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Sons de Portugal

Profissões Técnicas

Luciana Schuetze Eunice Paiva Fernanda Torres Anne Pearson

Let’s celebrate Women’s History Month! Vamos celebrar o mês das Mulheres!

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Editor-in-Chief / Editor Exécutif

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Wave Magazine is an ethnocultural publication based in Ontario, operating with a lean structure and no formal employees. Instead, we cultivate dynamic collaborations with professionals who contribute on a pro-bono basis or as freelancers, engaged per project.

WAVE MAGAZINE 2025 DIGITAL Nº 2

Mensagem da editora

Entrevista com Anne Mackenzie Pearson

O Brasil no Oscar 2025 11 Fernanda Torres – Uma vida entre gigantes da arte brasileira

17 Carteira de motorista – CNH brasileira pode encurtar o caminho para a Driver's License canadense em Ontário

20 Liberdade é um Motorhome e um trabalho remoto – Uma forma alternativa de viver

24 Imposto de Renda no Canadá – Declaração correta evita perda de benefícios

26 Descobrindo os sons de Portugal – Tradição portuguesa com som contemporâneo

28 Imigração – Na minha matemática não houve divisão, apenas soma

29 Receita de Biscoito de Polvilho

Luis Camara Secretar y Treasurer

Marcello Di Giovanni

Recording Secretar y

Jack Oliveira Business Manager

Nelson Melo President

Jaime Cortez E-Board Member

Bernardino Ferreira Vice -President

Pat Sheridan E-Board Member

Leia nesta edição

Esta

edição digital celebra o Dia Internacional da Mulher (8 de março) e se estende pelo mês, sendo dedicada às mulheres e suas conquistas.

Em uma entrevista exclusiva, conversamos com Anne Mackenzie Pearson, neta de Lester Pearson, o 14º Primeiro-Ministro do Canadá, e vencedora do YMCA 2024 Peace Medal Award.

No mundo do cinema, celebramos a vitória do filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, vencedor do Oscar 2025 de Melhor Filme Estrangeiro. A obra traz como protagonista Eunice Paiva, uma mulher guerreira e inspiradora. Também homenageamos a talentosa Fernanda Torres, que construiu sua carreira artística ao lado de gigantes da arte brasileira.

Na seção de serviços, explicamos como a CNH brasileira pode encurtar o caminho para a Driver's License canadense

em Ontário. Ainda na pauta de serviços, esclarecemos dúvidas sobre a declaração do imposto de renda no Canadá, essencial para evitar a perda de benefícios no país.

Exploramos também formas alternativas de viver e trabalhar, com a história de quem adotou um motorhome e o trabalho remoto como estilo de vida. E para os amantes da cultura, trazemos uma viagem pelos sons contemporâneos de Portugal, que misturam tradição e modernidade.

Na seção de imigração, conheça um depoimento inspirador onde, na matemática da vida, não houve divisão, apenas soma. A receita desta edição? Biscoito de polvilho, um clássico irresistível!

Boa leitura!

Anne Mackenzie Pearson

Presidente da UN Association, Hamilton

(...) os direitos humanos são tanto individuais quanto coletivos, e nenhum direito humano é absoluto, especialmente se infringir os direitos humanos de outros.

Neta

de Lester B. Pearson – Primeiro-ministro do Canadá de 1963 a 1968 e figura emblemática que dá nome ao Aeroporto Internacional Pearson, em Toronto –, Anne Mackenzie Pearson construiu sua própria trajetória de impacto, dedicando-se ao estudo e à promoção do diálogo inter-religioso.

Nascida em Londres, Ontário, Anne passou a infância no exterior, acompanhando o pai, diplomata em Paris, Nova Délhi, Cidade do México e Moscou. Além de viajar intensamente na adolescência, muitas vezes sozinha, viveu por vários anos na Índia, onde realizou pesquisas para seu doutorado.

Especialista em estudos religiosos, concentrou-se nas tradições do sul da Ásia, com ênfase no hinduísmo e no papel das práticas religiosas na vida das mulheres hindus. Doutora pela McMaster University, lecionou em instituições renomadas como McMaster University e Wilfrid Laurier University. Entre suas contribuições, destaca-se o livro "Be-

cause It Gives Me Peace of Mind: Ritual Fasts in the Religious Lives of Hindu Women", no qual explora o significado dos jejuns rituais na religiosidade feminina. Além da academia, Pearson tem forte atuação comunitária, refletindo seu compromisso com justiça social e equidade. Presidiu o Hamilton Interfaith Peace Group e foi vice-presidente do conselho da organização Empowerment Squared, dedicando-se a iniciativas de inclusão e transformação social. Em novembro de 2024, recebeu a Medalha da Paz do YMCA.

Em entrevista exclusiva para Rosemary Baptista, representando a Wave Magazine pelo programa Local Journalism Initiative (LJI), Pearson compartilhou suas experiências, reflexões sobre religião e sociedade. Também, sobre o seu compromisso com o diálogo inter-religioso no Canadá e no mundo. A matéria original e completa de Rosemary Baptista —em inglês— está disponível no site WaveMagazine.ca

Entrevista com Anne Mackenzie Pearson

WAVE: Você é neta de Lester Pearson, que é um dos primeiros-ministros do Canadá mais admirados deste século e deixou um grande legado. Como seu avô influenciou sua vida e suas escolhas?

ANNE – Eu diria que meu avô e também meus pais tiveram uma profunda influência nas minhas escolhas de vida. Tornar-me especialista em hinduísmo foi influenciado, claro, pela função de meu pai na Índia quando eu era uma jovem adolescente. Mas, em geral, a preocu-

pação com a justiça social, com a paz –isso foi transmitido a nós pelo meu avô e pelos meus pais. Além disso, fomos educados com valores fundamentais como generosidade, humildade, compaixão e serviço. Acho que uma das coisas que meu avô realmente me influenciou foi esse conceito de internacionalismo. Ele falava muito sobre os perigos do nacionalismo extremo nesse momento da história humana. Um patriotismo saudável é bom e não há problema com isso! E,

Alyssa Lai, presidente do conselho de diretores da YMCA, e o vice-presidente Paul Gibel presenteiam Anne Pearson com uma Medalha da Paz de 2024 (Foto: Cathie Coward The Hamilton Spectator)

claro, ele trouxe a bandeira canadense que honrou a singularidade do Canadá, mas disse que vivemos em um mundo tão interconectado que também precisamos desenvolver um senso de cidadania mundial. Muitas pessoas observaram isso, mas ele praticou em sua diplomacia, ele praticou como primeiro-ministro, ele praticou em sua vida pessoal, continuando isso após sua aposentadoria como primeiro-ministro em 1968, quando, por exemplo, trabalhou com o Banco Mundial. Ele promoveu a ideia de interdependência mútua, de nossa necessidade de nos comprometermos com o bem-estar dos outros, enquanto também olhamos para nossas próprias necessidades – esse tipo de ideal. Embora eu tivesse 15 anos quando ele morreu, essas sementes foram plantadas profundamente em mim e em meus irmãos também.

WAVE: Quantos irmãos você tem?

Anne – Éramos 5. Minha mãe tinha que nos transportar de um país para outro, o que era um trabalho e tanto!

WAVE: Você era próxima do seu avô?

Anne – Bem, como estávamos longe por muito tempo, e ele estava tão ocupado, não o víamos muito enquanto eu crescia – exceto pelo período em que ele foi primeiro-ministro, nós estávamos vivendo em Ottawa. Então, durante aqueles 5 anos em que ele foi primeiro-ministro, costumávamos almoçar aos domingos com nossos avós na casa do primeiroministro na Sussex Drive.

Tenho muitas memórias felizes daquela época. Meu avô amava seus 10 netos. Ele não tinha medo de se ajoelhar e

correr atrás de nós por diferentes cômodos da casa, compartilhando seus amendoins e refrigerante de gengibre (Canada Dry Ginger Ale) conosco! Eu tinha entre 7 e 10 anos naquela época. Ele era um avô muito caloroso e amoroso.

Durante aquele tempo, meu pai estava envolvido nas negociações de desarmamento nas Nações Unidas. Como tanto meu avô quanto meu pai estiveram tão envolvidos na ONU e suas agências, isso também me influenciou a me envolver na filial de Hamilton da Associação das Nações Unidas do Canadá. Agora eu também sirvo no Conselho Nacional da UNA-Canada.

WAVE: É justo dizer que seu avô, Lester Pearson, iniciou o movimento multicultural no Canadá?

Anne – Trudeau realmente pegou isso de forma significativa, mas estava de acordo com a visão de mundo do meu avô. Pearson inicialmente se concentrou em bilinguismo e biculturalismo – uma época, a década de 1960, que viu o início do movimento separatista de Quebec. Ele estava profundamente preocupado com a divisão do Canadá em "two solitudes" (duas solidões). Assim, ele iniciou comissões de investigação sobre bilinguismo e biculturalismo, e ajudou a tornar o francês a segunda língua oficial do Canadá para incentivar os canadenses anglófonos a aprender francês e os francófonos a aprender inglês, para que tenham esse senso compartilhado de identidade como canadenses. E assim, o próximo passo seria criar o conceito de um Canadá multicultural – o multiculturalismo que Trudeau captou.

"Os direitos humanos são tanto individuais quanto coletivos"

WAVE: Então, você sente que no mundo de hoje, o multiculturalismo está funcionando da maneira que deveria?

Anne – É difícil dizer que está funcionando como deveria, porque à medida que as décadas passam, o contexto muda. Mas acho que os fundamentos estão lá e funcionam. E os fundamentos têm informado uma identidade canadense que realmente está se tornando cada vez mais multicultural. Então, mesmo que os canadenses não estejam tão entusiasmados, talvez, quanto costumavam estar de algumas maneiras, acho que devemos nos orgulhar do que conquistamos como nação, como uma nação

internacional. Precisamos continuar trabalhando neste experimento de unidade na diversidade!

WAVE: Uma certa expectativa de acomodação que favorece a cultura de um indivíduo parece ser a demanda hoje. Como pacificadora, talvez trazer conflitos violentos de uma parte do mundo para o Canadá não se alinhe com os ideais e o legado de seu avô como ganhador do Prêmio Nobel da Paz. Você concorda com isso?

Anne – Sim, concordo. É naturalmente difícil para muitos recém-chegados ao Canadá deixarem de lado sua cultura anterior, suas lealdades, suas visões de mundo. E isso está correto até certo ponto. Mas os recém-chegados, assim como os canadenses de longa data, devem fazer esforços para acomodar uns aos outros, e isso pode significar deixar de lado alguns preconceitos ou práticas anteriores. Uma perspectiva de direitos humanos pode ser uma boa maneira de olhar para essas questões, mas lembrese, os direitos humanos são tanto individuais quanto coletivos, e nenhum direito humano é absoluto, especialmente se infringir os direitos humanos de outros. Além disso, devemos pensar em nossos deveres e obrigações para com os outros, não apenas em nossos próprios direitos.

WAVE: Anne, entendo que você tem um parente brasileiro?

Anne – Sim, meu genro tem uma origem brasileira.

O texto original desta entrevista, em inglês, pode ser lido no site: WaveMagazine.ca

Dr. Anne M. Pearson (Foto: wilmetteinstitute.org)

O Brasil no Oscar 2025

Melhor Filme Internacional: Ainda Estou Aqui

Eunice Paiva (no topo à esquerda), protagonista de Ainda Estou Aqui; Fernanda Torres (esquerda), atriz principal; e Walter Salles, diretor do filme. (Fotos: Divulgação)

Eunice Paiva, protagonista do filme

brasileiro Ainda Estou Aqui —falecida em 2018 aos 89 anos— , é magistralmente interpretada por Fernanda Torres. A atriz dá vida a uma mulher que transformou a dor em resistência, tornando sua história um símbolo de coragem e justiça.

Dirigido por Walter Salles, o filme

Ainda Estou Aqui reafirma seu talento para contar histórias humanas profundas

e socialmente relevantes. Com uma filmografia que inclui clássicos como Central do Brasil e Diários de Motocicleta, Salles mais uma vez entrega uma obra impactante, combinando narrativa envolvente, direção sensível e um olhar apurado sobre a realidade brasileira. Em entrevista coletiva à imprensa, em Los Angeles, Salles afirma que o filme "(...) ecoa o perigo autoritário que hoje grassa no mundo todo”.

Brasil Faz História no Oscar com o filme

Ainda Estou Aqui

No dia 2 de março de 2025, o Brasil celebrou um momento histórico no cinema mundial: pela primeira vez, um filme brasileiro venceu o Oscar na categoria de Melhor Filme Internacional. Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, emocionou o público e a crítica ao contar a comovente história de Eunice Paiva, interpretada com maestria por Fernanda Torres. O longa retrata a luta incansável de Eunice, mãe de cinco filhos, para descobrir a verdade sobre o desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva, durante a ditadura militar no Brasil.

Eunice Paiva:

Da Tragédia à Resistência

Eunice Paiva foi uma mulher de coragem e determinação. Quando seu marido, o exdeputado Rubens Paiva, foi sequestrado e morto pelos militares em 1971, ela enfrentou uma dolorosa jornada em busca de respostas. Em uma reviravolta de vida, Eunice se dedicou de forma destacada na defesa dos povos indígenas no Brasil. O filme Ainda Estou Aqui reconstitui sua trajetória de forma sensível e impactante. A narrativa equilibra momentos de profunda dor com cenas que mostram

sua resiliência e esperança. Fernanda Torres entrega uma atuação memorável, transmitindo a força interior de Eunice com autenticidade e emoção. Sua interpretação foi um dos grandes destaques do longa, sendo amplamente elogiada por críticos e pelo público.

O Impacto do Filme e seu Reconhecimento Internacional

Ainda Estou Aqui conquistou não apenas a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, mas também audiências ao redor do mundo. O filme foi exibido em festivais internacionais e recebeu prêmios importantes antes de sua consagração no Oscar. Sua vitória representa um marco para o cinema brasileiro, que há décadas buscava reconhecimento na maior premiação do cinema mundial.

O sucesso de Ainda Estou Aqui também reacende debates sobre a memória histórica e a justiça para as vítimas da ditadura no Brasil. A trajetória de Eunice Paiva, levada às telas com tanta intensidade, reforça a importância de nunca esquecermos os erros do passado para que não se repitam no futuro.

Com esta premiação histórica do filme Ainda Estou Aqui no Oscar 2025, como Melhor Filme Internacional, o Brasil reafirma seu talento cinematográfico e sua capacidade de contar histórias poderosas e universais. E, acima de tudo, celebra a memória de uma mulher que nunca desistiu de lutar pela verdade.

FernandaTorres

Uma Vida Entre Gigantes da Arte Brasileira

de dois dos maiores nomes da dramaturgia brasileira, Fernanda Torres nasceu em um ambiente onde o talento e a arte eram parte do cotidiano. Filha da atriz Fernanda Montenegro e do ator e diretor Fernando Torres, a atriz, escritora e roteirista construiu uma carreira sólida, independente e multifacetada, tornando-se um dos grandes nomes do entretenimento nacional.

Fernanda Torres (esquerda), Fernando Torres e Fernanda Montenegro. (Foto: divulgação)

A Influência da Família

Desde cedo, Fernanda Torres esteve imersa no universo teatral e televisivo. Com uma mãe reverenciada como uma das maiores atrizes do Brasil e um pai igualmente brilhante no teatro e na TV, sua trajetória profissional parecia inevitável. Apesar disso, Fernanda nunca se acomodou sob a sombra dos pais; pelo contrário, sempre buscou consolidar seu próprio espaço.

Seu talento a levou ao estrelato logo no início da carreira. Em 1986, com apenas 20 anos, tornou-se a atriz mais jovem a receber a consagrada Palma de Ouro de Melhor Atriz no Festival de Cannes pelo filme Eu Sei que Vou te Amar, de Arnaldo Jabor. Esse reconhecimento internacional foi um marco na sua trajetória e provou que ela não era apenas "filha de famosos", mas sim uma artista com luz própria.

Uma Carreira Versátil

Ao longo dos anos, Fernanda transitou com naturalidade entre cinema, teatro e televisão. Na TV, brilhou em novelas e séries marcantes, como Os Normais, onde interpretou Vani, uma personagem que conquistou o público com seu humor irreverente e situações cotidianas inusitadas. O sucesso da série foi tão grande que gerou dois filmes derivados, consolidando ainda mais seu talento na comédia. No teatro, herdou a paixão e o rigor técnico dos pais, construindo uma trajetória sólida nos palcos. Espetáculos como

A Casa dos Budas Ditosos e A Merecida são exemplos de sua versatilidade como atriz, explorando tanto o drama quanto o humor com maestria.

Nos últimos anos, Fernanda também se destacou como escritora. Seus livros Fim e A Glória e Seu Cortejo de Horrores foram best-sellers e lhe renderam elogios da crítica e do público, mostrando mais uma faceta do seu talento artístico.

Relação familiar de afeto e admiração mútua

Fernanda sempre teve uma relação muito próxima com seus pais. Seu pai, Fernando Torres, faleceu em 2008, deixando um legado no teatro brasileiro. Já sua mãe, Fernanda Montenegro, continua ativa na dramaturgia e é um ícone da cultura nacional.

Além da influência profissional, a relação familiar sempre foi marcada por muito afeto e admiração mútua. Fernanda Torres frequentemente fala sobre a importância da mãe em sua vida, tanto no aspecto pessoal quanto na construção de sua identidade artística.

Casada com o cineasta Andrucha Waddington, com quem tem dois filhos, Fernanda equilibra a vida profissional e pessoal com naturalidade. Assim como seus pais o fizeram, ela vive intensamente a arte, mas também valoriza os momentos em família, mantendo a tradição de um lar onde cultura e criatividade são partes essenciais do dia a dia.

Mulheres nas profissões técnicas Oportunidades e Perspectivas no Canadá

Aindústria da construção e das profissões técnicas qualificadas no Canadá tem sido historicamente dominada por homens. No entanto, nos últimos anos, o país tem tomado medidas significativas para criar mais oportunidades para as mulheres, especialmente imigrantes em Ontário e em todo o Canadá.

Com a crescente escassez de mão de obra qualificada e o reconhecimento da diversidade como um fator positivo, mais mulheres veem na formação técnica e no trabalho nessas áreas possibilidades promissoras de carreira. Da perspectiva de quem contrata, as mulheres enriquecem o ambiente de trabalho com soluções diferenciadas, melhorando a produtividade e promovendo a imagem das empresas no mercado. A inclusão feminina nas profissões técnicas deixou de ser apenas uma questão de equidade e tornou-se uma necessidade econômica.

Para as mulheres que atuam nessas áreas, essas carreiras oferecem segurança financeira e oportunidades de crescimento, principalmente em projetos de destaque nacional, como construção civil e energia renovável. Iniciativas go-

vernamentais e organizações como a Labourers’ International Union of North America (LiUNA) têm sido fundamentais, fornecendo treinamentos, suporte e um ambiente inclusivo, permitindo que as mulheres construam carreiras gratificantes e impactem positivamente a indústria.

Quebrando Barreiras

Mulheres interessadas em profissões técnicas enfrentam preconceitos e obstáculos em uma área historicamente dominada por homens. Mulheres imigrantes então, encontram desafios ainda mais significativos. Além da necessidade do domínio do idioma, têm uma barreira importante no acesso a informações sobre as possibilidades de formação nas Profissões Técnicas e caminhos que facilitem a sua inserção no mercado de trabalho canadense.

Importantes iniciativas voltada para as mulheres têm sido desenvolvidas ao longo dos últimos anos. Programas governamentais, sindicatos e outras organizações estão mudando esse cenário

ao fornecerem treinamento técnico, suporte profissional e mentoria. O objetivo está, justamente, em que mais mulheres, de diferentes origens, alcancem carreiras bem-sucedidas no setor.

Centros de Treinamento e Aprendizagem

As mulheres têm encontrado nos programas de treinamento e aprendizado uma forma eficaz de ingressar e se destacar nas profissões técnicas. Esses programas oferecem a oportunidade de desenvolverem habilidades essenciais em áreas como carpintaria, eletricidade, operação de equipamentos pesados e soldagem, entre outros.

Centros de treinamento em todo o Canadá fornecem às mulheres experiência prática, certificações de segurança e educação específica para a indústria, garantindo que estejam bem-preparadas e competitivas no mercado. Muitos desses programas são especialmente voltados para apoiar imigrantes, oferecendo treinamento linguístico, integração cultural

O papel feminino nas profissões técnnica vem ganhando importância no Canadá (Photo: Dreamstime.com)

e orientações sobre o reconhecimento de credenciais profissionais, facilitando seu sucesso no mercado de trabalho.

Por onde comecar?

Se você é uma mulher interessada em ingressar na área das profissões técnicas, aqui estão algumas etapas para começar imediatamente:

1. Identifique Seus Interesses e Habilidades – Pesquise diferentes profissões técnicas para descobrir qual área se alinha com suas habilidades e objetivos de carreira.

2. Busque Treinamento e Certificação

– Procure programas de pré-aprendizagem e aprendizagem que ofereçam habilidades essenciais e experiência prática. Algumas instituições-chave incluem:

• Ontario College of Trades – Oferece certificação, licenciamento e programas de treinamento.

• Skills for Change – Apoia mulheres imigrantes que desejam entrar nas profissões técnicas.

• Colleges e Centros de Treinamento –Instituições como George Brown College e Humber College oferecem cursos relacionados às profissões técnicas.

• Programa Women in Skilled Trades (WIST) – Uma iniciativa financiada pelo governo para apoiar mulheres ingressando no mercado de trabalho.

• Centros de Treinamento da LiUNA –Oferecem programas especializados

de capacitação e oportunidades de aprendizado com colocação direta no mercado de trabalho.

3. Encontre Programas de Emprego –Muitas organizações, incluindo a YWCA Toronto Employment and Training, oferecem apoio e orientação para mulheres imigrantes interessadas em profissões técnicas.

4. Crie uma Rede e Busque Mentoria –Conectar-se com outras mulheres na área pode ser muito valioso. Organizações como a Canadian Association of Women in Construction (CAWIC) e os programas de mentoria da LiUNA podem fornecer suporte e oportunidades de trabalho.

5. Candidate-se a Vagas e Aprendizagens – Muitas empresas estão buscando diversificar sua força de trabalho e oferecem posições voltadas para mulheres nas profissões técnicas.

6. Construa uma Rede de Apoio – A participação em eventos de networking, programas de mentoria e iniciativas lideradas por outras mulheres, amplia conexões com outros profissionais. Isso facilita o acesso a informações e a oportunidades e fortalece o sentido de pertencimento a uma comunidade, tão necessario às imigrantes.

Ingressar em uma profissão técnica pode parecer um desafio. Com determinação e persistência, você poderá construir uma carreira sólida e gratificante em uma área em constante crescimento. O primeiro passo começa agora!

O Papel da LiUNA no Apoio às Mulheres nas

Profissões

Técnicas

As mulheres têm conquistado espaço nas profissões técnicas no Canadá, impulsionadas pelo apoio da Labourers’ International Union of North America (LiUNA). A organização tem sido crucial na promoção da igualdade e na capacitação de mulheres, especialmente imigrantes, para construir trajetórias bem-sucedidas.

A LiUNA oferece treinamentos de excelência, suporte contínuo e iniciativas específicas, como mentoria e certificação profissional, ajudando mulheres a prosperarem em setores de alta demanda como operação de equipamentos pesados, construção civil e soldagem.

Na LiUNA as mulheres têm acesso a carreiras estáveis e bem remuneradas e a

recursos essenciais que fortalecem o seu sucesso em uma indústria historicamente dominada por homens. Com parcerias estratégicas, conecta suas associadas a redes profissionais e oportunidades de emprego, promovendo um ambiente inclusivo que favorece o crescimento pessoal e profissional. Além disso, defende políticas contra o assédio, igualdade salarial e segurança no trabalho, enquanto oferece benefícios como seguro de saúde acessível e suporte para aposentadoria.

Em Ontário, a LiUNA oferece uma ampla variedade de cursos que ajudam os profissionais, homens e mulheres, a atualizar e aumentar suas habilidades, tornando as associadas mais valiosas. Os empregadores sabem que o treinamento da LiUNA é de excelência, prático, voltado para pessoas que gostam de aprender fazendo. Existem vários centros de treinamento, espalhados pela província de Ontário. Confira os locais no site: liunaopdc.ca/training.

A LiUNA oferece vários centros de treinamento voltados para pessoas que gostam de aprender fazendo (Foto ilustrativa: Dreamstime.com)

Carteira de Motorista

CNH brasileira pode encurtar o caminho para a Driver's License canadense em Ontário

Alémde ajudar no dia a dia, sobretudo quando há a necessidade constante de percorrer as grandes distâncias da província de Ontário, a carteira de motorista —Driver's License— é um passo importante para viabilizar muitos trabalhos que exigem o requisito. A habilitação é um dos documentos mais procurados por brasileiros que residem no Canadá, até porque também é reconhecido como documento oficial.

Diferente do que ocorre no Brasil, aqui no Canadá, antes de se obter a carteira definitiva, conhecida como G-full, é necessário passar pelas G1 e G2, que impõem certas limitações aos condutores, como dirigir apenas acompanhado de um habilitado G-full, no caso daqueles que possuem a carteira G1.

O especialista no assunto e, há dois anos, proprietário da autoescola North Driving School, João Ribeiro, conta que o primeiro passo para conseguir a licença canadense é buscar um centro de testes autorizado pelo governo de Ontário (DriveTest) e fazer a prova teórica. Dessa forma, o candidato obtém a permissão de aprendiz (G1).

“Para isso, é necessário apresentar um documento de identificação válido, como passaporte, e um comprovante de residência canadense”, explica João. Ele conta ainda que a avaliação pode ser feita imediatamente após a chegada ao país. A prova possui quarenta questões de múltipla escolha divididas entre regras de trânsito e placas de sinalização. É necessário acertar pelo menos 80% para passar. O exame está disponível em português.

Habilitação brasileira conta ponto

Ter uma habilitação brasileira válida conta bastante na hora de retirar a sua carteira de motorista canadense. Com o documento e dois anos de experiência de direção comprovada, é possível pular da G1 direto para a fase final do processo. Caso contrário, após a retirada da carteira G1, de aprendiz, o candidato tem que esperar um ano para realizar a segunda prova, um teste de direção em

ruas urbanas e rodovias de menor movimento que avalia a capacidade do motorista de operar o veículo com segurança; e mais um ano para a prova final, um exame mais exigente que inclui direção em rodovias de alta velocidade (como a Highway 401).

“Quem tem uma CNH válida pode solicitar a conversão da experiência de direção no Brasil. É possível reduzir o tempo obrigatório entre os exames e, em alguns casos, pode até pular diretamente para a prova prática da G-full. O processo pode levar cerca de um a dois meses. Mas, sem a CNH ou sem experiência comprovada, pode levar até dois anos”, destaca João.

Maior confiança e mais chances de aprovação

Procurar profissionais com experiência é muito importante para obter sucesso na realização das avaliações, uma vez que existem regras de trânsito muito próprias no território canadense. “Uma escola confiável garante que o aluno aprenda as regras específicas do Canadá e desenvolva confiança para as provas”, disse João.

Além disso, instrutores com maior experiência conhecem os critérios de avaliação dos examinadores e ensinam técnicas que aumentam as chances de aprovação. “Escolher uma escola bem recomendada pode evitar custos extras com reprovações e retrabalho”, concluiu. Conheça algumas das principais regras e particularidades do trânsito canadense:

Cinto de segurança - O uso de cinto de segurança é obrigatório para todos os passageiros do veículo; assim como no Brasil.

Limites de velocidade - Os limites de velocidade variam entre 30 km/h e 100 km/h, dependendo da via. A sinalização de velocidade é exibida nas estradas, indicando a velocidade máxima permitida.

Parada obrigatória (Stop sign) Essa é uma regra à qual os brasileiros devem prestar muita atenção. No Brasil, ao nos depararmos com um sinal de parada obrigatória, é comum apenas reduzir a velocidade e verificar, ainda com o veículo em movimento, se o trânsito à direita e à esquerda está livre. No Canadá, no entanto, a placa de "STOP" exige que o veículo seja completamente parado antes de seguir. Essa é uma das regras que mais desqualificam candidatos em exames de direção e também pode resultar em multas, caso um policial de trânsito perceba que o carro não parou totalmente. Um detalhe importante é que, quando o veículo realmente para, ele dá um leve "galeio" — um balanço sutil que o inspetor sente durante a prova e que os policiais observam nas ruas. Portanto, certifique-se de fazer uma parada completa para evitar penalidades e garantir a segurança no trânsito.

Paradas em quatro vias - Em uma situação de parada de quatro vias, o primeiro a parar é o primeiro a sair. Se dois veículos chegarem ao mesmo tempo, você cede ao motorista à sua direita.

Virar à direita em um sinal vermelho - Geralmente é permitido virar à direita em um sinal vermelho no Canadá, exceto em Montreal e em cruzamentos expressamente proibidos.

Seta ou luz verde piscando - Uma seta ou luz verde piscando no sinal de trânsito significa que o motorista tem o direito de passagem para fazer uma curva à esquerda.

Sinais de saída da rodovia - Sinal de saída da rodovia no Canadá são indicados em uma caixa amarela nas placas de saída da rodovia. Os números correspondem à distância em quilômetros ao longo da rodovia.

Ônibus escolares - Quando um ônibus escolar está parado e suas luzes vermelhas estão piscando, é necessário parar completamente o veículo há mais de cinco metros de distância do ônibus. Antes de seguir viagem, certifique-se de que as luzes foram apagadas e que o ônibus está avançando.

Shoulder Check - Antes do exame de rua, pratique a verificação dos espelhos e o shoulder check, que consiste em olhar por cima do ombro para conferir os pontos cegos antes de mudar de faixa, fazer curvas ou sair de um estacionamento. Essa é uma das falhas mais comuns entre os candidatos.

Também fique atento aos limites de velocidade, paradas completas nos stop signs e sinais de preferência. Dirigir com segurança e confiança aumenta suas chances de sucesso. Boa sorte!

Liberdade é um Motorhome e um trabalho remoto

Conheça a história da Luciana

Hoje, a casa da brasileira Luciana Schuetze é um motorhome Georgetown 36F5 da marca Forest River, com 3 camas de solteiro, 2 camas de casal e 1 banheiro, atualmente estacionada em um campsite em Milton, Ontário. Há cinco anos atrás, ela começava a sua jornada de Campinas a Toronto. Expatriada pela empresa, Luciana veio assumir um novo cargo na maior cidade do Canadá. O plano era o clássico: casa, trabalho e tentar a residência permanente. Deu tudo certo. Luciana se mudou de mala e cuia, em janeiro de 2021, com filha, marido e

cachorros, que só chegaram em agosto. Trabalhou presencialmente na fábrica da farmacêutica que a emprega, até diminuir o ritmo presencial, assumir mais o remoto e passar a viver numa casa sobre rodas, o motorhome que batizou de “Urso.”

Luciana é minha mãe. Eu quis compartilhar a história dela porque ao acompanhar de perto essa trajetória, consigo ver quantas oportunidades o Canadá possibilita para quem tem esse espírito aventureiro e adora estar conectado com a natureza, assim como a minha mãe.

Esse é o Urso, a casa-carro do casal brasileiro Luciana e Eduardo. Essa foto, de abril de 2024, é do dia em que compraram sua nova casa. (Imagem cortesia de Luciana Schuetze)

Conexões com a natureza.

Uma história de vida

Essa vontade da Luciana em conhecer o mundo por meio da natureza, não é de hoje. Desde criancinha, seu pai, meu avô Ubirajara, levava ela e a família para acampar, seja na praia, no mato ou na montanha. “Eu amava, desde muito pequena mesmo, bebê. Com 2, 3, 4 anos… a gente ia acampar e aí passei a infância e adolescência acampando pelo menos uma vez por ano”, conta Luciana.

Sempre foram aventuras remotas. Lembro dela me contando histórias deles isolados por dias em praias do litoral de São Paulo, ou em trilhas desafiadoras que faziam para chegar ao local desejado. Isso a influenciou na sua escolha de assumir a vida nômade aqui no Canadá. Ela me disse que sempre preferiu acampar em lugares desertos e é por isso que gosta da ideia do motorhome.

Os lindos e enormes parques provinciais, lagos e montanhas do Canadá não foram o motivo da Luciana mudar para cá, mas quando soube que o país seria sua nova casa, a possibilidade de conhecer esses lugares a animaram muito. “Eu sabia das paisagens maravilhosas e da natureza do Canadá. Aqui, ainda mais que no Brasil, tem muito mais lugares inabitados. E é isso que eu gosto de descobrir.”

Em agosto, quando o tempo já estava mais quente, o seu melhor parceiro de aventura finalmente chegou do Brasil. “Assim que o Edu chegou, acho que no primeiro ou segundo final de semana, a gente já foi acampar.”

Desde que chegou ao Canadá em 2021, as aventuras de Luciana e Eduardo já passaram por diversos parques em Ontário e outras províncias. Com bastante experiência de aventura, esse é o programa favorito do casal.

Em busca de aventura

O marido da Luciana, o Eduardo, também é um grande aventureiro (eles se conheceram acampando). Há quase 20 anos, quando meu irmão tinha uns 5 ou 6 anos, minha mãe o levou para subir o Pico dos Marins em São Paulo – uma das montanhas mais altas do estado – com um grupo de amigos. Foi lá que conheceu o Edu pela primeira vez. Ao longo dos anos, eles se esbarraram em corridas de aventura e outros acampamentos. Mas foi em 2019, em um outro momento na natureza, que eles se reencontraram e iniciaram a atual parceria. “A gente estava dando uma volta, re-

(Imagem cortesia de Luciana Schuetze)

Foto 1: Primeira noite de Luciana e Eduardo no Urso, esperando o eclipse de abril de 2024.

Foto 2: Os cães Apo, Otis (os dois na foto) e Patchamama são a companhia animal de Luciana e Eduardo no Urso. (Imagem cortesia de Luciana Schuetze)

mando por Ilhabela (em São Paulo), em uma ilha de 150 quilômetros de diâmetro. A gente levou quatro dias,” ela me contou.

No Canadá, depois de alguns anos em Toronto e aguentando o período de lockdown e invernos severos, Luciana e Edu finalmente decidiram ir atrás de um motorhome e iniciar sua jornada de vida sobre rodas. “Eu sempre pensei em ter essa maior mobilidade, né? E eu queria mesmo, um dia, passar uma temporadada ou morar em um motorhome”.

Essa vontade do casal se associou ao fato de eu estar me formando na faculdade e saindo de casa. Também, de os dois estarem com mais flexibilidade no trabalho para assumirem a vida remota. E foi em abril de 2024, depois de algumas semanas de pesquisa e visitas a diferentes lojas de motorhome, que eles compraram o tal do Urso, que ficou o tempo todo estacionado em frente à nossa casa, enquanto fazíamos a mudança.

“O primeiro dia da viajem foi a primeira vez mesmo que a gente dormiu [no Urso]. A gente pegou o motorhome e fomos pra Niágara, que era o dia do eclipse total. Foi a noite mais especial do mundo. Foi muito lindo, eu já até arrepiei de novo, só de contar”, contou Luciana.

Conhecendo o Urso

O plano da Luciana e do Eduardo era comprar um motorhome menor, mas quando começaram a procurar, perceberam que para acomodar tudo que queriam, o ônibus tinha que ser maior. “A gente tem três cachorros grandes também. E como a gente faz muita aventura, tinha que ter espaço para duas bicicletas, um caiaque, uma canoa, snowboard, ski, snow shoes…”, explicou Luciana. E o Urso é grande. É como um ônibus mesmo, e tem slides, o que significa que partes da sala e do quarto arrastam

(Fotos: cortesia de Luciana Schuetze)

para fora do veículo, quando estacionado.“Com ele aberto a área interna é de 30 metros quadrados, então é maior, por exemplo, que apartamentos pequenos. E tem toda a comodidade de uma casa: tem televisão grande, geladeira, fogão e micro-ondas. A minha cama é Queen. O Urso 36 pés de comprimento. e dá para receber visita.”

O que você precisa saber

Para dirigir um motorhome como o Urso, que tem dois eixos, dá para usar a carteira de motorista normal daqui do Canadá, a Full G. Pode ser desafiador dirigir, disse a Luciana, mas nada que a prática não resolva.

Um dos desafios que ela encontrou foi achar lugares para estacionar sua casa perto da cidade, quando ainda estava trabalhando semi-presencialmente em North York. “Mas a minha expectativa no futuro, agora que eu tenho um trabalho 100% remoto, é poder ficar em lugares mais afastados." Então, o primeiro desafio do casal foi achar um lugar para ficar perto da cidade. O segundo vai ser achar lugares remotos e de graça em Ontário.”

Estacionar nas Terras da Coroa pode ser uma solução, já que é de graça. A Luciana pesquisa tudo na internet, e os sites dos parques das províncias e federais são ótimos para encontrar informações e fazer reservas. “É fácil de procurar, fácil de reservar. E são os lugares mais bonitos mesmo.”

Outro desafio foi essa temporada de inverno. O Urso é totalmente preparado para o frio, com isolante térmico e aquecimento. Mas algumas infraestruturas adicionais também são essenciais, princi-

palmente para aventureiros iniciantes. A água tem que estar subterrânea para não congelar. Então o sistema de água limpa e de esgoto tem que estar enterrado a mais de dois metros. "A gente não precisa sair, até porque tem muita neve nesta região,” disse a Luciana. “No inverno foi um desafio ficar com o Urso estacionado. Eu gosto de me mexer. Eu quis morar no motorhome para sair andando, mas o inverno já tá acabando.”

Com a primavera e o verão se aproximando, Luciana e Eduardo estão ansiosos para saírem por aí com o Urso, e a ideia é mesmo se aventurar. “Quando a gente tiver mais mobilidade ainda, o Edu está se organizando no trabalho, eu quero ir até o Alasca. Depois, o plano é tentar descer até o Brasil. Sei que isso parece um sonho muito distante… mas a ideia é essa.”, diz Luciana.

Para quem também quer ter esse lifestyle, Luciana sugere começar já. Tem que experimentar antes. Porque a vida no motorhome é mais ou menos um acampamento. Você vai ter que levar sua roupa para lavar fora, e tem que sempre drenar e higienizar a caixa sanitária do banheiro… " É uma vida diferente do que morar numa casa. Então, experimente acampar primeiro, experimente alugar primeiro. E depois pesquise muito, se ligue nas redes sociais para ver dicas e converse com quem já mora ou já usou um motorhome.”

Mesmo com os desafios e os estresses da vida sobre rodas, Luciana não trocaria o Urso por nada. Se quiser acompanhar mais aventuras da Luciana e seu parceiro, Edu, visite a conta deles no Instagram, @luedu.adventure.

deImposto Renda

Declaração correta evita a perda de benefícios

no Canadá

Até o dia 30 de abril, é necessário prestar contas ao governo canadense e realizar a declaração de impostos. Todos que possuem um Social Insurance Number (SIN) devem fazer o envio. Entre essas pessoas estão os residentes fiscais, não residentes que têm rendimentos no país, trabalhadores autônomos, estudantes, aqueles que possuem renda abaixo do limite de isenção, recebem benefícios governamentais ou têm ganhos de capital.

A contadora brasileira Mary Ataide, da Novo Accounting, explica que as consequências para quem não declarar os impostos ou o fizer de maneira inadequada podem variar de multas e juros até ações legais. “Em casos graves, a Canada Revenue Agency (CRA) pode tomar medidas legais, como congelamento de contas ou até prisão”, disse. Outras possíveis consequências são a perda de créditos fiscais ou benefícios governamentais, como o Canada Child Benefit; risco de auditoria e revisões que, segundo a contadora, muitas vezes são longas, invasivas e resultam em ajustes significativos na sua dívida fiscal; e problemas futuros na pontuação de crédito, que podem acarretar dificuldades financeiras e na obtenção de empréstimos.

Documentos em mãos

Para uma declaração segura, é importante ter em mãos os formulários de rendimento T4 (salário), T5 (investimentos), T3 (fundos fiduciários), além de recibos de despesas e o número do SIN ou Temporary Tax Number (TTN). Mary Ataide ressalta que os empregadores e outras fontes de renda devem enviar os documentos relacionados aos impostos até o fim do ano fiscal. No caso de 2024, o prazo é 28 de fevereiro de 2025. Os trabalhadores autônomos podem deduzir despesas necessárias para o negócio, como materiais, equipamentos, alimentação e transporte, entre outros. Esses profissionais têm até o dia 15 de junho para enviar a declaração. Porém, qualquer imposto devido deve ser pago até 30 de abril para evitar juros.

Cuidado com grandes promessas de reembolso

Atualmente, diversos anúncios estão sendo veiculados oferecendo serviços de declaração de impostos. Muitos deles apresentam taxas de serviço muito baixas ou promessas de reembolso muito acima da realidade. A contadora Mary Ataide alerta para esse tipo de propaganda.

“Preços muito baixos podem indicar problemas na aplicação das leis fiscais. Não confie em serviços que prometem reembolsos exagerados sem entender sua situação. A Canada Revenue Agency (CRA) tem regras muito específicas sobre como os reembolsos são calculados”, destacou. Outro ponto a ser levado em consideração ao contratar esses serviços é a reputação da empresa. Por isso, é importante verificar avaliações online em plataformas como Google Reviews ou Facebook, ou pedir referências de amigos, familiares ou colegas.

“Pergunte sobre experiência relevante, como em declarações específicas para autônomos e pequenas empresas, impostos de não residentes e situações fiscais

internacionais. Prestadores de serviços confiáveis serão claros sobre o processo, estarão dispostos a responder perguntas e não devem prometer resultados milagrosos”, afirmou Mary.

Ajuda gratuita para pessoas de baixa renda

Programas como o Community Volunteer Income Tax Program (CVITP) oferecem ajuda gratuita para pessoas de baixa renda, idosos ou pessoas com deficiência. Outras organizações locais de apoio a imigrantes também contam com programas para a declaração de impostos.

A Canada Revenue Agency oferece suporte online por meio da plataforma CRA My Account, além de guias e formulários disponíveis no site oficial do órgão. O atendimento também pode ser feito pelo telefone 1-800-959-8281. Porém, em situações em que a declaração for mais complexa, envolvendo diferentes fontes de receita e muitas despesas, por exemplo, é recomendada a ajuda de contadores e consultores experientes.

Celebrando o Mês da Mulher

Descobrindo os sons de Portugal Tradição portuguesa com som contemporâneo

O Duo Português Lavoisier

Emum ambiente envolto por projeções de azulejos portugueses, o duo

Lavoisier, formado por Roberto Afonso e Patrícia Relvas, trouxe a Toronto uma performance envolvente. Na quartafeira, 26 de fevereiro, no Lighthouse ArtSpace a dupla tocou no último dia do festival Celebração: Descobrindo os Sons de Portugal. No palco, Roberto com uma guitarra elétrica e Patrícia com uma voz poderosíssima guiaram a plateia em uma experiência musical intensa e cheia de emoção.

Movimentando-se junto com a música, Patrícia interpreta suas canções dançando com o corpo, os braços e até os dedos, convidando a audiência a sentir a música na pele. Sua voz poderosa é usada como um instrumento afinadíssimo, que envolve toda a plateia. A dupla carismática, que está junta desde 2011, se divertiu no palco canadense e trouxe uma performance elétrica e calorosa que aqueceu esse país congelante, mesmo que por um instante.

No show de 45 minutos em Toronto, Lavoisier tocou uma mistura de músicas autorais e alguns covers, especialmente homenageando o grande cantor-compositor português José “Zeca” Afonso. Eles apresentaram a música Liberdade de José Afonso em uma performance grandiosa acompanhada de imagens de protestos durante a Revolução dos Cravos projetadas nas paredes do espaço. Entre movimentos expressivos, vocais poderosos e uma dinâmica impactante, Lavoisier transformou um pequeno palco de Toronto em uma verdadeira arena de espetáculo.

Ao final do espetáculo, Roberto Afonso e Patrícia Relvas concederam uma entrevista exclusiva a Wave Magazine, onde falam de sua trajetória e projetos futuros. Leia a entrevista com o duo no site: wavemagazine.ca

Duo Lavoisier, em Toronto (Foto: Mariana Schuetze)

P. S. Lucas guia audiência

em uma

linda viagem musical em Toronto

P.S. Lucas é um projeto musical solo do compositor e instrumentista Pedro Lucas, que também integra o duo português Medeiro/Lucas. No Canadá, ele iniciou sua nova turnê nacional divulgando o seu mais recente projeto, o álbum Villains & Chieftains.

O cantor, que escreve e performa as próprias músicas, apresentou canções do seu novo álbum, assim como outras mais antigas. Sentado sozinho no palco, com um violão, microfone e um painel de efeitos sonoros, Lucas guiou a audiência em uma viagem sonora rica em aventuras. Antes de começar a cantar, Lucas comentou um pouco sobre o seu trabalho e logo avisou à plateia: ele começaria a cantar e só voltaria a conversar conosco no fim da performance. Dito e feito. Nos próximos 45 minutos, acompanhado de seu violão, Lucas apresentou uma parte de seu catálogo de músicas.

Sua habilidade com o instrumento e os sons hipnotizantes nos levaram às praias açorianas, fazendo-nos sentir o calor do verão na pele. Com uma pegada de folk e jazz, Lucas apresentou músicas com letras em inglês e melodias cativantes, que mais pareciam uma viagem debaixo d’água.

O show foi íntimo e a decoração do espaço, com azulejos portugueses projetados ao redor da sala, combinou perfeitamente com a interessante performance de P.S. Lucas.

Além do duo Lavoisier e do instrumentista Pedro Lucas, a série de concertos Celebração: Descobrindo os Sons de Portugal trouxe outras performances, incluindo a envolvente apresentação da cantora Joana Alegre e a energia contagiante do grupo de percussão tradicional Retimbrar. Ambos os shows foram acompanhados de perto pela Wave Magazine, que registrou os momentos especiais desse grande evento musical.

A série de concertos contou também com a participação ao vivo dos artistas: Bicho Carpinteiro, João Diogo Leitão, Vasco Ribeiro Casais, Marta Pereira da Costa, OMIRI, Raia, Tó-Zé Bexiga e João Morais.

Pedro Lucas (esq.) e o palco do evento (dir.) Celebração: Descobrindo os sons de Portugal (Foto: Mariana Schuetze)

Imigração Na minha matemática não houve divisão, apenas soma

Sempre que me deparo com vídeos e depoimentos de pessoas relatando suas experiências de imigração, de maneira geral, nunca me identifico muito, nem me vejo nessas falas. Os relatos são sempre de pessoas que não se sentem plenamente pertencentes a um lugar, nem ao outro, vivendo uma certa angústia por terem o coração dividido entre dois mundos.

Engraçado, vejo minha experiência de imigração por um prisma completamente diferente. Para mim, não houve uma divisão, e sim uma grande soma.

Eu vim do Nordeste. Vivi minha infância e juventude à beira do mar, sob um sol brilhante e um céu azul. Meus finais de semana eram passados em praias onde a maioria dos brasileiros passa as férias anuais. Então, imagina o contraste de hoje viver numa cidade como Toronto? No entanto, assim como todos nós imigrantes, tive meus motivos para tomar essa decisão.

O interessante é que, quando estou em minha cidade natal, sinto-me completamente em casa, em paz e feliz. Ah, o mar! Ele é meu amor maior. Reencontro amigos e família, vejo o forró, o maracatu, como tapioca e cuscuz. Passo pelas ruas e pontes e me reconheço nelas. Circulo pela cidade, do Marco Zero

aos novos arranha-céus, pela universidade onde estudei e lecionei, pela escola onde trabalhei, pela Casa dos Frios e seu famoso bolo de rolo. Para mim, tudo isso é sinônimo de lar. Igualmente, quando estou em Toronto, sinto que aqui também é minha casa. Meus amigos, minha casa, meu quarto, a cama e o cheirinho do meu travesseiro. O college onde estudei, meu double-double descafeinado, meu pecan square favorito, o trânsito, meus colegas de trabalho, meus filhos, os amigos dos meus filhos… Em sete anos de Canadá, cheguei a um nível em que nenhum taxista em Toronto me engana mais (risos).

Honestamente, posso dizer que me sinto completamente em casa, tanto lá quanto cá, consciente das dores e das delícias das duas cidades, na mesma proporção. Claro que os lugares mudam, as pessoas mudam. Mas, de maneira geral, nunca tive a sensação de ter meu coração partido ou dividido entre esses dois lugares.

Para que dividir se posso somar? Escolho, então, acolher os dois amores harmoniosamente. E uso aqui o verbo "escolher", porque acredito que podemos exercitar e direcionar nossos pensamentos. Nosso mindset pode determinar o resultado de nossas ações e o alcance de nossos objetivos. Ter um mindset adequado é fundamental para superar obstáculos, enfrentar adversidades e alcançar a paz — fatores essenciais no processo de imigração.

Não há "o lugar perfeito". Quem me dera pudesse unir apenas o que há de melhor nas duas cidades e criar meu próprio vilarejo! Seria ideal. Todavia, como isso não é possível, sigo com meus dois amores convivendo em total harmonia.

Na matemática da minha imigração, não houve divisão, apenas soma. E eu te convido a adotar esse mindset também. É um privilégio enorme poder viver isso dessa forma.

Receita de Biscoito de polvilho

Sehá um sabor que remete à infância de muitos brasileiros, é o do biscoito de polvilho. Leve, crocante e com um gostinho inconfundível, ele é perfeito para acompanhar um cafezinho ou um chá da tarde. Presente em padarias e mercados de norte a sul do Brasil, essa delícia tem suas raízes na culinária mineira.

Nas praias do Rio, no melhor estilo carioca, o icônico Biscoito Globo é apreciado há décadas, sempre acompanhado de uma refrescante limonada ou um gelado Mate Leão, tornando-se um verdadeiro símbolo da cultura praiana. Doce ou salgado, ele é sinônimo de tradição e praticidade, perfeito para matar a fome entre um mergulho e outro.

Que tal embarcar em uma viagem gastronômica e aprender a preparar essa delícia em casa? A receita que compartilhamos aqui foi publicada no canal do YouTube Letícia

Sweet Cakes e traz um passo a passo super bem explicado. O resultado? Um biscoito de polvilho leve, crocante e irresistível!

INGREDIENTES

• 500g de polvilho azedo

• 200ml de água quente

• 120ml de óleo, 1/2 xícara (chá)

• 1 ovo grande

• 1 colher (chá) de sal

• cerca de 250ml de água fria

Imagem ilustrativa de biscoito de polvilho.

MODO DE PREPARO

1. Preaqueça o forno a 180°C.

2. Em uma panela, aqueça o leite, a água e o óleo até começarem a ferver.

3. Despeje essa mistura quente sobre o polvilho em uma tigela e misture bem. Deixe amornar.

4. Adicione o ovo levemente batido, mexendo até formar uma massa homogênea.

5. Acrescente o sal. (Se desejar, use um pouco de queijo ralado para dar mais sabor.

6. Transfira a massa para um saco de confeiteiro (ou use uma colher) e modele os biscoitos em formatos de rosquinhas ou palitos.

7. Disponha em uma assadeira untada ou forrada com papel de forno.

8. Asse por 25 minutos ou até ficarem dourados e crocantes.

9. Retire do forno e deixe esfriar.

10. Aproveite!

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