Impactos das alterações climáticas nos eco-sistemas marinhos e na pesca em São Tomé e Príncipe

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Impactos das alterações climáticas nos eco-sistemas marinhos e na pesca em São Tomé e Príncipe

Jorge de Carvalho – jorgecarvrio@hotmail.com Gonçalo Carneiro - goncalo.carneiro@yahoo.co.uk

Mar, Ambiente e Pesca Artesanal São Tomé e Príncipe

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Linha de Investigação em Assuntos do Mar IEP-UCP Lisboa


Conteúdo

Alterações climáticas ao nível do globo, de África e de São Tomé e Príncipe

Alterações nos ambientes marinho e costeiro

A pesca em São Tomé e Príncipe

Adaptação do sector da pesca às alterações climáticas e ambientais

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Alterações climáticas – Composição da atmosfera - CO2: ±280 ppm 1750, ±393 ppm Junho 2012

- CH4: 1774 ppb 2005, 2x nível préindustrial, crescimento nulo desde 2000

- N2O: 319 ppb 2005, >18% nível préindustrial, aumento 0,8 ppb/ano

IPCC, AR4, 2007

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Alterações climáticas - Aquecimento

∆T 2005-1906: 0,74 ± 0,13ºC ∆T 2005-1956: 0,13ºC/década ∆T 1955-1906: 0,07ºC/década

IPCC, AR4, 2007 4


Alterações climáticas – Projecções de aquecimento B1 600ppm CO2

A1B 850ppm CO2

A2 1250ppm CO2

IPCC, AR4, 2007

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Alterações climáticas – Outros parâmetros

> períodos extremamente quentes, < dias extremamente frios Precipitação média: > continentes 30ºN, < 10ºS-10ºN, importantes variações regionais > precipitação extrema > secas nos trópicos e sub-trópicos desde os anos 1970 > vapor de água na atmosfera Alteração dos padrões de circulação e de ventos Alteração da frequência e intensidade de tempestades tropicais

IPCC, AR4, 2007 6


Alterações climáticas – África e STP Temperatura e precipitação 2080-2099 vs. 1980-1999

STP: ∆P (2100-1990): 13% ∆T (2100-1990): +4ºC IPCC, AR4, 2007

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Alterações nos oceanos – padrões médios globais

Doney et al., 2012

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Alterações nos oceanos – variações regionais Energia/Temperatura

IPCC, AR4, 2007

Carbono inorgânico dissolvido

9 IPCC, AR4, 2007


Alterações nos oceanos – Efeitos combinados - Alterações à salinidade, com decréscimo nas zonas de menor salinidade e aumento nas de maior (p.ex. Trópicos) – Alteração da estratificação – Alteração da circulação de nutrientes para a superfície – Alteração da circulação de massas de água - Decréscimo da concentração de O2 na água - Alteração das taxas de crescimento de espécies marinhas - Alteração da distribuição horizontal e vertical de espécies marinhas, eventual desaparecimento de espécies imóveis (p.ex corais) - Alteração de padrões de migração / fenologia - Diminuição das taxas de calcificação com baixa do pH - Diferentes efeitos para diferentes espécies

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Alterações nos oceanos – O caso de STP Fevereiro

Agosto

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Bourles, 2003


O domínio marítimo santomense Parâmetros

São Tomé

Príncipe

Total

Superfície emersa

859 Km²

142 km²

1 001 km²

-

-

160 000 km²

Superfície da plataforma continental

436 km²

1 221 km²

1 657km²

Linhas da costa

143 km

66 km

209 km

3171 km²

1473 km²

4644 km²

Praias

33

16

49

km de costa/praia

4,3

4,1

8,4 km

Zona Económica Exclusiva

Zonas de pesca artesanal (Segundo o Acordo de Pesca com a UE)

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O ambiente marinho de São Tomé e Príncipe

Um ambiente rico e atractivo; Variedade de eco-sistemas: florestais de mangais, pântanos, lagos, estuários, rios, recursos marinhos, recifes,… Várias espécies endémicas, de recifes de coral, de recursos localizados em profundidade, das espécies pelágicas e muitas espécies ameaçadas de extinção, como as tartarugas marinhas.

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Peixes pelágicos e demersais

Peixes pelágicos são os que não têm casa.

Peixes demersais são os que têm casa. A casa deles fica nos buracos no fundo do mar, debaixo das pedras, nos recifes e entre a vegetação no fundo mar.

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O que é a pesca?

A pesca é a arte de pescar. Ela consiste em tirar do mar, rios ou lagos os seres vivos que lá vivem.

A pesca no mar chama-se de pesca marítima.

A pesca no rio chama-se de pesca fluvial.

A pesca no lago chama-se de pesca lacustre.

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A pesca artesanal em São Tomé e Príncipe

Pesca Artesanal é uma actividade económica realizada de modo artesanal por pescadores embarcados ou não em canoas, botes...

Os peixes são capturados principalmente com redes, linhas e vários outros tipos de armadilha.

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A pesca artesanal em São Tomé e Príncipe

A pesca artesanal, constitui a principal actividade e fonte de rendimento das comunidades costeiras de S. Tomé e Príncipe. No plano nacional, sempre deu cobertura nutricional dominante em proteína animal. O sector ocupa cerca de 15% da população activa com cerca de 2 400 pescadores e 3 000 palaêis de peixe. A pesca representa 6 % do PIB nacional. Contudo, desde há uma dezena de anos, persiste um grande problema, devido a estagnação das capturas num total de 3 500-4 000 toneladas.

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O papel do ambiente marinho para a economia de STP

Os habitats do ecossistema marinho constituem importantes zonas de pesca para o sector da pesca artesanal santomense (mais de 80% de proteína animal consumida pela população santomense provém deste sector) e comercial de interesse internacional.

Potencialidades: Recursos haliêuticos para pesca artesanal estimado em 12 000 toneladas; Desenvolvimento de turismo aquático;

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Principais preocupações

Declínio das populações de peixes e exploração insustentável dos recursos vivos; Deterioração da qualidade da água; Destruição do habitat, degradação dos fundos marinhos costeiros e erosão costeira; Perda da integridade biótica dos eco-sistemas; Existem poucas informações sobre o estado dos actuais recursos marinhos, o que nos leva a ressaltar a importância da realização de novos estudos; Ausência de uma política de gestão das pescas e de protecção do ambiente marinho.

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Alterações climáticas – Fenómenos naturais

Desvio das correntes marítimas;

Alteração do regime das chuvas;

Aumento de temperatura (aquecimento da água do mar, deslocação de espécies);

Subida do nível da água do mar (desaparecimento de zonas costeiras);

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Alterações climáticas – Consequências para a pesca artesanal Poderá verificar-se:

Modificação da distribuição de espécies marinhas: espécies de água quente (trópicos) deslocam-se no sentido dos pólos em busca de águas mais amena;

Alteração de processos biológicos, nomeadamente a modificação das cadeias alimentares → diminuição de produção de peixes; Diminuição de reserva de peixe → diminuição do pescado → aumento de instabilidade social (diminuição de meios de subsistência e de suprimento de proteína animal, aumento de riscos para saúde,…);

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Alterações climáticas – Consequências para a pesca artesanal Maior distanciamento da costa para pesca → aumento de casos de desaparecimento (inclusive, físico) de pescadores no alto mar; Aumento do nível de mar → acelera a erosão costeira → perda de área costeira → deslocação da população piscatória para o interior da ilha; Trovoadas/ventos severos e/ou frequentes → diminuem a segurança do pescador ( aumento de instabilidade do mar - ondas mais altas, problemas com a canoa)

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Medidas a adoptar Sobre desvio das correntes marítimas: Criar áreas marinhas protegidas ; Construir recifes artificiais.

Sobre a alteração do regime das chuvas e o aumento da temperatura: Transformar o Departamento de Pesquisa no Instituto de Desenvolvimento das Pescas num sector destinado a Investigação Pesqueira; Incentivar mecanismos de parceria com outras Instituições de investigação que operam na sub-região do Golfo da Guiné; Criar ateliês (oficinas) para construir barcos de pesca semi-industrial ; Proteger zonas de pesca: Disponibilidade de linhas de crédito para os pescadores; Introduzir reflectores radar a bordo das embarcações de pesca.

Sobre o aumento do nível da água do mar: Construir barreiras de quebra-mar; Construir novos parques para o parqueamento das canoas. 24


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