RIO DE JANEIRO
20 a 25 de julho de 2017
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Ano 5 | edição 229
Juristas apontam falhas na sentença de Moro
Ricardo Stuckert/Instituto Lula
INJUSTIÇA
Chico volta aos palcos »»Cantor vai lançar
novo CD em agosto, depois de seis anos do seu último trabalho. Entre as músícas, sete são inéditas. CULTURA PAG 9
RETROCESSO
Reforma não gera emprego »»Desembargador da Justiça do
Trabalho afirma que reforma trabalhista não vai gerar emprego e que trará inseguraça jurídica para empresários, já que alguns dispositivos são inconstitucionais. GERAL PAG 6
Fotos Públicas
MPB
Divulgação
Um procurador aposentado do Ministério Público, uma professora de Direito da UFRJ e outra professora da PUC-Rio criticam decisão do juiz Sérgio Moro de condenar Lula em processo judicial sem provas, onde a suposta culpa do ex-presidente não ficou demonstrada, segundo os especialistas. Nessa quinta-feira (20) movimentos populares e apoiadores de Lula vão realizar manifestações em todo Brasil, em apoio ao ex-presidente da República. No Rio, um ato será realizado na Cinelândia, no centro da cidade, às 16h. GERAL PAG 5
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GERAL
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Feira da Reforma Agrária entra para o calendário oficial do Rio Pablo Vergara
MARIANA PITASSE
RIO DE JANEIRO (RJ)
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Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), agora faz parte do calendário oficial do Rio. A lei de autoria do vereador Renato Cinco (Psol) traz o reconhecimento formal ao evento, que acontece desde 2009, no Largo da Carioca, no centro. A próxima edição será nos dias 7, 8 e 9 de agosto. A feira teve mais de 150 toneladas de alimentos comercializados durante a última edição, em 2016. Ela foi
UERJ EM LUTA
Evento teve mais de 150 toneladas de alimentos vendidos em 2016
criada com o objetivo de divulgar os produtos cultivados nos assentamentos rurais do estado e industrializados nas cooperativas de
reforma agrária de diversos locais do país. Em 2015, a feira já havia sido reconhecida como evento de interesse cultu-
Tomaz Silva /Agência Brasil
ral e social para o Rio, uma lei também de autoria de Cinco. “Mas entrar para o calendário é ainda melhor. É uma forma legal e legítima de garantir a existência da feira. Assim teremos menos problemas burocráticos para organizar todos os anos. É uma segurança para que a feira se perpetue”, explica Marcelo Durão do MST. Para Renato Cinco é um reconhecimento conquistado pela luta para a reforma agrária no Rio. “O MST enfrentou sempre muitas dificuldades impostas pelo poder público para realizar a feira”, acrescenta.
VOCÊ SABIA
?
O nome da feira é uma homenagem a Cícero Guedes, trabalhador rural e militante do MST assassinado por pistoleiros em 2013, em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense.
Latuff
Educadores, alunos e técnicos da UERJ encerraram o semestre com um protesto. A instituição permanece sem perspectiva de normalizar a situação e tanto a reitoria quanto os professores já sinalizaram que não há condições de retomar as aulas em agosto.
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CONSELHO EDITORIAL Alexania Rossato, Antonio Neiva (in memoriam), Joaquín Piñero, Kleybson Andrade, Mario Augusto Jakobskind, Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam) | EDIÇÃO Vivian Virissimo | CO-EDIÇÃO Fania Rodrigues | ADMINISTRAÇÃO Angela Bernardino e Marcos Araújo | DISTRIBUIÇÃO Kleybson Andrade | COLABORAÇÃO: Alan Tygel, Eduardo Maretti, Fabrício Farias, Luiz Fellipe Fagaráz, Mayara Paixão, Mariana Pitasse, Rute Pina (texto), Juliana Braga (diagramação)
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FORA TEMER Caetano Veloso engaja na luta para pressionar o Congresso nacional a autorizar a investigação contra Michel Temer. A casa do cantor, no Leblon, virou uma espécie de “quartel general” de artistas, músicos, intelectuais que apoiam a bandeira “Fora, Temer”.
Lula Marques
Eventos celebram o Dia da Mulher Negra Latina e Caribenha No próximo dia 25 de julho será celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha. A data é um marco na luta e resistência da mulher negra contra a opressão de gênero, o racismo e a exploração de classe. Para provocar uma reflexão sobre o tema, coletivos, movimentos e organizações de mulheres estão organizando três eventos no Rio de Janeiro. Em Duque de Caxias, no dia 22 de julho, das 10h às 18h, será realizado na Comunidade Parque das Missões uma ampla programação cultural com um sarau em ho-
menagem a Elza Soares, oficinas de dança afro, turbantes e tranças, peça de teatro, exibição de documentários, oficina de limpeza de pele, música e muito mais. No Parque Madureira, no dia 23 de julho, das 15h às 21h, as mulheres estão sendo convocadas para uma atividade, onde poderão apresentar seus trabalhos artesanais, levar violão, trocar livros, recitar poesias e cantar. Já em Copacabana, no dia 30 de julho, a partir das 9h, uma grande marcha reunirá mulheres em prol da luta contra o racismo, sexismo e machismo.
Valesca muda letra de Beijinho no Ombro Valesca Popozuda regravou seu maior hit, Beijinho no Ombro. A letra, que antes falava de rivalidade e ‘recalque’, agora fala sobre a união entre as mulheres. “Desejo a todas as amigas vida longa/ Unidas vamos conquistar ainda mais vitórias/ E vamos em frente, parceria é nossa onda/ Sem intriga, sem caô, amiga colabora” são alguns dos versos da música. A cantora fala que pretende desestimular a rivalidade, porque a competição é um “obstáculo” na vida das mulheres. “É importante falar mais sobre sororidade e incentivar a união entre as mulheres. Eu mesma percebi que a gente tem muito mais a ganhar colaborando umas com as outras, do que competindo”, disse Valesca.
Di vu lga çã o
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Alunos de Maricá terão merenda sem agrotóxicos
Unidade Agroecológica está sendo implantada no bairro Manu Manuela, a partir de uma parceria entre a Prefeitura de Maricá e o MST MARIANA PITASSE
RIO DE JANEIRO (RJ)
O
s alunos da rede municipal de ensino de Maricá terão merenda produzida sem agrotóxicos e produtos químicos. Parte dos alimentos será fornecida pela Unidade Agroecológica, que está sendo implantada no bairro Manu Manuela, a partir de uma parceria entre a
Prefeitura de Maricá e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), organizado através da cooperativa Cooperar. Hoje o espaço tem alface, couve, rúcula, beterraba, cenoura e salsa plantados, mas ainda não está definida a quantidade de alimentos que serão fornecidos às escolas. Segundo Anderson Oliveira, agrônomo da Cooperar, o mon-
Parceria da prefeitura com o MST vai fornecer alimentos sem veneno nas escolas tante não pode ser indicado com precisão porque a plantação está no início. Nas próximas semanas, será feita a primeira colheita de couve. HORTAS Os alimentos que faltarem na produção da Unidade Agroecológica de Maricá serão fornecidos por assentamentos do MST de outros estados, de acordo com Talles Reis, do MST.
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AO PÉ DO OUVIDO
A exemplo do famoso arroz agroecológico produzido no Rio Grande do Sul. Além de fornecer alimentos às escolas e creches, a Unidade Agroecológica também servirá para ensinar os moradores de Maricá a construir hortas comunitárias e hortas no quintal de suas casas. Nos próximos meses, a unidade será palco de atividades, oficinas e cursos
FERNANDO PENNA, PROFESSOR DA UFF
“Escola Sem Partido tem que ser combatido em todos os espaços” Saiba mais sobre o Movimento Educação Democrática que quer reunir pessoas que queiram se mobilizar pela educação pública de qualidade. MARIANA PITASSE
RIO DE JANEIRO (RJ)
Brasil de Fato - Como surgiu o Movimento Educação Democrática? Fernando Penna - Surgiu em 2015, quando professores e alunos da UFF começamos a organizar um mo-
vimento para contrapor argumentos ao discurso do Escola Sem Partido. Colocamos o nome de “Professores contra Escola Sem Partido”. O movimento foi crescendo, deixou de ser localizado e passou a contar com a colaboração de pessoas do Brasil inteiro. Na nossa avaliação,
conseguimos construir um contraponto, participando de audiências públicas, dando entrevistas e construindo debates. Agora estamos dando um novo passo para formalizar o movimento, fundando uma organização não governamental (ONG). Por quê? Como ONG temos a possibilidade de participar de pro-
cessos jurídicos, ter membros associados pelo Brasil, assim conseguiremos intervir quando aparecer o projeto em algum estado ou município. Estamos criando novas possibilidades que ampliam nossas ações. Vale destacar que não estamos fundando a luta pela educação democrática, essa já está sendo construída há muitos anos, o que queremos é so-
sobre o método de plantio e o manejo agroecológico. “Aqui em Maricá as pessoas têm uma dificuldade de lidar com a agricultura. Acredito que com o projeto elas vão aprender e continuar fazendo a horta em casa. Isso é muito importante, é usar o espaço do quintal para produzir o próprio alimento”, conclui Angelita Domingues, da esquipe da Cooperar.
mar, articular os movimentos de luta pela educação democrática em uma rede de ação. E o que essa rede pretende combater? Somos contra o Escola Sem Partido, um projeto que remove da escola seu caráter educacional e social. O discurso deles é raso, mas consegue gerar pânico nas famílias. Queremos mostrar para as pessoas que a escola tem que trabalhar para inclusão e não pela exclusão. Também queremos apresentar propostas para a escola pública, laica e de qualidade. Não ficamos só na resistência, vamos construir juntos um projeto de escola democrática.
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Juristas consideram sentença de Sergio Moro equivocada Fotos Divulgação
Alguns dos juristas mais renomados do país, entrevistados pelo Brasil de Fato falaram sobre a condenação de Lula
Lula ainda vai recorrer à decisão no Tribunal Regional Federal da 4ª Região. “Se for julgado de verdade, será inocentado, a não ser que a gente esteja vivendo uma articulação do poder judiciário para tirar Lula da disputa eleitoral. Em um julgamento limpo, não tem como sustentar a decisão de Moro”, afirma Gisele.
MARIANA PITASSE
RIO DE JANEIRO (RJ)
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a última semana, juristas e professores de direito mostraram grande indignação com a condenação do ex-presidente Lula, a nove anos e meio de prisão, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O Brasil de Fato procurou especialistas para comentar o caso. Eles apontaram que a sentença emitida pelo juiz Sérgio Moro é inconsistente, equivocada e parcial. O ex-presidente foi condenado por ter sido supostamente beneficiado com um tríplex em um condomínio no Guarujá, em São Paulo. Para Afrânio Silva Jardim, procurador aposentado do Ministério Público e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Lula foi condenado por Moro sem que tivesse entrado um real em seu patrimônio. “Essa condenação é um grande equívoco porque o triplex não pertence à Lula. Ele não recebeu absolutamente nada da OAS. Não existem provas que comprovem isso. Então, não há lavagem de dinheiro porque não há o
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Professores de Direito questioam argumentos da sentença de Moro e afirmam que há contradições
Caroline Proner, Gisele Cittadino e Afrânio Silva Jardim são grandes especialistas em Direito
que lavar. É uma questão de lógica”, explica. Segundo Caroline Proner, professora de direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a sentença é apoiada em delações que apontam para corrupção, mas que não são comprovadas. “No texto, fica claro que o direito de defesa do acusado não é levado em consideração. Esse caso vai além de Lula e abre precedentes para que acon-
teça com qualquer outra pessoa. É uma realidade terrível. Se o juiz passa a acusar ao invés de avaliar, o direito de defesa deixa de existir”, acrescenta. Ao lado de outros estudiosos e juristas, Caroline Proner está organizando um livro, ainda sem título, que apresentará avaliações técnicas sobre a condenação do ex-presidente. O livro será lançado no início de agosto na Faculdade Nacional de
Direito da UFRJ. A professora Gisele Cittadino, da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC), é uma das pesquisadoras também está trabalhando na publicação. JULGAMENTO PARCIAL Para a especialista, a decisão de Moro é inconsistente. “Em nenhum momento as provas e as mais de 70 testemunhas da defesa são levadas em consideração”, destaca.
Essa condenação é um grande equívoco porque o triplex não pertence à Lula. Ele não recebeu absolutamente nada da OAS”. Afrânio Silva Jardim, procurador aposentado do Ministério Público Afrânio complementa que é preciso que a população se mobilize para que haja um julgamento isento. “A pressão popular pode ajudar porque não há juiz que não sofra influência da opinião pública. Precisamos mostrar que não queremos julgamentos equivocados como esse no nosso país”, conclui.
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GERAL
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Reforma trabalhista não cria postos de trabalho, diz juiz do Trabalho Segundo desembargador da Justiça trabalhista a reforma não é a chave para a solução do emprego EDUARDO MARETTI SÃO PAULO
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desembargador Wilson Fernandes, presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região de São Paulo, é enfático ao dizer que a reforma trabalhista, sancionada na última quinta-feira (13) prejudica os trabalhadores e favorece os empresários. Como a reforma trabalhista os afetará aos trabalhadores? É importante que o trabalhador compreenda que esta reforma não é a solução do emprego no país. Ela tem sido vendida com a ideia de que vai combater o desemprego. Isto é um equívoco muito grande. O país vive uma crise política que está gerando uma crise econômica, que gera desemprego. Isto nada tem a ver com legislação trabalhista, pois há alguns anos tínhamos índice de desemprego muito baixo com a mesma legislação. Quais o ponto mais complicados dessa lei? A nova lei permite que gestantes trabalhem em atividades insalubres. Isso é absolutamente inadequado. Outra seria a questão do imposto sindical. Os sindicatos vão perder muita força na negociação. Temos hoje alguns sindicatos que são fortes e têm legitimidade, representam de fato o trabalhador. Outros, a grande maioria, não representa coisa nenhuma. Sem o imposto esses sindicatos menores vão desaparecer e os grandes vão ter muitas dificuldades de cumprir seu papel. Em um contexto de desemprego, essa reforma se torna ainda mais dramática? Ela não vai gerar nenhum posto novo de trabalho. A lei não traz segurança jurídica. Não é a lei, mas sim a interpretação dos tribunais ao longo do tempo que traz essa segurança. A nova lei estabelece algumas regras que são inconstitucionais. Até que o Supremo decida isso, esses dispositivos geram muito mais insegurança.
"Temer não considerou protestos massivos contra a reforma"
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Agência Brasil
População de rua do Rio triplicou Brasil tem mais de 100 mil moradores de rua
Pezão tira licença e vai para SPA de luxo »»O governador do estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB)
alegou problemas de saúde e foi para SPA de luxo em Penedo, no sul fluminense. Em comunicado oficial, Pezão disse que iria se licenciar do cargo por uma semana (de 16/07 a 23/07), “devido a problemas de saúde, relacionados ao seu quadro metabólico (descompensação do diabetes, aumento de peso, entre outros)”. Uma semana no SPA Rituaali, onde Pezão está hospedado, custa entre R$ 14 mil e 27 mil. O salário bruto do governador é de R$ 19 mil. A assessoria de imprensa do governador informou que as despesas do SPA não serão pagas pelo governo e, sim, como gastos pessoais. O governo declarou ainda que a licença atende a uma determinação médica. A previsão é que o governador volte ao trabalho no próximo domingo (23). Divulgação
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Pesquisa mostra que esse é um problema das cidades grandes FANIA RODRIGUES
DO RIO DE JANEIRO (RJ)
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rogramas de moradia popular reduzidos pelo governo Temer, o desemprego nas alturas, transporte público mais caro. Esse cenário fez disparar o número de moradores de rua do Rio de Janeiro. Em todos os bairros, mas principalmente no Centro da cidade, o número de pessoas dormindo nas calçadas é cada vez maior. O que pode ser visto por todos que passam por essa região, também é comprovado pelo números da prefeitura do Rio. Um levantamento da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos mostra que 14 mil pessoas vivem nas ruas da cidade. Em 2013, esse número era 5 mil, ou seja, quase três vezes menor. Em outros estados brasileiros o problema não é diferente. Segundo a prefeitura
Enquanto os problemas do país se arrastam vejo aumentar o número de moradores de rua” Frei Alamiro Silva da capital paulista, 15 mil pessoas dormem nas ruas todos os dias. O número dobrou nos últimos 15 anos. No Brasil, hoje, cerca de 101 mil pessoas vivem nas ruas, de acordo com pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgada no começo desse ano. O levantamento mostra ainda que esse é um problemas das grandes cidades. Cerca de 77% dos moradores
de rua vivem em municípios com mais de 100 mil habitantes. Já nos municípios menores, com até 10 mil habitantes, a porcentagem é bem menor: apenas 6,63%. Por isso, o frei Alamiro Silva, do Convento de Santo Antônio, do Rio, chama a atenção dos moradores das cidades maiores, com mais recursos financeiros, que segundo ele, “se afastaram dos problemas do povo e se isolaram atrás dos muros de seus castelos modernos”. Ele também falou que os cristãos precisam se aproximar dos verdadeiros problemas que afligem a população mais pobre. “Enquanto os problemas do país se arrastam, vejo aumentar o número de moradores de rua aqui no Largo da Carioca, centro do Rio, onde moro. Temos que construir pontes de contato entre os povos e pessoas e não muros que fecham e isolam os ricos em seus castelos”.
Spa Rituaali custa entre R$ 14 e R$ 27 mil por semana
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CULTURA & LAZER
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Amiga da saúde
Cartola com bananananica
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DICAS MASTIGADAS
Ingredientes: • 5 bananas-nanicas • 3 colheres de sopa de açúcar • 1 colher de café canela • 2 fatias grossas de queijo coalho
Modo de preparo
1. Descascar a banana, cortar em fatias no sentido do comprimento e reservar; 2. Misturar o açúcar e a canela e passar as bananas nessa mistura; 3. Colocar as bananas em camadas em um refratário; 4. Levar ao forno preaquecido (200 °C) por 10 minutos; 5. Ralar o queijo coalho no ralador grosso e polvilhar sobre as bananas; 6. Levar ao forno, novamente, até o queijo derreter.
É verdade que rir faz bem à saúde? Ou isso é só mito? Everton Batista, 34 anos, motorista.
Sofia Barbosa é enfermeira
Dúvidas?
amigadasaude@brasildefato.com.br
É verdade sim, Everton. É perceptível que as pessoas bem-humoradas adoecem menos. Isso porque nosso estado emocional interfere diretamente nas funções corporais. Pessoas sem senso de humor tendem a ser mais rancorosas, estressadas e depressivas. O riso, a gargalhada, têm muitos benefícios para a saúde. Quando gargalhamos os hormônios do estresse (cortisol e adrenalina) diminuem, assim como aumentam os hormônios ligados ao relaxamento, como a endorfina. Esse processo estimula a produção de células de defesa, o que fortalece o sistema imunológico, prevenindo o adoecimento. Além disso, rir melhora a autoestima, reduz a pressão arterial, previne rugas, melhora o sistema cardiovascular etc. Enxergar o lado bom das coisas e ter mais leveza faz bem.
Uso culinário da banana De maneira geral, a banana é uma das frutas mais doces. Bananas de mesa são, por exemplo, as variedades maçã, ouro, prata e nanica, que, na verdade, são grandes, levando esse nome em virtude da baixa altura da planta em que frutificam. Bananas para fritar são as variedades de banana-da-terra e figo. As bananas chips, novidade deliciosa do Norte do Brasil, são feitas com a variedade pacová. Banana para cozinhar são a da-terra e também a pacová. As bananas entram como ingrediente em grande quantidade de pratos salgados típicos das culinárias regionais brasileiras. No Rio de Janeiro e em Pernambuco, é o famoso cozido, que, entre tantos componentes – carnes, tubérculos, legumes e verduras –, inclui as variedades da-terra e nanica. A especialidade do sul de Minas Gerais é o virado de banana-nanica, preparado com farinha de milho e queijo mineiro. No litoral norte de São Paulo, o prato principal da culinária caiçara chama-se peixe azul-marinho: postas de peixe cozidas com banana-nanica verde sem casca, acompanhadas de pirão feito com o caldo do peixe, banana cozida amassada e farinha de mandioca. * Esta receita foi retirada do livro Alimentos Regionais Brasileiros, do Ministério da Saúde, disponível para download em http://e.eita.org.br/alimentosregionais.
QUADRINHO
Alan Tygel é da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida.
NOSSOS DIREITOS Por Melissa Andrade | Curitiba (PR)*
Benefício de auxílio-doença comum »»O benefício de auxílio-doença comum, diferente do
auxílio-doença por acidente, é concedido ao segurado do INSS que estiver com doença que o torne temporariamente incapaz de trabalhar. Para requerer o auxílio é necessário possuir carência de 12 contribuições (isenta em caso de acidente de trabalho ou doenças previstas em lei), ser segurado do INSS, além de comprovar a doença através de documentos médicos e exame pericial agendado no INSS. Para o empregado requerer o benefício, precisa estar afastado do trabalho há pelo menos 15 dias (corridos ou intercalados dentro do prazo de 60 dias), devendo imprimir o requerimento gerado pelo sistema e levá-lo ao INSS no dia da perícia, com carimbo e assinatura da empresa. Os segurados das modalidades de empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual, facultativo e segurado especial, podem requerer no momento em que se incapacitarem ao trabalho, fazendo o agendamento em alguma agência do INSS.
*Melissa Andrade é colunista do Brasil de Fato PR.
CULTURA & LAZER
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Chico Buarque vai lançar novo disco em agosto Esse é o 23º álbum do cantor, considerado um dos maiores artistas do Brasil e conhecido por assumir sua posição política de esquerda MARIANA PITASSE RIO DE JANEIRO (RJ)
C
hico Buarque anunciou recentemente que lançará um novo disco em agosto. O álbum tem como nome “Caravanas”, segundo o cantor e compositor revelou em sua página no Facebook. Esse é o 23º disco do artista gravado em estúdio, depois de seis anos de seu último trabalho, lançado em 2011, com o nome “Chico”. Não se sabe quase nada sobre o novo disco de Chico Buarque, mas há informações de que sete das músicas são inéditas, sendo que as outras duas são antigas, mas que só foram gravadas por outros artistas. O conteúdo das canções ainda é um mistério para o público. A capa de Caravanas é uma fotografia aérea de Leonardo Aversa e a produção do álbum está sendo feita em partes. Chico com-
Eu tomo partido e não tenho qualquer problema em declarar isso” Chico Buarque
pôs e gravou as faixas uma de cada vez. O disco deve ser lançado pelo selo Biscoito Fino, com quem trabalha desde 2006. Além de lançar o disco, Chico deve fazer uma turnê pelo Brasil nos próximos meses. Chico Buarque é considerado um dos maiores artistas do Brasil e também conhecido por assumir sua
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Seis anos depois de último trabalho, cantor lança no disco com músicas inéditas
posição política de esquerda, tanto na época da ditadura militar, quanto agora na luta pela democracia. Durante a ditadura, Chico retratava as dificuldades vividas no período e teve seu trabalho censurado em vários momentos. Uma das canções mais relacionadas ao tema é “Apesar de Você”, em que o compositor trazia a ideia de um futuro diferente, sem a repressão do regime militar. Ela se tornou um hino na época. Recentemente, a música foi retomada nos protestos contra o golpe e pelas eleições diretas. “Eu tomo partido e não tenho qualquer problema em declarar isso”, disse em entrevista recente. Não só através das canções, Chico é figura presente nas manifestações e símbolo de luta pela democracia.
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CINEMA
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Bowie no Cinema O quê? A mostra “O homem que caiu na terra” é uma reverência ao genial cantor David Bowie, que conduziu seu trabalho de forma consistente e, sempre atento à diversidade e à quebra de paradigmas, deu origem a verdadeiras obras primas não só na música, mas também no cinema. A mostra leva 26 dessas obras cinematográficas ao público carioca a preços populares. Onde? Caixa Cultura, Av. Almirante Barroso, 25, Centro. Quando? Até 30/7 Quanto? R$4 (inteira) E R$2(meia). Obs: ingressos serão distribuídos 1 hora antes de cada filme.
Expressão Popular: uma editora construída pelos movimentos populares Rica Retemal
Editora e livraria nasceu em 1999 com objetivo de expandir o acesso ao livro à militância social e à classe trabalhadora MAYARA PAIXÃO
SÃO PAULO (SP)
H
á 18 anos, teve início o projeto de uma livraria e editora militante construída pelos movimentos populares: a Expressão Popular. Hoje com mais de 500 títulos publicados e caminhando com autonomia, o projeto surgiu no meio do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Na época, a sociedade brasileira vivenciava o avanço das ideias neoliberais e a rearticulação dos setores da esquerda. Poucos podem contar tão bem sua história como Carlos Bellé, que compõe a equipe da Expressão Popular desde seu início. Conhecendo de tudo um pouco, hoje ele ajuda em todas as tarefas da editora e livraria. “A Expressão, ao mesmo tempo que vai contra uma maré político-ideológica na sociedade, vem reafirmar o livro como um dos
dades de inserção para a editora em seus primeiros passos. Muitas livrarias acreditavam que a venda não compensava. A alternativa encontrada para espalhar os livros foi contar com a solidariedade e parceria de militantes por todo o Brasil, que fazem a chamada “distribuição militante”, vendendo os livros em feiras e eventos.
FAÇA PARTE DO CLUBE
»»Além da distribuição mi-
Editora Expressão Popular oferece livros com preços abaixo do praticado pelo mercado instrumentos de formação político ideológica da militância social. Eu confio nesse projeto. Sei que esse mundo pode e vai mudar. E eu aposto nele, estou junto”, afirma Bellé.
Propor uma alternativa ao cenário neoliberal vigente e formar politicamente os militantes não foram os únicos objetivos da Expressão Popular. Era preciso que esse projeto perten-
cesse, de fato, ao povo. Para isso, uma das propostas sempre foi a produção de livros baratos e acessíveis. Justamente o baixo preço, que foge à lógica do mercado livreiro, trouxe dificul-
litante, da página na internet e da livraria física na capital paulista e em outros estados, agora a editora começa um novo projeto: o Clube do Livro. A ideia possibilita que os leitores recebam mensalmente um lançamento da Expressão Popular. São disponibilizadas diferentes formas de adesão. Para saber mais e participar do Clube do Livro, basta acessar o site www. espressaopopular.com.br/ clubedolivro.
ESPORTES Divulgação
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Girafa no topo do mundo »»Mineiro de BH, o tenista Marcelo Melo alcançou o topo
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do ranking mundial nesta quinta-feira (13). Ao lado do polonês Lukasz Kubot, ele conquistou vaga na final de duplas no masculino do torneio de Wimbledon. Eles derrotaram o finlandês Henri Kontinen e o australiano John Peers. O brasileiro já ocupou o primeiro lugar do ranking de duplas entre 2015 e 2016. Marcelo, que tem 2,03 metros de altura, é conhecido como Girafa. Ele é considerado um dos melhores tenistas brasileiros em atividade. Sua maior conquista foi o título de Roland-Garros, em 2015.
Quatro grandes times do Rio contam com as torcidas conhecidas como “barras”, entre elas, a Nação 12 do Flamengo e a Bravo 52 do Fluminense MARIANA PITASSE
RIO DE JANEIRO (RJ)
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istantes dos episódios de violência, as torcidas organizadas conhecidas como “barras” no futebol brasileiro querem mostrar o que há de melhor em torcer: exaltar o time do coração. A ideia é estar no estádio para apoiar seus times independente do resultado na partida. Hoje, os quatro grandes times do Rio de Janeiro contam com as torcidas conhecidas como “barras” nas arquibancadas. Entre elas, a Nação 12 do Flamengo, a Bravo 52 do Fluminense, a Guerreiros do Almirante (GDV) do Vasco e a Loucos pelo Botafogo do time alvinegro. Essas torcidas têm inspiração nas “Barras Bravas”, um movimento de torcedores muito comum na América do Sul, conhecido por apoiar os clubes com músicas intermináveis, realizando verdadeiras fes-
tas nas arquibancadas, geralmente, localizadas atrás dos gols. Para Diego Lima, liderança da Nação 12, torcer é ser apaixonado e apoiar incondicionalmente o clube. “Além disso, pensamos que é importante se manifestar por questões de interesse do torcedor, como o preço dos ingressos, e também para sociedade como um todo. Já nos manifestamos contra o racismo, violência contra a mulher, contra a homofobia. Para torcer não é preciso apelar para o preconceito”, explica. Sobre os episódios de violência envolvendo as torcidas organizadas, Diego é enfático. “A violência só tem dois caminhos: a prisão ou o cemitério. E torcer pelo time não tem nada a ver com isso. É importante mostrar isso para as pessoas, então, de certa forma colaboramos para conter a violência. Mas é preciso deixar claro que a violência no futebol não é um problema de torcidas organizadas e, sim, um problema social”, conclui.
Tenista mineiro faz sucesso em capeonato mundial
FUTURO DO AUTOMOBILISMO Antonio Paglia
Longe da violência, torcidas cariocas querem mostrar o que há de melhor em torcer
FÓRMULA 1 No momento em que mais se discute a adoção de uma proteção de cabeça para os pilotos de Fórmula 1, o designer italiano Antonio Paglia fez um projeção de como poderiam ser os carros em 2025, já com a peça. Os desenhos foram inspirados em modelos do passado da McLaren, Ferrari e Williams.
12 ESPORTES
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Após mutirão, campo de futebol da Escola do MST será inaugurado Di
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Construído com financiamento coletivo, espaço está pronto para receber público RUTE PINA SÃO PAULO (SP)
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construção do campo de futebol da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) está na reta final. No domingo (9), um mutirão reuniu cerca de 100 militantes do Levante Popular da Juventude para auxiliar a finalização o projeto. A ENFF é uma escola de formação idealizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), localizada na cidade Guararema, no interior de São Paulo. David Martins, militante do Levante no Rio Grande do Sul, participou do mutirão para finalizar as laterais do campo.”Estudantes de vários cursos contribuíram nos finais de semana para realizar a construção deste espaço do campo. E agora, no final, além do Levante, a gente contou também com a participação da solidariedade internacional do comitê de amigos do MST”, diz
Martins que acredita que o espaço vai contribuir para a integração das turmas de diversas organizações e países que fazem curso na escola. O campo da escola vai receber jogos de futebol e também acolher o público em reuniões e debates. O cantor e compositor Chico Buarque está confirmado para participar da inauguração do campo marcada para o dia 2 de setembro. Na ocasião, haverá um ato político e apresentações culturais. A iniciativa da construção é da Associação de Amigos da Escola Florestan Fernandes em parceria com a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP). A obra foi financiada coletivamente através da plataforma Catarse. Com a colaboração de 602 pessoas, foram arrecadados R$ 67.200 reais, superando a meta inicial de R$ 60 mil. “No caso da ENFF, a gente tem como valor central a solidariedade, desde do planejamento de como as coisas serão até a sua auto-execução. Não diferente, o campo também entra nesse eixo da solidariedade”, destaca Giovani del Prete, assessor de relações públicas da Associação. O campo leva o nome de Doutor Sócrates Brasileiro em homenagem ao jogador que lutou pela redemocratização do país, um dos precursores da “democracia corinthiana”. Campo leva o nome de Sócrates em homenagem ao jogador que lutou pela democracia
Daniel Augusto Jr. /Ag. Corinthians
CURTO E GROSSO LUIZ FELLIPE FAGARÁZ | BELO HORIZONTE (MG)
Torcida única: um mal necessário? »»Ela não acabou com a violên-
cia, tampouco melhorou o espetáculo, mas a medida que foi posta em vigor para os clubes paulistas em 2016, pelo então secretário Alexandre Moraes, volta à pauta sempre que um confronto entre torcidas ocorre. Nas últimas semanas, não foi diferente. Após as cenas de barbárie ocorridas no São Januário, na partida entre Vasco e Flamengo, ten-
tam empurrar a torcida única como única solução a curto prazo, mesmo contra a vontade de clubes e torcidas. É sabido que cerca de 80% das brigas ocorrem fora do estádio e que, mesmo com a sua adoção, brigas continuam ocorrendo nos arredores ou a quase 50 km do jogo. Até redes sociais são usadas para marcá-las. Mesmo assim, a “única” proposta do Ministério Público é proibir: proíbe a entrada de instrumentos musicais, de bandei-
Apesar de ter diminuído, violência nos estádios não acabou ras e até de material escolar. A proibição é um atestado de derrota. A Torcida Mista, por exemplo, foi uma alternativa que deu certo em clássicos gaúcho e baiano, mas, ao
invés de se propor uma alternativa diferente, apelam ao imediatismo, tirando um pouco do brilho de um esporte que a cada dia segrega socialmente seus torcedores.