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Sinopse HANNAH CLARY deixou sua vida confortável em sua pequena cidade natal para perseguir o mundo corporativa. Após três anos, uma série de empregos ruins e um longo período de desemprego, ela tem a oportunidade de trabalhar em uma das maiores empresas da cidade liderada pelo misterioso e exigente ELLIOTT MICHAELS. Ela passa longas horas atendendo a todas as necessidades de seu novo chefe rude, condescendente e distante, descobrindo que, apesar de seu bom senso, sente uma grande atração por ele. Quando ela está contemplando todas as possíveis razões pelas quais um caso com ele seria uma péssima ideia, cartas misteriosas começam a aparecer, ameaçando-a para ficar longe dele. Quando as ameaças começam a permear todos os aspectos de sua vida, Hannah é jogada em uma situação perigosa e se depara com uma decisão difícil: voltar para sua cidade natal e para os braços do seu namorado do ensino médio Sam Flynn, ou ficar com o ardente Elliott Michaels, apesar do perseguidor misterioso, que está cada vez mais perto.
Um O sol brilhava através da janela, fazendo com que o conteúdo da cafeteira se parecesse com um lixo escuro, lamacento e tóxico. Ela serviu a quarta xícara da manhã. A última dela. Ela tinha uma regra sobre o café e se ultrapassasse sua quantidade matinal, seus dentes bateriam e suas mãos tremeriam e ela pareceria um daqueles cachorros engraçados quando seus donos chegam em casa. Hannah sentou-se em uma cadeira que fora jogada no lixo por um de seus vizinhos, em bom estado, exceto pela perna curta que balançava ameaçadoramente quando ela sentava. Ela colocou o jornal da manhã sobre a superfície de uma mesa de jantar que usava como mesa de cozinha. Se alguma vez tivesse companhia, ficaria envergonhada com o quão pobre era seu apartamento. O proprietário tinha regras rígidas sobre não pintar as paredes e a pouca decoração que ela possuía era resultado de vendas de garagem e coisas de segunda mão de familiares que não entendiam por que ela havia deixado o conforto aconchegante de sua pequena cidade natal e se mudado para uma cidade onde mal podia pagar o aluguel, muito menos as necessidades básicas. O jornal sempre a lembrava daqueles dias de fracasso. Dezenas de anúncios circulados em vermelho, em seguida, riscado com marcador preto depois de mais uma entrevista de emprego desperdiçada. Havia muitas pessoas desempregadas e poucas vagas de emprego. Ou, pelo menos, era isso que as pessoas pessimistas do auxilio desemprego a informavam com olhos e lábios franzidos, o que sempre implicava que ela era um incômodo inconveniente para eles e isso certamente não fazia parte da descrição de seu trabalho em ajudar as pessoas desempregadas a tentar conseguir um emprego remunerado. Mas logo os cheques do seguro desemprego parariam de chegar e então, bem, ela não sabia o que faria consigo mesma. Voltar para casa dos pais dela? Claro, eles ficariam muito felizes em recebê-la. Ela recebia
telefonemas preocupados de sua mãe pelo menos duas vezes por semana e seu pai sempre lembrava que seu antigo quarto de ensino médio estava lá exatamente como ela o deixara. E não importa o quanto ela amava seus pais, voltar aos vinte e poucos anos parecia admitir a derrota. Ela precisava de um emprego. O mais rápido possível. Seu currículo deve ter passado pelas mãos de centenas de empregadores nos últimos meses. Ela se candidatou a tudo. Não havia nada que não pudesse fazer se ela se esforçasse um pouco. Babá, varejo, trabalho de escritório. Cirurgia cerebral? Claro. Simplesmente lhe entregue a coisa pontuda e afiada e lhe diga onde cortar. Pilotar um avião? Apenas lhe dê algumas pílulas contra enjoo e aponte-a em uma direção. Hannah não era estranha a bicos e ao tipo de trabalho que deixava seu corpo dolorido e cansado demais para fazer qualquer coisa, exceto cair na cama no final do dia. E ela se formou em administração de empresas, quando tinha apenas vinte e quatro anos. Fazia dois anos desde então e ela ainda tinha que conseguir um emprego nesse campo. Não,
em
vez
disso,
ela
serviu
cafés
complicados
para adolescentes com excesso de cafeína. Ela havia sido escravizada no único restaurante vinte e quatro horas na área, servindo pastéis gordurosos e cafeteiras sem fim para bêbados, policiais e taxistas. Ela limpou apartamentos e vendeu joias baratas no shopping. Seu trabalho mais recente foi lavar cachorros no pet shop do final da rua. Ela estava lá há três meses e finalmente se acostumando a ficar coberta de pelos e constantemente cheirando a cachorro molhado mesmo depois do banho. Então, certa manhã, ela chegou e encontrou ainda trancado e uma placa na janela agradecendo a lealdade dos clientes e informando-os de que eles, infelizmente, tinham que fechar as portas. Com um suspiro, voltou sua atenção para os classificados. Asst. pessoal. F / T1. Exp. req'd. Enviar currículo para... Então, tecnicamente, ela não teve experiência como assistente pessoal. Mas, realmente, quem precisava de experiência para saber como
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Full time – período integral.
fazer uma ligação, pegar uma lavagem a seco e preparar café? Não lhe importava mais se era necessário experiência ou até mesmo um doutorado, ela se aplicava a qualquer coisa que estava contratando que não exigisse calçar saltos plataforma transparentes, tirar as roupas e deslizar por um poste. Com um punhado de currículos, ela pegou as chaves e foi à loja de material de escritório local para enviá-los por fax. Os funcionários a conheciam de vista. Tornara-se embaraçoso. Debateu até mesmo ir à outra loja da mesma cadeia, então não parecia que ela tinha um “DESEMPREGADA” gigante rabiscado com um marcador permanente na testa. Mas ela sempre voltava ao mesmo lugar, imaginando que era o mais próximo e realmente não tinha como gastar dinheiro com combustível para dar um pouco de impulso ao seu orgulho. Para sorte de Hannah, ela sabia uma coisa ou duas sobre como cortar custos. Ela havia crescido com uma mãe econômica e, com a recente escassez de fluxo de caixa, utilizou sua imaginação. Ela chegou a pegar a pilha de jornais no meio-fio antes de irem para a reciclagem, para poder usá-los como forro para a gaiola de seu porquinho-da-índia, Ricky. Depois de colocar o forro limpo na gaiola, ela perseguiu o porquinho da índia em volta do apartamento, maravilhada com a rapidez com que pequenas coisas como essas podiam correr. Ela se olhou no espelho, os cabelos pretos presos em um coque bagunçado, os olhos cinzentos, as maçãs do rosto altas que indicavam a ascendência
dos
nativos
americanos,
mas
que
contrastavam
completamente com a pele pálida e britânica. Ela tinha emagrecido um pouco, percebeu com um olhar mais atento. Em geral, ela usava tamanho seis em um bom dia, e tamanho oito no inverno, quando camadas e blusas volumosas perdoavam mais uma ou duas rosquinhas. Mas o desemprego havia eliminado a comida para viagem e ela geralmente optava por andar para economizar dinheiro com gasolina.
Ela tinha acabado de guardar Ricky quando seu celular tocou estridentemente. Seu coração sempre pulava na garganta quando o telefone tocava ultimamente. O que geralmente não fazia sentido porque a outra extremidade do telefone era normalmente sua mãe preocupada ou um cobrador empenhado em fazê-la mentir e dizer que o cheque já estava no correio. — Olá, — disse ela, sem entusiasmo, para o receptor. — Hannah Clary, por favor, — veio à feminina estridente e cortada voz no telefone, lembrando Hannah da sua professora de matemática da sexta série. — É ela. Posso saber quem está ligando? — Aqui é Sally, da EM Corporation. Estou ligando em relação ao seu currículo. Gostaria de saber se você poderia vir para uma entrevista. Hannah sentiu seu coração palpitar contra a caixa torácica. — Sim. Sim, absolutamente, — ela não pôde deixar de dizer enquanto se repreendia por parecer ansiosa demais, desesperada demais. — Será que amanhã, às nove, está bom para você? — Sally perguntou e Hannah podia ouvir o clique das teclas do computador enquanto Sally, provavelmente fazia outra tarefa. — Claro. — Nove em ponto. — Disse Sally novamente, com firmeza, e desligou o telefone. — E um bom dia para você também, — Hannah murmurou no silêncio da chamada perdida. Dez minutos depois, ela ainda estava sentada com as mãos nos joelhos, olhando para o telefone. Ela não ficaria muito animada com isso. Isso só a deixou arrasada no passado. Só porque conseguiu uma entrevista não significava que conseguiria o emprego. Mas, Deus, quão incrível isso seria? Nem precisava pagar bem. Só tinha que pagar... algo. Algo seria mais do que ela receberia em algumas semanas quando seu auxilio desemprego terminasse.
Com uma inspiração profunda, ela foi até o armário para escolher seu traje de trabalho mais profissional e, ao mesmo tempo, mais prático. Os saltos altos ficariam ótimos, é claro, mas implicariam que ela não seria capaz de ficar de pé o dia inteiro, se necessário. Gola alta era uma obrigação, nenhuma entrevistadora de meia-idade gostaria de ver peitos de vinte e poucos anos desafiando a gravidade. Sem saias. A mesma regra valia para as pernas quando se trata de mulheres. Ela não queria parecer vadia ou como se fosse, de alguma forma, competitiva. No final, ela escolheu calça preta, uma camisa verde esmeralda e sapatilhas pretas. Profissional, mas casual. Ela não queria parecer que estava tentando demais. Ela
passou
horas
se
fazendo
perguntas
de
entrevista
e
apresentando respostas profissionais claras que a retratavam da melhor maneira possível. Confiante e competente, sem parecer arrogante ou relutante em aprender. Nada de mentiras para si mesma. Essa entrevista exigiria muito mais do que as que ela fez em pequenos consultórios médicos ou na lanchonete da vizinhança. Essas pessoas eram claramente profissionais. Você provavelmente precisava de um mestrado para lavar os banheiros. E ela sabia que, pela primeira vez, sua juventude seria mais uma queda do que um trunfo. Ela claramente não podia competir com alguém que trabalhava no campo há vinte anos. Não havia como um currículo com apenas um ano inteiro de trabalho no escritório ser considerado sobre uma candidata mais experiente, a menos que ela desse seu melhor nesta entrevista. Ela sentiu seu nervosismo como eletricidade logo abaixo da pele. Ela pintou as unhas. Então repintou com uma cor mais opaca. Ela arrumou sua maquiagem e pincéis sobre o balcão do banheiro para a manhã. Ela imprimiu as instruções e as colocou ao lado de suas chaves. Ela pendurou sua roupa no chuveiro depois de passar a calça três vezes para deixar as linhas mais limpas que conseguiu. Ela programou a cafeteira para ligar às cinco e meia da manhã. Então ajustou o despertador para cinco minutos depois disso. De acordo com
as instruções, levaria apenas dez minutos para chegar à EM Corporation, mas decidiu reservar três horas para seguir sua rotina matinal. Mesmo que raramente levasse uma hora. Finalmente, exausta das tarefas a fazer, deitou-se na cama e olhou para o ventilador de teto. Ela virou e revirou. Levantou para pegar água. Acendeu as luzes. Desligou-as. Checou o telefone várias vezes e jogou o jogo “bem, se eu for dormir agora, terei seis horas e meia de sono” e depois seis. Então cinco. Adormeceu em algum lugar depois de quatro horas e quarenta e dois minutos e sonhou em ter doze telefones para atender ao mesmo tempo, porque se fosse para o correio de voz ela seria demitida.
Dois A EM Corporation tinha uma sede imponente. Eram quinze andares de altura - todos de vidro brilhante e impecável e estuque branco como a neve. Tudo indicava dinheiro. E isso provavelmente porque era feito de dinheiro. Parecia que surgira do nada apenas cinco anos antes, onde costumava haver uma antiga lanchonete. O que eles faziam, exatamente, era tema de discussão. Parecia que eles possuíam muitas coisas. Eles estavam no noticiário o tempo todo comprado pequenas empresas em dificuldades, reconstruindo e depois vendando por uma fortuna. Por que isso
exigia
quinze
andares
e
centenas
de
funcionários,
estava
simplesmente além da compreensão de qualquer um. Hannah dirigiu seu sedan verde surrado, que ela já comprou usado, como presente em seu aniversário de dezessete anos, para o estacionamento e passou por fileiras e filas de BMWs, Mercedes e Jaguars reluzentes. Ela sentiu como se precisasse dar ao carro uma conversa estimulante para que ele não se sentisse tão inferior a todos os modelos recentes e sua pintura brilhante. Ela verificou seu reflexo no espelho. Maquiagem simples. Ela aplicou uma camada de rímel e um pouco de batom rosa pálido depois de experimentar sombras e delineadores por quase vinte minutos. Seu cabelo estava preso em um elegante rabo de cavalo, quando ela sentiu que parecia jovem demais ao deixá-los ao natural e caindo em mechas soltas até a cintura. Ela voltou a aplicar uma demão rápida de batom, pegou as chaves e saiu do carro. Ela trabalhou em sua cota de prédios de escritórios quando foi estagiária na faculdade. Mas nunca algo como EM Corporation. O saguão era vasto e aberto, com pisos frios pretos, paredes cinza e uma variedade de vasos de plantas exuberantes. Havia uma área de estar ao lado da porta da frente à esquerda. Várias pessoas estavam lá, digitando
furiosamente em seus laptops ou falando ao telefone e parecendo muito importantes para ficar esperando. Exatamente quão importante era essa empresa? Hannah caminhou até o balcão de segurança situado em frente aos únicos dois elevadores. Atrás da mesa havia dois homens em típicos uniformes azuis de segurança. O mais velho dos dois verificou seu computador, entregou-lhe um pequeno plástico branco do tamanho de um cartão de crédito com um código de barras e a palavra “visitante” do outro lado, e acenou para o elevador. Ela ficou boba por um momento antes de perceber que tinha que escanear o cartão antes que as portas se abrissem. — Último andar, — o segurança resmungou, dispensando-a. Quando as portas se fecharam, Hannah afundou contra a parede e respirou fundo. As entrevistas eram sempre estressantes, mas algo sobre a vastidão e a energia frenética desse edifício em particular era mais intimidador do que ela queria admitir. O homem à sua direita estava ao telefone discutindo o que parecia ser algum tipo de negócio para mais de dois milhões de dólares. Ficou feliz quando ele desceu no oitavo andar e permitiu que ela seguisse sozinha até o décimo quinto andar. Quando as portas se abriram, ela saiu para o espaço enorme com um piso plano refrescante. O piso era mesclado em tons de marrom e vermelho, as paredes eram pintadas de bronze na parte superior e terminavam em lambris de madeira cerejeira no meio do caminho. No centro do espaço, havia uma área de estar com um sofá de couro, duas cadeiras listradas e uma mesa de centro de madeira cerejeira sobre um grande tapete verde elegante. As duas extremidades da sala eram ladeadas por quatro mesas feitas da mesma madeira cerejeira que o resto da sala. Nas mesas, mulheres de idades variadas e um homem que parecia ter mais ou menos a sua idade. Cada um deles tinha um telefone colado ao ouvido e batia furiosamente nos teclados, fazendo toda a sala encher de ruídos. Todos pareceram notá-la, mas nenhum reconheceu sua presença.
Hannah se afastou das portas do elevador quando elas guincharam e percebeu que logo atrás da área de estar, onde as janelas deveriam estar, havia uma parede de madeira vermelha com uma porta em cada extremidade onde, ela assumiu que o CEO ou presidente ou... quem quer que seja deveria trabalhar lá. Nos dois lados dos elevadores haviam salas. Uma era fechada como os escritórios, a outra sala era aberta dos dois lados com uma pequena parede no centro como uma abertura em um restaurante. Talvez fosse uma mini cozinha para a equipe. Finalmente, à esquerda, uma mulher de trinta e poucos anos, cabelos loiros e olhos castanhos profundos, levantou-se enquanto desligava o telefone. — Senhorita Clary? — Sim, — Hannah respondeu, levantando-se e sorrindo. — Por favor, siga-me, — disse ela, entrando no escritório perto do elevador e deixando Hannah entrar atrás dela. — Tudo bem, — disse ela, sentando-se e abrindo um arquivo que, Hannah presumia, continha seu currículo. A julgar pela espessura, continha algumas dezenas de currículos. — Meu nome é Sally Jones. Sou a secretária neste andar. É mais como um cargo de gerente de escritório. Sou responsável por todas as contratações, demissões e serviços legais. — Sally fez uma pausa e Hannah
assentiu,
fazendo
seu
rosto
parecer
impressionado
e
interessado. Esta tinha um pequeno ego, aparentemente. — Ok, aqui estamos, — disse Sally, pegando o papel que Hannah reconheceu como seu fax no dia anterior. Tinha anotações rabiscadas nas margens e foi destacado em partes. — Bem, senhorita Clary. Você certamente tem um currículo interessante. Isso me chamou a atenção. Para esta posição, geralmente procuramos alguém com um longo histórico de trabalho em escritório. Mas achei que, talvez, com seu histórico variado de empregos, você tem algo que faltou a todas as pessoas nesta posição no passado, a saber, flexibilidade. — Sally olhou para cima e Hannah sentiu a necessidade de preencher o silêncio. — Sim, com certeza. Aprendi coisas inestimáveis em cada vaga que ocupei.
— Eu imaginei. Como você pode ver... somos uma companhia extremamente ocupada. Estamos procurando alguém que possa fazer várias tarefas e ter um nível alto de energia desde o momento em que chega aqui até o horário em que sai à noite. Os intervalos para o almoço são, bem, — disse ela com o que poderia ser percebido como um sorriso em sua voz geralmente seca, — um conceito risível. Na hipótese de termos tempo para almoçar, comemos em nossas mesas. Quase nunca
saímos
simples. Fazemos
de
nossas
chamadas,
mesas.
Os
atendemos
afazeres
são
telefones,
bastante
agendamos
compromissos, controlamos horários para que nada se sobreponha acidentalmente. Esse tipo de coisas. Dito isto, muitas pessoas desistiram dentro de uma semana não conseguindo suportar a pressão aqui. — Isso é de se esperar. A maioria das pessoas está acostumada a escritórios menos exigentes. — Exatamente, — disse Sally, batendo com a caneta e parecendo satisfeita. — Agora, o trabalho de assistente pessoal é, claro, um pouco mais do que fazer ligações e agendar. Embora você ainda precise fazer isso tudo, — acrescentou ela com firmeza, — mas você também fará o café e as tarefas para o escritório e o chefe. Você será, essencialmente, a mão direita do chefe. Tudo o que ele precisar, você fará. Sem perguntas ou objeções. Seu principal objetivo será garantir que todas as necessidades dele sejam atendidas. Agora, se você sentir que não consegue fazer isso, por favor, me diga agora para não perder o meu ou o seu tempo. Hannah sorriu. Ela era uma verdadeira castradora. Em um mundo mais justo, essa mulher seria a chefe e não apenas uma secretária. — Acredito que sou totalmente capaz de cumprir essa descrição do cargo, — disse Hannah, esperando parecer mais confiante do que se sentia. Sally assentiu, satisfeita. — Então, — disse ela, fechando a pasta. — Os horários são... incertos. Alguns dias você poderá sair às cinco como o resto do escritório. Outros dias, você poderá ficar aqui até às oito da noite, quando houver necessidade. Espera-se que você esteja aqui às oito e meia todas as manhãs. Nem um minuto depois. E muitas vezes você
precisa chegar ainda mais cedo. A pontualidade é imperativa nesta empresa. — Ela fez uma pausa longa o suficiente para Hannah concordar com ela. — Você tem algum problema com os horários? — Nem um pouco, — respondeu Hannah. Não é como se ela tivesse algo a fazer com seu tempo livre de qualquer maneira. E uma empresa desse tamanho certamente pagaria horas extras a seus funcionários. — Tem mais alguma pergunta que gostaria de fazer? — Sally perguntou, olhando o relógio. — Não consigo pensar em nada, — disse Hannah. Exceto... se ela conseguiu o trabalho? — Então você é uma garota muito tola, — disse uma voz masculina profunda da porta. Hannah sentiu seu coração pular na garganta e soltou um grito assustado, virando na cadeira tão rapidamente que a sala ficou turva por uma fração de segundo. Quando sua visão clareou, ela viu o homem responsável pela interrupção. E o insulto, ela lembrou a si mesma. Ele estava um pouco inclinado contra o batente da porta. Ele era alto, tinha mais de um metro e oitenta, ombros largos e cintura fina. Um corpo de nadador, ela se lembrou dos romances. Ele tinha cabelos castanhos escuros cortados curtos e olhos azuis surpreendentes. Seu rosto era todo anguloso - um nariz reto e uma linha de mandíbula forte, coberta por uma barba por fazer. Ele usava um terno cinza de aparência cara, com uma gravata azul brilhante e abotoaduras de prata. Tudo nele era imponente. Poderoso. Talvez até um pouco cruel pela maneira como ele mantinha a boca e a falta de linhas de sorriso em alguém com mais de trinta anos. Ele se endireitou quando ela o olhou, mas mal lhe lançou um olhar, concentrando sua atenção mais no relógio acima de sua cabeça. — Apenas uma tola não pediria para saber o salário, — esclareceu em sua voz forte. — Apenas uma tola arriscaria perder a oportunidade de trabalhar em uma das empresas mais estáveis do país nesta crise econômica. Uma empresa que, juntamente com um ótimo plano de benefícios de saúde e
401K2, tem espaço infinito para avançar se a conduta de alguém sugerir que eles merecem, — disse Hannah, enquanto se xingava pela tendência de ser uma campeã de palavras vomitadas e uma verdadeira esnobe quando se sentia pessoalmente desafiada. — Pode-se começar com um salário mínimo e ter um escritório próprio com seis dígitos, se provarse digno, — concluiu, com o coração batendo forte no peito com uma mistura de desafio e nervosismo. O homem entrou na sala quando ela começou a falar e se moveu para
ficar
ao
lado
de
Sally
enquanto
ouvia. Uma
sobrancelha
irritantemente arqueou em algum lugar no meio de seu discurso e permaneceu até que ela terminasse. O silêncio depois disso era desconfortável, na melhor das hipóteses. Sally, Deus abençoe sua alma, mexeu nos papéis, limpou a garganta sem jeito e disse: — Bem, o salário é de quinze por hora, em todo caso. Só para você ficar ciente. Tolo ou não, todo mundo precisa saber quanto vale. A cabeça de Hannah inclinou para o lado enquanto ela lutava para segurar a língua. Ela sabia, por isso, que Sally queria dizer que ela própria ganhava consideravelmente mais e, portanto, valia mais. No geral e para a empresa. Mas ela sabia que não adiantaria discutir com alguém que mantinha o seu futuro em suas mãos. Mais uma vez houve silêncio. Passou devagar com o som do relógio marcando. Cinco segundos. Dez. Quinze. O homem ainda estava lá, olhando para ela, depois voltando sua atenção para o relógio. O que ele ainda estava fazendo lá? Era preocupante o suficiente ter que lidar com Sally e seus comentários sarcásticos. Mas ela tinha que aturar sua presença silenciosa, enchendo a sala com um palpável constrangimento. Ele olhou para ela antes de se virar para a porta e abri-la. — Você está contratada, — disse ele, de costas para ela antes de fechar a porta firmemente. Um plano 401 (k ) é uma conta de aposentadoria com vantagem fiscal oferecida por muitos empregadores. Existem dois tipos básicos - tradicional e Roth.
2
Hannah sentiu o ar sair dela e a energia da sala abrandou visivelmente. Ela não tinha percebido quão ansiosa a presença dele a deixara até ele partir. Incapaz de evitar, Hannah deixou escapar: — Quem era aquele? — Em uma voz estridente e estridente, de menina da escola. — Aquele, minha querida, era o próprio EM, — disse Sally, sorrindo de uma maneira que Hannah só poderia descrever como zombeteira, à beira da condescendência. — EM é uma pessoa real? — Ela perguntou, achando que EM era apenas um título corporativo genérico, não as iniciais reais de alguém. — Elliott Michaels, — Sally disse com um aceno de cabeça, jogando a pasta de arquivos no lixo. — Seu novo chefe. Hannah ficou presa em algum lugar entre a admiração de que alguém da sua idade pudesse acumular tanto em tão pouco tempo e inquietação que alguém tão frio, desdenhoso e, bem, rude fosse seu novo chefe. Ela seria seu braço direito. Ela teria que mantê-lo feliz. Um homem assim poderia ser feliz? Ela poderia fazer um trabalho satisfatório o suficiente para agradar alguém que, pela aparência de sua empresa, obviamente esperava perfeição desumana de si mesmo? — Bem, senhorita Clary, sugiro uma boa noite de sono e sapatos sensatos. Ele fará você correr o dia todo. É sua intenção, você sabe, — disse ela, levantando-se da cadeira, — fazê-la sair correndo deste escritório. Como ele fez com pelo menos duas dúzias de assistentes ansiosas no ano passado. Ninguém durou mais de uma semana. Ele mantém sua equipe em um padrão quase impossível e, — disse ela com um brilho quase maternal nos olhos, — parece que ele estabelece um padrão ainda mais alto para aquelas que estarão ao seu redor dia e noite. Boa sorte, senhorita Clary, — disse ela, enquanto a conduzia em direção às portas do elevador. — Obrigada, — ela disse para si mesma, porque Sally já havia voltado para sua mesa e pego o telefone. Não há descanso para os ímpios, como dizem. Ela entrou no elevador no que só podia chamar de atordoamento. Ela sentiu como se tivesse passado por um desastre natural e
sobrevivido, mas apenas para perceber que agora era presa de uma matilha de cães selvagens. Enquanto as portas se fechavam lentamente, o jovem parado ao lado de sua mesa chamou a atenção dela e a encarou. Pouco antes que o perdesse de vista, ele sorriu e piscou para ela. E então ela estava sozinha novamente. Sua viagem de volta para casa foi lenta. Não pelo tráfego ou pelo clima. Ela estava em choque sem ter uma maneira melhor de colocar isso. Ela conseguiu um emprego. Ela estava empregada novamente. Ela não precisava se sentir uma preguiçosa por ficar em casa o dia todo. Não sentiria a pontada de vergonha por ter que ligar para o auxilio desemprego toda semana para receber um cheque pelo qual não havia trabalhado. Ela teria algo para preencher seu tempo. Teria um salário novamente. Poderia ligar a televisão a cabo novamente! Ela era, mais uma vez, um membro produtivo da sociedade. Desvantagem, ela trabalharia longas horas. Teria o que parecia ser um chefe impossível. Ela teria que ser agradável com Sally. Mas, ei, um trabalho é um trabalho. Não importa o quê, ela poderia passar por isso por um ano e depois começar a procurar novamente se fosse realmente tão ruim quanto sugeriam. Ela certamente aguentaria esse tempo, pelo menos. Ela não sabia que tipo de funcionários incompetentes eles haviam contratado no passado que não duraram mais de uma semana, mas isso era muito patético. Nenhum trabalho era tão terrível que você não pudesse tolerá-lo por pelo menos um ano.
Três Ela queria sair depois de uma hora. Isso era o suficiente. Seu alarme gritou estridente e insistente. Antes de ir para a cama, ela
abriu
as
cortinas
para
que
o
sol
a
acordasse
completamente. Infelizmente, o sol decidiu descansar naquela manhã e foi substituído por uma chuva pesada e inflexível. Maravilhoso. Ela se levantou da cama dolorida e como se não tivesse dormido nada. Ela se jogou no chuveiro, de pé sob a água escaldante até se sentir quase humana novamente. Ela se deu uma conversa animada sobre um café fumegante. Ela era totalmente capaz de lidar com qualquer coisa que surgisse em seu caminho. Ela era uma profissional inteligente e qualificada. Não seria intimidada
por
ninguém. E,
certamente,
não
se
curvaria
e adoraria Elliott Michaels como Sally, e provavelmente todos os outros funcionários da empresa. Exigiria e receberia o respeito que merecia. Ela teria um incrível primeiro dia de trabalho. Hipervigilante sobre o tempo, como sempre, Hannah chegou pontualmente às oito. Ela parou na recepção para pegar seu crachá oficial com o nome impresso e tudo. Ele até dizia “acesso total”. O segurança era o mesmo do dia anterior, mas desta vez ele realmente a recebeu calorosamente e disse-lhe para ter um ótimo primeiro dia quando ela entrou no elevador. As portas soaram e se abriram. Diretamente na frente delas estava o jovem do dia anterior. Ele era alto e magro, com cabelos castanhos arenosos e olhos verdes. Ele parecia um modelo de revista de moda hipster em seu jeans skinny cinza, blazer cinza sobre uma camisa xadrez cinza e verde e lenço verde volumoso. — Ah, carne fresca, — disse ele em um tom levemente feminino. — E você é uma imagem bonita, não é? — ele perguntou, depois continuou sem esperar resposta. — Meu nome é Tad. Estou aqui há dois anos. Pode
ser um inferno, mas vale a pena. Ah, eu sei. Eu sei. É estranho ver um secretário masculino. Mas estou muito em contato com o meu lado feminino se você entende o que quero dizer. — Alto e claro, — disse com um sorriso genuíno. Ela amava homens gays. Eles eram os melhores colegas de trabalho. — Bem, você chegou cedo. Ande comigo e eu lhe darei as dicas. Mas preciso enviá-las por fax, — disse ele, segurando uma pilha de arquivos tão grossos quanto um livro. — Então, por aqui, — ele disse, e ela andou facilmente ao lado dele. — Então, como eu disse, meu nome é Tad. Você já conhece Sally, a bruxa malvada do último andar, se me perguntar. Ou a qualquer pessoa sobre esse assunto. Mas você tem sorte. Ela não tem controle sobre você. Você responde apenas ao chefe. Não que isso seja uma coisa boa. O homem me assusta e quero dizer que ele nunca falou diretamente comigo. — Tad colocou um pedaço de papel na máquina e digitou o número sem olhar. — Tenho certeza que já ouviu falar de todas as garotas que vieram antes de você. — É meio difícil não, — disse Hannah, pegando metade da pilha de faxes e levando-os para o outro aparelho. Tad tinha uma nota adesiva amarela em cada papel com o número para o qual o fax deveria ser enviado. — Não ajuda que ninguém treine vocês, garotas. E todas as outras eram realmente desagradáveis, então nunca ofereci ajuda. Mas vou tentar ser o máximo de ajuda possível. Estou aqui há um tempo, então posso... saber algumas coisas. Hannah notou sua inflexão e sorriu, inclinando-se para mais perto. — Opa? Tad mordeu a isca. — Mais importante, ele toma seu café preto. E, bem, ele toma café como oxigênio, então você nunca deve deixar a xícara dele ficar vazia, ou ele virará um urso de verdade. Ele não fala muito com nenhum de nós, exceto talvez Sally, e espera que você antecipe as necessidades dele. Ele não vai soletrar as coisas para você. Na maioria dos dias, ele está aqui antes de mais ninguém além de mim. Eu chego
cedo. E ele sai depois de praticamente todo mundo, menos a equipe de limpeza. Você deve se familiarizar intimamente com os floristas nesta área. Ele sempre tem uma mulher no braço. Você sabe como homens como ele são... — Ah... sim, — concordou Hannah, assumindo que ele quis dizer homens são porcos que não conseguiam manter o zíper fechado e que homens que têm dinheiro e poder são animais ainda maiores. — Ele não tem muita família, parece. Além do irmão que também trabalha aqui. Mais ou menos. Ele aparece de vez em quando para discutir coisas com EM, mas principalmente para fazer as garotas e meu coração palpitarem com o seu charme. O nome dele é James. Ele vai dar em cima de você ferozmente. Meu conselho seria recusá-lo alegremente. EM não gostará de você confraternizando com o irmão mais novo. — Entendido. E não estou aqui para encontrar um... amante. Ou namorado ou algo assim. Estou aqui para trabalhar. — Oh, é claro. Eu não quero que você pense que estou insinuando alguma coisa. É só que... bem, acho que você terá que conhecê-lo para entender. Ah, mas olhe o horário, querida. Melhor você preparar o café. Ele chegará aqui a qualquer momento. E ele chegou. No momento em que a cafeteira apitou finalizando, as portas do elevador se abriram e lá estava ele. Ele nunca olhou para cima, segurando o jornal na mão e lendo algo que havia despertado seu interesse. Ele usava um terno todo preto com uma gravata roxa e amarela. Algo nele parecia ainda mais intimidador do que no dia anterior. E ele ainda não tinha se barbeado. Hannah encheu uma caneca rapidamente e, assim que ele ligou o computador, ela a colocou ao lado da mão dele. — Bom dia, Sr. Michaels, — disse ela, sorrindo e esperando que estivesse causando uma boa impressão. Ele resmungou e tomou um gole do café. E essa parecia ser a única resposta que ela receberia enquanto ele verificava seus e-mails e digitava metodicamente. Hannah esperou em silêncio na frente da mesa,
esperando que Deus lhe desse outra ocupação além de ficar parada como uma idiota. Ele a deixou lá por tempo suficiente para digitar uma longa resposta a um e-mail antes de finalmente quebrar o silêncio. — Meu carro precisará ser deixado na oficina às nove e meia para uma troca de óleo. Minha lavagem a seco deve ser recolhida. Tenho um compromisso as onze e precisarei do meu carro até lá. Enquanto estiver na reunião, espero que você cuide do planejamento da minha viagem de negócios no próximo fim de semana e encontre uma nova governanta para mim. Hannah procurou um papel e uma caneta, anotando o mais rápido possível para ter certeza de que não deixaria nada de fora. — Há um pacote na Cooper Construction que preciso que peguem e, é claro, precisarei almoçar as quinze para uma. Também preciso que um cronograma detalhado para amanhã, compilado em coordenação com todas as secretárias. E estas, — disse ele, transportando uma pilha impressionante de cartas fechadas, — precisarão ser analisadas e respondidas até o final deste dia útil. Entendido? — Sim senhor, — disse ela. — Isso é tudo, — disse ele antes que ela parasse de escrever. Sentindo-se completamente dispensada, ela caminhou em direção à porta. E certamente não havia escapado ao seu conhecimento que ele não a olhou uma vez durante seu discurso. Ela não podia se concentrar muito em se sentir descontente porque sua mente já estava trabalhando uma milha por minuto. Ela pegaria as cartas, leria e anotaria as respostas, enquanto esperava o carro ficar pronto na oficina. De lá, ela iria até a lavagem a seco. Depois disso ela poderia pegar o carro de volta às onze. De lá, ela faria os planos para a viagem e responderia às cartas. Poderia pedir o almoço em seu caminho para pegar o pacote da Cooper Construction e depois buscá-lo no restaurante na volta para o escritório. Talvez ela pudesse comer o almoço que trouxera enquanto pegava o jornal e procurava uma governanta. Então, por volta das cinco, ela poderia descobrir o que as secretárias planejavam para amanhã e depois digitar isso também.
Ela tinha tudo planejado. Mole-mole. Exceto que não era. Em absoluto. Ela não tinha levado em consideração o trânsito ou o tempo de deslocamento ou apenas quantas vezes esse homem precisava de uma recarga de seu café. Também nunca lhe ocorreu perguntar, durante seu discurso, exatamente em que oficina o carro dele estava, ou o que ele gostava de comer, onde ficava sua lavanderia ou com que frequência ele precisaria de uma governanta. Ela já tinha programado Tad em seu telefone celular como seu primeiro contato e teve que mandar dez mensagens de texto pelo menos antes de voltar ao escritório. Ela entrou correndo, equilibrando o estranho tubo cilíndrico, que os trabalhadores incompetentes da Cooper Construction finalmente lhe entregaram depois de procurá-lo por vinte minutos, na dobra do braço, a lavagem a seco na mão, cartas quase caindo da bolsa e a refeição de EM equilibrada entre seu peito e braço. Manobrando o cotovelo para abrir a porta, ela entrou silenciosamente no escritório, largando o pacote sobre a mesa ao lado da porta, pendurando a lavagem a seco no cabide e deixando o recipiente com o almoço ao lado do braço de EM. Ele não disse nada, lendo alguns arquivos. Mas empurrou a xícara de café em direção à borda da mesa, o que ela descobriu era sua maneira de deixá-la saber que estava vazia. Hannah pegou a xícara agressivamente e saiu da sala, fechando a porta com um pouco mais de força do que o necessário. O homem insuportável nunca agradeceu, muito menos lhe disse que estava fazendo um bom trabalho. Ele não disse nada, mas latiu uma ordem e conversou com pessoas mais importantes em seu telefone. Ele era um completo idiota. Ela foi uma surpresa agradável. Ela lidou com a miríade de responsabilidades que ele jogou sobre ela com relativa facilidade. E sua atitude desafiadora também não havia escapado à sua atenção. Ele não achava que ela estava ciente disso, mas ela tinha uma tendência a murmurar baixinho. Enquanto ele não podia ter certeza absoluta, estava
certo de que ela disse algo sobre gratidão e funcionários felizes. E como o dinheiro não podia comprar boas maneiras às pessoas. Para ele, era uma boa mudança em relação às mansas e tímidas assistentes que ele havia assustado ou demitido por pura incompetência nos últimos anos. Ela preparou o café dele muito forte, sem dúvida devido ao seu próprio vício em cafeína e sua disposição um tanto irritada. Ele não ia fingir que não havia notado a aparência dela, embora tentasse manter o olhar no trabalho. Ela era uma mulher incrivelmente bonita. Ele percebera isso no momento em que a vira na sala de entrevistas no dia anterior. Havia algo nas maçãs do rosto altas, olhos cinzentos e cabelos pretos que gritavam uma personalidade forte e uma mente afiada. Seu corpo era muito mais curvilíneo do que se costumava encontrar nas revistas de moda, mas a figura inegavelmente feminina era muito atraente para ele. Mas ele já tinha o suficiente no trabalho com seu irmão incompetente e a assistente jurídica aparentemente obcecada que levara para jantar na noite anterior. Ela já telefonara oito vezes. Ele ficou envergonhado por ela. E mesmo que não fosse por tudo isso, ele sabia que
não
deveria
estragar
o
relacionamento
decente empregado-
empregador que mantinha há anos. E ele era velho demais para ela. Deus, quando ele ficou velho demais? Em algum lugar entre a faculdade e a construção de sua sede ou a fusão com a East Trading Company, que realmente deu à empresa sua segurança financeira. Em algum lugar entre saber que tinha todo o tempo do mundo e, bem... não tinha. Então lá estava ela novamente, com aquele ar severo nas sobrancelhas, a xícara de café em uma mão e uma pasta de papel pardo na outra. Ela tinha uma caneta espetada no coque e uma mancha do que parecia toner de copiadora em seu maxilar. — Café, — disse ela, colocando na frente dele, em seguida, deixando a pasta obviamente lotada ao lado de sua mesa — e cópias de todas as respostas das cartas. — Ela pegou a pilha de papéis que
precisava ser enviada por fax da mesa dele e a embalou contra o quadril. — Agora sobre a governanta, — ela começou, esperando que ele mostrasse algum sinal de que sabia que ela existia. — O que foi? Pedi para você lidar com isso. Perguntou? Ele não pediu nada. Hannah respirou fundo e recusou-se a ficar mais frustrada. — Sim, Sr. Michaels, — ela começou com uma voz que parecia muito com a de sua mãe quando ele era criança e ficava perguntando coisas a ela quando obviamente estava ocupada, mas irritada. — Mas você não especificou quantas vezes a governanta terá que trabalhar, quanto vai oferecer como salário e se quer que eu faça as entrevistas ou marque para que você mesmo faça. — Sério? Eu tenho sido tão negligente? — Ele perguntou, tirando os olhos da papelada e olhando diretamente para ela. Ela lutou contra o desejo de se contorcer de desconforto sob seus impressionantes olhos azuis. — Preciso de uma governanta três dias por semana, pelo tempo que ela precisar para limpar a casa. O salário será de duzentos dólares por dia, taxa fixa, independentemente do tempo que levar para tornar a casa imaculada, — ele fez uma pausa, parecendo debater algo em sua cabeça. — Você marcará e as entrevistará e, finalmente, as dispensará se elas não cumprirem meus padrões. Estou claro? — Abundantemente, — disse ela, sua voz seca como giz. Ele gostava dessa sua qualidade; como ela podia fazer uma palavra agradável soar como um grito de guerra de motim. De alguma forma, ele sabia que ela faria o trabalho e o faria bem, só para poder esfregar na cara dele que sabia o que estava fazendo e não precisava ser criticada. Ele não se surpreenderia se essa nova governanta fosse a profissional mais qualificada, exigente e diligente que ele, ou qualquer outra pessoa, já teve. — Mais alguma coisa? — Ela perguntou quando ele ficou em silêncio por um momento. — Minha agenda... — Estará pronta às quinze para as cinco, — ela interrompeu, recuando em direção à porta.
Ele fez o habitual barulho grunhido e ela saiu rapidamente da sala. Ela se sairia bem. Ela caiu na borda da mesa de Tad, fechando os olhos e esfregando as pálpebras com mais pressão do que era confortável. Ela podia sentir uma dor de cabeça começando. — Espere aí, garota — disse Tad, desligando o telefone e começando a arrumar sua mesa. — O primeiro dia é sempre o pior. Só entre nós, no meu horário de almoço, entrei no banheiro e chorei por vinte minutos seguidos. Então, quando cheguei em casa, chorei até dormir. — Ele sorriu, revelando um dente excessivamente pontudo. — Eu sei que isso não parece promissor, mas você realmente começa a gostar daqui depois de um tempo. — Eu não vejo como, — ela murmurou, irritada consigo mesma por sua voz soar chorosa. — Ele empurra você, — disse Tad, sorrindo para a porta fechada do chefe. — Ele te faz perceber o quanto realmente é capaz de fazer. — Ele deu um tapinha na perna dela, um pouco alto demais na coxa e, se fosse qualquer outro homem, teria sido muito inapropriado. — Você vai se surpreender. Além disso, — ele sorriu, um brilho absurdo nos olhos, — ele é realmente gostoso de se olhar. — Oh, por favor, — Hannah zombou, revirando os olhos infantilmente. — Agora seja honesta, — riu Tad, — não venha me dizer que não notou! Isso nem é possível. — Ele é velho, — Hannah retrucou, não querendo admitir que ele era bonito, mas também não querendo mentir. — Ele é mais velho, — corrigiu Tad. — A idade sugere um homem. Ele já rodou o quarteirão uma ou duas vezes. Hannah levantou-se da mesa, pegando a parte do cronograma que Tad havia elaborado para ela, depois se inclinando sobre o ombro de Tad e dizendo:
— Agora você me diz. Qual você prefere comprar... um carro novo brilhante ou com cem mil quilômetros rodado? A
risada
de
Tad
a
seguiu
até
a
copiadora. —
Não
se
preocupe, Hannah-Banana, você vai conseguir! Hannah se inclinou para fora da copiadora, tirou um chapéu invisível da cabeça e jogou-o no ar. Ela mal conseguiu pegar as agendas das secretárias enquanto elas se embaralhavam para organizar tudo antes do final do dia de trabalho. Todas praticamente correram pela porta às cinco, deixando o andar assustadoramente vazio. Hannah ficou sentada sozinha, as luzes haviam diminuído aliviando a dor de cabeça que agora estava batendo atrás de seus olhos. Ela estava na mesa abandonada de Tad, fazendo o balanço dos talões de cheque do Sr. Michaels. Ele passou essa tarefa em seu último minuto, exatamente quando ela estava prestes a dar um suspiro de alívio ao pensar em poder ir para casa. Quem ainda fazia balanço de seus talões de cheques? A única coisa boa era que ela não o via há mais de uma hora. Ele estava sentado em seu escritório fechado e o único sinal de que ainda estava lá era a luz piscando no painel do telefone, sugerindo o uso de sua linha privada. Hannah bateu na calculadora que teve que descer três andares para encontrar, levantando um recibo de cartão de crédito após o outro. Era incrível que um homem pudesse causar tanto dano à sua conta bancária em uma única semana, quando nunca parecia sair do escritório, exceto em reuniões ocasionais de negócios. Ela preencheu a planilha, cantarolando baixinho consigo mesma para aliviar seus nervos desgastados. Ela suspeitava que ele lhe dera esse trabalho apenas para mexer com ela. Talvez ele estivesse tentando fazê-la quebrar. Por mais que ela adorasse nada mais do que levantar e jogá-los na cara dele, seu orgulho a fez aceitar o trabalho com um sorriso, mesmo que já passasse das sete da noite e ainda não tivesse tido a chance de comer nada.
Ela não ouviu a porta se abrir. Ela pulou alguns centímetros e gritou quando o ouviu perguntar: — O que você está fazendo sentada na mesa de Tad? — Eu... er... hum... não me foi designada uma mesa. Isso pode ter algo a ver com isso, — respondeu ela, sem se importar com quão grosseira sua voz soou. Ela estava exausta e tudo o que queria fazer era enfiar os recibos em um envelope e terminar o dia. A sobrancelha de Elliott levantou um pouco quando ele percebeu, pela primeira vez, que talvez sua equipe de escritório não fosse tão leal quanto pensara. Alguém estava tentando tornar seu dia ainda mais difícil do que deveria ser. Ele não estava feliz com isso. — Sally deveria ter lhe mostrado seu escritório esta manhã, — ele informou, um leve aborrecimento rastejando em sua voz geralmente temperada. — Como você pode ver, — Hannah disse, acenando com a mão, — ela não o fez. Elliott suspirou e assentiu, estendendo a mão como se estivesse oferecendo a ela. — Vamos lá, eu vou te mostrar. Hannah levantou-se da mesa lentamente, seu corpo doendo em lugares que ela nem sabia que poderia ter forçado. Nem mesmo a promessa de seu próprio escritório poderia aliviar a urgência que ela sentia de voltar para casa, tomar uma xícara de chá suave e cair na cama. Ela seguiu EM até o escritório dele e depois pela porta à direita, que ela assumira, até então, era um depósito ou um banheiro privativo. Ele abriu a porta, estendeu a mão e acendeu a luz. Dentro havia uma pequena mesa preta que ficava afastada das enormes janelas que cobriam todo o lado do edifício. Uma estante preta comprida e baixa se alinhava por todo o comprimento da parede em frente a eles. Havia duas portas, a que eles estavam e a que dava para o saguão. Havia um sofá xadrez preto e branco entre as duas portas. Sobre a mesa, havia um computador com um enorme monitor de tela plana, além de seu próprio telefone e vários materiais de escritório. Em cima da estante, havia uma impressora e seu próprio fax.
— Oh, — disse ela, parecendo um pouco sem fôlego até para si mesma. Era uma sala adorável. Era dela. Ela não tinha que compartilhar ou esperar que alguém saísse da mesa para poder sentar e digitar algo rapidamente antes que voltassem. Ela tinha um aparelho de fax. Se ela colocasse a cafeteira lá, nunca precisaria sair do escritório. E ela tinha um sofá. Um sofá! Ela realmente poderia sentar em algo que não a faria sentir dor nos ombros e na bunda em menos de quinze minutos. O lábio de Elliott se ergueu ao lado enquanto a observava. Ele nunca pensou muito sobre ter um escritório próprio, já que sempre o tivera. Mas observando Hannah, a maneira como ela passava os dedos sobre o material macio do sofá, a superfície brilhante da mesa e até o monitor do computador, ele percebeu o quão importante um pouco de luxo poderia ter para alguém. Hannah sentou-se na cadeira em frente ao computador, tendo que puxar a manivela para abaixá-la significativamente. Quem ocupou o cargo antes dela deve ter sido consideravelmente mais baixa que ela. — Na primeira gaveta da mesa, — ele disse, enquanto ela olhava em volta, — há um cartão de crédito da empresa. Use-o para qualquer coisa que eu pedir que faça e que exija dinheiro, comida, recados, passagens de avião. — Ela assentiu, pegando o cartão de crédito e colocando-o na bolsa. — Você pode pagar seu próprio almoço ou jantar se ficar aqui depois das seis da noite, — disse ele. — Então, bem, agora você conhece o seu lugar. Você pode ir para casa agora. O talão de cheques não é uma coisa urgente, — ele disse e saiu da sala, fechando a porta atrás dele. Ela podia pagar o almoço e o jantar no cartão de crédito da empresa? O que havia acontecido com ele? Isso era completamente inapropriado. Ele desligou o computador e enfiou alguns papéis que queria examinar antes de ir para a cama na pasta. Ele não tinha motivos para pagar pelas refeições dela. Ela era sua funcionária, não sua namorada. Talvez ele se sentisse culpado. Afinal, ela estaria trabalhando horas injustas por um pagamento que ele teria escarnecido. E faria isso sem
reclamar. Sem
nenhum
incomodo. Sem olhos avermelhados que
sugeriam que ela chorara durante todo o intervalo. O mínimo que ele podia fazer era lhe pagar um jantar, se a faria trabalhar até oito ou nove da noite. Devia ter alguém sentindo falta dela. Ele a manteve por onze horas seguidas. Ele a viu sair para o saguão, seus olhos pareciam pequenos e cansados e ela esfregava a têmpora distraidamente enquanto esperava o elevador. Ela olhou para o escritório dele com o que ele só poderia descrever como aversão. Ela o odiava. Ele não podia exatamente culpá-la por isso. Ele mantinha um ritmo alucinante e exigia isso dela. E não lhe escapara o fato de ele não estar tão acostumado a elogiar funcionários como alguns outros empregadores. Ela certamente deixou claro que não apreciava quantas vezes ele se esqueceu de agradecer. Ele sorriu para si mesmo. Ela tinha personalidade. E sabia como lutar. Nos últimos cinco anos, ele ainda não encontrara uma assistente capaz de terminar todas as tarefas que ele passara no primeiro dia. Ele foi duro com elas de propósito. Ele precisava eliminar aquelas que não lidariam com isso o mais rápido possível, porque não podia segurar a mão de ninguém durante os longos e difíceis dias de trabalho que certamente viriam eventualmente. Elliott pegou sua bolsa. Ele notou que ela havia deixado a luz acesa em seu escritório e foi desligá-la, apesar do fato de que a equipe de limpeza estaria lá em menos de uma hora. Quando ele alcançou o interruptor, notou uma pilha de algo na mesa dela e se aproximou para investigar. Ao lado do teclado estava o talão de cheques, os recibos e uma planilha intrincadamente compilada. Ela até colocou os recibos em ordem cronológica e os grampeara antes de colocá-los no envelope. Elliott sorriu. Seu orgulho não a deixou ir para casa sem terminar cada última coisa que ele jogara nela. Ela se sairia bem. Hannah prometeu a si mesma que não faria isso, mas chorou o caminho todo para casa. Porém, ela disse a si mesma, era por pura
exaustão e não o resultado de um chefe arrogante e exigente que parecia vê-la como nada além de outro equipamento do escritório. Quando chegou em casa, notou que sua mãe havia deixado duas mensagens - a primeira perguntando como foi o primeiro dia e a segunda um pouco mais preocupada - parecendo questionar se estava tudo bem e dizendo para ela ligar a qualquer hora. Ela tirou os sapatos e se encolheu com a sensação de bolhas nas almofadas sob os dedos dos pés e nos calcanhares. Aparentemente, não havia sapatos que pudessem competir com a correria do dia inteiro. Ela fez uma anotação mental para tirar seu velho par de sapatos de garçonete do armário para o dia seguinte. Se eles podiam sobreviver oito horas atendendo mesas, talvez aguentassem onze horas servindo todas as necessidades de um CEO poderoso. O
celular
dela
tocou
e
ela
gemeu
ao
pegá-lo,
temendo
irracionalmente a possibilidade de que talvez fosse EM a chamando de volta ao trabalho. Ele nem tinha o número dela, ela lembrou a si mesma. Ela olhou para a tela e viu o nome de Tad aceso. — Você não dorme? — ela disse como uma saudação. — Você chega mais cedo que eu. O que está fazendo acordado? Hannah praticamente ouviu o encolher de ombros em sua voz quando disse: — Você se acostuma a longas horas depois de um tempo. Em um mês ou dois, não precisará mais dormir uma noite inteira. — Precisar? Talvez não. Mas querer é outra coisa, — disse ela, tirando as roupas e caindo na cama apenas de sutiã e calcinha. — Oh, — disse ela, sentando-se. — Como é que você não me disse que eu tenho um escritório? — Um escritório, — repetiu Tad, parecendo confuso. — Eu nunca vi uma de vocês ter um escritório antes. — Sim, — ela disse, sentindo seu coração acelerar um pouco. Por que ela ganhou um escritório então? — Bem ao lado do dele. Tad soltou um assobio. — Bem, Hannah-Banana, o que você fez? — O que você quer dizer com 'o que eu fiz'?
— Bem, nos dois anos em que estive lá, houve cerca de vinte de vocês. E nenhuma delas ganhou um escritório. Francamente, eu nem sabia que era um escritório. Achei que fosse um banheiro, visto que ainda não o vi usar o que fica no andar. — Eu achei a mesma coisa, — disse Hannah, sentindo-se um pouco tonta por estar tão cansada. — Eu lhe dei umas quinze xícaras de café e ele nunca saiu do escritório. — Ele é uma máquina. Autômato completo. Mas pare de mudar de assunto. O que você fez? — Eu não fiz nada, — ela riu. — Talvez eu apenas seja ótima em fazer café. — Talvez ele apenas goste da sua bunda, — brincou Tad. — Ei! — Oh, vamos lá. Ele é um homem. Ele percebeu. Inferno, até eu notei e não tenho interesse em sua bunda. — Ele também não tem interesse, — insistiu Hannah, ajustando o despertador e rezando que dormir sete horas seria suficiente para renovála. — Oh, por favor. Continue dizendo isso a si mesma, — disse ele, parecendo sério. — Não se apaixone por ele, ok? Eu sei que você jura não achá-lo o delicioso pedaço de costela que ele é, mas não acredito nisso por um segundo. Você sabe que ele é lindo. Mas vi quatro de suas assistentes se apaixonarem e irem para a cama com ele. Elas costumavam parar alguns dias depois quando percebiam que ele não tinha nenhum interesse real. E não me importava com elas, eram garimpeiras insípidas que o viam como uma captura fácil. Mas eu gosto de você. E quero que você fique por lá. Não deixe que ele te arraste. — Cara, — disse Hannah, desejando que ele deixasse esse assunto para lá, — ele nem fala comigo. Sério. Nem mesmo um olá. Ou obrigado. — Ele não precisa falar para pensar em você nua. — Oh, nojento, — Hannah fez uma careta. — Ele não está interessado. E mesmo que estivesse, eu não estou. Eu preciso do dinheiro
mais do que qualquer coisa agora. Então, vá para a cama e descanse. Nada vai acontecer comigo e com EM. — Fico feliz em ouvir isso. Descanse um pouco sua beleza. — Você também, — disse Hannah, apagando a luz e puxando as cobertas até o pescoço. — Você me viu? Eu não preciso de sono de beleza, — Tad riu e desejou-lhe boa noite. Hannah queria nada mais do que finalmente dormir um pouco, mas sua conversa com Tad passava repetidamente por sua cabeça. EM a notara? De alguma forma, ela realmente duvidava, mas Tad parecia bastante certo. Ele poderia realmente estar pensando nela de uma maneira sexual? Parecia improvável. Como ele poderia pensar nela nua quando mal olhou na direção dela em onze horas? Ela não podia nem imaginar como um relacionamento sexual poderia se formar entre EM e uma de suas assistentes. Elas se jogaram sobre ele? Ela não conseguia ver como isso funcionaria de outra maneira. Não entendia, nem mesmo, como ele havia conseguido a reputação de mulherengo. Parecia não haver nada de encantador em sua personalidade. Na verdade, ele parecia intensamente
desinteressante. Ele
era
sempre
grosseiro
e
condescendente. Como tinha tempo para namorar? Ele ficava no escritório até às nove da noite quase sempre e voltava às oito da manhã seguinte. Se fosse sincera, admitiria a Tad que, ao longo do dia, notara como ele era atraente. Ele tinha um ar intrigante e misterioso. E os olhos dele, quando apontados em sua direção, pareciam prendê-la à sua alma. Ela nunca tinha visto olhos tão azuis antes. E ele tinha cílios grossos e escuros ao redor deles, o que os destacava ainda mais. Então havia a nitidez das maçãs do seu rosto, escondidas um pouco por aquela barba de alguma forma atraente. Mas ele tinha uma mandíbula firme que parecia agressiva. E sua boca era propensa a seriedade, não indulgência.
E, na opinião dela, ele não era seu tipo. Ela preferia homens que não se levassem tão a sério. Alguém com um sorriso fácil e olhos que sugeriam humor e compaixão. Mas tudo isso era inconsequente. Ele era o chefe dela. Ele assinava os contracheques que ela tanto precisava. Mesmo se relacionamentos ou sexo fosse o foco dela, ele seria o último homem a quem ela recorreria. O último.
Quatro Se possível, seu segundo dia foi ainda mais impressionante do que o primeiro. Provavelmente devido a uma noite jogando e virando, seguida por uma série de maldições lançadas ao seu despertador quando ele disparou depois que ela teve poucas horas de sono. Ela se sentia exausta, como se o mundo inteiro estivesse um passo à sua frente e ela estivesse se esforçando para alcançá-lo. Talvez tenha sido porque seu primeiro dia foi chocante, uma estranha experiência alienígena de ser uma intrusa que não entendia completamente todas as responsabilidades que teria de lidar todos os dias da semana de trabalho, enquanto o restante da equipe parecia funcionar, sem esforço no ritmo alucinante. Na hora do almoço, a mesa dela lembrava a de uma professora de ensino médio com cérebro disperso, com muitos alunos e muitas tarefas a serem classificadas e habilidades organizacionais insuficientes. Ela tinha faturas e faxes, planilhas e guias de viagem. Cartas e cartas e mais cartas. O grande volume de correspondência endereçada a E. Michaels a deixou de queixo caído. Se a correspondência dele fosse colocada em espera por uma semana, você provavelmente poderia salvar mil florestas tropicais da destruição. E isso era apenas sua
correspondência
pessoal. Imagine quanto fosse endereçado à empresa em geral. Ela se contraiu só de pensar nisso. Hannah bateu o pé com impaciência na mini cozinha, observando o relógio e esperando a cafeteira terminar de preparar. Ela estava atrasada. O Sr. Michaels tinha um compromisso em menos de cinco minutos e ela ainda precisava fazer o café e levar ao seu escritório. Ele poderia lhe dar um daqueles olhares dele se ela se atrasasse. Aquele tipo de olhar que dizia “você é completamente incompetente”. Aparentemente, era um olhar com quem todos da empresa eram íntimos.
— O que há com a perna batendo? — Tad perguntou, apontando para a perna dela batendo rapidamente enquanto ele pegava o iogurte diário na geladeira. — Estou correndo atrasada. — Oh, sim, — Tad sorriu. Era um sorriso estranho, como se ele soubesse algo que ela não sabia e não estivesse disposto a lhe contar. Era o tipo de sorriso que as líderes de torcida do ensino médio davam quando sentavam à mesa na cafeteria e fofocavam. — E esta é uma reunião muito importante. Pessoas muito importantes e tudo mais. Melhor correr enquanto as coisas estão boas, Hannah-Banana, — disse ele e voltou para sua mesa. Hannah encheu as três xícaras e as levou para o escritório, tentando ao máximo não se escaldar com as canecas quentes ou derramar qualquer conteúdo, agradecendo silenciosamente seu tempo como garçonete pela capacidade desumana de resistir ao calor através da cerâmica. Ela abriu a porta com o pulso e empurrou com o ombro enquanto olhava para as xícaras. Então, bateu direto para algo sólido. Ela gritou quando o conteúdo de três xícaras de café fumegantes derramou pelo seu peito e braços. Ela tentou o máximo que pôde segurar as xícaras, mas elas caíram no chão com um estalido acentuado seguido de sons de assobio enquanto as peças se espalhavam pelo chão. Elliott pulou de sua mesa imediatamente, mas não foi até ela. O olhar em seu rosto o impediu de avançar. Ela tinha aquele olhar, que, se uma palavra errada fosse dita, ela poderia começar a chorar. Ele não tinha nada além de palavras erradas. Ela ficou parada congelada por um momento, os olhos arregalados e a boca ligeiramente aberta como se estivesse silenciosamente dizendo “oh”, mas nada saiu. Então, rapidamente, ajoelhou-se no chão e começou a catar os pedaços de cerâmica quebrados em uma pilha à sua frente, ignorando a blusa encharcada e as queimaduras que certamente estavam se formando em sua pele por baixo.
Hannah não conseguia calar um pensamento em sua mente por mais de um segundo. Ela era uma idiota. Um idiota! Ela precisava olhar para onde estava indo, pelo amor de Deus. Ela se fez de boba na frente não apenas de seu chefe, mas de seus associados. Ela realmente esbarrou em algo. Eles devem ter achado que ela era uma completa idiota. No que ela esbarrou? Só quando o pensamento se formou em sua mente e ela pensou em olhar para cima e olhar, um homem se ajoelhou na frente dela, agarrando suas mãos e acalmando a limpeza frenética. Foi então que ela percebeu que bateu em uma pessoa. Neste homem. O outro Sr. Michaels. O irmão mais novo. Ele não se parecia em nada com Elliott. Ele tinha cabelos castanhos claros e linhas de riso. Seus olhos eram de um azul mais escuro e seu rosto não era tão afiado quanto o de seu irmão. As maçãs do seu rosto eram proeminentes, mas mais suaves. Suas sobrancelhas mais claras, menos severas e sua boca parecia perpetuamente erguida no canto. Ele estava usando, ela quase riu, jeans azul e uma camiseta branca com um blazer cinza por cima e uma gravata absolutamente fora do lugar. Ele estava usando tênis. EM deve ter ficado furioso. Esse pensamento foi quase o suficiente para fazê-la sorrir. Quase. — Bem, — disse ele, com a voz calma e doce, — somente os funcionários do meu irmão se dariam queimaduras de terceiro grau e se cortariam com a mera visão dele. Hannah emitiu um som na garganta, algo próximo a uma risada, um bufar e um gemido de uma só vez e desviou o olhar, para que ele não visse as lágrimas ameaçando transbordar. Foi então que ela percebeu que ele tinha suas mãos nas dele. Assim que ela começou a tentar afastá-las, ele as segurou com mais força e a levantou. — Tudo bem, agora, — disse ele, virando-a para a porta, — por que não vamos cuidar de você e fazer um café novo? Tenho
certeza que eles podem ficar sem mim por alguns minutos. Estou aqui apenas para enfeite de qualquer maneira. — Ele sorriu e ela riu. Ele a conduziu para fora do escritório, segurando um dos braços dela e a guiando em direção à cozinha. — Então, qual seria o nome da nova vítima do meu irmão, — ele perguntou. — Hum... ah... eu sou Hannah. — Hannah. Adorável. Um palíndromo. Então, minha querida Hannah, há quanto tempo você trabalha aqui? Nunca a vi antes, mas isso não diz muito, pois tento não mostrar meu rosto aqui, a menos que esteja sob a ameaça de rescisão. — Este é o meu segundo dia. Ele ri profundamente de uma maneira zombeteira, mas não cruel: — Você deve se sentir realmente horrível agora, não é? — Sem esperar que ela respondesse, ele se aproximou e pegou o braço dela, enrolando a manga para revelar sua pele. — Isso dói? — Ele perguntou. — Sim, — Hannah respondeu honestamente, observando enquanto ele se inclinava sobre o braço dela. Ele era, bem, ele era tão adorável de se olhar quanto Tad insistia. E provavelmente tão charmoso. — Bem, eu tenho medo que não haja muito a ser feito. Tem que sair. Espere aqui, eu vou pegar minha serra, — ele deu-lhe um olhar sério e sorriu. — Mas aqui, — disse ele, abrindo a torneira e puxando o braço dela para baixo. Ela se afastou imediatamente. — Sim, eu sei que está frio. Mas você se sentirá um pouco melhor se deixar que isso tire a dor. Eles ficaram ali em silêncio por alguns momentos. Seus braços se revezaram sob a água corrente e o outro irmão Michaels estava muito perto, logo atrás de seu quadril e olhando por cima do ombro. Ele era alto. Como o irmão dele. — Tranquila, você, não? — ele perguntou quando o silêncio continuava. — Normalmente não, — ela respondeu, fechando a torneira e secando os braços cuidadosamente com toalhas de papel. — Entendo, — ele sorriu, — não é a primeira vez que uma mulher fica calada pela minha magnífica aparência. Não se envergonhe. É
natural. Eu sou, bem, — ele riu, tornando seu discurso muito mais engraçado do que arrogante, — eu sou simplesmente... lindo. Hannah riu. — E muito humilde, parece, — ela brincou, fazendo-o rir. — Infelizmente, a humildade nunca foi um forte traço meu. — Ele olhou para ela por um longo segundo. — Acho que você nunca imaginou quando estava se vestindo para o trabalho hoje que estaria estrelando seu próprio concurso de camiseta molhada. — Oh, pelo amor de Deus, — ela deixou escapar, lembrando-se de sua escolha de uma fina camisa branca para o dia. — Oh, não, não, não. Não, não se preocupe, querida. Eu tenho um plano, — disse ele, tirando o paletó e afrouxando a gravata, fazendo-a realmente se preocupar por um segundo se ele achasse que ela estava prestes a dar uma rapidinha com ele na cozinha do escritório. Que, talvez, ele fosse o libertino que todos o acusavam de ser. Mas ele se aproximou,
incentivando-a
a
colocar
os
braços
nas
mangas
e
abotoou. Então ele pegou sua gravata cinza e a envolveu em volta da cintura dela, apertando-a com força para que as lapelas não se abrissem acidentalmente. — Você não sabe que Elliott gosta de suas mulheres com carne em seus ossos? Hannah bufou: — Felizmente, eu não poderia me importar menos com o tipo de mulher que ele prefere. James deu de ombros ao tópico. — Ok, — disse ele, dando um passo para trás e olhando-a, — certamente não está na moda, mas é melhor do que ver seu sutiã. — É sempre um bônus, — concordou Hannah, voltando-se para o armário e pegando três canecas novas. — Você nem me perguntou meu nome, — ele a informou, pegando a cafeteira e servindo três xícaras frescas. — Isso é porque seu nome precede você, James, — ela disse com um sorriso.
— Ah, sim, minha reputação tende a me tornar um tópico de discussão nesses lados. — Ou talvez seja sua ausência que faça as pessoas falarem, — sugeriu Hannah. — Garota esperta, — James riu, — eu não sei se meu irmão pode lidar com uma assistente que tem uma mente própria. — Ele aprenderá a se adaptar, — disse ela, desafiadora. — Elliott? Adaptar? Oh, linda, você tem que descobrir algumas coisas, parece, — disse ele, pegando uma das xícaras de café dela. — Oh, espere. Eu preciso pegar uma pá e vassoura. James riu. — Já está limpo, — ele disse a ela. — Como você sabe disso? — ela perguntou, seguindo-o de volta ao lobby. — Porque... é meu irmão. Ele não tinha vergonha de admitir que era irritante ver como facilmente James interagia com sua nova assistente. A maneira como ele brincou com ela para superar seu constrangimento, a maneira como assumiu o comando e a tirou da sala para cuidar de si mesma, a maneira como obviamente a impediu de chorar, pelo jeito que ele colocou seu casaco nela, para que ela não tivesse que andar o dia inteiro com manchas de café e uma camisa transparente. Perto de tudo isso, ele se sentia desajeitado e inadequado. Eles
voltaram
ao
escritório
em
uma
espécie
de
diversão
silenciosa. Havia uma luz em ambos os olhos e James piscou com camaradagem quando ela estendeu o café e depois se desculpou. Quando a porta se fechou atrás dela, Elliott olhou rapidamente para o irmão e disse simplesmente: — Não. Os lábios de James se curvaram de um lado. — Vamos ver, — disse James, olhando para a porta fechada. — Nunca se sabe. Hannah se recostou na porta e respirou fundo algumas vezes. Tad passou por ela, lendo a folha de cima da pilha que estava segurando e
disse sem nunca olhar para cima: — Isso é um estilo, — e continuou falando sobre seus negócios. Ela sabia que nunca esqueceria enquanto vivesse esse episódio inteiro. Podia ter sido a coisa mais humilhante que já lhe aconteceu em sua vida adulta. Era o que ela teria em sua mente à noite, enquanto tentasse dormir. Ela fez uma anotação mental para mandar lavar o casaco e a gravata de James, e voltou ao trabalho tentando deixar todo o incidente para trás. Cerca de uma hora depois, quando voltou ao escritório, encontrou algo em cima da mesa. Era uma camisa branca lisa, dobrada cuidadosamente em cima de toda a papelada que ela teria que arquivar. Era
quase
idêntica
a
que
ela
usava
anteriormente,
provavelmente arruinada. Mas esta era de um material mais fino e de grife. Era até do tamanho dela. Ela teria que se certificar de enviar uma nota de agradecimento a James, juntamente com a limpeza a seco. Ele esperava que servisse. Ele era geralmente um juiz decente desse tipo de coisa e ela era um pouco magra, então era provável que se encaixasse em qualquer coisa que ele escolhesse. Mas, por alguma razão, ele queria que encaixasse do jeito que faria se ela mesma tivesse escolhido. Ele se certificou de que não houvesse nota, esperando, talvez, que ela assumisse que era de Tad ou de uma das outras mulheres do escritório... ou mesmo de seu próprio irmão. Mas ele teve que comprar para aliviar um pouco a culpa que sentia ao assumir que, se ele não fosse uma pessoa tão exigente e intimidadora, ela não teria tanta pressa e levaria um tempo para olhar onde estava indo, sem estragar a blusa e se queimar. Ele precisava se desculpar de alguma forma, mesmo que ela nunca soubesse que foi ele. Além disso, ele não podia deixá-la andar pelo escritório em um casaco masculino com uma gravata como cinto. E, especialmente, não o casaco e gravata do irmão. As pessoas já falariam sobre eles. Ele ouvira as risadas da cozinha quando saíram para fazer mais café. Isso o
irritou. Hannah parecia tão séria e sóbria quanto ele, mas o fato de James tê-la divertido tão facilmente provou o contrário. Ou provou que ela estava atraída por James. Seu irmão sempre possuiu um talento especial para encantar até as mulheres mais taciturnas. Talvez fosse porque ele tinha todo o tempo do mundo para perseguir qualquer coisa de saia já que quase nunca aparecia no trabalho. Exceto nos dias em que ameaçava demiti-lo se ele se recusasse a comparecer a uma reunião importante. Como a que eles tiveram anteriormente com a cobra viscosa de um CEO de uma empresa que estavam tentando adquirir. James tinha uma tolerância muito mais forte em relação a políticas ardilosas e besteiras que eles certamente ouviriam do homem execrável. Quando Elliott estava quase pronto para agarrar o homem pelo pescoço e jogá-lo de seu escritório, James sentou-se lá, as mãos em concha na frente dos lábios, recostado na cadeira com os pés apoiados na mesa. — Entendemos suas preocupações, Alan, — ele disse, enviando um olhar para Elliott que apenas um irmão poderia interpretar como “ei, eu sei que ele é um idiota total, mas precisamos que ele se mantenha calmo”. E, talvez, “eu sei que você me acha incompetente, mas posso lidar com isso”. Às vezes, ele esquecia que James realmente tinha um nível de educação superior ao dele. Enquanto ele estava ocupado ralando a bunda trabalhando dezesseis horas por dia para erguer sua empresa, James optou por permanecer na faculdade. Ele ficou principalmente porque gostava de morar no campus com festas loucas e a abundância de mulheres. E enquanto ele trocava de curso quatro vezes antes de se estabelecer (tipo: foi forçado a) em negócios, ele sempre manteve um GPA quase perfeito. O cara sentado ao lado dele, que costumava trabalhar com personagens de desenhos animados estampados em suas camisetas, na verdade tinha um MBA.
No final, eles garantiram o acordo e James lançou-lhe um olhar que gritava “Eu te disse”, enquanto eles apertavam a mão de seu, infelizmente, novo parceiro de negócios. Hannah vestiu a camisa nova, olhando paranoica para as duas portas do escritório, apesar do fato de ninguém nunca ter entrado. Parecia suave em sua pele - muito mais macia do que a que ela usava. Felizmente, seu sutiã estava seco, embora ainda cheirasse fortemente a café, lembrando-a de quando ela trabalhava em período integral em uma cafeteria e jurava que ainda podia sentir o cheiro de café nos cabelos, mesmo após o xampu e o condicionador. Seus braços e peito ardiam sempre que algo roçava contra eles e estava permanentemente em uma cor vermelha brilhante e raivosa. Sua pele tinha empolado um pouco em alguns pontos, um fato que ela estava escolhendo ignorar. Era pouco depois do almoço e ela ainda precisava fazer compras no supermercado para ele, entrevistar três governantas, arquivar, enviar fax, descobrir quem era “Dan” e ligar para avisar que precisariam remarcar. — Ding dong, — disse Tad, enfiando a cabeça pela porta e erguendo uma sobrancelha para ela. — Bela camisa. — Foi um presente. — Tenho certeza que sim, — disse Tad, jogando-se no sofá e fechando os olhos. — Sally está de mal humor. Eu preciso de refúgio. Hannah riu. — Fique o tempo que precisar. — Ele é tão delicioso quanto eu te disse, não é? — Tad abriu um olho e olhou para ela. — Oh, não finja que não sabe de quem estou falando. Hannah admitiu: — Tudo bem. Sim, ele é muito charmoso. — E lindo, — acrescentou Tad. — E lindo, — ela concordou. — Oh, agora que você está aqui. Quem é Dan? — Dan, — repetiu Tad, virando o rosto totalmente para ela. — Sim, eu devo ligar para Dan e reagendar. Ele não disse o que.
— Provavelmente o encontro deles, — disse Tad com uma careta. — Dan é a esposa dele. Hannah sentiu como se tivessem tirado o ar de seus pulmões. Ele era casado? Como? Por quê? Ela balançou a cabeça. Por que isso importa? — Sim, — disse Tad, olhando-a atentamente. — Foi estranho. Eles namoraram casualmente por um tempo. Ela é uma espécie de herdeira, linda e fria, e de alguma forma conseguiu que ele amarrasse o nó. Só Deus sabe como ela conseguiu isso, — ele fez uma careta. — Durou três meses. Eles estão indo ao tribunal para resolver os termos do divórcio. Boa viagem. Ela era uma verdadeira peça de trabalho. — Peça de trabalho, — a voz de James veio da porta. — Alguém está falando de mim? — Oh, sempre James, sempre, — respondeu Tad. — Tad, — James assentiu em sua direção. — Trabalhando duro. — Oh, você me conhece, — Tad praticamente ronronou. James entrou na sala, sentando-se na mesa de Hannah e brincando com seu conteúdo. — Sou só eu ou Sally está uma cadela total hoje? — ele perguntou e Tad e Hannah começaram a rir. Eles ficaram ali por quinze minutos, trocando brincadeiras espirituosas e liberando estresse antes que James se levantasse e anunciasse: — Bem, eu tenho que ir. Se eu ficar aqui um dia inteiro, meu irmão pode ter um ataque cardíaco, pior ainda, começar a esperar isso de mim. — Ele se virou para Hannah, agarrou a mão dela e realmente a beijou. — Foi uma honra dividir meu casaco com você, Hannah Clary. Talvez possamos fazer isso de novo algum dia. — Ele olhou para ela o tempo suficiente para notá-la corar e sorriu. Ele foi até a porta, — E Tad, sempre um prazer. — Oh, você sabe que sim, — respondeu Tad com uma piscadela. Quando Tad, relutantemente, voltou ao trabalho, Hannah sentouse, digitando com rapidez as respostas às cartas e colocando a agenda em ordem. Por trás dela, sem que notasse, ficou escuro lá fora. O escritório parecia funcionar em um horário diferente do resto do mundo
e simplesmente voava com todas as tarefas que precisavam ser concluídas em um dia. Ela telefonara para Dan e foi recebida por uma voz gelada que ficou irritada demais com ela pela mudança de planos de Elliott. Depois, passou duas horas fazendo entrevistas, depois ligando e cancelando o que havia marcado para o dia seguinte porque havia encontrado a candidata perfeita. Seus ombros doíam de ficar na frente do computador por tanto tempo. E então algo deu errado. Ela estava no meio de uma carta de duas páginas quando, de repente, a tela ficou escura e ela não conseguiu voltar a ligar. Foi a última gota d’água e ela pôde sentir seus olhos marejados de frustração. — Não, não, não, não, — ela gritou para a tela, tentando os poucos comandos que sabia. — O que aconteceu? — veio uma voz da porta e ela estava muito irritada para se assustar com a interrupção. — Eu estava digitando uma carta e ela simplesmente desapareceu e ficou preta, — disse ela, acenando com a mão para o computador e se forçando a lutar contra as lágrimas. Elliott entrou na sala e parou atrás dela. Ela sentiu a linha completa da parte superior do corpo dele contra seu lado quando ele esticou o braço e começou a mexer no teclado. Ela nunca esteve tão perto dele antes. Ela podia sentir o calor do corpo dele através do tecido de suas roupas e o leve toque de especiarias de sua colônia. Mesmo curvado, ele era uma cabeça mais alto e ela se sentia muito pequena, quase frágil ao lado dele. O que era um sentimento estranho para uma mulher de um metro e setenta. — Tudo o que você precisa fazer da próxima vez é, — ele começou a dizer, fazendo-a voltar à atenção, — apertar este e este botão e voltará a funcionar. Está vendo? — ele perguntou, então a encarou para ver se ela estava ouvindo. Parecia que ela estava em uma montanha-russa e acabara de passar do limite e sentiu a queda. Quando seu estômago deu um pulo e
todo o ar se foi. Os olhos dele fixos nos dela. Depois de um segundo, eles mudaram. Suavizaram de alguma forma. E aprofundaram. Ela se sentiu olhando de volta, sua boca se separando com a tensão palpável. Os olhos dele desceram para os lábios dela, depois voltaram para se fixar nos olhos. Eles haviam diminuído, com as pálpebras pesadas e intensas. Ela se sentiu completamente nua sob o olhar dele. Pareceram anos para ela, mas provavelmente foi apenas dez segundos. Aconteceu quase ao mesmo tempo. Ela olhou para cima e a cabeça dele baixou um pouco. Foi quase imperceptível, mas ela se sentiu virar o rosto para ele e ele se inclinou. Ela sentiu a tensão profunda em seu núcleo, seu batimento cardíaco não acelerou, parecia que tinha desaparecido completamente. Junto com a respiração. E depois... O som estridente de seu telefone celular os fez se afastar como adolescentes culpados. Elliott procurou seu telefone. — Obrigada, — disse Hannah, sua respiração quase um sussurro. Elliott grunhiu. — Vejo você amanhã, — disse ele, indo para o escritório e batendo a porta. O que diabos aconteceu? Hannah balançou a cabeça e olhou para a tela. Sua respiração voltou e seu coração batia forte na garganta e nos pulsos. Seu trabalho estava exatamente como ela o deixara. Ela nem estava atraída por ele. Se lhe dissessem para escolher entre eles, ela escolheria James sempre. Ela estava apenas cansada. Exausta. E ilusória por não comer. Tudo o que ela comeu naquele dia foi um saquinho de amêndoas que Tad jogou para ela quando surtou com ele um pouco sobre algo na agenda. Era apenas o produto de uma mente sobrecarregada e de um corpo desgastado. Não havia absolutamente nenhuma maneira de ela se sentir atraída por ele. O que diabos ele estava fazendo? Elliott passeava pelo escritório, ignorando a luz piscando no celular. Era Dan e ele não podia lidar com sua loucura naquele momento. Ele tinha problemas maiores para lidar.
Como o que diabos aconteceu com a assistente dele. Ele a ouviu batendo furiosamente no teclado e resmungando com raiva. Ele se levantou e caminhou até ela parecendo positivamente oprimida, zangada e chateada ao mesmo tempo. Normalmente, ele teria ido embora. Era trabalho dela resolver essas coisas. Mas havia algo na queda derrotada de seus ombros, e ainda o fato de ela não desistir, que o fez oferecer sua ajuda. Ele não deveria ter chegado tão perto dela. Não era profissional. Ele nunca se inclinaria sobre o ombro de um funcionário do sexo masculino assim. Ele podia sentir o braço dela contra o lado dele e sabia que seu rabo de cavalo estava roçando suas costas. Ela cheirava suave e doce, quase como talco de bebê, embora ele soubesse que era algum tipo de perfume. E ainda havia o cheiro de café grudado em sua pele. E então ele olhou para ela. E sentiu como se alguém tivesse lhe dado um soco no estômago. Ela estava muito mais perto do que ele havia percebido. O rosto dela estava a menos de trinta centímetros do dele. Seus grandes olhos cinzentos e redondos pareciam inocentes e cheios de anseio. Então ela abriu os lábios e inclinou a cabeça para cima, mais perto dele. Ele sentiu uma onda de desejo que não experimentou por tanto tempo do que podia se lembrar. Tudo o que ele conseguia pensar era inclinar-se para ela, pegar seus lábios nos dele e provocar, beliscar, tomando-os cada vez mais profundamente até que ela gemesse, se contorcesse e implorasse por mais. Então o telefone tocou e ele sentiu como se alguém tivesse jogado um balde de água gelada. O fato de ter sido uma ligação de Dan era simplesmente irônico. Ele precisava se controlar melhor. Ela estava obviamente esgotada e vulnerável. E provavelmente estava projetando sua atração por James nele. Não havia escapado à sua atenção como ela olhou para ele sob seus cílios e respondeu à sua sagacidade e riu de suas piadas. Ela queria James, não ele. Ele pegou sua maleta e bateu a porta do escritório com total frustração. Ele saiu antes que Hannah terminasse de digitar sua carta.
Foi a primeira vez em doze anos que ele não foi o último a deixar o escritório. Hannah ouviu as portas do elevador ranger e olhou para cima como se pudesse ver através da parede. Pelo que ela sabia, EM nunca saia do escritório até que todos saíssem. Ela sentiu um pavor no peito até achar que sua respiração mal podia sair. Talvez ele estivesse bravo com ela. O que ele deve estar pensando dela? Que ela era apenas mais uma daquelas garotas fáceis e famintas por dinheiro que a antecederam? O pensamento pesou sobre ela. Ela nunca foi esse tipo de garota. Ninguém teria pensado isso antes. Ela tinha dezessete anos quando ela e o namorado, Sam, foram até o fim. Eles namoravam há anos. E só fizeram isso uma vez. Ela nunca se sentiu emocionalmente pronta para repetir a experiência. Ela também não estava muito interessada em lidar com esse tipo de dor novamente. Claro, ela havia namorado depois que eles terminaram e se afastaram. Mas nunca conseguiu encontrar alguém com quem quisesse dividir uma refeição, muito menos seu corpo. Sempre foi um ponto doloroso para ela. Sempre que sua melhor amiga Emily, de Star's Landing, ligava, Emily costumava contar uma história sobre um cara com quem estava namorando e como às coisas aconteceram na cama. E ela nunca tinha nada a dizer para contribuir com a conversa. Talvez fosse uma coisa boa que ela não parecesse uma “santinha”, mas certamente também não queria ser vista como uma vagabunda. Especialmente pelo seu próprio chefe. Esperava que ele tivesse saído correndo do escritório, não porque estava com raiva, mas porque ficou tão desconcertado com toda a experiência quanto ela. Ele nunca sequer olhou para ela, muito menos sugeriu que estivesse sexualmente atraído por ela. Oh Deus. E ele era casado! Ela praticamente se tornara a outra mulher. É verdade que eles estavam prestes a se divorciar, mas essa era uma linha instável para tentar andar e não poderia viver consigo mesma
se ela se tornasse a história de advertência sobre a qual sua mãe sempre lhe falara. Hannah apertou o botão para desligar no monitor à força. Os homens eram nojentos. Ele olhou para ela como se estivesse prestes a arrebatá-la e tinha uma esposa em casa. Provavelmente era quem estava ligando pelo amor de Deus. Ela zombou e pegou sua bolsa e as roupas de James para deixar na lavanderia pela manhã. O escritório era estranho à noite, todo abandonado. Ela quase desejou poder ver Tad sentado lá com seu sorriso pateta que elevaria seu humor azedo. Embora isso definitivamente não fosse algo que ela iria compartilhar com ele. Ele entenderia da maneira errada. Especialmente depois que ela admitiu ser atraída por James. Ele provavelmente não diria, mas definitivamente a julgaria por isso. Por mais que brincasse com ela sobre o fator gostosura dos dois irmãos Michaels, ela duvidava muito que ele pensasse nela da mesma maneira se admitisse pensar que um deles era gostoso e depois quase desse uns amassos com o outro. Hannah foi para casa, alimentou Ricky e comeu um recipiente inteiro de sorvete de baunilha. De alguma forma, por alguma reviravolta cruel do destino, quando ela se sentia insegura... ela comia. Sem parar. Até que seu jeans estivesse apertado e ela o abrisse. Ela foi dormir cedo e de alguma forma conseguiu dormir em paz.
Cinco O dia seguinte passou com um profissionalismo doloroso. Se ela achava que as interações anteriores eram frias, após o momento em seu escritório, se tornou absolutamente glacial. Hannah se sentia tensa ao redor dele, consciente de quão perto seu corpo estava do dele a todo o momento. O braço dela roçou o dele quando ele pegou seu café enquanto ela pegava os faxes. O quadril dela bateu no dele quando ele abriu a porta e ela entrou. Então as semanas se prolongaram, e como Tad a informou quando ela ligou uma noite chorando que não aguentava mais - que tinha que parar... ela começou a se ambientar. A comida na geladeira estragou com o quão pouco ela estava em casa para comer alguma coisa. Sua secretária eletrônica estava cheia de ligações de casa, algumas preocupadas por ela não ter tempo suficiente para si mesma, outras com raiva por suas ligações nunca mais serem atendidas. Suas horas foram ficando cada vez mais longas, tão cheias que ela mal tinha tempo de pensar em uma vida fora das paredes da EM Corporation. Mas nunca lhe ocorreu se preocupar com isso. Ou ficar zangada ou ressentida. Ela tinha um propósito novamente depois de tanto tempo sem ter nada a fazer com seu tempo, e estava mais do que agradecida por isso. Sua conta bancária começou a encher devido a tão pouco tempo para sair e gastar com qualquer coisa. Ela nunca voltou a ligar a televisão. Quanto mais tempo ela estava por perto, mais EM esperava que ela fizesse. Ela provou que podia lidar com tudo o que ele colocava em sua mesa e foi acima e além do que era exigido dela. Ela passou pela porta dele, uma xícara de café em cada mão. Ela a entregou ao magnata imobiliário George Baker, que estava assessorando a EM em algum tipo de compra. Ele era um homem de meia-idade, grande, do Texas, com um
sorriso contagiante e uma personalidade alegre. — Creme, sem açúcar, — disse ela, entregando-lhe a xícara antes de dar a de EM. Mais tarde naquele dia, enquanto ela preenchia uma papelada em seu escritório, Elliott parou o que estava fazendo e perguntou: — Como você sabia? Hannah deu um pulo. Ela não ouvia a voz dele se dirigindo a ela há três dias. Quando chegou ao escritório, encontrou em sua mesa uma lista do que seria feito durante a semana. — Sabia o quê? — ela perguntou, olhando por cima do ombro para ele. — Como ele toma seu café, — disse Elliott, girando sua cadeira para encará-la completamente. Hannah olhou para ele e o agraciou com um sorriso raro. Ela não sorria muito, ele percebeu. Como ele. — Esse é um segredo de ofício da secretária. — Diga-me, — ele exigiu, surpreendendo-se. Era bom ouvir a voz dela. Ele a ouvira no telefone ou conversando com Tad ou as outras funcionárias, mas ela não falava com ele há pelo menos cinco dias. — Liguei para a secretária dele, — ela admitiu. Elliott assentiu, querendo dizer mais, querendo conversar. O conceito era estranho para ele. Não que ele não gostasse de conversar, mas em sua experiência pessoal, as mulheres com quem ele saia geralmente carregavam a conversa por ele. Mas Hannah permaneceu de boca fechada. Se ele não a conhecesse melhor, a consideraria insípida, mas sabia que ela tinha uma boa cabeça. — Como você está se adaptando aqui? — ele perguntou, sentindose idiota. Hannah inclinou a cabeça para o lado. Ele estava sendo tão... humano. Ela achava que ele era um robô, algum tipo estranho de projeto de ciência que um grupo de alunos gênios de pós-graduação havia projetado que não tinha necessidade real de conversar, sentir ou necessidades humanas básicas. — Foi um ajuste, — ela respondeu enigmaticamente.
Ela odiava como ele a olhava, como se estivesse vendo partes que ela não costumava compartilhar com as pessoas. Como na quarta série, quando ela chorou no meio da aula porque não conseguia encontrar a lição de casa, ou quando deu um tapa em Sam aos treze anos e ele enfiou a língua na sua boca, ou quando usou salto alto no primeiro encontro e tropeçou entrando no café, ou naquela vez em que congelou no karaokê, quando achou que tinha finalmente conseguido a coragem de ficar na frente do microfone. Elliott passou a mão no rosto, a aspereza lembrando que ele havia se esquecido de se barbear. Novamente. — Se eu estiver sendo muito difícil... — Hannah levantou as mãos, com as palmas voltadas para ele, — Sr. Michaels, — Hannah balançou a cabeça, — esse não é o caso. É um bom desafio. Sua formalidade o incomodava. Ele sabia que não tinha o direito de pensar isso. Ele exigia respeito e obediência de seus funcionários, por isso era natural que eles se dirigissem a ele por seu sobrenome. E, é claro, a noite desastrosa em seu escritório e o constrangimento que se seguiu não ajudaram. Mas aqui estava ele, tentando envolvê-la e ela estava erguendo um muro. Hannah se perguntou por que ele suspirou daquele jeito, do jeito que ela fazia quando seu carro precisava ser empurrado quando estava atrasada. Um suspiro que parecia derrotado. Ela olhou para ele então realmente olhou para ele, algo que ela não tinha certeza de que já havia feito antes. Ele parecia cansado, as olheiras sugeriam muitas noites sem dormir o suficiente. Seu rosto estava desalinhado novamente, como se algo o tivesse distraído demais para se lembrar de fazer a barba. Ele parecia um pouco fora do lugar, todo despenteado e exausto em um terno de dois mil dólares. Como um mecânico em um funeral. Era como olhar para sua mãe quando é adolescente e ver as rugas e linhas de expressão, os cabelos brancos e as manchas da idade, quando, durante toda a sua vida, você sempre a viu impecável.
Ela se perguntou sobre ele então. Sobre sua vida fora das paredes da EM. Como ele era em casa. O que ele fazia com seu tempo? Ele assistia as pessoas se fazendo de tola em rede nacional? Assistia a programas sobre história ou política? Ele ficava bravo com as notícias? Ele gostava de ler? Escutar musica? Hannah não conseguia imaginar alguém que não ouvia música, que não a amava e sentia que isso tornava a vida devastadora um pouco melhor. A primeira coisa que ela comprou para o escritório foi um aparelho de som que estava sempre ligado quando ela trabalhava depois do expediente. Ele parecia um fã de clássicos; instrumental, talvez jazz, ou uma pitada de blues. Ou talvez até o Old Blue Eyes. Afinal, quem não gostava de Sinatra? Ela se perguntou sobre sua música preferida. Será que ele ouvia música country sobre ficar bêbado e caminhões? Ele balançava a cabeça ouvindo as letras de rap sobre partes do corpo femininas e todas as coisas que você poderia fazer com elas? Ela estava sorrindo, quase rindo. — O que você está pensando? — ele perguntou, incapaz de evitar. Ela parecia tão divertida. A cabeça de Hannah balançou. Flagrada. — Música, — ela admitiu. Ele não precisava saber toda a verdade. As sobrancelhas de Elliott se uniram e seus lábios tremeram como se ele estivesse prestes a sorrir. — Música, — Elliott refletiu, — mudança interessante de assunto. — Bem, — disse ela, afastando-se do embaraço da situação e em direção à porta, — alguém tem que mantê-lo alerta. Eu, ah, tenho que voltar ao trabalho. Ela
se
foi
rapidamente,
deixando
Elliott
se
perguntando.
Música? Como ela saltou da adaptação ao escritório para música? E por que a música era tão divertida? Ele sabia que era algo pelo qual ela era apaixonada. Assim que chegava às cinco horas e os telefones paravam de tocar, ele ouvia o som dela ligar. Era baixo o suficiente para que ele
pudesse ouvir o som, mas não entendesse a letra. Ela parecia gostar de cantores e compositores com suas letras poéticas e violões. Suspirando, ele apertou o botão do interfone para o escritório dela. Ele ouviu um estrondo e uma série de palavrões. Ele deve tê-la surpreendido. Nunca lhe ocorreu usá-lo antes. Hannah entrou pela porta, uma pilha aleatória de papéis na mão, parecendo quase uma assassina. Suas bochechas estavam coradas e seu cabelo estava começando a escapar do seu rabo de cavalo. Por que ela sempre usava o cabelo preso? Ela não tentou falar, simplesmente levantou uma sobrancelha como se dissesse “o que você quer de mim agora”. — Eu preciso que você planeje um evento. — Um evento, — repetiu Hannah, um pouco empolgada com a perspectiva, mas sabendo que já estava sobrecarregada de trabalho. — Sim. Terei uma reunião black tie na minha casa em pouco mais de uma semana. Fornecerei uma lista de convidados e você precisará fazer os convites e enviá-los até amanhã. Será necessário que haja um bufê e algum tipo de música. Vou confiar a você todos os detalhes. — Obrigada, — disse ela, sentindo-se verdadeiramente lisonjeada por ele não sentir necessidade de inspecionar ou guiá-la, mesmo que ela não tivesse exatamente nenhuma experiência em planejamento de festas. — Espero que você esteja lá para garantir que tudo corra bem, — acrescentou, surpreendendo-se. O que havia acontecido com ele? Ele nunca convidou funcionários para seus eventos. Uma vez que tudo estivesse organizado, correria conforme o planejado. Ele não precisava dela lá para supervisionar tudo. Ele só a queria lá. Era uma constatação estranha para ele. — Claro, — Hannah respondeu. — A lista de convidados estará em seu e-mail, — disse Elliott, digitando em seu computador, presumivelmente para enviar a lista. — Isso é tudo. Hannah voltou para o escritório, verificou o e-mail e enviou a lista para
a
impressora. Ela
andou
ansiosamente
pelo
seu
escritório. Encontrar um bom bufê exigia mais trabalho do que a maioria das pessoas imaginaria. Ela teria que pesquisar, provar alimentos e elaborar o cardápio perfeito - tudo sem nenhuma contribuição de EM sobre quais seriam suas preferências. A música era algo que ela estava animada. Ela já sabia que renunciaria a um DJ e procuraria bandas ao vivo para o evento. Era mais elegante e atendia a uma multidão de classe alta. Talvez continuasse acreditando que EM gostaria de jazz ou blues. Seria apropriado para um evento black tie. Sua mente girou a tarde inteira. Todas as tarefas que tentava concluir, ela se distraía com os planos da festa. Ela tinha uma dúzia de post-its colados no computador. Na manhã seguinte, ela saiu do escritório quando sabia que EM ficaria em uma reunião por algumas horas. A loja de impressão ficava a apenas alguns quilômetros do local onde ela deveria pegar o almoço de EM. A porta tilintou de maneira encantadora quando ela entrou e uma recepcionista em um vestido rosa brilhante e uma flor combinando em seus cabelos correu da sala dos fundos para cumprimentá-la. Ela passou mais de uma hora olhando modelos, tentando fazer uma escolha educada entre papel creme e estilo antigo, mesmo que realmente não pudesse dizer a diferença. No final, ela foi com o creme e foi forçada a verificar três pastas de fontes antes de encontrar uma que não gritasse “casamento” e depois deu à senhora a lista de nomes e endereços, pagou e correu para levar o almoço de volta no horário. Voltando ao escritório, ela sentiu um peso tirado do seu peito. Os convites a mantiveram acordada a noite toda. Se eles não chegassem pelo correio no dia seguinte, não haveria tempo suficiente para chegarem aos seus destinos e para as pessoas reorganizarem suas agendas e confirmar presença. Agora tudo o que ela precisava fazer era encontrar um bufê e uma banda que fossem perfeitas e, de alguma forma, estivessem disponíveis com uma semana de antecedência.
Quem fazia isso? Quem decidia dar uma festa tão a esmo assim? Ele não percebia que essas coisas tinham que ser feitas? E que os melhores bufês eram contratados semanas, senão meses, com antecedência? E o fato de que a maioria das pessoas, especialmente as ricas, tinham agendas ocupadas. Ou talvez ele fosse tão importante que as pessoas abandonariam tudo o que tinham agendado para poder mostrar seu rosto no evento dele. De alguma forma, ela tinha a suspeita furtiva de que era o caso. — Menina, — ela ouviu Tad dizer assim que voltou para o lobby, — é melhor você ligar para sua mãe. Hannah parou, voltando seu olhar curioso para Tad. — Do que você está falando? Tad entrou com ela em seu escritório, sentando-se no sofá enquanto ela entregava o almoço a EM. — Recebi um telefonema quase frenético de alguém que afirma ser sua mãe. Ela disse que estava procurando por sua filha e que não tinha notícias dela há mais de uma semana e estava prestes a largar tudo em algum lugar chamado Stars Landing e vir verificar se algo aconteceu com você. Hannah sentou-se, colocando a cabeça entre as mãos. Não era do tipo da sua mãe ser tão preocupada. Moira, aquela hippie feliz e despreocupada. Realmente tinha passado mais de uma semana desde que falou com ela? — Sim, — disse Tad, pegando o celular e olhando para algum tipo de artigo. — Ela disse que a única razão de não estar aqui ainda foi porque uma garota de alguma pousada ou algo assim lhe disse que você mencionou este lugar quando conversaram algumas semanas atrás. Então, ela nos procurou e ligou. Hannah suspirou. — Graças a Deus foi você quem atendeu e não Sally. Você pode imaginar o olhar de desaprovação que ela me daria? — Sim, — Tad sorriu, guardando o telefone e parecendo subitamente sério. — Olha, eu sei que esse trabalho pode ser esmagador. Só quero ter certeza de que você não está deixando que ele consuma
completamente sua vida. Você tem que manter contato com o mundo exterior. — Eu sei. É só que... — Nada, — disse Tad, doce, mas firme. — Ligue para sua mãe. Vá para um spa. Brinque com sua cobaia. Leia um livro. Apenas saia dessa mentalidade por um tempo. Não é saudável. Hannah ficou sentada por um longo minuto depois que Tad saiu. Ela fez questão de ligar para a mãe quando chegou em casa. Mesmo depois das dez da noite e sua mãe claramente já estava dormindo, ela parecia repentinamente alerta e aliviada. Sua mãe a segurou até depois da meia-noite, fazendo um milhão de perguntas e, mais ou menos, dando o mesmo discurso de Tad algumas horas antes. Foram necessários três compromissos separados com empresas de bufê para ela perceber que realmente odiava chefs. Havia algo na maneira como eles acreditavam firmemente que o menu padrão era o perfeito para todas as ocasiões. Talvez Hannah estivesse sendo muito exigente em relação a cada pequeno detalhe, mas ela queria ter certeza de que tudo estava de acordo. Essas pessoas que compareceriam certamente tinham um gosto mais refinado que o dela. Em sua quarta tentativa, ela encontrou uma empresa nova e promissora com uma chef que não era muito mais velha que ela. E enquanto no passado ela havia lidado com os gerentes de escritório certificando-se que ela tinha dinheiro para contratá-los antes que os chefs a vissem, essa chef saiu da cozinha, seu avental manchado com todos os tipos de cores. Hannah sentiu-se confortada por seus quentes olhos castanhos e rosto redondo. — Serei honesta com você. Estou planejando um evento black tie para meu chefe. Eu nunca estive em um evento black tie, então estou fora da minha zona de conforto aqui. E sei que você não conhece meu chefe, mas confie em mim... a comida tem que ser absolutamente perfeita.
Mary sorriu, assentindo enquanto falava. — Não é tão complicado. Dado o fato de que será depois das oito da noite, não precisaremos fazer uma refeição à mesa. — Essa é nova, — disse Hannah, recostando-se na cadeira. — Sim, bem... o jantar a mesa é onde está o dinheiro. E tenho certeza que os outros fornecedores viram você chegar, — ela sorriu gentilmente. — Não, só precisa de petiscos. Parece que uma grande quantidade deles. Uma boa variedade deles e uma enorme mesa de sobremesa, — disse ela, tomando nota enquanto falava. — Como são homens de negócios e mulheres de alta sociedade, precisamos ter um bar totalmente abastecido com bebidas de alta qualidade. Hannah assentiu, curiosa sobre o que EM bebia. Ele não tinha bebidas no escritório e ela nunca o via fora do trabalho. Qual era a bebida dele? Ela não podia vê-lo bebendo algo misto. Tudo nele gritava que tomava sua bebida pura. Scotch. Ou uísque. Algo forte. Homens poderosos gostavam de bebidas poderosas. Ela deixou o bufê sentindo-se confiante em sua escolha. Mary parecia calma e confiante e nem um pouco arrogante ou esnobe. Levou uma hora para rastrear algumas bandas online que ela queria ouvir. Ela rezou em silêncio para sair do trabalho antes das nove nas próximas noites, para ter tempo de vê-los pessoalmente. Em alguns dias, tudo estava encaminhado. A fornecedor preparou seu menu. A banda, um bom grupo eclético que faria uma mistura de jazz e blues e hits pop mais antigos, estava alinhada. Ela tinha uma lista de confirmações que incluía todos, exceto um dos nomes da lista. Só porque,
sua
secretária
ligara
avisando
que
ele
estava
hospitalizado. Aparentemente, EM era tão importante quanto parecia. Ela sentou em sua mesa, respirando com facilidade. Tudo estava organizado. A governanta iria todos os dias durante três dias antes do evento para garantir que a casa estivesse absolutamente intocada. O bufê, os barmen, os membros da banda e os manobristas chegariam às
cinco da tarde e ela estaria lá para recebê-los e mostrar onde tudo deveria ser arrumado. Oh Deus. Ela estaria lá. — Oh merda, — disse ela para si mesma. — O que foi agora? — Tad perguntou, brincando com o cabelo dela. — Eu tenho que estar lá. — Estar onde? — Tad perguntou, prendendo seus cabelos em uma intrincada trança depois de implorar para que ela os deixasse soltos. — Na festa? — Sim. Ele me disse que eu deveria organizá-lo e então tinha que estar lá durante o evento, para me certificar que nada desse errado. Tad tinha um vinco entre as sobrancelhas. Ele parecia curioso e quase preocupado ao mesmo tempo. — Ele realmente te convidou para o evento dele? — Não, eu estarei lá para trabalhar, — ela esclareceu, imaginando o que havia colocado aquele olhar no rosto de Tad. — Não, querida, — disse ele, movendo-se para sentar no sofá, — além de talvez dar instruções a um ou dois servidores, que confie em mim, ele foi mais do que capaz de lidar no passado, você estará apenas participando do evento como todo mundo. — Quando ela balançou a cabeça, firmemente discordando de sua linha de pensamento. — Não balance a cabeça para mim. Estou aqui a mais tempo do que você. Vi alguns desses eventos acontecerem. Ninguém deste escritório foi convidado. Isso é um grande problema, Hannah-Banana. — Não diga isso, — Hannah objetou, pulando da cadeira e andando na frente das janelas. Ela tinha pressão suficiente para lidar, não sabia o que fazer com esse pequeno pedacinho de informação. E, de alguma forma, nunca lhe ocorrera considerar quão pouco trabalho haveria para ela fazer lá. Ela deveria agir quase como uma anfitriã? Ela deveria cumprimentar e conversar com todas essas pessoas poderosas? O que ela teria a dizer a eles? Ela não estava em lugar algum no nível deles. Talvez ela pudesse passar a noite escondida na cozinha com Mary.
— Você vai precisar de um vestido, — disse Tad, parecendo interessado. — Um belo vestido. De alguma forma, duvido que seu armário esteja escondendo quaisquer verdadeiros tesouros nele. — Ei, — Hannah gritou, jogando um pedaço de papel amassado nele. — E não acho que preciso de um vestido. Eu poderia apenas usar calças e uma bela camisa. — Hum, não, princesa, — Tad se levantou, sorrindo quase condescendentemente. — Você precisa de um vestido. — Em sua expressão completamente sem esperança, ele riu. — Não se preocupe, eu vou levá-la às compras. Seu gosto obviamente não pode ser confiável. — Puxa, obrigada, — ela riu, depois ficou séria. — Mas sério... obrigada. — Oh, não se iluda, isso será mais divertido para mim do que para você. E foi. Hannah podia sentir a frustração borbulhando sob a pele depois da quarta loja que Tad a arrastou e anunciou que nada estava a altura. E essas não eram as lojas de departamentos que ela estava acostumada a comprar roupas. Tad insistiu que ela tinha que abrir a mão e gastar seu dinheiro em um vestido (e sapatos) para esse tipo de evento. Ele a arrastou para butiques onde as pessoas perguntavam se queriam vinho ou água com gás e, depois da segunda loja, ela começou a aceitar o vinho. Na quinta loja, Tad encontrou cinco vestidos e a empurrou para o provador. Ele se estabeleceu do lado de fora deles, bebendo uma mimosa e parecendo totalmente em casa. Ela se perguntou quanto do guardaroupa dele era de grife. Ela imaginou que tudo. O primeiro vestido era azul vívido e grudado na pele. Ela fez uma careta para o reflexo, ele se apegava a coisas que realmente não queria destacar, apesar de ter perdido uns dez quilos nas últimas semanas. — Não, —, disse Tad antes que ela mal pudesse abrir a porta completamente. — De acordo. — É o rosa, — disse Tad quando fechou a porta.
— Então, por que me fazer experimentar tudo isso? — ela perguntou. — Referências, — disse ele com naturalidade, como se todo mundo soubesse disso, menos ela. Hannah decidiu ir direto ao ponto e colocar o rosa em seguida. Ela não precisava de referenciais. Ela se esforçou para fechar o zíper nas costas antes de se virar para olhar seu reflexo. — Oh, — ela disse em voz alta. Era um rosa coral bem claro, com a parte superior justa e acentuada na cintura que se abria na parte superior das coxas e caía logo acima dos sues joelhos. Isso a fazia parecer magra e cheia de curvas ao mesmo tempo, e a cor compensava sua pele pálida e cabelos escuros. Ela nunca se sentira tão adorável antes. — Oh, — a resposta de Tad refletiu a sua quando ela saiu. Ele se levantou com um sorriso enorme que combinava com o dela. — Eu sabia. Perfeito. Hannah tentou manter os nervos sob controle nos dias que antecederam o evento. Ela dormiu ainda menos do que antes. No dia do evento, Elliott havia informado através de Sally que ela não era esperada no trabalho. Ela deveria ir direto para a casa dele e lidar com todas as idas e vindas já que ele não estaria lá. Ela estava animada por ter o dia de folga para se certificar que tudo corresse sem contratempos. E então ela recebeu um telefonema da governanta às sete da manhã daquele dia. Hannah sentiu o coração afundar quando foi informada de que sua governanta pontual e atenciosa havia quebrado a mão enquanto brincava com os netos e não poderia limpar a casa para a festa. Hannah passou os dois minutos afundando em seu infortúnio antes de sair dele, colocar seu vestido, sapatos e maquiagem no carro, vestir um moletom, legging e tênis e dirigir até a casa de EM, empenhada em limpar a casa ela mesma.
Foi a primeira vez que ela viu a casa dele. Mas 'casa' não era a palavra certa para descrever onde ele morava. Talvez a “propriedade” fosse mais apropriado. Ele morava em uma área rica cerca de uma hora fora de Manhattan, chamada Manhasset. Ela teve que entrar no condomínio fechado e dizer ao segurança quem ela era e esperar rápidas instruções
dele. Ela
passou
por
casas
enormes
com
gramados
perfeitamente cuidados. As árvores eram antigas e proporcionavam uma sombra encantadora que a lembrava de sua cidade natal. Finalmente, ela parou na casa correta e subiu a enorme entrada de automóveis sinuosa. Ao sair do carro, ela olhou para a casa dele com uma sensação de reverência. Era uma casa enorme de dois andares, com uma frente de pedra e janelas enormes. A porta da frente era pintada de vermelho como a porta dos
pais
dela. Apesar
de
seu
tamanho,
parecia-lhe
singular
e
acolhedora. Não era o que ela esperava. Ela imaginara algo em estuque simples ou vidro e metal. Algo frio e estéril. Digitando a senha do sistema de segurança que ele havia lhe fornecido na noite anterior, ela entrou. A entrada era enorme, com uma escada em forma de ferradura. Todo o piso era lindo, de madeira escura brilhante. À direita, havia um escritório com uma mesa executiva voltada para as estantes do chão ao teto, que estavam surpreendentemente abarrotadas. À esquerda, havia uma enorme sala de estar com sofás de couro marrom com aparência amanteigada e poltronas de listras marrons e creme. A julgar pela sede da EM e sua casa, EM ou seu decorador de interiores realmente gostavam de tons terrosos. Hannah seguiu em frente, sob a varanda do segundo andar e em direção a, onde ela supôs, encontraria a cozinha. Ela passou por dois banheiros completos e outra sala de estar menor, com uma enorme televisão de tela plana e poltronas reclináveis. Nos fundos da casa, ela encontrou uma cozinha que era maior que todo o seu apartamento. Era gritante os tons de branco, azulejo, rodapés e armários. As bancadas e
os eletrodomésticos eram de aço inoxidável. Ele tinha o maior fogão que ela já vira com oito bocas. Mary amaria isso. Depois da cozinha, havia uma sala para todas as estações feita completamente de janelas. Havia cadeiras de tecido com aparência confortável e uma abundância de vegetação. Ela podia ver uma enorme piscina ao longe, bem no fundo do quintal. Hannah soltou um suspiro melancólico e foi procurar material de limpeza que encontrou em um pequeno armário fora da cozinha. Enquanto espanava todas as superfícies e esfregava o chão com as mãos e os joelhos, agradeceu silenciosamente à mãe por enviá-la à casa da avó todos os domingos à tarde para ajudá-la a limpar a casa. Sua avó havia crescido em uma geração em que os homens saíam e eram chefes de família, e as mulheres ficavam em casa e criavam os filhos, cozinhavam e garantiam que suas casas estivessem absolutamente impecáveis o tempo todo. Se uma superfície que ela limpou ficasse manchada, ela era forçada a voltar e refazê-la até acertar. E embora a casa de EM já estivesse muito limpa, graças à sua escolha certeira da governanta, ela sabia pela avó que certamente não havia algo como “muito limpo”. Ela percorreu diligentemente a cozinha, os banheiros e as salas de estar. Ela fez pausas apenas para trocar a água do balde e pegar mais toalhas de papel. O tempo se esvaiu, enormes pedaços de cada vez. E antes que ela imaginasse, os fornecedores e servidores já estavam na porta. Ela os deixou entrar e correu de volta ao escritório para limpá-lo, para que pudesse supervisionar adequadamente as idas e vindas de todas as pessoas da casa. Ela arrastou a cadeira e puxou-a para mais perto das estantes de livros, subindo com cuidado até que uma das pernas estivesse na guarda e a outra na ponta dos pés no braço, mal a tocando-a para alcançar o topo da estante. — O que você está fazendo? — Veio uma voz ao seu lado. EM. De alguma forma, ele entrou e parou atrás dela sem que ela o ouvisse.
Na interrupção, ela perdeu o foco e, portanto, seu cuidadoso equilíbrio. Ela mal teve a chance de gritar quando seu pé escorregou e ela estava caindo. Ela fechou os olhos para o chão duro em que estava prestes a bater. E então sentiu seu corpo cair nos braços fortes de EM. — Whoa, — ele disse, com o que parecia um sorriso em sua voz. Hannah abriu os olhos lentamente, encarando os surpreendentes azuis arregalados de Elliott. Ele estava sorrindo! Ela sentiu os braços dele embalando-a com cuidado, um atrás das costas e outro sob os joelhos. Só ele realmente podia pegá-la tão perfeitamente quanto os homens no cinema. — Você está bem? — Ele perguntou, sem tirar os olhos do rosto dela. — Eu... sim. Você me pegou, — disse ela, estupidamente. Elliott riu. Ele realmente riu. Ela sentiu o som reverberar através dela. — Sim, eu peguei. Eu não precisaria se você não estivesse tentando subir nas minhas estantes como um macaco-aranha. Hannah sentiu uma risadinha escapar dela. Ele estava tão perto. E ainda não tinha feito menção em soltá-la. Não que ela estivesse reclamando, ela realmente se sentia confortável, segura. — Eu estava limpando. — Ela esclareceu. — Sim, essa parte era óbvia, — disse ele, com o rosto sério. — O que não está claro é o porquê. Eu achei que tinha uma governanta para isso. — Ela me ligou hoje de manhã. Ela quebrou a mão. — Isso é lamentável, — disse Elliott, considerando-a através dos olhos pálidos. — Mas não explica por que você estava limpando minha casa. — Eu quero que tudo seja perfeito, — ela disse honestamente. Uma suavidade surgiu em seu rosto, como se algo que ela dissesse fosse doce ou o tocasse de alguma maneira. — Pelo que parece, tudo está perfeito. — Eu não terminei aquelas...
— Você não deve terminar essas estantes. Fui claro? — Ela abriu a boca para protestar, mas ele a interrompeu. — Elas já foram limpas duas vezes esta semana. Eu não quero que você se machuque, Hannah. Hannah sentiu borboletas inundarem seu estômago. Ele nunca a chamara pelo nome antes. Ela praticamente podia sentir-se derretendo em seus braços. Ele olhou para ela por um momento antes de pigarrear e cuidadosamente colocá-la no chão. Ela
teve
um
momento
para
se
sentir
excepcionalmente
constrangida. Ele nunca a tinha visto em nada além de roupas de trabalho e aqui estava ela, com roupas de casa. Oh, Deus, e ela estava suada! Bela maneira de arruinar sua aparência profissional. Ele não deveria estar em casa tão cedo. — O que você estava planejando fazer... limpar e depois voltar para casa para trocar de roupa? — Ele perguntou, olhando-a dos pés a cabeça. Ela se contorceu sob a inspeção dele. — Eu trouxe minhas coisas. Eu só ia me trocar no banheiro. Elliott
balançou
a
cabeça,
passando
a
mão
pelo
rosto
desalinhado. — Onde estão suas coisas? — Na sala de estar, — ela disse, uma linha curiosa se formando entre as sobrancelhas. — Vá pegá-las, — ele disse e virou-se para colocar a cadeira de volta no lugar. Ela voltou rapidamente com sua bolsa preta, caixa de sapatos e uma pequena bolsa de maquiagem. — Eu vou te mostrar onde você pode tomar banho e se vestir. Você já trabalhou o suficiente. Vou dirigir a equipe para onde eles precisam ir por enquanto. Quando ele terminou de falar, se virou e subiu as escadas sem esperar que ela respondesse. Ela subiu atrás dele por um corredor com dois quartos e um banheiro. Ele a levou até uma porta do que parecia ser o quarto principal, com as paredes e edredom verde musgo. Era o quarto
dele, ela percebeu com um sobressalto. Ele abriu uma porta e a deixou entrar em um banheiro tão grande quanto o saguão no trabalho. Dentro havia azulejos marrons, uma pia com dois lavatórios, um enorme box de vidro com quatro chuveiros e... ah, a maior e mais profunda banheira que ela já vira em sua vida. — Você pode tomar uma ducha aqui, — ele começou, depois notou o olhar invejoso dela em direção à banheira e sorriu, — ou um banho de imersão. — Ele foi até um armário e pegou duas toalhas brancas macias e as colocou nos degraus que levavam a banheira. — Esses botões ligam os jatos, — disse ele. Caminhou até a pia e pegou alguns recipientes do armário embaixo. — Aqui estão alguns sabonetes e sais, — disse ele, colocando-os ao lado das toalhas e se afastando em direção à porta. — Não tenha pressa, eu posso cobrir lá embaixo. — Obrigada, — ela se lembrou de finalmente dizer antes que ele saísse pela porta. Ela o viu encolher os ombros e fechar a porta atrás dele. Ela estava sem roupa e afundando no banho mais glorioso que já teve em sua vida em menos de dois minutos. Sério, o que havia acontecido com ele? Ele a liberou de seus deveres de cuidar da festa para tomar um banho? No banheiro dele? Havia outros quatro banheiros completos na casa e ele a levou para o quarto e depois para o seu banheiro pessoal. Elliott balançou a cabeça para limpar seu pensamento disperso. Ele havia encerrado as coisas no escritório mais cedo, desejando chegar em casa e relaxar um pouco antes de ter que lidar com uma casa cheia de todos os seus colegas e associados. Seria uma noite longa e tediosa e ele queria se sentar e tomar uma bebida antes de entrar na mentalidade de anfitrião. Ele não esperava chegar e ver Hannah empoleirada precariamente em cima de uma cadeira espanando as estantes de livros. Ele não pretendia se aproximar dela. Ele certamente não foi silencioso entrando em casa, mas a mente dela devia estar preocupada e ele a assustou.
Graças a Deus ele estava perto o suficiente para pegá-la ou ela teria atingido o chão com força e certamente machucaria alguma coisa. Ela parecia tão suave em seus braços, olhando para ele com aqueles enormes olhos cinzentos. Ela parecia vibrante, mas cansada, em sua camiseta enorme e legging. Algo dentro dele só queria recompensá-la por ser uma trabalhadora tão dedicada. Ou, talvez fosse algo mais do que isso, mas ele não deixaria sua mente ir até lá. O jeito que ela olhou para a banheira dele era absolutamente agradável. Era um luxo completamente perdido para ele, mas podia dizer pela expressão dela que era algo que ela ansiava por eras. E ele não podia negar-lhe uma coisa tão pequena. Ele entrou na cozinha para conhecer a equipe, mas não parou de pensar que ela estava logo acima dele, afundando nua em sua banheira.
Seis Hannah relaxou nas bolhas e jatos da banheira por mais tempo do que deveria. Depois de meses de banhos rápidos, era tão bom poder relaxar e desfrutar de um banho. A banheira em seu apartamento era um chuveiro / banheira e, quando cheia, a água mal chegava à caixa torácica. Um molho não era um molho se metade do seu corpo estivesse constantemente frio. Ela se arrastou para fora do banho apenas quando o telefone tocou, anunciando uma mensagem de texto e se preocupou que, talvez, fosse de alguém falando sobre a festa. Envolvendo-se na toalha mais macia que já sentira em sua vida, foi até o celular vendo uma mensagem de Tad. Tad: 19:30: use seu cabelo solto. Hannah verificou seu reflexo no espelho, seus cabelos estavam encharcados. Hannah: 19:32: Eu não tenho um secador de cabelo. Tad: 19:32: Olhe em volta. Ele tem um em algum lugar. Hannah revirou os olhos, mas verificou o armário onde estavam as toalhas e os artigos de higiene. Então ela olhou embaixo da pia e, para sua total descrença, havia um secador de cabelo. Ela o pegou e começou a trabalhar no cabelo, passando-o pelos dedos. Fazia quase um ano desde que ela teve tempo para secar os cabelos. Como era muito longo, levaria mais de vinte minutos para secar completamente. Mas quando terminou, o resultado final foi uma avalanche de cabelos pretos brilhantes caindo até a cintura. Verificando o horário com crescente ansiedade, ela rapidamente aplicou algumas camadas de rímel e passou um pouco de batom rosa antes de deslizar no vestido e calçar os sapatos tom de pele que Tad havia escolhido para ela. Ela deu alguns passos para trás no espelho para poder ter uma visão completa do seu corpo. Tad estava certo. O cabelo dela tinha que
estar solto. Ela mal se reconheceu. Rapidamente tirou uma foto para Tad, que havia ameaçado roubar o aparelho de som do escritório, se ela não mandasse uma. De alguma forma, ela realmente acreditava que ele estava falando sério. Tad: 20:02: Maldição garota. Vá mostrar o que você tem;) Cuidadosamente descendo as escadas, ela ouviu a banda praticando na sala de estar da frente. Ela colocou o celular atrás da lâmpada na mesa da frente e entrou no escritório. Lá dentro, encontrou Elliott em pé, segurando um copo na mão. James estava sentado à mesa, com os pés apoiados como de costume, com um copo contra a perna. Ele olhou para cima quando ouviu os saltos na porta e soltou um assobio baixo e apreciativo. — Esta pode ser a primeira vez que não sou a pessoa mais bonita da sala, — ele brincou, levantando-se e caminhando até ela para beijá-la na bochecha. — Você está absolutamente linda, Hannah. Elliott se virou quando James começou a falar e lutou para manter o
queixo
fora
do
chão. Hannah
só
usava
roupas
estritamente
profissionais e pouco lisonjeiras para o corpo feminino. Ele não tinha ideia do que ela estava escondendo atrás de blusas volumosas e botões. Ela tinha um corpo lindo com seios bastante grandes e quadris largos. Suas pernas eram longas e bem torneadas e seu vestido rosa a abraçava de todas as formas possíveis. E o cabelo dela. Ele sabia que era longo. Mesmo quando ela o prendia em um rabo de cavalo, seu cabelo caiu pelas costas, mas ele não tinha percebido que alcançava a cintura. Parecia suave ao toque e ele não pôde deixar de imaginar passar os dedos por ele. Ele desejou poder dizer alguma coisa. Ela estava linda, mais linda do que ele se importava em admitir para si mesmo. Mas ele sabia que não era profissional comentar a aparência de sua funcionária. Ele estava com ciúmes de James, que podia assobiar e sussurrar para ela, e ficar ali brincando com seus cabelos e fazendo-a sorrir. Hannah concordou em deixar James pegar um copo de vinho para ela, embora ela não tivesse intenção de beber.
Quando ele saiu, ela se sentiu desconfortável em pé na frente de EM por um momento em silêncio. — Obrigada por me deixar usar o banheiro, — disse ela, passando de um pé para o outro. Elliott acenou com a mão com a bebida. — Não mencione isso. — Está tudo pronto? Mary teve tempo suficiente para preparar toda a comida? E como está o som da banda? Eu não tinha certeza se deveria colocá-los naquela sala. — Está tudo bem, — disse Elliott, seu tom tranquilizador e firme. — O barman finalmente... — Hannah, — disse Elliott, aproximando-se, — está tudo sob controle. Apenas relaxe. Relaxar? Como ela deveria relaxar? Este era o evento dela. Bem, tudo bem, era o evento dele, mas ele a encarregou de supervisioná-lo. Por que ela deveria apenas confiar que ele lidou com tudo do jeito que ela faria? E por que ele a incentivaria a se afastar da função para a qual a designara? Mas antes que ela pudesse tentar esclarecer tudo, Elliott saiu da sala e desapareceu na outra sala de estar. James voltou um segundo depois, com uma taça de vinho branco na mão. — Imaginei que o branco era uma aposta mais segura. Você nunca tiraria o vermelho deste vestido. — Você pensou bastante nisso, — disse ela, pegando o copo dele, mas não o levando aos lábios. — Você fez um ótimo trabalho, sabia disso? — Ao dar de ombros, ele balançou a cabeça. — Eu sei que Elliott nunca diria isso, mas você fez. Eu peguei alguns petiscos e eles são alguns dos melhores que já comi. — Mary é um gênio. — Você é um gênio, — ele sorriu e apontou para o copo dela. — Beba. — Estou trabalhando hoje à noite, — disse ela, balançando a cabeça. James sorriu, um grande sorriso que alcançou seus olhos e os fez enrugar nos cantos. — Não, você não está.
— O Sr. Michaels me disse... — Eu não ligo para o que Elliott lhe disse. E não sei por que ele convidou você, mas não foi para trabalhar, — ele piscou para ela. — Talvez ele só queira que alguém me distraia para que eu não o envergonhe. — Ele me disse que quer que eu supervisione... — Não há nada para supervisionar, Hannah, — James a interrompeu novamente. — Houve muitas dessas reuniões organizadas por muitas assistentes. Nenhuma delas esteve aqui para supervisionar qualquer coisa, porque não há nada a fazer. Sinceramente, não sei quais são os motivos de Elliott. Isso está fora do personagem para ele. Mas você pode relaxar, tomar um drinque e ficar longe dos babacas que vão estar em cima de você hoje à noite. — Oh, por favor, — Hannah revirou os olhos, mas finalmente tomou um gole do vinho. — Você obviamente não passou nenhum tempo com esses homens. O dinheiro e o poder deles os fazem pensar que podem e têm direito a tudo o que quiserem. E eles vão te querer. — Ótimo, — Hannah murmurou. Portanto, não havia trabalho para fazer e ela teria que evitar educadamente metade dos convidados no evento, para não ser apalpada e surtar com um cara importante. James pegou seu queixo entre o polegar e o indicador, forçando-a a encará-lo. — Não se desespere. Eu posso ver as rodas trabalhando. Vou ficar de olho em você. Se alguém se envolver demais nos seus negócios, me aproximarei e serei meu eu geralmente charmoso para que você possa sair educadamente. Elliott, na verdade, não me quer aqui para ajudá-lo a discutir negócios. Ele me faz vir para que pareça bom. — Por que pareceria bom? — Hannah se perguntou. — O que exatamente você faz na empresa? — Ai, — James estremeceu, pressionando a mão no coração. — Calma, princesa. Na verdade, sou o cara que ele envia para outras empresas. As pessoas tendem a me receber melhor. Acho que sou mais
uma pessoa do povo. Elliott pode ser difícil de lidar. Ele é ótimo em selar acordos, mas sou eu quem os traz para a mesa. Hannah ficou surpresa. Ela sempre imaginara que James era um lacaio que Elliott suportava por obrigação familiar. Era intrigante que James tivesse um papel tão importante na empresa, apesar de não trabalhar tanto quanto Elliott diariamente. — Interessante, — Hannah murmurou, olhando para os garçons que se deslocavam para lá e para cá, se acostumando a casa. Era uma mistura igual de garçons e garçonetes todos vestidos com calças e camisas pretas. Todos pareciam arrumados e eficientes, apesar da tenra idade. Ela observou as coisas por alguns minutos, de pé em um silêncio amigável com James. Então a campainha tocou e Hannah saltou. Ela deveria bancar a anfitriã? Mas essas pessoas não a reconheceriam se ela fosse recebê-las. O que ela diria? — Isso é comigo, — disse James, entregando-lhe o copo vazio. — Hora de ser meu eu encantador. James foi até a porta, abrindo-a com um floreio e um sorriso enorme. Ele apertou a mão do homem que estava lá e beijou a bochecha da esposa do homem. Para sua surpresa, após um momento de conversa fiada, James os levou direto até ela. — Edward, May, esta é Hannah Clary. Hannah, este é Edward e May Campbell. Hannah tinha acabado de cumprimentá-los quando EM saiu e entrou no corredor, um sorriso raro no rosto quando ele se aproximou e cumprimentou o casal como velhos amigos. Sentindo-se deslocada, Hannah fugiu sem ser vista e foi até a banda que havia começado a tocar sua primeira música. Em quinze minutos, o enorme espaço do piso inferior de Elliott parecia apertado. As conversas foram crescendo enquanto os copos eram preenchidos e recarregados. Hannah conversou uma ou duas vezes com pessoas
aleatórias,
curiosas
sobre
quais
eram
suas
conexões. Casualmente, deixou cair que era associada de Elliott e James - optando por não divulgar sua situação real.
James continuou olhando para ela, como prometido, para garantir que ninguém a incomodasse desnecessariamente, mas os convidados inesperadamente pareciam mantê-lo ocupado. Ela se sentiu incrivelmente sozinha na sala cheia de pessoas. Ela caminhou de sala em sala, evitando ficar em um lugar por muito tempo e parecer tão fora de lugar quanto se sentia. Quando ela voltou ao escritório pela quinta vez, sentiu uma mão descansar, familiarmente na parte inferior das suas costas. Ela se virou, esperando encontrar James lá, pois ele era a única pessoa que tomaria essa liberdade com ela. Em vez disso, ela encontrou EM parado olhando para ela. Ele estava segurando um pequeno prato com um de cada petisco que os garçons circulavam. De repente, ela estava hiper consciente do toque da mão dele, da pressão firme tocando metade de seus quadris, do calor que ela podia sentir
através
de
seu
vestido
fino. Ela
sentiu
o
desejo
subir,
espontaneamente, e se espalhar pela barriga e pelas pernas até parecerem instáveis. — Aqui, — disse ele, colocando-o na mão dela, — você não comeu nada. — E então ele se afastou em direção a um grupo de homens que haviam acabado de acender charutos. Hannah olhou para o prato, seu estômago roncando de repente. Ninguém mais tinha pratos cheios de comida e ela se sentia estranha ao comer na frente de pessoas que não conhecia. Então Elliott a olhou incisivamente por cima do ombro e ela pegou um rolo de pepino e colocou na boca. Ele assentiu e se virou. Ela saiu silenciosamente da sala e se viu na segunda sala de estar estranhamente vazia. Ela tirou os sapatos por um momento e terminou a comida no prato. Era bom escapar por um momento. O estresse de não conhecer ninguém estava abalando seus nervos. Crescendo em uma cidade muito pequena, onde todos a conheciam e a sua mãe... ela nunca se acostumou a estar cercada por estranhos e esperava interagir com eles.
— Ah, aí está ela, — disse James da porta. — Eu achei que algum milionário havia roubado seu coração e levado você para um casamento em Las Vegas. — Como se isso fosse uma possibilidade remota, — zombou Hannah, pegando um pão de batata doce e enfiando tudo na boca. James veio se sentar em frente a ela, relaxando na cadeira. Seus olhos estavam um pouco vidrados e ela se perguntou quanto ele teria bebido. — Elliott te deu esse prato? Hannah assentiu, ainda mastigando. — Claro que sim. Eu te disse que ele gostava de um pouco de carne em uma mulher. — Oh, pare com isso, — Hannah objetou, levantando-se da cadeira e deslizando de volta em seus sapatos. Ela não queria mais ter essa discussão. EM não estava interessado nela dessa maneira. Ela tinha valor para ele por causa do quão duro estava trabalhando, não porque ela seria uma leiga conveniente. E ela certamente não queria entrar em uma discussão sobre isso, dado seu humor um pouco irritável. Ela rapidamente inventou uma desculpa esfarrapada e foi até a porta. — Não quero que o Sr. Michaels pense que estou sendo antissocial ficando aqui sozinha. — Oh, linda, — ele começou, esfregando os olhos, — você é tão adoravelmente ingênua. Hannah sentiu arrepios subirem e lutou contra o desejo de gritar com James. Ela não estava acostumada a ele parecer seu irmão - um pouco condescendente e arrogante. Mas James pareceu notar o olhar em seu rosto, apesar de seus esforços para disfarçá-lo. — Vá em frente, diga. Eu sei que você está morrendo de vontade. — Ele deu um sorriso que ela acharia charmoso, mas no momento achava arrogante e desnecessário. — Tudo bem, — ela fez uma pausa, — você é um idiota, — disse ela, girando nos calcanhares e altivamente se afastando. Ela chegou à porta quando ele finalmente a alcançou e a girou para encará-lo. — Nuh-uh, — ele disse, sem soltar o braço dela. — Não fuja. Eu não estava tentando...
— James, — Elliott interrompeu de repente. Ela nem o tinha visto na área quando eles entraram. — Não, Elliott, — disse James. — Isso não diz respeito a você. Hannah sentiu o batimento cardíaco tão forte que ficou nauseada. Eles realmente estavam prestes a entrar em uma discussão na frente dela... por causa dela? Ela sabia que deveria dizer alguma coisa e difundir a situação, mas suas palavras congelaram em sua garganta e ela ficou parada, ouvindo atentamente. — Você invadiu meu vestíbulo e agarrou à força alguém que obviamente estava tentando se afastar de você. Você fez isso da minha conta. Hannah podia sentir o calor subindo em seu rosto. Ela não podia simplesmente ficar lá e permitir que isso aumentasse. — Isso foi um mal entendido, — ela interrompeu a discussão sussurrada. Os dois pararam e a encararam como se tivessem esquecido que ela estava lá. — James só queria me dizer uma coisa e estava tentando me alcançar. Isso é tudo. — Mentiu mais facilmente do que jamais fora capaz antes. Elliott a olhou de um jeito que implicava que sabia que ela estava mentindo, mas não refutaria sua afirmação. James lançou-lhe um olhar que dizia “obrigado” e “eu não precisava da sua ajuda” ao mesmo tempo. Antes que alguém tivesse a chance de dizer mais alguma coisa, uma mulher se aproximou de repente e passou um braço pelas costas de Elliott. Ela era alta, com cabelos loiros na altura dos ombros e olhos azuis afiados. O nariz era fino, o queixo afiado e o rosto em forma de coração
perfeito. Ela
era
absolutamente
linda
e
extremamente
magra. Através de seu vestido vermelho brilhante, Hannah podia contar suas costelas. A dama em questão lançou um olhar para James com as sobrancelhas levantadas e deu a Hannah um olhar totalmente assustador. Elliott estava olhando para ela como se não pudesse entender o que estava acontecendo. James foi o primeiro a quebrar o silêncio, — Olá, Dan, — disse ele em um tom incomum e venenoso.
— James, — ela respondeu com uma inflexão correspondente. Eles obviamente se odiavam. Ela olhou para Hannah, aparentemente fazendo questão de sugerir que ela não a estava propositalmente envolvida na conversa. — Elliott, querido, papai estava procurando por você. Elliott parecia absolutamente furioso, mas manteve o tom neutro quando falou enquanto cuidadosamente saía do seu alcance. — Diga a Frank que já falarei com ele, — disse ele em um tom que não aceitaria mais discussões. Dan parecia querer dizer algo mais, mas depois pensou melhor. Ela lançou outro olhar para Hannah antes de se virar e, presumivelmente, encontrar o pai. Um silêncio se seguiu por um momento, quebrado por James, que pegou um copo de vinho de um garçom e disse: — Ice, ice, baby. Hannah lutou contra o desejo de rir até ouvir Elliott soltar uma risada
curta
e
baixa,
e
então
escapou
dela
como
um
riso
adolescente. Elliott sorriu para ela por um segundo, estendendo a mão para o lado e pegando uma taça de vinho branco. Ele entregou a ela, ainda sorrindo um pouco. — Com licença, — disse ele, seguindo Dan até o pai dela, que o olhava com expectativa. — Bem, ela é uma delícia absoluta, — disse Hannah, tomando um gole da sua taça. — Oh, boneca... você não faz ideia, — James tocou sua mão gentilmente. — Ouça, Hannah... Hannah levantou a mão para detê-lo. — Eu fui infantil. E enquanto defendo o fato de que você estava sendo um idiota... eu só estou de mau humor e descontei em você. James suspirou, subitamente se virando e abaixando a testa para descansar na dela. — Eu realmente gosto de você, Hannah, — ele disse, se afastando e a encarando com um olhar muito mais sério do que ela já tinha visto antes. — Eu sei que você acha que estou apenas brincando, mas estou realmente tentando ser útil. Confie em mim, eu conheço meu irmão. E sei que se houvesse uma representação física da imagem mental que ele tem da mulher perfeita... seria você. Você pode negar o quanto
quiser, mas ele te quer. E embora possa estar no seu melhor comportamento agora, confie em mim, algum dia isso vai mudar. Quero que você saiba disso, para estar preparada porque nenhuma mulher durou mais do que algumas semanas na vida de Elliott. Hannah não conseguia entender a conversa. De um lado, sua insegurança pessoal pesava e a lembrava de que nunca foi tão bonita para se olhar - que os homens facilmente evitavam prestar atenção nela por muitos anos e não havia evidências que sugerissem que ela estivesse de alguma forma errada. Mas houve momentos. No escritório dela, quando ele tocou... sua mão nas costas dela. Ela sentiu um arrepio percorrer sua espinha. — Quanto tempo as mulheres normalmente duram na sua vida? — ela respondeu com um sorriso, esperando tentar afastar a conversa dela. — Touché, — ele sorriu um pouco, — mas isso não é sobre mim. Isso é sobre você. Eu realmente odeio vê-la se machucar. E eu odiaria ainda mais se você de repente saísse da EM e eu não pudesse mais te ver ao redor. — Ele apontou um dedo para alguém que estava acenando para ele do outro lado da sala. — Eu só queria plantar a ideia na sua cabeça, amor. Faça com isso o que quiser. Você é uma garota inteligente. Vai descobrir as coisas. Agora, se me der licença, as pessoas ali acham que você “monopolizou minha fabulosa companhia por muito tempo”. — Ele sorriu e se afastou. Hannah caminhou em direção à sala de estar, colocando seu copo de vinho agora vazio em uma bandeja que um garçom abaixou em sua direção. Graças à quantidade impossível de bebida que estava sendo consumida, as pessoas finalmente encontraram coragem para criar uma pista de dança. A banda estava no meio de uma antiga batida animada, mas boa, casais e até solteiros riam e giravam alegremente. Ela tinha organizado isso, percebeu com um sorriso. Foi ela quem fez. A banda, a seleção de músicas, a comida e até a bebida. Ela fez isso acontecer e fez com que essas pessoas tivessem uma atmosfera agradável. Orgulho como ela não sentia há muito tempo brotou dentro dela e ela balançou um pouco. De repente, um copo de vinho foi abaixado
em direção ao rosto dela por trás dela. Ela o pegou, confusa, esperando uma piada inteligente de James. — O que você está fazendo aqui de pé sozinha? — Veio uma voz desconhecida. Hannah se virou para encontrar um homem parado ali. Ele parecia em meados do final da meia-idade e tinha os cabelos grisalhos e profundos olhos castanhos. — Aí está esse rosto bonito, — disse ele com um sorriso que revirou seu estômago. Ela silenciosamente desejou que James não estivesse certo sobre essa parte em particular, aparentemente inevitável, de sua noite. Não havia muito que ela pudesse fazer para se desculpar adequadamente das atenções desse homem. E seu suposto salvador não estava à vista. — Então, qual é o seu nome, linda? — ele perguntou, e ela detectou um sotaque sulista. — Eu sou Hannah, — ela respondeu, olhando para ele. — Nome bonito para uma garota bonita, — ele respondeu, tocandoa no braço. Ela sentiu a pele se arrepiar e ele não retirou a mão. Em vez disso, ficou lá, pesada e úmida e com uma sensação de invasão. — Então, o que você está fazendo aqui? — Os dedos dele começaram a subir e descer pelo braço dela e ela se encolheu com a sensação de medo brotando dentro de seu estômago. Ela bebeu seu vinho em um longo gole e esperava que a ajudasse a lidar com isso de forma mais diplomática do que sentia que poderia. — Sou associada de Elliott e James, — ela respondeu pela centésima vez naquela noite. — Entendo. Bem, estou na construção, — disse ele, sugerindo que ela deveria ficar impressionada. — Mas não vamos falar sobre negócios. Este evento aqui deve ser por prazer. Estou muito interessado em prazer. Talvez você possa encontrar uma maneira de me mostrar um pouco de prazer. Pelo que parece, você foi feita para isso. Oh Deus. Hannah se sentiu presa. Em qualquer outra situação, ela o atacaria com um retorno inteligente, lhe daria um tapa, se afastaria...
qualquer coisa além de ficar ali e ver um homem velho o suficiente para ser seu pai passar as mãos sobre sua pele e olhá-la como se ela fosse um pedaço de carne. Mas ela não podia insultá-lo; quem sabia quão importante ele era para a empresa. E ela não podia lhe dar um tapa ou sair também. Foi a sensação mais desconfortável que ela já experimentou e sentiu como se não pudesse respirar. — Bob, — surgiu uma voz atrás dela e ela quase caiu contra ele. Elliott. Ele parou atrás dela, apenas um pouco ao seu lado, para poder olhar diretamente para Bob. Ela olhou para ele, sentindo-se repentinamente, tolamente, incrivelmente emocional. Ela sabia que havia lágrimas em seus olhos e lutou contra elas, mas Elliott a encarou e viu. Algo em sua expressão mudou. Onde antes parecia curioso, ele olhou por um segundo suavemente para ela, quase preocupado. Então isso foi rapidamente substituído por uma raiva silenciosa. — Elliott, — respondeu Bob, repentinamente soltando o braço dela, que caiu frouxamente ao seu lado. — Eu estava apenas conhecendo seu pequena sócia aqui, — disse ele com um sorriso travesso e teve a audácia de piscar para ela. — Sim, bem, se você nos der licença, — Elliott disse, sua mão alcançando a dela. Ele pegou a taça de vinho vazia e empurrou-a para Bob, que a pegou, confuso. Ela o seguiu, levemente puxada por ele para a pista de dança. A música acabara de mudar para uma lenta e Elliott a puxou para perto, uma mão apoiada no seu quadril, a outra segurando seu braço, apertando-o com o dele. Levou um segundo para perceber o que acabara de acontecer. Ele estava dançando com ela. Ela só dançou uma vez antes no baile de formatura com o namorado Sam, que colocou as duas mãos nos seus quadris,
suas
mãos
em
volta
do
pescoço
dele
e
balançaram
desajeitadamente com a música. Isso era diferente. Isso era realmente dança lenta. Ela não tinha ideia do que fazer. Elliott não disse nada, pressionando firmemente seu quadril e mantendo os braços rígidos para
que pudesse levá-la facilmente ao redor. Hannah se moveu onde sentiu que ele a estava levando, mantendo os olhos firmemente na gravata dele. — Você está bem? — ele perguntou, baixinho, quase no ouvido dela. Ela assentiu, sem se importar em olhar quando soube que ainda havia definitivamente algumas lágrimas derramando. Silenciosamente, ela culpou o vinho. Ela sabia que não devia beber quando já estava de mau humor. Ela sempre ficava chateada. Elliott suspirou. — Olhe para mim, Hannah, — ele exigiu suavemente. Ao seu nome, sua cabeça levantou. Ela ainda não estava acostumada a ouvir dos lábios dele. — Estou bem, — disse ela, forçando um sorriso que, infelizmente, fez os cantos dos olhos enrugarem e uma lágrima deslizar rapidamente em sua bochecha esquerda. — Não, — ele pediu com uma voz que quase parecia impotente para ela. Mas este era Elliott Michaels. Não havia um osso indefeso em seu corpo. — Por favor, não chore. Antes que Hannah pudesse dizer qualquer coisa, Elliott foi atingido no ombro por uma Dan muito determinada. — Posso interromper? — ela perguntou, puxando a mão de Elliott em sua direção. Aconteceu tão rápido que ela mal conseguia processar. Um segundo, Elliott estava dançando com ela; no outro, foi fisicamente afastado. Ela ficou lá, olhando para as costas retas de Elliott e podia ver pelo rosto de Dan que eles estavam discutindo calorosamente, mas discretamente. — Posso? — James perguntou, chegando por trás dela e virandoa em sua direção. Ele deu uma olhada no rosto dela e a puxou contra ele, a bochecha enterrada em seu pescoço com um braço em volta das costas e o outro em seu braço. — Espere aí, linda. Eu vou dançar para fora desta sala. — Ele a sentiu enrijecer com suas palavras e riu. — Oh, não se preocupe. Se há alguém que possa se safar com isso, sou eu. E ele estava certo. Um momento, eles estavam bem na frente da banda e no outro estavam na segunda sala de estar, que ainda estava abandonada, exceto por dois garçons descansando. Eles rapidamente se afastaram quando avistaram o par estranho.
James a colocou na poltrona reclinável, apoiando-se no braço dela, seus corpos se tocando da cabeça aos pés. Ela manteve os olhos fechados contra a expressão curiosa que tinha certeza de que encontraria. Depois de alguns momentos, James não conseguiu manter o silêncio. — Ele pisou nos seus dedos? — ele perguntou e uma risada histérica escapou dela. Ele riu também e deu um tapinha no joelho dela. — Sempre suspeitei que ele era um péssimo dançarino, mas nunca pensei que reduziria sua parceira de dança às lágrimas. — Cale-se, — Hannah riu, dando um tapa em seu estômago. — O que aconteceu, amor? Hannah olhou para ele e deu de ombros. — Eu não deveria estar aqui. Eu me sinto uma estranha desde que todos chegaram. E deveria ter pensado melhor antes de beber. — Deixe-me tentar novamente, — disse James, pacientemente. — O que aconteceu? Ela suspirou, sabendo que não havia como safar de ter chorado e não ter que se explicar. — Você não me salvou, — ela disse simplesmente. Os olhos de James afundaram imediatamente. — O quê? Como? O que aconteceu? — Seu corpo estava esticado como um arco e ele parecia pronto para entrar em ação se precisasse. Hannah colocou a mão calmamente na dele. — Realmente não foi um grande negócio. Estou exausta hoje e exagerei. — Por quê? — James insistiu. — Um cara veio até mim e estava me tocando e me perguntando como eu poderia lhe dar prazer. James soltou um som que estava em algum lugar entre escárnio e um rosnado. — Quem? Quem disse isso? — Não importa, James. — Isso importa para mim. Quem? Ela suspirou um pouco. — Bob. Bob que é da construção. James pulou da cadeira, soltando uma série de maldições contra o tal Bob. Aparentemente, ele era só conversa e não tinha nada para mostrar e todos sabiam que ele era um balde de merda que por acaso
teve a sorte de herdar um bom lote de dinheiro. James parou de andar, virou-se para Hannah chocada e sua raiva imediatamente se esvaiu. O lábio de James se torceu em uma extremidade. — Devo desafiálo para um duelo, milady? — ele perguntou, puxando uma espada imaginária do cinto e segurando-a no ar. Hannah riu, maravilhada com sua capacidade de pular de um humor para outro com tanta facilidade. Ela se perguntou como ele ainda estava solteiro. Era por escolha? Ele ainda estava na fase de “semear sua aveia selvagem”? Ou sua arrogância tola e ética de trabalho indiferente afastavam as mulheres mais sérias de sua idade? Ele era certamente bonito o suficiente para conseguir a garota que quisesse, para não mencionar encantador. Ela conseguia pensar em dez mulheres que adorariam pular na cama com alguém como ele. James levantou uma sobrancelha para ela. — Pensando em mim nu? — ele perguntou com um sorriso. Os olhos de Hannah se abriram comicamente e suas bochechas coraram até o couro cabeludo. — Eu estava me perguntando por que você é solteiro, — ela explicou. — Oh, oh com certeza você estava, — James riu. — Palavra de escoteiros, — Hannah ficou séria. James deu de ombros e Hannah sentiu que havia ultrapassado uma linha. — Quer que eu te leve para casa? — ele perguntou, de repente. — Eu... hum... está longe de... — ela começou, depois olhou para o relógio e percebeu que já havia passado da meia-noite. — Sim. Eu realmente apreciaria isso. Se você não se importa. Pegarei um táxi amanhã de manhã para buscar meu carro aqui. James começou a recolher seus pertences e conduziu-a pela porta da cozinha para que “não iniciassem rumores”. Ele olhou para ela bufando: — Escute, tudo bem se quisermos ter um caso ilícito, mas não podemos tê-lo por perto. Tenho uma reputação a zelar. — Ele olhou, agitando os cílios inocentemente para ela.
Ela riu e correu atrás dele enquanto ele avançava pelo gramado. Ela sabia naquele momento que nunca haveria nada além de uma camaradagem fraternal entre eles. E embora possa ter havido uma forte atração inicial para os dois... eles se divertiam muito na companhia um do outro para querer arruinar isso de alguma maneira. Ele a levou para casa e garantiu que ela estivesse em segurança atrás da porta da frente antes de sair, de volta na direção de onde vieram. De volta para a festa, ela assumiu. Elliott mal conseguia se concentrar na conversa que acontecia ao seu redor. Ele nunca deveria ter dito para ela comparecer. Ela não parecia nada além de desconfortável a noite toda. Nunca lhe ocorreu que ela pudesse ser tímida. No escritório, ela conversava facilmente com toda a equipe do andar, seus associados e até a equipe de limpeza. Talvez ela fosse capaz de ativar uma personalidade extrovertida no trabalho, mas em sua vida pessoal não tivesse a mesma habilidade. Ele a observou circular pelas salas, parando ocasionalmente para conversar
com
convidados
aleatórios. Ela
parecia
totalmente
encantadora, mas depois que as pessoas percebiam que ela não era valiosa para elas, rapidamente seguiam em frente. Ela pegou o prato e desapareceu no escritório dele. Um momento depois, James a seguiu com uma careta. Quando Hannah apareceu, com raiva claramente estampada em seu rosto, ele já estava avançando em sua direção. Então, quando James surgiu, agarrando-a de maneira agressiva... ele fez o possível para se impedir de gritar. James nunca foi alguém que impor suas mãos em mulheres e ele não conseguia aceitar que estava fazendo isso com ela. E
ele
sabia
que
ela
estava
mentindo
sobre
um
mal-
entendido. Havia algo adoravelmente cativante sobre quão mal ela mentia. Mas havia uma suplica em seu rosto, como se pedisse que ele esquecesse o assunto. Então ele o fez. Quando a viu com Bob Tanner por mais de um minuto ou dois, sua curiosidade foi despertada e ele avançou novamente. Não foi até chegar
perto que ele percebeu que Bob estava com as mãos nela e ela estava com seu corpo tenso, inclinando-se para longe dele. Quando se juntou a eles, e ela o olhou com lágrimas nos olhos, ele lutou contra o desejo de bancar o herói. Escolheu levá-la para a pista de dança para que ela pudesse se recuperar e ele não criasse uma cena. Ele estava se acostumando com o corpo macio dela em seus braços. Sentindo suas curvas pressionando contra ele enquanto a guiava pela pista. Quando Dan interrompeu, ele sentiu um momento de genuína decepção, sem mencionar a raiva de ter que passar outro momento na companhia de Dan. Ela estava exigindo isso dele a noite toda. Ele ficou feliz em ver James entrar e tirá-la da sala de uma maneira que ele nunca poderia ter feito. — Onde está a Hannah? — ele perguntou uma hora e meia depois, quando viu James voltar para a sala. — Eu a levei para casa, — disse James, segurando um novo copo de uísque. Ele olhou por cima do ombro de Elliott para Bob Tanner. — Você sabia que ele foi até ela e perguntou como ela lhe daria prazer? A respiração de Elliott sibilou e ele se afastou do irmão e foi até Bob. — Eu preciso que você saia, — ele disse simplesmente. Na expressão indignada de Bob, ele pegou seu braço e o levou em direção à porta. — Quando você estiver em minha casa, espero que se comporte como um cavalheiro. Como não foi o caso hoje à noite. Saia da minha casa. — A firmeza em sua voz não permitiu discussões e Bob saiu pela porta da frente. — Por ela? — A voz de Dan perguntou atrás dele. — Sério, Elliott? Eu esperava mais de você. Elliott tomou outro gole e se perguntou o que diabos havia acontecido com ele.
Sete Hannah acordou no final da manhã de sábado ainda usando o vestido da noite anterior. Parecia que uma banda do ensino médio havia se estabelecido entre suas têmporas e fez uma anotação mental de que precisava aumentar sua tolerância ao álcool para evitar uma ressaca com apenas três drinques. Embora, para ser sincera, ela nunca teve uma forte tolerância. A primeira vez que ela ficou bêbada, absolutamente tonta de não consegue ver direito no colegial, só havia tomado duas cervejas. E na faculdade passava a maior parte da noite estudando e encontrando amigas para o café, com festas apenas a cada um ou dois meses. Ela foi até a janela para fechar a cortina, quando algo na rua chamou sua atenção. O carro dela. Talvez James tenha trazido mais tarde na noite anterior. Hannah abriu as cortinas e tirou o vestido, colocando
uma camiseta enorme e
jeans
velhos
e
macios. Ela
se
enroscou no sofá com uma garrafa de água e aspirina e desejou ter solicitado novamente a TV a cabo. Ela não conseguia pensar em uma maneira melhor de passar o fim de semana, enrolada assistindo uma maratona de filmes e esquecendo completamente o mundo exterior. Em vez disso, ela ligou para casa. Ela conversou com a mãe, o pai, a melhor amiga, qualquer pessoa que pudesse imaginar em Stars Landing que sentisse falta. E ela praticamente sentia falta de todos. Segunda-feira chegou rapidamente e Hannah estava com medo de ir trabalhar. Quanto mais passava a noite de sexta-feira em sua cabeça, mais ela se encolhia. Ela realmente havia exagerado e, em seguida, envolveu EM e James em seus problemas. Ela se sentiu boba e infantil por realmente ter desmoronado em lágrimas no evento de seu chefe.
Hannah entrou no saguão, nervosamente pronta para o dia. — Você não ligou, — acusou Tad, caminhando até ela e entregando-lhe uma xícara de café. Ela aceitou com gratidão, olhando para as mesas vazias que logo estariam preenchidas por mulheres ocupadas. — Não correu muito bem, Tad. Eu realmente não quero falar sobre isso. Tad olhou para ela um segundo e um tipo de conhecimento surgiu em seus olhos, como se ele já tivesse entendido tudo. Ele a notou lançando olhares nervosos para o escritório de EM e deu um tapinha no ombro dela. — Ele tem uma audiência no tribunal hoje, lembra? Hannah sentiu a onda de alívio tomar conta dela. Graças a Deus. Ela poderia simplesmente se dedicar ao trabalho e não ter que se preocupar com uma interação estranha da manhã. Ele finalmente entrou no escritório no final da tarde. Ela o ouviu bater a porta do escritório e deixar a pasta cair sobre a mesa. Tudo sobre os movimentos do outro lado da porta do escritório parecia irado. Ela optou por não correr para levar uma xícara de café para ele e continuou concentrada em mais uma viagem de negócios que tinha que planejar, para Dakota do Norte de todos os lugares. — Café, — a voz de EM soou do seu escritório, fazendo-a pular e deixar cair os papéis nas mãos. Ela amaldiçoou a invenção do interfone enquanto juntava as páginas espalhadas novamente. Parte dela queria se ofender com a grosseria, embora soubesse que já deveria ter levado café para ele. A outra parte dela ficou aliviada. Se ele estava sendo duro e exigente, as coisas voltaram ao normal. Não haveria mais olhares estranhos e longos. Sem mais ofertas de comida ou vinho. Sem mais sentir a linha dura de seu corpo pressionado contra ela enquanto dançavam. E certamente sem mais choro e se fazer de idiota total. Uma parte dela também sentiu falta dele. Ele passou horas no tribunal. Depois de conhecer Dan, ela não teve equívocos sobre o relacionamento. Dan era claramente uma mulher muito inteligente e conivente. Ela sabia o que queria e não estava disposta a aceitar um não
como resposta. A julgar pela maneira como Dan agiu na festa, ela duvidou que o divórcio fosse ideia dela e muito menos algo que estava prestes a aceitar sem brigar. De repente, se perguntou como, exatamente, ela conseguira que um
homem
como
Elliott
Michaels
andasse
pelo
corredor. Era
simplesmente uma questão de negócios? Tentar conseguir algo que o pai dela tinha? Ela forjou uma gravidez clichê e inútil por mais desprezível que isso parecesse? Ou houve um relacionamento real que floresceu e se transformou em algo mais do que um caso de fim de semana habitual? Ele realmente a amava? Hannah se encolheu com a ideia de alguém ser capaz de amar uma pessoa tão fria e calculista quanto Dan. Mas, novamente... o próprio EM provavelmente poderia ser descrito assim pela maioria das pessoas com quem ele tinha contato. Era possível ter havido um tempo em que os dois viram
algo
semelhante
um
no
outro
e
pensaram
em
juntar
alianças. James disse que era um casamento terrível e que eles já estavam oficialmente e legalmente separados há um tempo. Hannah se lembrou quando limpou a casa de EM e procurou um secador de cabelo. Não havia o menor traço de maquiagem ou roupas ou mesmo um toque feminino. Exceto, ela lembrou a si mesma, todos os sais de banho e o próprio secador. Será que ela realmente usou sais de banho e sabonetes antigos de Dan? Ou EM só mantinha esses suprimentos estocados em caso de convidadas durante a noite? Encontros ou aventuras de uma noite? Ela largou o café em sua mesa, confortando-se com seu grunhido habitual de apreciação e sem discussões adicionais. Talvez ela estivesse fazendo um negócio maior do que precisava. Esperava que EM tivesse tomado umas bebidas a mais (uísque puro, ela descobriu) depois que ela saiu e só tivesse uma lembrança nebulosa da coisa toda. Elliott invadiu seu escritório de mau humor. Dan tinha chego atrasada ao tribunal e arrastou todas as coisas sujas que poderia pensar para jogar sobre ele. Seu pai havia lhe fornecido o escritório de advocacia
da empresa e eles eram tão ferozes quanto os tubarões. Sua nova tática favorita era chamá-lo de infiel, apesar de sua própria lista extensa de amantes durante o curto casamento. Ela até teve a audácia de citar como exemplo a noite da festa e como ele dançou com outra mulher. Todo mundo descartou a ideia, dançar não era traição. Mas também não ajudava no caso dele. Ela queria jogá-lo sobre as brasas por dinheiro. Não havia dúvida de que esse sempre fora seu motivo. Ela estava em busca de um marido rico e, quando de alguma forma conseguiu prendê-lo, mostrou suas verdadeiras cores. E quando ele não aceitou os absurdos dela e pediu o divórcio, ela decidiu lutar contra ele com unhas e dentes, apesar de estarem juntos apenas por alguns meses. Dan tinha motivações fáceis. Elliott havia negociado com o pai dela desde quase o nascimento da EM Corporation e Elliott provavelmente o conhecia melhor do que a filha. Ele era um homem que se fez por si mesmo, de origem muito pobre, que se esforçara muito para se educar na sociedade. Ele também tinha um punho de ferro sobre suas finanças. Sempre havia aquela preocupação de perder tudo. Era um sentimento que Elliott entendia muito bem. Como tal, Dan recebia apenas certa quantia de dinheiro todos os meses. E embora Elliott não tivesse certeza da quantidade exata, estava certo de que era mais do que suficiente para lhe proporcionar um estilo de vida muito agradável. Mas para Dan, isso nunca foi suficiente. Ele se sentou em sua mesa e esperou Hannah surgir e deixar o café que ele precisava tão desesperadamente. Ele a ouviu andando em seu escritório. Ele esperou dez, quinze minutos. E ela não veio. Isso não o agradou. Não havia dúvida de que ela o ouvira entrar. Ele certamente não foi silencioso. Era ainda mais difícil para ele pensar na ideia de que ela não estava deliberadamente trazendo seu café. Finalmente, ele enfiou o polegar no botão do interfone e praticamente rosnou sua ordem. Ela chegou menos de dois minutos depois e colocou a caneca sobre a mesa enquanto pegava sua pilha de papéis e voltava correndo para o escritório. Ela nem olhou em seus olhos.
Pela primeira vez em horas, ele sentiu sua raiva se esvair um pouco. Talvez ela estivesse tendo alguns sentimentos sobre a festa na casa dele. Ele não deveria ter dançado com ela. Ele deveria ter se certificado que um de seus convidados bêbados e idiotas não a chateasse. Inferno, ele provavelmente não deveria ter insistido que ela fosse. E não havia como ele abordar o assunto sem que fosse embaraçoso para os dois. Com um longo suspiro sofrido, ele se concentrou em seu trabalho do dia. Só que era uma tarefa muito mais fácil de dizer do que fazer. Sua mente continuou vagando para o momento que viu Hannah entrar em seu escritório após seu impressionante banho longo. Ela estava absolutamente deslumbrante. Mais bonita do que ele poderia expressar naquele vestido rosa. E com o cabelo solto. Até a cintura. Ele sabia que era longo, mas não tinha percebido o quanto. Havia algo incrivelmente sexy em cabelos longos e elegantes que faziam suas mãos coçarem para passar os dedos por ele. E a sensação de seu corpo macio pressionado contra ele enquanto dançavam. E quanto mais facilmente ela se conectou com James. Isso era um ponto de discórdia entre os dois irmãos desde a adolescência. Embora as mulheres gravitassem para ele, ele nunca achou tão fácil se conectar com elas. Depois, havia James que poderia fazer qualquer mulher de oito a oitenta anos rir depois de cinco minutos de conversa. Por que ele queria ter conversas mais fáceis com sua assistente era outro problema. Ele não deveria ir lá. Ela era valiosa demais no escritório para ele estar constantemente fantasiando sobre levá-la para sua cama. Hannah trabalhou sem parar desde que entrou no escritório. Uma mensagem tocou em seu telefone e, quando ela verificou, percebeu que já havia passado das sete da noite. Seu estômago roncava irritado e seus olhos doíam de olhar para a tela do computador. Ela precisaria de óculos em menos de um ano se não tomasse cuidado. Ela levantou, caminhando para o lado da mesa. A porta do escritório de EM se abriu atrás dela e ela se virou, assustada. Por alguma
razão, ela esperava que ele já tivesse ido embora naquele dia. E certamente não vindo procurá-la. Ele parecia cansado. Ele soltou a gravata cinza e preta e seu cabelo parecia um pouco desgrenhado. Seus penetrantes olhos azuis pareciam pequenos e privados de sono. Ela nunca o tinha visto tão humano antes. Ele parou abruptamente como se não esperasse que ela estivesse lá. Ou talvez tão perto. Hannah sentiu suas coxas empurrarem contra a mesa atrás dela. Ele ainda não tinha dito nada, apenas ficou lá a encarando com um
olhar que ela não conseguia explicar. Mas as
lembranças daquele mesmo olhar em seu rosto quando estavam na biblioteca e quando ele consertara o computador dela, surgiram em sua mente e ela sentiu as bochechas esquentarem. Ele viu um leve rubor surgir no rosto dela e percebeu que a encarava e há quase um minuto inteiro. Então ela olhou para os pés e mordeu o lábio e ele não sabia o que havia acontecido, mas deu um passo à frente, empurrando-a contra a mesa. Ela sentiu o corpo dele de repente pressionado contra o dela e o seu braço alcançado as costas dela, puxando-a contra ele. Ela olhou para cima, como se para encontrar respostas no rosto dele. Em vez disso, ela viu o desejo. Era para esse olhar que ela não conseguia encontrar um nome antes. Seus olhos pareciam quase fechados, seu olhar penetrante nos dela. Seu estômago revirou quando ela percebeu o que estava prestes a acontecer. Seu coração estava batendo forte no peito e ela sentiu a respiração saindo em ondas rasas. Então com a mão livre ele acariciou seu queixo. A boca de Hannah se abriu em um suspiro, o calor inundou seu estômago e ela sentiu uma onda de desejo que nem sabia que era capaz de sentir antes. Ela viu a decisão ser tomada uma fração de segundo antes que o rosto dele se abaixasse para o dela. Os lábios dele capturaram os dela rapidamente e com uma pressão suave. O braço dele puxou mais apertado quando ela derreteu contra ele. Sua boca pressionou com mais
força a dela e seus braços subiram ao redor do pescoço dele, puxando-o para mais perto. Ela abriu a boca em um gemido e a língua dele deslizou para dentro para encontrar a dela, acariciando-a com uma insistência tão suave que ela choramingou. Os braços de Elliott a envolveram quando aprofundou o beijo e a puxou com ele para o sofá. Ele a puxou para cima dele, sua mão encontrando a parte de trás da cabeça dela e a segurou contra ele. Ele mordeu o lábio inferior e sentiu um tremor sacudir todo o seu corpo. As mãos de Hannah estavam em ambos os lados da cabeça de Elliott. Ela podia sentir a barba por fazer arranhando a pele macia do rosto e sentiu o calor encher seu corpo. Elliott se mexeu, repentinamente virando seu corpo sob o dele e Hannah sentiu o corpo dele pressioná-la no sofá. Uma das pernas dele ajoelhada na borda externa do sofá, a outra presa entre as coxas dela. Os dedos dele estavam emaranhados nos cabelos dela e ele a agarrou e puxou, forçando a cabeça dela para o lado e seus lábios abandonaram os dela para traçar uma linha em seu maxilar. Então desceu pela garganta, onde ele parou, beliscando e chupando a pele sensível até que ela estivesse gemendo. Ela se contorceu embaixo dele e sentiu a dureza pressionando contra sua coxa. Elliott gemeu quando ela levantou os quadris até os dele e sua boca encontrou a dela novamente, pressionando bruscamente, tornando o beijo de intenso a exigente em um segundo. Os braços de Hannah o envolveram e ela colocou uma das pernas em volta da cintura dele. Ela se
sentiu
vergonhosamente
pressionando
contra
o seu
pau
duro, tentando conseguir alívio do desejo crescendo em seu núcleo. Em sua exploração suave, Elliott se mudou para que seu desejo encontrasse o dela e ela gemeu e tremeu quando seu pênis finalmente pressionou contra a junção sensível de suas coxas. As pernas dela se apertaram ao redor dele. E então seu telefone tocou repentinamente, e os dois pularam e se afastaram como se água fria tivesse acabado de chover sobre eles. Hannah se levantou do sofá e se afastou em direção a sua mesa.
Elliott se sentou, com a cabeça nas mãos. Hannah podia sentir seu coração batendo na garganta, pulsos e peito. Cada terminação nervosa parecia sensível. Por mais que tentasse ignorar, havia um latejar doloroso entre suas coxas que falava de desejo abandonado. Ela não conseguia entender o que acabou de acontecer. Um minuto eles estavam lá parados, chocados ao se ver. No próximo estavam no sofá dela, se contorcendo e gemendo. Ela sentiu um rubor épico se espalhando por seu rosto. Bom Deus, ela realmente empurrou sua pélvis contra a dele. Ela empurrou a parte mais íntima dela contra sua ereção e praticamente implorou para que ele a levasse naquele momento. — Olá, — ela respirou em seu telefone, sua voz pouco acima de um sussurro. — Ei, baby, — a voz de sua mãe disse alegremente. — Eu não achei que você fosse atender. Você está sem fôlego. Hannah apertou os olhos, a mão cobrindo o rosto. — Sim, eu tive que correr para pegar o telefone. — Ah, tudo bem. Eu só queria ligar e checá-la. Você não parecia bem neste fim de semana. Eu só quero ter certeza de que você está bem. — Sim, — disse Hannah, sua voz pouco convincente até para seus próprios ouvidos. — Sim, mãe, eu estou bem. Não se preocupe. Mas, ei, ainda estou no trabalho. Tenho que terminar algumas coisas para que eu possa sair daqui. Ligo para você quando chegar em casa. A voz de sua mãe parecia preocupada, e Hannah praticamente viu as sobrancelhas franzidas de preocupação. — Promete? — Sim, eu prometo. — Ok, eu te amo. — Eu também te amo. Tchau. Hannah encerrou a ligação, percebendo muito cedo que deveria ter mantido a mãe no telefone. Elliott ainda estava sentado no sofá, com a respiração firme novamente. Por que ele não foi embora? Ele certamente não achava que ela voltaria e terminaria o que haviam começado. Achava? Por
que
ela
deixou
isso
acontecer? Ela
deveria
ter
se
afastado. Ela deveria ter começado a falar sobre trabalho, em vez de ficar
lá como uma idiota olhando para ele. Ela certamente não deveria ter se derretido deliberadamente nele. Ela era apenas um alvo fácil. Obviamente, ele teve um dia longo e difícil no tribunal e estava cansado e frustrado. E a encontrou e não viu nenhuma rejeição nos olhos dela. Homens como ele, homens poderosos com pouco tempo livre, sempre buscavam o que estava mais próximo. Ela era mais uma assistente pessoal a ser procurada em um momento de necessidade. Como diabos eles voltariam a um relacionamento normal empregado-empregador depois de provar o beijo um do outro e sentir o desejo um do outro? Eles não podiam. Bem, ela não podia. E duvidava que ele tivesse algum respeito por ela agora. Ele não confiaria nela como antes. Ela sabia disso. Ela sempre soube disso. Ela nunca se envolveu com um colega de trabalho, muito menos com um chefe. Elliott podia apenas sentir as rodas girando em sua cabeça. Ele ficou sentado lá, olhando-a enquanto ela falava com a mãe e sua respiração diminuiu. O cabelo dela ainda estava despenteado por rolar no sofá e das mãos dele. Ele podia ouvir a confusão em sua voz, sentir a decepção sobre si mesma. Ela não era o tipo de mulher que ele estava acostumado. Ela não era outra na fila de assistentes que se jogaram sobre ele, se vestindo provocativamente para atraí-lo, flertando com ele, ficando perto demais. Ela não era o tipo de garota que se envolvia com seu chefe. E certamente não era o tipo de mulher que rolava nos móveis do escritório. Ele se amaldiçoou por colocá-la nesse tipo de situação. Ele havia manipulado seu desejo e sua óbvia inocência. Ela nem sabia que estava atraída por ele, pelo amor de Deus. Só porque ele notou isso não significava que deveria usar contra ela para satisfazer sua própria frustração. Ele a quis desde que ela retrucou na entrevista de emprego. Ele não conseguia contar a quantidade de vezes que imaginou agarrá-la e tomá-la na sua mesa no meio de um dia de trabalho. O fato de ele ter tido um dia difícil no tribunal, querendo nada menos do que estrangular Dan
e seus advogados, a quantidade incontável de trabalho que havia perdido por estar fora do escritório e fora de alcance, causou uma quantidade insuperável de frustração e raiva. Ele se sentia mais no limite do que o habitual
e
isso
fez
com
que
seu autocontrole
rígido
habitual
o abandonasse. Quando ele entrou no escritório dela e ela se virou e olhou para ele com aqueles grandes olhos cinzentos que lentamente se encheram de algo que ele reconheceu como atração, as pequenas amarras que o seguravam arrebentaram. E sua boca convidativa, seu corpo macio pressionando o dele, seus gemidos suaves contra os lábios dele o deixaram tão louco que ele não conseguiu se afastar. Quando os quadris dela se ergueram para encontrar sua ereção, ele teve que lutar contra o desejo de tirar as calças e enterrar-se profundamente dentro dela. Então o telefone tocou. Ele amaldiçoou e agradeceu em termos iguais. Se ele a tomasse ali mesmo no escritório, não haveria volta. Ele provavelmente nunca mais a veria. Mas, Deus, podia ter valido a pena. Ele sentiu o desejo dela, que ela deveria estar mantendo tenso como um acorde zumbindo dela. Se ele a tivesse tomado, teria sido como uma explosão. Ela desligou por mais de um minuto e ainda estava de costas para ele, as mãos na mesa deixando suas costas curvadas. A cabeça abaixada. Ela estava esperando ele sair, agir como se nada tivesse acontecido para que pudessem voltar a fingir que não havia nada entre eles. Elliott levantou-se devagar, rolando o pescoço. Ele ainda estava tão duro quanto tinha estado com ela embaixo dele, apesar de tentar distrair sua
mente. Ele
respirou
fundo,
caminhando
até
ela
devagar,
deliberadamente. Ela deve ter sentido a presença dele porque se endireitou. Mas não se virou. Ele parou atrás dela, perto o suficiente para sentir o contorno dela contra seu peito. Ele colocou uma das mãos na mesa em frente a ela. O rosto dele descansou contra seus cabelos macios enquanto falava em seu ouvido.
— Podemos tentar ignorar isso, Hannah. Mas nós dois sabemos que vai explodir na nossa cara. Ela jurou que pôde sentir os lábios dele pressionando um beijo em seus cabelos antes que ele se virasse e saísse, mas afastou essa ideia. Era algo muito pessoal, íntimo demais para se fazer. Ele não era esse tipo de homem. Hannah caminhou lentamente até a cadeira, com as mãos na mesa o tempo todo, como se precisasse de ajuda para ficar em pé e caminhar. Ela afundou na cadeira, apoiando os cotovelos na superfície da mesa e a cabeça nas mãos. Explodir na cara deles? Isso simplesmente já não aconteceu? Quanto pior poderia ficar? Mesmo se eles tivessem dormido juntos, não era
realmente
diferente. Ela
não
sentiria
menos
vergonha
ou
constrangimento do que agora. Ela não seria capaz de encará-lo melhor na manhã seguinte. Hannah gemeu e pegou o telefone, mandando uma mensagem para a primeira pessoa que conseguiu pensar. Hannah: 20:02: Acho que tenho que sair. Tad: 20:02: Hum... não. Isso é inaceitável. Hannah: 20:03: Você não entende, Tad. Tad: 20:04: Me faça entender. Hannah: 20:04: Eu não posso. É complicado. Tad: 20:06: Nada é complicado. Você ainda quer este emprego? Hannah: 20:06: Sim... Tad: 8:07: Então não é complicado. Não desista. Mude sua mentalidade. Tome um banho frio. Tome uma xícara de chá. Coma um saco inteiro de biscoitos. Vá dormir cedo. O que for preciso para tirar você dessa depressão. Você vai se arrepender de sair. Hannah: 20:10: Vejo você amanhã, Tad. Obrigada pela conversa estimulante. Embora ela não estivesse se sentindo mais animada do que antes, pelo menos não estava pensando seriamente em colocar sua carta de
demissão, imediatamente em vigor, na mesa de EM para que ele encontrasse na primeira hora de manhã. Ela não tinha certeza de como passaria o dia trabalhando em locais próximos a ele, mas faria isso. Ela foi avisada desde o início para ficar longe dele. Ela teria que se esforçar um pouco mais, ser mais diligente e controlada. Hannah suspirou, levantou-se da mesa e pegou uma pilha de papéis que precisava arquivar antes de encerrar o expediente. Ela voltou dez minutos depois para encontrar a luz do escritório de EM apagada, indicando que ele finalmente havia saído. Ela soltou um suspiro de alívio, abrindo a porta do escritório para pegar a bolsa e as chaves do carro. Mas então ela viu algo pelo canto do olho. Incerta do que estava
acontecendo
a
princípio,
olhou
ao
redor
do
escritório
rapidamente. Então lá estava. Na superfície da mesa dela. Tudo havia sido deslocado para os dois lados, de modo que o centro estava livre de desordem. E algo estava esculpido na bela madeira. Eu vi o que aconteceu. Hannah sentiu um frio no estômago. Um frio repentino deixou os cabelos em seus braços arrepiados. O ar em seu escritório parecia espesso e difícil de respirar. Era como algo saído de um filme de terror. Quem poderia ter visto? Hannah olhou para as palavras grosseiras esculpidas com pavor. Todo mundo já havia saído. Ou assim ela pensou. Não havia nenhuma atividade fora de seus escritórios por horas. Mas alguém tinha visto. Alguém a vira e Elliott se contorcendo no sofá como um casal de adolescentes excitados. Alguém com quem ela trabalhava diariamente a vira moer contra o chefe deles. Oh,Deus. Hannah sentiu a cabeça começar a latejar com uma enxaqueca terrível. Quem gravaria algo em sua mesa? Mesmo deixar uma nota parecia juvenil e sem tato. Mas estragar a propriedade do trabalho era um nível totalmente extremo. Quem fazia coisas assim? E ela esteve fora apenas
alguns minutos. Alguém deve ter esperado que ela saísse, rapidamente moveu as coisas, esculpiu a mensagem e saiu do andar em menos de dez minutos. Hannah encontrou sua tesoura no chão ao lado da mesa, uma das lâminas estava coberta de lascas de madeira. Ela limpou rapidamente, como se os envolvidos estivessem errados. O que ela faria? Parte dela achou que deveria contar a alguém. Mas a quem poderia contar? Tad? Então ela teria que explicar, com detalhes dolorosos, exatamente o que essa pessoa tinha visto. E então estaria aberta à censura dele. Contar a Elliott? Ela sabia que provavelmente deveria. Era sobre ele tanto quanto sobre ela. Mas o que ela diria? Hum. Ei. Alguém nos viu esta noite e gravou uma mensagem na minha mesa. Só achei que você deveria saber. Isso simplesmente não era nem uma opção. Ele ficaria furioso. Ele voltaria correndo para ver por si mesmo e então eles ficariam sozinhos no
escritório
dela. Novamente. E
ela
se
sentiria
vulnerável
e
estressada. Novamente. Que bem isso poderia fazer? O que ele faria? Questionaria todos os funcionários? Como se isso não causasse agitação e fizesse os rumores circular como fogo. Havia câmeras? O pensamento nunca tinha passado por
sua
mente
profundamente. Oh,
antes,
mas
agora
Nossa... existiam
que
passou,
enraizou
câmeras? Alguém
poderia
realmente observá-la todos os dias entrando e saindo da EM Corporation? Alguém poderia realmente tê-la visto beijando EM? Hannah ficou tonta com o estresse. Tudo o que ela conseguia pensar era encontrar uma maneira de encobrir essa mensagem acusatória. Ela procurou pelo armário de suprimentos de escritório até encontrar um daqueles enormes calendários de mesa, os que ocupam três
quartos da
superfície
de
qualquer
mesa. Ela
colocou
cuidadosamente e dispôs alguns itens ao redor nas bordas para que não se movesse acidentalmente. Então ela se sentou, a imagem da paranoia, circulando algumas datas no referido calendário. Seria estranho se, de repente, ela tivesse decidido colocar um calendário vazio em sua
mesa. Ela agendou as viagens de negócios de EM, as reuniões dele, quando deveria marcar consultas médicas ou inspecionar o carro. No momento em que terminou, quase todos os dias tinham vários eventos
importantes
assinalados
com
marcador
permanente
em
vermelho e negrito e todo o resto em preto. Seria realmente uma coisa bastante útil para ter. Hannah
saiu
do
prédio,
sentindo-se
desconfortável
e
constantemente olhando por cima do ombro. Como se esperasse ver o autor da mensagem escondido atrás de mesas ou folhagens do escritório. As únicas pessoas por quem passou foi o pessoal da limpeza que acenou e lhe desejou uma ótima noite. Hannah ligou para a mãe no caminho de casa, como havia prometido. Ela sabia que parecia ainda mais pouco convincente como quando respondeu durante a sessão de amasso. E, pela primeira vez, sua mãe não aceitou isso. Ela recebeu uma palestra sobre não ficar em um emprego que a estava deixando infeliz. Sobre como a vida era curta demais e o trabalho deveria ser apenas um pequeno aspecto dela. Sobre como seus amigos e familiares quase nunca mais ouviam falar dela e, mesmo quando ouviam, ela parecia cansada e derrotada. Hannah sentiu as lágrimas brotarem e as forçou a se afastar. Ela podia ver absolutamente onde sua mãe estava indo. Mas honestamente simplesmente não aguentava mais o estresse de tudo em sua vida que não podia confessar a ninguém. Ela se sentiu totalmente sozinha. E no limite. E não tinha certeza de quanto tempo poderia continuar se sentindo assim.
Oito Parecia quase incorreto que nada estivesse errado no dia seguinte. Ela entrou no trabalho no horário normal e ninguém a olhou com suspeita ou acusação nos olhos. Ninguém sequer comentou o fato de que ela estava carregando uma cafeteira nova em folha. Ela havia chegado à loja assim que abriu, correu e comprou uma antes de ir trabalhar. Se ela não precisasse constantemente encher a xícara de café, reduziria a interação cara a cara em pelo menos dois terços. E ela se certificou de comprar o tipo de cafeteira feita em uma jarra para que ficasse quente sem queimar por horas. Ela poderia esgueirar-se para preparar jarras frescas sempre que ele saísse do escritório. Era um bom plano, embora talvez um pouco infantil. Hannah correu para o escritório de EM e colocou-a na barra lateral acima de uma pequena geladeira onde ele guardava bebidas geladas. Ao lado ela colocou três canecas brancas e uma lata de café dentro do armário. Ela preparou uma jarra e correu para seu próprio escritório no momento em que ouviu Sally cumprimentar EM. Ele sentiu o cheiro do café assim que abriu a porta do escritório. Ele imaginou que Hannah deveria ter acabado de lhe trazer sua xícara da manhã até ouvir os cinco bipes estridentes anunciando a conclusão do processo de fermentação. Ele olhou e viu a jarra e soltou uma grande gargalhada apreciativa. Não era sempre que alguém chegava até ele, mas Hannah era espirituosa de verdade. Ele imaginou que ela havia escolhido a opção “ignore e deixe explodir em nossos rostos”. E estava tentando se distanciar dele o máximo possível. Ele tinha que reconhecer,
ela foi muito inteligente. Mas não ia funcionar. Ele não
deixaria isso funcionar. Ela não ganharia tão facilmente. Embora o que ela estava tentando ganhar estivesse além dele. Ambos estavam atraídos um pelo outro. Ambos queriam mais do que um relacionamento profissional. Mas, ao contrário dele, ele
supunha... ela tinha um trabalho com o que se preocupar. Não havia ninguém que o demitisse. Não havia chance dele perder sua estabilidade financeira. Mas Hannah corria esse risco. E por mais que ele não quisesse admitir, ela estava certa. Mesmo se eles tivessem um caso, o constrangimento dessa situação acabaria por levar ao estresse e a erros que levariam ao término. Ou mesmo que não fosse esse o caso, ela poderia odiá-lo depois e sair. De qualquer forma, era definitivamente uma perda para ela. Mas isso não o impediu de querer fazer disso um desafio. Mesmo que ele não ficasse com ela no final, não queria que ela achasse que estava no controle. E havia algo desagradavelmente adorável nela quando ficava irritada. Ela sempre se mostrava muito correta em seu discurso, quase arrogante como um professor de gramática que o corrige quando você diz “quem” em vez de “que”. Apesar da completa serenidade em seu rosto, havia algo em seus olhos que sugeria que ela queria estrangulá-lo, espancá-lo verbalmente até você implorar por misericórdia. Era muito sexy conhecer uma mulher que não era intimidada por ele e podia colocálo em seu lugar de uma maneira que você nem sabia ao certo até que tudo terminasse. Ela realmente era uma mulher fenomenal para ter por perto. Ela não imaginava que EM jogasse com ela. Ela nunca pensaria que era sua especialidade. Mas lá estava ela, a cada meia hora, sendo convocada ao escritório dele para realizar tarefas banais - abrir as cortinas, encontrar o pen drive “sumido”, regar as plantas do escritório. Ele tinha uma lista ilimitada de razões pelas quais precisava que ela estivesse em sua presença. E toda vez que ela entrava na sala, ele tinha um brilho nos olhos e as bordas dos lábios continuavam tremendo como se estivesse tentando conter um sorriso. Hannah entrou na sala pela sexta vez naquele dia para procurar o papel que, de alguma forma ele havia perdido, depois que ela o entregou alguns minutos antes. Ela estava ficando cansada das interrupções. Ela tinha seu próprio trabalho que precisava terminar e a voz dele pelo interfone estava ficando cada vez mais irritante toda vez que ouvia.
Embora, se fosse honesta consigo mesma, as ordens constantes realmente eliminaram o constrangimento embaraçoso que ela achava que carregaria para sempre. Ela pegou uma pilha de papéis da mesa dele, batendo cada folha na superfície procurando a página que faltava. Ela estava entre as penúltimas na pilha quando a voz de EM interrompeu sua série de maldições internas dirigidas a ele. — Oh, — ele disse, segurando a página, — eu estava segurando o tempo todo. Hannah se virou sem comentar, não confiando em si mesma para falar, porque as únicas coisas em que conseguia pensar eram maneiras horríveis pelas quais ele podia apodrecer no inferno. — Ah, e, por favor, — ele disse e ela podia ouvir o humor irritante em sua voz. Quando ele de repente conseguiu uma personalidade? — Sirva-se de uma xícara de café. Parece que tenho uma nova cafeteira. Hannah bateu a porta do escritório atrás dela e podia jurar que ouviu uma risada do escritório de EM. — Esse filho da... — Agora é assim que uma dama fala, — a voz de Tad perguntou do sofá onde ele estava, mais uma vez, fazendo uma sesta à tarde. Ela olhou para ele, sua frustração aumentando entre as sobrancelhas e a mandíbula em uma linha rígida. Ele sorriu com uma sobrancelha arqueada. — Algo errado? Hannah fez um barulho longo e frustrado, como uma criança de cinco anos quando você diz que já assistiu televisão o suficiente no dia. Ela levantou um braço e apontou para o escritório de EM. — Ele, — disse ela, sentando-se bruscamente na cadeira do escritório. Tad sentou-se, balançando a cabeça. — Na verdade, ele parece estar de bom humor hoje. Acho que nunca o vi sorrir antes. E o ouvi rir mais cedo quando entrou. — Sim, bem, ele está sendo um idiota comigo, — disse Hannah, enfiando uma caneta no suporte.
— Agora, por que seria isso? — Tad perguntou, com uma voz tanto questionadora quanto de acusação. — Você já viu quando um gato pega um rato? Como ele o solta só para pegá-lo novamente ou finge comê-lo? — Sim... — Ele é o gato, — disse Hannah, colocando os pés em cima da mesa e olhando para o teto. — Então, o jogo final dele aqui é comê-la, — Tad perguntou em um tom totalmente depreciativo. — Oh, nojento, Tad, — Hannah zombou, jogando uma calculadora do outro lado da sala nele. Tad agarrou e brincou com ela entre as mãos, rindo. — Ei, eu só estou tentando imaginar a cena como um todo aqui. — Sim, bem, essa não é a imagem. Essa imagem estaria em uma galeria totalmente diferente. Tipo na revolução francesa, as pessoas sendo esmagadas entre a bota da monarquia ou algo assim. — Você é o rato. Você é uma civil francesa desamparada. HannahBanana, por que você se aceita como vítima? Hannah
olhou
para
Tad
então. Para
alguém
tão
bobo
e
despreocupado, ele realmente era sábio de maneiras inesperadas. E ele estava certo. Ela estava se sentindo injustamente usada. Isto não era uma monarquia. É verdade que ele era seu chefe, mas nada em seu contrato de trabalho dizia que ela não poderia colocá-lo no seu lugar quando ele ultrapassasse os limites. Ela não seria mais o maldito rato. Mas isso foi antes de tudo mudar. Fazia uma semana desde os amassos em seu escritório depois do expediente. E levou apenas dois dias para EM parar de apertar os botões quando ela não se deixou mais ficar tão frustrada com isso. Eventualmente, as coisas voltaram ao seu ritmo normal e ela sentia como se pudesse respirar novamente. Então,
ao
atravessar
o
saguão,
ouviu
seu
nome
ser
sussurrado. Seguido por “todo cara que olha para ela” e “eu sabia que ela era uma vagabunda no segundo em que a vi”.
Hannah sentiu sua coluna endireitar, seu estômago revirar de uma maneira
que
realmente
a
falando
deixou sobre
instantaneamente ela? Por
que
enjoada. Eles
alguém
a
estavam
chamaria
de
vagabunda? E nenhum cara olhou para ela, muito menos prestou atenção nela. Talvez ela tivesse ouvido errado. Havia tantas mulheres na EM Corporation. Hannah poderia facilmente parecer Briana ou Joanna ou qualquer outro nome. Hannah acolheu o incidente como um malentendido e passou o resto do dia. Embora esse não tenha sido o fim. Todo dia quando ela entrava no trabalho, havia algo pequeno. Coisas tão pequenas que, a princípio, se convenceu de que era apenas sua mente brincando com ela. Que talvez estivesse se sentindo culpada pelo que havia acontecido entre ela e EM e estivesse projetando isso em outras pessoas. Havia olhares de soslaio e, às vezes, uma hostilidade pura e indireta nos olhos de outras pessoas voltada para ela. E sempre havia um silêncio constante quando ela entrava na sala ou subia no elevador ou entrava no saguão. O tipo de silêncio que lembra a maldade do ensino médio quando as garotas fofocavam sobre outras garotas por trás. Então, certa noite, ela estava sentada na escada, tentando fugir de tudo e de todos por cinco minutos. E ouviu vozes femininas vindo de baixo dela. — Sim, ouvi dizer que ela transou com o Aaron da TI, — disse uma voz. — Oh, não apenas Aaron. Parece que ela dormiu com metade dos caras na empresa. Incluindo os dois irmãos Michaels. É nojento. Isso parecia nojento, Hannah silenciosamente assentiu. Onde uma mulher acha que dormir por aí a levaria? — Nojento, — respondeu a primeira voz. — Quero dizer, ambos os Micheals são quentes como o inferno, mas por que eles foderiam alguém que esteve com todos os seus funcionários do sexo masculino? — Sim, bem. Elliott, acho que simplesmente pegou o que era mais fácil. Ele não tem tempo para sair e tomar um vinho e jantar com alguém. Então, a assistente dele é a escolha mais lógica.
As vozes se aproximavam cada vez mais e Hannah queria se esgueirar contra as paredes. Ela não estava sendo paranoica. As últimas semanas sentindo que algo estava errado não estavam apenas na cabeça dela. As pessoas realmente estavam falando sobre ela. Não estavam apenas falando sobre ela, porque ela podia lidar com isso, as pessoas falam. Mas eles estavam espalhando mentiras completas sobre ela. Já era ruim o suficiente acharem que ela estava dormindo com uma pessoa no escritório, mas como chegaram à escala que ela esteve praticamente na cama de todos os homens? Quem começaria um boato como esse? É claro que os rumores se espalham e aumentam até que não se tenha mais ideia de quem começou. Mas ainda assim... alguém começou. Alguém a detestava tanto que a acusou de brincar no trabalho. Ela nem conhecia o Aaron da TI pelo amor de Deus! Nesse momento as mulheres fofoqueiras apareceram. A mais velha das duas, uma morena rude, cutucou sua companheira ruiva e olhou para Hannah. Elas abriram a porta do andar e entraram e Hannah pôde ouvir quando ela se fechou. — Eca, ela? Sério? Ela é gorda. Hannah se encolheu. Ela já tinha sido chamada de coisas piores antes, mas as mulheres sempre sabiam como bater abaixo da cintura. Ela não era uma pequena supermodelo, mas a ruiva também não. O que havia com mulheres que falavam de alguém que não era tão diferente delas? Talvez por ela ter crescido em uma cidade muito pequena e unida, nunca houve muito bullying. Todo mundo conhecia todo mundo e a mãe de todo mundo. Ninguém seria capaz de se safar. É claro que as pessoas falavam, talvez mais porque todo mundo tinha todo mundo em comum, mas
nunca
chegou
ao
ponto
em
que
era
absolutamente
malicioso. Aparentemente, isso a havia preparado mal para a vida em uma cidade grande e ruim. Por volta das cinco da mesma tarde, houve uma batida na porta do saguão principal. Ela murmurou um “entre”, apesar de desejar nada
mais do que ficar sozinha. Tad enfiou a cabeça, as sobrancelhas franzidas. — Como esta? — Ele perguntou, fechando a porta silenciosamente. Hannah olhou para ele, o rosto pálido e cansado. — Você não ouviu? Eu sou a merda da Babilônia. E aparentemente os negócios são realmente bons. Tad suspirou profundamente. Ele parecia estranhamente solene, triste. — Eu não sei o que diabos está acontecendo por aqui, — ele admitiu, aproximando-se da mesa dela e esfregando seus ombros. — Nunca é tão ruim. Quem está alimentando isso deve realmente te odiar. — Por quê? — Hannah explodiu, girando a cadeira para encará-lo. — Eu não fiz nada para ninguém aqui! Não fui nada além de legal com as mulheres. E quase nunca falo com os homens. Não entendo o que posso ter feito para irritar tanto alguém. Tad deu de ombros, sentando-se na mesa dela. — As mulheres às vezes são terríveis. Talvez você tenha sorrido para o namorado dela ou ela esteja com ciúmes de você. Quem sabe realmente. —
E
eu
sou
gorda,
—
Hannah
murmurou,
parecendo
completamente irritada e arrependida. Tad zombou, parecendo genuinamente ofendido. — Quem disse isso? — Aquela cadela ruiva do quarto andar. — Calma, tigre. A última coisa que você quer é que circule, que está falando besteira sobre elas agora. — Pode realmente ficar pior, Tad? Tad levantou-se de repente, puxando Hannah da cadeira e envolvendo-a em seus braços. — Ouça-me, Hannah-Banana, —, disse ele, com o queixo apoiado na cabeça dela, — tudo isso vai passar se você não se jogar nas mãos delas. Eu sei que é uma droga agora. Você só terá que levar no queixo. Não deixe ninguém ver que isso está te atingindo. Elas são como os leões. E você é a gazela com uma perna quebrada. Não as deixe ver sua fraqueza ou elas vão te derrubar.
Hannah acenou com a cabeça no peito de Tad, o abraçando como se sua vida dependesse disso. Ela não percebeu o quanto precisava de um abraço, algum conforto de alguém que realmente se importava com ela. Tad a deixou ir um momento depois. Sorrindo para ela, ele deu um soco brincalhão no seu queixo. — Você aguenta, — ele disse com uma piscadela, beijou sua testa e saiu. Ela ouviu o elevador apitar quando ele saiu. EM estava em uma reunião de jantar, então Hannah entrou em seu escritório para pegar a cafeteira
e
levá-la
para
lavar
na
cozinha. O
escritório
estava
agradavelmente silencioso. Sem ninguém para encará-la ou sussurrar nas
suas
costas,
ela
sentiu
as
horas
de
estresse
derretendo
lentamente. Ela revirou os ombros enquanto estava na pia. Tad estava certo. Ela tinha que superar isso. E daí se elas falassem? Isso não era verdade. Ela sabia disso. Tad sabia disso. O que os outros pensavam era irrelevante. Ela estava lá para fazer seu trabalho, não para fazer amigos. E certamente não queria ser amiga de ninguém no prédio depois de como estavam agindo de qualquer maneira. Hannah guardou a cafeteira e voltou para o escritório. Foi então que ela notou uma nota por baixo da porta. Com pavor crescente, Hannah se aproximou e pegou. Ela a desdobrou para encontrar uma nota digitada com duas linhas: Ser vagabunda não a levará a lugar algum. ELE NÃO É SEU. Ela
sentiu
a pressão subir. Ela
rasgou
a
página
em
cem
pedacinhos com as mãos trêmulas e jogou-a no lixo. Hannah lembrou a si mesma de não morder a isca, para não deixar isso atingi-la. As pessoas faziam coisas assim para ficar sob sua pele. E se entrassem na sua pele, venceriam. Ela seria condenada se deixasse que alguma colega de trabalho mal-intencionada a vencesse. Incomodava-a, porém, que alguém estivesse rondando o escritório depois do expediente e deixando notas ameaçadoras para ela. Alguém esteve em seu escritório pessoal. Alguém violou sua propriedade. Hannah
sacudiu a sensação, mas não conseguiu se livrar do medo no estômago enquanto dirigia para casa naquela noite. Ela tentou deixar a positividade ser sua emoção predominante, todas as manhãs dando a si mesma uma conversa animada no caminho para o trabalho, convencida de que, eventualmente, melhoraria. Só que não. Os olhares azedos das mulheres a encontravam em todos os lugares aonde
ela
ia. Os
sussurros
tornaram-se
menos
ocultos,
mais
abertamente maliciosos. E depois havia os homens. Homens que nunca tinham olhado na direção dela antes agora a encarava. Aparentemente, todo mundo achava que ela era a prostituta do escritório. E alguns dos homens acharam apropriado sussurrar coisas sugestivas
para
ela
enquanto
ela
passava. Eles
beliscavam
ou
esbarravam na sua bunda no elevador e piscavam quando ela os olhava. Ela resistiu ao desejo de se virar e estapeá-los, gritar em seus rostos, dar-lhes uma chicotada na orelha. Eles só jogariam sua reputação de volta nela. Depois, havia os bilhetes. Eles não paravam. Toda vez que ela voltava para o escritório, havia um. Muitos eram semelhantes ao primeiro chamando-a de vagabunda e declarando que EM não era dela. Ela conseguiu ignorá-los sem muito esforço. Mas quem quer que fosse o remetente deve ter percebido sua falta de impacto e decidiu ficar mais direto, mais cruel. Quase ameaçador. Sua puta estúpida. Quantas vezes tenho que te dizer para recuar? Elliott Michaels não é seu. Não pense que só porque você o pegou em um momento fraco e o seduziu significa alguma coisa. Ele nunca iria querer alguém tão estúpida e devassa como você. Por que você não se demite? Você faria um favor a todos não ter mais que ver sua cara de vagabunda por aqui. Hannah podia sentir a ansiedade pulsar como eletricidade sob sua pele. Era uma sensação constante e desconfortável que a fazia se sentir tonta e instável. Saia agora ou você vai se arrepender.
Ela não sabia por que não desistia. Todos os aspectos de seu trabalho estavam drenando sua sanidade. EM estava mais exigente do que nunca, seu horário agitado esgotava constantemente suas próprias capacidades mentais. E ela nunca havia superado a noite em seu escritório. Apesar de dizer a si mesma que não pensaria nisso, ficava acordada à noite, segurando o travesseiro e repetindo todo o evento em sua cabeça por horas. Isso a deixou se sentindo insatisfeita e nervosa. Ela nunca foi o tipo de mulher que era superada pela frustração sexual. Sua experiência, a única vez que ela deixou Sam tirar sua roupa e se atrapalhar com a inexperiência adolescente, sentiu tanta vergonha e dor que nunca pensou que iria querer fazê-lo novamente. Ela
tinha
evitado
com
sucesso
todas
àquelas
sensações
desagradáveis até EM entrar em sua vida. Por que ele era a exceção estava além da compreensão dela. Ela conheceu homens, especialmente na faculdade, por quem se sentiu muito mais atraída. Eles sempre foram encantadores, com olhares calorosos e sorrisos fáceis. Eles tinham bons sensos de humor e charme juvenil. Ela nunca foi atraída pelos tipos frios e distantes antes - os graduados em Direito e os pretensiosos estudantes de arte. Ela namorou muitos que se encaixavam em seu estilo e nunca passou muito tempo em sessões de carícias nas minúsculas camas do dormitório da faculdade ou nos assentos dianteiros de seus carros. De alguma forma, ela sempre perdeu o interesse antes que os caras ficassem ansiosos demais para levá-la para a cama. Então surgiu Elliott Michaels, tudo o que ela nunca desejou a fazendo sentir coisas que ela esqueceu que existiam. Ele só quer usá-la. Você não é a única. Ele levou inúmeras mulheres como você para a cama dele. E cada uma delas perdeu o emprego. E todos neste escritório sabiam o por que. Vagabunda após vagabunda. Não se iluda achando que ele pensa em você como qualquer outra coisa. Suas noites estavam ficando mais longas. Ela saia do escritório e ia para casa chorar. O que a estava mantendo lá? O dinheiro? Ela olhou
em volta do apartamento que mal conseguia ver. Ela nem desfrutava disso. Ela trabalhava na maioria dos fins de semana executando todas as tarefas para EM que não conseguia realizar durante o horário de trabalho. Ela não tinha um monte de roupas novas ou joias. Os móveis dela estavam mais surrados do que nunca. Claro, era bom ver o dinheiro acumulado em sua conta bancária. E ela sabia que se desistisse, isso a levaria longe e ela não precisaria do seguro desemprego novamente por um tempo. O dinheiro era importante. Não havia como negar isso. Mas havia algo mais e ela nem queria explorar o que era. Como se atreve a ser tão arrogante? Você realmente acha que está no mesmo nível que ele? Ele construiu uma empresa de milhões de dólares com sua própria determinação e coragem. Você faz café e arquiva a papelada dele. Você é a sujeira debaixo dos pés dele. Entregue sua carta de demissão antes de se arrepender por ficar. Ela gostou do desafio. Ela gostou da ideia de que, se permanecesse nas boas graças dele, poderia esperar fazer uma carreira real com seu trabalho. A EM Corporation era conhecida por oferecer aos trabalhadores excepcionais melhores posições com o tempo. Se ela insistisse e provasse seu valor, poderia ver-se em uma posição de mais poder, ganhando dinheiro com o qual só poderia sonhar. Todo mundo aqui te odeia. Todas nós a vemos como você é, uma patética, fraca, oportunista. Ela gostava, oh Deus, ela gostava de EM. Ela nunca pensou que seria possível, mas, por mais que o odiasse às vezes, o admirava. Ela se espelhava nele. Ele era um exemplo excepcional do que as pessoas eram capazes se decidissem alguma coisa e se recusassem a deixar que algo atrapalhasse. Ela queria imitar isso. Ela queria poder olhar além de todos os opositores que espalhavam mentiras sobre ela. Ela queria poder manter a cabeça erguida e deixar todos saberem que era melhor que eles, que não os deixaria derrubá-la. Ela sabia que estava lá por seu próprio mérito. Ela sabia que estava indo a lugares se continuasse.
Não era absolutamente um fator que ela estivesse sexualmente atraída por ele. Isso acabou. Foi um momento de fraqueza para os dois e ela nunca deixaria isso acontecer novamente. Você nunca o merecerá. Você não é bem sucedida. Você não é atraente. Você é nada. Hannah sentia uma pontada toda vez que um bilhete chegava. Ela disse a si mesma que não leria. Disse a si mesma para não abrir os bilhetes. Mas algo dentro dela precisava saber o que diziam. E apesar de saber que eram escritos por uma mente obviamente ciumenta e doentia, isso não impediu que as palavras ardessem em algum lugar profundo dentro dela, onde ela constantemente tentava manter sua insegurança enterrada. Ela não conseguia parar de se identificar como a pessoa miseravelmente
patética
que
estava
sendo
pintada. Era
difícil
permanecer forte quando dez ou quinze bilhetes por dia gritavam de outra maneira. Dormir estava se tornando mais um aborrecimento do que nunca. Onde costumava cair na cama, totalmente exausta e desmaiar em cinco minutos, ficava acordada por horas. Sua mente inquieta repetia as palavras com uma lembrança dolorosamente vívida. Depois de um tempo, ela quase parou de dormir. Adormecia com pesadelos que a acordavam antes que uma hora sequer passasse. Ela estava sendo perseguida e seguida. Ela estava caindo. Ela estava sendo perseguida por uma matilha de cães selvagens. Tiraremos você daqui, de um jeito ou de outro. Seu corpo estava começando a parecer estranho para ela. A privação do sono a fazia sentir-se separada de si mesma e de tudo ao seu redor. Ela bebia café em excesso para mantê-la funcionando através da névoa de exaustão. Isso a fez sentir-se nervosa e agitada. Comida não era algo que ela pensava. Além de saber que não havia nada de errado com seu
corpo,
comentários
constantes
sobre
seu
peso
obviamente
permitiram que a negatividade do corpo se enraizasse. Se ela comia alguma coisa de um dia para o outro, era muito. Ela sentiu suas roupas começando a ficar largas.
Pare de lutar contra isso. Você é um desastre. Você é infeliz. Seu plano está falhando. Você deveria se matar! As mãos de Hannah tremiam quando ela colocou o bilhete no topo da pilha com todos os outros. Ela não sabia ao certo por que os guardava, em uma caixa de armazenamento decorativa rosa e marrom na gaveta de baixo de sua mesa. — Toc, toc, — disse Tad da porta, segurando uma xícara de chá e um prato de biscoitos. Ele os colocou na frente dela, pegando um dos biscoitos. Quando ela não pegou um, ele suspirou. — Você tem que comer, Hannah, — disse ele, sua voz irritada e preocupada. — Não estou com fome, — disse ela, tomando um gole do chá e estremecendo. Ele trouxe de camomila. — Besteira. Você está sumindo. Se você não comer este prato de biscoitos, vou enfiá-los na sua garganta. — Quando ela zombou, Tad se inclinou para mais perto. — Tente-me. Hannah revirou os olhos, mas pegou um biscoito e o mordeu. O sabor era simples, como papelão, embora ela soubesse que estava carregado de açúcar. — O que diabos está acontecendo com você? Essa coisa de distúrbio alimentar que você está fazendo é ridícula. Você era perfeita. Hannah sentiu uma irritação na barriga. — Eu não tenho um distúrbio alimentar, — disse ela, parecendo irritada. — Quando foi a última vez que você comeu alguma coisa? — Tad perguntou e quando houve um longo silêncio, ele assentiu. — Exatamente. Hannah tomou um gole de chá para lavar as migalhas do biscoito. — Eu estou bem, Tad. — Você está uma bagunça. Uma bagunça absoluta, HannahBanana. Eu sei que os rumores são ininterruptos, mas você só precisa tentar não deixá-los atingi-la. — Você conseguiria? — Hannah perguntou, olhando para ele com toda sua frustração e derrota.
Tad olhou para ela por um longo minuto antes de balançar a cabeça. — Não. E eu nunca pensei que diria isso... mas talvez você deva sair. Hannah balançou a cabeça, olhando para longe. — É isso que elas querem. Tad lançou-lhe um olhar estranho: — Você não sabe disso. — Confie em mim, — disse Hannah, pegando outro biscoito, — eu sei. Ninguém é seu amigo aqui. Todo mundo está esperando você cortar os pulsos ou engolir um frasco de aspirina. Faça isso já. Algo estava acontecendo no escritório. Ele não tinha muita certeza do
que
era,
mas
estava
lá
sob
a
superfície
de
eficiência
e
produtividade. Mas havia um desconforto tangível que ele sentia assim que entrava no prédio. Como chefe, ele sabia que era importante ficar à frente de todas as mudanças no escritório. Ele colocou pessoas muito fortes no comando por esse mesmo motivo. Ele não podia deixar bobagens criar raízes e brotar por todo o lado. Era ruim para o moral. As pessoas sempre reagem como os animais que realmente são - elas se reúnem. A insatisfação de uma pessoa é administrável. Mas uma vez que se espalha, todas as almas são vítimas dos sentimentos. E em pouco tempo, cria-se uma absoluta falta de lealdade à empresa e, portanto, falta de boas condições de trabalho e baixa qualidade no trabalho. Infelizmente, era impossível para ele chegar à raiz do problema. Todo mundo andava na ponta dos pés ao redor dele. Todos temiam sua descoberta. Todo mundo sabia que ele poderia facilmente se livrar deles, como uma pessoa que esmaga uma mosca. Onde quer que ele fosse, havia silêncio. Normalmente, as conversas do dia-a-dia no escritório cessavam e tudo o que se ouvia era a digitação e os telefones tocando e a troca de papéis. Não era novidade. Ninguém queria que seu chefe soubesse o que fofocavam no trabalho. Mas de alguma maneira agora parecia mais pronunciado do que nunca.
Ele se viu particularmente preocupado porque sentia hostilidade em vez da frustração ou mal-estar geral. Não era algo que ele nunca notou em seus funcionários como um todo. Se eles estivessem zangados com a gerência, haveria um problema. E assim por diante. Afastando a sensação desconfortável, Elliott abriu a porta do escritório e encontrou Hannah reunindo documentos. Ela era outra coisa que estava pesando em sua mente. Não apenas porque não conseguia parar de pensar nos lábios dela. Ele acordava suando noite após noite, por ter sonhado em tomar os seios dela nas mãos, chupar seus mamilos ou a sensação do corpo nu dela pressionando-o em sua cama. Ele a desejava mais do que desejou alguém em anos. Ela era uma tentação sexual constante. Ele estava determinado a dar-lhe o espaço que ela obviamente queria. Não havia dúvida de que ela se arrependia da noite em seu escritório, apesar do quanto ele sabia que ela o queria. Ela não era o tipo de mulher que dormia com seu chefe. Ela levava o trabalho mais a sério do que já havia visto qualquer uma de suas assistentes e ficou claro que ela queria ir a lugares na vida. Brincar com as pessoas responsáveis não era o jeito que ela faria isso. Mas não era apenas a atração. Algo estava errado com Hannah. Ele tinha vergonha de admitir que demorou muito para perceber por si mesmo. Ele viu os olhares incomuns e preocupados que Tad lançava em sua direção, mas não pensou em nada. Eles eram amigos, amigos tinham seu próprio tipo de linguagem. Mas então finalmente viu a diferença gritante quando ela usou a camisa que ele havia comprado para substituir a que ela arruinou com café. Ele comprara para se ajustar ao corpo dela, confortável, mas generosa. Quando ela usou novamente, estava especialmente solta no busto e na cintura. A princípio, ele culpou lavá-la com muita frequência, mas era apenas a segunda vez que ela usava. Então ele começou a olhar para ela, realmente olhar para ela. Por um tempo a viu como a mulher que imaginara em sua mente, não a mulher de verdade na sua frente. Ele a viu naquele vestido rosa,
parecendo doce e bonita. Ele a viu com paixão em seus olhos enquanto seus dedos afundavam em suas costas. De alguma forma, ele havia ignorado o fato de que o rosto dela estava fundo. As cavidades das maçãs do seu rosto estavam gravadas mais profundamente, perdendo a gordura sobre suas bochechas. Ele podia ver o contorno de sua clavícula, a delicadeza de seus pulsos. Ela estava perdendo peso. Normalmente, ele culparia uma dieta. Toda mulher que ele conhecia estava constantemente tentando perder os últimos cinco ou dez quilos, independentemente de quão magras eram. Mas Hannah sempre pareceu confortável em sua própria pele. Ela não era magra e não era gorda. Ela tinha um corpo macio, curvilíneo e feminino. Era o tipo de corpo que a maioria dos homens alegaria amar, não as mulheres super magras que adornavam capas de revistas. Hannah não parecia o tipo de mulher que fazia dieta. Fugazmente, ele se perguntou sobre a saúde dela. Ela estava ainda mais pálida do que nunca, embora fosse praticamente fantasmagórica para começar. Talvez ela não estivesse bem e ele não tivesse notado. Ao som da porta se fechando, ela pulou visivelmente. Mesmo quando o viu parado ali, ele notou que suas mãos ainda estavam tremendo. — Bom dia, — disse ela, sem se importar em fingir um sorriso. — Bom dia, — ele resmungou de volta, olhando-a atentamente. Ela parecia exausta. Ele estava familiarizado com o não dormir e seus efeitos, mas isso era diferente. Ela tinha a expressão vazia de alguém que não dormia uma noite inteira há semanas. Seus adoráveis olhos cinzentos estavam fundos e manchas roxas profundas estavam embaixo deles, quase parecendo contusões. Com seus lindos cabelos puxados para trás do rosto, ele distinguiu o contorno afiado de seu queixo quando ela se virou para servir uma caneca de café para ele. Suas mãos ainda estavam tremendo. — Você está se sentindo bem? — ele se ouviu perguntando enquanto ela devolvia a caneca para ele e a colocou na mesa.
Ele a alcançou antes que ela soltasse e seus dedos capturaram os dela sob os dele. Os olhos dela dispararam para ele, arregalados e chocados. Ele sentiu a frieza dos dedos dela contra os dele. Ela olhou para ele por um momento, parecendo confusa e excitada ao mesmo tempo. Então ela rapidamente baixou os olhos e afastou a mão. — Tudo bem, — ela disse, seus lábios se curvando nos cantos no que poderia ter sido interpretado como um sorriso. Rapidamente, ela juntou os papéis e saiu correndo da sala, fechando a porta do escritório silenciosamente atrás dela. O que diabos estava acontecendo em seu escritório? Noventa por cento de seus funcionários pareciam fora do personagem e zangados. E sua própria assistente parecia uma peça de porcelana delicada em ruínas. Ninguém jamais o acusaria de não ser observador, mas de alguma forma tudo isso havia escapado do seu radar. Elliott passou a mão no queixo. Ele estava mais distraído do que o normal. Dan tinha sido um espinho constante no seu pé. Todos os dias ela acrescentava demandas cada vez mais ridículas no acordo. Ela queria todo o estoque de sua biblioteca. Ele nunca viu a mulher pegar um livro, e todos os livros em seu escritório estava lá anos antes de ele sequer olhar para ela. Depois ela exigiu não apenas uma quantia em dinheiro, mas pensão alimentícia. Aparentemente, em alguns meses ela se acostumou a certo estilo de vida e esperava que isso lhe desse a capacidade de viver generosamente pelo resto de sua vida. Ele suspirou profundamente. Ele nem tinha certeza de como acabara se casando. Dan tinha sido um caso particularmente acalorado que
ele
planejava
terminar. Ele
simplesmente
nunca
chegou
a
isso. Provavelmente devido a uma boa química sexual e ao apetite voraz de Dan por sexo em situações cada vez mais novas e diferentes. Ela era emocionante e um desafio. E ele de alguma forma permitiu que seu pau o levasse ao casamento. Não havia outra maneira de explicar isso. Ela era uma bruxa horrível, mimada e egoísta. E ele sempre soube disso. Mas havia desistido de sua liberdade por ela de qualquer maneira.
Então ele passou todos os dias depois se arrependendo. Ela gastava dinheiro como água. Ela comprava sapatos, joias e roupas até todos os armários da casa transbordar. Ele chegou em casa no meio da noite para encontrá-la se divertindo com homens. Um após o outro após o outro. Até que finalmente lhe disse para sair da casa dele. Ele passou as seis semanas seguintes dormindo com todas as mulheres que achava pelo menos um pouco atraentes. Ele
não
estava
exatamente
orgulhoso
de
seu
comportamento. Embora nunca tivesse realmente se comprometido com a exclusividade em suas relações, ele acreditava na fidelidade. Namorar era para brincar. Casamento era para voltar para casa com a mesma mulher todas as noites. Mas ele justificou seus casos pela própria porta giratória de parceiros sexuais de Dan. Elliott balançou a cabeça. Aquela maldita mulher estava brincando com seus negócios e ele não seria capaz de permitir que isso continuasse. Apunhalando o dedo no quarto botão do telefone, ele ouviu o telefone tocar e a voz otimista de Tad atendeu. — EM Corporation. Tad falando. Como posso ajudá-lo? — Tad, posso vê-lo no meu escritório? — ele disse e desligou sem uma resposta. Ele ouviu a batida na porta menos de vinte segundos depois. Era incomum ele chamar alguém em seu escritório. Tad provavelmente nunca esteve lá dentro. Ele parecia calmo, no entanto. Curioso, mas calmo. — O que está acontecendo no meu escritório? — ele perguntou, sem rodeios. — Você terá que ser mais específico, — respondeu Tad, dando a Elliott um sorriso torto. — Algo está acontecendo com todo mundo. Você é a única pessoa de quem eu não sinto algo. Tad suspirou, preso entre sua obrigação de preencher seu chefe e seu desejo de não se colocar contra a equipe, ou pior ainda, Hannah.
— Hannah está doente? — Elliot deixou escapar, xingando-se por isso. — O quê? Não, — disse Tad rapidamente, parecendo chocado. — Então o que está acontecendo? — Elliott exigiu, perdendo a paciência. Tad fechou os olhos por um minuto. — Olha. Eu realmente não posso me envolver nisso, Sr. Michaels. Não é o meu lugar lhe dizer. É da conta de Hannah, não minha. Mas posso lhe dizer que algo está acontecendo com a equipe daqui. E algo precisa ser feito sobre isso. — Bem, isso não é muito direto, — disse Elliott, recostando-se na cadeira. — Sinto muito, — disse Tad, parecendo preocupado. — Eu realmente sinto, mas estou entre a cruz e a espada aqui. Elliott assentiu. — Eu entendo. Fico feliz em receber a confirmação de que algo está acontecendo. Que esse não é apenas uma sensação estranha
que
estou
tendo.
— Tad
assentiu,
batendo
o
pé
nervosamente. — Volte ao trabalho. — Quando Tad olhou para a porta com ansiedade, ele sorriu. — Diga a eles que eu precisava discutir um aumento com você. Provavelmente já está na hora, — Elliott deu de ombros. — Oh, — disse Tad, sorrindo brilhantemente. — Obrigado. Realmente. Obrigado. Elliott acenou com a mão, afastando a gratidão e dispensando-o ao mesmo tempo. É claro que Tad não compartilharia detalhes particulares sobre Hannah. Se fosse qualquer outro funcionário, ele poderia ter conseguido alguma coisa. Mas não havia escapado ao seu conhecimento de que Tad tinha sido amigo de Hannah quase instantaneamente e os dois eram vistos trabalhando lado a lado. E ouvia a voz de Tad dentro do escritório de Hannah com frequência, ainda mais com o passar do tempo. Mas ele percebeu que Tad estava preocupado. O que estava acontecendo o preocupava. E incluía Hannah. E provavelmente era por isso que ela estava perdendo peso e sono. Talvez fosse ele.
O pensamento surgiu em sua cabeça com uma clareza nítida e brilhante. Talvez ele estivesse sendo um feitor de escravos. Era algo que ele talvez sempre soubesse sobre si mesmo. Ele tinha altos padrões. Mas antes de Hannah, ninguém jamais foi capaz de agir de acordo com eles. Talvez sua capacidade de acompanhar o fizesse exigir mais de todos os outros. E nem todo mundo era capaz de trabalhar em um ritmo acelerado. Poderia facilmente estar causando um problema moral. As pessoas estavam se sentindo sobrecarregadas e desvalorizadas. Também fazia sentido porque Hannah parecia pior do que qualquer outra pessoa. Ela trabalhava em conjunto com ele. Ele esperava ainda mais dela. Toda vez que ela cumpria seus padrões, ele supunha que via uma oportunidade e os criava. Ele precisava estar mais consciente de suas ações. Apertando o botão do interfone, ele pediu a Hannah para entrar um momento. Ela apareceu alguns minutos depois, pedindo desculpas por ter tido que terminar uma ligação. — Quero que você saia as cinco com todo mundo hoje, — ele disse enquanto ela ficava lá, passando de um pé para o outro. Com as palavras dele, as sobrancelhas dela franziram. — Posso perguntar por quê? — ela disse depois de um momento, parecendo completamente confusa. Elliott deu de ombros. Ela quase parecia ofendida. Ele escondeu um sorriso atrás de uma tosse rápida. — Eu tenho planos para o jantar, — disse ele, observando-a pegar um bloco de notas e examiná-lo. Presumivelmente, era a agenda dele que ela mantinha em detalhes meticulosos. — James acabou de ligar e precisamos discutir algumas coisas, — ele mentiu facilmente e observou a confusão dela desaparecer. — Eu não voltarei ao escritório depois, então não há necessidade de você estar aqui. Tenho certeza que tem algumas tarefas que você está atrasando com a frequência com que está aqui. Hannah assentiu, parecendo quase inquieta.
Ele procurou as palavras para dizer. Ela apenas ficou lá, esperando por mais instruções dele e tudo o que ele queria fazer era encontrar algo a dizer para aliviar o vazio em seus olhos. — Apenas certifique-se de que a agenda esteja organizada antes de você sair, — ele esclareceu e poderia jurar que havia um brilho de pavor em seus olhos antes que ela assentisse e deixasse a sala. Ele está te mandando para casa porque vê o lixo inútil que você é. Apodreça no inferno, prostituta. Hannah se sentou em sua mesa e abriu seu e-mail. Ela se sentiu um pouco covarde, enviando um e-mail a todos para pedir suas agendas para o dia seguinte. Era seu trabalho ir a cada secretária e pegar. Ultimamente, Tad acabara aparecendo com a lista compilada para ela, poupando-lhe a ansiedade de ter que fazer isso sozinha. Ela escreveu um e-mail muito rapidamente: O Sr. Michaels deixará o escritório mais cedo hoje à noite. Ele precisará que vocês enviem suas agendas para que seja compilado antes das cinco horas. Obrigada. E então copiou todas as secretárias. Ela não conseguia entender por que ele a mandou para casa. Mesmo quando ele saia para as reuniões de jantar, a deixava com suas atribuições. Sempre havia mais do que suficiente para mantê-la lá depois das oito da noite. Enviá-la para casa era completamente desnecessário. Ela só teria que se esforçar mais no dia seguinte para concluir todas as coisas que não conseguiu fazer por ter que sair mais cedo. Claro, ela pensou, ela poderia simplesmente desconsiderar a ordem dele. Ela poderia ficar até mais tarde, como sempre, e fazer todo o seu trabalho. De alguma forma, ela imaginou que ele descobriria. Mas, mais ainda, ela admitiu para si mesma de má vontade, estava preocupada em ficar até mais tarde no escritório sozinha. Uma coisa era quando ele estava ali a distância de um grito. Mas quando a pessoa mais próxima
era uma faxineira três andares abaixo... ela não conseguia reunir coragem para ficar. Embora ficar em casa a noite toda fosse um pensamento igualmente pouco apetitoso. O que ela faria? Não é como se ela tivesse televisão para assistir. Ela nunca estava em casa o suficiente para precisar colocar as tarefas em dia. Ela tinha que limpar a gaiola de Ricky, mas isso levaria apenas alguns minutos. Hannah suspirou, decidindo passar a noite limpando. Ela não era particularmente uma aberração, mas teve fases em que estava estressada ou sozinha passando horas ou até dias esfregando cada centímetro de seu apartamento. Ela não se incomodou em pegar uma vassoura ou esfregão desde que começou na EM. Provavelmente, lamentavelmente, precisava de uma limpeza. Ela podia ouvir algumas músicas e limpar até se sentir um pouco melhor com sua vida. Levou apenas quatro horas e três vezes esfregando o chão para que ela se sentisse como se um peso gigante tivesse sido tirado de seus ombros. Ela pegou a roupa suja e o laptop que acabara de comprar a caminho do trabalho e sentou na lavanderia. Ela usou as cinco máquinas de lavar roupa de uma só vez e verificou o e-mail do trabalho. Ela imaginou ter seguido as instruções de EM para deixar o escritório. Ele nunca saberia realmente que ela havia passado o tempo fora do escritório trabalhando. E
duvidava
que
ele
se
importasse. Ele
gostava
de
eficiência. Ela tinha certeza de que ele trabalhava em casa o tempo todo. Ela estava apenas seguindo o exemplo dele. Ela respondeu alguns e-mails enviados pelo departamento de TI e finanças. Houve um ding, alertando-a de um novo e-mail em sua caixa de entrada. Ela deu de ombros para o endereço incomum e nunca visto antes e clicou nele. Você pode beijar a bunda dele o quanto quiser. Ele não ficará impressionado. Ele não vai se apaixonar por você. Supere a si mesma. Ele a verá como você realmente é - um pedaço inútil de lixo, um lixo descartável. Eu vou acabar com você mais cedo ou mais tarde. Você pode
muito bem ceder e sair agora sua puta miserável... isso só vai piorar para você. Com as mãos trêmulas, Hannah salvou a mensagem em uma pasta e fechou o laptop. Não era estranho que alguém soubesse o e-mail de trabalho dela - todos no escritório com quem ela tinha contato estavam familiarizados com isso. Mas a incomodava que alguém soubesse que ela estava trabalhando em casa. Como poderiam saber? Uma parte dela tentou se convencer de que provavelmente era apenas um palpite de sorte, mas em algum lugar no fundo de seu estômago um desconforto foi plantado e se enraizou. Ela sabia que a mensagem estava certa. Ela sabia que só ia piorar. Embora acreditasse que era apenas porque estava cedendo à pressão.
Nove Mas então os e-mails começaram a chegar em ondas, dezenas, centenas - enchendo toda a caixa de entrada e forçando-a a procurar entre eles para encontrar uma correspondência de trabalho real. Notas começaram a aparecer sob o para-brisa de seu carro várias vezes ao dia. Depois ela caminhou até o carro para comprar o almoço de EM e descobriu que alguém havia pintado a palavra “vagabunda” no para-brisa com batom vermelho brilhante. Não era sua vontade chorar em público, mas ela se apoiou no carro e cerrou os olhos por vinte minutos, inclinou-se para frente e seu corpo tremia com os soluços como ela não havia experimentado desde o rompimento com Sam, quando decidiu se mudar de Stars Landing. De alguma forma, era bom chorar. Mas ela não conseguia parar. Ela chorou cada
vez
mais,
alheia
às
pessoas
que
passavam
por
ela
na
garagem. Quando começou a se preocupar que nunca poderia parar as lágrimas, ela recebeu uma mensagem de EM perguntando o que diabos estava demorando tanto para o almoço dele. Ela pulou em seu carro, tentando furiosamente limpar a umidade do rosto e esguichando o líquido do limpador de para-brisa até as letras correrem como sangue. Ele não estava acostumado a Hannah se atrasar. Ela era cronicamente pontual todos os dias desde que a contratou. Então, quando ela estava sumida há mais de meia hora, ele explodiu e lhe enviou uma mensagem curta. Um texto que imediatamente se arrependeu ao vê-la irromper em seu escritório com o seu almoço, esperançosamente ainda quente. Ela estava chorando. Desde o inchaço dos olhos vermelhos até as longas manchas de lágrimas nas bochechas - ele supôs que já fazia um tempo. Ela não foi pegar o almoço porque estava chorando. Elliott sentiu uma sensação estranha no estômago, algo como preocupação. Ou
tristeza. E
com
isso,
apreensão. O
que
estava
acontecendo com ela? Se possível, ela parecia ainda mais magra do que na semana anterior. As manchas sob seus olhos estavam mais escuras. Ela estava piorando. Ele teria que falar com ela. A ideia surgiu em sua mente e seu corpo inteiro foi dominado pelo pavor. Ele não era o tipo de homem que era bom em falar. Isso era para Tad. E James. Mesmo com a melhor das intenções, suas palavras frequentemente saíam dele e pareciam cruéis e julgadoras. E isso não era algo que ele poderia usar com alguém que obviamente já estava em um estado frágil. Ele queria protegê-la de mais dor. Não era algo que ele já havia feito por uma mulher antes. Ninguém jamais havia puxado o desejo masculino primitivo enterrado de cuidar de uma mulher. Era estranho perceber que ele era capaz de se sentir assim. — Hannah, — ele disse, sua voz mais suave do que normalmente era. Ela pulou ao som do nome dela e se virou, uma sobrancelha levantada de uma maneira que o lembrou da Hannah que ele contratou, não dessa casca estranha dela de pé na frente dele. — Eu gostaria de falar com você sobre... — Isso é muito importante? — Hannah interrompeu. Ela podia sentir uma estranheza em relação a EM então. Uma parte dela percebeu a intenção dele de falar sobre algo que sabia que não queria discutir com ele. — Eu realmente tenho muito trabalho para fazer. — E provavelmente outras duas dúzias de e-mails para excluir. E uma nota ou duas para arquivar em uma nova caixa decorativa, já que ela já havia enchido a outra até a borda. Elliott ficou surpreso com sua ousadia e balançou a cabeça sem perceber. Mas ela rapidamente percebeu, e ele viu o alívio percorrer seu rosto. — Acho que pode esperar, — disse ele. Mas por quanto tempo? Quanto tempo mais ela poderia se apegar à linha obviamente fina de sua sanidade? Ele sabia que deveria tê-la chamado de volta. Ele deveria tê-la sentado e forçado a falar o que estava acontecendo. Não havia dúvida que
ela estava muito sobrecarregada e ele não tinha certeza exatamente quanto tempo tinha antes de ela desistir. Ou pior. Mas algo sobre o olhar de gratidão que ela atirou nele quando não a pressionou o segurou. Ela ainda era Hannah. Ela ainda era teimosa e orgulhosa e queria mostrar uma personalidade competente e eficiente, independentemente do que estivesse acontecendo com ela a nível pessoal. Hannah correu para casa às cinco horas para pegar o ticket que a lavanderia lhe dera no dia anterior. Como ela o deixou no seu apartamento estava completamente além dela. Ela nunca foi tão distraída. Ela disse a si mesma para relaxar. Ela tinha horas antes de a lavanderia fechar, mas seus nervos desgastados nunca mais a deixariam relaxar. Fechando a porta, ela teve um vislumbre de seu reflexo no espelho. Levou um segundo para perceber quão estranho seu rosto se tornara. Ela parecia cansada, com o rosto tenso com a pele esticada sobre as maçãs do rosto proeminentes. Sua mandíbula, que para ela normalmente parecia um pouco suave, estava cortada e afiada. É claro que sua pele ainda estava manchada de tanto chorar e seus olhos estavam inchados. Quando ela perdeu tanto peso? Ela nunca tinha sido o tipo de mulher que poderia facilmente perder cinco quilos. Sempre que ela tentara mudar de dieta e se exercitar no passado, era uma luta absoluta perder um quilo ou dois. Mas aí estava ela - parecendo um cabide usando suas roupas habituais e nem percebeu que havia perdido tanto peso. Ela sabia que seus hábitos alimentares eram ruins. O estresse a levou ao café como sua principal dieta, com a ocasional barra de granola, quando seu estômago revirava dolorosamente - lembrando-a de que ela não comia há mais de vinte horas. Hannah balançou a cabeça, fazendo uma anotação mental para pegar algo para comer depois da lavanderia. Comida italiana cheia de carboidratos e queijo. Ou algo parecido com mussarela frita. Shakes de
chocolate ou brownies para a sobremesa. Ela precisava embalar algumas calorias e colocar algum peso de volta. Ela correu para o balcão da cozinha, cumprimentando Ricky e pegando o ticket de onde o deixou ao lado da cafeteira. Ao se virar, ela notou algo branco no chão. Ao se aproximar, ela sentiu pavor atingindo seu estômago em um punho de luta. Era uma carta. No chão. No apartamento dela. Inclinando-se para frente, ela o pegou com as mãos trêmulas e abriu. Você não pode correr. Você não pode se esconder. Eu vou te encontrar onde quer que você vá. Ela deixou cair no chão como se a tivesse queimado. Quem quer que a quisesse fora agora tinha seu endereço residencial. Uma coisa era saber que um colega de trabalho deslizava mensagens sob sua porta, ou enviava e-mails ameaçadores, ou até escrevia coisas cruéis no seu carro. Mas quando achavam o endereço de sua casa para te provocar... isso era algo completamente diferente. Com o estômago enjoado e todas as ideias de possíveis alimentos deixadas de lado, ela pegou a carta e a colocou debaixo de uma pilha de cartas antigas. Ela se certificou de trancar a porta quando saiu, embora soubesse que não impediria as cartas de passar por baixo da porta para assombrá-la mais tarde e prometeu a si mesma que se continuassem chegando, apesar de saber que não ajudaria, ela iria a policia. Ela entrou na garagem dele a vontade com o ambiente. Elliott olhou pela janela do escritório quando viu as luzes acenderem. Não era frequente que ela fosse à casa dele. As vezes, quando ele esquecia algo no trabalho, ela trazia para ele. Mas ele não mandara mensagem sobre nada. Hannah saiu do carro e abriu a porta do passageiro, puxando seis cabides de terno envolvidos em plástico. Ela costumava deixar a lavagem a seco no início do dia, quando ele tinha uma reunião. Ele provavelmente
nem sabia como as roupas limpas chegavam ao seu quarto. Elas sempre estavam lá. Ela nem tinha considerado que ele poderia estar em casa. Ela não notou o carro dele bem na frente dela na garagem. Ela destrancou a porta da frente, fechando-a atrás dela e partindo para a escada. — Hannah? Ela congelou, seu coração palpitando loucamente no peito. EM? O que ele estava fazendo aqui? Ela se virou na direção do som do nome dela e o encontrou se levantando de sua mesa na biblioteca. — Oh, — sua voz soou sem fôlego. — Eu não sabia que você estava aqui. Estou apenas deixando a lavagem a seco como de costume. Ele a estudou por um momento, sem dizer nada. Ela aproveitou o silêncio como uma chance de escapar, colocar as roupas no armário e sair dali sem precisar ter algum tipo de conversa com seu chefe. — Espere, — a voz de EM a pegou no momento em que seu pé bateu no primeiro degrau. — Espere. As roupas podem esperar. Você pode vir aqui por um segundo, — ele perguntou, esperando que sua voz soasse tranquilizadora, calma. Hannah respirou fundo e se virou, entrando no escritório e pendurando as roupas em um cabide ao lado da porta. — Sim? Elliott acenou com a mão na cadeira em frente a sua mesa. — Sente-se. Hannah assentiu, sentindo-se extremamente desconfortável. O que ele poderia ter para discutir com ela? Ela estava se certificando de que seu trabalho fosse irrepreensível. Ela executava todas as tarefas que ele colocava diante dela e fazia em menos tempo do que ele havia previsto. Exceto o almoço dele naquela tarde. Ela tinha ferrado tudo ali. No entanto, achou incrivelmente estranho ele ter ficado tão irritado com isso, para chamá-la e castigá-la como uma criança no escritório de um diretor. Ela se sentou, cruzando as mãos no colo e olhando para o rosto dele, evitando cuidadosamente o contato visual. Houve um completo silêncio, ela podia ouvir o vento fazer uma árvore do lado de fora bater
contra a vidraça. Ela ouviu o zumbido do ruído do computador dele. Finalmente ele suspirou. O som a pegou desprevenida, fazendo-a pular um pouco. Ele estava tentando encontrar o caminho certo para iniciar uma conversa tão delicada. Ela parecia tão pequena e preocupada sentada ali, que uma brisa forte ou uma palavra errada poderia derrubá-la. — Hannah... — ele começou, percebendo o quanto ela estava tensa. — Como você está? — ele perguntou, sentindo-se burro e ausente. As
sobrancelhas
de
Hannah
se
levantaram. Ele
estava
perguntando como ela estava? Ele nunca lhe perguntou isso. Ele provavelmente nunca perguntou isso a nenhum de seus funcionários. — Eu estou... bem, — ela disse rapidamente. Muito rápido. Elliott balançou a cabeça. — Não, não faça isso, — disse ele, levantando-se da cadeira e se movendo em direção à frente da mesa. Ele se inclinou contra ela, colocando-se bem na frente de onde ela estava sentada, com os pés a poucos centímetros dos dela. — Algo está acontecendo com você. E já está acontecendo há um tempo. Eu só quero saber o que é. Hannah ficou em silêncio por um momento, o pânico a encheu tanto que se sentiu enjoada. Ela não podia falar sobre isso com ele. Ele nunca entenderia. Ele provavelmente ficaria bravo com ela por não lhe contar. Ele não aceitaria esse comportamento em seu escritório. E, além de tudo, era muito embaraçoso deixá-lo saber todas as coisas horríveis que estavam sendo ditas sobre ela. Ela ergueu os ombros e levantou o queixo de uma maneira desafiadora. — Isso está impactando meu trabalho? — ela perguntou em um tom surpreendentemente forte. Elliott queria rir. Era um vislumbre da Hannah que ela era antes. E ela fez uma boa pergunta. Isso estava impactando o trabalho dela? Como um todo... não. — Como um todo... não. — Ao seu olhar de vitória, ele levantou a mão. — Ainda não. Mas fará. Você não será capaz de cumprir suas
responsabilidades sem descansar adequadamente, — ele olhou para ela, com certa tristeza nos olhos. — Sem comer. A boca de Hannah se abriu como se ela fosse refutar suas afirmações, mas sabia que nunca poderia fazê-lo de forma convincente. Chocou-a que ele tivesse notado. Ela sempre imaginou que desaparecia no fundo do ambiente como uma lâmpada ou uma cadeira de escritório. A fez se sentir desconfortável perceber que ele notava, que podia vê-la assim. — Essa não é você, querida, — Elliott disse suavemente, chocandoa com o carinho. O fato de ele conhecer a palavra querida era surpreendente. — O que está acontecendo? Hannah sentiu lágrimas inundarem seus olhos por uma fração de segundo. Era bom alguém notar que ela estava sofrendo, mesmo que a pessoa perguntando fosse, ainda que involuntariamente, a fonte de uma parte da dor. — Nada importante, — ela protestou, começando a se levantar. — É importante para mim, — disse ele, estendendo a mão e pegando seu pulso frágil. Ela se voltou para ele, seus olhos brilhando com emoções ocultas. Seus olhos cinzentos seguraram os dele e antes que ele pudesse pensar melhor, ele se levantou. Sua mão livre acariciou a linha da sua mandíbula, que estava mais definida do que a última vez que ele a tocou. Ela ainda olhava para ele, a boca se separando enquanto os dedos dele acariciavam lentamente a lateral do pescoço dela. O rosto dele avançou vagarosamente para mais perto do dela, seus olhos examinando os dela por qualquer sinal de rejeição. Quando não encontrou nenhum, seus lábios encontraram os dela suavemente. Hannah gemeu contra sua boca. A mão dele soltou o pulso dela e passou por sua cintura. A outra mão deslizou da nuca para o pescoço e puxou seu rosto para mais perto do dele. Ele sentiu o corpo dela derreter contra o dele e a língua dela deslizou em sua boca, brincando com ele timidamente. Ele a persuadiu lentamente até que sua paixão rivalizasse
com a dele, depois ele mergulhou a língua na sua boca, o tremor na sua espinha incentivando-o ainda mais. O coração de Hannah batia anormalmente rápido. Seus seios estavam pesados, os mamilos esticados em pontos tensos e sensíveis. Ela sentiu o tecido de sua camisa roçar contra eles e suspirou. Ela pressionou os quadris contra os dele, sentindo sua dureza pressionar sua pélvis. As mãos de Elliott deslizaram por suas costas, correndo pela largura de seus quadris antes de descer e agarrar sua bunda. Ela colocou os braços firmemente em volta do pescoço dele e sentiu suas mãos agarrar sua bunda com força, puxando-a para cima, tirando-a do chão. Hannah riu, sendo mantida no ar por sua bunda. Ele a puxou com força contra ele e Hannah rapidamente colocou as pernas em volta da cintura. Com uma mão áspera em volta da cintura, Elliott a segurou no lugar, enquanto a outra mão agarrou a parte de trás de sua cabeça e a manteve imóvel enquanto a boca dele saqueava a dela com uma pressão incrível. Hannah choramingou, mordendo seu lábio inferior com mais força do que jamais teria imaginado apropriado. Suas pernas doíam pela força que ela o envolvia. Ela sentiu o desejo se espalhar pela barriga, mergulhando mais baixo até sentir-se esfregando a junção das suas coxas contra os quadris de Elliott. Elliott grunhiu, mordiscando seus lábios várias vezes enquanto a segurava com mais força e começou a caminhar em direção às escadas. Os lábios de Hannah deixaram os dele e traçou lentamente seu rosto, sentindo a barba roçar sua boca agora sensível. Ela beijou cautelosamente o pescoço dele até encontrar o local onde o pescoço mergulhou na omoplata. Ela sentiu um arrepio percorrer o corpo de Elliott. Estimulada pela reação dele, ela passou a língua em círculos pela cavidade. Antes de terminar de explorar o pescoço dele, ela sentiu as costas pressionadas no colchão dele. O corpo de Elliott foi com o dela, movendo-se como uma unidade.
Uma vez que ela estava deitada, seu corpo cobrindo o dela, sustentado por um antebraço, ele afastou seus cabelos para um lado, mordendo seu pescoço e fazendo-a choramingar. Ela o sentiu pegar a carne entre os lábios e chupar com força. As pernas dela tremeram e envolveram as costas dele. Elliott respirou fundo. Ele tinha que desacelerar. Sua paixão avassaladora estava levando-o ao limite de seu controle mais rápido do que ele estava confortável. Havia algo refrescante em sua entrega, sua completa falta de reservas. Ele se perguntou rapidamente se isso resultava da inexperiência e pressionou seus lábios gentilmente contra a garganta dela. Se ele não desacelerasse, acabaria antes que os dois realmente se perdessem um no outro. A língua dele bateu no ponto em que o pulso dela batia violentamente contra o pescoço. As pernas dela o puxaram bruscamente contra ela e ele sentiu os quadris dela subirem, moendo contra o dele. Ela estava implorando por libertação, completamente alheia ao tempo que ele arrastaria por ela. Ele a queria ofegante, implorando, pedindo libertação. Hannah sentiu uma mudança. Sua insistência apaixonada se tornou mais lenta e gentil. A mão dele desceu lentamente da lateral de seu seio para sua coxa e subiu. Uma e outra vez. Sua pele estava queimando com a sensação, mesmo sob as camadas de roupas. Então ela sentiu as mãos dele deslizarem sob a blusa, repetindo o mesmo movimento em sua pele nua. Ela tremeu quando as pontas dos dedos dele roçaram a alça do sutiã e novamente quando elas deslizaram rapidamente pela cintura da calça e tocaram o contorno da calcinha. Ele aliviou um pouco o peso sobre ela, permitindo-lhe mais acesso. Sua mão roçou seu estômago, de um lado ao outro, subindo e descendo, sugerindo tocar onde ela queria, mas nunca fazendo isso. Então as mãos dele agarraram a parte inferior da sua blusa e a puxou para cima, fazendo os braços subirem acima da cabeça quando sentiu o material sair de seu corpo.
Por um momento ela se sentiu constrangida. Ninguém a viu tão nua em mais anos do que ela se importava em lembrar. Mas quando ela olhou para Elliott, seus olhos embebendo sua pele nua, seu sutiã de renda rosa e cinza, toda a insegurança inundou em uma onda de desejo. A mão dele roçou a renda do sutiã e as costas dela arquearam, empurrando o peito na mão dele. O polegar dele acariciou a ponta endurecida do mamilo, de um lado para o outro. Ela gemeu e sentiu uma onda de eletricidade correr do peito até a virilha. As coxas dela agarraram suas pernas em desejo. Ele pegou o mamilo entre o polegar e o indicador, acariciando-o da base para cima e beliscando suavemente. Hannah estendeu a mão, agarrando sua nuca e puxando-o para baixo em sua direção. Ele levou o lábio inferior entre os dele, sugando a carne sensível e inchada antes de passar a língua pelo pescoço, traçando a linha onde a ponta do sutiã segurava o peito. Então, antes que ela percebesse o que ele estava prestes a fazer, sua boca tomou o mamilo em suas profundezas, sugando bruscamente. Um suspiro escapou dela, seu corpo inteiro saltando. A língua dele lambeu através da renda. Então suas mãos deslizaram pelas costas dela, pegando o fecho e desfazendo-o em um movimento rápido. Ele puxou o tecido, jogando-o no chão. Ele levantou a cabeça para olhar para seus seios nus, um gemido escapando de seus lábios. Seus mamilos rosa escuros perfeitos estavam duros, a carne suave de seus seios cheios e perfeitos. Sua mão agarrou o peito que ele estava lambendo através do tecido. Seus lábios plantaram beijos do centro de seu peito até ele sentir o mamilo contra sua bochecha. Ela sentiu sua boca quente e molhada levar seu mamilo nu para dentro de sua boca e parecia que algo havia quebrado dentro dela. Os quadris dela arranharam a ponta da ereção dele. As mãos dela agarraram o cabelo na parte de trás da cabeça dele. — Elliott... por favor... Elliott levantou a cabeça do seu peito ao ouvir o nome dele nos lábios dela. Foi a primeira vez que ela disse isso. E cheio de desejo,
ofegante e suplicante, ele quase se perdeu neste momento, então arrancou sua calça e lançou para longe. Ele olhou em seus grandes olhos cinzentos, nublados de desejo, necessidade e confusão. Ele sorriu um pouco, beijando sua testa. — Não, ainda não, baby, — ele sussurrou, sua voz rouca. Ela choramingou e a boca dele encontrou o outro mamilo, fazendoa arquear as costas contra ele novamente. As mãos dele percorreram a cintura dela, de um lado para o outro, mergulhando a ponta do dedo por baixo e recuando. Os dedos de Hannah puxaram os cabelos de Elliott até que ele soltou o mamilo, que estava molhado e frio quando o ar o atingiu. Ele olhou para ela, descansando os braços aos seus lados, mantendo-se sobre ela da cintura para cima. As mãos de Hannah foram para frente da camisa dele, puxando o nó da gravata até se desfazer. Ela puxou o material sedoso e o retirou, jogando para o lado. Com os dedos trêmulos, ela lentamente abriu os botões da camisa dele. A cada botão aberto, ela podia ver mais de sua pele exposta. Ela sentiu os olhos de Elliott a observando atentamente, mas manteve o olhar no peito dele. Por fim, o botão final cedeu e sua camisa se abriu, revelando sua pele bronzeada sobre o peito e músculos abdominais surpreendentemente tonificados. Ela o tocou, apreciando a sensação de seu cabelo áspero no peito. Ela estendeu a mão, deslizando sob os ombros da sua camisa e soltando o tecido. Elliott sentou-se, ajoelhando-se sobre sua cintura. Ele puxou a camisa dos pulsos e a jogou para o lado. Hannah podia ver o contorno de seu pau rígido através das calças. Ela estendeu as mãos para explorar sua curiosidade. A ponta do dedo dela mal roçou a ponta da sua ereção quando as mãos dele agarraram os pulsos dela, empurrando-os para trás e por cima da cabeça, prendendo-os na cama. Ela gemeu quando seu peito roçou contra seus seios flexíveis. Ela puxou seus braços, querendo liberdade para explorar seu corpo, para empurrá-lo até a borda em que se sentia suspensa. Mas suas
mãos eram muito fortes. Ela sentiu a perna dele empurrar entre suas coxas,
espalhando-as
sem
as
mãos. Seu
peso
corporal
mudou,
pressionando seu pênis contra o calor úmido. — Ohhh, — ela gritou alto o suficiente para ser ouvida pela casa. Elliott grunhiu, olhando-a com olhos pesados. Suas coxas tentaram envolvê-lo, agarrar sua cintura e puxá-lo contra ela repetidamente até encontrar a liberação pelo qual seu corpo estava gritando. Mas Elliott puxou os quadris para trás com um pequeno sorriso no rosto. Ele soltou os braços dela, suas mãos alcançando o fecho de suas calças. Ele soltou o botão e puxou o zíper para baixo. Suas mãos agarraram a cintura dele, puxando-o bruscamente para baixo. Ele se afastou rapidamente e ela sentiu o afastamento como tristeza. Ele puxou as calças para baixo sobre as pernas e pelos tornozelos e deitou-se ao lado dela. Ela teve um momento para perceber que seu sutiã de renda cinza e rosa não combinava com a calcinha de algodão bege. Mas quando sentiu a mão de Elliott correr para encontrar o mergulho em seus quadris, o pensamento saiu de sua mente. Ela nunca percebeu o quão sensível seu corpo era antes. Ela sentiu cada terminação nervosa respondendo ao seu toque mais gentil. Seus dedos deslizaram por baixo do material leve e o corpo inteiro de Hannah ficou tenso. Mas ele se afastou, agarrando seu quadril e virando-a de bruços. As mãos dele encontraram o rabo de cavalo e puxaram o elástico pelo comprimento, soltando seus longos cabelos. Ele o afastou para o lado, dando-lhe uma visão desobstruída das costas dela. Os lábios dele encontraram sua nuca e traçaram beijos por toda a espinha com a mais suave pressão. Ela gemeu quando ele chegou à sua calcinha e sua língua traçou a linha toda extensão da cintura. A mão dele tirou o material do seu traseiro e ela sentiu, chocantemente, seus lábios plantarem um beijo em sua bunda antes que ele a virasse gentilmente para encará-lo. Com os olhos nos dela, ele puxou a calcinha para baixo.
Ela levantou as pernas, permitindo que deslizasse sobre as coxas e joelhos e caíssem no esquecimento. Ela chutou o material e deixou as pernas caírem contra o colchão. Ela estava nua. O pensamento a atingiu repentinamente, trazendo consigo uma avalanche de vergonha e incerteza. Seus olhos encontraram os dela e ele viu a incerteza e uma pitada de medo. Ele lhe deu um pequeno sorriso e seus lábios encontraram os dela, começando com uma pressão suave e permitindo que ela aumentasse até que ele sentiu o corpo dela liberar sua tensão. Os dedos dele percorreram o comprimento do corpo dela, do peito até o joelho, subindo e descendo mais uma vez parando em sua coxa e descansando ali. Então a mão dele mergulhou, agarrando sua coxa e abrindo-a. Ele a puxou por baixo de sua perna e segurou-a sob sua coxa. Ele empurrou a outra coxa até que sua parte mais íntima estivesse aberta e exposta. Rapidamente, antes que percebesse o que viria a seguir, ela sentiu a ponta do dedo dele encontrar sua lisura e golpeou uma vez para cima. Seu corpo inteiro convulsionou com a sensação. Um gemido escapou de seus lábios e seus olhos procuraram os dele. Ela sentiu a tensão do corpo dele junto ao dela, pulsando com uma paixão mal controlada. Ela se perguntou, fugazmente, se ele estava se segurando, porque sentia certa inocência nela. Mas então, a ponta de seu dedo encontrou o clitóris e o moveu em círculos dolorosamente lentos, até que todo o seu corpo ficou tenso como um arco. Ela estava ofegante, sua respiração mal conseguia sair de seu corpo enquanto choramingava com a sensação. Assim que ela sentiu que estava prestes a explodir, o dedo dele recuou e ela gritou: — Não. Mas Elliott já estava se movendo. Ele se ajoelhou sobre ela, estendeu a mão e desabotoou a calça, puxando o zíper para baixo. Ela observou quando ele puxou o material de seus quadris e os jogou para o lado. Seu pênis estava empurrando contra sua cueca boxer preta. Ela conseguia distinguir todos os detalhes de sua dureza longa e grossa.
Suas mãos deslizaram sob seus quadris e antes que ela pudesse objetar, seu rosto estava entre as coxas dela. Ela se sentiu tensa. Parecia estranho. Ninguém nunca teve seu rosto contra o seu calor antes e ela sentiu como se estivesse com nojo, como se ela quisesse afastá-lo. Mas então ela sentiu a ponta da língua dele mergulhar em sua umidade. Ele correu para cima e para baixo uma e outra vez e ela sentiu algo crescendo dentro dela, uma tensão palpável, algo que ela não conseguia descrever. Então os lábios ele encontraram seu clitóris e chuparam gentilmente e ela gemeu, estendendo a mão para segurá-lo contra ela até encontrar o que tanto precisava. Então Elliott se afastou de repente. Ajoelhado novamente entre as pernas, ele olhou para o corpo dela. Hannah viu seus músculos tensos, notou a maneira intensa como ele a olhava. Ela se inclinou para cima, movendo-se até ficar ajoelhada na frente dele e puxando seu rosto em sua direção para um beijo longo e profundo, os braços dele a envolvendo, segurando-a com força. A mão dela traçou seu peito, mergulhando sobre seu estômago. Os músculos sob seus dedos se contraíram. Ela encontrou um rastro de cabelo e o esfregou até desaparecer debaixo da cueca. Quando ela sentiu a língua dele deslizar em sua boca, suas mãos agarraram o tecido e puxou pelos seus quadris. Seu pau duro e impressionante saltou, parecendo macio e firme ao mesmo tempo. Sua mão o agarrou de repente, sua curiosidade muito forte para que ela se sentisse insegura. Ela o pegou na palma da mão e a respiração de Elliott exalou bruscamente. Ela olhou para o rosto dele e viu seus olhos fechados. A mão dele caiu sobre a dela, fazendo-a agarrá-lo com mais pressão e acariciando seu comprimento para cima e para baixo. Seu dedo acariciou a ponta macia e encontrou umidade lá. Elliott gemeu e seus olhos se abriram. Ela deixou os dedos descerem, encontrando uma mecha de cabelo debaixo do pênis dele e acariciou suas bolas com os dedos tímidos e hesitantes.
Elliott sorriu para ela levemente, agarrando sua mão e puxando-a para beijá-la antes de cuidadosamente empurrá-la de volta para o colchão. O corpo dele lentamente veio sobre o dela e ela suspirou ao sentir a nudez dele na dela. Seu pênis empurrava firmemente contra sua coxa. Parte dela queria abrir as coxas, convidá-lo a finalmente empurrar dentro dela. Mas uma parte mais nova e mais proeminente dela surgiu e ela percebeu que estava com medo. Esta seria a segunda vez dela. Ainda. E a última vez havia doído tanto que ela chorou por horas depois. E machucava sentar por dias. É claro que ela sabia que o ato de perder a virgindade era sempre doloroso, mas não podia deixar de sentir ansiedade com a ideia de que, depois de todos esses anos, era possível sentir a mesma dor novamente. Elliott olhou para ela. Os olhos dela estavam arregalados e medrosos. Os lábios dele abaixaram, beijando os olhos dela. A mão dele começou uma jornada lenta pelo seu corpo. Quando ele chegou a junção de suas coxas e encontrou suas pernas unidas, ele lentamente deixou os dedos pressionarem a pele dela. Ele esfregou círculos, sabendo que a pressão estava se formando profundamente em sua barriga. Finalmente, ela gemeu e suas pernas se abriram. Ela sentiu o dedo dele começar sua lenta exploração novamente e seu corpo relaxou nele. Quando ela estava gemendo e se contorcendo, sentiu
a
ponta
do
dedo
dele
pressionar
contra
sua
entrada
escorregadia. Ele vibrava o dedo contra ela, repetidamente, sem penetrar. — Por favor, Elliott, por favor, — ela se ouviu implorar. Com um beijo em sua garganta, seu dedo lentamente a penetrou. Ela sentiu cada centímetro encher sua boceta apertada e sentiu-se o agarrando. Uma vez que seu dedo estava na base, ele lentamente o deslizou para fora e para dentro novamente, mas apenas pela metade. Ele empurrou-o contra o teto de sua vagina, acariciando a carne ondulada e molhada repetidas vezes. Até então, ela nem tinha certeza de que existia um ponto G. Mas quando ela sentiu a pressão aumentando novamente, ela sabia que estava lá e Elliott sabia exatamente o que estava fazendo.
Mas antes que ela pudesse se acostumar com a sensação, o dedo dele deslizou para fora dela e novamente ele estava contra ela, os braços apoiados em ambos os lados do corpo dela. Ele alcançou a mesa de cabeceira, pegando uma camisinha e colocando-a rapidamente. Ela sentiu seus quadris se moverem e seu pau duro roçar contra sua fenda lisa. Para cima e para baixo, repetidamente. Os olhos dele se prenderam nos dela, tão cheios de paixão, que ela tinha certeza de que ele estava tão além de si mesmo quanto ela. As pernas dela subiram para os lados dos quadris dele, pressionando, implorando por coisas que ela nem tinha certeza. A ponta de seu pênis pressionou contra sua entrada então. Ela sentiu sua boceta apertar. Ele não ia se encaixar. Ele era tão grande e ela era tão apertada. Mas ele não empurrou dentro dela. Ele manteve seu pênis ali, pressionado firmemente contra ela. Ela sentiu uma contração e gemeu. Sua boca encontrou a dela, beijando-a bruscamente e lentamente se tornando mais gentil. Então ela se sentiu relaxar e quando seus olhos se abriram para ele, ela sentiu a pressão aumentar e aumentar, quase a beira da dor quando ela percebeu seu pau lentamente passar o limiar. A ponta dura estava dentro dela quando ele parou de empurrar. Os olhos dele estavam observando o rosto dela. Quando ele falou, sua voz era baixa e áspera. — Você está bem, querida? Ela sentiu as palavras dele enviando borboletas em sua barriga. Ela sorriu um pouco. — Por favor, não pare, — ela implorou, sua voz falhando. Elliott gemeu, seu pau entrando lentamente, esperando sentir alguma tensão em seu corpo para que não a machucasse. Quando ele estava metade dentro de sua vagina incrivelmente apertada, sua pélvis pulou e ele parou de empurrar. Hannah não podia acreditar que era disso que ela tinha tanto medo. Seu corpo finalmente encontrou o que ela não tinha percebido que queria, sua espessura dura e latejante. Ela se sentiu cheia, seus
músculos agarrados ao pênis dele com expectativa primordial. Quando ele a penetrou totalmente, ela gemeu e colocou as pernas em volta da cintura dele. Ela sentiu o pênis dele recuar alguns centímetros antes de empurrá-lo lentamente, um pouco mais fundo. Quando ele retirou e a penetrou novamente, seu pênis empurrou até que ela sentiu suas bolas contra sua pele. Ela sentiu a ponta do seu pênis profundamente em sua barriga. Ele estava pressionado contra a borda de sua vagina e ela não conseguia nem descrever a sensação que sentia ao saber que ele estava completamente dentro dela. Os quadris dela subiram e ele retirou e empurrou completamente para dentro dela, lentamente, repetidamente, até que as mãos dela passavam sobre a pele de suas costas. Sentindo sua necessidade e a dele, ele empurrou cada vez mais rápido nela, sentindo sua boceta agarrar seu pênis com um aperto incrível. Os gemidos que escapavam de Hannah eram altos, com abandono imprudente. Ela
podia
sentir-se
à
beira
de
algo
que
precisava
desesperadamente. Seu pênis empurrou sua umidade repetidas vezes e ela se sentiu contraído ao redor dele. Ele levantou a cabeça, olhando para o rosto dela enquanto ela gemia mais alto. Então, com um impulso forte, ela sentiu tudo dentro de si estilhaçar. — Elliott, — ela gritou, sua vagina pulsando com um orgasmo arrebatador. Todo o seu corpo tremia e ela enterrou o rosto no pescoço dele, gemendo enquanto as ondas continuavam lavando uma e outra vez. Elliott encontrou sua libertação quando sentiu a boceta apertando seu pau. O nome dele escapou dos lábios dela quando ela gozou, arrancando um clímax intenso dele, seu corpo tremendo enquanto ele se dirigia contra ela bruscamente até ficar vazio. Ele ficou dentro dela, com o rosto no cabelo dela. Seu corpo tremia da cabeça aos pés. Ele se virou para beijar sua bochecha e encontrou umidade lá. Quando ele abriu os olhos, viu os olhos dela se fecharem e as lágrimas escorrerem lentamente pelo rosto. Ele saiu gentilmente de dentro dela, rolando para o lado e puxando-a com ele. A mão dele passou
pela cintura dela e a segurou com força. Seu corpo ainda estava tremendo, embora menos intensamente. Hannah se sentiu completamente fora de controle de seu corpo. Seu clímax havia rompido algo desconhecido dentro dela. Todo o seu corpo tremia e ela se sentiu intensamente emocional com toda a experiência. Ela estremeceu um pouco quando sentiu Elliott deixar seu corpo, sentindo-se um pouco sensível agora que a paixão havia diminuído. Ele a segurou gentilmente contra o peito, o queixo apoiado no topo da cabeça dela. Ele acariciou seus cabelos gentilmente enquanto ela chorava silenciosamente. As mãos dele correram cuidadosamente pelas costas dela, aliviando-a dos tremores e relaxando os nervos. Quando seu corpo estava imóvel novamente, Elliott deitou de costas, puxando Hannah para que ela estivesse descansando em seu peito. A mão dele ainda estava em volta da cintura dela e os dedos nos cabelos dela. Ela se sentiu completamente esgotada. Todas as semanas de sono inquieto a alcançaram de uma vez e ela sentiu os olhos se fecharem pesadamente. Pouco antes de adormecer, ela sentiu os lábios de Elliott pressionar um beijo no topo de sua cabeça. Ela caiu em um sono profundo e silencioso com os batimentos cardíacos de Elliott contra a orelha como uma canção de ninar. Ela acordou várias horas depois, o braço de Elliott pesado sobre seus quadris. Algum tempo depois de adormecer, Elliott de alguma forma puxou um cobertor sobre eles. Ela podia ouvir sua respiração profunda e constante e sabia que ele estava dormindo profundamente. O peito dele subiu e caiu sob a bochecha dela, a pele um pouco fria ao toque. Hannah ficou lá por um momento, sentindo-se contente e à vontade pela primeira vez em meses. Mas então a realidade começou a atingi-la. O que ela tinha feito? Hannah levantou a cabeça lentamente, afastando-se pouco a pouco para não perturbá-lo. Olhando-o, ele parecia muito mais suave
com os olhos fechados, mais jovem e menos imponente. O braço dele caiu pesadamente sobre o colchão quando ela cuidadosamente se sentou e se afastou de seu corpo adormecido. Ela deslizou para fora do cobertor e parou, nua, lutando para encontrar suas roupas o mais rápido possível antes que ele, Deus lhe ajudasse, acordasse. As mãos dela agarraram seu sutiã, camisa e calça. Ela viu as sapatilhas de balé na porta e percebeu que nem se lembrava de colocá-las. Sua calcinha não estava à vista e ela não queria perder tempo procurando por elas. Ela saiu na ponta dos pés pela porta aberta do quarto, fechando-a suavemente atrás dela e colocando suas roupas enquanto caminhava pelo corredor. Hannah fechou a porta da frente atrás dela, encolhendo-se com o som alto e ecoante. Ela entrou no carro e saiu da garagem com as luzes apagadas. Uma vez fora do bairro, ela puxou o carro para o acostamento e o estacionou. Oh Deus. Como diabos isso aconteceu? Um minuto eles estavam apenas conversando, no seguinte estavam rolando nus. Onde ela estava com a cabeça? Ela não havia planejado esse tipo de coisa. Depois daquela noite em seu escritório e as consequências subsequentes, ela prometeu a si mesma que não deixaria que isso acontecesse novamente. E certamente não iria para a cama com ele. Hannah apoiou a testa no volante, respirando fundo algumas vezes. Como ela seria capaz de encará-lo no escritório? Ele falaria sobre isso com ela? Será que ela poderia esperar que talvez ele nem falasse disso? Ele não a pressionou depois da noite em seu escritório. Claro, ele fez alguns jogos para que ela não o ignorasse completamente. Mas ele nunca havia trazido à tona. Mas tinha sido apenas alguns beijos pesados. E um pouco de moagem a seco um contra o outro. Era manso para a maioria dos padrões. Ela nem sentiu os dedos dele em sua pele.
Mesmo sentada ali, ela podia sentir a lembrança de suas mãos tocando cada centímetro de seu corpo. Por mais que quisesse chamar tudo de erro e não sentir nada além de arrependimento, ela não podia. Por mais que pensasse, nunca havia experimentado nada parecido com isso antes em sua vida. Era dolorosamente óbvio como Elliott era experiente com mulheres. Ele sabia todos os pontos do corpo dela que precisavam ser tocados, beijados e lambidos. Ele sentiu quando ela estava à beira do clímax e se afastou, fazendo com que o prazer excruciante aumentasse e diminuísse novamente. Hannah estremeceu com a lembrança. Ela nunca soube que o sexo poderia ser assim - íntimo e apaixonado, quente e cheio de vapor ao mesmo tempo. Ele passara muito tempo adorando todas as curvas e fendas de seu corpo, lugares que ela nem sabia que eram eróticos. A maneira como ele olhou para ela, como se ela fosse preciosa, bonita e sexy, rapidamente afastou suas inseguranças naturais ao ser vista completamente nua por um homem. E sempre que sentia se distanciar, permitindo que o medo e a incerteza obscurecessem suas sensações, ela jurava que ele sentia isso. De alguma forma, ele sentiu a tensão de repente e reagiu. Ele a puxou para mais perto. Os lábios dele encontraram os dela e a beijaram até que ela se sentiu tonta. Ele era tudo o que ela tinha lido ou ouvido falar quando alguém mencionava um amante incrível. E não experimentou a dor que mais temia. Quando chegou o momento e ela sentiu a dureza impossivelmente grossa dele pressionar contra sua pequena abertura, sentiu pressão, um leve desconforto enquanto seu corpo se esticava para atender à demanda do corpo dele. Mas ele a penetrou com cuidado e ela sentiu uma onda de alívio e prazer que não estava ciente de possuir. Hannah jogou o carro de volta na estrada e dirigiu, tentando se concentrar no tráfego em vez do desejo se acumulando dentro dela novamente. Ela não poderia desejá-lo novamente tão cedo, mas de alguma forma desejava. Ela checou o aparelho de som, chocada ao descobrir que era bem depois das três da manhã.
Ela se sentiu descansada, se perguntando exatamente quanto tempo ela dormiu. Mal eram sete horas quando ela chegou em sua casa. E eles estavam no quarto dele pouco tempo depois. Mas quanto tempo eles passaram rolando? As preliminares pareciam ter durado uma eternidade. Uma hora? Mais? Ela não tinha certeza. Mas ela certamente tinha descansado pelo menos cinco horas completas depois. Pareceu-lhe estranho ela ter dormido mais profundamente com ele do que em semanas em casa, em sua própria cama confortável. Talvez fosse apenas porque as sensações avassaladoras e o orgasmo alucinante haviam drenado seu corpo já exausto. Uma pequena voz em sua mente sussurrou que era algo mais do que isso, mas ela rapidamente afastou a ideia, procurando opções mais fáceis de enfrentar. Hannah parou no seu prédio, com todas as janelas escuras. Ela entrou, sentindo-se desconfortável andando pelos corredores sozinha no meio da noite. Entrando em seu apartamento, ela acendeu a luz e trancou a porta atrás de si. Quando ela respirou fundo, firmemente, olhou para seus pés e, como ela esperava... havia outra carta. Você acabou de provar que todos estão certos sobre você. Prostituta. Mal posso esperar para vê-lo jogá-la de lado como o lixo descartável que você é. Qual é a sensação de saber que você é apenas mais uma em uma longa lista de lugares em que ele quer enfiar o pau? Ele não se lembrará do seu nome em um mês quando você se for. Ele não guarda seus brinquedos sexuais no escritório. Hannah jogou a carta na mesa de correio e entrou no banheiro. Ela tirou a roupa que de repente parecia coçar e pesar contra sua pele. Olhando no espelho, ela notou que os círculos roxos vívidos sob seus olhos haviam desaparecido um pouco. Ela parecia menos pálida e fraca. Então seus olhos desceram um pouco mais e ela viu algo estranho em seu pescoço. Ela se aproximou de seu reflexo e uma risada escapou, misturada com um gemido rápido depois. Um chupão. Ele lhe dera um chupão. Como um casal de adolescentes bobos.
Contra sua pele branca fantasmagórica, três pontos redondos desiguais destacavam-se manchas vermelhas e roxas que obviamente não podiam ser nada além de mordidas de amor. Hannah balançou a cabeça, imaginando se ela tinha uma gola alta no guarda-roupa. Elas não estavam mais na moda exatamente. Elliott acordou com frio por volta das quatro da manhã. Ele esfregou os olhos distraidamente, se perguntando por que havia adormecido com a lâmpada do lado da cama acesa. Então a memória voltou rapidamente. Hannah. Onde estava Hannah? Ela desmaiou tão profundamente em seu peito. Ele ficou acordado por quase uma hora, distraidamente passando os dedos pelo corpo ou pelo cabelo dela enquanto sua respiração quente se espalhava constantemente pelo peito dele. Ele sentou-se, rolando o pescoço e olhou em direção ao banheiro, esperando ver a porta fechada e a luz acesa. Mas estava escuro. E ele passou a mão sobre o espaço vazio ao lado dele e encontrou os lençóis frios. Ela se foi a algum tempo. A realização o atingiu, estabelecendo-se com força e vazio no estômago. Normalmente ele ficaria em êxtase se acordasse e não encontrasse a mulher com quem tinha feito sexo. Isso tornava a situação menos complicada quando os dois sabiam que não havia mais nada entre eles. Mas isso foi diferente. Ele se sentiu... ofendido? Chateado? Elliott entrou no banheiro, inclinando-se sobre a pia e espirrou água fria no rosto. Ele queria que ela ficasse. Ele queria acordá-la e, enquanto ela ainda estivesse sonolenta, puxá-la completamente em cima dele e empurrar-se profundamente dentro dela. Ela estaria pronta. Ela estava ensopada antes que ele a tocasse na fonte de seu calor antes. Seu desejo era avassalador.
Ele não estava acostumado a estar com uma mulher tão aberta, com tão pouco autocontrole. Ela choramingou, gemeu e gritou seu nome alto. Sua pele era tão sensível, o menor toque a fez tremer e arquear por mais. E, Deus, ela era tão apertada. Seu pênis se contraiu com a lembrança de sua abertura lisa, agarrando-o e puxando-o para dentro. Ele estava certo quando pensou que ela era inexperiente. Embora não fosse virgem, ele duvidava que ela tivesse mais do que alguns encontros sexuais em sua vida. Foi uma realização surpreendente. Para ele, ela era uma mulher bonita. E, a julgar pelo modo como a maioria dos homens por quem passava olhava para ela, eles achavam o mesmo. Com seu rosto adorável, o impressionante contraste de seus cabelos escuros e pele pálida, e o corpo feminino curvilíneo... ela era o ideal da maioria dos homens. Embora
ele
tivesse
notado
sua
recente
perda
de
peso,
principalmente nos ossos da clavícula, costelas e quadris... ela ainda tinha seios grandes e cheios e quadris largos. Até sua bunda era cheia e redonda. Ele queria vê-la saudável novamente. Ele queria vê-la depois que conseguisse cinco quilos de volta, quando seu estômago estivesse mais macio e as coxas mais cheias. Ele queria ser capaz de afundar os dedos em sua pele sem ter que sentir seus ossos. Ele ligou o chuveiro, a água fria caindo quando ele pisou sob o spray. Ele a teria assim. Ele não se importava com o que seria necessário, mas a levaria para sua cama o mais rápido possível. Ele conheceria cada centímetro dela, usaria seu desejo até que seu corpo estivesse gasto. Sua mão deslizou por seu corpo, alcançando seu pênis que estava duro novamente. Ele o agarrou com força na palma da mão, a outra mão apoiada nos azulejos frios do chuveiro. Ele acariciou seu pênis quente e duro em um ritmo lento e punitivo, pensando nos dedos de Hannah esfregando sua ponta sensível e seu eixo. A água fria o encharcou quando ele se masturbou mais rápido, com mais força, até que estava ofegando. Ele pensou em sua vagina apertada pulsando em torno de seu pênis, apertando-o impossivelmente mais quando ela alcançou seu
orgasmo. Elliott amaldiçoou alto, batendo a mão contra a parede enquanto seu pau se contorcia e o esperma saía dele, jato após jato. Ele sentiu as pernas pesadas enquanto ficava sob a água, recuperando o fôlego. Inferno, se a memória do sexo com ela podia causar um orgasmo tão intenso, ele sabia que precisava dela novamente. Ele precisava dela de quatro para puxar seus cabelos quando ela gozasse. Ele precisava dela de joelhos, seu pau enterrado profundamente dentro de sua boca. Ele precisava dela o montando com seu desejo descarado. Ele precisava dela pressionada contra uma parede, as pernas em volta da sua cintura enquanto ele batia dentro dela com toda a força que possuía. Elliott suspirou, desligando a água e enrolando uma toalha na cintura. De cabeça clara, ele sabia por que ela tinha ido embora. Ela não queria que isso acontecesse. Ela não tinha intenção de sequer beijá-lo novamente. Mas não se opôs. Ela não tinha tentado se afastar. Ele não precisou convencê-la a isso. Parecia errado usar uma posição de poder. Nenhuma funcionária se sentiria seguro em recusá-lo. O que equivalia a estupro em seu livro. Mas ele sabia que ela não queria ir para a cama. Ela queria manter um relacionamento profissional com ele. Então, quando ela acordou, seu desejo saciado e percebeu as repercussões de suas ações... ela entrou em pânico e foi embora. Ele não conseguia imaginar o que ela estava pensando sobre o que havia acontecido. Ele desejou ter acordado com ela. Desejou poder puxála de volta para a cama e fodê-la novamente, rapidamente, lentamente antes que o arrependimento pudesse surgir. Incomodava-o saber que ela havia se arrependido. Ter sido uma experiência incrível para os dois e ela desejar que isso nunca tivesse acontecido. Sem importar quão forte foi seu orgasmo... como a fez tremer por dez minutos depois. Que seu corpo estava tão sobrecarregado que ela não foi capaz de controlar suas emoções tumultuadas e chorou baixinho. Ser inexperiente trabalhou contra ela, com a compreensão de que esse não era um caso comum. Havia algo lá. Ele teve mais do que sua
parcela de mulheres e casos em sua vida e nada jamais chegou perto da intensidade que sentiu com Hannah. Deviam a si mesmos explorar isso ao máximo. Não precisava ter repercussões na vida profissional. Ela não precisava se preocupar com constrangimento ou segurança no trabalho. Mas ela não sabia disso. Ela saiu antes que ele pudesse tranquilizá-la. Ela acordou sentindo-se preocupada com coisas que ele não podia acalmar sua mente. Ele fechou os olhos percebendo como ela devia ter se sentido, recolhendo suas roupas e saindo furtivamente de sua casa. Ela não era o tipo de mulher que não se repreendia por um lapso em seu julgamento pessoal. Ela se mantinha tão fortemente controlada que isso deve tê-la matado. Elliott caminhou pelo quarto, pegando as peças descartadas de suas roupas. Ele teria que encontrar uma maneira de discutir isso com ela. Ele riu um pouco ao perceber como foi sua última tentativa de falar com ela. Se ele tentasse falar e ela o olhasse com aqueles olhos expressivos, sabia que a foderia no mesmo instante. Não que houvesse algo errado com isso, mas ele precisava chegar até ela. Ele empilhou suas roupas em cima do cesto fechado e contornou a cama. Apertando os olhos, viu algo aparecendo por baixo. Ajoelhando-se, ele puxou um pequeno pedaço de algodão claro. A calcinha dela. Elliott abriu um sorriso grande e desajeitado ao qual não estava acostumado. Ela deixou sua calcinha. Bem, ele teria que devolvê-la para ela, certo?
Dez Seu estômago estava revirado antes mesmo de sair da cama na manhã seguinte. Ela caminhou até o banheiro sentindo náusea por ter que enfrentá-lo. Ela estremeceu, sentindo uma dor entre as pernas que não esperava. Seria um longo dia. Ela passou uma hora tentando receitas caseiras para se livrar dos chupões no pescoço. Gelo, óleo de hortelã-pimenta, aloe vera, raspandoo com um garfo. Por nada. Com crescente agitação, ela aplicou três tipos diferentes de maquiagem e reduziu as manchas vermelhas e roxas em uma sombra escura sob a maquiagem. Então ela puxou seu longo cabelo preto e amarrou-o em uma trança solta naquele lado do pescoço, que parecia manter seu segredo escondido. Quando Elliott chegou, ela e Tad estavam recebendo uma palestra de uma Sally particularmente ranzinza sobre arquivar os arquivos corretamente, embora ambos soubessem que não era erro deles em um arquivo inativo de três anos. Ela sentiu os olhos dele pousarem nela e manteve o olhar fixo nos de Sally, assentindo. Ela já havia colocado o café na mesa dele. Ela não precisaria vê-lo até o meio da manhã ou almoço, a menos que ele fosse malvado e a chamasse. Hannah sentiu as bochechas corarem um pouco, sua mente piscando além do controle de volta para as mãos dele nos seus seios, os lábios no seu pescoço. — Entendido, — disse Hannah a Sally, que a encarava com irritação descarada. Hannah entrou em seu escritório, Tad seguindo logo atrás dela. — Bem, isso foi divertido, — disse ela, sentando-se à mesa. Ela notou que Tad se abaixou e pegou algo do chão. Outra carta. E ele estava abrindo e lendo.
— 'Morra prostituta', — ele leu em voz alta, olhando para Hannah com espanto. — O que diabos é isso? Hannah deu de ombros: — Não é nada. Tad foi até a mesa, colocando o papel na frente dela e apunhalando o dedo nas palavras. — Esta é uma carta ameaçadora de dois parágrafos. Hannah sentiu seu estômago palpitar. Uma pequena parte dela queria contar a Tad, deixar o estresse sair dela e sentir algum alívio. Mas outra parte maior dela queria encobrir isso. Ela não sabia de onde vinha esse desejo, um desejo de não demonstrar fraqueza nem mesmo a um bom amigo. Talvez o sentimento tenha decorrido do medo de haver alguma verdade nas palavras agora. Ela dormiu com ele. Ela se tornou a mulher que dormiu com seu chefe. E para ela havia alguma vergonha nisso. Talvez ela merecesse as cartas. — Hannah, — disse Tad, movendo-se ao redor da mesa para se agachar ao lado de sua cadeira. — O que diabos está acontecendo? — É apenas uma nota, Tad. Como todos os rumores circulando por aí. — Por que você não parece nem um pouco chocada com isso? Leia, — ele exigiu, empurrando-o em suas mãos. Morra prostituta. Eu sei o que está acontecendo. Você não pode esconder sua agenda de sacanagem. O que faz você pensar que ele estaria interessado em você? Você não é nada. Uma garota de uma cidadezinha boba, da qual ninguém nunca saiu. Você nunca teve um emprego por mais de alguns meses. Você mal pode pagar suas contas. Ele nunca iria querer alguém tão patético e inútil quanto você. Você deve apenas se jogar na frente de um carro. Ninguém sentiria sua falta. Melhor fazer isso agora por si mesma. Ou quem sabe o que poderia te acontecer... — Isso não é nada e certamente não são apenas alguns rumores estúpidos do escritório. — Tad, não é grande coisa.
— Que porra é essa, Hannah? — Tad explodiu, levantando-se e andando alguns passos ao lado dela. — Há quanto tempo isso vem acontecendo? Hannah abriu a boca, presa e incapaz de inventar qualquer tipo de disfarce. — Hannah, — a voz de EM ecoou no interfone. — Eu preciso de uma cópia da correspondência entre você e a Tanner Construction. Hannah sentiu uma onda de alívio, virando-se para apunhalar o botão do interfone. — Tudo bem, lhe entregarei em um minuto. Ela voltou sua atenção para a tela do computador, digitando o endereço de e-mail e imprimindo todas as cartas que havia escrito por semanas. Por que EM de repente precisava disso estava além dela, mas ela estava tão agradecida pela interrupção que nem se importava. Tad ficou lá, observando-a digitar, clicar e imprimir coisas. Ela podia sentir a tensão decorrente de seu corpo, mas o ignorou ativamente. Finalmente, Tad xingou, jogando a carta de volta em sua mesa. — Tudo bem, — disse ele, abrindo a porta, — mas isso não acabou. Você vai me contar sobre tudo isso Hannah-Banana. Quando a porta se fechou atrás dele, ela teve um momento de alegria antes de perceber que teria que entrar e conversar com EM. Isto era ele apenas tentando forçá-la a falar com ele novamente? Não fazia sentido
por
que
ele
precisava
dos
e-mails,
muito
menos
imediatamente. Ela não estava pronta para enfrentá-lo. Ela pensou que teria horas para se preparar e perder parte de sua ansiedade. Ela cuidadosamente colocou as páginas em uma pilha, suspirou dramaticamente e abriu a porta do escritório de EM. Hannah sentiu um alívio a percorrer como uma onda quando viu que EM estava tendo uma conversa alta com alguém no telefone. — Eu tenho os e-mails bem aqui... — Sua voz soou áspera, um pouco irritada. Ele bateu rapidamente na mesa à sua frente e Hannah correu para colocar as páginas e sair apressada. Ela tinha cometido algum erro? Alguém estava obviamente ligando para reclamar de algo que ela mandou. Parte dela queria ficar, ouvir as
coisas, se defender se EM começasse a culpá-la. A outra parte nem suportava fazer contato visual com EM. Ela tinha certeza de que seu rosto iria corar em um vermelho quente. Quando voltou ao escritório, Tad estava sentado na ponta da mesa. Ele apontou para a superfície da mesa onde mais quatro envelopes estavam fechados. — Eu acho que esses são iguais, — ele disse, gesticulando com um biscoito na mão. Ele zombou quando ela deu de ombros e franziu a testa. — Por que você não me contou, Hannah? Eu poderia ter ajudado. — Ajudado como, Tad? — Hannah perguntou, recolhendo as cartas e abrindo a caixa e colocando-as dentro. — Conversando com o RH? O que eles poderiam dizer? Não há nada nelas sugerindo quem possa ter escrito. Tad estendeu a mão, pegando a caixa das suas mãos e abrindoa. Uma escuridão apareceu em seu rosto, tornando sua pele mais pálida e doentia. Foi uma aparência que a fez querer correr e abraçá-lo e dizer que
tudo
ficaria
bem. Seus
dedos
vasculharam
as
cartas. Ocasionalmente, ele pegava uma e a examinava, amaldiçoando baixinho e procurando outra. — Quando isso começou? — ele perguntou, quebrando um silêncio que se estendia mais do que parecia confortável. — Eu não sei. Acho que foi na época que aquelas meninas me chamaram de gorda. Quando os rumores do escritório eram recentes. — Jesus, Hannah. Por que você sofreu sozinha? Talvez eu pudesse descobrir se alguém sabia onde os rumores começaram. Eu não achei que fosse tão sério. — São apenas notas. São horríveis e assustadoras, mas não passou disso nem nada. Apenas chegam a cada poucos dias. E e-mails também. E isso, — disse ela, tirando pastas da área de trabalho e movendo o enorme calendário. Tad soltou um assobio baixo e longo. — Isso é uma merda de perseguidor maluco. Talvez seja como naqueles filmes revela suas fotos porque está obcecada por você.
que a pessoa
Hannah riu, agradecida por Tad ter encontrado algum humor na situação. Não era como ele ser tão severo. — Exceto que ninguém mais usa filmes. — Verdade, — Tad deu de ombros, esfregando uma ponta áspera de uma unha contra seu jeans. — Ei, — ele disse, com o rosto erguido, — você já pensou que pode ser Dan? Dan? Hannah sentiu algumas das peças se juntarem. Quem mais teria um motivo maior do que a futura ex-esposa de EM? E ela parecia o tipo de pessoa fria e viscosa que faria algo como ameaçá-la. Mas por que ela a acharia uma ameaça? A imagem de EM sobre ela, suas unhas cravadas nas costas dele estalaram em sua cabeça. Ela a afastou rapidamente. Tudo começou muito antes disso de qualquer maneira. Mas, Hannah percebeu, com um sobressalto, Dan não era mais uma esposa louca irracionalmente ciumenta. Ela tinha todo o direito de ver Hannah como uma ameaça. Ela dormiu com o seu marido, independentemente da separação. Talvez ela tenha feito isso com todas as assistentes. Isso certamente explicava por que ninguém parecia durar nessa posição. — Você deveria ir à polícia, — Tad interrompeu sua linha de pensamento. — Leve esta caixa e deixe-os ir todos CSI nela. Hannah sorriu. — Eles não teriam nada com o que comparar, — respondeu ela, remexendo as páginas ordenadamente na caixa. — Você não sabe disso. Talvez eles tenham um louco banco de dados de perseguidores psicóticos ou algo assim. — Na sobrancelha levantada dela, ele riu. — Tudo bem. Entendi. Não há o suficiente para continuar, mas eu me sentiria melhor se você pelo menos tivesse algum conselho profissional. Hannah deu um tapinha no joelho de Tad. — Se houver algo mais a fazer, eu farei. Mas isso não a levaria a lugar nenhum. Ela aprendeu na faculdade quando
uma
de
suas companheiras
de
dormitório teve
um
ex-
namorado maluco enviando cartas com suas anotações e deixando fotos assustadoras – que a perseguição era o crime que mais crescia e que
haviam poucas leis para prevenir ou impedir até que algo violento acontecesse. Era uma triste realidade que ela assistiu sua amiga viver por quase dois anos antes de parar de repente. O policial com quem conversaram uma noite, quando ele entrou em seus quartos e escreveu com o que parecia sangue nas paredes, disse que isso estava se tornando cada vez mais comum por causa da vida pública dos jovens. Hannah seguiu o conselho dele e excluiu todas as mídias sociais para diminuir a probabilidade de se tornar uma vítima. E lá estava ela de qualquer maneira. — Ei, — disse ela, olhando para Tad verificando seu e-mail no telefone. — Faça-me um favor? — Para você, — Tad sorriu, — qualquer coisa. Exceto pintar seu cabelo de loiro. Porque você ficaria horrível. Hannah riu. — Puxa, obrigada. Mas não. Por favor, não conte a ninguém sobre isso. Os rumores são ruins o suficiente. Eu não quero que as pessoas saibam e possivelmente piorem a situação. — Oh, docinho, — Tad sorriu, puxando a mão dela até os lábios e beijando-a, — seu segredo está seguro comigo. E se você descobrir quem é essa cadela, vou ajudá-la a chutar a bunda dela. Ou, — ele disse, pegando a maçaneta da porta, — você sabe... lhe dar uma permanente realmente péssima ou algo assim. Hannah sentiu uma sensação de alivio surpreendente. É claro que qualquer coisa que cause sérios distúrbios emocionais sempre parecerá mais administrável quando compartilhada com um amigo próximo. Mas, na verdade, ser capaz de brincar sobre isso fez com que parecesse menos avassalador. Ela devia saber que podia contar com Tad. Por que ela sentia a necessidade de esconder isso dele estava além dela. Talvez ela estivesse preocupada que ele fosse capaz de ver a verdade além das palavras duras. E ela não podia suportar Tad pensando nela dessa maneira. — Hannah, — a voz de EM interrompeu, parecendo irritada e cansada. Hannah suspirou, erguendo os ombros e erguendo o queixo. Se ela tentasse muito, poderia parecer fria e não afetada. Como se foder seu
chefe não fosse grande coisa, ou mesmo algo que ela estava acostumada a fazer. Melhor que ele pensasse nela como solta e casual sobre sexo. Talvez a coisa toda possa explodir e se tornar uma vaga lembrança. EM estava sentado estranhamente inclinado em sua cadeira, um dos cotovelos descansando na superfície de sua mesa. Quando ela fechou a porta, os olhos azuis dele encontraram os dela e ela sentiu sua barriga vibrar rapidamente antes de desviar o olhar. — Sente-se, — disse Elliott, apontando para uma cadeira. Ele gostou da maneira como o cabelo dela parecia trançado pesadamente para o lado. Ele gostou ainda mais de saber o motivo pelo qual ela o deixou dessa maneira, por causa das marcas que ele deixou ali de seus lábios, dentes e barba por fazer. Ela estava mais tensa do que o normal. Havia uma frieza lá que ele sabia que ela estava tentando usar como um escudo. Ela se sentou lentamente, estremecendo, e ele sentiu uma onda de orgulho masculino primitivo. Um segundo ou dois devem ter passado quando ele olhou para ela, porque uma de suas sobrancelhas escuras se arqueou altivamente. Ele sentiu uma risada começar e a sufocou. Mas ele não conseguia esconder a mínima sugestão de um sorriso nos lábios. — Então, eu tenho certeza que você se lembra de Bob Tanner do evento em minha casa... Hannah sentiu uma sensação doentia subir pela garganta quando tudo se encaixou. — Bob que é da construção, — ela respondeu calmamente. Bob o cafajeste era Bob Tanner ou Tanner Construction. — Bem, você está se correspondendo com ele há semanas por alguns problemas com o acordo que fizemos há alguns meses para eu assumir a empresa dele. Por isso, eu precisava das cópias dos e-mails hoje. Ele está alegando incompetência e quer uma reunião, comigo, James, e você. Oh Deus. — É desnecessário dizer, — disse Elliott, levantando a mão, — que isso não vai acontecer. Verifiquei por cima e você lidou com tudo do jeito que eu disse. Ele está com raiva porque não será o dono da maior
porcentagem da empresa dele e quer cancelar tudo por um detalhe técnico, alegando que você estava lidando com o negócio sem a devida supervisão ou conhecimento do assunto. Hannah afundou na cadeira. Ah não. Talvez ela devesse tê-lo consultado, mas estava ocupada demais tentando ignorá-lo, porque ele a fazia se sentir tão desconfortável que simplesmente lidou com tudo com base nas informações do arquivo. Ela realmente ferrou um negócio de milhões de dólares? — Ei, — a voz de Elliott interrompeu, suave e próxima. Ela olhou para cima e descobriu que ele havia chegado à frente de sua mesa. Os joelhos dela roçaram as calças dele. — Eu posso ver essas engrenagens girando. Isso não vai colar. Eu só queria informá-la. E quero garantir que toda a correspondência futura passe por mim, só para deixá-la de fora disso. — Tudo bem, — disse Hannah, seus olhos focados na linha da mandíbula dele, para que não tivesse que olhá-lo nos olhos. Mas então ele se inclinou para ela e ela olhou para cima preocupada. — Ele está bravo. Vai explodir. Hannah olhou para ele e acenou com a cabeça, em seguida, assistiu enquanto a mão dele saiu do seu lado e se moveu em direção ao cabelo dela, onde ele gentilmente agarrou sua trança e a moveu para o lado. Um sorriso raro iluminou seu rosto. Ela sentiu as pontas dos dedos dele esfregarem a pele sensível e machucada. — Devo dizer que você encobriu muito bem. Mas nós dois sabemos o que está por baixo de toda essa maquiagem. — Elliott observou seus olhos revirar e suas bochechas ficarem rosadas. Uma risada baixa e apreciativa escapou dele quando ele correu as pontas dos dedos em direção à mandíbula dela. — Hannah... Três batidas fortes o interromperam e Hannah pulou visivelmente para longe. Elliott suspirou. — Sr. Michaels, — a voz estridente de Sally soou do lado de fora. — Sim, Sally, entre, — disse Elliott, movendo-se em direção a sua cadeira. Sally entrou, usando um terno preto severo e segurando uma
prancheta contra o peito. — O Sr. Black está aqui, senhor. — Ela não esperou uma resposta, simplesmente acenou para o homem entrar na sala e saiu sem outra palavra. O Sr. Black era diferente de Elliott em todos os aspectos, exceto um - ambos eram extraordinariamente altos. Onde Elliott
tinha cabelos
escuros e olhos brilhantes, o Sr. Black tinha cabelo loiro como trigo do meio oeste muito comprido para parecer profissional e tinha grandes olhos castanhos profundos que a lembravam de um cervo. Seu rosto era mais cheio, seu maxilar largo e forte. Seu terno azul se ajustava sobre o peito e os ombros largos. Hannah ficou lá, observando os dois homens se cumprimentarem calorosamente e trocando gentilezas. O Sr. Black sorria com facilidade, lembrando-a de James. Quando seu olhar caiu sobre ela, o sorriso de Elliott desapareceu um pouco. Teria sido imperceptível para quem não estivesse ciente de suas expressões faciais. — Tate Black, essa é Hannah Clary, minha assistente. Hannah esse é Tate, meu advogado. Tate se aproximou, seu sorriso vincando a pele profundamente em suas bochechas e revelando covinhas incrivelmente encantadoras e dentes perfeitos. — Hannah, prazer em conhecê-la. Hannah se levantou e apertou a mão que ele estendeu para ela, seus lábios se curvando em um sorriso para combinar com o dele. — Oh, nossa. Espero que você não esteja aqui para tirar o Sr. Michael do problema em que aparentemente o envolvi. — Oh, eu tenho certeza que não foi o que aconteceu, — disse Tate, finalmente liberando sua mão da dele larga e quente, cheia de calos. — Não é, — a voz de Elliott interrompeu, cortada e autoritária. — Hannah... — ele disse, olhando diretamente para a porta. Embora ele sempre fosse impetuoso e irritante, algo sobre ser dispensada a incomodava mais do que deveria. Com uma clareza surpreendente, ela percebeu que era porque eles dormiram juntos. E isso era totalmente inaceitável. Ela precisava agir e sentir como se nada tivesse acontecido.
— Certo, bem, tenho trabalho a fazer. Foi um prazer conhecê-lo, Sr. Black, — disse ela, saindo e fechando a porta antes que ele respondesse. Ela precisava se recompor. Muitas mulheres faziam sexo com pessoas que viam todos os dias e conseguiam agir como se nada tivesse acontecido. Elas certamente não se incomodavam quando essa pessoa se comportava em relação a elas como sempre o fizeram. Ela teria que aprender a agir dessa maneira. Mesmo que apenas cinco minutos antes, ele estivera tocando seu pescoço e enchendo sua mente de imagens ou lembranças, até que ela ficasse completamente excitada só de pensar nele. Elliott não sabia por que ele tinha sido tão rude com ela. Talvez uma parte dele não quisesse que Hannah conhecesse Tate. Ele nunca parecia
ter
problemas
para
conseguir
mulheres
com
sua
aparência totalmente americana. E Elliott sabia que ele era um cara bom e honesto. Mas isso o incomodou. E era uma sensação nova. Ele nunca foi
um
homem
ciumento
e
certamente
nunca
emocionalmente
investido. Mas ele não estava interessado na ideia de compartilhar Hannah. Ela era... dele. O pensamento desceu difícil como bile em seu corpo. Ela não era dele. Ela era nova. Ela era diferente. Ele a desfrutou completamente. Ele tinha toda a intenção de apreciá-la no futuro. Frequentemente. Mas ela certamente não era dele. Ela o evitou o resto do dia. Ele não tinha certeza se foi porque ele tinha sido rude com ela ou porque eles dormiram juntos. Provavelmente, ambos. Ele
a
observava
de
vez
em
quando
propositalmente,
concentrando-se na papelada ou no celular dela para evitar encará-lo. E enquanto ele tinha certeza de que ela atribuiria isso a ser uma boa funcionária (sobre o que ele não podia discutir), sabia que estava sendo evitado quando via. Mas sem ela olhando, ele conseguiu lançar bons e longos olhares para ela. Ele notou como o suéter dela pendia frouxo dos ombros. Talvez ele pudesse incorporar algumas refeições entre as sessões de sexo.
Elliott observou alguns dos funcionários saírem, percebendo que já devia ter passado das cinco horas. Hannah estava em pé na mesa de Tad, olhando por cima do ombro para algo em seu computador. Ele voltou ao seu escritório, abrindo a porta do escritório de Hannah. Ele tirou algo do bolso, deixou na mesa dela e voltou para o escritório com um sorriso. Hannah acabara de dizer boa noite a um Tad preocupado que queria ficar até tarde com ela para levá-la até o carro. De alguma forma, ela conseguiu convencê-lo a não fazer isso e o conduziu ao elevador. Ela entrou em seu escritório, chocada por não encontrar outra nota no chão. Ela jogou uma pilha de papéis sobre a mesa antes de notar algo no centro da mesa. A calcinha dela. Sua boca abriu comicamente quando ela pegou a calcinha e a enfiou na bolsa como se houvesse alguém por perto que pudesse vê-la. As cartas eram uma coisa, mas como diabos seu perseguidor psicótico encontrou sua calcinha? Hannah caiu pesadamente em sua cadeira. Talvez Tad estivesse certo. Talvez fosse Dan. Ela obviamente tinha acesso à casa de EM. Talvez Tad estivesse errado sobre como Dan e EM realmente eram. Se ela ainda frequentava sua casa às vezes, obviamente não estava completamente terminado. E sabia que ela tinha estado lá na noite anterior. Na cama. Com seu marido. Hannah apoiou a cabeça nas mãos, imaginando como diabos ela deixou as coisas tão fora de controle. Controle era sua coisa. Ela era ótima nisso. E de alguma forma conseguiu se envolver em um caso com um homem casado que por acaso tinha uma esposa perseguidora louca que estava fazendo da vida dela um inferno. — Então eu encontrei isso debaixo de uma pilha de roupas esta manhã, — a voz de EM soou suave e sexy pelo interfone. Bastardo! Hannah pulou da cadeira, furiosa. Ela estava sentada ali, com o coração na garganta preocupada que alguém quisesse pegála. E foi ele quem a deixou lá. Parecia tão fora de caráter para ele. Um
homem sério como ele não deveria poder fazer joguinhos também. Era muito confuso. E como ele se atreveu a colocar sua calcinha na mesa no trabalho? Qualquer um poderia ter entrado e visto. O que pensariam? Foi completamente inapropriado. Muito pouco profissional. Ela teria que lhe passar um sermão. Ela pegou a calcinha, puxando a porta bruscamente e entrando. Ele estava encostado na frente da mesa, as mãos estendidas de cada lado, segurando a borda. Ele estava esperando por ela. — Isso é completamente inapropriado, — disse ela, em voz alta. Ela odiava como sempre soava trêmula quando ficava brava. Isso minava completamente seus sentimentos. Ela estava segurando a calcinha na mão para que ele pudesse ver. — Você não pode... Elliott se afastou da mesa, aproximando-se lentamente, parecendo uma pantera quando vê a presa, mas está com preguiça de agir. Sua sobrancelha estava levantada e seu lábio torcido. Ele gostava dela com raiva. Era um visual diferente para ela. — Eu não posso o quê? — ele disse, chegando perto dela, seu corpo um sussurro do dela. — Não posso fazer isso? — ele perguntou, agarrando sua trança e puxando-a e fazendo o rosto dela virar para ele. — Ou isto? — ele disse, empurrando-a bruscamente contra a parede, seu corpo pressionando firmemente contra ela. Ele olhou para ela. Ela estava olhando diretamente para ele, com os olhos afiados e furiosos e suaves e enevoados de desejo. — Ou isto? — ele disse, colocando o joelho entre as pernas dela e abrindo-as até tocar a junção de suas coxas. Um pequeno gemido escapou de seus lábios abertos e ela caiu um pouco contra ele. — Definitivamente não é isso, — disse ele, agarrando os dois pulsos e prendendo-os na parede acima da cabeça com uma mão. — Ou isso, — ele disse, sua mão puxando bruscamente a cintura de sua calça e deslizando por baixo e descendo até sentir a linha de sua calcinha. Seus dedos brincavam com o tecido que já estava molhado de desejo. Hannah sentiu seus joelhos cederem no instante em que os dedos começaram a esfregar o tecido de sua calcinha contra o calor. A mão de
Elliott empurrou seus pulsos ainda mais contra a parede. E ele nunca tirou os olhos dos dela enquanto a acariciava com força. A rugosidade de sua calcinha de algodão contra seu clitóris a levou para mais perto da borda. Ela olhou para ele a observando. Estendendo a mão, ela agarrou a gravata dele, usando-a para puxar seu rosto para mais perto dela, até que pudesse se inclinar e capturar seus lábios nos dela. Ela sentiu um sorriso nos lábios dele antes de empurrar a língua dentro da sua boca para acariciar a dele. Um grunhido escapou dele, baixo e silencioso, mas lá. Ao som, ela sentiu seu corpo alcançar o ponto de ruptura e os dedos dele pressionaram contra seu clitóris e seu corpo explodiu com um poderoso orgasmo. Os dentes dela morderam o lábio inferior dele quando ela gozou, seu corpo tremendo. Seus dedos mantiveram o atrito, fazendo o orgasmo durar mais tempo. Quando ela finalmente afundou na parede, exausta, ele tirou as mãos da calça dela e começou a puxar o suéter dela por cima da cabeça. Ele soltou os pulsos dela para puxar o material sobre a cabeça e jogá-lo no chão. Ele a pegou pelos ombros, virando-a de costas para ele. Pegou o engate do sutiã e o abriu rapidamente e puxou pelos braços dela. As mãos dele rapidamente se estenderam para segurar seus seios. Ela sentiu sua barriga vibrar quando ele os agarrou bruscamente e apertou. Ele sentiu os mamilos duros contra as palmas das mãos e gemeu. Elliott aplicou pressão no peito para forçar o corpo dela contra o dele. Ele sentiu sua bunda redonda empurrar contra seus quadris. Hannah gemeu sentindo o contorno de seu pau duro contra sua bunda. Os lábios dele desceram sobre o pescoço dela, beijando e beliscando bruscamente. Hannah gemeu alto, esfregando o traseiro contra sua dureza. Elliott gemeu, soltando os seios e agarrando o botão e o zíper da calça. Ele pegou a cintura de sua calça e calcinha e empurrou-as para
baixo. Ela saiu automaticamente, ficando completamente nua enquanto ele ainda estava completamente vestido. Uma de suas mãos foi atrás dela enquanto a outra mergulhou entre suas coxas, separando as dobras e enfiando um dedo profundamente dentro de sua vagina sem aviso prévio. Ela gemeu, a cabeça caindo sobre o peito dele. Seu dedo empurrou dentro e fora dela com um ritmo punitivo até que ela se sentiu começando a apertar em torno dele e ofegar. Então ele tirou o dedo dela e a agarrou pelos braços, colocando-os contra a parede. Hannah seguiu cegamente sua liderança, muito fora de si para pensar. Sua bunda estava para fora e ela sentiu Elliott agarrá-la e depois dar um tapa com força. E então seu pau estava esfregando contra a umidade dela por trás e sua mão batendo contra a parede. Ele pegou um preservativo e os protegeu, antes que ela pudesse pensar, sentiu seu pênis empurrar profundamente dentro dela com um impulso. Ela perdeu o equilíbrio e Elliott agarrou sua cintura com uma mão e a empurrou para frente até que seus antebraços estavam contra a parede para equilibrá-la. Ela sentiu as pontas dos dedos cravando em seus quadris macios quando ele se moveu um pouco para frente, então sentiu seu pênis bater nas suas profundezas e suas bolas pressionarem contra ela. Hannah gemeu, sentindo a pressão do desejo crescer dentro dela com a imobilidade. Então ela estava balançando a bunda contra ele, implorando pelo que mais queria. Elliott gemeu, agarrando seus quadris com mais força, puxando-a para trás e usando-os para puxá-la contra ele enquanto empurrava para que pudesse estar o mais fundo possível dentro dela. Ele não podia acreditar quão apertada e molhada ela estava por ele. Ele meteu com um abandono imprudente enquanto seus gemidos ficavam cada vez mais altos. Sua respiração sibilou, quase incapaz de respirar, pois ele estava muito perto. Ele podia senti-la apertar e tirou uma mão de seus quadris para agarrar sua garganta e puxá-la contra ele. A mão dele apertou o suficiente a garganta dela para doer, para dificultar a respiração. E então seu pau empurrou nela uma vez com força e difícil e o clímax a consumiu
completamente. A mão dele agarrou sua garganta com mais força e ela não pôde gritar. Ela perdeu o equilíbrio e caiu contra ele. Seu pênis deslizou de dentro dela com o movimento e Elliott a agarrou, virando-a e empurrando-a contra a parede. E então ele estava de joelhos na frente dela, abrindo suas pernas e puxando uma das coxas por cima do ombro dele. Ele enterrou o rosto no calor dela, lambendo as dobras e o clitóris até que ela se recuperou do orgasmo e sentiu o desejo se reconstruir. — Oh, meu Deus, — ela choramingou. — Oh, não pare. Elliott seguiu sua ordem, circulando sobre o clitóris e depois mergulhando cada vez mais baixo, até que finalmente arredondou a língua e a empurrou em suas profundezas molhadas. Hannah agarrou a cabeça dele, empurrando a pélvis contra ele, procurando mais. Ele precisou de um minuto. Ele não queria nada além de penetrála profundamente enquanto ela gozava. Mas ele sabia que iria gostar ainda mais se ele prolongasse. E então empurrasse dentro dela novamente. No momento em que ela estava ofegante e prestes a gozar novamente, Elliott levantou-se de repente, puxando suas pernas para cima e envolvendo-as na cintura. Hannah alcançou arbitrariamente entre eles, agarrou seu pau e empurrou dentro de si. Elliott sorriu, virando-se de costas para a parede. Ela colocou os braços em volta do pescoço dele e ele a agarrou com força. Então ela começou a montá-lo, lento e hesitante a princípio. E então, com velocidade e necessidade crescentes. Ela gemia com cada expiração superficial enquanto deslizava para cima e para baixo do corpo dele. Ele se sentiu próximo do clímax e agarrou sua bunda com mais força e começou a movê-la para cima e para baixo até que ela correspondesse ao seu ritmo. Hannah desceu sobre ele uma vez com força e sua boceta o agarrou repetidamente enquanto ela chegava ao clímax: — Oh, oh Deus, Elliott, — ela gemeu contra o pescoço dele.
Elliott grunhiu, girando de novo para que ela ficasse de costas contra a parede. Ele a atacou repetidamente, seu corpo inteiro pulando com o movimento. Ele a sentiu começar a apertar novamente e empurrou cada vez mais forte. Ele agarrou sua trança, puxando para que ela o encarasse. Seus olhos estavam pequenos e nebulosos quando ela gemeu através de outro orgasmo. Assim que a sentiu relaxar, ele empurrou forte e profundamente, sua respiração saindo em um bufo quando ele gozou. — Porra, Hannah, — ele gemeu, seu pau explodindo com seu orgasmo. Os olhos de Hannah se arregalaram e sua boca se abriu quando ela sentiu seu orgasmo. Ela não sabia que uma mulher podia sentir um homem chegar ao clímax. A cabeça dele caiu no ombro dela, a respiração irregular e instável. Ela colocou os braços firmemente em volta do pescoço dele e descansou o rosto na bochecha dele. Um momento depois, quando seu batimento cardíaco diminuiu consideravelmente, ele passou um braço em volta da cintura dela e a carregou em direção a sua cadeira, sentandose com ela em cima dele. Hannah relaxou contra ele, suas roupas quentes contra seu corpo nu. Ela percebeu, com uma estranha sensação de admiração, que ele ainda estava dentro dela. As mãos dele trabalharam a fita do cabelo dela, tirando-a e, em seguida, desenrolando cuidadosamente a trança. Quando estava desfeita, o espalhou pelas costas nuas e lentamente passou os dedos por ele. Ele realmente parecia ter uma obsessão pelo cabelo dela. Hannah
estremeceu
um
pouco
com
a sensação suave e
suspirou. Ela fechou os olhos e, antes mesmo de perceber que estava cansada, estava dormindo. Foi o frio que a acordou. O termostato do escritório diminuía à noite, quando não havia ninguém por perto, e ela acordou arrepiada. Por um momento, ela se aproximou do calor corporal que Elliott forneceu. Mas então seu cérebro sonolento desapareceu e ela percebeu o que tinha permitido que acontecesse novamente.
Um dos braços de Elliott estava frouxamente apoiado no seu quadril. Ela cuidadosamente tirou uma perna de cima dele e a colocou no chão e lentamente tirou seu peso do corpo dele. Ela não conseguia entender por que adormecia tão facilmente com ele. Não era seu estilo. Ela geralmente não conseguia dormir se alguém estivesse no mesmo quarto. Quando finalmente estava de pé, ela olhou para ele. Ele nem se moveu quando ela saiu. Ele dormia como um morto. Talvez como ela, ele normalmente dormisse mal. A julgar pelas sombras sob os olhos dele que se pareciam muito com as dela, provavelmente era o caso. As rugas severas que ele usualmente tinha entre as sobrancelhas e na testa haviam desaparecido agora, suavizadas pelo sono e ele parecia muito mais acessível do que o habitual. Hannah caminhou na ponta dos pés para encontrar suas roupas e as vestiu rapidamente, tremendo um pouco. Ela entrou no escritório, pegou a bolsa e o celular e fechou a porta com cuidado. O escritório estava estranhamente silencioso e ela olhou para o celular para descobrir que passava das nove da noite. Oh Deus. A equipe de limpeza já estava lá? O estômago de Hannah se revirou ao pensar em alguém entrando para limpar e inesperadamente encontrá-la ali completamente nua em cima de seu chefe. Seu rosto esquentou dramaticamente e ela rezou para que não fosse o caso. Ela tinha contato com a equipe de limpeza mais noites do que não. Eles a conheciam. Ela nunca seria capaz de encará-los novamente. O elevador chegou ao térreo e ela saiu para o saguão escuro e abandonado. Ela puxou seu cartão-chave para abrir a porta da frente e notou com alívio que a equipe de limpeza estava apenas descarregando seus suprimentos da van enquanto ela saía. Ela os cumprimentou com um aceno e caminhou rapidamente para o carro. Quando estava na metade do caminho para casa, sentiu uma sensação de culpa por tê-lo deixado lá para ser encontrado pela equipe de limpeza. Mesmo que estivesse vestido, estava desarrumado e ela achou que ele não gostaria de ser encontrado assim. Ela digitou o número
do celular dele e deixou tocar três vezes, com a intenção de desligar, quando ouvisse uma resposta sonolenta e irregular de Elliott. Ela bateu o dedo no botão de desligar enquanto seu coração disparava. Bem, pelo menos ela o acordou. Ela esperava que ele não estivesse acordado o suficiente para pensar em verificar o identificador de chamadas. As chances eram de que ele nem sabia o número dela de vista de qualquer maneira. Ela esperava. O telefone o acordou assustado. Levou alguns segundos para perceber onde estava e o que o acordou. Ele pegou o telefone e latiu no receptor para não encontrar nada do outro lado. Ele o jogou o desligou com mais força do que o necessário. Ele se abaixou e fechou as calças e sentiu a agitação crescer dentro dele. Ela fugiu novamente. Embora ele não tivesse tido a chance de ter uma conversa sobre sua vida profissional não ser afetada por sua vida sexual, ele imaginou que ela teria entendido. Ela certamente não precisava fugir no meio da noite como se tivesse vergonha de si mesma. Ela tinha vergonha de si mesma? Ele não tinha pensado muito sobre esse sentimento no passado. Não era algo que ele experimentava pessoalmente e a maioria das mulheres com quem passava as noites sabia no que estavam se metendo. Ninguém esperava mais dele do que uma ou duas noites. Todo mundo sabia que era um encontro sexual casual que compartilhariam. E não era algo que alguém podia se envergonhar. Mas Hannah não era uma dessas mulheres. Apesar das suspeitas sobre a falta de experiência dela, ele sabia que isso era diferente porque ela trabalhava para ele. Ela estava definitivamente envergonhada. Ele odiava esse pensamento e faria da sua principal prioridade conversar com ela pela manhã. Ele caminhou até o elevador e acenou com a cabeça para a equipe de limpeza no lobby. Ela precisava superar seus medos sobre a vida profissional. Porque o sexo era absolutamente incrível e ele não queria perder isso. Ela era
incrivelmente aberta. E ele estava constantemente impressionado com quão absolutamente linda ela era. E o jeito que ela dizia o nome dele... Elliott balançou a cabeça. Ele precisava parar de pensar tanto nela. Estava se tornando um pouco demais. Ela seria uma aventura incrível. Isso era tudo o que seria. Mas quando ele entrou no carro, teve uma sensação incômoda de que estava mentindo para si mesmo. Hannah entrou em seu apartamento e trancou a porta atrás de si. Ela caminhou até o banheiro, deixando um rastro de roupas pela casa enquanto se despia. O calor do chuveiro ajudou a acalmar seu corpo dolorido. Ninguém deveria adormecer nessa posição embaraçosa. Suas coxas pareciam blocos de concreto. Ela precisava parar de dormir com ele. O pensamento a pegou de surpresa e ela riu de si mesma. Por que ela não conseguia resistir a ele? No segundo em que ele se encontrava a quinze centímetros dela, seu cérebro virava mingau. Todas as reservas que ela estava mantendo firmemente escapavam. Claro, ele era lindo. Nenhuma mulher seria capaz de negar quão sexy aquele homem era. Mas ele não era muito gentil ou charmoso. Hannah deixou a água excessivamente quente escorrer por seu corpo por alguns minutos. O homem era verdadeiramente talentoso no sexo. Ela nunca imaginaria ser uma mulher que gosta de um homem tão dominante e exigente. Definitivamente, não achava que toleraria, muito menos apreciaria, ser pressionada, estapeada ou sufocada. Mas ela gostou. Cada poro do corpo de Elliott gritava com domínio. E cada centímetro dela queria ser dominada por ele. Ela deveria ter transado mais na faculdade. Talvez pudesse ter construído algum tipo de defesa contra os desejos de seu próprio corpo. Era extremamente difícil negar a si mesma algo que vinha ignorando há tantos anos. Suas partes íntimas claramente tinham uma mente própria e ela não tinha chance. E por mais que ela quisesse se odiar por isso, uma parte maior e mais escura de si mesma estava gostando. Era maravilhoso perceber que ela poderia experimentar uma vida sexual saudável. Ela chegou ao ponto
em que nem sequer se reconhecia como uma criatura sexual. Era fácil esquecer depois de um tempo. Mas quando alguém aparece e tira essa parte do escuro, tudo consome. Ela desejou que ele não fosse seu chefe. Uma vozinha sugeriu que ela se demitisse para poder apreciá-lo sem ter que se preocupar com as consequências. Se alguma vez houve um homem com quem ela quisesse passar a noite acordada e fazendo coisas desagradáveis, não era outro senão o impressionante Elliott Michaels. Ele era o amante perfeito, dando, mas também exigindo muito. Aparentemente, todas aquelas coisas que ela havia lido sobre orgasmos femininos e quanto tempo demoravam e outros enfeites - não era inteiramente verdade. Ela só precisava de alguém que soubesse como trabalhar seu corpo. Ela tinha certeza de que, se passasse uma noite inteira com Elliott, ele a faria gozar vezes suficientes para fazer com que os sexólogos rasgassem seus diplomas. Hannah saiu do chuveiro, enrolando-se firmemente em uma toalha e secando o cabelo apenas o suficiente para que não escorresse por todo o corpo. Ela se dirigiu para a cozinha, pegando a chaleira e colocando no fogão antes de vasculhar a geladeira em busca de algo para comer. De repente, ela estava com fome. Ela até esqueceu que tinha apetite ultimamente. Ela se sentou e pegou dois iogurtes e uma tigela de cereal açucarado. Era praticamente tudo o que havia de bom em casa para comer. Hannah sentou-se com o chá, embalando-o entre as mãos e considerando sua situação. Ela não queria parar de dormir com Elliott. Mas também sabia que isso estava prestes a explodir em seu rosto, se não parasse. Ela imaginou se talvez ela e Elliott sentassem e conversassem sobre isso, se sentiria melhor. Ele tinha que valorizá-la como funcionária. E obviamente queria continuar transando com ela também. Talvez eles pudessem ser dois adultos racionais sobre isso.
Hannah sentiu-se satisfeita com essa ideia, embora soubesse que não teria coragem de trazer o assunto à tona. Ela olhou para o balcão, esperando ver Ricky correndo pela gaiola. Mas algo estava errado. Ela não viu Ricky. Ela se levantou rapidamente, acendendo a luz, caminhando até a gaiola e olhando. Ele não estava lá. Mas havia algo em seu lugar. Uma foto. Hannah pegou e sentiu tudo o que ela acabou de comer subir por sua garganta. Era uma foto dela dormindo nua em cima de Elliott no escritório. Alguém entrou em seu apartamento e realmente levou seu porquinho da índia. Que tipo de lunático fazia algo assim? Hannah virou a foto e espalhado no verso em um batom vermelho intenso, havia uma palavra: prostituta. Hannah largou a foto, correu para o banheiro e mal chegou antes de começar a vomitar. Ela ficou sentada no chão frio depois, com lágrimas secando nas bochechas, sentindo calor e frio ao mesmo tempo. O que diabos ela faria? Por que diabos alguém levaria seu animal de estimação? Que tipo de mensagem seria essa? Tirar a foto era uma coisa. Combinava com todas as notas e e-mails e toda essa bobagem. Mas levar Ricky? Hannah sentiu uma dor no peito. Ela sabia que era estúpido, mas ela realmente amava aquele porquinho da índia. Ele não era muito pelo que voltar para casa, mas era alguma coisa. Ele foi uma constante por quase quatro anos. E ela poderia ter aceitado se ele de alguma forma morresse de doença ou velhice, mas saber que alguém simplesmente... o levou? Isso doía mais do que ela pensou que poderia. Ela tinha que fazer alguma coisa. Ela tinha que acabar com isso de alguma forma.
Onze Ele entrou no andar quase uma hora antes do que o normal. Ele queria ter certeza de pegar Hannah antes de o escritório ficar cheio. A julgar pelos carimbos de data e hora em muitos de seus e-mails, ela quase sempre chegava por volta das seis da manhã. Isso explicava como ela conseguia fazer tantas tarefas. Embora ele não tivesse certeza de como ela conseguiu não se esgotar. Também explicava as olheiras sob os olhos dela o tempo todo. Elliott encheu a cafeteira e ligou-a. Ocorreu-lhe que era a primeira vez em muitos anos que ele realmente lidava com a tarefa. Às vezes, ele se envolvia tanto no trabalho diário e nos planos de trabalhos futuros que não percebia o quanto de sua vida era cuidada por outras pessoas. Ele passou toda a sua jovem vida cuidando de tudo. Seu pai era um caloteiro que saiu uma noite sem aviso quando tinha sete anos e James era apenas um bebê. E sua mãe não tinha nada. Um apartamento que ela não podia pagar, um diploma do ensino médio e dois filhos pequenos. Ele se lembrou do olhar em seu rosto quando ela sentou a mesa da sala de jantar na manhã seguinte, olhando para o espaço aberto. Mesmo quando criança, ele reconheceu a desesperança e a miséria, mas o intenso conjunto de sua mandíbula sugeria que ela não estava derrotada. Eles haviam empacotado tudo o que possuíam com James chorando em seu assento do carro, carregado o carro velho dela e dirigindo por horas na noite. Eles haviam acabado em um bairro sobrecarregado, com moradias de baixa renda em um grande prédio de tijolos que nunca ficava silencioso. James ficava com uma senhora mais velha no andar de baixo, com muita maquiagem, voz profunda e um coração amável durante a maior parte das horas do dia.
Sua mãe o acordava cedo, preparando o café da manhã e o almoço, e o mandava para o ponto de ônibus enquanto se vestia para o trabalho. Ele voltava para casa, para um apartamento vazio, e fazia o dever de casa e as tarefas silenciosamente, sem precisar ser mandado. Por volta das quatro da tarde, ela entrava pela porta da sala com seus cabelos escuros e olheiras sob os olhos. Ele sempre ligava a cafeteira antes de ouvir as chaves dela na fechadura. Eles se sentavam e conversavam sobre seus dias por um tempo antes de ela vestir um horrível vestido rosa com um avental amarelo e ir para a lanchonete onde trabalhava no turno do jantar antes de correr para limpar os escritórios à noite. Ela sempre entrava bem depois do horário de dormir, James nos braços com as sobras da lanchonete que colocava na geladeira para o dia seguinte. Então ela deitava James no berço e se deitava na cama ao lado dele, adormecendo quase que instantaneamente. Aos doze anos, ele se tornou o homem da casa. Ele pegava James no jardim de infância no final do dia e andava de ônibus com ele para casa. Depois, o ajudava com a lição de casa enquanto tentava fazer a sua própria, fazia o jantar, limpava, lavava a roupa, fazia compras. Ele cuidava de tudo enquanto sua mãe trabalhava de doze a dezesseis horas por dia para fazer mal cobrir as despesas. Quando ele tinha idade suficiente, conseguiu um emprego e guardou metade dele para um fundo de faculdade e deu metade para sua mãe. Isso lhe dava folga suficiente para deixar para trás seu emprego de garçonete. Ela podia ficar em casa à tarde com James, um luxo que ele nunca teve. E James cresceu um pouco mimado, sempre tendo uma vida sem preocupações, graças a um irmão mais velho que se esforçou ao máximo para preencher os sapatos que seu pai havia deixado. Ele até pagou as mensalidades da faculdade de James. Elliott passou a mão pelo rosto. Não era sempre que ele pensava nessas coisas. Toda a sua vida desde tenra idade foi tentar aliviar parte do fardo dos ombros de sua mãe. Ele havia conseguido ao longo do
caminho substituir seu carro velho e desgastado e ajudá-la com o aluguel todos os meses, mesmo quando estava na faculdade. Foi a maior decepção de sua vida nunca conseguir cuidar completamente dela do jeito que queria. Nada doeu mais do que receber a ligação de um desapontado James, no meio de sua classe executiva, que sua mãe havia sido atropelada e morta por um motorista bêbado. Depois, houve mais trabalho a ser feito. Os arranjos do funeral. Pagar
os cobradores. Conseguir
a
custódia
legal
de
um
James
de dezesseis anos. Sair do dormitório para um apartamento adjacente à faculdade, com um quarto. Elliott sorriu. Como James o odiou às vezes, enfurecido por perder sua mãe e seus amigos, tudo o que ele já conheceu e amou. Forçado a dormir em um beliche com seu irmão mais velho e viver de miojo e refrigerante com a marca do mercado. Mas então acabou. James começou a faculdade e passou de um colegial solitário e zangado para um estudante universitário confiante e zeloso. Elliott lembrava-se noite após noite do apartamento deles cheio de garotos bêbados enquanto tentava transformar um empréstimo do banco em uma empresa. Por um futuro. Para eles. Ele costumava fazer tudo. E agora Hannah fazia. Elliott suspirou, servindo uma xícara de café e colocando-a em sua mesa. Foi então que ele percebeu. Um pequeno envelope branco com seu nome rabiscado na frente. Virando-o, ele pegou um pedaço de papel branco com uma nota manuscrita. Sr. Michaels, Estou escrevendo para informá-lo da minha intenção de tirar férias de duas semanas. A partir deste momento devido a circunstâncias fora do meu controle. Desculpe-me por qualquer inconveniência. Atenciosamente, Hannah Clary Elliott sentiu o ar sair dos seus pulmões. Ela estava tirando férias de
duas
semanas? A
partir
deste
momento? O
que
estava
acontecendo? Será que ela estava realmente assustada com o que estava
acontecendo entre eles a ponto de fugir? E se sim, por que ela não se demitiu? Ele ouviu o toque das portas do elevador e pegou a carta. Tad estava colocando o café na mesa e ligando o computador. Ele olhou para cima, surpreso ao ouvir os passos de Elliott. Elliott jogou a carta sobre a mesa, impaciente. — Você sabe algo sobre isso? — Até para seus próprios ouvidos, sua voz era áspera e irritante. As sobrancelhas de Tad se juntaram enquanto ele lia a nota. — Ela não me disse nada, — disse ele, devolvendo a nota a Elliott. Um vinco preocupado se formando em sua testa. — Isso não é do estilo dela. Elliott sentiu um aperto no peito. Hannah e Tad pareciam muito próximos. O fato de ela não ter dito nada sobre algum tipo de emergência para ele, era porque estava mentindo. Aparentemente, ela não tinha dito nada a Tad sobre eles transarem, então obviamente não disse a ele que foi por isso que saiu. Para evitá-lo. Para colocar algum espaço entre eles. — Tudo bem, obrigado Tad, — disse ele, voltando ao seu escritório. — Sr. Micheals, — chamou Tad. — Sim? — Eu te avisarei se conseguir entrar em contato com ela. — Obrigado, — ele disse novamente, fechando a porta e deixando Tad se maravilhar com o fato de Elliott Micheals notoriamente grosseiro e indiferente ter acabado de agradecer duas vezes em um minuto. Hannah podia sentir sua pulsação nos ouvidos e uma sensação lenta, pesada e doentia parecia permanecer em seu estômago. Suas mãos estavam úmidas no volante e ela não pôde deixar de verificar o espelho retrovisor, mesmo que estivesse dirigindo por horas e mal houvesse um carro à vista nos últimos vinte minutos. A estrada estava ficando embaçada e ela pegou sua xícara de café. Ela nem tentou dormir na noite anterior. Quando terminou de checar todos os cantos de seu apartamento com uma frigideira em uma mão e uma lanterna na outra, finalmente estendeu a mão e chamou a
polícia e registrou uma ocorrência e lhe foi dito que eles mandariam um carro patrulhar a cada hora para garantir que nada acontecesse, o que obviamente não ajudaria em nada, ela decidiu com certeza não passar mais uma noite lá. Ela arrumou uma sacola com roupas e livros, despejou uma jarra de café em xícaras térmicas e pegou a estrada antes do amanhecer. Durante a primeira hora e meia, ela dirigiu sem rumo, xingandose por não ter planejado quando saiu de seu apartamento. Ela poderia apenas dirigir para alguma estalagem isolada em algum lugar e tentar se recompor. Mas dormir em algum lugar isolado em um quarto onde não havia segurança, exceto por um casal de meia idade que administrava o lugar morando no andar de baixo, não a enchia exatamente de confiança. Ela precisava encontrar um lugar onde se sentisse segura. E a primeira palavra que lhe veio à mente foi... Sam. Hannah deu meia-volta e partiu para Stars Landing. Ela não via Sam há anos. Eles mantiveram
contato
casual
desde
que
terminaram
antes
da
faculdade. Por que ele surgiu em sua cabeça quando ela pensou em um lugar seguro para ficar estava além dela. Talvez fosse apenas porque eles tinham história. Porque ele não faria muitas perguntas se soubesse que ela não queria falar. Ou talvez simplesmente porque ele era homem. Os pais dela se intrometeriam, a incomodariam sobre seu estado emocional, bisbilhotariam até conseguirem respostas, porque é isso que pais preocupados e amorosos fariam. Ela poderia ficar na estalagem. Emily estava sempre trabalhando e ela apreciaria desesperadamente alguma conversa menina e alimentos gordurosos, e noites de filmes clichês. Mas se ela ficasse na estalagem, todos na cidade saberiam que ela estava de volta e nunca teria um momento de paz. Ela nunca esteve na casa de Sam. Fazenda, ela se corrigiu. Ele administrava sua própria fazenda. Ele cultivava alimentos e criava cabras e outras bobagens. Ela sempre soube que ele nunca deixaria Stars Landing. Suas raízes estavam profundamente plantadas nas terras da pequena cidade. Pelo que ouviu de seus pais, que nunca entenderam completamente por
que ela havia terminado com ele, Sam fez um pequeno negócio de sucesso para si mesmo. Ele construiu uma casa e celeiros e empregou pessoas com quem estudaram. Aparentemente, ele havia se mudado para a propriedade batendo de frente com a Old Mama, a solteirona excêntrica da cidade que cultivava ervas, especiarias e chá. Se houvesse um escândalo na cidade, ela tinha certeza de estar bem no centro. Hannah passou muitas tardes forçada a ajudar Mama a limpar suas camas quando seus pais a deixavam lá no verão para descansar por algumas horas. Quando ela finalmente parou na estrada de terra, a primeira coisa que ela notou foi o quão ruim estava a propriedade de Mama. A grama e as
ervas
daninhas
no
gramado
da
frente,
sempre
cuidadas
meticulosamente, estavam no tornozelo alto e crescendo. E havia um carro verde estranho estacionado na calçada. Com um encolher de ombros, ela continuou descendo a estrada, levantando poeira em volta das janelas. Ela finalmente viu a casa dele aparecer, aninhada em um imenso terreno - mais acres do que ela poderia adivinhar e uma simples cerca de postes e tábuas cobrindo os limites. Nos fundos, ela podia ver vários grandes celeiros e piquetes cheios de animais se movendo para lá e para cá. A casa em si era de tirar o fôlego. Era estilo colonial de dois andares, em branco puro e janelas com persianas. O caminho que levava à porta da frente era encantador de paralelepípedos. Ele tinha canteiros de flores verdejantes cobrindo toda a frente da casa. Havia nove janelas brilhantes na frente e três janelas adicionais espreitando pelas telhas. Era uma casa enorme e perfeita. Talvez se soubesse que ele tinha um gosto tão requintado, teria ficado com ele, riu para si mesma, estacionando o carro e respirando fundo antes de subir o caminho. Ela ficou subitamente nervosa. O que ele pensaria ao encontrá-la em sua porta depois de tantos anos? Certamente, eles se viram na cidade quando ela veio para casa passar férias. Mas mal tinham se falado. Mas que melhor escolha ela realmente tinha?
Hannah revirou os ombros, rígidos por estar dentro de um carro por tanto tempo, e bateu a aldrava de prata quatro vezes. Tudo estava em silêncio e ela se perguntou se talvez ele estivesse em alguma parte de sua propriedade. Então a porta se abriu repentinamente e lá estava Sam Flynn em toda a sua glória, nu da cintura para cima. Hannah sentiu uma pequena vibração ao vê-lo, lembranças dos quatro anos de amassos entre seus corpos atingindo seu sistema. A idade certamente combinava com ele. Ele tinha um metro e oitenta de músculo forte. Cabelos desgrenhados, embora um pouco curtos, loiros escuros e olhos castanhos dourados. E olhando para ela, um sorriso torto familiar e fácil se espalhou por seu rosto, fazendo seus olhos enrugarem nas bordas. Ele sempre teve o melhor sorriso. — Hannah, — ele sussurrou o nome dela, então pulou em sua direção, agarrando-a em um abraço de urso e girando-a em um círculo. Quando ele a colocou no chão, bagunçou seus cabelos de uma maneira fraterna. — O que diabos você está fazendo aqui? Hannah olhou para os pés, sentindo-se constrangida. — Hann, — Sam disse, parecendo sério, — o que há de errado? Hannah balançou a cabeça, olhando para cima e franzindo a testa para o olhar severo que sua presença havia colocado no rosto dele. — Posso ficar aqui por alguns dias? Sem você contar a ninguém? A cabeça de Sam inclinou para o lado, os olhos se estreitando com curiosidade. Mas quando ele falou, disse apenas: — É claro. Por quanto tempo você precisar. Eu tenho muito espaço. Ele se afastou da porta, estendendo um braço para convidá-la a entrar. Sem perguntas. Ela sabia que podia contar com ele. Logo à direita do lado de dentro da porta havia uma espaçosa sala de estar em uma cor laranja profunda com móveis pretos. À esquerda, havia uma sala de jantar formal pintada de verde. Ela duvidava que ele usasse muito isso, morando sozinho. Ele a conduziu por um corredor com algumas portas ao lado nos fundos da casa. A cozinha. Que ocupava todo o comprimento da casa. Sam sempre amou cozinhar. Ela tentou convencê-lo a ir para a escola de culinária, mas ele não foi influenciado. A
cozinha era pintada de branco com armários brancos e utensílios de aço inoxidável. Havia um conjunto de portas francesas que davam para uma varanda dos fundos e dois conjuntos de janelas que deixavam entrar uma quantidade incrível de luz. Sam caminhou descalço até um armário, pegando uma caneca e se afastando dela por um segundo. Quando ele voltou, lhe entregou uma caneca fumegante de café, o mesmo sorriso preguiçoso em seus lábios. Hannah pegou a caneca entre as duas mãos, levando-a até o nariz, respirando fundo e suspirando. — Algumas coisas nunca mudam, — disse ele. — Fique à vontade. Ande por aí. Vou pegar uma camisa. Hannah tomou um gole de café, aceitando a oferta de Sam e espiando as duas portas fechadas que encontrou no corredor. Uma delas era um lavabo quadrado com decoração moderna e paredes azuis. Atrás da outra porta havia uma escada para baixo. Ela deu de ombros, entrando na sala e encontrando uma escada que levava para cima. Ela subiu os largos degraus de madeira, olhando em direção ao parapeito e quase colidiu com Sam agora completamente vestido. Ele riu, um som divertido e profundo que ela não tinha percebido que sentia falta. — Tudo bem, bem, vamos instalá-la em um quarto. — Quando eles dobraram no canto, ele apontou para a sala no final do corredor. Pela porta aberta, ela viu uma cama enorme com uma colcha de flanela azul e verde. Hannah sorriu atrás dele. — Aquele é o meu quarto, — ele disse desnecessariamente. — Acho que você vai gostar deste, — disse ele, virando-se para uma porta branca fechada. Ele abriu a porta e ela sorriu para ele. As paredes eram de um verde pálido, harmonioso. Algo que ela chamaria de sálvia claro. A colcha era um sálvia mais profundo, com um padrão de lindas flores amarelas na antiga cama de dossel. — Perfeito, — disse ela, entrando e percebendo a janela com vista para a frente da propriedade. Havia duas cômodas brancas que combinavam com a cama e uma penteadeira antiga enorme com três
espelhos com painéis de vieiras e um pequeno banquinho com uma almofada amarela. — Achei que minhas irmãs gostariam e me visitariam com mais frequência, — disse Sam, encostando-se à porta. — Elas mal saíram da adolescência, — disse Hannah, lembrandose dos rostos gêmeos desdentados de seis anos quando ela e Sam eram obrigados a cuidar delas quando completaram dezesseis anos. — Meninos são muito mais importantes. — Morda sua língua, — Sam fez uma careta, fazendo Hannah sorrir. — Quer que eu vá pegar suas coisas? — ele perguntou, parecendo completamente à vontade enquanto ela sentia a ansiedade surgir novamente. — Não, obrigada. Eu vou buscá-las mais tarde. Não pretendia afastá-lo do seu trabalho e outras coisas. — Não tem problema, Hannah, — disse ele, sério. — Mas eu vou deixá-la se instalar. Tenho algumas coisas que preciso fazer. Vejo você no jantar, — disse ele saindo do quarto. Hannah puxou as malas pelos degraus, tomou um longo banho quente e caiu na cama, olhando cansada para o teto. Sua noite sem dormir estava finalmente cobrando e seus olhos pareciam pesados. Isso combinado com o conforto de finalmente sentir como se estivesse em um lugar seguro e ela adormeceu. Ela acordou várias horas depois ao som de panelas e frigideiras batendo na cozinha abaixo. Um estrondo alto no estômago a fez vestir uma legging e um velho moletom cinza que caia na metade das coxas. Quando ela dobrou a curva para a cozinha, encontrou Sam de costas para ela, cortando algo em uma tábua de carne. Ele estava recémbanhado com o cabelo ainda úmido e usando uma camisa de flanela preta e cinza e jeans. — O café está fresco, — disse ele, sem se virar. Hannah levou a caneca para a jarra e se serviu, saltando para sentar-se no balcão.
Sam de repente parou de picar e virou-se totalmente para ela. — Gostaria de falar sobre isso? Hannah encolheu os ombros. — Nada de especial. — Tudo bem, — disse Sam, virando-se para colocar os pimentões vermelhos, amarelos, verdes e alaranjados em uma frigideira no fogão. Hannah observou Sam se mover pela cozinha com um movimento constante e fluido. Ela se perguntou se ele cozinhava com frequência. Apenas para si mesmo? Isso pareceu muito esforço por nada. Mas talvez ele tivesse alguém em sua vida. A ideia a atingiu inesperadamente. Sam tinha uma esposa? Não era provável. Ela a teria encontrado em algum momento. Uma namorada? Ele era um homem muito atraente. E se tornou bem sucedido. Era muito provável que ele tivesse alguém com quem compartilhasse sua vida. — Eu praticamente posso ouvir essas engrenagens girando, Han, — disse Sam, sem se virar para ela. — O que está acontecendo nessa sua cabeça? Hannah deu de ombros. — Nada. Tudo. O de sempre. Sam riu, derramando macarrão de trigo integral escuro em uma panela com água fervente. — Então ouvi dizer que você conseguiu um grande trabalho na sua grande cidade maluca. Hannah sorriu. — Estava me checando, não é? — Seus pais adoram falar sobre você. Sempre o fizeram. Hannah sentiu a culpa se acalmar como um buraco no estômago. Eles não a viam há tanto tempo e lá estava ela, escondendo-se deles na cozinha de seu antigo namorado. — Sim, eu sei. Eles têm uma tendência a exagerar. É uma ótima empresa, veja bem. Mas sou apenas uma assistente pessoal. — Do CEO, — disse Sam, mexendo o espaguete, mas olhando por cima do ombro para ela. — Sim. Mas é realmente apenas um trabalho de secretária glorificado. Mas há espaço para avançar em uma empresa como essa. Se eu puder aguentar. — A palavra é que Elliott Micheals é uma verdadeira peça.
Hannah olhou para as mãos, sentindo-se dividida. Como se ela devesse defendê-lo. Mas defendê-lo por quê? Porque transaram? Isso não o tornaria menos doloroso de lidar. Os rumores sobre ele eram verdadeiros, independentemente de quão bom ele era. — Ele é, — disse ela, enchendo a xícara de café novamente, notando a sobrancelha levantada de Sam e sorrindo para ele. Um silêncio confortável se estendeu quando Sam escorreu o espaguete e o colocou em dois pratos. Ele colocou os legumes cozidos e uma pequena quantidade de molho vermelho em cima de cada um e os levou para a mesa. Ele fez um gesto para ela se sentar e lhe serviu uma salada de pelo menos quatro tipos diferentes de folhas verdes e depois encheu o copo de vinho branco gelado. Hannah brincou com a salada, derramando um pouco de vinagre balsâmico caseiro e tentando determinar quais eram os verdes. Ela não estava mais com fome, apesar de tudo parecer algo de um livro de receitas. Sam já havia comido metade da salada quando soltou um suspiro curto. Ela olhou para cima, surpresa. Sam não era de se frustrar. — Coma alguma coisa, — disse ele, gesticulando com o garfo na direção da sua salada. — Parece incrível, — disse ela, culpada. — Hannah, — disse Sam, sua voz estranhamente séria, — você parece estar definhando. Hannah baixou os olhos para a comida. O que havia de errado com ela? Ela sempre teve um apetite impressionante. Sempre teve as curvas para provar isso. Mas estar sobrecarregada, estressada e ser perseguida por alguma psicótica aleatória estava realmente pesando e ela nunca mais sentiu fome. Ela sabia que estava perdendo peso. Mas não achou que isso fosse óbvio demais. Ela sempre carregou alguns quilos a mais que podia perder. — Acabei perdendo um pouco de peso, — ela se defendeu. — Eu estive realmente ocupada.
— Besteira, — disse Sam, bebendo seu vinho. — Você perdeu cerca de dez quilos, pelo menos. Isso é muito peso, Han. Olha, eu não sei o que está acontecendo e não vou bisbilhotar, mas conheço você. Eu sei que algo está realmente errado. E seja o que for que esteja deixando você doente. Você está fugindo disso, — ele estendeu a mão repentinamente, sua palma larga, áspera e calejada repousou no antebraço dela. — Mas seja o que for, você está segura aqui, então relaxe. Coma. Beba café. Descanse um pouco. Essas coisas são impressionantes. Hannah sorriu. — Talvez eu esteja ficando feia. Caramba, — ela riu. — Você sempre será linda. Agora coma. E ela comeu. Duas porções enormes e então ela mergulhou no sorvete que ele alegou ser caseiro. Ela decidiu não pensar que isso significava que era feito com leite de cabra, porque esse nunca era um tipo de comida em que ela pudesse aceitar. Mas a baunilha rica e natural, misturada com framboesas escuras e doces, era boa demais para deixar passar. Sam descansou na cadeira, olhando-a com um sorriso. — Agora essa é a Hannah que eu lembro. Então, algum plano enquanto estiver aqui? Você planeja ir a cidade? Hannah olhou para sua tigela quase vazia, toda a brancura cremosa com pequenas manchas escuras e redemoinhos de um roxo rosado. Ela havia deixado o bilhete informando EM que não voltaria por duas semanas. Ela estava planejando ficar em Stars Landing o tempo todo? Ela não tinha certeza. Se ficasse duas semanas, quase não havia como evitar ir à cidade... e conversar com seus pais. Com toda a honestidade, ela simplesmente não tinha pensado nisso. Do que estava fugindo por duas semanas, afinal? Quando ela voltasse, os mesmos problemas a aguardariam. A gaiola de Ricky estaria exatamente onde ela a deixara vazia no balcão da cozinha. Um sentimento de mal estar se estabeleceu em seu estômago com esse pensamento. O que alguém iria querer com uma cobaia velha? Eles iriam
simplesmente matá-lo? Ou mantê-lo como animal de estimação; alguma pessoa psicopata mantendo um troféu roubado do terror que infligiu. Hannah esfregou distraidamente a tensão que crescia na base do pescoço. Não, ela não podia simplesmente acampar no quarto da irmã de Sam e depois voltar para sua vida como se nada tivesse acontecido. Ela podia sentir a pele arrepiar com a ideia de pisar em seu apartamento. Talvez ela pudesse se mudar. Ela já tinha uma quantidade decente de dinheiro guardado em apenas alguns meses. Certamente seria o suficiente para o aluguel e depósito de garantia no primeiro mês. Ela poderia ser mais cautelosa ao revelar seu novo endereço. Despistar ao voltar para o apartamento dela para que não fosse tão facilmente encontrada.
Alugar
um
apartamento
com
um porteiro 24 horas. Comprar um sistema de segurança. — Terra para Hannah, — a voz de Sam entrou em seu devaneio. Ela olhou para a sobrancelha levantada dele, o leve toque de seus lábios. Sempre divertido, sempre paciente Sam. — Desculpe. Divaguei por um minuto. Sinceramente, não sei. Não pensei direito. Vou informálo quando tiver decidido quanto tempo vou abusar da sua hospitalidade. E se deixarei alguém saber que estou aqui. — Tudo bem, — disse Sam, levantando e recolhendo suas tigelas e copos. — Sinto muito, — disse Hannah, caminhando em direção ao corredor. — Eu só preciso de uma boa noite de sono para colocar a cabeça em ordem, eu acho. Sam balançou a cabeça. — Não se desculpe. Você é bem vinda por quanto tempo precisar estar aqui. — Obrigada, Sam, — disse Hannah, sentindo seu coração apertar um pouco. Ele era realmente um dos melhores homens que ela já conheceu. De volta ao seu quarto temporário, Hannah vestiu uma camiseta velha e enorme que ela planejava usar como camisola, apesar de mal chegar ao meio da coxa. Ninguém iria vê-la. Ela dormia melhor quando suas pernas não estavam todas emaranhadas e restritas em calças. Ela
sentiu um momento de insegurança. E se ela precisasse ir ao banheiro e topasse com Sam? Mas ela afastou a ideia com um revirar de olhos. Este era Sam. Alguém que a tinha visto em todos os tipos de roupa, desde vestidos formais a biquínis a enormes calças de moletom feias. Inferno, ele a viu nua pelo amor de Deus. Deitou-se na colcha, enrolando-se sob as cobertas de lado, como uma criança. Como ela sempre fazia quando estava estressada. Apesar dos muitos quilômetros entre ela e os e-mails odiosos e as ameaças, apesar do colchão incrivelmente confortável e do sossego, apesar da segurança de ter um homem por perto... ela não conseguia acalmar sua mente ou corpo inquieto. Ela se virou e revirou quando o céu do lado de fora da janela se aprofundou do azul marinho do entardecer para o escuro da noite. Apesar de tudo, sua mente vagou em direção a EM. Ele já devia ter recebido o bilhete dela. Ele estava furioso? Confuso? Completamente desinteressado? Ela tentou se convencer de que só se importava porque queria seu emprego quando retornasse, mas sabia que estava apenas tentando mentir para si mesma. E não muito bem. Havia uma parte dela que queria saber se ele estava pensando nela, porque esperava que estivesse em sua mente ocupada. Ela esperava que fosse mais do que uma escolha conveniente. Ela esperava que fosse realmente mais do que um corpo para fazer sexo. Não deveria ter importado. Mas importava. Sexo muda. Sua mãe sempre lhe disse exatamente isso. — Sexo muda. Quando adolescente, ela sempre imaginou que isso significava que, à medida que você crescia e seus relacionamentos evoluíam, o mesmo acontecendo com ideias e o desejo sexual. Ela fez saber que uma vez que você é casado e têm filhos, o sexo não é uma preocupação tão importante quanto quando você é uma adolescente cheia de hormônios. Mas, acordada na cama, Hannah percebeu que sua mãe falava sério de uma maneira diferente. O sexo muda... tudo. Até as mulheres que ela conhecia como sua amiga Emily, que tinham uma vida sexual ótima e
saudável, estavam cientes, em raros e tranquilos momentos, de que nenhuma quantidade de pensamento moderno poderia mudar a verdade. Uma vez que o sexo fazia parte da equação, o problema se tornava muito mais complicado. Se ela estivesse sendo completamente despojada, honestamente... ela queria Elliott. Ela o queria. Na cama dela. Na casa dela. Saindo para comer com ela. Vendo filmes ruins. Organizando suas festas de negócios ridículas e depois se enroscando no sofá, sapatos espalhados pelo chão e conversando sobre os convidados e suas idiotices e depois caindo na cama e fazendo sexo doce e apaixonado. Ela o queria de maneiras que não eram possíveis. Isso nunca seria possível. Quando finalmente sentiu o sono obscurecendo as reflexões caóticas de sua mente, admitiu não estar preparada para um homem como Elliott Michaels. Ela não tinha defesas ativas. E, finalmente, sua mãe estava certa. Sexo muda. Ela acordou assustada, sentando-se imediatamente, o tipo de despertar que acontece quando você dorme um pouco e simplesmente acorda seis horas depois sem saber em que hora, dia, mês ou ano você está. O sol brilhava impiedosamente pelas janelas, fazendo-a semicerrar os olhos e fazer uma anotação mental para fechar as cortinas quando fosse para a cama da próxima vez. Ela olhou para o bonito relógio de ferro na parede ao lado da porta, um padrão fino e intrincado de ervas daninhas e pássaros, e percebeu que tinha perdido toda manhã, já era quase tarde. Assim que ela entrou no corredor, delirantemente inconsciente de seus cabelos emaranhados da cama e olhos inchados, ela sentiu o cheiro inebriante de café. Ao descer a escada, ela pensou estar ouvindo vozes, mas imaginou que era simplesmente Sam no telefone ou um rádio ou TV. Seu pé direito tocou o piso incrivelmente frio da cozinha e ela congelou.
Sam não estava no telefone. Não havia rádio ou televisão. Lá no meio da cozinha de Sam havia uma mulher. Hannah sentiu uma pontada de possessividade que afastou imediatamente. Sam não era dela há anos. A
mulher
era
adorável
de
todas
as
maneiras
suaves
e
desumanamente delicadas que ela não era. Seu rosto era em forma de coração, com grandes olhos verdes redondos e vívidos cílios, maçãs do rosto cheias e pequenos lábios rosados. Seus cabelos eram curtos, mal roçando os ombros em uma rica cor aveludada de chocolate. Ela era discreta do jeito que sempre admirara, baixa, mas não muito, com pequena estrutura óssea e magra, mas com uma curva suave no quadril e no peito que deixava ciente de que ela era definitivamente uma mulher. Ela era de tirar o fôlego. E bastante suja, Hannah percebeu. Suas calças pretas de ioga estavam cobertas de pó marrom claro do tornozelo ao joelho, como se ela estivesse jardinando. Ela também tinha sujeira nas mãos e nas unhas. Havia até uma pequena mancha encantadora em seu maxilar. Ela estava conversando, uma voz calma e feminina, todo leve e meloso, até que ela olhou para cima e viu Hannah. Ela ficou subitamente silenciosa, com a boca ligeiramente aberta, criando um O. Hannah sentiu os olhos correrem uma vez e estava dolorosamente ciente de suas pernas quase nuas e sem sutiã. Hannah viu quando um fluxo de emoções atravessou o rosto totalmente
desprotegido
da
menina. Surpresa,
claro. Então
confusão. Um rápido flash de repugnância. Antes de, finalmente, decidirse pela dor pesada, com os lábios virados para baixo. Então, Sam tinha algo acontecendo. Com esta adorável suja garota magra. Agora ela estava em sua casa, seminua na cozinha e essa garota estava sofrendo. Hannah sentiu culpa e simpatia crescerem até Sam finalmente perceber que o olhar da garota estava voltado para a porta e ele olhou. — Oh, Hannah... — ele começou, ainda sorrindo. Homem bobo, inconsciente.
Hannah levantou a mão. — Segure esse pensamento, eu não sabia que você tinha companhia. Vou me vestir. Então a garota parecia ter se recuperado, seu rosto uma completa máscara de indiferença e Hannah teve um surto de camaradagem. Bom pra você, garota. — Não, não, — disse ela, acenando com a mão pequena e com os dedos longos, — está tudo bem. Eu estava saindo, — afirmou ela entre os dentes. Mas ela se virou rapidamente e abriu as portas francesas em um flash de mulher furiosa. — Annabelle... — A voz de Sam parou quando a porta se fechou. Ele olhou para Hannah, as sobrancelhas franzidas em uma maneira estranhamente severa. — Vá, seu idiota, — disse Hannah, revirando os olhos e acenando em direção à porta. — Certo, — disse Sam, chegando à porta em dois passos. Hannah fechou a porta atrás dele, observando enquanto ele atravessava o campo com a facilidade que somente as pessoas de pernas longas podem, tentando alcançar a figura da adorável Annabelle que estava ficando dolorosamente lenta com as pernas pequenas. Hannah sentiu uma onda de pena. Talvez ela devesse ter dito a Sam para deixála em paz. Mas não. Que mulher não queria, apesar de negar até estar no túmulo, ser perseguida por um homem deslumbrante e deixá-lo consertar seus sentimentos feridos? Era tudo tão maravilhosamente dramático, tão repugnantemente romântico. Annabelle era uma garota de sorte. Hannah sentiu o ciúme diminuir e fluir para longe. Ela nunca seria o tipo de garota que teria grandes gestos românticos. Ela era o tipo de garota
que
gostava
de
trevas,
perseguidores. Sim, isso era coisa dela.
mistérios,
idiotas
e
tinha
Doze Elliott sentiu uma frustração incomum assentar em cada última terminação nervosa, em seus próprios ossos. Ela não podia simplesmente fugir. Ele precisava falar com ela. Ele precisava acalmar seu nervosismo sobre todo esse caso. Caso. Ele sentiu uma risada incomum, quase histérica, subir pela garganta com essa palavra. Caso. Ele estava realmente tendo um caso. Ele não podia chamar isso de uma de suas únicas noites ou de uma conexão. Ele era um homem casado e tinha uma mulher em sua vida que planejava manter como amante. Era tudo tão horrivelmente clichê. Ele era um homem típico, bemsucedido e arrogante. Ele sentiu que deveria ter vergonha de si mesmo. Mas o fato era que ele nunca deveria ter se casado com Dan. Como diabos isso aconteceu era um estranho borrão. Ela explodiu em sua vida, um furacão de proporções impossíveis de ignorar. Ela era uma mulher diferente então. Ou, talvez fosse mais apropriado dizer, ela usava a máscara de outra mulher. Dan era o ideal de todo homem, linda de uma maneira intimidadora, com um sorriso brilhante e uma risada rouca. Ela se meteu no círculo social dele graças ao pai e se tornou difícil de ignorar em sua multidão de vestidos vermelhos brilhantes que gritavam sexo. Ele a havia ignorado, como um homem acostumado a mulheres que queriam estar perto de homens de sucesso. Mas ela não tinha sido como aquelas outras mulheres. Ela cresceu rica, foi criada na alta sociedade. Até o jeito que ela enunciava suas palavras gritava escolas particulares e o raciocínio rápido falava do tipo de confiança que apenas as pessoas ricas podem usar prontamente. Ela era uma igual. E ela sabia disso. E sabia que os homens amavam um bom desafio. Ela chegaria, flertaria, sugeriria coisas. Então o rejeitaria quando você retornava. Ela era acessível, mas não palpável.
Foi só quando soube que estava absolutamente certa de que o tinha pelos cabelos que caiu na cama com ele. E fez isso com um abandono perversamente selvagem, com uma completa falta de timidez, que ele se viu concordando com o que ela queria. Foi triste e patético da parte dele. O sexo era tão bom que ele se casou com ela? Elliott passou a mão com raiva pelo rosto. Ele sabia que não deveria se incomodar com toda a situação de Dan. Faltavam semanas para o divórcio, tendo concordado em dar-lhe mais dinheiro do que deveria para calá-la e tirar suas garras da vida dele. Ele não estava bravo com ela, por assim dizer. Ela viu uma oportunidade. Ela pegou. Foi uma jogada inteligente dela. Mas, infelizmente, sua jogada inteligente fez dele um tolo. E foi isso que o manteve acordado à noite. Foi isso que o tornou especialmente cruel e o afastou dela. Ele não gostava de ser o peão. Mas a questão era que Dan dificilmente foi uma esposa. Mas isso era outra coisa que ele nunca teve a chance de contar a Hannah. Ela provavelmente
estava
furiosa
consigo
mesma
por
ser
a
outra
mulher. Nenhuma mulher sã e respeitosa se sentia confortável com isso. Ele respeitava isso. E ele queria esclarecer. Ela não era uma amante. No
entanto,
namorada. Elliott
então, sentiu
o
que
uma
ela
onda
era? Ela de
não
vergonha
era
sua...
com
essa
palavra. Adolescentes tinham namoradas. Homens adultos não. Elliott levantou-se e andou pelo escritório. A última coisa que ele esperava era acordar
em
seu
escritório,
com
o
pau
para
fora
e
Hannah
sumida. Novamente. Graças a Deus o telefone tocou e o acordou. Então, algumas horas depois, sem dormir, encontrar aquela nota... ele não estava de bom humor. Talvez ele estivesse exagerando. Talvez ela não estivesse fugindo dele. Talvez ela não estivesse tentando se distanciar para tentar pensar sobre isso. Poderia ser qualquer coisa. Pode ter havido algum tipo de evento ou emergência familiar.
Mas ela não tinha dito nada sobre isso a Tad. Ela podia estar doente. Mas por que não dizer algo nesse sentido na nota: Oi, desculpe. Eu estou com peste. Não quero infectar todo o escritório. Te vejo em duas semanas. Era o tipo de nota boba, mas espirituosa, que ele podia vê-la deixar para alguém de quem era próxima. Mas não para ele. Para ele, era tudo Sr. Michaels e formalidade. Ela não deixou que ele visse a pessoa sob a máscara profissional. Elliott se viu cancelando sua reunião de almoço, algo que ele só havia feito algumas vezes ao longo de toda a sua carreira profissional. Ele encontrou o número dela na ficha funcional e discou, apunhalando o dedo
nos
botões
com
força
desnecessária. Chamou. Chamou. Chamou. Chamou. Correio de voz. E nem era a voz dela na mensagem, era uma daquelas automatizadas dizendo “você ligou para esse número” e “deixe uma mensagem”. Ele suspirou, desligando. Ele disse a si mesmo para deixar para lá. Mas ele não conseguiu. Ele ligou várias vezes, sabendo muito bem que ela provavelmente estava sentada em algum lugar rindo de seu chefe quase perseguidor e de suas doze chamadas perdidas. Levou apenas algumas horas sem receber um retorno, mesmo depois de uma mensagem de voz e uma mensagem de texto para que sua frustração mudasse para preocupação. Não foi algo que ele reconheceu a princípio. Aumentou lentamente, um estranho sentimento em espiral na boca do estômago que ele culpou a sua falta de comida. Mas enquanto o dia de trabalho passava e ele tentava sem sucesso dedicar-se a tarefas que necessitavam de atenção, ela cresceu e se espalhou, até sua garganta, que de repente se sentiu tensa. Com um suspiro frustrado, ele fechou os arquivos em sua mesa e virou-se para o computador. Ele entrou com cuidado em uma conta que nunca sentiu a necessidade de analisar antes: os registros dos funcionários. Ele fez uma busca e digitou o nome dela. Hannah Clary. Um nome tão simples e bonito.
A página carregou lentamente, exibindo sua carta de apresentação e formulário de inscrições originais. Uma lista de referências com anotações de quando Sally telefonou. Sua contratação completa com documentos, números de telefone e endereços. Ele imprimiu as páginas e entrou no escritório dela para pegar as cópias da impressora. Abrindo a porta, ele sentiu um leve traço dela, macio e limpo como talco de bebê. Ao longo do tempo, ela tornou o espaço mais seu. Havia uma planta aranha e uma língua da sogra na borda do armário perto da janela. Havia um suéter preto nas costas da cadeira e uma única moldura na mesa. Ele se aproximou, pegando. Era uma moldura prateada pesada, com um padrão em redemoinho e nós. A foto era da família dela, ele percebeu e se perguntou como não havia percebido isso antes. Três pessoas. Havia um homem alto, com cabelos castanhos curtos, óculos com armação de chifre e um rosto forte e experiente, abraçando uma mulher, uma versão mais velha de Hannah, toda suavidade e longos cabelos negros. Ela tinha torcido em uma única trança lateral grossa. Como Hannah fez uma vez. A mão dela estava apoiada no ombro de uma menina. Talvez ela tivesse cinco ou seis anos de idade, Hannah, com um sorriso bobo e dentes perdidos e um rosto gordinho. Seu cabelo era comprido na época, preso em tranças. Ela usava shorts jeans e uma camiseta branca manchada
com
o
que
parecia
tinta. Havia
manchas de vermelho e azul em seus braços e uma pitada de verde acima de uma das sobrancelhas. Eles estavam em frente a uma velha placa de madeira da cidade, pintada de branco com letras em azul e prata em negrito. Star Landing. Elliott nunca pensou muito sobre sua infância. Ele nunca teve muito disso. Mas havia Hannah, uma criança feliz, coberta de tinta, com dois pais orgulhosos. Ele se perguntou como ela era. Uma garota feminina ou uma moleca. Alguém que passava os dias dentro de casa com livros e artesanato ou andava com as crianças do bairro construindo fortalezas
e
perseguindo
bolas. Ele
podia
vê-la
como
ambas
honestamente. Ela tinha o cérebro de alguém que lia muito. E pela aparência do pai, era uma característica herdada. Mas havia um olhar
despreocupado, hippie e infantil em sua mãe que falava de ar livre e comunidade. Ele sacudiu a mente do devaneio e pegou os papéis da bandeja da impressora. Ele disse a Sally para cancelar seus compromissos porque ficaria fora do escritório pelo resto do dia. E, apesar de seu bom senso, ele dirigiu para o endereço residencial dos formulários de emprego dela. Era um prédio antigo de tijolos vermelhos em um bairro normal o suficiente para ele estar mais consciente do ambiente, mas não o bastante para se preocupar com o carro ou procurar a carteira. A porta da frente tinha campainhas e ele tentou a dela duas vezes antes de perceber que a porta da frente nem estava trancada. Não era exatamente o lugar mais seguro para uma mulher solteira e atraente viver. O apartamento dela ficava alguns andares no meio de um corredor. Ele bateu rapidamente na porta dela, tentando ouvir qualquer som de vida
lá
dentro. Mas
não
havia
nada. Nenhum
movimento. Sem
televisão. Nada. Ela não estava lá. À sua direita, uma porta se abriu e uma mulher idosa com cabelo grisalho e olhos azuis colocou a cabeça para o corredor. — Você está procurando por ela? — ela perguntou, seu rosto comprimido de preocupação. — Quem é você? Eu sei que ela não tem namorado. Elliott tentou oferecer um rosto menos zangado, com o lábio curvado para o lado. Apenas o suficiente para parecer amigável, mas sem parecer que estava dando um show. — Não. Eu sou o empregador dela, — ele forneceu e notou que a cautela da mulher diminuiu um pouco. — Recebi uma nota de que ela faltaria ao trabalho por duas semanas, mas ela não deixou nenhuma razão para isso. Eu estava preocupado. — Ah, — disse a mulher, entrando no corredor na metade do caminho com sua calça cor de lavanda e moletom branco. Uma pequena cruz de ouro pendia do pescoço dela. — Sim, é estranho. Ela geralmente é tão quieta. Mas assim que ela chegou ontem à noite, tudo o que ouvi foi barulho. E então ouvi a porta dela abrir bem cedo esta manhã. Eu levantei, não durmo muito mais na verdade. Então me levantei e olhei
para fora, e ela estava no corredor com algumas malas e alguns copos de café. Parecia que ela estava indo viajar para algum lugar. — Hmm, — Elliott disse, tentando parecer indiferente. — Isso é estranho. Tudo bem, obrigado pelo seu tempo. Se ela voltar, por favor, diga para ela me ligar, — disse ele, pegando automaticamente um cartão de visita e entregando a ela. — Eu só quero ter certeza de que ela está bem. Mas ele não esperaria que a vizinha intrometida telefonasse para ele e dissesse que ela finalmente voltou para casa. Ele precisava encontrá-la. Ele precisava resolver as coisas. Tirar tudo isso da cabeça dele, tirá-la da cabeça dele, para que ele pudesse se concentrar. Sem pensar muito, ele fez uma mala, disse a Sally para cancelar seus planos para a próxima semana e entrou no carro. Ele não tinha muito para continuar. Mas uma rápida pesquisa na Internet sobre Stars Landing deu-lhe a localização geral de uma cidade muito pequena na zona rural da Pensilvânia. Provavelmente, seus pais ainda moravam lá. Ele não conseguia imaginar por que alguém viveria em uma cidade pequena a vida inteira e depois se mudaria aos quarenta ou cinquenta anos. Já passava das cinco quando ele finalmente entrou na estrada. E ele passou muitas horas cansativas de faróis brilhantes à sua frente. Ele alcançou o trânsito assim que atravessou Jersey e ficou preso no para e arranca até quase oito horas da noite. Quando o GPS lhe disse que precisava virar à direita e depois à esquerda, e ele estaria no seu destino, já era madrugada escura. Ele amaldiçoou, esfregando os olhos privados de sono e seguindo as instruções. Então ele viu. A mesma placa branca com letras azuis e prateadas. Bem-vindo a Stars Landing. Ele se preocupou, talvez um pouco tarde demais, no que diabos ele estava pensando. Ele deveria ter encontrado um hotel em uma das cidades mais movimentadas por onde passou. Ele certamente não
encontraria Hannah a essa hora. Quais eram as chances de uma cidade como essa ter um lugar aberto em que ele pudesse ficar? Ele dirigiu por colinas e campos durante horas antes de chegar à cidade natal de Hannah. Ele não estava preparado para quão pequena era a cidade. Parecia diretamente saída da América rural da década de 1930. Havia uma rua principal que, ele notou com uma risada, se chamava Main Street. De cada lado, havia alguns pequenos negócios de família: lanchonete, pequeno mercado, livraria, bar e outros. Tudo escuro, fazendo a cidade parecer sinistra e abandonada. Ele não estava acostumado a encontrar coisas fechadas. Em todos os lugares que frequentava, podia encontrar lojas de conveniência e restaurantes abertos a noite toda. Ele dirigiu alguns momentos, passando por velhos prédios históricos, perfeitamente conservados. Uma biblioteca. Um museu. Coisas de cidade pequena nessas grandes estruturas antigas. Então ele viu uma luz à frente, um pouco abaixo de todos os outros lugares, situada em uma esquina. Uma pousada. Com as luzes acesas. Elliott estacionou o carro, mas deixou as malas, esperando encontrar uma porta trancada. O prédio estava em ruínas, mas era lindo, uma antiga casa vitoriana com varandas nos dois níveis. Sua tinta branca estava lascada, assim como a tinta verde em todas as persianas. Havia floreiras transbordando de flores brancas e vermelhas sob cada janela. Elliott virou a maçaneta da porta e a encontrou destrancada, abrindo com um sinal sonoro. Ele entrou na sala principal, encontrou-se imediatamente em frente a uma grande escadaria de madeira e uma sala à sua esquerda decorada com espreguiçadeiras desbotadas e cadeiras de capitães. Um fogo ainda estava queimando na lareira. À direita, havia uma área de recepção, uma grande área em forma de caixa, aberta apenas ligeiramente de um lado para os funcionários entrarem e saírem. O balcão era grande de madeira polida profunda. Nele estava o aparelho de fax e o computador, telefone fixo e papelada. Na parede atrás,
havia uma prateleira com chaves e uma seção de cubículos cheios de vários itens - roupas, correspondência. Ele ficou na recepção, ouvindo um relógio em algum lugar. Então ele ouviu o corredor ao lado da escada. Pelo som disso, da cozinha. — Espere, espere... já estou chegando. Merda, — uma voz feminina amaldiçoou e foi seguida por um som estridente. Então ela irrompeu no corredor, toda energia frenética. Ela provavelmente tinha mais ou menos a idade de Hannah, com cabelos ruivos e presos em um rabo de cavalo. Ela tinha um rosto afiado, quase felino, com nariz fino e reto, lábios pequenos e penetrantes olhos azuis. Ela tinha o corpo que você costumava ver em revistas de moda, alta e esbelta, sem muita curva feminina. Ela usava jeans azul claro de pernas justas e um suéter branco leve. Chaves tilintavam de um gancho em seu quadril enquanto ela corria atrás da mesa, uma enorme xícara de café transbordando e derramando pela mão. — Ai, caramba, — disse ela, apertando a mão e limpando-a contra a perna. De perto, Elliott notou uma mancha muito leve de sardas sobre a ponte do nariz e quão impossivelmente vermelho seus cílios eram. Ela ajeitou os papéis e finalmente olhou para ele com um sorriso falso de hospitalidade. Mas o sorriso vacilou um pouco quando ela olhou para ele e foi substituído por um sorriso genuíno e feminino. — Bem, então. Sinto muito por todas as maldições. Tem sido uma daquelas noites. Enfim. Olá. Bem-vindo. Meu nome é Emily. Em que posso ajudálo? Elliott pegou a carteira no bolso. Ela tinha uma voz um pouco mais profunda. Rouca
poderia
chamá-la,
embora
feminina. Ele
podia
praticamente sentir a energia dela vibrando como uma colmeia do outro lado da mesa. — Eu preciso de um quarto, — disse ele, colocando o cartão de crédito em cima da mesa. Uma das sobrancelhas vermelhas perfeitamente arqueadas de Emily ergueu-se de uma maneira que sugeria “bem jura”. Em vez disso, ela deu seu falso sorriso forçado novamente e pegou o cartão.
— Claro, senhor... Michaels. — Havia um lampejo de algo em seus olhos,
o
reconhecimento
rapidamente
se
afastando. —
Alguma
preferência do tipo de quarto? Vista frontal da cidade. Vista traseira do bosque... — Apenas uma cama king size, — ele esclareceu enquanto ela digitava no computador. — Certo, — ela disse, sem olhar para cima. — E você sabe quanto tempo vai ficar para pagar antecipadamente ou gostaria de pagar no checkout? — Não sei quanto tempo ficarei na cidade. — Tudo bem, pague no check-out. Então, o que você está fazendo na histórica Stars Landing? — ela perguntou de uma maneira confiante e ensaiada, do jeito que as pessoas fazem quando dizem algo várias vezes há anos. — Negócios, — disse ele, não mentindo inteiramente. Uma das sobrancelhas de Emily se torceu e seu lábio virou para o lado, como se ela estivesse reprimindo o desejo de chamá-lo de mentiroso. Não havia negócios em Stars Landing. — Certo, bem, — disse ela, apertando um último botão no computador e girando para tirar uma chave de um alfinete na parede atrás dela, — você ficará no quarto seis, — ela voltou do balcão e olhou para o chão ao lado dele. — Você gostaria de sair e pegar sua bagagem? — Eu vou buscá-la mais tarde, — disse ele, notando como sua voz soava
ranzinza. Pelo
sorriso
irritantemente
falso
em
seu
rosto
novamente, ela notou também. — Tudo bem então, bem por aqui, — disse ela, subindo os degraus em um ritmo de pernas longas. Chegaram a um patamar, um espaço com papel de parede em flor de cerejeira e quatro portas fechadas. Quartos, ele assumiu. Eles viraram uma esquina e ela colocou a chave em uma porta branca com um seis vermelho pintado nela. Ela abriu a porta e ficou na entrada, um braço estendido para ele entrar. Uma vez que ele entrou, ela o surpreendeu ao segui-lo. Ela acendeu a luz na mesa de cabeceira, iluminando o quarto escuro. As paredes eram de um azul
profundo com flor de lis dourada. A colcha era do mesmo azul, com lençóis brancos aparecendo. — Este é o seu armário, — disse ela, abrindo a porta e puxando uma corda para iluminar o pequeno armário branco com tábua e cabides de madeira. — E por aqui, — disse ela abrindo outra porta e acendendo a luz, — é o banheiro. Toalhas limpas estão no balcão, assim como produtos básicos de cuidados pessoais. Se você precisar de mais alguma coisa, basta pegar o telefone e pressionar o número um e eu trarei rapidamente. — Ela fez o discurso enquanto lentamente voltava para a porta do corredor. — Tudo bem, eu vou deixá-lo se instalar. Tenha uma ótima estadia, — disse ela, fechando a porta antes que ele pudesse responder. Porque ela sabia que tudo o que conseguiria seria a frieza dele. Ela não aguentaria isso. Ele sentiu um sorriso puxando seus lábios. Ele respeitava isso. Ele pegou suas malas, tomou banho e se deitou na cama, inquieto, imaginando qual seria o próximo passo. Ele iria apenas andar pela cidade esperando esbarrar nela? Mesmo se ela estivesse em Stars Landing... era provável? Ele poderia procurar os pais dela. Parecia o lugar em que ela provavelmente ficaria. Ele caiu no sono, inquieto, apesar de a cama ser confortável e o mundo lá fora estar surpreendentemente quieto. Ele acordou e se vestiu, desejando de repente que tivesse colocado na mala algo diferente de um terno. Ele com certeza se destacaria como um polegar machucado em uma cidade pequena, vestindo um terno de três peças. Mas era tudo o que ele tinha, então se vestiu como de costume e desceu as escadas, a estalagem cheia de barulho em completo contraste com o silêncio da noite anterior. Elliott caminhou para a sala de jantar, esperando que ele pudesse pegar uma xícara de café para levar e seguir seu caminho. Ele não esperava tanto movimento. A estalagem não poderia ter mais de oito quartos, mas havia pelo menos trinta pessoas na sala de jantar. Algumas
das mesas, certamente turistas, tagarelavam animadamente. As outras mesas, os habitantes locais, ele assumiu, ficaram calados ao vê-lo parado na porta. Como um polegar machucado, ele pensou ironicamente. Do canto da sala, ele viu Emily, o cabelo dela em outro rabo de cavalo arrumado e vestida com calças pretas e uma camisa preta apertada que destacava ainda mais sua leveza. — Sente-se, Sr. Michaels, — ela gritou do outro lado da sala de jantar, — alguém lhe atenderá. Elliott lutou contra o desejo de virar e sair. Ele não queria se sentar. Ele queria um café para viagem. Mas o olhar interessado de todos os clientes o impediu de fugir e ele se sentou em uma pequena mesa destinada a dois com uma toalha de mesa floral. Um momento depois, um jovem garçom, tudo sobre ele, apertado e imaculado, largou uma xícara de café e serviu sem que ele tivesse pedido. Ele puxou um cardápio do nada e o colocou na frente dele. — Deixe-me saber quando estiver pronto, — disse ele, eficiente, não tagarela ou excessivamente amigável. Ele pertencia a um hotel elegante em Paris, não a uma pequena pousada da cidade. Mas Elliott apreciou a falta de familiaridade. Ele não precisava fazer amizade com todos os habitantes locais. Ele acabou pedindo um grande café da manhã com ovos mexidos, bacon e batatas fritas, descobrindo que estava realmente faminto. Ele tomou quatro xícaras de café e deixou uma gorjeta agradável para o jovem garçom, que a aceitou com um “obrigado”, que ele assumiu seria usado se lhe deixassem cinquenta centavos ou os cinquenta dólares que Elliott deixou. Mas antes de sair, percebeu que o jovem havia lhe dado uma xícara de café para viagem sem que tivesse pedido. Sempre rendia ser generoso com qualquer pessoa do setor de serviços. Stars Landing era uma agitação de atividade enquanto ele descia a rua principal. As pessoas entravam e saíam das lojas com sacolas, grupos ficavam nas calçadas ou até nas ruas conversando, todos rindo e sorrindo. Felizes, gente de cidade pequena.
Ele esperava muitos olhares e, apesar de ganhar muitos olhares curiosos, também recebeu dezenas de “olás” agradáveis, como se pertencesse ao local, como se ele não fosse um estranho de terno em seu território por razões desconhecidas. Acabara de passar pela lanchonete, com as grandes janelas cheias de famílias tomando café da manhã, apesar de ser um dia de semana. Ele viu um posto de gasolina com uma oficina mecânica que havia perdido na noite anterior, agradecido por estar com pouco combustível. — Com licença, bonito, — uma voz chamou animadamente. Ele continuou andando, sem registrar que estava sendo dirigido a ele. — Vá devagar com uma dama, eu não sou mais frango da primavera, — ela chamou, mais perto desta vez e Elliott parou, percebendo que estava falando com ele. Ele se virou para encontrar uma mulher de meia idade com uma constituição um pouco pesada e uma longa trança preta nas costas. Seu rosto era invulgarmente sem rugas, a pele naturalmente tensa e um marrom profundo e rico. — Aí está você. Bom. — Posso ajudar? — Elliott perguntou, sua voz uma visão mais amigável do que na noite anterior para a bonita Emily. A mulher riu, fazendo com que pelo menos cinco cordões de contas batessem contra o peito. — Oh, você não precisa fazer o tipo 'melhor que eu seja legal com a velha' comigo. Eu sei que você é um homem azedo normalmente. — Eu te conheço? — ele perguntou, sua voz seu tom cortante habitual. — Oh, céus, não. Não. Como você pôde pensar isso? Eu nunca te vi antes nem você a mim. Não. Eu sou Maude. Maude Mays. Eu sabia que você estava aqui ontem à noite, mas era uma hora não natural para vir conversar. Então, eu apenas esperei. Enfim. A casa dos Clary é para o outro lado. Voltando para a pousada. Vire à direita na próxima rua. Diz Pine Berry Lane. Eles moram na catorze, — disse ela, virando-se como se fosse se afastar. — Espere... como você...
— Oh, querido, — disse ela, olhando por cima do ombro para ele, mas avançando. — Eu sei tudo. Elliott balançou a cabeça com a estranheza. Como alguém poderia saber por que ele estava lá? Quem ele estava procurando? Seja qual for o motivo, ele se virou e voltou para a rua que Maude Mays havia indicado. Ele chegou ao numero catorze, uma bonita e elegante cabana com um caminho de paralelepípedos colorido em arco-íris até a porta da frente. Ele avançou rapidamente, batendo três vezes antes que pudesse perder a coragem. A porta se abriu rapidamente como se alguém tivesse acabado de chegar enquanto ele caminhava. Na porta aberta estava a Sra. Clary, seu cabelo preto em um coque bagunçado com duas agulhas de tricô saindo dele. Ela sorriu para ele, automaticamente encantadora e gentil. — Oi, posso ajudá-lo? — Eu... Humm... sim. Estou procurando por Hannah, — disse ele, sentindo-se como um adolescente perguntando aos pais se poderia levar a filha única para um encontro. Um vinco se formou entre as sobrancelhas da Sra. Clary. — Sinto muito, mas Hannah não mora aqui. Ela não mora há muitos anos. — Oh, — Elliott disse, seus ombros afundando. — Eu achei que ela tinha vindo visitá-los. Minhas desculpas, — disse ele e seguiu seu caminho antes que ela pudesse comentar mais. Ela fechou a porta e ele a imaginou indo direto para o telefone ligar para Hannah. Eles não a tinham visto, ele percebeu enquanto voltava para a estalagem. Ela não estava em Stars Landing. Ela não estava no trabalho. Ela não estava no apartamento dela. Onde diabos ela estava? Sua ligeira preocupação do dia anterior aumentou para um medo real e tangível. O que estava acontecendo? Ele fechou a porta da frente da estalagem com muita força, fazendo alguém que estava sentado lendo na área de estar pular e olhar. Ele caminhou em direção à escada apenas para ser agarrado pelo braço.
— Não tão rápido, — a voz de Emily o encontrou e ele se virou rapidamente. Os olhos dela pareciam zangados, as feições sérias. — O que diabos você está fazendo procurando por Hannah? Elliott sentiu um aperto no estômago. Deus, o que ele havia arranjado? Emily não muito gentilmente o puxou de volta para a recepção, verificando antes de falar novamente. — Eu fiz uma pergunta. Quem diabos é você? — Eu sou Elliot Michaels. — Elliot Michaels. Eu sei. Eu verifiquei. Espere. Oh. EM. Você é EM. Como o local. Como o local onde Hannah trabalha. — Um olhar de preocupação sincera cruzou seu rosto. — O que está acontecendo? Onde está Hannah? Elliott passou a mão pelos cabelos. — Eu não sei. É por isso que estou aqui. Ela deixou um bilhete ontem dizendo que ficaria fora por duas semanas. Sem motivo. Ela não atende ao telefone. Ela não estava em casa. Estou preocupado. As sobrancelhas de Emily se levantaram um pouco. Ela sabia que era mais do que ele procurando sua funcionária. Ela era uma jovem esperta e inteligente. — A mãe dela não conseguiu entrar em contato com ela. E mesmo eu não tenho notícias dela há dias, — ela forneceu e Elliott ficou sabendo que essa mulher era uma das amigas de Hannah, alguém com quem ela deve ter crescido. — Isso não é como ela. Ela sempre responde. Ela não gosta de preocupar ninguém. Havia algo de errado com ela? — Ela tem estado... estranha ultimamente. Não sei. Parece chateada com alguma coisa. — Merda, — Emily disse, pegando o telefone e digitando um número. Ela deixou tocar e desligou, frustrada. — Você parece conhecê-la, — disse Elliott, esperançosa, — onde ela iria?
Emily deu de ombros, erguendo as mãos em derrota por um momento antes que uma luz atingisse seus olhos. — Sam. Ela iria para Sam. — Quem é Sam? — ele perguntou, tentando não parecer ciumento. — O ex dela de quando eles eram crianças. Ela provavelmente iria para lá. E ele não a odeia. Eles sempre foram muito próximos. Eles não conversam há muito tempo, mas se algo está errado e ela não quer ser incomodada sobre isso, ela o procuraria. — Onde ele mora? — Elliott perguntou, pegando uma caneta e um pedaço aleatório de papel da mesa. — Aqui. Ele mora aqui. Bem nos arredores. Espere, eu vou pegar o endereço. Ele se sentiu estranhamente energizado dirigindo pela longa estrada de terra que Emily jurou que acabaria por levar à fazenda deste Sam Flynn. Você saberá quando vir. Ele não tinha certeza do que isso deveria
significar. Ele
imaginou
que
ela
quis
dizer
que
era
impressionante. Apesar de seus esforços para não fazê-lo, ele se perguntou por que Hannah correria para essa pessoa Sam. Emily disse que eles mal tinham contato há anos. Mas ela também disse que eles ficaram juntos desde os doze ou treze anos ou algo assim. E terminaram quando Hannah foi para a faculdade. As raízes de Sam estavam enterradas profundamente e Hannah precisava abrir as asas. Parecia que essa era a única razão para a dissolução do relacionamento deles. Cinco ou seis anos era muito tempo para passar com alguém. E se ela correu de volta para ele, não havia como ele a reconquistar com a ideia de ser sua amante. Ele não podia competir. Elliott xingou, agarrando o volante e forçando-se a não pensar nisso. Havia alguma outra razão pela qual Hannah voltou para ele, especialmente sem contar aos pais ou à sua melhor amiga. Ele descobriria o que era, consertaria e a levaria de volta com ele. Emily estava certa. Ele sabia disso no momento em que surgiu, o impressionante colonial em um enorme lote de terra. Tudo era novo,
caro. Aparentemente, Sam Flynn estava se saindo bem. O que não era uma tarefa fácil em uma cidade pequena. Ele desligou o motor, subiu o caminho e bateu cinco vezes na aldrava da porta antes que seus nervos o dominassem. Ele ficou ali por um longo e arrastado minuto antes que a porta finalmente se abrisse. Irracionalmente, imaginara Hannah atendendo a porta, surpresa, mas de alguma forma feliz em vê-lo, embora ela nunca admitisse. Mas este era Sam Flynn. Todo desgrenhado, cabelos loiros escuros e olhos castanhos calorosos. Ele
usava
uma
camisa
de
flanela
preta
e
vermelha
completamente desabotoada, com uma camiseta branca por baixo e jeans azul desbotado. Assim que a porta foi aberta, um enorme sorriso irônico se espalhou pelo rosto do homem seguido de uma risada gutural. — É claro, — ele disse, balançando a cabeça e depois se afastou, acenando para ele entrar. Elliott levantou uma sobrancelha, mas seguiu o homem para dentro, através de sua casa bem decorada em direção à parte de trás que dava para uma grande cozinha. Sam ainda não tinha dito mais nada, mas ele pegou duas xícaras de café do armário, encheu uma e entregou a ele o tempo todo com um sorriso puxando seus lábios. — Espere um minuto, — disse Sam, praticamente saltando para o hall de entrada, onde ficou na base dos degraus e gritou para cima, sua voz brincalhona e provocante, o tipo de tom que você usava com alguém com quem cresceu. — Oh, Hannaaaah, — ele chamou e prontamente ignorou o que sua voz abafada disse lá de cima, — você pode vir até a cozinha por um minuto? — ele perguntou, voltando e encostando-se na geladeira. Elliott podia ouvir passos acima, um som batendo e uma maldição, e então seus passos nas escadas. Seu coração estava batendo num ritmo absurdamente rápido. Sobre o que ele estava tão nervoso? Talvez fosse apenas alívio. Um alívio profundo por ele realmente tê-la encontrado e que ela estava bem. E, admitiu com relutância, que não parecia que nada estava acontecendo entre ela e esse cara Sam.
Hannah entrou pela porta, com os pés descalços em jeans azul slim e uma camiseta branca justa. Seus longos cabelos negros e brilhantes estavam soltos, caindo em direção à cintura. O rosto dela estava limpo, ele notou, percebendo que nunca a tinha visto completamente sem maquiagem. Ela sempre tinha um pouquinho de rímel ou batom, alguma coisa. Ela parecia mais jovem, seus olhos cinzentos mais brilhantes. — O que há de tão impo... — ela parou, seus olhos se arregalando comicamente e sua boca se abrindo. Alguns segundos passaram antes que ele encontrasse sua voz. — Hannah, — disse ele, o nome dela parecendo alívio e acusação. Do final da sala, Sam riu e Elliott pôde ver seu sorriso obviamente fácil se espalhar pelo rosto novamente. — Tudo bem. Bem, então, — a voz de Sam quebrou o silêncio constrangedor, parecendo divertido. — Eu vou... a qualquer lugar, menos aqui, — ele disse e desapareceu em algum cômodo desconhecido da casa. Embora ele definitivamente estivesse na casa, Elliott conhecia... um tipo protetor de irmão mais velho, com certeza. — O que você está fazendo aqui? — A voz de Hannah acusou, parecendo confusa, mas com raiva. — Essa é uma ótima pergunta. Eu poderia perguntar a mesma coisa, — disse ele, tomando um gole de café e pegando o copo extra que Sam serviu e estendendo para ela. Ela olhou para ele como se não soubesse o que era por um momento, antes de pegá-lo e segurá-lo entre as duas mãos na frente do peito. Uma barreira. Hannah fechada. — Não, você realmente não pode perguntar a mesma coisa. Esta é a minha cidade natal. Esta é a casa do meu amigo. Não é estranho que eu esteja aqui. É, no entanto, extremamente estranho você estar aqui. Elliott quase sorriu. Sua Hannah altiva e defensiva. — Ninguém sabia onde você estava, Hannah. Tad não tinha noção. Sua vizinha tinha uma história sobre você sair muito cedo e parecer preocupada. Você não atendeu ao telefone... — Está sem bateria, — disse ela, parecendo irritada.
— Então, carregue, — ele cortou, sua voz soando como um professor castigando um aluno. — Eu estava preocupado. Então vim para Stars Landing. E uma senhora aleatória na rua que nunca vi antes me disse onde seus pais moravam... — Maude Mays, — Hannah forneceu, automaticamente. — Ela é... ah... a psíquica da cidade, — ela admitiu, parecendo envergonhada. Elliott sorriu um pouco. Isso explicava... e não... explicava o que aconteceu. — De qualquer forma eu fui lá... — Você foi ver meus pais, — sua voz disparou, soando zangada, mas mais preocupada do que qualquer outra coisa. — E eles também não tinham notícias suas. Então, voltei para a Pousada... — A estalagem, — Hannah corrigiu, arregalando os olhos novamente. Ele podia ver os pensamentos girando em sua mente. Ele podia praticamente ler o nome “Emily” em seu rosto. — E fui abordado pela garota lá, — disse ele, um leve sorriso puxando seu lábio. — Emily, — Hannah forneceu. — Certo. Emily. Ela é uma verdadeira peça, — ele meditou. — E ela tinha acabado de saber por seus pais que também não conseguiam entrar em contato com você. E Emily tentou ligar para você também. Então, ela percebeu que você provavelmente estaria aqui, então ela me deu o endereço. — Ela te deu o endereço, — repetiu Hannah, estupidamente, fazendo parecer uma traição. — Todo mundo está realmente preocupado com você, Hannah, — disse Elliott, sua voz suave. — Eles nem deveriam saber, Sr. Michaels, — ela cuspiu o nome dele como veneno. — Eu disse que estava tirando férias de duas semanas, droga. Mais nada. — Não é mais nada, — sua voz ficou calma e ele resistiu, lembrando-lhe que ela ainda não tinha direito a férias de duas
semanas. Ele podia imaginar a raiva subindo em seu rosto com aquele comentário. — Você está fugindo de alguma coisa. — Não me diga o que estou fazendo, — ela retrucou. — Obrigada pela sua preocupação. Vou entrar em contato com meus pais, Emily e Tad e até a intrometida vizinha Sra. Não lembro o nome e esclarecer as coisas, — disse ela, batendo a caneca de café no balcão. — Vejo você quando voltar ao trabalho, — disse ela, virando-se para sair da sala. Elliott pousou a caneca e gentilmente a agarrou pelo braço. Seu corpo inteiro parou com o contato e ele caminhou atrás dela, seu corpo um mero sussurro dela. — Eu, — ele declarou significativamente, — estava preocupado com você, Hannah. O ombro dela relaxou levemente e a cabeça caiu para a frente. — Obviamente, não é coincidência que você tenha fugido para cá na noite seguinte depois que dormimos juntos, — disse ele, deslizando a mão pelo braço dela em direção ao ombro, onde passou a mão pelo cabelo dela. — Eu não tive a chance de falar com você sobre... — Não há nada sobre o que falar, — ela interrompeu apressadamente, rapidamente tentando descartá-lo. Elliott se inclinou para frente, os lábios roçando ao lado da orelha dela. — Nós dois sabemos que isso não é verdade. — Ele resistiu ao desejo de virá-la para encará-lo, mas seu constrangimento era tangível, uma aura vibrante em todo o corpo. Ela não era alguém que gostava desse tipo de conversa e ele estava disposto a poupar-lhe o constrangimento de ter que enfrentá-lo, porque ele também não era muito bom em comunicação. — Isso não vai acontecer novamente. — Que foi exatamente o que você disse a si mesma na primeira vez, não foi? — ele perguntou, e ela endureceu. — Isso vai acontecer novamente. E novamente. E novamente. Se tiver algo a dizer sobre isso. Mas precisamos conversar sobre isso como adultos. — Eu não quero falar sobre isso. — Mas você me quer, — disse ele, despreocupado com o desconforto dela, virou-a para encará-lo e levantou seu queixo com o
polegar. — Diga-me, — ele insistiu, parecendo mais carente do que gostaria. —Sim—, ela respondeu, olhando para baixo. Elliott viu um rosa surgir em suas bochechas, completamente encantador. Antes de falar novamente, ele se inclinou rapidamente e deu um beijo gentil nos lábios dela. Os olhos dela dispararam para ele rapidamente, chocados. — Então vamos falar sobre isso, — disse ele, agarrando a mão dela e puxando-a em direção à mesa. Ele
nunca
esteve
em
posição
de
exigir
uma
melhor
comunicação. Ele sempre tivera mulheres querendo se sentar e “conversar” sobre o destino de seus relacionamentos (ou a falta deles). Parecia estranho e forçado. Ele estava em terreno estranho e de alguma forma estava liderando as tropas. O rosto de Hannah estava fixo em sua xícara de café, mas seus ombros estavam puxados para trás e altos. — Essa coisa conosco, — ele começou, estremecendo visivelmente a palavra “conosco”, — se formos honestos, não vai parar. — Tem que parar, — Hannah interrompeu, olhando por um momento, o queixo erguido e os olhos ferozes. — Mas não vai, — ele balançou a cabeça, sorrindo um pouco. — Estamos em contato próximo o dia todo e a noite toda... — Você pode me transferir, — Hannah sugeriu, seu tom infeliz com a perspectiva. Não importa quais sejam seus problemas com ele, ela gosta do seu trabalho. E ela era boa em seu trabalho. Honestamente, ele também não queria perdê-la como funcionária. Ela era a assistente mais competente e dedicada. Seu orgulho não lhe permitiria fazer nada menos que um trabalho impecável. — Não, — ele disse, uma palavra final sobre o assunto. — Não há razão para não sermos colegas de trabalho e depois algo fora do trabalho. — Um rubor correu para suas bochechas e ele quase riu, sabendo que ela provavelmente estava pensando no mesmo que ele - que eles já estavam fodendo no trabalho. — Olha, tenho a sensação de que tudo isso é novo para você - a coisa toda casual. Mas não precisa afetar o trabalho.
— O sexo muda, — ela murmurou quase para si mesma. — Não precisa mudar nada. Nós dois somos profissionais. Podemos separar, se quisermos. E eu quero. Ele a observou por alguns segundos, esperando, esperando algum tipo
de
resposta
dela. Seu
terno
estava
começando
a
coçar,
desconfortável. Isso ainda era tão estranho para ele. Percebendo que ela não estava prestes a dizer nada, ele aproximou a cadeira da dela - seus joelhos pressionando os lados de suas coxas. Seu corpo inteiro ficou tenso. Um longo momento se passou antes que ele afastasse os cabelos macios do rosto, colocando a mão sob o queixo e esperando que ela levantasse os olhos para ele. Quando ela o olho, ele viu a hesitação; seu desejo lutando com sua prudência inata. — Diga sim, — ele disse, sua voz mais suplicante do que jamais ouvira. — Sim, — ela disse um segundo depois.
Treze Sim? Sim? Que diabos ela estava pensando? Concordar com um caso certamente não ajudaria a situação. Ela nem teve a chance de descobrir o que faria sobre toda a situação, pelo amor de Deus. E então lá estava ele. Hannah tinha gritado com Sam quando ele a chamou, informando que ela não era um cachorro que ele poderia convocar. Mas desceu de qualquer maneira, batendo o dedo contra uma cômoda e derrubando um livro no chão ao sair do quarto. E então lá estava ele. Por uma fração de segundo, ela honestamente nem registrou o que estava vendo. Mas o sorriso satisfeito e jocoso que se espalhou pelo rosto de Sam a trouxe de volta ao momento. Elliott Michaels estava na cozinha de Sam. Não era um algo que ela poderia imaginar. E ainda... lá estava ele. Em um terno de três peças, parecendo cansado e aliviado. Ele tinha se preocupado com ela? Parecia improvável. Então o nome dela saiu de seus lábios - familiar demais, falando de intimidade, lembrando-a (e informando a Sam) de que ele a conhecia muito bem. Uma vez que Sam se desculpou, ela podia sentir seu estômago todo estranho e nervoso, combinando com o batimento irregular de sua pulsação em seus ouvidos. A última coisa absoluta que ela precisava era ficar sozinha com ele. Mas não havia escolha. Ela sentiu suas paredes subindo: orgulho e frieza a envolvendo como uma velha prisão familiar - mantendo todos fora e mantendo a si mesma e seus verdadeiros sentimentos trancados em segurança. Ela não esperava esse lado de Elliott. Ela nem sabia que ele tinha um lado que não era distante, arrogante e rude. Mas ele estava preocupado com ela. Ele saltou obstáculos para tentar descobrir o que estava acontecendo. Ele conversou com os pais dela, as amigas dela. Ele a perseguiu até a casa do ex-namorado. Para
quê? Para ter certeza de que ela estava bem? Para levá-la de volta ao trabalho? Por quê? Para ser sua amante, ela percebeu, a ideia ácida e metálica. Ele queria levá-la de volta para que pudesse continuar transando com ela. Usando-a porque ela era próxima e fácil. Traindo sua esposa com ela. Embora quando ele lhe pediu para admitir que o queria, quando pediu que ela concordasse com um caso com ele - havia uma vulnerabilidade suplicante pela qual ela se sentiu atraída. Ela já sabia que o queria. Ela se conhecia o suficiente para saber que estava sempre a um olhar ardente de praticamente pular em seus ossos. Mas ela imaginou que era uma coisa puramente hormonal. O corpo dela era atraído pelo corpo dele. Feromônios. Atração animal pura. Ela nunca parou para pensar que talvez seu subconsciente reconhecesse algo nele. A pessoa sob o empresário calmo e eficiente. Que talvez houvesse uma parte dele que a via como algo mais que lábios macios e coxas abertas. Ela havia concordado antes de ter a chance de pensar sobre isso. E então concordou em voltar para a estalagem com ele. Ela nem estava ciente disso até ele lhe dizer para ir pegar suas malas. Enquanto ela subia as escadas, contraindo a mão esquerda repetidamente, um tique antigo, ao qual ela sempre voltava quando estava sobrecarregada. Quando ela entrou no quarto, encontrou Sam sentado na beira da cama, os braços abertos sobre o edredom desgrenhado. — Bem, bem, bem, — ele disse, sorrindo. — Por que você o deixou entrar? — ela explodiu, pegando um par de meias perdidas do chão e colocando-as na mala. — Porque você precisava enfrentá-lo, Han, — disse Sam, o sorriso desaparecido, um brilho de sincera bondade em seus olhos. — No momento em que abri a porta, adivinhei o que estava acontecendo. — E o que está acontecendo, Sr. Sabe Tudo e Poderoso? — ela zombou, procurando um dos sapatos que faltava. — Han, — ele disse, olhando para os pés. — Eu te amei desde que ainda éramos crianças, ok? Eu te conheço. Não importa que todo esse
tempo tenha passado. Você é a mesma garota com quem eu cresci. Você ainda é aquela garota com os pais atenciosos que precisavam saber tudo quando o que você queria era um pouco de privacidade. Você sempre teve essas defesas, a frieza e aquela atitude esperta de 'eu entendi', — ele chutou o sapato debaixo da cama em sua direção. — Quando vi aquele cara na escada... acha que também não notei que ele era como o seu ideal absoluto... — O que... não... — Oh, pare. Alto, moreno e bonito sempre foi o seu estilo. Talvez tenha sido o que aconteceu conosco, — ele brincou, apontando para o cabelo muito mais claro. — Enfim. Você se vê se aproximando de alguém, ou o Deus a ajude, eles se aproximando de você e os fecha. — Oh, pelo amor de Deus. Nem tudo é sexo, — disse ela defensiva. Embora ele tenha sido compreensivo depois que apalparam o corpo um do outro naquela época e ela lhe disse que não queria mais transar, ela sempre imaginou que ele se ressentia disso, apesar de todas as evidências em contrário. — Eu não estava falando de sexo, — disse ele, as sobrancelhas se unindo. — Han... — ele disse, sua voz mais baixa, — não houve mais ninguém depois de mim? Um vermelho profundo inundou o rosto de Hannah. — Não até... Um olhar de surpresa genuína cruzou o rosto de Sam por um segundo. — Ah. Ok. Bem, olhe. Entendi. É uma situação ruim. Ele é seu chefe e tudo. Mas o homem obviamente se importa com você se viajou até aqui para vê-la. — Elliott Michaels não se importa comigo, — enunciou com cuidado. — Continue dizendo isso a si mesma. Olhe, — ele disse, agarrando a mão dela para parar sua embalagem frenética, — pare de pensar um pouco, ok? Apenas aproveite. E daí se for uma má ideia? Más ideias fazem ótimas histórias um dia. E você deve a si mesma se soltar um pouco. — Sam, acabei de concordar em ser amante de um homem casado, que também é meu chefe. As coisas estão o mais solta possível.
Ele riu, deixando-a ir e ajudando-a a levar as malas escada abaixo. Ela agradeceu, realmente, realmente agradeceu. Ele era um dos melhores homens que ela já conhecera. Muito bom para ela, certamente. Ela se perguntou, enquanto se despedia, se a bonita duende Annabelle merecia suas atenções. Ela esperava que merecesse. Por Sam, que merecia apenas o melhor. Ela dirigiu o carro silenciosamente para a casa dos pais, aproximando-se da porta que abriu antes que ela pudesse bater. Sua mãe estava lá, com seu macacão todo pintado. Sua mãe, a talentosa pintora hippie que se recusava a vender seu trabalho. Ela deu um pequeno sorriso estranho, batendo um pincel molhado na palma da mão. — Então seu namorado esteve aqui mais cedo... — Ele não é meu namorado, mãe, — ela objetou, sua voz assumindo o lamento adolescente de que se lembrava de anos atrás, o tipo de voz que implorava aos pais que a deixasse em paz. — Claro, claro, — Moira disse, assentindo, com um brilho perverso nos olhos. — Entre para tomar uma limonada. Apenas alguns minutos, — disse ela enquanto caminhavam pela sala desarrumada - os livros de seu pai espalhados por todas as superfícies, as telas de sua mãe empilhadas nas três paredes. — Eu sei que você tem... lugares para ir. Pessoas para fazer. — Mãe, — Hannah engasgou, seus olhos se arregalando comicamente. — Oh, por favor, — Moira acenou com o pincel no ar, andando na frente dela em direção à cozinha amarela brilhante, — agora somos adultas, querida. Podemos conversar sobre sexo. — Ao rosto estupefato da filha, Moira sorriu. Havia algo mais divertido do que ainda ser capaz de deixar a filha adulta desconfortável quando ultrapassa o limite dos pais? — Ele é um homem bonito, Hannah. Eu não sairia da cama por semanas. — Oh, meu Deus. Pare, — disse Hannah, fazendo uma careta para a limonada. Sua mãe a espremeu e não acreditava muito em açúcar.
— Sério. A semana em que você foi concebida... eu não conseguia nem andar. Hannah cobriu os ouvidos, o rosto uma completa bagunça mortificada. — Não, não, não, não. Eu não quero ouvir isso. Moira riu, estendendo a mão sobre o balcão da cozinha, cobrindo a da filha com a dela, tinta seca sob as unhas. — Sexo é uma grande parte da vida. Não se estresse tanto. Eu sei que depois de Sam... — Mãe... — Eu sei que você simplesmente o afastou de ser uma opção. Realmente diz algo que esse homem foi capaz de derrubar suas barreiras, sabe. Simplesmente
pense nisso. Você é muito boa em encontrar as
falhas em uma situação. Encontre o bom, Hannah. Encontre o bom, Hannah. Foi algo que ela ouviu pelo menos um milhão de vezes enquanto crescia. Moira e pessoas como Moira - mais naturalmente inclinadas pela natureza a serem mais leves, se sentir confortável aos fluxos e refluxos da vida, pessoas inclinadas a felicidade, eram um enigma para Hannah. Ela herdara a mente do pai, crítica e sem descanso, de caráter bastante severo em geral. John Clary e Moira Callihan eram o exemplo perfeito do ridículo clichê que os opostos se atraem. Hannah sempre se perguntou como conseguiu crescer sem adotar a facilidade natural de sua mãe. Por que ela se inclinou para a ansiedade e a insegurança quando sua mãe era perpetuamente livre de preocupações, o tipo de mulher tão solidamente estabelecida em seu próprio corpo que nem lhe ocorria à autoconsciência? Ela voltou para a estalagem duas horas depois, incapaz de resistir à chance de passar um tempo com a mãe e, depois de arrancar de sua biblioteca abafada e apertada, com seu pai. Seu corpo parecia chumbo, todo peso e preocupação. Seu coração estava na garganta, apertando-a e fazendo-a sentir que podia respirar adequadamente. No que ela se meteu? Por que diabos ela estava apenas o seguindo cegamente até a estalagem?
Mas antes que ela pudesse debater mais a questão, a estalagem apareceu à distância. Um lar para tantas conversas noturnas. Emily trabalhava lá desde sempre, fazendo todos os trabalhos, desde chefe estável, mensageira, criada comum, para gerente eventual. Filha de um lar instável e infeliz, Emily saiu uma noite e se viu na estalagem, implorando por um emprego e, por sua vez, um lugar para ficar. Ela foi empregada em tempo integral aos dezesseis anos. Hannah sentava nas portas dos quartos enquanto Emily esticava seu corpo atlético e flexível, puxando edredons e lençóis pesados da cama, aspirando, espanando, esfregando os banheiros e arrumando as camas. Era uma regra que ela não era permitida nos quartos, então as duas decidiram que seria totalmente bom para ela andar pelos corredores e conversar. Coisas de meninas. Rapazes. Música. Roupas. À medida que envelheciam, coisas mais sérias: a triste vida familiar de Emily, o relacionamento de Hannah com Sam. Emily sempre esteve dez passos à frente de Hannah, apesar de ter mais ou menos a mesma idade. Emily tinha ido para a cama com um de seus namorados casuais aos quinze. — Acabar logo com isso, você sabe, — Emily disse depois, tomando sorvete e rindo dos rostos que ele fez. — Não precisa ser grande coisa, — ela deu de ombros. Emily, como Moira, estava estranhamente à vontade em sua própria pele. Ela sabia que não era suave e feminina, mas seguiu para o portão de uma mulher sexualmente confiante. Os homens gostavam dela. Ela gostava de homens. Era tudo tão fácil para ela. Hannah mal havia entrado completamente na porta da estalagem quando Emily veio andando pelo corredor, segurando café para as duas, uma sobrancelha perfeita levantada. — Você tem mantido segredos, — disse ela como uma saudação, caminhando em direção à sala de estar abandonada, deixando Hannah a seguir. Emily se enroscou em uma espreguiçadeira, as pernas dobradas a noventa graus no assento enquanto encarava Hannah. — Senti sua falta, Em, — Hannah disse, um genuíno carinho de irmã fluindo dela.
— Sim, sim, sim. Eu também senti sua falta, — Emily revirou os olhos como se isso não precisasse ser dito. — Então, derrame sobre aquele homem lá em cima. — Não há muito que contar... — Hannah murmurou. — Vocês dois estão envolvidos sexualmente? — ela disse, sorrindo enquanto Hannah engasgava com o café. — Exatamente, — disse Emily, satisfeita. — Então, há mais que o suficiente para contar. Você está bem? — ela perguntou, a preocupação em seu rosto. Ela conhecia Hannah quase tão bem quanto Sam. — Ele não foi um idiota com você, certo? Eu vou até lá e o jogo pela janela. — Não, ele foi bom. Ótimo, na verdade. — Ótimo, — Emily repetiu, inclinando-se para mais perto. — Parece quente. Não deixe nada de fora... — ela disse, piscando e deixando Hannah mais à vontade. Ajudou falar sobre isso. Ela era alguém cujo padrão era calar e guardar tudo dentro de si, embora soubesse por experiências passadas que sempre se sentia melhor quando tinha alguém para usar como uma caixa de ressonância. O sexo se tornava menos um mistério sórdido quando discutido com uma amiga. Parecia mais... normal. Hannah se encolheu. Sexo era normal. Ela estava demorando mais para descobrir isso do que a maioria. Foi quase uma hora depois que Emily desdobrou as pernas do sofá e se levantou. — Ok. Vá em frente, vá lá em cima. Vá ganhar um pouco, — ela piscou. — Em, — Hannah riu. — Não, não. Vá. Tenho certeza que ele está esperando com muita paciência por você. Não se preocupe, — disse ela, pegando as canecas de café. — Estou saindo. Não ouvirei seu sexo quente, — disse ela enquanto caminhava pelo corredor, alheia ou talvez despreocupada por ter sido ouvida. — As camas rangem muito, você sabe, — disse ela, virando-se para a cozinha e Hannah podia ouvi-la rir. Aparentemente, era algo que Emily sabia em primeira mão.
Hannah subiu os degraus devagar, tonta pela conversa de garotas, mas ficando mais ansiosa a cada momento. Ela mal tocou na segunda batida quando a porta se abriu. Elliott estava parado, ainda de calça, mas tirara o casaco e a camisa branca tinha três botões abertos. Ela ficou ali em silêncio por um segundo, pensando em como era estranho vê-lo parecer desgrenhado. — Ei, — ela murmurou, mexendo os pés. Os lábios de Elliott se contraíram um pouco e ele estendeu a mão, agarrando-a pela cintura e puxando-a contra ele, quase a fazendo perder o equilíbrio. Os lábios dele desceram sobre os dela, duros, rápidos e exigentes. Ela suspirou contra os lábios dele quando ele os abriu e empurrou a língua dentro da sua boca para provocar a dela. O braço dele apertou as costas dela e ele a puxou para o quarto, fechando e trancando a porta com a mão livre antes de empurrá-la em direção à cama. Os dois caíram na direção dela, o peso de Elliott a deixando sem fôlego. Ele se ergueu, equilibrando-se em um braço ao lado dela, olhando para baixo e um grande sorriso inesperado se espalhou por seu rosto. — Ei, você mesmo, — disse ele, inclinando-se e mordiscando o lóbulo da sua orelha. Hannah estava ciente da mão dela nas costas dele, do calor da pele dele através da camisa leve. Desta vez, havia algo diferente, ela percebeu. Talvez fosse porque ela estava mais consciente. Ela sabia no que estava se metendo. Eles até discutiram isso. Ela não sentiu essa restrição irritante no fundo de sua mente, deixando-a nervosa. Quando sentiu os lábios dele roçarem seu pescoço, ela arqueou as costas, pressionando o peito contra o dele. Ela podia sentir os lábios dele sorrirem contra sua pele, sentiu-se encorajada e alcançou entre eles, desabotoando a camisa lentamente, os dedos roçando sua pele quente por baixo. Uma vez desabotoada, ela passou as mãos da clavícula até a cintura de sua calça, maravilhada com os músculos do estômago dele tremendo quando o dedo dela deslizou sobre eles. Ele se sentou, puxando a camisa dos braços antes de voltar para cima dela, mais espaço entre eles e a perna dele entre as coxas dela. — Você sabe, — disse ele, sua voz profunda e brincalhona. — Eu gosto de
você sem sutiã, — disse ele, estendendo a mão e pegando o mamilo entre os dedos e apertando. O corpo de Hannah pulou e uma risada inesperada surgiu em sua garganta. Ele manteve o pico entre os dedos, torcendo e beliscando até ficar em um ponto rígido sob a camiseta dela. Ele se inclinou, pegando a blusa e o mamilo na boca, beliscando apenas a ponto de dor antes de chupar suavemente. Ele se mudou para o outro mamilo, brincando e lambendo até que o material da camiseta estivesse molhado e frio contra a pele dela. Ele se levantou e Hannah o seguiu, esperando que ele tirasse a camiseta dela. Em vez disso, ele a empurrou de volta, alcançando entre eles e desabotoando e descompactando o jeans. Ele se ajoelhou na beira da cama, agarrando seus jeans e calcinha e os puxando em um movimento rápido. Hannah ficou tensa, fechando as coxas quando ele não se moveu para se deitar ao lado dela novamente, simplesmente olhou para o corpo dela, nu dos quadris para baixo. As mãos de Elliott pousaram em um dos joelhos, acariciando-o em círculos lentos por um segundo antes de subir pelas coxas e voltar a descer. Assim que ela começou a relaxar contra o colchão, as mãos dele agarraram
seus
joelhos
e
os
separaram,
expondo
seu
sexo
completamente. As mãos dele permaneceram nas coxas dela, segurandoas para que ela não pudesse fechá-las conscientemente novamente. Ele estava olhando para o calor escorregadio dela e Hannah sentiu seu coração pulsar rapidamente. Então ele de repente soltou um joelho, seu dedo circulando seu clitóris uma vez rapidamente antes de deslizar completamente em sua umidade apertada. Um gemido sufocado escapou de seus lábios e os olhos de Elliott se voltaram para os dela, pesados e cheios de desejo quando o dedo dele se moveu dentro dela, girando e empurrando o teto de seu desejo, procurando o pequeno ponto que enviou seu corpo a um espasmo rápido. O nome dele saiu dos lábios dela e ele sorriu, entortando o dedo várias vezes até que todo o corpo dela se contorcia.
Hannah podia sentir seu clímax impossivelmente próximo, construindo e deixando seu corpo tenso como uma flecha. Seus olhos estavam fechados, gemidos suaves escapando de seus lábios. Quando ela estava prestes a gozar, o dedo dele saiu por uma fração de segundo, ela ouviu o barulho de uma camisinha, então sentiu o pau duro dele empurrar profundamente nela. Os olhos dela se abriram. Ela nem sabia que ele havia tirado a calça. Mas lá estava ele, os pés no chão e os joelhos na beira da cama, nu. Os olhos de Hannah vagaram sobre ele rapidamente, o leve contorno dos músculos em seu estômago, a trilha de cabelos escuros levando em direção ao seu pênis. Os olhos dela seguiram a linha até onde o corpo dele desapareceu no dela e de repente ficou ciente de cada centímetro duro dentro dela. Os músculos dela se apertaram ao redor dele e ele gemeu, agarrando os joelhos dela e puxando-os em sua direção, espalhados nas laterais dos quadris quando ele saiu de dentro dela e empurrou todo o caminho de volta, com força. — Oh, meu Deus, — ela gemeu, olhando nos olhos dele por um segundo, vendo que ele estava no limite, assim como ela. Seus quadris subiram e ele gemeu o nome dela, saindo pela metade antes de bater novamente. Uma e outra vez, seu grunhido combinando com os gemidos dela enquanto observava seu pênis se mover impossivelmente rápido dentro e fora dela. — Hannah, — ele gemeu alto, agarrando seus joelhos em um aperto doloroso quando gozou. Ao seu nome, suas pernas envolveram seus quadris e ela se levantou para encontrá-lo impulso por impulso. Quatro vezes antes que seu corpo atingisse o catalisador e ela voou pela borda, o nome dele nos lábios enquanto pulsava repetidamente, fazendo suas coxas tremerem e ela agarrou cegamente a mão dele, segurando-o enquanto seu corpo a levava através de seu orgasmo. Uma vez que seu corpo parou, o rosto de Elliott enterrou-se em seu pescoço enquanto ele puxava seu corpo para cima da cama em direção
aos travesseiros antes de se deitar, meio em cima dela, com o rosto repousando sobre o peito e a perna entre as dela. O braço dela o envolveu, segurando-o pelos ombros enquanto ela descansava o queixo em seus cabelos macios. — Veja, — sua voz disse, suave, cansada, — não é muito melhor assim do que não fazer isto? Hannah riu, bufou. Ela poderia se acostumar com Elliott fora do trabalho. Havia menos rigidez, mais humor. As arestas dele suavizaram e ela pôde ver a pessoa por trás de todos os negócios. Seu corpo relaxou alguns minutos depois, e ele dormiu. Hannah também esperava desmaiar rapidamente, como nas duas últimas vezes em que esteve com ele. Mas ficou acordada, estranhamente alegre. Ela ficou quieta, sentindo o hálito quente de Elliott em seu peito, o peso dele pressionando-a no colchão macio. Isso era algo que ela não tinha percebido que sentia falta intimidade, proximidade com outra pessoa. Isso penetrou em sua pele, o conforto, a felicidade. O medo de que ela se acostumasse e perdesse. Porque, se fosse honesta consigo mesma, sabia que isso não duraria. Havia sinais de alerta em todos os lugares e ela estava fingindo ignorá-los. Elliott era um famoso conquistador. Nunca se soube que ele passava mais de algumas semanas com a mesma mulher. Ele certamente não era do tipo que se acalmava. E sobre esse assunto, havia Dan. Claro que era uma farsa infeliz de casamento, mas ela era um fator para Hannah. Depois, havia o relacionamento profissional deles. Ela não queria arriscar sua carreira, embora uma parte dela tivesse certeza de que Elliott nunca a demitiria, a menos que ela errasse no trabalho. E, por mais que ela odiasse, estava preocupada com as consequências. A precipitação absolutamente inevitável. Ela estaria preparada para isso? Isso a pegaria de surpresa e a levaria a uma espiral descendente de tristeza e raiva? Ela iria desmoronar quando terminasse? Porque isso acabaria.
Por fim, ela se encolheu, não querendo pensar sobre isso, a pessoa louca perseguidora. Ela nunca havia elaborado um plano para isso, percebeu com um sobressalto. O mais sensato seria desistir ou sublocar seu apartamento - se mudar para um lugar mais seguro com câmeras ou porteiro. Ela instalaria um sistema de segurança. Ela alternaria suas rotas. O que fosse preciso. Talvez, se ela realmente se esforçasse para lidar com a situação, em vez de fingir ignorá-la, pudesse superar isso e pararia. Tremendo, ela esticou o pé em direção ao final da cama, onde o edredom havia se amontoado. Agarrando a ponta entre os dedos dos pés, ela puxou até as mãos e cobriu os dois, tentando não acordar Elliott. Mas assim que o tecido frio tocou sua pele, ele afastou o corpo dela e se deitou de costas com um braço arqueado sobre a cabeça no travesseiro. Hannah respirou fundo, sem ter notado sua respiração superficial devido ao seu peso. Ela se colocou em uma posição sentada, encostado na cabeceira da cama e olhando para Elliott. Ela gostava de poder olhálo assim, sem que ele notasse sua inspeção. Havia uma cicatriz na base do pescoço, a pele levemente levantada e branca. Foi quando seu dedo indicador e ela não podiam deixar de se perguntar como ele havia conseguido. Ela se abaixou, esfregando levemente a ponta do dedo sobre a pele, achando-a estranhamente macia e fria. O telefone tocou, fazendo-a recuar como uma adolescente culpada. Era um telefone alto e antigo, o toque alto e estridente e ela o alcançou automaticamente para não acordar Elliott. — Olá, — ela sussurrou no receptor. Houve um silêncio do outro lado e ela quase desligou. Então a voz falou, uma voz desumana. O tipo de voz que você ouvia no noticiário quando a testemunha queria permanecer anônima, sombria e robótica. A voz era masculina e profunda. — Prostituta, — a voz assobiou. — Quem é? — ela sussurrou de volta, olhando para Elliott para se certificar de que ele ainda estava dormindo. Ele não se mexeu.
— Você deveria estar mais preocupada com sua conduta, vadia. Fique na sua cidade pequena. Saia do seu emprego. Nunca mais o veja. Ou você vai se arrepender. Clique. Tom de discagem. Hannah ficou sentada, segurando o fone no ouvido por um segundo, com o estômago nauseado, fazendo-a genuinamente se perguntar se ela vomitaria. — Quem era? — A voz de Elliott perguntou, grogue. Hannah pulou, seu coração batendo rapidamente. Ela colocou o receptor de volta no suporte antes de se virar para Elliott, tomando seu tempo. Seus olhos estavam pequenos e inchados como se ele estivesse lutando para ficar acordado. — Recepção. — A mentira rápida veio facilmente. — Eles estavam checando se eu estava no quarto. Havia uma mensagem de Emily. — Hmm, — Elliott cantarolou de acordo, fechando os olhos estendeu a mão, puxando-a de volta para a posição deitada e para o peito dele. Ela sentiu os dedos dele em seus cabelos, acariciando por uma fração de segundo antes de se acalmar. E ela sabia que ele estava dormindo de novo. Foi a primeira vez que ela ouviu uma voz. Claro que foi manipulada artificialmente, mas era uma voz. E isso era grave. Quem quer que fosse, estava ficando ainda mais zangado. Com a cabeça no peito de Elliott, ela ficou acordada a noite toda, preocupada.
Quatorze Ela finalmente caiu no sono algum tempo depois que o sol começou a romper o céu escuro. Ela acordou poucas horas depois com o som da água correndo. Sentando-se grogue, procurou algo para vestir. Ele vê-la nua após o sexo era uma coisa, vê-la completamente nua na fria e dura luz da manhã era uma coisa completamente diferente. A água parou de repente e ela pegou a primeira peça de roupa que viu - a camisa branca de Elliott. Hannah nem sempre pensava em sua altura. Embora soubesse que era um pouco mais alta que uma mulher comum, isso nunca pareceu importar muito. Mas a camisa chegava pouco abaixo dos quadris, ao contrário dos filmes, caindo sexy até o meio da coxa, mas sem mostrar nada. — Hannah, — ela ouviu Elliott dizer e se virou, as mãos mexendo no botão entre os seios. Ele disse muito o nome dela. Nunca lhe ocorreu que, em situações cotidianas com amigos, familiares e até colegas de trabalho, ninguém usava seu nome com frequência. Ela poderia passar a maior parte de uma semana sem ouvir seu nome nos lábios de outra pessoa. Ouvir isso parecia íntimo. Especialmente a maneira como Elliott disse em sua voz profunda. Quando ela se virou, a sobrancelha dele se ergueu quando ele seguiu a linha do corpo de onde suas mãos haviam finalmente passado o pequeno botão através do buraco até as pernas nuas e voltando a subir. Ela se viu fazendo o mesmo com ele. Ele estava com uma toalha enrolada na cintura, perigosamente baixa em seus quadris. Ela podia ver os cortes dos ossos do quadril e sentiu uma súbita vontade de arrancar a toalha. Seu estômago e peito ainda tinham gotas de água, uma ou duas deslizando sob a toalha enquanto ela olhava.
Finalmente encontrando o rosto dele, ela notou que seu cabelo estava pingando. E ele estava sorrindo. — Gosta do que está vendo? — ele perguntou em um tom de flerte. — Talvez, — ela respondeu, da mesma forma provocante e se perguntou de onde vinha isso. Ela nunca foi boa em flertar. — Talvez, hein? — ele disse, aproximando-se dela, estendendo a mão e agarrando sua bunda. Não encontrando calcinha e quase rosnando. Antes que ela percebesse o que ele estava fazendo, ele puxou a toalha em um movimento rápido, revelando sua masculinidade, dura e esperando por ela. — Assim é melhor? — ele perguntou, seus olhos fixos nos dela. Hannah viu o lado dos lábios dele virar para cima, uma peculiaridade divertida que ela notou que ele usava muito. Ela encolheu os ombros devagar. — Talvez um pouco, — disse ela, sua voz soando totalmente impressionada e feminina. Ela tentou evitar que seu sorriso se transformasse em um sorriso completo, mas um pouco desconfortável com sua própria ousadia, ela sentiu que se estendia pelo rosto. Elliott riu. Um som rápido e estridente em seu peito quando ele colocou um braço em volta dos quadris dela e a puxou contra ele. Devido ao comprimento ridículo da camisa nela, ela sentiu o pênis dele empurrar sob o tecido e assentar, uma massa latejante contra seu calor. Ela esperava que ele a pegasse e afastasse suas pernas. Para penetrá-la rapidamente e fazer sexo rápido e duro com ela. O brilho em seus olhos dizia que era isso que ele queria fazer. Mas ele ficou lá, parado, olhando para ela. Desejo a inundou rapidamente. Ela não sabia que era possível querer alguém tão rápido e muito, só ficando parada com ele. Impaciente, necessitada, ela permitiu que suas pernas se abrissem levemente e aproximou os quadris dele, fazendo seu pênis separar suas dobras e empurrar com força contra sua umidade. Sua boca se abriu em um suspiro e ela viu os olhos dele fecharem por um segundo. Mas ele não fez nenhum movimento. Hannah levou a mão ao ombro dele, firmando-se enquanto se esfregava lentamente para baixo e
para cima em seu comprimento rígido. De novo e de novo. A cabeça dela caiu contra o peito dele quando a respiração saiu em suspiros. Então ele finalmente se moveu, puxando-a em direção à cama. Ele se sentou na beira, com os pés no chão, e a puxou para o colo. Ele agarrou o rosto dela e a beijou, longo, duro e apaixonado. Ela alcançou entre eles quando a língua dele encheu sua boca, e o guiou para dentro dela. Ela se empurrou para baixo do eixo dele e gemeu contra seus lábios. Havia algo a ser dito sobre sexo difícil e rápido. Mas havia também algo nisso, essa penetração lenta e preguiçosa que forçou seu corpo a senti-lo preenchendo-a completamente. Quando ela se abaixou até a base, ela afastou os lábios dos dele, olhando em seus olhos enquanto afastava os quadris dele e depois deixava que ele a enchesse novamente. O ritmo era dolorosamente lento e intoxicante. Ela sentiu suas coxas objetarem, tremendo de desejo e tensão. Mas ela se recusou a ir mais rápido. A mão de Elliott permaneceu em torno de seus quadris, seus dedos agora cavando a carne macia. A outra mão dele subiu pelas costas dela, agarrando a base do seu crânio e segurando-a como se a vida dele dependesse disso. A mandíbula de Elliott estava rija, seus músculos nos braços e ombros tensos quando o desejo de atrasar seu clímax, tomou todo o último controle. Hannah sentiu seu orgasmo crescer em um ritmo vagaroso, levando-a ao limite, culminando em uma pulsação poderosa e diminuindo lentamente, deixando-a cair no pescoço de Elliott, lutando para encontrar a respiração que não tinha percebido que estava segurando. Ela sentiu Elliott encontrar sua libertação, seu corpo tenso tremendo uma vez abaixo dela, as mãos nos seus quadris e pescoço apertando com força. Hannah ficou lá apenas um momento, preocupada, imaginando o que deveriam dizer um para o outro após o sexo, percebendo que as outras poucas vezes resultaram em sono exausto. Mas, dado que ambos estavam totalmente descansados, isso parecia improvável. Hannah se
levantou, suas coxas ao mesmo tempo objetando estar na posição embaraçosa, assim como ela tentando sair dela. Ela evitou encontrar os olhos dele, caminhando até sua bolsa e procurando uma roupa. Encontrando jeans pretos, blusa de camponês branca, calcinha e sutiã, ela finalmente se virou. Esbarrar em Elliott, que aparentemente tinha os passos de um gato e estava parado logo atrás dela. Ele arrancou o sutiã da pilha de roupas dela e o prendeu no dedo indicador. — Você não vai precisar disso, — ele a informou, um sorriso brincando com seus lábios. — Minha camisa é branca, — ela o informou, maravilhada ao ver o famoso Elliott Michaels girando um sutiã branco em volta do dedo. Ela quase quis rir, se não estivesse prestes a corar. — Eu preciso disso. — Não precisou ontem, — ele a informou. Quando ela tentou pegar, ele levantou. — Material diferente, — ela objetou, subindo na ponta dos pés para recuperar o sutiã em questão. Os dedos dela tinham acabado de tocar o material quando ele o ergueu sobre a cabeça. Um sorriso chocado se espalhando por seu rosto. — Sério? Nós realmente vamos fazer isso? — ela perguntou, divertida. — Sim, — ele disse, sorrindo enquanto a assistia pular uma vez e perdendo. — Tudo bem, — disse ela, seu sorriso se tornando perverso. Antes que ele tivesse a chance de se perguntar o que ela havia planejado, ela alcançou entre eles, agarrou o cabelo do peito dele e puxou bruscamente. Sua mão caiu alguns centímetros, surpreso. Mas foi o suficiente e ela arrancou o material dos dedos dele com um sorriso satisfeito. — Eu ganhei, — ela o informou, recuando para o banheiro, ouvindo sua risada mesmo através da porta fechada. Ela verificou seu reflexo no espelho do banheiro, uma coisa grande e redonda com uma enorme moldura dourada. O rosto dela lhe parecia estranho, a pele rosada e os olhos brilhantes. Ela parecia feliz, percebeu
com um sobressalto. Quando foi a última vez que pôde dizer honestamente que parecia feliz? Recusando-se a pensar muito, ela tentou passar uma escova pelo cabelo, mas nada além de xampu e condicionador consertaria a bagunça emaranhada. Ela abriu a água, esperando um tempo incrivelmente longo para esquentar. Ela pisou sob o spray, seu corpo dolorido em lugares estranhos - seus quadris, suas coxas. Ela pegou o xampu e o condicionador, produtos pequenos com qualidade de spa. Emily chutou e gritou até conseguir essa pequena concessão para os quartos de hóspedes. As pessoas de cidades grande não ficariam felizes com as variedades
de
lojas
de
um
dólar,
ela
argumentou.
Hannah
silenciosamente agradeceu a ela enquanto se fartava do condicionador viscoso. Seu cabelo era incontrolável sem os produtos certos. Ela ficou debaixo da água quente até que, apesar de o ventilador do teto estar ligado e a janela aberta, todo o ambiente era uma manta de vapor. Com um suspiro, ela se secou e saiu, pegando sua calcinha e sutiã. Descobrindo que o sutiã havia sumido. Na verdade, ele havia se esgueirado e roubado o sutiã, ela percebeu, completamente chocada. Resignada, ela rapidamente se vestiu e passou uma escova pelos cabelos. Quando voltou para o quarto, Elliott olhou para cima, seu rosto uma máscara de falsa ignorância. — Você poderia procurar, — ele disse, sua voz provocante. Ele usava calça cinza e uma camisa branca. Parecia casual e profissional, e ela se perguntou se o homem possuía jeans, — mas então perderíamos o café da manhã, — disse ele, amarrando os sapatos. — Tudo bem, — disse ela, olhando em volta, mas sabendo que não iria encontrá-lo. Conhecendo-o, ele provavelmente jogou fora, — não precisamos tomar café da manhã. Elliott olhou com uma sobrancelha levantada. — Você precisa comer, — disse ele em um tom que quase parecia uma repreensão.
Hannah deu de ombros, vestindo um par de sapatilhas pretas. — Tudo bem então, — disse ela, pegando sua bolsa e abrindo a porta, deixando-o correr para alcançá-la. Ele a encontrou no pé da escada, aproximando-se e colocando a mão na parte inferior das suas costas. Ela se perguntou rapidamente se era um ato de posse ou apenas uma coisa casual que os homens faziam com todas as mulheres com quem estavam. Quando entraram na sala de jantar, Hannah notou os olhos de pelo menos uma dúzia de pessoas da cidade que ela conhecia. Eles lhe deram um sorriso amigável, que ela retornou, sentindo-se constrangida. Elliott a levou para uma mesa perto das janelas e puxou a cadeira para ela. Ela nunca percebeu antes o quão bom era o gesto. Aparentemente, o Sr. Michaels foi criado com muito boas maneiras. O garçom se aproximou, sem cumprimentar, enquanto entregava os menus e serviu duas xícaras de café. Hannah tinha uma sobrancelha levantada quando Elliott encolheu os ombros. Quando olhou para cima, sentiu uma sacudida de reconhecimento. — Tristan Thomas, — disse ela no tom de uma professora de matemática. Tristan olhou para cima, surpreso: — Eu sei que já faz um tempo, — disse ela, notando que Elliott havia abaixado o menu e estava olhando para ela, — mas eu costumava tomar conta de você. E tenho certeza que Michelle não ficaria feliz em ouvir que você é rude com os clientes. Um olhar de reconhecimento surgiu no rosto de Tristan, um sorriso puxando seus lábios. — Ah, vamos lá, Hanny, — disse ele com uma voz falsa de cinco anos , — não diga à mamãe que fui ruim. Hannah riu. Uma risada real, genuína e inesperada. — Você sempre foi um pequeno terrorista, — ela lembrou, fazendo Tristan sorrir. — Algumas coisas nunca mudam, — ele piscou, depois gesticulou para Elliot, — ele parecia gostar do meu jeito na mesa. — Sim, bem... isso dificilmente é uma recomendação, — disse ela e Elliot riu. — Vamos tomar dois cafés da manhã de luxo e suco de laranja, — Elliott ordenou e Hannah sentiu sua coluna endurecer. Ela não era fã
que pedissem por ela. Mas era exatamente para isso que estava de bom humor, então deixou passar. Hannah tomou um gole de café quando Elliott devolveu os menus e olhou em volta. — Então, quantas pessoas nesta sala me odeiam por macular a babá da cidade? — ele perguntou e Hannah engasgou com o café. — Definitivamente não a minha mãe... — ela disse, notando que Moira tinha convenientemente decidido tomar um brunch com algumas amigas na estalagem naquela manhã. Ela piscou para Hannah quando eles se sentaram e depois acenou para as costas de Elliott com um sorriso agradecido. As sobrancelhas de Elliott se ergueram. — Sua mãe está aqui? — ele perguntou e havia um verdadeiro terror masculino em sua voz. Hannah queria rir, mas teve pena dele. — Não é assim. Minha mãe é... — Uma hippie de amor livre. E com 'amor livre', quero dizer que ela realmente teve sua parcela de homens antes de se estabelecer, — disse Emily, puxando uma cadeira ao lado deles, sem se importar que estivesse bloqueando completamente o corredor para os garçons. — Bela maneira de fazer minha mãe parecer uma vagabunda, Emmy, — Hannah disse, sorrindo. — Ei, só estou ajudando a aliviar o nervosismo desse cara, — disse Emily, seus olhos penetrando Elliott. — Você não tem nada com que se preocupar com Moira. Ela provavelmente está pensando que já era hora de Hannah conseguir uma... companhia masculina. — Em, — Hannah revirou os olhos. — Ei, isso foi suave. Minha frase original rimava com pato... e lamacento. — Oh, meu Deus, cale a boca, — disse Hannah, suas bochechas coloridas. Elliott recostou-se, aproveitando as brincadeiras em sua mesa. Ele e Hannah tinham feito alguns progressos no departamento linguístico, mas eles ainda eram totalmente estranhos juntos. Ter um terceiro estava facilitando a manhã. E assistir Emily provocando Hannah
de uma maneira irmã mais velha era divertido e revelador. O rubor de Hannah era ridículo e adorável. Ele casualmente olhou em volta, tentando encontrar Moira. Seus olhos a encontraram facilmente, uma linda versão antiga de Hannah em uma mesa com quatro outras mulheres. Ela ergueu a cabeça assim que os olhos dele pousaram nela. Ela parecia diferente com o cabelo solto e sem tinta em seu delicado vestido branco. Ela sorriu amplamente para ele, um sorriso caloroso e genuíno. Ele sorriu de volta, erguendo o queixo em reconhecimento. Ele nunca teve que lidar com a estranheza de conhecer os pais de uma mulher. Dan sendo a exceção, mas aquilo tudo foi muito formal e esperado, como se Dan e o pai tivessem conversado sobre isso muitas vezes antes. Era estranho para ele ver uma mulher que entendia claramente que ele estava fazendo sexo, casualmente, com a filha. Ele olhou para trás quando a cadeira de Emily se afastou. A comida chegou e ela estava se desculpando. Comeram em relativo silêncio, ambos perdidos em seus próprios pensamentos. — Você vai voltar comigo hoje, — disse a voz de Elliott, firme, final. Hannah largou o garfo. — Eu vim com meu carro para cá, — disse ela como uma desculpa. Ela não estava pronta para voltar para o ninho de cobras novamente. — Bem, então pegue seu carro, mas você vai voltar hoje. Hannah sentiu sua raiva aumentar. — Oh, eu vou? — ela disse intencionalmente, mais acusando do que perguntando. Elliott deu de ombros. — Eu preciso de você de volta ao trabalho, — ele disse casualmente e notou uma escuridão cruzar seus olhos. Desapontamento? — E quero você de volta na minha cama, — ele terminou e a observou lutar para encontrar suas palavras. Ele sabia antes de sair que a tinha. — Bem, nesse caso, — disse ela enquanto movia o prato vazio para a borda da mesa. — Tudo bem. Mas eu não vou partir agora. Quero
passar um pouco de tempo com meus pais e Em antes de ir. Não venho aqui há um tempo. Elliott assentiu. — Tudo bem. Mas eu preciso voltar. Sally cancelou meus
compromissos,
mas
quero
ficar
de
olho
nas
coisas,
independentemente disso. — Certo, — disse Hannah, percebendo que ele nunca havia passado muito tempo fora do escritório. Ele provavelmente não sabia o que fazer quando tinha um dia de folga. Elliott pagou e foi até o quarto para fazer as malas. Hannah disse que ia ficar para trás e conversar com a mãe. Uma decisão da qual ela se arrependeu instantaneamente quando a mãe a cumprimentou com: — Ei, querida, vocês dois conseguiram dormir ontem à noite? — ela fez uma pausa. Uma pergunta inocente perfeita até: — Ou aquele exemplo bonitão de masculinidade a manteve acordada a noite toda? O resto da reunião foi o mesmo. Todas as mulheres se revezaram brincando com ela sobre seu novo pretendente e Hannah ficou lá, vermelha e envergonhada. Ela pensou que já estava velha, que esse tipo de coisa deveria fazer parte de sua adolescência e que sua mãe nunca teve uma chance. E enquanto ela amava Sam, Moira, com toda sua sabedoria maternal, sabia que não era o ajuste certo para sua filha. Quando Moira apontou para a porta, Hannah olhou para cima e viu Elliott, as mãos segurando as malas dele e dela. Ela beijou a mãe e foi em direção à recepção onde Elliott estava fazendo fechando a conta. Ela pegou sua mala, mas Elliott segurou-a com firmeza. Revirando os olhos, ela o seguiu em direção à rua onde havia estacionado o carro surrado atrás do novo e brilhante. Elliott colocou suas malas no bagageiro e depois guardou as dela. Ele bateu a porta e ela olhou para Elliott, que prontamente a puxou contra ele, sua boca desceu sobre a dela desesperadamente. Os braços dela envolveram o pescoço dele, os dedos segurando seus cabelos. Sua língua deslizou suavemente em sua boca e ela sentiu suas pernas cederem. Os braços dele a apertaram com mais força, a levantando, seus seios esmagados contra seu peito duro.
Ele rosnou em algum lugar no fundo do peito e a colocou de pé, liberando-a lentamente. Ela se sentiu lutando para respirar e ficou satisfeita ao encontrá-lo fazendo o mesmo. — Agora isso foi um beijo, — disse uma voz, fazendo Hannah se virar. Ela encontrou uma senhora idosa com cabelos prateados e um rosto bem enrugado. — Como se ele estivesse indo para a guerra, — disse ela, assentindo e continuando pela calçada. Hannah sentiu uma risada desconfortável escapar dela e os lábios de Elliott se abriram de diversão. — Tudo bem, — disse ele, de repente parecendo muito com o Elliott do escritório. — Eu tenho que ir. — Certo. Tudo bem, — disse ela, trocando os pés. Parecia um adeus. Ou, pelo menos, adeus ao Elliott que ela conheceu lá. O Elliott de Stars Landing. — Vejo você no trabalho amanhã. A sobrancelha de Elliott levantou e ele pressionou seu corpo mais perto, envolvendo-a e agarrando sua bunda. — Vejo você na minha cama hoje à noite, — ele esclareceu, soltando-a e abrindo a porta do carro. — Apenas entre quando voltar à cidade. E essa era sua versão do adeus. Ele entrou no carro, virou-o e se afastou. Hannah balançou a cabeça como se quisesse clareá-la e voltou para a estalagem. E congelou. — Oh, meu Deus, — ela disse baixinho. Lá, pendurado em uma janela do segundo andar, estava seu sutiã. Ela lutou com vergonha e raiva antes de finalmente se divertir. Não era algo que ela poderia imaginar que ele faria. Ele provavelmente estava dirigindo pela estrada rindo, sabendo que ela devia ter acabado de descobrir sua pequena brincadeira. Hannah
correu
de
volta
para
o
hotel,
procurando
desesperadamente por Emily. Ela a encontrou nos fundos na sala dos funcionários, os pés apoiados em um carrinho de limpeza e lendo uma revista. — Em, me leve de volta para o quarto. A testa de Emily franziu e ela largou a revista. — Esqueceu alguma coisa? — ela perguntou, colocando as pernas longas no chão.
— Não exatamente, — disse Hannah, puxando-a em direção à escada. Emily a deixou entrar no quarto com o chaveiro que ela mantinha na cintura e Hannah correu até a janela, abrindo uma fresta e estendendo a mão para pegar o sutiã antes que escorregasse e caísse na varanda da frente. Quando ela se virou, o rosto de Emily se abriu em um sorriso. — Ele pendurou seu sutiã na janela? — ela perguntou, uma covinha aparecendo na bochecha esquerda. — Sim, ele não queria que eu usasse um hoje, — ela admitiu, tentando colocá-lo no bolso. — Eu achei que ele tivesse colocado na minha mala. Nunca imaginei que ele seria o tipo de pessoa que... — Agitasse uma bandeira de conquista, — Emily forneceu. — Exatamente. Emily deu de ombros. — Os homens são estranhos, — ela pensou e Hannah silenciosamente assentiu. Levou outra hora para finalmente dizer adeus. Ela entrou no carro sentindo-se estranhamente triste e nostálgica. Embora sempre sentisse falta da família e dos amigos após uma visita, nunca se sentira tão triste por partir. Ela se perguntou se talvez fosse apenas o resultado de seu futuro incerto. Por mais que tentasse não pensar nisso, uma voz minúscula sussurrou profundamente sobre o que aconteceria em algumas semanas ou meses. Como ela se sentiria quando se descobrisse abandonada eventualmente? Como ela reagiria ao saber que não precisava entrar e estar na cama dele? Hannah balançou a cabeça, puxando para a estrada principal e percebendo,
com
crescente
preocupação,
um
ruído
estranho. Exatamente como previra sua preocupação se tornou válida, quando a fumaça começou a sair do capô, cinza, ondulante e ofuscante. Ela pisou no freio e descobriu, com uma vivacidade surpreendente, que não havia mais freio. Mantendo o pé no freio de
qualquer maneira, ela pegou freneticamente o freio de emergência e puxou. O carro derrapou, resistindo, antes de finalmente parar. Ela desligou o motor e pulou do carro, correndo cegamente em direção ao posto de gasolina. Seu coração batia forte no peito e as mãos tremiam, e ela agradeceu aos céus que era uma cidade pequena e estava a poucas centenas de metros do mecânico. Ao se aproximar, ela viu uma figura apoiada contra o prédio, alta e esbelta, com cabelos pretos e barba por fazer. Eric O'Reilly. Notando-a, ele se afastou da parede e se aproximou, casualidade sendo o seu estado dominante. — Meu carro está esfumaçando, — ela gritou, — realmente esfumaçando. E os freios não estão funcionando, — ela gritou quando ele se aproximou. De perto, ela sentiu a resposta chocante a Eric O'Reilly. Ele era o homem mais atraente que ela (ou muitas outras mulheres) já havia visto. Com o cabelo preto, a linha da mandíbula afiada e as covinhas da bochecha - ele exalava energia e perigo sexuais brutos. Ela tinha a maior paixão por ele quando era mais jovem, uma coisa boba de menina da qual Sam ria porque “todo mundo acha que ele é bonito”. — Você desligou? — ele perguntou, decolando na direção de onde ela tinha vindo. — É claro que desliguei. Não sou burra, — ela retrucou, correndo atrás dele. O carro dela estava estacionado do outro lado da rua principal, bloqueando as duas faixas e esfumaçando menos agora, embora a fumaça de antes espessasse o ar ao redor. Uma dúzia de pessoas se reuniu nas calçadas, a preocupação gravada em seus rostos. Eric se aproximou casualmente em seu macacão azul de mecânico que era incrivelmente atraente no seu corpo de nadador. Ele abriu o capo, um pano cobrindo a mão. Fumaça cinzenta subindo e ele a espalhou com a mão, tentando olhar em volta.
Hannah parou alguns metros atrás dele, tentando dar-lhe espaço e completamente assustada que seu carro pudesse realmente explodir. Eric bateu o capo e se virou, caminhando de volta para sua loja. Quando ela deu um passo ao lado dele, ele olhou e enviou um de seus sorrisos perversos, revelando uma cicatriz em sua bochecha cortada profundamente. — Eu vou pegar o reboque e levá-lo para verificar, baby. Hannah sentiu sua barriga dar uma cambalhota e se amaldiçoou por ainda ser afetada por seu ridículo hábito de usar apelidos carinhosos. — Ok, bom. Isso foi uma loucura. Eric empurrou seu ombro com o dele gentilmente. — Sim, não é normal esfumaçar e perder os freios. Tenho que ver o que está acontecendo. Bom trabalho ao desligá-lo. Você ficaria surpresa, a maioria das pessoas fica louca e foge, deixando a ignição ligada. E então se transforma em um fogo agradável. — Ela o seguiu até o reboque e tentou entrar, mas a mão dele pousou em cima da dela na maçaneta da porta. — Você fica aqui, baby. — Ele viu seu olhar descontente e riu. — Não há nada que você possa fazer. Eu resolvo isso, — disse ele, piscando para ela e dando a volta no caminhão, entrando e se afastando. Hannah entrou no prédio principal, a porta gemendo em objeção. Lá dentro, encontrou uma mesa preta velha e desordenada, um arquivo correspondente e um velho sofá marrom. As paredes tinham fotos de carros antigos com homens em pé perto deles em frente ao posto de gasolina. Gerações de O'Reillys, pensou ela, notando a boa aparência nítida e escura de todas elas. Um rádio estava ligado em algum lugar escondido, tocando músicas antigas de rock. Ela se sentou cuidadosamente no sofá, observando a poeira subir pelo escritório sob a luz do sol. Ela ouviu Eric voltar, ouviu as portas da garagem se abrindo e o carro sendo colocado no elevador. Hannah continuou sentada, sabendo que só o incomodaria se bisbilhotasse enquanto ele tentava trabalhar. Parecia que haviam passado horas quando ela ouviu o gemido da porta da frente e Eric entrou, limpando as mãos em um pano vermelho. Havia uma profunda ruga entre as sobrancelhas. Confusão? Preocupação?
— Ei, baby, — ele disse, entrando e encostado na mesa, suas longas pernas esticadas na frente dele. — Qual é o veredicto? — ela perguntou, suas mãos apertando e soltando. Preocupada. Eric esfregou a mão na testa. — Eu não sei como dizer isso mas... — Então, apenas diga, — ela o interrompeu. Eric sorriu um pouco. — É como se alguém estivesse tentando te matar. Ou aterrorizá-la, no mínimo. Hannah sentiu seu coração subir na garganta. Seu corpo sentiu repentinamente frio, arrepios subindo pelos braços. Oh Deus. — O quê? — ela conseguiu perguntar com uma voz firme. — Sim, eu sei que parece loucura, — disse Eric, concentrando seus olhos perturbadores nos dela, — mas os cabos do freio foram cortados. De propósito. E como se isso não bastasse, — disse ele, parecendo completamente alarmado, — água foi derramada em seu tanque de gasolina. E óleo derramado em todo o seu motor. Daí a fumaça louca. Isso foi mais uma tática para assustar, eu suponho, — disse ele, olhandoa atentamente. — Quem diabos poderia te odiar tanto? — ele perguntou, genuinamente curioso. Hannah parou. Era uma pergunta para qual ela gostaria de saber a resposta também. — Eu não sei, — disse ela honestamente. — Isso é ruim certo? — Quero dizer, eu posso consertar isso, — disse ele, parecendo desinteressado na tarefa, — mas, honestamente, seu carro não vale o que eu teria que colocar nele. — Certo, — disse Hannah, silenciosamente tentando descobrir se podia comprar um carro novo. Ou um carro usado. Ou nada. Parecia que se mudar não era mais uma opção. Onde diabos ela conseguiria o dinheiro se tivesse que afundar todas as suas economias em um veículo novo? — Sinto muito, baby, — disse ele, e parecia que ele realmente queria dizer isso, — quer que eu te leve até a sua mãe ou algo assim? — Não, não, obrigado Eric. Eu posso ir andando.
— Tudo bem, — disse Eric, levantando e caminhando em direção à porta. — Ei, Eric? — ela perguntou com uma voz que parecia implorar. — Sim? — ele se virou. — Você pode não mencionar isso? Quero dizer, acho que terá que dizer que algo estava errado, mas você pode... não falar sobre a coisa da sabotagem? — Sua voz soou pequena e jovem para ela, como se estivesse pedindo a uma tia que não dissesse à mãe que estava bêbada quando tinha dezesseis anos. Surpresa percorreu seu rosto por um segundo antes de voltar ao seu charme fácil e severo. — Não se preocupe, baby, vou manter seus segredos em segurança. — Obrigada, — ela disse e Eric piscou antes de sair. Hannah pegou o telefone, digitando rapidamente. Hannah: 13:47: Ei, não voltarei amanhã. Meu carro acabou de me abandonar. Ainda estou presa em Stars Landing. EM: 13:48: O que aconteceu? Hannah: 13:48: Você está dirigindo. Pare de enviar mensagens de texto. Apenas uma fração de segundo depois que ela enviou sua mensagem seu telefone tocou. Elliott. — Ei, — ela respondeu. — Presumo que isso seja melhor. — Sua voz era fria. — O que aconteceu? Você está bem? Hannah deixou-se sentir feliz por um segundo por ele parecer genuinamente preocupado com seu bem-estar. — Sim, eu estou bem. Estava fazendo um barulho, esfumaçando e outras coisas. Eu ainda estava na cidade por sorte, então chamei Eric. Ele é o mecânico, — ela esclareceu, lembrando que ele não conhecia todos os membros da cidade, — e ele rebocou e disse que está praticamente além do reparo. Por isso, ficarei aqui por alguns dias até resolver tudo isso.
— Não, eu vou buscá-la, — disse Elliot, parecendo que já estava resolvido. Sem espaço para discussão. — Não, isso realmente não é necessário. Vou resolver a situação do carro e... — Estarei aí em cerca de... duas horas, — disse ele como se ela não tivesse falado nada. — Realmente não é... — Pare, — ele interrompeu, firme, mas com uma voz gentil. — Estou indo buscá-la. Podemos resolver a situação do seu carro mais tarde. Onde você estará? — ele perguntou. Podemos. Ele disse podemos. Como eles resolveriam o problema do carro. Hannah queria sorrir, mas não se permitiu. Ela. Ela resolveria seus próprios problemas. Ele falou errado. Isso era tudo. Ele certamente não os via como nós. — Acho que estarei na livraria, — disse ela, não querendo se despedir de todo mundo duas vezes. — Certo. Ok. Duas horas, — ele disse e desligou. Ele realmente tinha maneiras horríveis ao telefone, Hannah pensou enquanto caminhava em direção à porta. Eric já tinha empilhado suas malas do lado de fora da porta e ela às pegou, procurando por ele. Ela o viu em direção à calçada, conversando com uma mulher. De pé muito perto. Hannah estava prestes a sorrir. Eric típico. Mas então ela percebeu com quem ele estava falando. Annabelle. A garota bonita da cozinha de Sam. Hannah deixou-se preocupar com isso por um segundo antes de partir para a livraria. Elliott apareceu duas horas e quinze minutos depois, parecendo um pouco desgrenhado, mas alerta. Ficar presa em um carro com ele era ainda mais desconfortável do que ela havia se preparado. O silêncio segue até que ela se estica e liga o rádio, percorrendo as configurações salvas do canal com curiosidade. Ela até ejetou o CD do aparelho. Vendo Billy Joel, ela sorriu e colocou de volta, ligando e aumentando o volume mais alto do que ele provavelmente gostaria.
Algumas faixas depois, ela relaxou no assento confortável, vendo a paisagem passar pela janela lateral e cantando junto. Pelo canto do olho, percebeu que Elliott estava sorrindo e cantou um pouco mais baixo por alguns minutos. Ele não estava acostumado a mulheres em seu carro. Pelo menos não por longos períodos de tempo. Ele sentiu uma coceira embaixo do colarinho, observando-a mexer no aparelho de som como se estivesse tentando conhecê-lo. Ninguém realmente se importou o suficiente para tentar. Então, observando-a relaxar no assento, tirar os sapatos e puxar as pernas para o peito, cantando todas as músicas de Billy Joel que surgiam, ele sentiu uma estranha emoção. Diversão, certamente. Com facilidade, ele percebeu como se sentia à vontade naquele momento e em uma situação que, com outra mulher, o faria se contorcer. Então, finalmente, algo estranho e diferente. Ele só podia descrevê-lo como um calor, um genuíno calor não sexual em relação a ela. Elliott balançou a cabeça afastando o pensamento, concentrando sua atenção de volta a estrada.
Quinze Ela voltou com ele naquela noite, sentindo-se como um peixe fora d'água. Mas eles caíram na cama e fizeram sexo. Sexo rápido, punitivo e intenso que a fez deixar marcas nas costas dele e sangue sob as unhas. Os dois adormeceram, a longa viagem os esgotara. Hannah acordou cedo, confusa sobre o ambiente por um longo minuto. Ela caminhou até o banheiro, fechando a porta silenciosamente, embora parecesse que nada acordaria Elliott adormecido. Tomou um longo banho quente e vestiu a roupa mais apropriada em sua mala jeans preto justo e uma camiseta de manga comprida ameixa. Ela enrolou o cabelo em um coque e desceu cuidadosamente as escadas, através da casa escura e fria. Encontrando o termostato na parede do corredor, ela ligou e entrou na cozinha. Levou vários minutos para localizar a cafeteira que, estranhamente, estava escondida em um armário embaixo da pia. Ela encontrou o café guardado na geladeira e fez uma anotação mental para dizer que não era o melhor lugar para guardálo. Elliott acordou, grogue, procurando por Hannah. Mas seu espaço foi abandonado há muito tempo. Ele suspirou, saindo da cama e tomando banho. Ela nunca pararia de fugir? Como ela saiu sem o carro? Ele desceu as escadas vestido para o dia, incomodado com o calor da casa. Ele estava prestes a sair pela porta. Ele não era o tipo de pessoa que matava tempo de manhã, tomando café sobre um jornal. Ele preferia se levantar e ir trabalhar. Com foco renovado, ele percebeu que Hannah não tinha partido. Um barulho vinha da cozinha e ele sentiu o cheiro de café fresco. Ele nem sabia que tinha uma cafeteira. Com um sorriso, ele foi até a cozinha e parou na porta. Hannah estava vestida e pronta para o trabalho e dançando em sua cozinha com uma música pop dos anos quarenta que tocava no rádio.
— Bom dia, — disse ele, e ela parou no meio da dança, sua boca se abrindo e parecendo completamente envergonhada. — Ei, — ela se recuperou e deu a ele um raro sorriso encantador. — Tem café? — ele perguntou, uma parte dele completamente admirada por sua casa parecer um pouquinho doméstica. — E torrada, — disse ela, apontando para a pilha de pão de centeio no balcão. — Você não tinha mais nada em lugar nenhum. — Tenho certeza de que o pão não é meu, — Elliott esclareceu, pegando o centeio e mordendo-o. — Eu não faço compras de supermercado. — Chocante, — brincou Hannah, pegando um pedaço ela mesma e se afastando. Elliott sorriu, achando reconfortante poder desfrutar de uma refeição rápida em sua própria casa. — Então, como vamos fazer isso? — Hannah disse, limpando as migalhas do balcão onde ela estava comendo e jogando-as na pia. — Fazer o quê? — Elliott perguntou, pegando uma xícara de café. — Bem, essa coisa sem carro. Você vai me deixar em um lugar de aluguel de carro antes do trabalho? — ela perguntou. — Não, — disse Elliott, com o rosto confuso. — Eu vou levá-la ao trabalho. — Certo, — ela disse, se contorcendo. Ela não queria ter que entrar nisto. — Mas... — O quê? — Elliott perguntou quando sua frase ficou incompleta. — É só que... acho que não é bom que saibam que somos... — ela acenou, com falta de palavras para rotular o que exatamente eles eram. A percepção surgiu no rosto de Elliott. Ela não queria que as pessoas soubessem. Como se estivesse envergonhada. Era uma coisa nova para Elliott. A maioria das mulheres queria que o mundo soubesse. Queria colocar uma bandeira nele para mostrar às outras mulheres “olhe o que eu reivindiquei” ou, possivelmente, “recue, peguei-o primeiro”. Ele descobriu que não gostava disso. Ele não
gostava que ela tivesse vergonha de dormir com ele. Mas a parte racional mais dominante dele entendeu completamente. — Tudo bem, — ele disse finalmente. — Vou deixá-la na padaria do outro lado da rua, — disse ele, tentando parecer casual. — Tudo bem, isso funciona, — disse ela, completando as duas canecas de café antes de levar a jarra para a pia para lavá-la. — E vou providenciar para você um dos carros da empresa, — disse ele ao terminar a última torrada. As mãos de Hannah pararam na água e sabão. — O quê? — ela perguntou, olhando para ele. — Você é funcionária em período integral e a natureza do seu trabalho exige viagens. É realmente errado que eu não tenha lhe dado um para começar, — ele deu de ombros. — Oh, — disse Hannah, voltando-se para a limpeza. — Ok. Isso é ótimo, obrigada. — Não me agradeça, Hannah, — disse Elliot, parando atrás dela. O peito dele roçou nas costas dela. Ela tentou não se apoiar nele, para manter o foco em tirar o sabão da jarra. Ele iria agarrá-la aqui na cozinha? Quando estavam quase atrasados para o trabalho. Mas ele esticou o braço, pegou a esponja com sabão e lavou as canecas de café. Hannah colocou a jarra no escorredor para secar e ficou parada, abraçando-a enquanto ele ensaboava e lavava as canecas. Não havia como escapar do pequeno momento íntimo. E foi então que ela percebeu que poderia ter um pouco mais do que sentimentos sexuais por Elliott Michaels. Então ele se afastou dela e ela respirou fundo, tentando limpar seus pensamentos desgastados. Ela estava apenas sobrecarregada. Isso era tudo. Tad continuou enviando olhares estranhos durante o dia, mas, felizmente, se viu ocupado demais para parar e conversar com ela. Por ter apenas ficado fora alguns dias, ela tinha uma quantidade absurda de trabalho atrasado para recuperar.
Ela estava agradecida pela distração, perdendo-se completamente em seu trabalho. Havia chaves em sua mesa quando ela voltou da cozinha. Bem a tempo de precisar atravessar a cidade para buscar algo no advogado de Elliott. Ela foi até a garagem dos funcionários e clicou no botão de bloqueio duas vezes, ouvindo o sinal sonoro. Foram necessárias duas tentativas para localizar o Mercedes preto antigo que, de alguma maneira, passou como veículo de funcionário. De alguma forma, ela duvidava que todos
os
representantes
dirigissem
carros
de
luxo
caros. Mas,
novamente, a EM Corporation certamente não estava sofrendo por dinheiro. Quando voltou para a garagem, uma hora depois, notou uma figura parada perto da vaga de estacionamento que havia desocupado antes. Estava numerado e ela imaginou que havia pontos atribuídos para cada carro de trabalho. Ela sentiu as mãos tensas e seu coração acelerar. Uma parte dela conseguiu esconder o fato de que alguém tentou matá-la no dia anterior. Mas estar de volta à sua vida cotidiana tornou impossível ignorar. Ela relaxou quando percebeu que era apenas Tad. Mas quando ela estava prestes a entrar, Tad entrou no espaço, levantando a mão para detê-la. Ela parou o carro quando viu o olhar preocupado em seu rosto. Ao sair do carro, ela se sentiu doente. — O que há de errado, Tad? — ela perguntou e ele simplesmente apontou para o chão onde seu carro deveria estar estacionado. Você deveria ter morrido, prostituta. — O que diabos está acontecendo, Hannah? — Tad perguntou, enunciando cada palavra com firmeza. Ela começou a dar de ombros e ele balançou a cabeça para ela. — Nem sequer tente, — ele disse cruelmente. Hannah sentiu o controle sobre a situação escorregando. Ela estava tão enterrada. E agora tinha que contar a Tad. A ideia deixou um gosto amargo em sua boca. — Tudo bem. Tudo bem. Mas eu não quero falar sobre isso aqui, — disse ela quando alguns homens saíram do elevador e caminharam em direção a seus carros. — Espere, — disse ela
voltando para o carro e retornando com um copo grande de café que acabara de comprar. Ela abriu a tampa e derramou sobre as palavras, lavando-as até ficarem ilegíveis. Tad recuou e ela entrou no carro. Ele entrou no lado do passageiro e abriu a janela. — Eu quero saber tudo. Eu sabia que algo estava acontecendo, — disse ele, quase para si mesmo. — Eu não queria que ninguém me olhasse diferente, eu acho, — Hannah admitiu, olhando para frente. — Eu tenho recebido muitas ameaças. — Sim, não brinca, — disse Tad revirando os olhos. — Isso nem é ruim. Quero dizer, recebo dezenas de cartas e e-mails por dia... — Oh, Hannah, — disse Tad, sua voz uma mistura de preocupação e simpatia. — Por quê? — Porque alguém não está feliz comigo e com Elliott, — ela admitiu, sentindo-se estrangulada pelas palavras. — Whoa. Espere. Como assim? — ele perguntou, virando-se para encará-la completamente. — Você e Elliott? — Sim, bem. As coisas aconteceram. Eu sei, eu sei, — disse ela, erguendo as mãos enquanto os olhos dele reviravam. — Eu sei que você me avisou. Simplesmente aconteceu. Não sei. Nem é mesmo o ponto. O ponto é que alguém começou isso antes mesmo que alguma coisa realmente... acontecesse. Como se soubessem que isso iria acontecer. — Você é o tipo dele, — disse Tad, dando de ombros. — Sim, eu acho. Mas de qualquer maneira sim. A mesa e os rumores no escritório e então... — ela sentiu o peito apertar. — Alguém invadiu meu apartamento. Eles roubaram minha cobaia. — Eles o quê? — Tad explodiu, seu rosto uma máscara de descrença. — Eu sei. É uma loucura.
— Isso é completamente psicótico, — disse Tad, estendendo a mão para pousar na perna dela. — Foi por isso que você fugiu? — ele perguntou, sabendo a resposta. — Sim. Voltei para minha cidade natal. — E Elliott a localizou e trouxe de volta, — ele forneceu, sabendo que era verdade. — Bem, sim. Mas não antes que alguém cortasse meus cabos de freio e colocasse coisas no meu carro para fazê-lo esfumaçar e parar e coisas assim. Está arruinado, — disse ela, parecendo triste por um carro que já estava na metade do túmulo antes disso acontecer. — Daí a nota no chão, — disse ela, suspirando. — Hannah, — disse Tad, esperando que ela se virasse para encarálo. — Você tem que chamar a polícia... — Não, — Hannah interrompeu. — Eu já tentei isso, — disse ela irremediavelmente. — Não há realmente nada que eles possam fazer ainda. — Tudo bem. Procure um investigador particular então. Você tem que fazer alguma coisa. Você não pode simplesmente continuar sendo a vítima. Essa pessoa vai matá-la algum dia, você sabe. Hannah sentiu a verdade disso assentar como um tijolo no estômago. Essa pessoa não pararia até que ela saísse da vida de Elliott. E desde que ela provou que não podia - ou não queria - ficar longe dele, ela deveria morrer. Era simples assim na mente dessa pessoa. Tad estava certo. Ela precisava fazer alguma coisa. — Você está certo, — disse ela, seus olhos encontrando os dele. — Eu vou procurar alguém. — Hoje, — esclareceu Tad e ela riu. — Hoje, — ela concordou. Elliott murmurou com a batida na porta, distraído com um documento legal que Hannah acabara de entregar a ele. Em relação ao seu divórcio. — Ei, irmão mais velho, — disse James de maneira preguiçosa.
Elliott olhou para cima, balançando a cabeça para as roupas de trabalho do irmão - um velho jeans preto desbotado, uma camiseta de banda e
um
colete
desabotoado. Embora
formal diferente
preto do
e
branco
habitual,
ele
completamente não
se
sentiu
irracionalmente irritado com isso. — Colete bonito, — disse ele, largando o documento. As sobrancelhas de James se ergueram, surpresas, desconfiadas. Seu irmão nunca deixou passar seu traje casual sem uma palestra. Ele se sentou, olhando para o irmão. — Algo está diferente, — disse ele e Elliott bufou. — Oh não, eu te conheço melhor que isso, — ele repreendeu. — O que houve? O divórcio foi assinado? — Não... — Elliott começou e a porta se abriu. Hannah entrou correndo, com uma pilha de arquivos nas mãos. Ela estava concentrada demais para notá-lo imediatamente, caminhando até Elliott e largando os papéis na mesa. Ela o alcançou para pegar seu talão de cheques e a mão de Elliott roçou a parte de trás de sua coxa. Os olhos de James se arregalaram, imaginando que ele tinha acabado de ver isso. Mas Hannah se levantou e seus olhos demoraram uma fração de segundo em Elliott. — Oh, James, — disse ela, chocada a princípio e depois um sorriso genuíno se espalhou por seu rosto. — Como você tem passado? James piscou para ela. — Oh, você me conhece. Mantendo-me ocupado. Ser lindo e charmoso é realmente um trabalho em tempo integral. Hannah riu, voltando para sua mesa e dando um tapinha no ombro dele quando passou. — Nunca mude, James, — ela disse e se foi. Uma vez que a porta bateu, James soltou um assobio suave. — Em que diabos você se meteu? — ele disse, olhando seu irmão. — Do que você está falando? — Elliott disse, apertando a mandíbula. — Oh, nem tente isso. Você se envolveu com Hannah, — ele acusou, sentindo-se subitamente zangado. — Ela é uma ótima garota, Elliott, — ele disse, fazendo Elliott olhar surpreso, — não estrague isso.
— Do que você está falando? — Elliott perguntou, irritado. Ele não precisava que o irmão lhe dissesse que Hannah era bastante singular. Na verdade, o incomodou que James havia notado. — Você sabe o que eu quero dizer. Você passa por mulheres como a água... — Como se você pudesse falar, — Elliott o interrompeu, soando ranzinza e antagônico. Desvie, desvie. — Não estamos falando de mim, — disse James, inclinando-se para frente. — Eu só não quero ver Hannah se machucar. Elliott ficou em silêncio por um momento, com os olhos baixos e pensativos. — Confie em mim, não quero machucá-la. A cabeça de James inclinou para o lado, curioso. — Bem, acho que o que eles têm dito sobre a mudança climática é verdade porque, aparentemente, o inferno congelou. — Do que você está falando? — Elliott perguntou, sentindo-se tenso. — Você tem sentimentos por Hannah, — disse James, um sorriso preguiçoso se espalhando por seu rosto. Ao silêncio de Elliott, ele assobiou baixo. — Você sabe que não a merece. — Sim, — disse Elliott, empilhando papéis mais do que o necessário. — Eu sei. Elliott
sentiu
um
sobressalto. Ele
realmente
admitiu
ter
sentimentos por ela? Ele não se permitiu pensar sobre isso. Mas se fosse honesto consigo mesmo, sabia que havia mais do que um caso envolvido. Ele fizera inúmeras coisas incomuns desde que ela entrou na vida dele. Deus, ele a havia rastreado até sua cidade natal. — Eu mal a conheço, — disse ele, defensivo. James revirou os olhos, quase derrubando o monitor do computador enquanto colocava as pernas em cima da mesa. — Há quanto tempo você está... — James riu, — digamos “mandando ver”? Elliott sentiu-se pronto para repreender seu irmão, negar que tudo estivesse acontecendo. Mas uma parte maior dele queria falar sobre isso. — Algumas semanas, mas não frequentemente. É complicado.
— O que não é complicado com você? — James perguntou. — Hannah não é o tipo de garota que cai na cama com alguém. Então ela deve ter sentimentos por você também. Ela tinha? Elliott não havia pensado muito nisso, distraído demais com seus próprios sentimentos anteriores para considerar os dela. — Oh, pelo amor de Deus, Elliott, — zombou James. — Não seja idiota. Você quer ficar com ela. Ela quer ficar com você... — Não é tão fácil, — Elliott interrompeu. James colocou os pés de volta no chão e se inclinou sobre a mesa. — Às vezes é. Se você a tratar como todas as outras mulheres com quem você brincou, vai perdê-la. Elliott passou a mão pelo rosto, a barba por fazer na palma da mão. — Há sempre a questão de Dan... — Oh, por favor, — James balançou a cabeça, — você sabe o que Dan quer. Apenas jogue algum dinheiro para ela e ela assinará os papéis e você estará livre dela. Não estrague as coisas com Hannah pela Dan. Ele estava certo. Elliott estava apenas tentando encontrar uma desculpa para não ter que admitir que estivesse entretendo a ideia de ter um relacionamento com Hannah. Ele não namorava ninguém seriamente há tanto tempo que a ideia parecia quase juvenil. O que eles fariam? Iriam a encontros? Sentariam em frente um do outro em restaurantes? Eles tinham dificuldades em conversar. Mas talvez isso tenha acontecido apenas porque a situação parecia estranha. As coisas seriam melhores se ele fosse franco com ela sobre suas intenções? Assim que o pensamento veio à sua mente, Hannah entrou na sala, suas sobrancelhas se juntando imediatamente. — Uau, há uma vibração séria aqui, — comentou ela, depois sorriu para James. — É claro que não estou falando de você. — Ah, claro que não. Ninguém nunca me acusaria de ser sério. — Eles não ousariam, — Hannah disse com uma piscadela conspiratória. — Mas enfim... parabéns pelo sexo vocês dois, — disse James, levantando-se e rindo dos olhares chocados em seus rostos.
— Sr. Michaels, — disse Sally depois de duas batidas rápidas na porta. — Sally, sua coisa linda, — declarou James, beijando-a dramaticamente na bochecha e fazendo uma careta para Hannah e Elliott por trás. Sally se recompôs, ajeitando o cabelo parecido com palha. — Sr. Michaels, seu compromisso está aqui. — Certo, mande-o entrar, — disse Elliott, acenando para Hannah. Ele acabou de dispensá-la. Hannah quase teve vontade de rir. Mas ela voltou ao seu escritório, ligando o computador e digitando furiosamente em um mecanismo de busca. Elliott ficaria ocupado por algumas horas. Ela precisava encontrar um investigador particular.
Dezesseis O nome dele foi retirado de um romance policial, pensou Hannah enquanto estacionava o carro em uma parte da cidade que a deixava nervosa de não ter mais pneus quando voltasse. Ela tinha uma caixa debaixo do braço e um endereço rabiscado em um pedaço de papel e procurou as fachadas das lojas pelo número correto. Ela chegou a uma delas com a janela de vidro escuro. E na porta de vidro havia duas palavras. Xander Rhodes. Ela puxou a porta e entrou. Ela encontrou um velho sofá de couro marrom, o material rasgado em vários lugares e marcado em outros. Desgastado. Velho. A mesa parecia algo que alguém jogara fora, toda arranhada com uma perna mais curta. Havia jornais e um computador desktop antigo em cima. As paredes devem ter sido brancas um dia, mas haviam desbotado para uma cor bege-amarelada. Na parede atrás da mesa havia uma colagem de jornais e várias fotos tiradas à distância, presas na parede com tachinhas coloridas. — Quando você terminar de bisbilhotar, posso ajudá-la com o seu caso, Srta. Clary, — uma voz profunda e ridiculamente masculina disse ao seu lado. Ela pulou e tropeçou para trás, virando-se para encará-lo. — Sinto muito. Não... havia uma campainha nem nada, — disse ela, acusadora. Xander Rhodes não era como ela imaginara. Quando você pensava em detetive particular, pensava em um ex-policial endurecido de quarenta e poucos anos. Xander Rhodes parecia alguém que você não queria encontrar em um beco escuro à noite. Ele tinha mais de um metro e oitenta de músculo, os ombros largos como
um
jogador
de
futebol
e
os
braços
desnecessariamente
musculosos. Ela se perguntou, fugazmente, se ele era musculoso em todo lugar. Um rubor apareceu em seu rosto quando ela se repreendeu de onde sua mente estava indo ultimamente.
Ele tinha cabelos pretos, um pouco longos e caindo sobre os olhos. Seu rosto era todo forte, feições duras - sobrancelhas austeras e uma mandíbula larga. Olhos profundos, quase pretos e uma longa cicatriz que dividia os lábios superior e inferior de cima a baixo. Ele parecia alguém que venceria se forçado a participar de uma luta em jaulas. — Sim, eu recebo muitas reclamações sobre isso...
não
ter campainha, — disse ele, impassível, sarcástico. Ele contornou sua mesa, lentamente. Um tipo deliberado de caminhada. — Então, senhorita Clary. O que a trouxe até aqui? — É Hannah, — disse ela, sentindo sua coluna endireitar-se com o tom dele. Como se ela fosse uma garota rica e mimada que nunca estivera em um bairro ruim antes. — Alguém está me ameaçando. Xander acenou para a cadeira dobrável de metal preta e ela se sentou, sentindo o frio através das calças. — Tudo bem, — disse ele, pegando um pedaço de papel e uma caneta, — me diga como tudo começou. — Tudo começou quando eu comecei... a namorar alguém, — ela evitou. Ele olhou para cima de sua mesa, uma sobrancelha levantada como se ela estivesse o fazendo perder seu tempo. — Eles entraram no meu escritório e esculpiram algo na minha mesa. E então começaram as cartas. Tipo cem delas, — disse ela. Ao silêncio dele, ela sentiu sua raiva aumentar. Como ele ousa agir como se ela estivesse sendo ridícula? Ela puxou a tampa da caixa, levantou-se e largou todas as cartas em sua mesa, cobrindo seus braços. Infelizmente, ela não conseguiu o interesse que esperava dele. Ele casualmente pegou uma carta, leu, depois outra, depois outra. — Tudo bem, — disse ele, afastando-as do caminho para encontrar o papel e rabiscou, — você vai deixar isso comigo para que eu possa examiná-las. Mais alguma coisa? — E-mails, — disse ela, segurando uma folha de papel. — Esse é o meu nome e senha do e-mail. Elas estão em sua própria pasta. Imaginei que você precisaria acessar os originais.
— Sim, — ele disse, pegando o papel e colando no dele. — Qualquer outra coisa? Hannah nunca se sentiu tão irritada com alguém que acabara de conhecer antes. Não é à toa que ele tinha um trabalho tão ruim - ninguém jamais o toleraria como empregado. Xander olhou para ela e suspirou, sentando-se na cadeira, as mãos segurando uma caneta entre elas sobre o peito. — Olha, eu entendi. Você está chateada. Você deveria estar, — disse ele, erguendo a mão quando ela estava prestes a interromper. — Só preciso de todos os detalhes. Só porque não estou lhe interrogando a cada minuto, não significa que não estou levando isso a sério. — Tudo bem, — disse Hannah, não menos irritada, mas cedendo. — Hum. Eles invadiram minha casa. E um... roubaram minha cobaia. Com isso, a cabeça de Xander se levantou e ele parecia estar prestes a rir. Ele levou a mão à boca por um segundo, provavelmente para esconder um sorriso. — Sério? Hannah suspirou. — Sim. Ele se foi e em sua gaiola havia uma... — O quê, — Xander perguntou, notando seu desconforto e ignorando-o. — Uma foto minha e... outra pessoa. Em uma posição comprometedora. A sobrancelha de Xander se levantou quando ele anotou algo. — Qualquer chance de eu conseguir essa foto? — Nenhuma, — ela disse automaticamente. — Foi impresso em papel comum. Como em um computador. Sem marcas especiais ou qualquer coisa. — Tudo bem, — disse Xander, escrevendo e escrevendo. — Então, eu meio que enlouqueci e saí da cidade. Voltei para minha cidade natal para ficar longe de tudo por um tempo. — Normal, — ele disse de volta. — Sim, bem. Quem quer que seja sabotou meu carro. — Como? — Xander perguntou e ela sentiu os nervos formigarem com as perguntas monossilábicas dele.
— Cortou os cabos de freio. Havia gasolina por todo o motor. E algo sobre o cárter ou algo assim. Não sei quando aconteceu. Talvez tenha sido antes de eu viajar para lá... — Não, — disse Xander, olhando-a com seus olhos escuros, quase pretos. Ele tinha cílios pretos grossos e antinaturais. Em qualquer outro rosto, teriam sido bonitos. — Os cabos de freio cortados falham rapidamente. Tem que ter acontecido na sua cidade natal. Qual é? — Stars Landing. Na Pensilvânia, — ela forneceu. — Tudo bem. Sem chance de você ainda ter o carro, certo? — Não, — ela admitiu e ele assentiu. — E isso é tudo. Hoje, quando deixei minha vaga de estacionamento e voltei, alguém havia pintado “Você deveria ter morrido, prostituta” no chão. — Tudo bem, — disse Xander, terminando de escrever. Hannah espiou e ele realmente havia preenchido uma página inteira de papel pautado amarelo. — Bem, obviamente, essa pessoa tem um problema com você e seu novo... namorado, — disse ele, a palavra saindo de sua boca com relutância, como se não gostasse. Hannah assentiu. — Quem é ele? — Xander perguntou e viu o rosto dela se encher de pânico. — Olha, querida, — ele disse a palavra automaticamente, como se chamasse todas as mulheres assim, — não me importo com quem ele é. Mas preciso saber. — Elliott Michaels, — ela forneceu e as sobrancelhas de Xander se ergueram como se ele estivesse surpreso. — Da EM Corp, — disse ele, anotando-a e olhando-a novamente. — Certo. — Bem, isso certamente não reduz o número de suspeitos, — disse ele, notando a sobrancelha levantada dela. Ele pegou uma pilha de papéis. — Eu leio todos os jornais, — explicou. — Ele aparece bastante. Ele namorou muitas mulheres. Bem, “namorar” não seria a palavra certa... — Sim, eu sei. Ele dorme por aí. Eu sei, — disse ela, defensiva. Xander a surpreendeu sorrindo. Foi desagradável, inapropriado.
Como se ele estivesse se divertindo com coisas incomuns. — Não estou julgando. Só estou dizendo. Um homem como ele tem que ter um rastro de mulheres furiosas atrás dele. — Sim, bem. Eu preciso saber quem é. Discretamente, — acrescentou ela, com humildade. — Oh, querida, sou especialista em discrição. — Bom. Você precisa de mais alguma coisa de mim? — Só mais algumas perguntas. Uma - onde as cartas apareceram? — Trabalho, principalmente. Em casa às vezes. — Dois - você tem um porteiro ou algum tipo de segurança? — Eu comprei fechaduras extras. Mas não. Nenhum porteiro. Eu estava pensando em me mudar. — Seria uma boa ideia. Três - alguém que você conhece, especialmente no trabalho, teve folga ultimamente? Hannah riu. Uma risada triste, sem humor. — Eu vou te dizer. Elliott é meu chefe. E enquanto ninguém nunca nos viu ser nada além de profissionais, alguém tem espalhado boatos sobre mim e dito coisas desagradáveis. — Tal como? Hannah suspirou. — Que eu sou uma vagabunda. Que eu dormi com todos os caras no prédio de escritórios. E que eu sou gorda. — Você não é gorda, — disse Xander rápido demais, como uma reação brusca por ter ouvido mulheres dizerem isso com muita frequência. — E suponho que você também não é a vadia do escritório. — Dificilmente. — Tudo bem, — disse Xander, sentando-se na cadeira e estudandoa. Ela sentiu vontade de se contorcer sob o olhar dele, firme e penetrante. Como se ele pudesse ver todos os seus segredos. — Eu vou cavar isso por um dia ou mais e depois entro em contato com você. É um caso bastante seguro para mim, então acho que isso custará cerca de quinhentos dólares. Hannah assentiu. Ela estava esperando mais. — Tudo bem. Não tem problema. Devo pagar agora?
Xander
deu
de
ombros. —
Não
importa.
Eu
serei
pago
eventualmente. — Parecia uma ameaça. Como se ela não o pagasse, ele a rastrearia. Olhando para ele, ela percebeu que ele provavelmente o faria. Ela tirou a carteira e contou as notas de vinte dólares. Ela entregou a ele, colocando o resto de seu dinheiro de volta na bolsa. — Você veio a este bairro com mil dólares na sua carteira? — ele perguntou como se ela tivesse enlouquecido. — Não é minha culpa que seu local de trabalho seja em um buraco do inferno, — disse ela com um encolher de ombros. Xander sorriu e colocou o dinheiro em uma gaveta em sua mesa. — Independentemente disso, vou levá-la até o seu carro, — disse ele, levantando-se e acompanhando-a para fora da porta. Ele não se deu ao trabalho de trancá-la, apesar da grande quantia que acabara de colocar em uma gaveta destrancada. Ele caminhou ao lado dela, suas longas pernas chegando ao quadril dela. Não era correto dizer que ele andava. Ele parecia praticamente gingar. Alguém incrivelmente confortável em sua própria pele. — Seu, suponho, — disse ele, acenando com a cabeça na direção do Mercedes. Havia um grupo de adolescentes olhando pelas janelas e ela sentiu o coração bater forte. Ela assentiu para ele, os olhos arregalados de preocupação. Xander soltou um assobio curto e alto. O grupo ergueu os olhos devagar, como se não estivessem pensando em cometer um crime. Quando avistaram Xander, eles ficaram eretos, olhos arregalados e assustados. — Fora, — ele disse e eles se espalharam sobre pernas jovens e desgrenhadas. Aparentemente, Xander Rhodes era um cara assustador. E era exatamente disso que ela precisa ao lado dela. Hannah correu de volta para o escritório, sua respiração ofegante. Ela não pretendia passar tanto tempo no escritório do
investigador particular. Ela fechou a porta e seu coração pulou na garganta quando a cadeira do escritório girou. — Bem, veja só, — disse Elliott, erguendo o lábio, — tirando um tempo pessoal no meio do dia, agora? Hannah quase riu, mas não tinha muita certeza se ele estava brincando ou não. — Venha aqui, — disse ele, e ela o fez sem hesitar. — Eu acho que você precisa ser punida. Hannah tentou se afastar no último momento, a intenção clara nos olhos de Elliott. Ele a agarrou e puxou-a para o colo em um movimento rápido e pousou uma mão em sua bunda com força. Ela riu, afastandose dele apenas para que ele a puxasse em uma posição sentada em seu colo. — Como foi o seu dia? — ele perguntou e ela sentiu seu corpo estremecer com a pergunta. Desde quando Elliott Michaels faz perguntas mundanas como essa? Desde quando ele se importava com o dia de alguém? Hannah deu de ombros. — Sem queixas. — Nem mesmo James nos parabenizando por nosso sexo? — ele perguntou, sua mão distraidamente esfregando sua coxa. Hannah suspirou, apreciando a intimidade e descansou a cabeça no ombro dele. — Isso é apenas James sendo James, — disse ela e plantou um rápido beijo no pescoço dele. Ela não sabia de onde vinha o desejo. Ela nunca se considerara uma pessoa excessivamente afetuosa antes. — Então eu estava pensando, — disse ele, beijando-a nos lábios, — que tal sushi no jantar? Jantar? Elliott Michaels estava pedindo que ela saísse para jantar com ele? Ela reprimiu o desejo de perguntar que força vital alienígena havia tomado conta de seu corpo. E silenciosamente se preocupou com o que eles poderiam conversar durante o jantar. Ela se viu dizendo: — Sushi é bom.
— Bom, — disse Elliott, dando um tapinha na coxa para que ela se levantasse. — Eu tenho que tomar uma bebida com um cliente daqui a pouco. Encontre-me em casa quando terminar aqui. — Tudo bem, — disse Hannah, sentindo-se tonta com a mudança na direção do relacionamento deles. Elliott sorriu. Um sorriso rápido e satisfeito. Então ele a agarrou pela frente da calça e a puxou contra ele. Os braços dele envolveram os dela para que ela não pudesse movê-los e a beijou com força por um longo minuto antes de soltá-la e caminhar até o escritório dele. A mão de Hannah bateu na mesa para se equilibrar. O que estava acontecendo? Elliott
estava
tentando
realmente...
namorá-la? O
pensamento a atingiu como uma sensação quente em sua barriga e ela percebeu que realmente desejava que fosse esse o caso. Ela voltou para casa logo após o restante da equipe sair. Ela não queria estar lá depois do anoitecer. Ela sabia que era infantil e que teria que voltar eventualmente, mas a ideia de voltar quando estava claro e as pessoas circulavam por lá era reconfortante. A luz estava acesa como ela deixou, mas manteve a porta aberta atrás dela, correndo até o armário e colocando uma mistura de roupas em uma bolsa. Ela não tinha certeza de quantas noites passaria na casa de Elliott. Ela precisava de roupas para o trabalho. E maquiagem. Shampoo e condicionador. Ela guardaria tudo no porta-malas de seu carro. Apenas no caso. No momento em que voltava para a sala, ela congelou, a bolsa caindo no chão. Toda a parede da sala estava coberta por um mural improvisado. Uma figura gigante dela esparramada, tinta vermelha representando sangue em volta dela, uma enorme adaga presa no peito. Hannah se sentiu mal, com o estômago revirando e a bile subindo. Ela pegou o telefone, tirou uma foto para enviar para Xander. Xander Rhodes: 18:03: Sim. Vi isso quando entrei mais cedo. Levei menos de um minuto. Não é à toa que o psicopata entrou. Hannah pegou sua bolsa, chateada demais para se deixar levar pelo fato de seu investigador particular ter invadido seu apartamento. Ela
pegou sua bolsa, saiu pela porta e desceu para o carro em transe. Sua mente disparou quando a raiva e o medo se misturaram a um coquetel tóxico enquanto ela dirigia. Elliott estava esperando em seu escritório, com uma bebida na mão. Ele levantou enquanto ela entrava, com as mãos no bolso e puxando uma caixa. Hannah sentiu seus nervos afiados e desgastados quando ele caminhou até ela, sorrindo e estendeu a caixa para ela. Ela olhou para ele, por um minuto. — Abra, — disse Elliott, sua voz soando distante. Seus dedos procuraram o fecho e a abriu. Aninhado dentro havia um lindo colar. Uma corrente com um grande diamante simples e incrivelmente cintilante. Hannah
olhou como se através de um
telescópio, longe. Alguns segundos se passaram e Elliott pegou a caixa. — Vire-se, — ele instruiu e ela o fez. Os dedos dele afastaram cuidadosamente o cabelo dela sobre um ombro e, em seguida, colocou a corrente em torno do seu pescoço, fechando com facilidade. Ele se curvou e beijou sua nuca antes de ajeitar os cabelos de volta. Em seu longo silêncio, Elliott falou, um pouco mais grosseiro do que planejava. — Bem, você gostou? — Assim que ele disse isso, desejou não ter soado tão desagradável. Ele queria fazer algo de bom, dar-lhe algo que tornasse suas intenções mais claras. E ela estava olhando para ele como se ele tivesse três cabeças. — Você não precisa me comprar coisas. Eu não estou com você pelo seu dinheiro. Eu não sou... Dan, — ela disse e imediatamente desejou poder sugar as palavras de volta. Um rápido flash de dor cruzou o rosto dele e ela queria beijá-lo. Ela não quis dizer isso. Ela nem se sentia presente o suficiente para perceber quão bom era o seu gesto. Que essa foi a primeira joia que um homem já lhe deu. Isso provavelmente significava algo vindo de Elliott. O rosto de Elliott rapidamente se fechou. — Certo. Então você está comigo por sexo, — ele disse e ela sentiu as palavras como um tapa na cara. Vagabunda. Prostituta.
— Estou feliz por termos esclarecido isso, — disse ele, afastandose dela, voltando para sua mesa, servindo uma bebida e tomando em um gole. Hannah ficou boba por um segundo, cada grama dela desejando poder ir atrás dele. Mas cada centímetro dele estava ereto, no limite. Ela não conseguia nem pensar nas palavras certas para dizer. Confronto nunca foi algo com que ela se sentisse confortável. Ela silenciosamente saiu pela porta, para o carro e dirigiu para um hotel. Ela trancou a porta, largou a bolsa e caiu na cama, soluçando como uma criança. Incontrolável, desinibida. Ofegante, de soluçar. Seu telefone tocou anunciando uma mensagem de texto muito tempo depois e ela a pegou desesperadamente, rezando para ver o nome de Elliott aparecer. Xander Rhodes: 20:11: Tente não se estressar demais. Eu vou encontrar a cadela.
Dezessete Hannah acordou de manhã cedo, os olhos inchados, as bochechas ardendo
de
lágrimas. Ela
tomou
um
banho
e
se
vestiu
metodicamente. Ela tinha apenas um pensamento em sua mente quando saiu do hotel e dirigiu para o trabalho. Ela iria consertar isso. Ela não tinha
escolha.
Ela
tinha
que
encontrar
uma
maneira
de
se
desculpar. Oferecer algum tipo de desculpa para o comportamento dela. Fazer a coisa certa. Ele estava tentando. E ela jogara aquilo na cara dele. Tad a seguiu até seu escritório quando ela não respondeu à saudação dele. — Whoa muito choro de ressaca? Hannah deu de ombros: — Noite ruim. A sobrancelha de Tad se curvou. — Você conseguiu um diamante. Não poderia ter sido tão ruim. A mão de Hannah foi até o diamante automaticamente, frio ao seu toque. — O psicopata invadiu minha casa novamente. Colou uma foto minha morta na parede da minha sala. Eu estava de mau humor e disse algo horrível para ele e agora ele está chateado. Tad suspirou, pegando a mão dela e esfregando-a entre as dele. — Hannah, — a voz de Sally chamou do saguão, fazendo-a pular. — Tem alguém aqui para vê-la. Hannah sentiu um medo irracional subir pela garganta como se essa pessoa pudesse ser sua perseguidora. Ela balançou a cabeça e abriu a porta para encontrar Xander ali. Escuro e iminente, parecendo completamente deslocado. — Bem, olá, — disse Tad sedutoramente e Xander riu. — Eu sei, eu sei. Você é hetero, mas... olá. — Este é Xander Rhodes. Meu investigador particular.
— Certo, — disse Tad, com toda a seriedade. — Vou deixá-los a vontade então. — Você parece um inferno, — comentou Xander, suas palavras saindo com naturalidade. — Puxa, obrigada, — ela disse de volta. — De qualquer forma, — disse ele, inclinando-se e puxando uma pasta. Lá dentro havia cópias de alguns de seus e-mails com pequenas e rápidas anotações de Xander por toda parte. — Eu verifiquei a procedência deles. Não há nada real. Eles se nominaram Jane Doe e deram um endereço de uma gráfica abandonada. Tirei algumas impressões das cartas reais. Tenho um amigo na policia verificando-as para mim como um favor. Espero que ele descubra alguma coisa, mas eu não contaria com isso. — Tudo bem, — disse Hannah, baixando a voz para um sussurro ao ouvir Elliott entrando em seu escritório. Ela ficou mais ereta, seu coração batendo rápido. A voz de Xander caiu para combinar com a dela. Aproximando-se, ele disse: — Eu sugeriria conversar com EM e conseguir uma lista de ex. Pessoas que ele acha que podem guardar rancor. — Não, — Hannah disse, olhando para ele, seus olhos implorando. — Ele não sabe. Isso não é uma opção. As sobrancelhas de Xander se ergueram, surpresas. Mas ele assentiu. E então seus olhos dispararam em direção à porta e ele pigarreou alto o suficiente para apenas Hannah ouvir. A cabeça de Hannah saltou e encontrou Elliott parado na porta, com o rosto zangado e depois fechado de novo. Xander sentiu a tensão, afastando-se de Hannah e alcançando a porta. — Eu vou descobrir, — disse ele, a meio caminho da porta. — Elliott... — Hannah disse, sua voz um sussurro. Elliott sentiu a raiva correr por suas veias. Ele não sabia o que diabos estava acontecendo. Primeiro, ela estava estranha quando veio à casa dele e depois falou sobre Dan. E agora havia um homem estranho
em seu escritório sussurrando para ela. Ele sentiu possessividade e ciúmes se misturarem com seus sentimentos de mágoa da noite anterior. Ele ergueu a mão para ela, balançando a cabeça. E então saiu. Hannah
sentiu
seu
coração
afundar
no
peito. Finalmente,
percebendo o quanto estava começando a se importar com Elliott. Ela afundou na cadeira do escritório, com a cabeça nas mãos, sentindo as lágrimas brotarem novamente. Tad a encontrou lá no final do dia, parecendo perturbada e perdida. — Eu preciso consertar isso, — disse ela, implorando por ajuda. Tad forçou um sorriso. — Bem, você está com sorte. Você é uma boa amiga de alguém que conhece homens. Intimamente. Hannah torceu o rosto e quase riu. — Oh, poderoso guru. Diga-me o que fazer. Hannah se viu na porta de Elliott algumas horas depois. Tremendo. Tad
a
convencera
a
surpreender
Elliott
com
sexo. Parecia
contraproducente para ela, mas Tad havia garantido que o tempo para pedir desculpas seria depois do sexo. Era mais provável que ele baixasse sua guarda. E, a julgar pelo quão imparcial Elliott tinha sido o dia todo, ela estava disposta a aceitar que isso era verdade. Não havia outra maneira de ela atravessar aquela parede. Ela tocou a campainha, sentindo que toda a vizinhança sabia o que estava fazendo. Um momento depois, a porta se abriu e o rosto de Elliott pareceu surpreso. Hannah sentiu seus nervos atingirem um pico e respirou fundo, desatando a faixa do casaco marrom e deixando a frente abrir completamente. Por baixo, ela não usava nada além do colar que Elliott havia lhe dado. A respiração de Elliott sibilou quando seus olhos a percorreram de cima a baixo. A mão dela pousou no peito dele, empurrando-o para dentro da casa e fechando a porta. Ela tirou o casaco dos ombros e
alcançou a frente da camisa de Elliott, abrindo os botões rapidamente enquanto olhava para ele. Os braços dele deslizaram para fora da camisa e as mãos foram para os seios dela, quentes em sua carne fria. Ele puxou os mamilos bruscamente,
beliscando
seus
picos. Hannah
estremeceu
com
a
sensação, alcançando entre eles para desabotoar a calça e puxá-la pelos quadris. Ela caiu no chão, seu pênis saltando, duro e grosso e apontando em sua direção. Os dedos dele apertaram com mais força e ela soltou um gemido. Ela afastou as mãos dele, ajoelhando-se na sua frente. Ela estendeu a mão timidamente, acariciando seu comprimento antes de tomar a ponta dura em sua boca. A mão de Elliott caiu em cima de sua cabeça quando ela levou mais dele. A mão dele puxou seu rosto para frente, fazendo-a levá-lo ao fundo da garganta. Hannah tossiu, chupando com força enquanto sua boca se afastava. Ela levantou-se para encará-lo. Seus olhos estavam cobertos de desejo. Mas, ela notou, o rosto dele parecia impassível, desapegado. Ele alcançou entre as pernas dela, acariciando seu calor por um breve minuto antes de agarrá-la e empurrá-la contra a parede. Hannah sentiu seu próprio desejo aumentar. Ela sentiu uma distância entre eles, mas seu corpo a traiu e ela estava molhada de desejo por ele. Ela olhou em seus olhos, mas Elliott desviou o olhar rapidamente. Ele agarrou seus quadris e a virou para encarar a parede. Ele abriu suas coxas com o joelho e ela sentiu a dureza dele contra sua bunda. Sua mão alcançou entre eles e em um impulso duro, quase doloroso, ele a penetrou completamente. Um gemido saiu dela com força, seu punho batendo contra a parede. As mãos de Elliott foram para seus quadris, agarrando bruscamente. Ele ficou parado por um segundo, seus dedos cavando a carne dela. Ela sentiu o pênis dele se contorcer dentro dela uma vez antes de ele se retirar e bater nela novamente. E de novo. Ele empurrou em um ritmo duro e rápido, seu pau batendo nela uma e outra vez fazendo suas pernas tremerem.
Um orgasmo rasgou através dela rapidamente, fazendo-a cair contra a parede quando ele empurrou dentro dela mais três vezes e gozou, seus dedos agarrando seus cabelos e puxando-a para trás, arqueando as costas quando seu couro cabeludo doeu. Ele retirou-se dela quase imediatamente e ela teve que achatar as mãos na parede para se manter em pé. Ela se virou um segundo depois, mas descobriu que Elliott se fora. Suas roupas ainda estavam espalhadas pelo chão, mas ele não estava à vista. Hannah sentiu algo afiado no peito, uma picada crescendo e se espalhando. Doeu. A sensação dolorosa e esmagadora a fez abraçar-se por um momento, atordoada por sua intensidade. Eles haviam feito sexo rápido e violento antes. Mas nunca tinha sido tão mecânico, tão frio e distante. E isso nunca a deixou se sentindo tão vazia e usada. Hannah sentiu as lágrimas subirem e inclinou-se para agarrar o casaco. Ela o vestiu e amarrou a faixa rapidamente. Então ele estava com raiva dela. Não lhe dava o direito de tratá-la como uma prostituta da qual ele poderia se afastar depois de foder. E ela não o deixaria vê-la chorar por ser tratada como tal. Elliott andava pelo banheiro, parecendo um leão em uma jaula pequena demais, cheia de energia furiosa. Ele estava amaldiçoando a si mesmo, palavras que nunca pronunciaria em voz alta sobre outra alma viva. Mas ele mesmo. Seu eu estúpido e idiota. Ela estava claramente tentando se desculpar. Sendo tão péssima em comunicação quanto ele, pretendia fazê-lo fisicamente. Era um ato que ele deveria ter aceitado. E, em vez disso, ele a puniu. Tratou-a friamente e a abandonou depois. Porque seus próprios sentimentos foram feridos na noite anterior. Ele viu que algo estava errado quando ela entrou, mas estava impaciente demais para lhe mostrar seu presente que nem sequer reconheceu isso. E então ela disse a única coisa que ele não queria ouvir dela. Ele já havia telefonado para os advogados de Dan naquela tarde e
informado que ele iria ceder às demandas monetárias dela. Só para tirála da vida dele. Por Hannah. E ela jogou Dan na cara dele. Como se ele tivesse sido um grande tolo por cair nas garras gananciosas de Dan. Como se ele não soubesse exatamente que Hannah era um prêmio. Mas ele sabia. Quando James finalmente tirou as palavras dele, ele percebeu o quanto queria estar com ela. Como ele gostava da coragem dela. Como ela se tornava arrogante, quase pretensiosa quando ficava irritada. Como ela mostrava carinho com o toque. Como ela era dura e delicada ao mesmo tempo. Como ela poderia colocá-lo em seu lugar com apenas uma sobrancelha levantada. E então ele foi e a afastou porque seu orgulho estava ferido. Elliott bateu com o punho na bancada de mármore, abriu a porta e voltou rapidamente para o corredor. Para encontrar nada além de suas roupas lá. Ele poderia imaginá-la lá depois, magoada e confusa, enquanto fugia como uma criança. O que ela deve ter pensado dele? DEZOITO Hannah subiu as escadas em direção ao apartamento dela envergonhada de aparecer em um hotel chorando e seminua. Ela abriu as portas e trancou todas as fechaduras atrás dela. Ela acendeu a luz, fugazmente certa de que as havia deixado assim na última vez que saiu. Ela encolheu os ombros, culpando seu humor. Mas ela andou sistematicamente pela casa, verificando atrás de móveis e dentro dos armários com a maior frigideira que possuía na mão e um telefone celular na outra. Não encontrando nada, ela colocou a chaleira para um chá e entrou no banheiro. Ela tomou banho, a água quente o suficiente para deixar sua pele vermelha, até que ouviu o chiar da chaleira. Ela vestiu um pijama velho com estampas de doces e entrou na cozinha. A dor diminuiu para um aperto constante e maçante no peito. Interiormente, ela começou a assumir parte da culpa. Se fosse aberta e honesta com Elliott, sabia que a maioria dos eventos dos últimos dois
dias poderia ter sido evitado se contasse o que estava acontecendo. Ela podia imaginar contar-lhe, seu rosto se abrindo em choque e depois se fechando com raiva. Ele insistiria em ter algum tipo de reunião na empresa? Contratar seu próprio investigador? Ele insistiria para que ela ficasse ao lado dele até que tudo estivesse resolvido? Hannah pegou uma velha caixa de chá de camomila, sabendo que teria que se encolher ao beber, mas esperando que ajudasse a acalmar seus nervos. Ela ouviu um rangido. O tipo de som que um edifício antigo faz. Sedimentação, o pai dela chamaria. Mas Hannah sentiu os pelos da nuca se arrepiarem e se virou lentamente. A xícara de chá deslizou da mão dela, caindo no chão no que parecia ser câmera lenta. A delicada porcelana lascou-se em todas as direções e o líquido quente e amarelado se espalhou pelo linóleo barato. Porque ali mesmo na cozinha havia alguém vestido da cabeça aos pés de preto. Uma máscara de esqui revelava apenas uma minúscula lasca de pele e olhos. Hannah sentiu como se estivesse parada lá por horas quando apenas segundos se passaram. O intruso a encarando, imóvel. Hannah saiu do transe, tentando pegar a frigideira que havia largado. Mas estava fora de alcance e antes que ela pudesse dar um passo, a pessoa de preto estava bem na frente dela, estendendo a mão, agarrando seu braço. Então foi como se tudo avançasse rapidamente, seu corpo agindo quando o único pensamento que ela poderia processar era quão assustada estava. O sangue que ela podia sentir correndo pelas veias em seus braços, o coração batendo forte no peito, a sensação de mal estar na barriga. Seu corpo torceu, livrando-se do aperto como as garras em seu braço. Mas então as mãos se estenderam, agarrando seus ombros. Uma caiu em seus cabelos e puxou asperamente, fazendo seus joelhos dobrarem por baixo dela. Seus joelhos atingiram o chão com uma dor aguda que irradiou de cima a baixo. Mas a mão a soltou e ela se arrastou de quatro em direção
à sala de estar, fragmentos da xícara de chá quebrada deslizando na pele de suas mãos. Pequenas lascas de porcelana. Mas então uma bota atacou e atingiu o centro de seu estômago, fazendo-a
rolar
e
derrubar
uma
das
cadeiras
da
sala
de
jantar. Freneticamente, ela olhou em busca de qualquer coisa que pudesse usar para se defender. Ela tocou a lâmpada ao lado do sofá, mas antes que pudesse segurá-la, foi arrancada de sua mão e voou contra a parede. Então o intruso a chutou novamente, fazendo-a cair de costas. Antes que a dor chegasse, ele estava em cima dela, sentado em seu peito, os joelhos prendendo os antebraços de Hannah no chão. Hannah lutou, mas a mão enluvada da pessoa foi para o bolso e puxou uma agulha e removeu a ponta protetora. Hannah encontrou sua voz através do medo, levantando-se, gritando por socorro, mas o som não saiu como que ela esperava. E então a agulha estava em seu pescoço e ela viu apenas escuridão. Ela lutou em direção à consciência mais tarde, sentindo como se estivesse no fundo da água. Tudo parecia lento e distante. Ela viu apenas escuridão, sentiu os limites de um pequeno espaço. Seu corpo foi empurrado de um lado para o outro e ela percebeu com repentina clareza que
estava
no
porta-malas
de
um
carro. Seus
olhos
estavam
semicerrados contra a escuridão e ela viu a alavanca de emergência para crianças que ficam presas. Ela ergueu a mão, mas seu braço estava pesado e entorpecido e não conseguiu agarrá-la com os dedos, escorregando de novo e de novo inutilmente. A histeria inundou seu sistema, sentindo o carro diminuir a velocidade e finalmente parar. Uma porta abriu e fechou. Passos. E depois uma chave na fechadura. O porta-malas se abriu e a figura estava lá novamente, ainda escondida pela máscara. Ela tentou gritar, mas sua boca se abriu e fechou sem som. A pessoa enfiou a mão novamente no bolso, puxou outra agulha e ela estava mais uma vez espiralando para o nada.
Hannah sentiu as drogas agindo muitas horas depois. Ela acordou lentamente, enevoada e desorientada. Havia uma dor nos ombros e nas costas e ela gemeu contra isso, os olhos ainda fechados. Havia dor no estômago onde ela foi chutada e em seu couro cabeludo torcido. Então havia a fisgada do vidro em suas mãos, mais forte do que antes e ela percebeu que suas mãos estavam unidas. Seus olhos se abriram quando ela percebeu que suas mãos estavam amarradas atrás dela. Seus sentidos voltaram todos de uma vez, mais nítidos que o normal. Havia uma pressão em sua boca e rosto, coberto com algo para que ela não pudesse gritar. Fita adesiva, ela assumiu. Suas pernas estavam esparramadas de lado desajeitadamente, o chão de cimento frio através de seu pijama de algodão fino. Ela as puxou de volta contra seu corpo, encolhendo-se com a dor. Havia algo redondo e duro nas costas dela. Ela inclinou a cabeça para cima, vendo o que estava amarrada. Uma viga cinza. O tipo que você só encontra nos porões. Os olhos de Hannah dispararam, observando as grossas paredes de concreto, as minúsculas janelas retangulares que mostravam apenas escuridão. Havia uma escada em um canto distante, os degraus íngremes e irregulares. Uma lavadora e secadora contra uma parede. Um banco de ferramentas em outro. Se conseguisse soltar os braços e chegar ao banco, poderia encontrar algo para se defender, esconder-se até que alguém viesse e atacar. Escapar. Ela tinha que escapar. Quando alguém percebesse que ela estava desaparecida, seria tarde demais. E mesmo que Elliott notasse sua ausência, provavelmente a atribuiria à rusga deles. Sua única esperança era Tad. Tad sabia o que estava acontecendo. Tad sabia sobre Xander Rhodes. E, ela tinha que encarar isso, Xander era sua única chance de ser encontrada. Mas
ela
não
podia
encontrada. Provavelmente esperança.
simplesmente
nunca
sentar
aconteceria. Ela
e
esperar
era
sua
ser
única
Ela empurrou as pernas para cima, apoiando-se contra a viga por apoio. Suas
pernas
estavam
acordando
do
adormecimento,
um
formigamento estranho pulsando e levantar exigiu mais esforço do que ela estava acostumada. Uma vez em pé, ela se arqueou na viga, olhando para as mãos. Fita adesiva. Hannah soltou um grito, abafado pela fita nos lábios. Ela poderia tentar manobrar as mãos para desatar nós. Fita era outra questão. Ela esfregou os pulsos um contra o outro, a fita beliscando e rasgando sua pele ao fazê-lo. Mas afrouxando. Ela só precisava soltá-la o suficiente para escapar. Pouco tempo depois, sentindo-se mais como horas quando a pele em seus pulsos e mãos estava crua e as lágrimas escorriam descaradamente pelo rosto da dor, ela ouviu uma porta no andar de cima bater. Passos pelas tábuas do assoalho. Avançando em direção ao lado da sala onde estavam as escadas. E então a porta se abriu, pés raspando os degraus. Hannah sentiu a respiração ficar presa nos pulmões como se algo pesado estivesse caindo sobre seu peito. Então uma lâmpada acendeu na frente dela, ligada por uma corrente. Ela olhou de soslaio para a luz, seus olhos piscando flashes atrás das pálpebras. Ela apertou os olhos contra isso. Ela precisava ver. Ela precisava saber quem estava fazendo da vida dela um inferno por meses. Quem a odiava tanto que queria matá-la. Hannah não sabia o que esperar. Um transeunte aleatório do escritório. Ou um completo estranho. Até Dan. Mas seus olhos se arregalaram e o pouco de fôlego que ela prendia nos pulmões escapou audivelmente de suas narinas por quem estava diante dela. Sally.
Dezenove Elliott telefonou para ela vinte vezes pela manhã. Foi para o correio de voz repetidamente. Mas ela não atendeu. Seus textos ficaram sem resposta. Ele apareceu no trabalho, tentando se concentrar em suas tarefas enquanto a agitação do escritório acontecia à sua volta. E Hannah não apareceu. Ele esperava vê-la, teimosa e orgulhosa. Os olhos dela atirando punhais na direção dele. Chamando-o de Sr. Michaels em um tom que sugeria que ela realmente queria chamá-lo de rato bastardo. Mas às dez horas ele havia perdido a esperança de vê-la. Talvez nunca mais. Ele tinha estragado tudo e Hannah não era o tipo de mulher que perdoava com facilidade. Houve uma batida frenética em sua porta e ele sentiu seu coração falhar, rezando para que fosse ela. Mas a porta se abriu e Tad entrou correndo parecendo exausto, preocupado. Frenético mesmo. Não como o Tad que ele estava acostumado a ver todos os dias. — Algo está errado, — disse ele, sua voz aguda, sem fôlego. Na sobrancelha levantada de Elliott, ele continuou. — Algo está errado com Hannah. Elliott suspirou. Ele sabia que Hannah e Tad eram próximos. Ele definitivamente sabia agora que eles estavam... juntos? — Tivemos uma briga, Tad, — disse ele, com a voz baixa. — O quê? Não, — disse Tad, aproximando-se, os olhos arregalados. — Não, eu quero dizer que algo está errado. Eu sei que ela nunca te contou sobre o que está acontecendo... — O que está acontecendo? — Elliott perguntou, levantando-se de seu assento, sua preocupação aumentando. — Alguém a está perseguindo. — O quê? — as palavras explodiram dele como uma maldição, como uma acusação.
— Venha aqui, — disse Tad, levando Elliott para o escritório de Hannah, varrendo o conteúdo de sua mesa freneticamente no chão para revelar os riscos por baixo. — Está acontecendo há semanas. Notas ameaçadoras. E-mails. Grafite na vaga de estacionamento dela. Tiraram fotos de você e ela juntos. Chamando-a de prostituta. Dizendo-lhe que ela vai morrer... — Jesus Cristo, — disse Elliott, asperamente. Por que ela não lhe contou? Por que ela guardou tudo para si mesma? — Isso não é nem a metade, Elliott, — disse Tad, o nome de Elliott soando desajeitado em sua língua. — Invadiram a casa dela. Roubaram seu animal de estimação. Colaram uma foto dela morta na parede da sala. Foi por isso que ela fugiu, — ele continuou divagando. — Foi por isso que ela foi para sua cidade natal. Mas eles a seguiram até lá. Eles cortaram os cabos de freio. — Oh, Deus, — disse Elliott, sentando-se na cadeira de Hannah, com a cabeça nas mãos. Ele não era um homem propenso a se preocupar. A ansiedade nunca fez parte da vida que ele sempre estruturou para controlar. Mas todo o seu controle estava escapando de suas mãos e ele sentiu como se estivesse entrando em espiral em um desconhecido terrível. — Ela sumiu, — disse Tad depois de um momento. — Estou ligando e mandando mensagens. Ela não está respondendo. Algo está errado. Elliott levantou-se de repente, derrubando a cadeira ao fazê-lo. — Eu estou indo para o apartamento dela, — ele anunciou e olhou por cima do ombro. — Você vem? Eles apareceram na porta dela alguns minutos depois, a encontrando um pouco aberta. Elliott empurrou a porta e congelou por um segundo. As coisas estavam espalhadas como se uma luta tivesse acontecido. O horrível mural ensanguentado na parede dela. E um homem parado no meio da bagunça. O mesmo homem que ele tinha visto cochichando com Hannah no trabalho antes. Aquele com a cicatriz e
aparência ameaçadora. Aquele que praticamente tinha perigoso tatuado na testa. Elliott voou para cima dele, derrubando-o no chão, gritando e tentando socá-lo. — Onde diabos está Hannah? — ele cuspiu, seu punho encontrando um lugar no estômago do homem. Xander empurrou Elliott para longe dele, assobiando quando ele levou um soco ao seu lado. Depois havia Tad, ficando entre eles. Gritando algo que Elliott não conseguia ouvir através do sangue furioso em seus ouvidos. E ele assistiu horrorizado quando seu próprio punho pousou diretamente no rosto de Tad. O sangue jorrou de seu nariz e os olhos de Tad se arregalaram, sua mão agarrando seu rosto. — Merda, Tad. Sinto muito. Isso era para esse idiota... — Ele é o investigador particular de Hannah, — Tad cuspiu de volta, puxando a camisa sobre o rosto para impedir o fluxo sanguíneo. — O quê? — Elliott sentiu sua raiva escorrer de seu corpo, deixando apenas a preocupação. O medo profundo por Hannah. — Xander Rhodes, — anunciou Xander. — Hannah me contratou há alguns dias. Pediu que eu procurasse seu perseguidor. Mas não há muito para investigar. — O que diabos você está fazendo aqui, então? — Elliott perguntou, olhando ao redor do apartamento, com a respiração ofegante quando viu as manchas de sangue impossivelmente vermelhas do chão da cozinha até a sala de estar. O sangue da Hannah. Ela estava machucada. Ela estava ferida e era tudo culpa dele. — Enviei uma mensagem para ela ontem à noite. Eu disse para ela me procurar. Que precisávamos discutir algumas coisas. Quando ela não respondeu esta manhã, fiquei preocupado. Eu vim vê-la e encontrei o lugar assim. A polícia está a caminho, — disse ele, parecendo irritado por precisar se envolver. Elliott andava de um lado para o outro enquanto esperavam, ouvindo Tad e Xander conversando sobre o que cada um deles sabia. Comparando informações. Tentando montar o quebra-cabeça. Enquanto ele andava de um lado para o outro com toda a sua inutilidade.
A polícia chegou mais tarde, armas em punho e forçando-os a levantar as mãos até Xander se anunciar e as armas sumirem. Eles conversaram sobre o caso. Fizeram inúmeras perguntas a todos eles. Perdendo tempo enquanto Hannah estava em algum lugar machucada. Sem ele. Assustada e sofrendo, Deus sabia o que enquanto ele respondia perguntas sobre o relacionamento deles. Ele conhecia alguém que odiava tanto Hannah? Ele ferrou alguém recentemente? Não. Sim. As pessoas frequentemente o odiavam. Era parte do seu trabalho, sua vida pessoal. Ele anotou os nomes no bloco fornecido pelo policial, sabendo que não levaria a lugar nenhum. Então, de repente, a voz de Tad subiu acima de todas as outras, soando nasal pelo nariz quebrado. — Oh, meu Deus. Oh meu Deus, — disse ele, seus olhos chocados. — O que houve, senhor? — um dos policiais mais jovens perguntou, parecendo não esperar que fosse algo significativo. — Eu estive espremendo meu cérebro tentando ligar as coisas. Xander disse para me concentrar no trabalho. Isso parecia interno por causa dos e-mails, anotações, da mesa e vaga de estacionamento. Tudo apontava para o trabalho. — O que é Tad? — Elliott cuspiu, impaciente. — Eu sei quem é. Não acredito que não vi tudo antes. Ela esteve fora quando Hannah saiu naquela semana. Quando você saiu. Ela literalmente nunca ficou sem trabalhar antes... — Tad, foco, — disse Xander, sua voz soando paciente, mas preocupada. — Ela não estava no trabalho hoje, Elliott. Você não percebeu? — A mente de Elliott voou sobre os eventos do dia, mas ele não conseguiu ligar a conexão que era tão clara para Tad. — Elliott. É Sally. Sally. Ela tem que estar com Hannah. Elliott sentiu a surpresa lhe socar no estômago ao perceber que Tad estava certo. Sally nunca havia faltado um dia de trabalho antes. Ela sempre estava lá, uma figura constante no canto do olho dele durante anos. E ela não esteve em sua mesa o dia todo.
— Oh, meu Deus, — disse ele, os olhos arregalados. Ele pegou o telefone, batendo furiosamente. — Agora não é hora de verificar seu e-mail, cara, — disse a voz de Xander. — Estou entrando nos registros dos funcionários. Estou pegando o endereço da casa de Sally.
Vinte Era Sally. O cérebro de Hannah não conseguia aceitar o fato, apesar da mulher em pé na frente dela. Sally? Por que Sally a odiaria tanto? Nesse momento, o rosto de Sally se torceu em um sorriso horrível, uma risada saindo dela. Fazendo-a parecer louca. — Sim. Eu, — ela respondeu a pergunta nos olhos de Hannah. — Você nunca suspeitou de mim, não é? — ela sorriu. — Eu não podia deixar você tê-lo, — disse ela, levantando as mãos. — Você não o merece. Pensei que algumas notas, alguns terríveis rumores de escritório lhe fariam embalar suas coisas. Funcionou com todas as outras prostitutas. Hannah sentiu um nó no estômago. Todas as assistentes. Todas as garotas que ela, Elliott e todos os demais no escritório imaginaram que haviam saído porque ele era um chefe muito exigente. Todas as garotas que ela imaginou tivessem fugido porque Elliott as ferrou e as jogou de lado. Todas aquelas garotas foram assustadas pela própria pessoa que as contratou. Sally. — Mas você não. Não. Você é uma prostituta. Você teve um gosto dele e queria mais e mais e mais. Mas você não o merece, — ela cuspiu, caminhando em direção a Hannah tão rapidamente que Hannah se perguntou se ela planejava lhe bater. — Eu estive lá desde o começo. Fui a única a ficar ao lado dele. Cuidei de suas necessidades. O ajudei. O guiei. Eu sou a pessoa com quem ele deveria estar! Hannah assistia com crescente preocupação enquanto Sally andava, olhando para o chão, resmungando apenas meio coerentemente. Ela era doida. Um parafuso havia se soltado em algum lugar no cérebro de Sally. E sua vida estava nas mãos dessa louca. — Você provavelmente achou que era muito divertido. Fez o cara rico se apaixonar por sua jovem gatinha.
Hannah quase bufou com a palavra de Sally para vagina. Era tão infantil. Tão velho mundo. Quem falava assim? —
Mas
ele é apenas
um
homem.
Ele
tem
necessidades.
Necessidades sexuais. Você é simplesmente descartável para ele, sabe. Ela olhou para Hannah como se estivesse irritada com seu silêncio. Então ela estendeu a mão, agarrou uma ponta da fita adesiva e arrancou-a rudemente. Um grito escapou da boca de Hannah, sentindo como se a pele tivesse sido arrancada de seu rosto. — Ele vai acabar comigo. Não você. Não você. Só espere e assista, — disse ela, virando-se e subindo as escadas. Hannah respirou profundamente. Sally estava certa. Ela não era alguém que ela suspeitaria. Sally era... Hannah suspirou, meio que riu... Sally era velha demais para alguém como Elliott. Mas a mulher era claramente ilusória. Instável. E a vida dela estava em suas mãos. Hannah voltou a trabalhar nas amarras, chorando e amaldiçoando quando a porcelana cavou mais fundo nas palmas das mãos e a pele dos pulsos finalmente cedeu e rasgou. Ela podia sentir o sangue escorrer pelas palmas das mãos e pelas pontas dos dedos. O tempo passou, um silêncio impiedoso a envolveu enquanto ela lutava para se libertar. Deve ter passado horas. Ela sentiu como se estivesse lá há dias. A porta se abriu novamente e Hannah parou o movimento de suas mãos, tentou parecer inocente, assustada. — Veja? — Sally disse, finalmente aparecendo e a boca de Hannah se abriu. — Veja, agora ele vai me querer. — Oh, meu Deus, — disse Hannah, sua voz muito baixa para ser ouvida. Lá estava Sally, seu habitual cabelo loiro palha tingido de preto e impiedosamente liso como o de Hannah. E, Hannah percebeu sentindose nauseada, que ela estava usando suas roupas. A camisa que James havia lhe mandado quando ela derramou café nela. — Eu fiquei tão brava quando ele te deu essa camisa, — disse Sally, fazendo o coração de Hannah pular. Elliott? Elliott havia lhe enviado a camisa? — Parecia horrível em você com esses peitos enormes, — ela
cuspiu a palavra como se fosse uma maldição. — Parece muito melhor em mim, você não acha? — Os olhos dela dispararam para os de Hannah. — Eu fiz uma pergunta. — Sim, — a voz de Hannah saiu, esmagada como se ela tivesse sido estrangulada, — muito melhor em você. Elliott vai adorar. Um sorriso satisfeito se espalhou pelo rosto de Sally. Hannah tentou se concentrar. Diga a ela o que ela queria ouvir. Aplaque-a. Faça o que for necessário para evitar que ela fique com raiva. A mente de Hannah passou pelos conselhos de uma dúzia de programas de televisão sobre sequestros. Sally estendeu a mão para brincar com os cabelos. Hannah ainda podia cheirar os produtos químicos do corante que se agarrava a ela. — Eu não sou fã dessa cor. Eu me acostumei com o loiro. Eu pintei dessa maneira depois que ele se casou com aquela mulher Dan. Ele nunca notou, — ela disse, seus olhos parecendo zangados, magoados. — Ele nunca se importou com Dan, — Hannah forneceu, esperando que fosse a coisa certa a dizer. — Só o queria pelo dinheiro, — Sally concordou, revirando os olhos. — Os homens podem ser tão cegos às vezes. Mas ouvi dizer que finalmente assinaram os papéis esta manhã, — disse Sally, quase para si mesma. — Ele lhe deu tudo o que ela queria. Só para tirá-la de sua vida de uma vez por todas. — Então um olhar estranho cruzou seu rosto. — Por você. Ele fez isso por você. Você. Sua puta estúpida! Ela avançou até ela então e Hannah, impotente, puxou suas mãos. A fita adesiva havia cedido, mas ainda estava apertada. Com um último puxão selvagem, ela sentiu cravar em seus pulsos e uma de suas mãos escorregar. Ela puxou os braços das costas com um grito de dor, mas Sally já estava lá, batendo-a contra a viga. Sua cabeça bateu com um barulho doentio e ela sentiu sua visão ficar turva, e seu corpo afundar em direção ao chão. Mas então havia mãos em seu pescoço. Apertado. Impossivelmente apertado. Ela se sentiu nauseada. Sua garganta se contraiu. Ela estendeu as mãos, agarrando o rosto de Sally, arranhando a pele. Hannah teve a satisfação
de ouvir Sally gritar de dor, mas suas mãos apertaram mais e Hannah pôde sentir-se ficando tonta. Seus polegares encontraram os olhos de Sally e ela pressionou. Com força. E ela gritou, soltando Hannah. Ela tentou correr. Tropeçou para trás algumas vezes. Mas então Sally estava de volta. Seus punhos se fecharam, acertando Hannah na mandíbula e enviando-a para o chão. Ela bateu forte no cimento, mas levantou, tentando recuar. Ela estava muito perto dos degraus. Ela só precisava chegar aos degraus. Então tudo que ela ouviu foram gritos. Gritos animalescos de gelar o sangue e gritos selvagens. Ela percebeu que vinham dela. Ela estava gritando por socorro. Gritando e gritando. Porque pelas minúsculas janelas retangulares ela podia ver luzes azuis e vermelhas piscando. Alguém a havia encontrado. Então Sally caiu em cima dela, agarrando seu rosto dos dois lados. Os braços de Hannah subiram, agarrando os de Sally. Mas então Sally puxou seu rosto para cima. Ela teve um segundo para perceber que sua cabeça estava prestes a ser esmagada no chão antes que fosse e não houvesse mais nada.
Vinte e Um Ela sentiu a sensação de afogamento novamente. Foi a próxima coisa que ela sentiu, a sensação subaquática distante. Ela se sentiu voltando à superfície. Os olhos dela se abriram lentamente, observando ao redor. Brilhante. Tudo era claro e branco. Havia uma janela à sua direita. O sol estava alto no céu, ofuscante. Ela olhou para as mãos, que encontrou gloriosamente entorpecidas e envolvidas em gaze branca e limpa. Ela estava em uma cama com lençóis brancos em uma camisola listrado rosa e azul com um fino cobertor branco dobrado em volta da cintura. Havia uma agulha e um tubo saindo da dobra do seu braço. Um hospital. Ela estava em um hospital. A compreensão se seguiu e trouxe consigo as lembranças do que havia
acontecido. O arrombamento. A
luta. As
mãos
ensanguentadas. Drogas. O porta-malas de um carro. Mais drogas. Acordar assim, desorientada e amarrada em um porão. A estranha Frankenstein Sally tentando se vestir como ela. Os pulsos doloridos. As luzes da polícia. Sally em cima dela prestes a bater com sua cabeça no chão. Uma mão desceu sobre seu braço esquerdo e ela pulou, lutando para se afastar. Um grito surgiu em seu peito, mas nada saiu, sua garganta crua e rouca de gritar antes. — Hannah. Hannah, baby, você está segura. Está tudo bem. Você está segura. Estou aqui, — disse uma voz ao seu lado e ela levantou os olhos da mão para ver Elliott ali. Ele parecia cansado, ela percebeu. Havia olheiras sob seus olhos. Sua pele estava pálida. Seu terno estava amassado. — Sou eu, — disse ele, sua voz calma e tranquilizadora. — Você está no hospital. Ok?
Hannah sentiu a cabeça concordar e percebeu que havia algo lá. Suas mãos subiram para tatear, mas ela percebeu que elas estavam enfaixadas também. Ela as deixou cair com um suspiro. A mão de Elliott esfregou seu braço gentilmente, tentando acalmála. — Você tem um curativo na cabeça também. Precisou levar alguns pontos, mas está tudo bem. Você está bem. Arranhões e machucados. Seus pulsos estavam piores, mas eles trataram tudo. Não se preocupe. Hannah sentiu lágrimas brotando em seus olhos por razões que ela não podia nomear. Alívio esmagador. A ressaca de todo o medo, a adrenalina. Antes que ela percebesse, estava soluçando, colocando-se em uma posição sentada, seu corpo saltando com os soluços. Então ela sentiu os braços de Elliott ao redor dela, seu corpo se aproximando do dela e da cama fazendo um som estranho com o peso extra. Ele a puxou contra o peito, as mãos gentis. — Shh. Eu estou com você, baby. Você vai ficar bem. Nada vai acontecer com você novamente. Eu prometo. Eu prometo. — Ele disse as palavras com firmeza, como um voto. Como um voto que ele pretendia cumprir. Uma enfermeira entrou então, uma expressão preocupada em seu rosto enquanto olhava os monitores. Ela apertou um botão duas vezes e Hannah sentiu-se cair em um sono profundo. Ela
acordou
novamente
mais
tarde,
mais
desperta. Afiada
mesmo. Totalmente alerta no segundo em que seus olhos se abriram. O mundo lá fora estava escuro de novo e ela percebeu que a haviam drogado para mantê-la calma. Ela dormiu o dia inteiro. Houve um som ofegante e Hannah encontrou seus pais perto dela, com as mãos nas pernas, olhando-a com alívio. — Ei, amor, — Moira disse, os olhos marejados. — Mãe. Pai. — Ela disse, as palavras saindo como vidro quebrado por serem sufocadas. — Não fale, — implorou o pai, o rosto parecendo mais velho do que ela lembrava. — Está tudo bem. Você levou dez pontos na parte de trás da cabeça. Mais nas mãos e pulsos. Um ombro deslocado. E sua garganta está muito machucada. Vai doer por um tempo, — ele disse a ela, sua
voz clara, mas vacilante. Seu pai incrível e estoico. Ela sabia que podia contar com ele por uma lista de eventos. — Eles prenderam aquela lunática. Você nunca mais precisará se preocupar com ela. Houve um farfalhar do outro lado da sala e ela viu uma figura levantando. Xander Rhodes, ela percebeu com um sobressalto. Ele piscou para ela. — Ei querida. Você está uma bagunça, — disse ele, dando a ela seu sorriso divertido e inapropriado. —
Você
está
linda,
—
protestou
uma
voz,
parecendo
irritada. Hannah se sentiu sorrir. Tad. — Ao contrário de mim, — ele disse e Hannah notou os hematomas roxos sob seus olhos, a curva levemente dobrada no nariz. — Elliott fez isso. Era para ele, — disse Tad, acenando com a cabeça em direção a Xander. Hannah assentiu, olhando em volta rapidamente. Ele não estava lá. Ela tinha uma lembrança nebulosa de chorar no peito dele na cama do hospital. Mas talvez isso tivesse sido apenas um sonho induzido pelas drogas. — Ele saiu por alguns minutos, — disse Moira, notando a mudança de expressão da filha. — Ele esteve aqui o tempo todo. Ele nos ligou da ambulância com você de... bem de qualquer maneira. E estava aqui debruçado sobre sua cama quando chegamos. Ele fez um buraco no chão, receio, — disse sorrindo para a filha. — É um bom homem que você tem lá, sabe. Quase como se fosse uma sugestão, Elliott entrou pela porta, parecendo chocado com a cena à sua frente. Havia uma caixa em suas mãos, as abas superiores meio abertas. — Bem, então, — Moira disse, levantando e gesticulando na direção dos outros. — Nós vamos tomar um café no andar de baixo. Tad a beijou na bochecha ao sair, prometendo trazer um DVD portátil e filmes para eles assistirem no dia seguinte. Xander piscou para ela quando passou, lento, arrogante. — Te vejo por aí, querida.
Sua mãe mandou um beijo e prometeu voltar em vinte minutos. Seu pai lhe ofereceu um sorriso de boca fechada, olhando Elliott enquanto ele passava como se fosse um espécime científico. Então,
assim,
eles
estavam
sozinhos. O
silêncio
ficou
pesado. Hannah notou o desleixo pouco característico nos ombros de Elliott. — Ei, amor, — ele disse, sua voz soando triste. — Eu tenho algo para você. — Havia um sorriso tímido em seu rosto quando ele se aproximou da cama, apoiando o quadril nela e a caixa no colo dela. Ela tentou abrir com as mãos enfaixadas, mas as mãos de Elliott chegaram primeiro, abrindo as abas. O rosto de Hannah se iluminou com um suspiro surpreso. Aninhado na caixa de papelão estava o pequeno Ricky. Vivo e bem. Elliott enfiou a mão na caixa, pegando o roedor suavemente entre as mãos. Ricky soltou alguns gritos rápidos e felizes enquanto Elliott o segurava para Hannah ver. — Tad mencionou que ela o pegou. Pedi a Xander que seu amigo policial me levasse de volta para que eu pudesse pegá-lo para você. Lágrimas brotaram e transbordaram. — Obrigada, — disse ela, soando estranha e rouca. — Não me agradeça. Foi tudo culpa minha... — Não, — Hannah disse com firmeza. Ela estendeu a mão enfaixada e a pousou na perna de Elliott. — Não foi. Ela é louca, Elliott. Elliott olhou para baixo, as sobrancelhas unidas. Lutando com alguma emoção. Ricky se contorceu em suas mãos e ele o colocou de volta na caixa. — James virá buscá-lo e cuidará dele até você ficar melhor. Ele tinha esse tipo de coisa estranha enquanto crescia. — Hannah estava prestes a falar quando a cabeça de Elliott virou-se para ela, seus olhos prendendo os dela. — Hannah... eu... eu te amo. — ele disse, as palavras cheias de todas as suas ramificações pesadas. A boca de Hannah se abriu, seu coração inchou no peito. Ela colocou a mão na lateral do rosto dele, a gaze branca fazendo-o parecer ainda mais pálido. — Eu também te amo, — ela admitiu, certa de mais nada no mundo.
Elliott sorriu, um sorriso fraco, mas esperançoso. Ele se inclinou para frente, segurando o rosto dela entre as mãos e beijou seus lábios como se ela fosse de vidro. — Ei, eu tenho boas notícias, — disse ele, seu sorriso quente e seus olhos brilhantes. — O quê? — Bem, eu tenho uma vaga para um cargo de gerente de escritório... A risada de Hannah foi instantânea e contagiosa. Talvez ele não fosse tão impossível, afinal.
Epilogo Hannah estava sentada na beira da cama, calçando os sapatos, tentando não parecer muito desconfiada. Elliott estava vestido, com os cabelos ainda úmidos do chuveiro. Fazia três meses desde que Sally a sequestrara. Elliott ficou ao lado da sua cama dia e noite por uma semana até que ela ganhou alta e depois informou que ele já havia transferido todos os seus pertences para a casa dele. Eles
haviam
se
acomodado
em
uma
estranha
facilidade
doméstica. Hannah desceu as escadas na primeira manhã descobrindo que a geladeira dele estava totalmente abastecida e começou a cozinhar, visto que ele não a deixava voltar ao trabalho. — Não vejo por que temos que fazer isso, — disse Elliott, pegando a carteira e guardando-a no bolso. — Bem, porque você precisa de um assistente para executar suas tarefas. — Mas você... — Vou te matar se eu tiver que pegar sua roupa a seco sem mais um obrigado, — ela interrompeu, sorrindo para ele. Ela sabia que ele estava
tentando
mantê-la
debaixo
do
polegar,
preocupado
desnecessariamente com sua segurança. — Eu te amo, mas não vou mais buscar seu café. — Tudo bem, — Elliott admitiu, com um leve sorriso nos lábios, — mas por que tenho que entrevistá-los também? Porque eu sei que você já decidiu quem vai escolher, — disse ele e riu da inocência falsa em seus olhos. — Qual é o nome dele? Hannah riu. — O nome dela é Lena Edwards, — ela enviou um sorriso malicioso, — e você vai odiá-la. — Elliott zombou e a puxou para
ele, plantando um beijo longo e apaixonado nos lábios antes de se afastar. — Agora vá ou você vai se atrasar. Vejo você daqui a pouco. Elliott viu seu sorriso estranho, mas deu de ombros, descendo as escadas e indo para o carro. Ele não sabia o que o levou a fazer isso, mas olhou para a janela do quarto e finalmente entendeu o sorriso divertido e expectante que ela lhe dera. Uma risada saiu dele, alta e apreciativa. Porque lá fora da janela do quarto havia uma cueca boxer.
Fim.