadores espanhóis treinam no Castelão, em Fortaleza (CE)
Azurra “mordida” contra Fúria tranquila COPA DAS CONFEDERAÇÕES Treinador italiano deverá confirmar o retorno do volante Andrea Pirlo, recuperado de lesão da Redação As seleções de Espanha e Itália se reencontram hoje, quinta-feira (27), um ano após a decisão da Euro 2012, em Fortaleza, na semifinal da Copa das Confederações. Na véspera do jogo, os atuais campeões europeus assumem um tom de humildade e pedem para que a goleada por 4 a 0 em Kiev, na Ucrânia, seja esquecida. A Fúria conquistou o bicampeonato da Eurocopa com gols de David Silva, Jordi Alba, Fernando Torres e Juan Mata. Aliás, já na Copa do Mundo de 2010, a Fúria havia impressionado pela solidez defensiva. Sofreu dois gols na primeira fase, um para a Suíça e um para o Chile, e depois não foi vazada em toda a caminhada até o título – 1 a 0 sobre Portugal nas oitavas de final, Pa-
raguai nas quartas, Alemanha na semi e Holanda na final. Agora, eles entendem que o equilíbrio histórico do confronto estará de volta no gramado do Castelão. Os campeões do mundo sofreram apenas um gol, na estreia, na vitória de 2 a 1 sobre o Uruguai.
No entanto, o treinador ainda tem dúvidas sobre o substituto de Balotelli Avante A Azzurra, por seu lado, tem a terceira pior defesa da Copa das Confederações. Sofreu oito gols – mais do que todos os outros semifinalistas somados. A Itália sofreu gols em todos os jogos da primeira fase: vitórias
de 2 a 1 sobre o México e de 4 a 3 sobre o Japão, e a derrota de 4 a 2 para o Brasil. Apenas o Japão, com nove gols sofridos, e o Taiti, com 24, buscaram mais bolas no fundo das redes. O técnico Cesare Prandelli já tem em mente os 11 jogadores que irão ao campo do Castelão. Ele deverá confirmar o retorno do volante Andrea Pirlo, recuperado de lesão, em treinamento na quarta-feira (26), um dia antes do jogo contra a Espanha.
Os campeões do mundo sofreram apenas um gol, na estreia, na vitória de 2 a 1 sobre o Uruguai
O volante Daniele de Rossi, suspenso na derrota para o Brasil, reaparecerá no time. No entanto, o treinador ainda tem dúvidas sobre o substituto de Balotelli.
FICHA TÉCNICA
X Espanha
Itália
Arena Castelão | Fortaleza (CE) | 27/06 | 16:00
16 | esporte
Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013
Mesmo sem brilhar, seleção bate Uruguai COPA DAS CONFEDERAÇÕES Classificada para a final, equipe de Felipão aguarda o vencedor de Itália e Espanha da Redação Com gols de Fred e Paulinho, a seleção brasileira venceu por 2 x 1 o time do Uruguai e garantiu seu lugar na final da Copa das Confederações. Os times honraram a tradição que envolve esse confronto e fizeram, na tarde de ontem (26), no Mineirão, em Belo Horizonte (MG), um dos jogos mais disputados do torneio. Mesmo não sendo um exemplo de arte e técnica, a partida teve alguns lances emocionantes, com direito a defesa de pênalti e gol aos 40 minutos. Na final, a seleção pega o vencedor de Itália e Espanha, que jogam hoje (27), às 16h, no Castelão (CE). Susto Logo no começo da partida, aos 12 minutos do primeiro tempo, Da-
Wander Roberto/VIPCOMM
FICHA TÉCNICA
2X1 Brasil
Uruguai
Julio Cesar, Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz, Marcelo, Luiz Gustavo, Paulinho, Oscar (Hernanes), Hulk (Bernard), Neymar (Dante) e Fred
Muslera, M. Pereira, Godin, Lugano, Cáceres, A. Gonzalez (Gargano), Arévalo, C. Rodriguez, Cavani, Forlán e Suaréz
Mineirão | Belo Horizonte (MG) | 26/06 | 16:00 Gols de Fred e Paulinho (Brasil) | Cavani (Uruguai)
vid Luiz fez pênalti no zagueiro Lugano e calou a torcida no Mineirão. Poucos minutos depois, a tensão deu lugar à alegria quando Júlio César defendeu a cobrança de Diego Forlán, que bateu fraco na bola e não conseguiu deslocar o goleiro. O jogo seguiu muito disputado, mas sem lances de muito perigo. Em uma das poucas
oportunidades que teve, Neymar, aproveitando ótimo lançamento de Paulinho, conseguiu concluir, obrigando o goleiro uruguaio Muslera a realizar uma defesa parcial. No rebote, Fred confirmou a fama de matador e colocou o Brasil na frente do marcador. Luis Suárez ainda teve uma chance, mas o jogo foi para o intervalo com
Neymar disputa lance com uruguaios: vitória suada
vitória parcial do time brasileiro. Segundo tempo A seleção uruguaia começou a segunda etapa pressionando e o esforço foi recompensado. Logo aos dois minutos, o atacante Edinson Cavani recuperou a posse de bola
do lateral Marcelo e concluiu com categoria igualando o placar. A seleção brasileira seguia sem conseguir construir jogadas de ataque mais eficientes. Aos 40 minutos, Neymar cobrou um escanteio na cabeça de Paulinho, que conseguiu tirar a bola de Mus-
lera e colocar o Brasil novamente na frente do marcador. O Uruguai pressionou até o final do jogo, mas não conseguiu marcar. Aos torcedores brasileiros restou, depois de uma apresentação sem brilho, comemorar a classificação para a final.
Fora do Mineirão, dezenas de feridos REPRESSÃO Um manifestante que caiu do viaduto José Alencar teve traumatismo craniano e está em estado gravíssimo da Redação O protesto que reuniu mais de 100 mil pessoas em Belo Horizonte (MG), na última quartafeira (26), terminou em tumulto e confronto nas áreas próximas ao estádio do Mineirão, onde o Brasil venceu o Uruguai. Com barricadas de fogo, parte dos manifestantes responderam à violência policial, que lan-
çou bombas de efeito moral e efetuou tiros com balas de borracha. O ferido mais grave é um manifestante que caiu do viaduto José Alencar. A PM e o Corpo de Bombeiros, que socorreram o rapaz, afirmam que ele teve um traumatismo cranioencefálico e foi levado para o hospital João 23. Segundo a assessoria do hospital, o rapaz tem 21
anos e passa por uma cirurgia na cabeça. O estado é muito grave. Já no ambulatório do Mineirão, foram atendidas oito pessoas, cinco delas tiveram problemas na manifestação. Uma outra pessoa caiu do viaduto, mas teve um ferimento leve no pescoço. Outros três estão com dificuldades respiratórias por conta das bombas de efeito moral e gás lacri-
mogêneo. Números oficiais dão conta de 24 prisões. Entretanto, o presidente do Centro Acadêmico da Faculdade de Direito da UFMG, Felipe Galo, informou à imprensa que ao menos 150 pessoas foram presas, muitas delas injustamente. “Recebemos informações de que alunos e professores da UFMG estão sendo detidos sem motivos”, disse o estudante.
Carlos Rhienck/ Folhapress
Manifestantes são reprimidos pela PM durante protesto