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Leitura no Brasil
“Um país se fez com homens e livros” Monteiro Lobato
Quando perguntamos, “Você se considera um leitor?”, as repostas, normalmente, são: “Sim...Não...Talvez.. . Não sei, etc.”. Mas, leitor não são aquelas pessoas que leem 500 livros por ano? Que passam o dia inteiro com livro nas mãos? De acordo com o dicionário, leitor é a pessoa que tem o hábito de ler. Mas aí você diz, eu leio vários livros, mas não termino, sou considerado leitor? Eu leio muito, mas não compreendo, posso ser considerado leitor. Ah! Eu só tenho o costume de ler jornal ou revista, sou considerado leitor. Eu só leio notícias na internet, sou considerado leitor? Eu não leio nada, mas sei ler, o que eu sou?
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Muitas são as dúvidas, mas as respostas que as pessoas dão, é dizer que não se consideram leitores. No entanto, o Instituto Pró-Livro verificou dados do Ibope Inteligência, que o número de leitores apresentou um decréscimo de 2007 a 2011. O que teria ocasionado este desestímulo? Observa-se ainda, que de 2011 a 2015 houve um crescimento de 6 pontos percentuais no número de leitores. E agora? O que terá ocasionado esta alta? Será que aumentou o número de feiras de livros durante o ano no país? Ou será que houve uma campanha intensiva de divulgação de livros? Os autores passaram a escrever de forma diferenciada? As bibliotecas passaram a ficar com as portas abertas por mais tempo? Será que foram construídas mais bibliotecas no país? Ou será que foi a situação política ou uma adaptação sociocultural? A população passou a assumir na pesquisa que realmente são leitoras? O avanço da tecnologia facilitou o acesso a leitura? Mais pessoas tiveram acesso aos meios de informação (livros, revistas, jornais, etc.)? Os motivos podem ser diversos e o que realmente de fato aconteceu, não saberemos ao certo. Certo é que, as pessoas nos últimos anos, passaram a se interessar mais pela leitura. Perceber a leitura como forma de acesso ao conhecimento e melhoria social ou como atividade prazerosa é fundamental para ampliar o interesse pelos livros (FAILLA, 2016). Em “A arte de ler”, apresenta que os prazeres da leitura são multiplos, pois lemos para saber, para compreender, para refletir, para nossa emoção,
perturbação, para sonhar, para aprender a sonhar e para compartilhar, algo que fazemos muito hoje. Pesquisa realizada pelo Instituto Pró-livro (2016) apontou a forma de acesso ao livro no Brasil por região, a qual percebeu-se que o acesso aos livros em 51% se dá tanto na forma de compra quanto por empréstimo particulares, conforme mostra o quadro 1.
Quadro 1: Principais formas de acesso aos livros no Brasil (Por região geográfica)
Norte Nordeste Sudeste Sul
C. Oeste Comprados 39% 39% 47% 50% 51%
Fotocopiados / Xerocados Presenteados 7% 27% 8% 23% 5% 24% 6% 17% 10% 35%
Emprestados por Bibliotecas e escolas 37% 29% 33%
Emprestados por particulares 51% 50% 42%
Distribuídos pelo governo e ou escolas Da internet 34% 5% 37% 6% 11% 8%
Não costuma ler livros 0% 1%
Fonte: Retratos da leitura no Brasil (2008).
9% 45%
41%
12% 7%
1% 31%
50%
13% 11%
1%
Se pararmos para pensar no acesso que possuímos aos livros hoje em dia, temos que agradecer, pois na Idade Média, apenas a igreja tinha o poder de guarda dos livros e o acesso a eles era extremamente restrito. Somente
pessoas com grande poder aquisitivo tinham permissão para consultá-los. No entanto hoje em dia, mesmo sendo de fácil aquisição e acesso, e os indicadores apresentarem uma melhora nos últimos anos, nota-se que a população apresenta um certo desinteresse pela leitura. Mas o que leva o brasileiro a não gostar de ler? Uns dizem que faz parte da cultura, outros que o hábito vem desde criança ou de casa, que não gostam por ser chato ou, ainda, que os assuntos não são interessantes. O ser humano detesta ser obrigado a fazer o que não quer. E quando criança a leitura nos é imposta como uma obrigação e não como uma atividade prazerosa. De acordo com o gráfico 1 abaixo, apresenta que, ler por prazer é o que nos motiva.
Gráfico 1: Leitura com prazer ou por obrigação.
22% 3%
75%
Sentem prazer ao ler um livro (71,7 milhões) Leem por obrigação (21,4 milhões)
Não opinaram
Fonte: Pesquisa Retratos da leitura no Brasil (2008).
Pare e reflita por um momento como você se sentiria se não soubesse ler? Se não tem ideia qual é a sensação, imagine em meio a uma conversa que você não tem noção do que se trata, ou ouvir um outro idioma, ou melhor, já ouviram falar sobre inscrições rupestres ou hieróglifos? São escrituras antigas desenhadas em cavernas ou e escrituras sagradas egípcias, ou melhor, para aqueles que não entendem a escrita chinesa ou japonesa. Imagine se as placas das ruas fossem escrita desta forma, como você sentiria não sabendo o que está escrito? Fato como este, faz parte do cotidiano de um percentual da população brasileira de analfabetos. Por exemplo, ao tentar tomar o ônibus ou procurar uma rua, a dificuldade seria grande. Somos detentores de um poder incrível de explorar e conhecer o mundo que nos cerca. Contudo, muitas pessoas não têm interesse ou não veem a importância em exercer este poder. Vivemos em um país em que o acesso ao livro é possível. Podemos escolher o que queremos ler, sem censura. Mas, este país só será realmente livre na medida em que as pessoas tiverem consciência do quão importante é o conhecimento e passarem a ver na leitura um caminho para o conhecer (BAKUNIN, 2000) O livro é um objeto que se apresenta às pessoas como um objeto capaz de abrir portas e iluminar caminhos. Pois, o livro contém em si, um universo diferenciado, onde o indivíduo passa a libertar seus pensamentos. Se constitui, então, uma luz àquele que busca ser livre. O gosto pela leitura, entretanto, vem com o tempo, com o exercício da leitura. Basta que, de início se busque ler algo de seu proprio interesse.
Deste modo o bibliotecário tem um desafio e uma grande responsabilidade social, no sentido de atrair e estimular pessoas a buscarem informação e conhecimento, pois têm um papel fundamental no incentivo à leitura. Visto que, são estes profissionais que têm como função, não apenas realizar os serviços de processamento técnico (catalogação, classificação, indexação, entre outros), guardar, emprestar e organizar os livros, mas, também e principalmente, a função de incentivar a leitura junto a comunidade em geral. Pois, foi se o tempo em que se chegava na biblioteca e via uma senhora de óculos que falava baixo e pedia sempre silêncio. Hoje em dia percebe-se que este costume está desaparecendo, e as bibliotecas estão mais coloridas e os profissionais cada vez mais se aproximando dos usuários e incentivando o gosto pela leitura. Assim, no capítulo a seguir será apresentado o que tem sido feito para atrair frequentadores, a este ambiente que possui tanta informação e pouco usuário. Mostrando que a biblioteca pode ser sim um local de lazer, divertido e prazeroso de se estar.