Cecília Bastos
São Paulo, de 06 a 11 de junho de 2014 | ano 1 n• 39
Greve pede mais acesso às contas da USP
walter firmo »8: “fotografia é o que realmente me faz respirar”
são paulo » 3
Metroviários param as estações por aumento salarial
cultura » 15
Tulipa Ruiz faz show gratuito na zona leste
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esporte »16: são paulo terá vendedores ambulantes nos jogos da copa do mundo Rafael Neddermeyer
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universidade crise financeira levou à paralisação de professores, funcionários e estudantes » 4
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uma visão popular do brasil e do mundo
02
EDITORIAL
São Paulo
O
Quem vigia o jornalismo?
jornalismo é o processo de transformar acontecimentos em notícias. A base para o trabalho jornalístico é a realidade, e a sociedade forma o conjunto dos atores dessas ações. Mas quem seleciona estes acontecimentos, quem decide quais serão noticiados? E como são definidos os “filtros” por quais eles passam? De que forma os temas serão abordados? Com quem conversar para saber sobre os fatos e como retratá-los? É mais ou menos assim que funciona: informações “cruas” chegam até a imprensa, elas são selecionadas e os repórteres iniciam sua investigação - recolhem dados
e entrevistam as chamadas “fon- dos latifundiários, da especulação tes”. Assim, os textos são produ- imobiliária. zidos e as imagens são clicadas ou Vivemos em um momento de filmadas. Passam por uma edição grandes acontecimentos: Copa do final, até chegar ao público. Mundo, pré-eleições nacionais e esEm meio a tantas possíveis no- taduais, greves, protestos, campatícias, cada nhas, além de veículo de fatos do dia a No emaranhado dos comunicação dia – que não discursos da mídia, é escolhe o que param. Cada importante que o leitor vale a pena um desses asser informado identifique os interesses suntos pode e com quem ser visto de difalar a respeito de cada tema a partir versos ângulos, e é isso o que fazem de seus interesses. Não há neutrali- os jornais, as emissoras de televisão dade. Toda notícia tem um interesse e rádio, e as mídias na internet. por trás. Este pode ser o da sociedaPortanto, o leitor não pode ser inde, o do povo, o dos trabalhadores gênuo. Deve sempre se perguntar e o dos mais pobres. Mas também a qual interesse serve o veículo de pode ser o das grandes empresas, comunicação pelo qual se informa.
O leitor precisa interpretar os fatos, entender que todos os acontecimentos noticiados passam por um filtro. Assim, é importante que, nesse emaranhado de discursos da mídia, o leitor identifique a rede de interesses que está por trás de cada cobertura jornalística, para encontrar quais perspectivas e narrativas estão mais de acordo com a sua visão de mundo. Na próxima edição, o Brasil de Fato SP estará de cara nova. O novo projeto gráfico será lançado em clima de Copa do Mundo e um ano após a onda de protestos da cidade de São Paulo. Mais versátil e com mais notícias, nosso jornalismo se mantém com a visão popular sobre os fatos.
Brasil
Responsabilidade e o papel das eleições
A
s forças populares devem cultivar uma concepção ampla da luta de classes. Isso coloca o desafio de reafirmar uma estratégia de mudanças profundas na sociedade e, ao mesmo, tempo combinar firmeza ideológica com flexibilidade na tática. O ponto de partida certamente é fazer a análise consistente da situação concreta e aprender com o legado histórico das lutas e movimentos de reivindicação popular. Uma concepção ampla da luta política significa reconhecer que a arena da luta de classes se caracteriza por três dimensões: a luta social, ideológica e insti-
tucional. Um Projeto político de safio está colocado no Brasil. natureza democrática e popular Estamos diante de uma condeve combinar as três dimensões juntura em que as eleições prepara avançar na construção de sidenciais, enquanto parte da hegemonia na sociedade. Além luta institucional, ganha extrema disso, em última instância, a importância. Diante do atual cepolítica é definário eleiÉ tarefa das forças nida pelo fator toral, ainda força social de populares propagandear e n c o n t r a massas. A luta mos posio que realmente está ideológica e a ções que em jogo no Brasil luta institucioignoraram nal devem estar a correlasubordinadas à luta social. Ou ção de forças da luta política no seja, a batalha de ideias e as dis- Brasil e na América Latina. putas eleitorais só fazem sentido Os irresponsáveis políticos igna perspectiva do fortalecimento noram que as experiências de godas lutas populares e consequen- vernos progressistas e populares te construção de uma força social como é o caso da Venezuela, da de massas. Atualmente esse de- Bolívia e do Equador, e, mesmo
Cuba, têm o governo Dilma como importante ponto de apoio. Por isso, para serem condizentes com uma análise concreta de uma situação concreta, os partidos de esquerda, durante as eleições, deveriam estar fortalecendo a candidatura de Dilma. Mesmo sabendo que o neodesenvolvimentismo em curso não é uma alternativa popular. É tarefa das forças populares propagandear o que realmente está em jogo no Brasil e na América Latina. A disputa com as forças neoliberais nas eleições de 2014 será acirrada. O que não devemos, de forma alguma, é contribuir na restauração neoliberal.
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país com uma edição nacional e em edições regionais, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e em São Paulo. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país. Contato: redacaosp@brasildefato.com.br | (11) 2131-0800 Publicidade:valdinei@brasildefato.com.br
Conselho Editorial: Aton Fon Filho, Carla Bueno, Gabriel Sollero, Igor Felippe, Igor Fuser, João Paulo Rodrigues, Neuri Rossetto, Ricardo Gebrim e Ronaldo Pagotto • Diretores executivos: Igor Felippe e Ronaldo Pagotto • Editora: Vivian Fernandes • Repórteres: Luiz Felipe Albuquerque, Mariana Desidério e Rafael Tatemoto • Revisão: Thiago Moyano • Diagramação: Alvise Lucchese • Fotógrafo: Rafael Stedile • Jornalista responsável: Vivian Fernandes – Mtb 14.245/MG • Coordenação da distribuição: Laryssa Sampayo • Administração: Ana Karla Monteiro • Endereço: Al. Eduardo Prado, 676 – Campos Elíseos – CEP 01218-010 – Tel. (11) 2131-0800 / Fax: (11) 3666-0753 – São Paulo-SP
SÃO PAULO
03
Metroviários paralisam circulação em três linhas
Diversos terminais ficaram fechados em toda a capital
bleia na noite de quarta-feira (4). O sindicato defendeu a paralisação total, com exceção da linha 4-amarela, cujos trabalhadores não são representados pela entidade.
Professores conquistam reajuste
Protesto de professores na avenida Paulista
A Câmara Municipal de São Paulo aprovou, na terça-feira (3), o texto substitutivo ao Projeto de Lei 235/2014, que prevê um reajuste de 15,38% ao abono complementar dos professores da rede municipal de ensino. Após a aprovação, em uma assembleia em frente à Câmara, que reuniu cerca de 3 mil professores, a categoria decidiu pôr fim à greve que já durava 42 dias. O aumento valerá para todos os servidores ativos. Os profissionais em outros níveis da carreira, in-
cluindo aposentados, receberão aumento de 13,43%. O percentual de 15,38%, principal reivindicação dos professores, que havia sido anunciado pela prefeitura, como bônus, no início de maio, eleva o piso salarial com jornada semanal de 40 horas/aula, com nível superior, para R$ 3.000 – o valor era cerca de R$ 2.600. O aumento valerá a partir de 2015 e será incorporado em três datas. O primeiro reajuste, de 5,54%, será feito em 1º de maio de 2015; o segundo, de 3,74%, em 1º de maio de 2016 e o terceiro, de 5,39%, em 1º de novembro de 2016. Para o líder do governo, vereador Arselino Tatto (PT), todos ganham. “O governo entendeu que era possível atender às reivindicações”, disse. O texto será encaminhado para o prefeito Fernando Haddad (PT) e deverá ser sancionado até o final desta semana. (da Redação)
A decisão veio após uma reunião de conciliação entre representantes do Metrô e do sindicato que terminou sem acordo. Na negociação, a empresa elevou a proposta
de reajuste salarial de 7,8% para 8,7%, mas o índice foi rejeitado pelos trabalhadores. Os dirigentes sindicalistas disseram que não aceitam proposta inferior a 10% de reajuste e reivindicam também redução de jornada, adicional de periculosidade, entre outros pontos. O Metrô também propôs aumentar o vale-refeição e retirar a parte paga pelo trabalhador no benefício, o que, na perspectiva da companhia, atingiria os dois dígitos reivindicados pelos trabalhadores. Haveria um desconto simbólico de R$ 0,01. O vale-refeição passaria de R$ 247,69 para R$ 320 – o sindicato pede R$ 379,80. “Iniciamos pedindo 35%, que é a inflação dos últimos 12 meses [7,5%] e os três anos de produtividade, calculados pelo Dieese, pelo aumento dos usuários do metrô”, explicou o secretário-geral do sindicato, Alex Fernandes. Ele destacou que a categoria reduziu a proposta para 16%, considerando apenas a produtividade de um ano, mas ainda assim não houve avanço na negociação. (Com informações da Agência Brasil)
protesto
Fabiana Choi
A greve de metroviários afetou o transporte de boa parte da população nesta quinta-feira (5). Das cinco linhas do Metrô de São Paulo, apenas duas (4-amarela e 5-lilás) funcionaram normalmente. As demais linhas operaram apenas parcialmente. A operação da linha 1-azul ocorreu entre as estações Ana Rosa e Luz, a linha 2-verde operou entre as estações Ana Rosa e Clínicas, já a linha 3-vermelha, funcionou entre as estações Bresser e Marechal Deodoro, o que representa menos de um terço do itinerário. A zona leste, atendida pela linha 3, foi uma das regiões mais afetadas pela greve. Segundo o Sindicato dos Metroviários, a circulação parcial foi possível porque supervisores foram convocados para operar os trens. O sindicato avalia que isso colocou em risco a segurança dos passageiros, pois os supervisores não estão preparados para desempenhar a atividade. O Metrô informou, contrariamente, que a operação foi feita por trabalhadores que não aderiram ao movimento. A decisão pela greve por tempo indeterminado ocorreu em assem-
Rafael Neddermeyer
REIVINDICAÇÃO O Sindicato da categoria rejeitou proposta de reajuste feita pela companhia
Manifestantes ligados ao MTST (Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto) realizaram um ato por moradia popular na zona leste de São Paulo, do terminal Vila Matilde até o Itaquerão, na quarta-feira (4)
USP Imagens
04 são pauLo
Comunidade USP quer mais transparência financeira EDUCAÇÃO Professores, funcionários e estudantes defendem que privatização não é resposta para crise
por Rafael Tatemoto
As três universidades estaduais paulistas vivem uma situação crítica. A crise financeira pela qual passa aquela que é tida uma das melhores universidade latino-americanas, a USP, agora se soma à greve de seus funcionários, estudantes e professores, bem como os da Unicamp e em parte da Unesp. A paralisação, que começou no dia 27 de maio, foi motivada pela decisão dos reitores de não dar aumento salarial aos trabalhadores em 2014. A justificativa da administração é de que o cenário financeiro é preocupante. Segundo o reitor da USP, Marco Antonio Zago, a instituição está gastando mais do que é repassado pelo governo estadual. A maior parte da receita é destinada a folha de pagamentos: 105% do orçamento. Na Unicamp e na Unesp, esse valor chega a 95% das receitas. Para os reitores, o percentual máximo deveria ser de 85%. REIVINDICAÇÕES Para Magno de Carvalho, diretor do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), a postura dos reitores não se justifica. “Existe uma reserva de R$ 2,3 bilhões acumulada a custo de muito arrocho salarial e falta de investimento em ensino e pesquisa”, afirma. Contudo, o sindicato reconhece que este fundo se esgotaria em cerca de dois anos e meio, então a defesa é de que ele seja usado apenas em caráter emergencial.
A proposta do Sindicato é que ocorram alterações nos repasses do governo para as estaduais paulistas. Atualmente, 9,57% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), tributo que incide sobre o comércio, é destinado ao ensino público superior em São Paulo. Funcionários, estudantes e professores defendem que essa alíquota suba para 11,6%. Também se reivindica uma nova interpretação sobre a lei que regula os repasses. “A interpretação que o governo adota permite que sejam feitos descontos no que se considera como o total do ICMS acumulado”, afirma Francisco Miraglia, diretor da Adusp (Associação dos Docentes da USP). Segundo ele, com isso, só em 2013 deixou-se de receber R$ 413 milhões. Sobre a reserva citada pelo Sintusp, a reitoria afirmou que o valor disponível tem diminuído rapidamente. “No final de 2013, essa reserva havia baixado para R$ 2,56 bilhões. Apenas nos três primeiros meses do ano corrente ela passou para R$ 2,31 bilhões em função de compromissos assumidos anteriormente e que só foram pagos em 2014. Se a reserva não existisse, a USP estaria inadimplente e, gastando 105% do que recebe dos repasses do governo”, afirmou por e-mail. TRANSPARÊNCIA O professor Miraglia ainda defende que “é necessário abrir as contas da Universidade, ter transparência”. O
540
(em R$)
milhões
259 183
319
321
milhões
milhões
2011
2012
milhões
milhões
2009
2010
2013
Fontes: Secretaria de Estado da Fazenda e planilhas Cruesp
DCE (Diretório Central dos Estudantes) concorda. Para Gabriel Lindenbach, aluno da Geografia e diretor da entidade, o que está em jogo é o modelo de ensino. “Querem precarizar o ensino superior para apresentar a privatização como proposta. Já estão falando em cobrança de mensalidades”. Para ele, deve-se reconhecer que a USP é uma universidade elitista, mas medidas privatizantes só reforçariam esse caráter. “O que é necessário é ampliar o financiamento, garantir a entrada dos pobres na universidade e democratizar a administração”, diz Lindenbach. A solução para o financiamento da educação e de todos os serviços públi-
cos, a longo prazo, segundo Miraglia, é simples: “tem que haver justiça tributária, pobre paga muito imposto e rico pouco, é necessário que haja uma reforma redistributiva que garanta a ampliação dos direitos sociais”. A administração da USP afirmou que adotou três medidas com o objetivo de melhorar a transparência dos gastos: a instauração de uma Comissão de Sindicância para apurar responsabilidades sobre evolução da folha de pagamento; a contratação de uma auditoria externa para avaliar os gastos nos últimos cinco anos e a criação de um grupo de trabalho com a incumbência de elaborar uma proposta de criação da Controladoria da Universidade.
SÃO PAULO
raquel
O QUE VOCÊ ACHA DA SITUAÇÃO DA USP?
rolnik
Acho que a maioria das universidades não cumpre seu papel. Eu mesmo tenho um filho que está tentando, mas não consegue ter acesso em nenhuma universidade. Ele queria fazer medicina, mas está sem estudar, e começou a trabalhar de ajudante de garçom.
Acho que poucos têm acesso à universidade e é mais difícil se você é negro ou pardo, digo pela minha filha. Alguém paga pelas faculdades públicas e, no caso, somos nós trabalhadores. Mas esse dinheiro muitas vezes não é usado de forma adequada.
Elidomar de Andrade, 40, trabalhador da construção civil
Charles Rodrigues da Silva, 39, técnico em eletrônica
As pessoas que entram na USP são todas de posse. Falam que é para pessoas de baixa renda, mas não é verdade. Eu mesma já tentei entrar em arquitetura e não consegui. Deviam deixar a oportunidade para pessoas que não têm como pagar.
Por ser pública, a USP dá oportunidade para as pessoas que não têm condição financeira. Mas talvez tenha passado um pouco do limite nas contas. Acho que ela tem que ser de graça para quem não tem condição. Para quem tem um sonho, ela pode abrir uma porta.
Gildete Silva, 34, operadora de telemarketing
Bárbara Maria Cavalcante Oliveira, 21 Balconista
USP Leste está interditada há 5 meses CONTAMINAÇÃO além dos estudantes, moradores também são atingidos
Além da crise financeira, há meses a USP também enfrenta um impasse em relação ao seu campus na zona leste da capital paulista, onde fica a EACH (Escola de Artes, Ciências e Humanidades). O terreno tem presença de gás metano, o que pode significar riscos de explosão. O local também recebeu terra contaminada para terraplanagem. Por conta desses problemas ambientais, uma decisão judicial interditou o campus em janeiro deste ano. Sem as salas de aula, os cursos da unidade começaram apenas em março e estão ocorrendo em uma faculdade particular do Tatuapé, numa Fatec, no campus Butantã e em unidades da USP em Pinheiros. Para os alunos, a mudança trouxe grandes dificuldades. Pedro Beraldo, 25, estudante de sistema de informação, conta que precisou desistir de uma das aulas. “De terça-feira, minha primeira aula é na Faculdade de Saúde Pública, em Pinheiros, e a segunda é no Butantã. Tive que largar uma delas, pois não tenho como chegar a tempo”, conta. Morador de Guarulhos, Beraldo também conta que agora demora mais para chegar em casa. “Antes levava 10 minutos, agora demoro 40. Isso porque vou de carro. Tenho muitos colegas que pegam ônibus e estão sofrendo muito mais”, afirma.
As pesquisas da universidade também foram afetadas, diz a professora Adriana Tufaile, que faz parte da diretoria da Adusp (Associação de Docentes da USP). “Os laboratórios estão lá totalmente parados. Eu mesma sou da área de física e não tenho como fazer pesquisa”, afirma. PRAZO Não há previsão de quando a situação será normalizada. Questionado sobre este tema, em entrevista ao Jornal do Campus, o reitor da USP, Marco Antonio Zago, afirmou: “Esta é uma resposta que apenas o promotor e a juíza podem dar, porque voltaremos assim que for desinterditado. Pode ser na semana que vem, pode ser daqui a um mês, pode ser daqui a seis meses”. No último dia 27, em depoimento,
na CPI das Áreas Contaminadas, na Câmara Municipal, o gerente de áreas contaminadas da Cetesb, Elton Gloeden, afirmou que a USP não cumpriu as especificações exigidas para a construção do campus e disse que o gás metano deveria ter sido retirado do solo antes da inauguração da unidade, ocorrida em 2005. Contatada pela reportagem, a reitoria afirmou que há um processo administrativo em andamento contra o ex-diretor da unidade, José Jorge Boueri Filho. Para os estudantes, o problema é tratado com descaso pela universidade e pelo governo estadual. “Queremos a apuração e punição dos responsáveis. Os órgãos estaduais foram coniventes por muito tempo com a situação”, afirma Gabriel Lindenbach, do DCE (Diretório Central dos Estudantes). Pablo Ortellado
por Mariana Desidério
Não há previsão para as aulas retornarem ao campus
05
Emergência habitacional Desde o começo de maio, famílias ocupam um terreno em Itaquera, próximo ao estádio do Itaquerão, onde ocorrerá a abertura da Copa do Mundo. Batizada de “Copa do Povo”, a ocupação tem mais de 2 mil acampados no local. A maioria das pessoas vem de comunidades e bairros próximos. Elas reivindicam soluções viáveis de moradia digna, pois simplesmente não estavam dando conta de pagar os altos valores dos aluguéis na região. Se São Paulo já tinha uma enorme demanda por moradia, nos últimos anos, com a alta valorização imobiliária, a situação se aprofundou ainda mais. Criado em 2008, o índice Fipe-Zap – um indicador de preços de imóveis – aponta uma valorização de cerca de 200% no preço dos imóveis em São Paulo entre 2008 e 2014. Os aluguéis, claro, sobem junto. Há uma crise habitacional grave que clama por respostas urgentes. É nas regiões metropolitanas que a população sofre essa crise de forma mais intensa. Quem não consegue mais pagar aluguel, não pode ficar dez anos na fila do cadastro da Prefeitura esperando o sorteio de uma unidade do Programa Minha Casa Minha Vida. Isso é particularmente grave no caso de famílias de renda baixa e em situações de vulnerabilidade, como mulheres sozinhas com vários filhos, idosos, pessoas doentes e pessoas com distúrbios mentais. Na ausência de um serviço social de moradia que dê respostas concretas, ocupar terrenos ociosos é uma forma de luta para pressionar por políticas públicas que atendam essas demandas e, ao mesmo tempo, é uma alternativa real ao desespero de famílias que não conseguem mais pagar o aluguel. O prefeito Fernando Haddad admitiu a possibilidade de regularizar o terreno, que é particular, para transformá-lo em habitação de interesse social. Se a Copa do Mundo é uma grande vitrine para patrocinadores e cidades-sede em âmbito internacional, evidentemente é também vitrine para os que querem, e precisam, chamar a atenção para os problemas sociais que o país enfrenta. * Urbanista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Escreve no blog raquelrolnik.wordpress.com
06 São Paulo
“Para garantir moradia é preciso uma reforma política” participação movimentos sociais se organizam para realizar plebiscito para mudar sistema político
“Mexer na representação do Congresso Nacional, garantir que as camadas populares, mulheres, negros possam chegar aos espaços de poder está vinculado à garantia da moradia”. Nesta fala de Benedito Barbosa, coordenador da UMM (União dos Movimentos por Moradia), é possível entender um pouco das razões que estão levando diversos movimentos sociais a construir um plebiscito que pede uma constituinte para a reforma política. Milhares de pessoas em todo o país vêm abraçando a construção do chamado Plebiscito Popular pela Constituinte Soberana e Exclusiva
Central de Movimentos Populares realizou ato político no último sábado (31)
O Governo Federal está realizando grandes
OBRAS DE INFRAESTRUTURA EM TODO O BRASIL. E AQUI EM SÃO PAULO, BEM PERTO DA GENTE. Linha 17-Ouro do Metrô e Corredores Inajar de Souza, M’Boi Mirim e Berrini Deslocamento mais rápido e mais qualidade de vida para os paulistas. VLT Santos-São Vicente Mais agilidade e eficiência para o transporte público. Rodoanel, Etanolduto Ribeirão Preto-Paulínia, Hidrovia do Tietê e Porto de Santos Impulsionam a economia e geram desenvolvimento para o estado. Ampliação do Metrô e criação de Novas Linhas de Trens e de Corredores de Ônibus Em breve, mais opções de transporte e conforto para a população.
Obras assim abrem novos caminhos para que este seja, cada vez mais, um país de oportunidades. Aqui em São Paulo. E no Brasil inteiro.
Reprodução
por Vivian Fernandes
do Sistema Político. Pelo Brasil, já existem mais de 400 comitês que organizam a campanha. No estado de São Paulo, são mais de 80 comitês. Barbosa explica porque movimentos sociais, organizações políticas, sindicatos e diversas pessoas vêm se somando à iniciativa: “A reforma política é a mãe de todas as reformas. Só assim podemos avançar nas reformas estruturais, como a reforma agrária, reforma urbana, nas pautas populares e agendas sociais.” Organizados a partir de entidades e por cidades e bairros, os comitês do Plebiscito Constituinte costumam realizar atividades culturais e de formação, panfletagens e atos de rua para divulgar sua proposta à população. Todo esse percurso para que na semana dos dias 1º a 7 de setembro deste ano ocorra uma votação popular a fim de saber se a população quer ou não a realização de uma constituinte formada pelo povo, com o tema único de reformar o sistema político. Entre os eventos já realizados pelo grupo no estado de São Paulo está o “Curso dos Mil”, que reuniu mais de 1.100 pessoas no final do mês de maio. Além disso, atos de rua, como no último sábado (31), com cerca de 6.000 manifestantes no centro da capital. Agenda para Junho: Dia 06: Atividade Comitê Centro – Agitação + Panfletagem + Bate-Papo Local: Metrô Anhangabaú Horário: 18h Dia 07: Lançamento Comitê Saúde Zona Leste Local: CMP Saúde Zona Leste, Bruno Zabala, 55 - Cohab II – Itaquera Horário: 15h 10 de junho: Debate sobre o Sistema Político no IFSP Local: IFSP, Rua Pedro Vicente, 125, Canindé Horário: 18h 14 de junho: Reunião Comitê Zona Leste SP Local: CIFA, Itaquera Horário: 14h
Divulgação
brasil
Diversas campanhas buscam conscientizar que a denúncia é fundamental para combater crimes
Denúncia de crimes contra a mulher aumenta 40% direitos Campanha contra a violência tem propaganda na TV e aplicativo de celular por Pedro Rafael Vilela, de Brasília
Em briga de marido e mulher, se mete a colher, sim. Esse é o espírito da campanha “Eu ligo 180”, lançada na semana passada pelo governo federal para estimular a denúncia de violência de gênero em todo o país. O pacote da campa-
nha inclui propaganda na TV, anúncio em rádio, jornais, internet, outdoors, além de painéis em metrôs, paradas de ônibus e outros espaços públicos. Também contou com a participação voluntária das atrizes Luana Piovani e Sharon Menezes. A exposição já começou a dar resultado. “Em menos de 15 dias,
aumentamos em 40% o número de denúncias”, afirmou a ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Política para as Mulheres da Presidência da República. A novidade da campanha fica por conta da criação de um aplicativo para celular, o “Disque 180”, disponível gratuitamente. Além de permitir o registro de denúncias, o serviço traz orientações sobre o que é a violência contra a mulher e informações sobre a rede de atendimento especializado e a Lei Maria da Penha. NÚMEROS DA VIOLÊNCIA O Brasil exibe números vergonhosos de violência contra a mulher. Entre 1980 e 2010 foram assassinadas mais de 92 mil mulheres no Brasil, 43,7 mil somente na última década. Dados do governo federal apontam que os autores das agressões são, em 81% dos casos, pessoas que têm ou tiveram vínculo afetivo com as vítimas. Desde que foi criado, em 2005, o Ligue 180 já registrou 3,6 milhões de ligações, mas ainda não foi acessado por todos os municípios brasileiros. O serviço funciona 24 horas por dia, sete dias por semana. As ligações são gratuitas e podem ser feitas de celular, telefone fixo ou orelhão. Ao serem registradas, de forma anônima, as denúncias são encaminhadas aos órgãos de segurança pública, para investigação. O serviço também está disponível para brasileiras residentes na Espanha, Itália e Portugal. Nesses casos, a Polícia Federal é acionada e, por meio da Interpol, a polícia internacional, os casos são apurados e os acusados, presos.
Foi aprovada, na última terça-feira (3), a versão final do PNE (Plano Nacional de Educação) para os próximos 10 anos. Após três anos de tramitação, o texto segue para sanção da presidenta Dilma Rousseff. Uma das principais vitórias foi o aumento do repasse da União para estados e municípios investirem na educação básica. A garantia se deu na aprovação do CAQ (Custo Aluno-Qualidade), um valor mínimo a ser investido por aluno para garantir a qualidade na educação. O valor aprovado é superior ao calculado atualmente. Com a mudança, o recurso repassado pela União para a educação
Reprodução
Congresso aprova 10% do PIB para a educação
básica deve saltar de R$ 9 bilhões para R$ 46,4 bilhões, segundo cálculo da Campanha Nacional pelo Direito à Educação. “Garantir que a União estará mais
comprometida com o ensino básico é algo muito significativo”, avalia Thiago Pará, diretor de políticas educacionais da UNE (União Nacional dos Estudantes). O texto-base do PNE já havia sido aprovado na semana passada. Ele estabelece 20 metas para melhorar a educação pública na próxima década, como a melhoria dos salários dos professores, escola integral para 25% dos alunos e universalização das matrículas de crianças de 4 a 5 anos. Também foi estabelecido que o orçamento para a educação deve chegar a 10% do PIB (Produto Interno Bruto) do país. (PRV)
07
miro
borges A revolta de Faustão O apresentador Fausto Silva anda muito revoltado. Não deve ser por causa do salário, já que ele recebe uma fortuna da TV Globo e ainda tira uns “trocados” dos bilionários anunciantes. Nos últimos tempos, ele transformou o seu programa, Domingão do Faustão, num verdadeiro palanque, com duros ataques ao governo Dilma. No domingo, ele aproveitou para “criticar a incompetência e a corrupção no Brasil”, reforçando o complexo de vira-latas das elites tão em moda nas vésperas da abertura da Copa do Mundo. Já que anda tão revoltado, tão rebelde, Faustão podia aproveitar para criticar o império midiático em que trabalha. A TV Globo é uma das maiores culpadas pelas mazelas históricas do Brasil. Ela sempre apoiou as forças conservadoras que emperram o desenvolvimento do país. Para montar sua rede nacional de televisão, através das afiliadas, ela firmou parceria com as velhas oligarquias, montando um sistema de coronelismo eletrônico. Em todos os momentos decisivos da história, a família Marinho se colocou contra o progresso social, a soberania nacional e a democracia. Foi contra as leis trabalhistas de Getúlio Vargas, fez campanha contra a Petrobras e sabotou os governos progressistas. Acuada pelos protestos de rua e os gritos de “A realidade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura”, o poderoso império global reconheceu que apoiou o golpe de 1964 e a sanguinária ditadura militar, numa autocrítica meia-sola. Faustão poderia aproveitar esta confissão para criticar seus patrões, que fizeram fortunas exatamente neste período. Como forma de resolver os graves problemas sociais, poderia até defender uma reforma tributária que retire um pouco de grana dos muitos ricos para investir em programas de superação das injustiças. No mês passado, a revista Forbes publicou a lista das 15 famílias mais ricas do Brasil, que tem no topo a família Marinho, dona das Organizações Globo, com uma fortuna estimada de US$ 28,9 bilhões. O indignado apresentador bem que poderia citar os nomes dos bilionários nativos, maiores responsáveis pelas mazelas nacionais. Jornalista e presidente do Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé, é editor do blog altamiroborges.blogspot.com.br
internacional
Milton Montenegro
08
“Descubro pessoas através da fotografia” ENTREVISTA
WALTER FIRMO
por Mariana Desidério
Walter Firmo, um dos principais fotógrafos brasileiros, acaba de completar 77 anos. Só de carreira são 56. Carioca, Firmo dedicou-se a registrar manifestações culturais populares, como o Carnaval e o Maracatu. Na música, suas lentes tiveram o privilégio de clicar grandes nomes, como Pixinguinha, Cartola e Clementina de Jesus. Atuou ainda como repórter fotográfico em diversos veículos, como o Última Hora, o Jornal do Brasil e a revista Realidade. Recebeu o prêmio Esso de reportagem, em 1963, pela série “Cem dias na Amazônia de ninguém”, além de outros prêmios. Nesta entrevista ao Brasil de Fato SP, Firmo conta como se aproximou da fotografia e fala de uma de suas principais paixões: registrar a população negra do Brasil. “Quando comecei a fotografar, percebi que os fotógrafos não davam muita bola para a sociedade negra. Achei isso uma sacanagem e resolvi fotografar esses caras”, afirma. Leia a entrevista: Como começou o seu interesse por fotografia? Quando eu fazia ginásio, a nossa professora de canto pediu que os alunos buscassem informações sobre mú-
Você chegou a se formar? Não, eu saí faltando um ano para as pessoas em terminar meu curso. Saí porque já tinha me apaixonado pela fotogracada clique, sem fia e já trabalhava como aprendiz deturpá-las, no seu no Última Hora, o jornal do Samuel movimento pessoal” Wainer, em 1955. Depois eu servi o Exército, com 18 anos, e quando sica na biblioteca. E o primeiro livro voltei já estava empregado. que eu peguei falava sobre revelação de fotografia. Foi aí que eu me apai- Se formou na prática então? xonei. Minha mãe me deu uma má- Ah, sim. Eu sou jornalista de carteiquina vagabunda, mas que eu usei rinha assinada com a função de fobastante. Dois anos depois, meu pai, tógrafo de um tempo que não havia que viajava muito de navio, trouxe ainda faculdade, de um aprendizade Estocolmo nada menos que uma do técnico para você se tornar um Rolleiflex. E aí eu era um garoto de jornalista. Eu me lembro que fiquei 15 anos que tinha como se fosse um seis meses lá, já efetivo, e então Rolls-Royce da fotografia. Eu fiquei o diretor da redação falou assim: muito empenhado, queria mudar a “Manda esse menino lá no Minishistória do país, trabalhando com a tério do Trabalho, que eu gosto do luz, então não deu outra, estou há 56 serviço dele, então ele já pode tirar carteira profissional”. Foi assim coanos nesse trabalho. migo e com tantos outros. O que seus pais acharam de você O que te atrai na linguagem fotose tornar fotógrafo? Meu pai era da Marinha, minha mãe gráfica? trabalhava em casa e eu era filho úni- O que me atrai é a questão da luz co. Eles não queriam, não gostavam. e das sombras. E também esse moPapai queria que eu fosse militar como vimento de descobrir as pessoas. ele, e minha mãe queria que eu fosse Procuro entendê-las em cada clique, um doutor qualquer, mas que tivesse sem deturpá-las, em qualquer lugar que estejam, eu procuro entendê-las um canudo de papel na mão. “procuro entender
no seu movimento pessoal, particular, no seu mundo próprio, e nesse entendimento passar algo de beleza estética. Quando estou fotografando, na verdade, não é uma realização só minha, mas de entendimento com aquela pessoa que passa. O que você mais gosta de fotografar? As pessoas. Homens, mulheres, velhos, crianças. Essa é a minha identidade. Às vezes eu me deparo com uma harmoniosa fachada, uma paisagem, mas o meu negócio são as pessoas. Você fotografou diversos músicos brasileiros, como Clementina de Jesus, Cartola e Pixinguinha. Tem um interesse especial pela música? Eu sempre fui muito musical. Antes da fotografia, eu queria ser cantor de rádio. Com 14 anos eu cantava no programa Clube do Guri, da rádio Tupi, do Samuel Rosemberg, aos “por ser um negro, achei que deveria fazer uma ode pessoal a esse pessoal”
Entrevista
domingos. Claudete Soares também cantava, ela seguiu carreira na área depois. Mas eu saí fora, achei que não era um mundo para mim. Era um mundo de muitos sacrifícios, muitas sacanagens, eu sou metido a poeta, achei que não ia me dar bem lá. Então comecei a me preocupar em fotografar Paulinho da Viola, Candeia, Clementina de Jesus, Dona Ivone Lara, Pixinguinha e tantos outros. São pessoas que eu sabia que se tornariam constelações da música popular brasileira. E cada um deles era como se fosse um ator, eu escalava para fotografar, com um ambiente que tivesse a ver com a minha paixão.
é o ladrão, outra em que você é o engenheiro, e outra em que você é o invisível. Nesta última você não é percebido, como era o Bresson [fotógrafo francês, Henri Cartier-Bresson, morto em 2004]. Porque ele fotografava de uma forma desapercebida. O ladrão é normalmente o homem ligado à imprensa, que fotografa de uma forma inusitada o que está acontecendo diante de si, sem se preocupar com a estética. O engenheiro é aquele que tem o compasso e a régua para definir os seus trabalhos. Como eu fiz com o Pixinguinha quando coloquei ele na cadeira de balanço e pedi para ele olhar para a linha do horizonte.
Você também é conhecido por fotografar festas populares, como o Carnaval e a festa do Maracatu. Por que se interessou por esses registros? Eu sempre trabalhei fotografando o negro, sobretudo. Porque, sendo um deles, eu achei que deveria fazer uma ode a esse pessoal. Tem uma música que fala: “Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor”. Pois a gente está num país de maioria negra e, quando eu comecei a fotografar, percebi que os fotógrafos não davam muita bola para a sociedade negra. Achei isso uma sacanagem e resolvi fotografar esses caras. E sempre como totens, com a moral elevada, nunca na bandidagem, nunca o homem que rouba. Se você visualizar o meu trabalho, vai ver que eles estão sempre orgulhosos, sempre faceiros, encantadores. Então eu fui para rua e fotografei as manifestações folclóricas, pagãs, religiosas.
E qual deles faz da fotografia um ato político? A fotografia é um ato político quando você se organiza mentalmente para que o seu discurso visual seja entendido pelos outros, para que eles possam sentir que existe uma pretensão por baixo de tudo. Normalmente isso não se faz com o flagrante, o ladrão dificilmente faz isso, porque ele não pensa para fazer o clique. Ele é encurralado e fotografa o que estiver à sua frente. Já os outros dois, o engenheiro e o invisível, esses homens são eminentemente politizados.
E tem algum trabalho que você não fez ainda, mas tem vontade? Sempre alguma coisa que esteja ligada a onde esteja o homem, que a humanidade esteja lá e eu possa decifrá-la numa tentativa qualquer. Você está escrevendo um livro, certo? É um livro sobre a minha vida. Tenho muitas histórias para contar. Não só em nível de relacionamento com políticos, jogadores de futebol, atrizes. Pessoas simples também, operários. É um livro que está parado há seis anos, porque eu não escrevo nunca, embora tenha ganhado um prêmio Esso de reportagem, no Jornal do Brasil em 1963, com uma série de cinco reportagens sobre a Amazônia. Mas eu não tenho o hábito de escrever. Eu me encanto com o mundo da fotografia. É isso que realmente me faz respirar. Mas eu sempre tenho um bichinho me mordendo e dizendo “faça o seu livro”, e chegou a hora agora.
vivi praticamente no Rio de Janeiro inteiro, e hoje moro em Copacabana. Eu gosto da cidade, da sua beleza. E também da alma carioca, eles são sempre maravilhosamente sorridentes, e mesmo que a vida seja dolorida, eles não perdem a esportiva, estão sempre fazendo lorota. Essa troça nada vulgar é uma coisa que me encanta nos meus conterrâneos, embora eu não seja assim, eu sou mais comedido. Mas eu gosto do Rio pela sua beleza plástica e pela maneira do carioca ser. “acho que a melhor foto é aquela que vou fazer no próximo trabalho”
“o que eu faço
Você nasceu no Rio, onde viveu a maior parte da sua vida. Gosta da atráves da cidade? Eu sou carioca, de coração suburescrita fotográfica” bano, fui gerado no Irajá e parido em São Cristóvão, numa materniSendo assim, qual é a mensagem dade a 500 metros do meu clube política das suas fotos? de coração, o Vasco da Gama. Já Eu tenho uma foto pouco divulgada, da época da ditadura, em que aparece uma foto do Garrastazu Médici rasgada no chão e os soldados marchando no dia de 7 de setembro. A foto mostra mais de 50 homens, aparecem só as pernas deles, e em primeiro plano a foto do Médici levemente deformada. Ora, o que eu queria dizer com aquilo? Que havia uma pretensão agressiva daquele homem que estava no chão, com a cara rasgada, e a força do seu exército passando em cima da sua cabeça. Isso é certamente um ato político. é falar silenciosamente,
Você já disse que fotografar é um ato político. O que isso significa? Eu tenho uma tese de que o ato fo- Qual foi o trabalho que você mais tográfico se resume em três situa- gostou de fazer? ções diferentes. Uma em que você Não tenho isso. O trabalho que eu
Fotos: Walter Firmo
Por que essa preocupação de nunca fotografar o negro numa situação depreciativa? Porque se você for olhar a história desse país, o que fizeram no dia 13 de maio [de 1888, dia da Abolição da Escravatura] foi uma grande sacanagem. Importaram pessoas de outros países e jogaram o negro na rua. Não deram casa, nem terras para ele, e até hoje ele é subjugado a empregos menores. O que eu faço é falar silenciosamente, através da escrita fotográfica, é uma maneira de falar mais alto.
mais gostei é o que eu vou fazer amanhã. Eu sou uma pessoa de 77 anos, mas espiritualmente eu tenho 19. A carne é velha, mas o espírito é jovem. Então estou sempre imbuído no fazer, com muita disposição, e acho que a melhor foto é aquela que eu vou fazer no próximo trabalho.
09
fatos em foco
Empresas de ônibus
O relatório anual divulgado pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) sobre os danos causados ao meio ambiente por produtos químicos (gases, solventes, metais e combustíveis) mostra que as atividades dos postos de gasolina, em especial o armazenamento de combustíveis nas valas subterrâneas, são o que mais provoca a contaminação do solo. De acordo com o levantamento relativo a 2013, de um total de 4.771 áreas mapeadas nas cidades paulistas, 75% ou 3.597 eram resultantes das atividades em postos de combustível. Em segundo lugar na lista, aparecem as atividades industriais, com 768 casos (16%), seguidas da área comercial, com 232 (5%) e de resíduos, com 136 (3%). O restante, cerca de 1% dos registros, tem causas relacionadas a acidentes, fatos desconhecidos ou decorrentes das atividades na agricultura. (Da Agência Brasil)
Secom
Moradia Popular O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), sancionou na quarta (4) uma lei que garante subsídio municipal de até R$ 20 mil para a construção de imóveis pelo programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal. Ele também assinou um protocolo para a construção de 1.140 unidades de habitação popular em um terreno na Vila Clarice, na zona noroeste, resultado da mobilização da União dos Movimentos de Moradia, iniciada em 1987. O prefeito se comprometeu a contratar as 55 mil habitações populares previstas em seu programa de governo até o final deste ano, para que elas possam ser entregues no final do mandato. Até este mês, pelo menos 18 mil unidades já foram contratadas. “Às vezes, o empreendedor tem o terreno e a ajuda federal, mas a conta não fecha. Com essa lei, o município poderá complementar até R$ 20 mil para a conta fechar”, disse Haddad. (Da RBA)
Fernando de Barros e Silva
Alexandre Frota
Divulgação
No programa Roda Viva, da TV Cultura, o editor da revista Piauí, enfrentando um grande tabu, perguntou a Aécio Neves sobre os boatos relacionados ao uso de cocaína pelo político mineiro. Ele não teve resposta...
No Dia Mundia do Meio Ambiente, organizações criticam gestão dos recursos hídricos
As 19 empresas de ônibus concessionárias do transporte coletivo na capital paulista respondem juntas a 8.111 processos no Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo. O número corresponde a aproximadamente 15% do total de seus 54 mil funcionários. Entre os motivos, contestação de dispensas por justa causa, carga horária excessiva, horas extras não pagas. A empresa mais acionada é a Viação Itaim Paulista, que responde a 2.911 ações. No Tribunal Superior do Trabalho, última instância, há outros 35 processos. A empresa presta serviço nas regiões nordeste, sul e sudoeste da capital. Os dados endossam a versão dada por motoristas, cobradores e fiscais sobre o que levou a categoria a aderir a uma greve iniciada pelos trabalhadores da Viação Santa Brígida, que opera na zona noroeste da cidade. (Da RBA)
USP Imagens
Poluição do solo
A produção industrial brasileira fechou o mês de abril em queda de 0,3%, na comparação com o mês imediatamente anterior. Este é o segundo resultado negativo consecutivo, o que leva a indústria a acumular queda de 0,8% na produção nos meses de março e abril. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Brasil e foram divulgados pelo IBGE. Quando a comparação se dá com o mesmo mês do ano anterior, a produção industrial caiu 5,8% em abril deste ano. A produção iniciou o ano em queda de 2% em janeiro; cresceu 4,6% em fevereiro e depois voltou a cair 0,7% em março, sempre na comparação com igual mês do ano anterior. A produção industrial fechou os primeiros quatro meses do ano com queda de 1,2%, comparativamente ao acumulado dos primeiros quatro meses de 2013. (Da RBA)
USP Imagens
Elza Fuiza/ABr
produção industrial
O polêmico ator, apesar de afirmar que acredita na vitória da seleção brasileira na Copa do Mundo, disse que o grande astro da competição não será Neymar Jr., mas sim Cristiano Ronaldo. Faltou confiança!
Fotos: divulgação
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falta de Água
entidades denunciam crise de abastecimento Diversas organizações realizaram uma manifestação, na quinta-feira (5), para denunciar a crise de abastecimento pela qual o estado de São Paulo passa. Sindicatos da CUT e da CTB, dentre eles o Sintaema, que representa os trabalhadores da Sabesp, além do Movimento dos Atingidos por Barragens, Levante Popular da Juventude, União Nacional dos Estudantes, Marcha Mundial de Mulheres e MST se reuniram na estação Pinheiros de Metrô. “Não é possível que a população pague a conta pela estiagem, principal-
mente diante da inércia e irresponsabilidade do governo do PSDB, que, por duas décadas, deixou de investir em obras e planos de contingência”, afirma Adi dos Santos Lima, presidente da CUT São Paulo. A crise da água, alerta o dirigente, pode afetar mais o emprego do que o apagão da energia ocorrido em 2001, pois a eletricidade podia ser fornecida por geradores, mas a água não tem substituto. “Quando a água é insumo da produção, o desabastecimento pode colocar o emprego em risco”, afirma Lima.
internacional
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Rei renuncia e população vai às ruas por democracia
O rei Juan Carlos esteve no trono da Espanha desde 1975
1936. Queremos um referendo para que o povo possa decidir”, comentou Francisco Olmo, de 81 anos. A demanda por mais democracia
Agência dos EUA intercepta milhões de “fotos de perfil” Após anos focando em comunicações escritas e verbais, a NSA dá agora a mesma importância a fotos de rostos, impressões digitais e outros tipos de imagens, afirma o “NYT”. “Não estamos só por trás das comunicações tradicionais: trata-se de buscar todo um arsenal que explore digitalmente as pistas que um alvo deixa para trás em suas atividades frequentes na rede para serem compiladas em dados biográficos e biométricos”, diz um dos documentos. (Opera Mundi) Reprodução
A NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA, na sigla em inglês) intercepta milhões de imagens nas redes sociais para abastecer um programa de reconhecimento facial. Nem mesmo imagens de perfil e as chamadas “selfies” escapam do sistema de vigilância massiva, apontam novos documentos vazados por Edward Snowden, divulgados neste domingo (1) pela imprensa norte-americana. O programa de identificação facial coleta fotos em e-mails, mensagens SMS, mídias sociais - como Facebook, por exemplo - e até mesmo videoconferências para um sofisticado banco de dados, afirma o jornal New York Times - que, junto a Glen Greenwald, foram os únicos a receber os arquivos vazados da NSA. São milhões de imagens captadas por dia que, segundo o NYT, geram mais de 55 mil mapeamentos faciais de alta qualidade, que permitem a NSA reconhecer um indivíduo em questão de segundos, fornecendo “um enorme potencial inimaginável” em tecnologia da informação.
São milhões de imagens captadas por dia que geram 55 mil mapeamentos faciais
na escolha do chefe de Estado era a mais comum entre os manifestantes. “Eu considero que todos os cidadãos têm o direito de escolher
os seus representantes. Não é por ser filho de alguém que uma pessoa tem o direito a um trono ou a uma presidência”, reclamou Javier García, de 54 anos. Apesar dos protestos, o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, afirmou que a atual Constituição da Espanha não permite este tipo de consulta popular quando o assunto é a forma de governo do país. “[Eles] têm que respeitar os procedimentos estabelecidos na Constituição. Se eles não gostam desta Constituição, que apresentem uma reforma no Congresso”, disse. A Espanha deve ter um novo rei dentro de aproximadamente duas semanas. A família real espanhola, que antes era a instituição mais prestigiada entre os espanhóis, recebeu no último mês de maio uma nota de confiança de 3,72 (de 10 pontos possíveis). A nota é uma das menores já recebidas pela coroa na história. (Rafael Duque, do Opera Mundi)
Telesur
Milhares de espanhóis foram às ruas na última segunda-feira (2) reivindicando a realização de um referendo para decidir uma nova forma de governo para o país. As manifestações ocorreram horas após a abdicação do rei Juan Carlos, de 76 anos, que abriu mão do trono espanhol em favor de seu filho Felipe, o príncipe de Astúrias, de 45 anos. No entanto, assim que a notícia foi divulgada, grupos republicanos começaram a organizar atos em favor de uma reforma política na Espanha. Na noite de segunda-feira, o centro das principais cidades do país foi tomado por simpatizantes da república e cidadãos que defendem o seu direito de escolher uma nova forma de governo. Em Madri, na praça Porta do Sol, os manifestantes incluíam senhores de idade, crianças e famílias inteiras. “Estou aqui para defender a república porque nos foi tirada à força em
Reprodução/La Nueva
espanha O rei Juan Carlos abdicou do trono aos 76 anos em favor de seu filho, felipe
O novo presidente, Sánchez Cerén, assumiu o cargo para o período 2014-2019
Ex-líder guerrilheiro assume presidência de El Salvador Eleito com 50,11% dos votos, o ex-comandante guerrilheiro e líder histórico da FMLN (Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional), Salvador Sánchez Cerén, tomou posse no último domingo (1) como novo presidente de El Salvador. “Depois de longos anos de luta pela justiça de meu país, recebo com muito respeito a faixa presidencial, com o compromisso de exercer a presidência para todos os salvadorenhos”, disse.
O novo presidente assumiu o cargo para o período 2014-2019, o segundo consecutivo da FMLN. “A participação cidadã é fundamental porque o direito e a responsabilidade de construir este país é de todos”, afirmou Sánchez Céren, para quem o respaldo da sociedade é importante na criação de políticas públicas. “Queremos uma cidadania ativa, que exerça controladoria social, que exija princípios éticos dos funcionários”. (Opera Mundi)
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serviços
por Michele Menezes da Cunha
Juíza Federal
NOSSO DIREITO
por Fiocruz
NOSSa saúde
Aposentadoria especial: o que é e quem tem direito
A
aposentadoria especial é devida ao segurado da previdência social que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos, dependendo de cada caso especificado pelo direito. Para que o trabalhador faça jus ao benefício deverá comprovar a exposição permanente e habitual aos agentes nocivos, que podem ser físicos, químicos ou biológicos, durante o período mínimo fixado na norma (artigo 57 da lei nº 8.213/90). Não há exigência de idade mínima para a obtenção desse tipo de aposentadoria. Contudo, a grande dificuldade que o trabalhador enfrenta ao requerer a aposentadoria especial está nas exigências que o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) impõe para a comprovação da efetiva exposição a tais agente. É preciso que o trabalhador apresente formulários preenchidos pelo empregador e laudo técnico.
Fundação Oswaldo Cruz
Por isso, ao término do contrato de trabalho, ele tem o direito de obter, junto ao empregador, os formulários SB-40, DSS-8030 ou DIRBEN-8030, que especifiquem a atividade que o segurado exercia e os agentes nocivos a que estava sujeito, acompanhado de laudo técnico das condições ambientais do local de trabalho, ou o PPP – perfil profissiográfico previdenciário – que substituiu os documentos anteriores. Vale ressaltar que os formulários ou o PPP devem expressamente indicar que o trabalhador estava exposto aos agentes insalubres de modo permanente e habitual, bem como trazer a sua quantificação, já que a exposição meramente ocasional, isto é, durante apenas parte da jornada, não gera direito ao benefício.
Bafo de onça... E agora?
V
ocê chega numa festa, achando que vai beijar aquele gato e quando ele chega perto... Xiii! Você sente aquele cheirinho ruim da boca e o famoso mau hálito (halitose) estraga o grande momento. Há várias causas para a halitose, mas em mais de 90% dos casos, a origem é na cavidade bucal. Mas se você sofre de halitose, não fique triste. Cuidados diários de higiene e algumas mudanças na alimentação podem resolver o problema. A higiene bucal inadequada é uma das principais causas da halitose, segundo o dentista Fernando Matozinhos. Ela causa acúmulo de tártaro (restos de alimentos calcificados) e placas bacterianas, provocando sangramentos e inflamações na gengiva e no entorno dos dentes, e saburra
lingual. Restaurações desadaptadas e grandes cáries, que acumulam alimentos, também causam mau hálito. Para prevenir a halitose, recomenda-se uma boa higiene bucal, com escovação correta, limpeza da língua, uso do fio dental e de enxaguatório bucal sem álcool, bem como ida ao dentista. Todo mundo sabe que alguns alimentos causam mau hálito, como o alho, a cebola, a pimenta, rabanete, picles, repolho, couve, brócolis, bem como alimentos gordurosos. Contudo, a nutricionista Cristiane Almeida alerta sobre duas atitudes que estão diretamente relacionadas à halitose: beber menos de um litro de água por dia e ficar mais de três horas sem comer. Para ela, é importante uma dieta saudável, ingerir pequenas refeições a cada três horas e beber bastante água. Alimentos fibrosos e crus, como a maçã, a pera e o pepino, estimulam a mastigação e podem ajudar na limpeza dos dentes.
CLICK Da cidade
Foto: Augusto de Andrade
Grafite em um muro na rua Fradique Coutinho, na Zona Oeste
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por Elizabeth de Oliveira Na verdade, quando conheci essa receita, ela era de muffins de granola. Para facilitar, decidi colocar em uma forma de buraco e virou um bolo. É uma receita rĂĄpida, saudĂĄvel e gostosa – o mais importante! O bolo de granola nĂŁo fica muito doce, entĂŁo, para quem quiser adoçar um pouco mais o paladar, coma acompanhado por mel. Eu gosto de deixar para que cada um, na hora que for se servir, coloque a quantidade de mel que quiser em cima de sua fatia. Fica uma delĂcia! INGREDIENTES – 1 ½ xĂcara de farinha de trigo – ž de xĂcara de açúcar mascavo – 1 xĂcara de leite – 1 ovo grande
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– 1/3 de xĂcara de Ăłleo – 1 pitadinha de sal – 1 colher (chĂĄ) de fermento de pĂł – 2 xĂcaras de granola
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DICA 1: Se gostar, acrescente uva passa, castanha picadinha, damasco picadinho ou qualquer outra fruta seca. DICA 2: Eu, Ă s vezes, coloco 2 ovos e aumento um pouquinho de cada coisa.
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MODO DE PREPARO Bater na batedeira todos os ingredientes, menos o fermento e a granola. Por fim, acrescente estes dois Ăşltimos ingredientes e mexa com uma colher. Em uma forma untada com margarina, despejar a massa e colocar para assar em forno mĂŠdio atĂŠ crescer e ficar douradinho em cima por cerca de 25 a 30 minutos.
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BANCO
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BOLO DE GRANOLA
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Solução 7 ( 2 1 / , 1 6 7 $ / 5 7 ( ( 6 Ž 8 6 $ 2 5 ' $ 7 ( 8 6 ( 7 ( , 5 2 / 1 % 5 , ' 2 ( 1 5 6 2 $ & 2 & ( 8 5 8 * 8 $ 2 ) / $6 6 2 5 $
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Keka Campos, astrĂłloga | keka@ezdp.com.br
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O tempo Ê de descobertas e revelaçþes. Não de qualquer tipo, mas aquelas com um peso e uma importância grande, revolucionåria e libertadora. É momento de clareza, de senso investigativo, não hå mais espaço para entrelinhas, indiretas ou qualquer conduta obscura na relação consigo e com os outros. Quem souber lidar com o momento, poderå descobrir facetas em si mesmo que jamais havia tido consciência.
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Horóscopo • 06 a 12 de junho 2014
à ries - 21.03 a 20.04 Você tende a defender as suas opiniþes de um modo excessivamente intenso e atÊ objeçþes insignificantes podem deixa-lo furioso. Lembre-se que uma certa delicadeza não lhe faria mal algum, muito pelo contrårio.
Câncer - 21.06 a 22.07 Seu mundo emocional e sua receptividade talvez se encontrem num conflito com sua vontade, que o faz experimentar tensþes nas relaçþes pessoais. Exercite o desapego ao passado com meditação ou outra pråtica.
Libra - 23.09 a 22.10 Independente do caminho que escolher, contarå com a devida recompensa para seus esforços. Essa energia positiva faz parte de todos os seus atos e atÊ pode ser que, graças à sua diligência, herde uma boa fortuna.
Capricórnio - 22.12 a 20.01 Pode passar por frustraçþes e dificuldades, mas não deve ficar melancólico. Em vez disso, abra-se para os lado agradåvel da vida, retome contato com as pessoas queridas e verå sua situação transformar-se radicalmente.
Touro - 21.04 a 20.05 Apesar de grande charme e simpatia, pode passar por dificuldades financeiras e emocionais. Tenha cuidado para nĂŁo se tornar um cĂnico que responsabiliza todo o mundo – exceto a si mesmo – por seus infortĂşnios.
Leão - 23.07 a 22.08 A falta de sinceridade poderå tornar-se um problema e embora as pessoas lhe avisem sobre esse defeito, você não quer vê-lo. Deseja que todos gostem de você, mas cabe-lhe mostrar mais modÊstia, para alcançar isso.
Escorpião - 23.10 a 21.11 Você dispþe da energia necessåria para decidir as coisas proveitosamente. Graças à sua disciplina, obterå resultados admiråveis. Para obter sucesso, planeje tudo meticulosamente, não deixando apenas acontecer.
AquĂĄrio - 21.01 a 19.02 VocĂŞ sente que dispĂľe de reservas de energia admirĂĄveis. Graças a seu espĂrito vivo, nada deve impedi-lo, pois percebe a engrenagem oculta das coisas e pessoas. Um dos pais pode ter um papel importante em sua vida agora.
GĂŞmeos - 21.05 a 20.06 A delicadeza e a diplomacia agora nĂŁo sĂŁo seus pontos fortes. Deveria tentar relacionar-se de forma menos rude e antes de tomar decisĂľes, leve em conta todos os fatos e opiniĂľes, para nĂŁo agir muito subjetivamente.
Virgem - 23.08 a 22.09 VocĂŞ estĂĄ bem-humorado e sente-se bem, o que tambĂŠm reflete no aconchego do seu lar. A sua criatividade chama a atenção das pessoas e essa qualidade influencia seu estado de espĂrito, dando-lhe paz interior.
Sagitårio - 22.11 a 21.12 Você distingue-se pela atitude positiva, o que se manifesta sobretudo pelo fato de sempre estar disposto a prestar ouvido às preocupaçþes alheias, mas, reserva para si a escolha das pessoas às quais quer fazer bem.
Peixes - 20.02 a 20.03 NĂŁo estĂĄ muito disposto a discutir as suas açþes, simplesmente faz aquilo que lhe parece certo. É possĂvel que trabalhe com algo ligado Ă solução de problemas humanos, jĂĄ que vocĂŞ sabe descobri-los tĂŁo bem com sua intuição.
Mídia Ninja
14 cultura
Jornadas de junho são retratadas em filmes prostestos Estão em cartaz, no cinema e na internet, os documentários “Junho” e “Rio em Chamas”
Como um filme passando na cabeça, as cenas do mês de junho de 2013 voltam à tona para quem participou e acompanhou, de perto ou de longe, as manifestações massivas de rua em diversas cidades do Brasil. Mas não é só no pensamento que ficam essas imagens, agora elas estão nos cinemas e na internet no formato de documentários. Com a perspectiva paulista, estreou, na quinta-feira (5), o filme “Junho”, produzido com as imagens da cobertura da TV Folha dos protestos. De acordo com o diretor da obra, João Wainer, a proposta é “tentar contar a história do que aconteceu no mês de junho. A gente tentou evitar qualquer tipo de julgamento, buscou ser descritivo”. Em debate realizado durante a pré-estreia do filme, o diretor disse ainda que “a gente tentou trazer analistas e comentaristas de matizes ideológicas diferentes, para que houvesse um equilíbrio.” A primeira parte do filme traz imagens e depoimentos que já haviam circulado em reportagens na internet, mas que não deixam de impactar pelo retrato da violência policial massacrante que atingiu os protestos em São Paulo. As cenas são entrecortadas pela análise de quem participou dos atos, como Nina Ca-
pello, integrante do MPL (Movimento Passe Livre). Também opinam jornalistas e analistas, como Juca Kfouri, Leonardo Sakamoto, Demétrio Magnoli e Clóvis Rossi. Para o final, o filme “Junho” reserva uma leitura poética que busca trazer o “sentimento um pouco confuso” que representou o momento em que os protestos atingiram seu auge naquele mês, aponta o diretor João Wainer. Outro filme que aborda as manifestações de 2013 é “Rio em Chamas”. O filme é fruto do trabalho de mais de 50 pessoas, com dez produtoras e doze diretores, que se juntaram para retratar a crise que se passa no Rio de Janeiro desde o ano passado até o início deste ano. Em entrevista à Revista Fórum, Daniel Caetano, um dos diretores e idealizador da obra, conta que aconteceu a união de “mídia ativistas para um alcance diferente, para fazer um filme militante”. “Junho” Direção: João Wainer Onde: Espaços Itaú Augustas, Frei Caneca e Pompeia, e no ITunes “Rio em Chamas” Direção: Vários Onde: Assista online em vimeo.com/88130053
São Paulo terá mais ciclovias pela cidade Divulgação
por Vivian Fernandes
Depois das faixas exclusivas para ônibus, a Prefeitura de São Paulo vai implantar outro projeto que prioriza meios de transporte que não o carro: a construção de 400 km de ciclovias. Diferente das ciclofaixas ou das ciclorrotas, as ciclovias serão segregadas ao trânsito e ficarão coladas à calçada, o que suprimiria vagas para carros, inclusive nas áreas de zona azul. Divulgado na última quarta-feira (4), o projeto deve ser concluído até o final de 2016 e custará em torno de R$ 80 milhões. Os recursos para custear a construção das
ciclovias podem vir do Fema (Fundo Estadual do Meio Ambiente). Na apresentação do plano, o secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, disse estimar que entre 30 mil e 40 mil vagas de carros sejam extintas para a viabilização das ciclovias. Atualmente a cidade tem apenas 63 km de ciclovias Um projeto piloto deste novo plano de ciclovias em São Paulo já está sendo construído. Com 1,6 km, o trecho fica na região central e vai ligar o Largo do Paissandu à Estação Júlio Prestes. (Por Ivan Longo, do Spresso SP)
{agenda cultural} zona oeste
zona leste Tulipa Ruiz Treze músicos e bandas participam do Circuito São Paulo de Cultura. Os destaques são a banda Mustache e Os Apaches, a cantora de MPB Tulipa Ruiz, e a paraguaia Perla, intérprete do clássico “Índia”. Até 08/06 das 16h às 21h – Entrada gratuita – Biblioteca Cassiano Ricardo – Avenida Celso Garcia, 4200, Tatuapé
Feira Gastronômica A feira conta com várias opções de massas, comida paulistana, saltenhas bolivianas, sanduíches de pernil, brigadeiros gourmet, cookies, cairipinhas e outras coisas gostosas. Você poderá desfrutar de deliciosos pratos com preços que variam de R$ 5 a R$20. Até 31/10, Sáb das 11h às 19h – Mercado Pop – Rua Teodoro Sampaio, 1041, Vila Madalena
Museu da imigração Após quatro anos de reformas, o Memorial do Imigrante, localizado no tradicional bairro da Mooca, reabre suas portas totalmente repaginado. E, agora, com nome novo: Museu da Imigração do Estado de São Paulo. Até 31/07; Ter, Qua, Qui e Sab das 09h às 17h; Sex das 09h às 21h; Dom das 10h às 17h – Entrada gratuita – Rua Visconde de Parnaíba, 1316, Mooca
Rodrigo Schmidt/Divulgação
Festa SP Sunset É um evento ao ar livre que conta com discotecagem, jazz ao por do sol, performances, intervenções artísticas e muito mais. Esse festival tem como objetivo mostrar novos e diferentes tipos de expressões artísticas que estão borbulhando na cidade. Sáb (07/06) às 15h – Entrada gratuita – Tenda Cultural Ortega y Gasset (USP) - Rua do Anfiteatro, s/n, Butantã
centro
zona sul África No ano em que comemora seus dez anos de fundação, o Museu Afro Brasil celebra também o Dia Internacional da África com duas novas exposições: “Objetos simbólicos – Casa do Patrimônio de Porto Novo, Benin” e “Espírito da África – Os Reis Africanos”. Até 03/08; Ter a Dom das 10h às 17h – Entrada gratuita – Parque do Ibirapuera – Rua Pedro Álvares Cabral, s/nº, Pavilhão Manoel da Nóbrega, portão 10 João e Maria O espetáculo conta a história de João e Maria em uma nova versão em que eles são obrigados a deixar o sertão sozinhos por causa da seca e da fome. Assim, os personagens passam uma noite de terror na caatinga. Até 15/06, Sab e Dom às 16h – R$ 10 – Teatro João Caetano – Rua Borges Lagoa, 650, Vila Clementino
Divulgação
Castanha e Caju O musical “Um Mestre Brasileiro - A vida e obra de Mestre Irineu Serra”, é do diretor Márcio Araújo e conta a história do herói anônimo maranhense Mestre Raimundo Irineu Serra. O espetáculo conta com um elenco de 20 pessoas. Sá (07) e Dom (08) às 14h; Dom (15/06) às 14h; Sáb (21/06) às 14h; Dom (29/06) às 13h – Entrada gratuita – Fábrica de Cultura Vila Nova Cachoeirinha – Rua Franklin do Amaral, 1575, Vila Nova Cachoeirinha Chico Esperança O cantor e compositor pernambucano apresenta um amalgama de sonoridades que vão da batida intensa do maracatu à linguagem ligeira do coco e às influências do flamenco, do fado e da música africana. Sáb (07/06) às 19h – Entrada gratuita – Sesc Santana – Avenida Luiz Dumont Villares, 579, Santana
Reprodução
zona norte
Festa Junina A 100ª edição da Festa de Santo Antônio do Pari, com o tema “Sustentados pelo amor, unidos na esperança”, promete esquentar junho com músicas, comidas e bingos típicos do período junino.Até 15/06; Sab e Dom 17h às 23h – Entrada gratuita – Praça Padre Bento, 13, Centro Mostra do filme livre Mostra do filme livre homenageia a cineasta Ana Carolina, que conta com seis de suas produções exibidas no evento. Dentre elas, “Amélia”, “Getúlio Vargas” e “Das Tripas Coração”. Até 18/06; Qua a Dom às 17h – Entrada gratuita – Centro Cultural Banco do Brasil – Rua Álvares Penteado, 112, Centro
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esporte
Felipão ainda não fechou lista de titulares Iniciar a preparação da Copa do Mundo como titular não significa permanecer até o início da competição nessa condição. Os 11 preferidos de Felipão ainda não estão completamente fechados e o amistoso desta sexta-feira (6) será uma dos momentos decisivos para a decisão final do técnico. Uma possibilidade de mudança é Willian, que vai indo bem nos treinos em Teresópolis e até marcou gol contra o Panamá. No jogo, ele entrou no lugar de Oscar, campeão da Copa das Confederações, mas que vem se recuperando de uma lesão. Aparentemente,
Felipão pode substituir Oscar e Daniel Alves
hóspedes
o técnico da seleção pode mudar a ideia original e decidir-se por Willian como titular. Outro que vem mostrando um bom futebol é Maicon. Ele também atuou bem no segundo tempo em Goiânia, apoiando mais que Daniel Alves, a quem substituiu, mesmo este último tendo feito um gol. Maicon, entretanto, está mais longe de tomar a vaga de Alves. Apesar disso, o atleta recuperou a confiança da comissão técnica, que chegou cogitar escalar Rafinha em seu lugar para jogar na Copa do Mundo.
trabalho Fifa
bruxa solta
Rafael Ribeiro/CBF
copa do mundo Após amistoso contra a sérvia, maicon e Willian podem entrar na lista dos 11
Ambulantes liberados
O meia Alex Oxlade-Chamberlain machucou o joelho direito na quarta-feira (4) durante o amistoso entre sua seleção, a Inglaterra, e o Equador, realizado em Miami (EUA). Após a partida que terminou em 2x2, o técnico inglês, Roy Hodgson, demonstrou preocupação. “Temos medo de que possa ter havido uma lesão nos ligamentos.” Exames seriam realizados para determinar a possibilidade do atleta participar da Copa. Em Amsterdã, durante a partida que culminou na vitória de 2 a 0 da Holanda sobre o País de Gales, Robin van Persie, atacante, saiu machucado no intervalo, não retornando para o segundo tempo. Já o francês Franck Ribéry sofre de lombalgia crônica há sete semanas, não jogou no amistoso contra o Paraguai e nem treinou com a seleção na quarta-feira.
A prefeitura de São Paulo intermediou acordo para permitir que até 2,4 mil ambulantes trabalhem durante as exibições de jogos na cidade: os atuais 1,8 mil ambulantes que já têm o Termo de Permissão de Uso poderão vender cerveja, água e refrigerante nas exibições “extraoficiais” de jogos da Copa em praças públicas. Outras 600 novas permissões temporárias serão distribuídas a ambulantes que poderão circular nos arredores da Arena Corinthians e na Fifa Fan Fest. O assunto era discutido por um grupo de trabalho criado para ouvir as demandas dos ambulantes. O acordo prevê que os ambulantes poderão vender apenas marcas dos patrocinadores do evento, mas poderão oferecer preços mais competitivos. Na mão do ambulante, água, refrigerante ou cerveja sairão por R$ 5 cada, enquanto dentro do estádio o preço será R$ 6, R$ 8 e R$ 10, respectivamente. (Da RBA)
Fotos: Wikimedia
Jogadores lesionados
Irã no Corinthians Na última quarta-feira (4), o Irã fez seu primeiro treino no CT do Corinthians, na zona leste da capital paulista, sua base de treinos durante a Copa. O mais surpreendente foi a quebra de um tabu: os jogadores entraram em campo trajando verde. Com exceção da grama, a cor é praticamente proibida no centro de treinamentos corintiano. Ronaldo Ximenes, diretor de futebol do clube, minimizou. “Isso é bobagem. Eles alugaram o CT e são o Irã, e não o Corinthians, oras.” O CT passou por adaptações
para receber a seleção. Uma chopeira foi coberta a pedido da delegação, já que as leis iranianas consideram ilícito o consumo de álcool. A capela cristã no local não foi modificada, nem os santos católicos que adornam o vestiário. Para permitir as preces dos visitantes, a sala de visitas foi convertida em um recinto de preces mulçumanas, com a colocação de um tapete persa no local. No Islamismo, os fieis devem realizar suas preces cinco vezes por dia, voltados para a cidade de Meca.