P ARQUIT E TURA S S O A RTE S
, U M A
B R U N A A LV E S F E I T O S A 2021
A Ç Ã O U R B A N A
AGRADECIMENTOS • Gostaria de manifestar minha imensa gratidão a minha mãe que
mirabolantes pela cidade, Fernanda Gonçalves Alves, Guilherme Santos
me inseriu na Arquitetura quando vendia os decorados e seus
Soares, e Vinicius Oliveira Adriano, muito obrigada!
respectivos empreendimentos; A minha família que não cessou
•
A todos os colegas e docentes que pude conhecer no decorrer
esforços para me ajudar a conquistar meu objetivo, me dando
desta graduação, em destaque ao mestre Marcos O. Costa que me
sempre todo o suporte necessário, muito obrigada, a minha avó,
abriu os olhos com seus conselhos e suas indagações, logo no meu
Ilda Ferreira Da Silva, que me questionava o porquê dos meus
primeiro semestre, sobre a leveza e capacidade que a Arquitetura
projetos e qual o impacto que eles teriam na vida de outras
tem de tocar o “outro”; a coordenadora Valéria Fialho que sempre
pessoas, minha mãe Ana Lucia Da Silva, que me apresentou
me ajudou a suprir minhas dúvidas, que me ouviu, quando eu
projetos e materialidades diferentes, meu pai Geraldo Alves
sequer queria falar, sempre muito solicita e disposta a contribuir na
Feitosa, que não cessou materiais e horas para me ajudar com o
formação profissional e pessoal de quem a procura. Ao meu
meu compromisso, meu irmão e minha irmã Lucas e Fernanda
orientador quem tive a oportunidade de conhecer e trabalhar no
Alves Feitosa, auxiliares de maquete e excelentes companhias
decorrer desse desafio e quando fui sua monitora, ministrava suas
para virar a noite fazendo trabalho ou para conversar e debater
aulas com maestria sempre disposto a plantar a sementinha do
sobre os textos da faculdade.
conhecimento
na
cabeça
de
cada
aluno,
obrigada!
• Meus amigos e conselheiros que não cansaram de me ouvir falar
Mais uma vez obrigada a todos por me acompanhar nessa viagem e
sobre projetos e mais projetos, sobre os dias bons e outros nem
por todas as palavras e manifestações de carinho e afeto nesta
tantos desse desafio, e que topam todos os meus passeios
estadia, vocês são surreais, agradeço pela oportunidade de tê-los em meu caminho!
BRUNA ALVES FEITOSA
SUMÁRIO RESUMO INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………………………………………………………….…05 1.DIREITO Á CIDADE…………………………………………………………………………………………………………………………06 2.A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO COLETIVO NAS RELAÇÕES SOCIAIS………………………………………………………….….10 2.1 ESPAÇO INTERVALO/ NÃO LUGAR …………………………………………………………………………………………………..12 3. A RUA…………………………………………………………………………………………………………………………………………13 3.1 ATIVA E DESATIVADA………………………………………………………………………………………………………………….…14 3.2 PERMANÊNCIA…………………………………………………………………………………….………………………………….….16
3.3 TRANSIÇÃO…………………………………………………………………………………………………………………………….….20 4.DESCONHECIDO/ O CAOS VISUAL……………………………………………………………………………………………………...24 5. O INDIVÍDUO………………………………………………………………………………………………………………………………..25 5.1 APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO E PERTENCIMENTO…………………………………………………………………………………27
6. INTERVENÇÕES……………………………………………………………………………………………………………………….......28 6.1 A CIDADE COMO PLATAFORMA………………………………………………………………………………………………….……32 7. ESTUDOS DE CASO………..…………………………………………………………………………………………………………..…35 7.1 PRISMA CULTURAL – BIJARI, PROJETO DE INTERVENÇÃO (2015) ……………………………………………………………39
SUMÁRIO 7.2 A EMBAIXADA VERDE – STEFFEN IMPGAARD (2016) ……………………………………………………………………………….40 7.3 ESPAÇOS EFÊMEROS E INTERVENÇÕES URBANAS – WORKSHOP JAVIER PEÑA IBÁÑES………………………………...44 7.4 ARTE E ARQUITETURA: "A PISCINA DO PARQUE LAGE" POR PENIQUE PRODUCTIONS (2015)……………………………47 7.5 A CIDADE PRECISA DE VOCÊ …………………………………………………………………… …………………………………...…48 8. PROJETO …………………………………………………………………… ………………………………………………………………..53 9. O CENÁRIO …………………………………………………………………… ……………………………………………………………..55 10. PLANTA DE SITUAÇÃO……………..…………………………………………………………..………………………………………....57 11. PLANTA DE INTERVENÇÃO………………………………..…………………………..……………………………………….…………58
12. CORTE …………………………………………………………………… ………………………………………………………………….59 13. MATERALIDADE…………..……………………………………………………………..…………………………………………………..61 14. 3D DAS ESTRUTURAS………………………………………………………………..…………………………....………………………62 15.CONSIDERAÇÕES …………………………………………………………………… …………………………………………………….64
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESUMO • Em nosso trabalho através do acelerado crescimento urbano e espacial notamos um afastamento direto do indivíduo com a cidade e sua interação com os demais atores desse cenário, dessa forma temos como objetivo reduzir esse espaço do indivíduo com a cidade, desenvolvendo um projeto com o intuito de amadurecer a sociedade como coletivo e força mútua, nosso estudo busca aprimorar formas diferentes de intervir no cenário, criar conexões sociais e chamar atenção para a reprodução de algumas ações que são prejudiciais para o desenvolvimento social e coletivo. Dessa forma, desenvolvemos uma estrutura que funcionará como um elemento complementar e também como manifestação de ações e uma critica ao uso do espaço e de modais de transporte.
INTRODUÇÃO
Neste trabalho vamos identificar os principais fatores
permanecer, de apropriar espaço, se sentir parte fazendo o
que fazem da cidade sua essência de pluralidade e
mecanismo acontecer o zelar pela urbanização, tendo como
desenvolvimento, e que com o seu crescimento acelerado e da
parâmetro as diferentes formas que podemos enxergar e discutir.
dinâmica efervescente o indivíduo fica suscetível a constante
Ciente da grande massa populacional, da distribuição
impacto de informações, fazendo com que ele não consuma ou
desregulada de terra e de serviço, lazer e cultura pela nossa
aproveite diretamente da possibilidade de interação e
cidade, desenvolvemos um projeto que possa ser reestruturado
participação de qualidade no meio urbano, frisando essa
para atender a demanda do público que carece de espaço de
composição buscamos potencializar essa rede de conexões da
lazer, tranquilidade e troca de experiências sociais, tendo como
sociedade e o exercício de cidadania juntamente com o senso
manifestação artística e critica ao descarte de resíduos, a
de coletividade e reflexão buscando qualificar o espaço por
interferência que temos de espaço e a forma como lidamos com
meio de intervenções e atividades que estimulem uns aos
o meio ambiente e sua inserção. Ciente da importância do
outros a capacitar o urbano. Toda essa ação terá como crítica a
estudo e das diferentes formas de ocupação do espaço,
forma que estamos priorizando o uso inadequado do espaço
desenvolvemos um projeto que faça o indivíduo olhar a cidade
urbano, gerando uma sucessão de ações contrárias ao
com um olhar mais atento e critico ao momento em que ele se
amadurecimento necessário para a cidade. Temos como
encontra, seja por sua forma, sua massa, ou sua leveza diante das
essência a raiz da maturidade e liquidez do cidadão; o
inúmeras ações no urbano
despertar do ser vivo, que é a cidade, o direito de cidade; de 05
DIREITO Á CIDADE
Direito, aquilo que é reto, justo e conforme à lei; poder moral
Pode-se dizer, então, que a ideia de direito à cidade expressa
ou legal de fazer, de possuir ou de exigir alguma coisa, o direito
na lei sintetiza um amplo rol de direitos. Este direito é parte da
de cidade, assim como em História na Antiguidade, é a
sociedade como um elemento estrutural vivo e que diariamente
possibilidade de dispor dos direitos e deveres comuns aos
está em conflito com as situações morfológicas sociais e
cidadãos; figurada possibilidade de aceder a domínio restrito ou reservado; diante dessa reflexão temos a seguinte lei. No
Brasil, o direito à cidade está descrito no Estatuto da Cidade (Lei no 10.257/2001), no art. 2o, incisos I e II, que dispõem sobre o direito a cidades sustentáveis. Esse estatuto regulamenta os artigos referentes à política urbana no âmbito
econômicas, o grande devastador do questionamento presente e que pretendemos discutir é o limite que temos no tão falado direito à cidade, para quem a cidade está disponível? Quem dita as regras na composição?
Na grade do cotidiano dentro dessa diretriz e deste
federal (Arts. 182 e 183 da Constituição Federal de 1988 –
pensamento temos a indagação do grande teórico britânico
CF/1988). No Estatuto da Cidade, o direito as cidades
que mencionaremos mais vezes no decorrer desse trabalho,
sustentáveis é compreendido como:
David Harvey; onde ele defende que toda a qualidade da vida
“o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações” (art. 2o, inciso I).
urbana é moeda de troca, pois a mercadoria é cara, e só é
parte de liberdade de escolha de serviços, lazer, cultura e mobilidade quem têm condições de pagar, tornando invisível a grande massa trabalhadora e que faz o sistema girar.
06
Estamos abordando está, entre um dos inúmeros direitos
essência para sobrevivência do capitalismo, tornando cenário da luta
humanos: esse que é de caráter direcionado a independência
de classes e da política, como o sociólogo defende o direito a cidade
individual mais a convergência aos diversos recursos urbanos
deveria ser o poder de comandar todo a operação urbana, toda essa
que moldam o espaço coletivo e que tem conexão com o
luta e resistência social é o que o instituto Pólis presa pelo acesso à
processo de urbanização da cidade, logo é virtude para
informação e em questões jurídicas e estatais o Estatuto da Cidade se
remodelar o processo de urbanização, e é primordial dos
manifesta.
direitos e um dos mais negligenciados, todos devem ter o
Outro ponto irrevogável de direcionamentos e de vertente que
direito de habitar, usar e participar da produção de cidades
jamais
justas, inclusivas, democráticas e sustentáveis. Segundo o
mensurando que essa licença não deve ser concebida como um postal
Instituto Pólis, organização da sociedade civil (OSC) de atuação
qualquer de visita, mas como um fator primordial de resposta às
nacional, constituída como associação civil sem fins lucrativos,
cidades tradicionais, podendo só ser formulado como integro a vida
apartidária
urbana, transformada e renovada.
e
pluralista,
que
tem
como
objetivo
o
poderia
ser
negligenciado
é
defendido
por
Lefebvre
fortalecimento da capacidade de ação autônoma da sociedade civil, através de debates informativos, e por meio de eventos e manifestações que lutam pelo direito do cidadão, buscando sempre ampliar seu espaço, físico, civil e originária. O que vai de encontro ao prosear do o sociólogo Henri
Lefebvre em seu livro: A Revolução Urbana que nos indaga em relação a essa licença, pois se trata que a urbanização como 07
Portanto o desenvolvimento coletivo e social em prol da diversidade e da relativa ações e manifestações conjuntas da sociedade em prol da reivindicação do direito à cidade, parando de reproduzir questões do cotidiano, e percebem que não é mais possível viver desse modo, tudo isso em busca de uma ponto de partida do horizonte emancipatório de liberdade e expressão da sociedade, e que podemos ressaltar um discurso da Arquiteta e Urbanista, professora, pesquisadora e ativista brasileira, Ermínia Maricato:
“A cidadania prevê o direito não apenas à terra, mas à cidade com seus modos de vida, com seus melhoramentos, com suas oportunidades de emprego, de lazer, de organização política. Terra urbana, diante desse raciocínio significa terra urbanizada.” (MARICATO,1985, p. 8)
08
Toda essa narrativa é fruto dos momentos de fortes
Quando o coletivo tem consciência e conexão com o urbano e
manifestações e lutas urbanas em busca por reforma urbana, é
o com o outro, ele consegue se desenvolver e lutar junto como massa,
importante que o povo esteja sempre atento ao seu direito e
sempre buscando conquistar mais espaço, pensando na troca de
esteja pronto para lutar para reconquistar seu espaço que
experiências de vida, de autoconhecimento, aprendizado, fortalecendo
diariamente precisamos disputar. E quando Maricato diz não só
ainda mais o exercício da cidadania e explorando o senso de
direito físico a terra, mas todos os demais fatores
coletividade.
colaborativos e de funcionalidade territorial está sendo defendido, nada adiante ter um espaço físico e não ter a sua volta elementos que tornem e façam funcionar de forma eficiente como por exemplo o acesso a área de lazer, direito à saúde, cultura, transporte, educação, segurança e conforto, questões essas que devem suprir as necessidades do cidadão. O desenvolvimento de ponto social e de caráter único precisa ser diariamente questionado o indivíduo precisa saber de seus direitos e deveres como sociedade e como coletivo, um dos primeiros passos para a
manifestação que desejamos juntos aprimorar por meio de intervenção nesse trabalho.
09
A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO COLETIVO NAS RELAÇÕES SOCIAIS
Palco da grande atração das ações e reações na cidade, esta que com seus habitantes e suas diversidades são os atores e figurantes dessa imensurável peça teatral, onde constantemente um novo ponto de partida é iniciado, e o processo dos estudos de conforto e questionamentos da apropriação de espaço é ressignificado ,de acordo com Gehl (2013, p 63), a cidade viva precisa de uma vida urbana variada e completa, onde as atividades sociais e de lazer estejam combinadas, deixando espaço para necessária circulação de pedestres e tráfego, bem como oportunidade para participação na vida urbana espaço de convívio e troca de experiências assim como experimentos sociais, atividades recreativas, tornando o desenvolvimento contínuo com a pluralidade da cidade e fundamentação espacial das relações sociais que podem ser mais grandiosas e com laços fortes. Toda essa conexão e interatividade só é possível como relata a escritora e ativista Jacobs (2000) com o processo de confiança que o indivíduo determina com a cidade e com os demais usuários, tornando real a relação de semelhança e troca de impressões
de um com os outros sobre a cidade, rotina, seus animais de estimação, a forma como enxergamos e impactando diretamente no fator de identidade partilhada e laço de respeito mútuo. Passando por todo questionamento inicial e para complementação com o laço que é importante nós termos com a cidade seguimos, com outro o pensamento do que trás essa confiança e troca de ideais que é composta pela quantidade de pessoas que temos indo e vindo de um lado para o outro na cidade atrelado ao olhar passageiro e apreciador das janelas, buscando contato com o exterior, essa boa relação com o espaço em que habito e do espaço por onde passo reforça a vivacidade e diversidade de ações e de transeuntes a usuários de longa permanência no espaço urbano, tornando-o disponível para novos contatos A ação mútua e a colaboração do urbano apropriado para o espaço de acesso a outras pessoas e a novas interações umas com as outras torna a troca de sensações, pensamentos e devaneios, com mais pessoas diferentes interagindo mais opiniões e protestos teremos.
10
Quando criamos um espaço colaborativo e de interação as pessoas interagem mais abertamente e livre ao conhecer, ao se permitir interagir e acaba mais acessível para entrar em contato com outras pessoas. 11
ESPAÇO INTERVALO/NÃO LUGAR Neste capítulo o caráter não lugar, é aquele que é utilizado como ponto de encontro, espaço de grande fluxo de pessoas com pouco ou nenhum significado, e sem intenção de longa permanência. Não é caracterizado por seus transeuntes como região de familiaridade, pois é sem padrão de identidade espacial. O espaço intervalo constitui no espaço que são transitórios e que acabam não possuindo um significado/sentido significativo para o usuário fazendo com que ele passe por ele sem dar muita atenção, conforme o conceito de Marc Augé em seu livro Não – lugares que se trata de uma relação pósmodernidade, e com o processo evolutivo da ciência social observava que novas formas espaciais seriam analisadas por novas categorias da concepção para estabelecer e discorrer da complexidade de vivência do coletivo no espaço urbano pósmoderno.
Fundamentação essa que se faz presente no levantamento que estamos fazendo referente a forma como o indivíduo se relaciona com o não lugar e quais são os impactos que isso traz para o amadurecimento da evolução para um lugar com mais sentido. Percebe-se que esses não lugares são definidos como instalações necessárias à circulação frenética de pessoas como pontos de ônibus, meios de transporte, plataforma de metrô, trem, Augé cita Certeau para situar o termo “não lugar” como uma ausência de lugar, principalmente quando “existem espaços onde o indivíduo se experimenta como espectador, sem que a natureza do espetáculo lhe importe (2013, p. 80). Constantemente a cidade nos faz caminhar mais em busca do nosso objetivo, mas por conta da quantidade de espetáculos pelo caminho e pelo ritmo de vida que temos acabado não usufruindo dessas oportunidades interativas.
12
A RUA
1 É a unidade básica do espaço urbano por meio da qual as pessoas vivenciam a cidade. São de fato espaços multidimensionais compostos por muitas superfícies e estruturas. – Global Design Cities Initiative, 2014
A rua¹ molda pessoas pois, são capazes de
A rua não só é o elemento estrutural e de conexão
fornecerem a base para a experiência cotidiana e devem,
urbana, mas é fundamental para suportar a cidade e evidenciar a
portanto, ser desenhadas a favor de seus usuários e suas
cada tempo de necessidades fazendo conexões e criando meios
necessidades. Esse contato direto com a rua é crucial para o
para incentivar a nação a se amoldar na localidade e de outros
desenvolvimento e a qualidade de vida de seus habitantes
modais de transporte, tais componentes da rua como: a calçada,
ressaltando seus sentidos humanos que devem ser regularmente
iluminação, mobiliário urbano e sombreamento influenciam
explorados, a relação da visibilidade do nível do olhar humano, e
diretamente na relação que o indivíduo tem com a urbanização.
todos os elementos sensoriais que permitem com que o ser vivo
Toda essa massa estrutural e de forte conexão é de
perceba e reconheça as características e organismos do meio
suma importância em diferentes âmbitos para o indivíduo, pois é
onde se encontram como por exemplo: o olfato, que nos
onde se encontra a vitalidade urbana, e é o contato mais direto
permite identificar em que condições se encontram a área em
que temos com o ambiente público, pois as ações que
que estamos, o tato que é explorado através das texturas que
acontecem no espaço ao ar livre são direcionadas diretamente
encontramos pela cidade, a visão como dito anteriormente, a
para as vias e artérias da cidade, seja de um ponto alto de algum
audição que nos possibilita o conhecimento do espaço que
edifício, da janela de casa, ou de alguma loja do boulevard da rua.
estamos pela característica dos sons, todos esses elementos
Essa visibilidade do olhar para a cidade traz a discussão e
devem ser capacitados em prol da diversidade e possibilidade de
retorno do protagonismo para as pessoas que dão ritmo e
funções de crescimento para a cidade e sua população.
eloquência a cidade. 13
ATIVA E DESATIVADA O espaço de conexão de uma territorialidade para outra é fundamentado por
suas características físicas e pela forma como ela pode impactar diretamente o indivíduo, vamos pela capacidade de desenvolvimento de uma via, esta é definida como ativa quando ela atende a carência de seus usuários e consegue atingir especificamente de forma positiva seus desfrutadores, como quando Hertzberger (1999) menciona um sentimento que é coletivo e unânime quando se discute da conexão que temos com a cidade quando menciona do desconhecido ou um ambiente com pouca ambientação, movimento, sendo um mundo além da nossa porta, um mundo hostil, de vandalismo e agressão como ele próprio nomeia, onde muitas vezes nos sentimos frágeis, coagidos, ameaçados e nunca em casa, acolhidos. O ser vivo das ruas nos permite ver e refletir nossas intenções, sonhos e realidades distintas e toda essa troca humanitária do espaço com o indivíduo que está ligada a forma como a ação das ruas, próspera e como ela toca a cada um que passa ou que permanece por ela. Assim como pontua o Arquiteto e
Urbanista dinamarquês:
A cidade viva emite sinais amistosos e acolhedores com a promessa de interação social. Por si só, a simples presença de outras pessoas sinaliza quais lugares valem a pena. Um teatro lotado e um teatro quase vazio enviam duas mensagens completamente diferentes. Um assinala a expectativa de uma agradável experiência comum. O outro, que algo está errado. (GEHL, 2013, p.63)
14
ATIVA E DESATIVADA
Essa discussão defendida pelo arquiteto é de suma importância para a escolha da escala e da possibilidade de adaptar e diversificar o uso do espaço (desativar o nosso elemento projetual no espaço ou reativar), possibilidade essa que aprimoraremos no decorrer do nosso trabalho.
15
PERMANÊNCIA
Espaço este importante por quem se intensifica e faz parte do espaço, a forma como nos relacionamos e nos identificamos torna o lugar, desejado e local de permanência, logo esse objeto está cumprido eficientemente com a sua função.
16
Quais são os elementos que se destacam e que capacitam um trecho do espaço urbano fazendo com que ele seja um espaço de permanência? Vamos evidenciar os pontos principais dessa interação com o indivíduo social e coletivo e de caráter pontual e qualidade urbana; espaços que desenvolvem a interação de pessoas como por exemplo: parques, praças, entre outros espaços públicos com as seguintes características:
1.
Espaços com diversidades de usos - como prédios com mesclas de residenciais e uso comercial, fachada ativa, pois faz com que esse espaço tenha movimento e potencial de troca de contato e entrosamento das pessoas umas com as outras;
2.
Vitalidade urbana - qualidade do espaço público, calçadas e ruas caminháveis, mobiliários urbanos de qualidade que estimulem e encantem o sujeito a parar e descansar ou conversar por alí, essas características são capazes de produzir mais e mais efeitos positivos, um espaço com um público expressivo, convida mais pessoas a frequentá-lo;
17
Participação da comunidade - é de suma importância que o espaço
atenda a demanda local e seja um espelho dos habitantes e dos transeuntes que passam pelo local, pois torna mais clara a comunicação direta com seu público-alvo e cria um envolvimento de familiaridade e desejo de continuar
3.
no espaço. Tendo essas características próximas no espaço existente, é o processo culminante que temos como empoderamento da sociedade civil, funcionando como energia de troca para novas atribuições sociais eficientes, melhora da interação, torna o espaço caráter de expressão de manifestações políticas e de direito dos cidadãos. Tem como objetivo direto conectar lugares e indivíduos de diversidade de opiniões e características, em qualquer momento. Logo, o
espaço público é intrinsecamente o mais democrático da cidade ao facilitar o intercâmbio mais heterogêneo em tempo, idade, gênero e espaço. Evidenciado pelo diálogo seguinte:
“Enquanto a rua sinaliza movimento – ‘por favor, siga em frente’ –, psicologicamente a praça sinaliza a permanência. Enquanto o espaço de movimento diz ‘vá, vá, vá’, a praça diz ‘pare e veja o que acontece aqui’. (...) Os componentes básicos da arquitetura urbana são o espaço de movimento, a rua, e o espaço de experiência, a praça.” (GEHL, 2013, p. 38).
18
PERMANÊNCIA
O elemento da discussão, é a ação disruptiva que o cenário urbano necessita diariamente, de mais espaços de qualidade que façam a absorção e a soma de pessoas e mais pessoas para conseguirmos prosseguir com esse meio vivo.
19
TRANSIÇÃO Toda trajetória espacial e ponto de deslocamento que fazemos temos o período de transição espacial, onde não investimentos atenção por passar por ele e não nos preocupamos, pois na verdade estamos direcionando nossa atenção ao ponto clímax que é onde queremos chegar ou com quem vamos nos encontrar e outras distrações motivadas pelo grande avanço tecnológico, como celulares ou pensamentos aleatórios que nos permeiam no dia a dia.
20
Reconhecido e autor da cidade como espaços de transferência do ponto A ou ao ponto B, estes se restringem ao
campo visual e espacial e acabam dando significado a relação do espaço individual, e sua forma como é mantida, este posicionamento se aprofunda na importância do funcionamento do conjunto urbano e social, a forma como a vida na cidade é
moldada faz e cria parâmetros de número de pessoas no mesmo intervalo de tempo em diferentes lugares de transição. Como esse espaço caracteriza e molda os atores urbanos? Como a população lida com esse espaço? Qual as vantagens de um elemento bem desenhado e apropriado para a escala da cidade e seus diferentes usos? Dialogando e buscando compreender a fermentação dessa análise temos o seguinte trecho capaz de caracterizar esse espaço:
A preferência por ficar nos espaços de transição está intimamente ligada a nossos sentidos e normas de contato social. O princípio de uma boa localização nesses espaços remonta a nossos ancestrais das cavernas. Eles sentavam-se com as costas para o fundo das cavernas e o mundo à sua frente [. ] O posicionamento ao longo desses espaços é mais relevante ainda nos espaços urbanos onde ficamos mais tempo entre estranhos, pois ninguém quer demonstrar que está esperando por algo ou alguém, sozinho. Se ficarmos de pé junto a uma fachada, pelo menos teremos algo em que nos apoiar. (GEHL, 2013, p.137)
21
Percebe-se que quando o indivíduo se encontra nesse espaço automaticamente o posicionamento e a forma
como ele se comunica com o espaço muda, ele não está preparado para recepção por mínimo contato que seja, logo ele busca, involuntariamente, pontos que o deixe confortável tornando o espaço inapropriado para multiplicidade de troca de
diferentes públicos para contato uns com os outros, qualquer aproximação mais evasiva coloca a frente a atenção total e assertiva do sujeito. Com o pensamento e estudos do arquiteto identificamos na cidade essas características da seguinte forma:
Trata-se da zona onde se caminha quando se está na cidade; são as fachadas que se vê e se experimenta de perto, portanto mais intensamente. É o local onde se entra e sai dos edifícios, onde pode haver interação da vida dentro das edificações e dá vida ao ar livre. É o local onde a cidade encontra as edificações. (GEHL, 2013, p.75)
22
O ponto de encontro levantado na discussão do arquiteto nos faz refletir sobre o processo que estamos sujeitos no ir e vir, o
TRANSIÇÃO
quanto essa relação é importante para o desenvolvimento da cidade e do indivíduo como coletividade, resultado este que buscamos aprimorar. O estudo dessa transformação do espaço de transição para o espaço de permanência é justamente
proporcionar um espaço onde a comunicação possa acontecer de forma mais natural, onde as pessoas tenham a oportunidade de ver, ouvir e falar, sem dúvidas é um bom início para se permear pelas pessoas que passam pelo local da nossa intervenção.
23
DESCONHECIDO/ O CAOS VISUAL
Com o processo de desenvolvimento da urbanização das
no espaço, se torne um lugar de dúvida/anseio e ao mesmo tempo
cidades percebe-se um grande aumento da política de
um potencial para explorar. O caos visual é aquele que se faz
necessidades da população, como espaço territorial, crescimento
presente junto com o desconhecido, por tudo ser uma nova
de vias de acesso de transporte, demanda de empregos para
experiência, liga uma luz de emergência nos mantendo atento a
subsidiar e de suprimentos para abastecer essa formação, logo
tudo, qualquer movimento e a todos, conectado diretamente a
com toda essa sucessiva explosão de ocorrências e com o
insegurança que o usuário tem. Outro fator importante referente
desgovernado crescimento estamos em constante contato com
ao caos visual é que ele está relacionado com as inúmeras
o desconhecido e com a diversidade de informações. Neste
informações visuais diárias e com a troca de mútua e às vezes até
momento é importante nos recordarmos quando estamos
involuntária de conhecimentos de usuário para usuário e do
fazendo um trajeto pela primeira vez e quão cautelosos somos
mesmo com a cidade, onde essa super atenção em muitos
na conexão com esse espaço, estamos fixamente conectados nas
elementos pode afetar diretamente a absorção que o indivíduo faz
informações que acontecem nesse, estamos alertas e abertos a
desse espaço e que posteriormente o personagem possa
compreensão desse espaço fazendo com que o contato com o
transbordar para outros cidadãos aumentando a possibilidade de
desconhecido, podendo ser ele um espaço físico, uma rua, uma
identidade.
lado da calçada que não passamos com frequência a ponto de ter alguma familiaridade ou ter algo que nos faça sentir confiança e tranquilidade 24
O INDIVÍDUO
O indivíduo torna-se o coadjuvante da cidade quando ele não compreende a sua importância no meio urbano, lidando e usufruindo do espaço somente quando necessário e conforme necessidade objetivas, como por exemplo o deslocamento direto e único do deslocamento de casa para o trabalho e do trabalho para casa, dessa
forma o espaço não cumpre com a sua máxima essência e o indivíduo não usufrui da continuidade de sua residência que é a cidade.
25
INDIVÍDUO Quando o indivíduo compreende que sua perspectiva de cidade pode ser melhor que o espaço que ele usa somente como
clubes, praias particulares, shoppings, e demais setores que eles possam ter alguma estima de que o público que pertence aquele ambiente se encontre em um nicho pré-estabelecido socialmente.
passagem, abrimos um leque de oportunidades e experiências no espaço urbano com outras pessoas e nos envolvemos mais na peça teatral imunidade de pluralidade e potencial que é a cidade, libertandoo das suas estabilidades e estruturas e tradições sociais. O ser só se preocupa com um nível de satisfação quando tem suas necessidades básicas sanadas, dessa forma podemos compreender o porque ainda
possuímos espaços urbanos com pouco desempenho e/ ou com uso inoperante. O público que é mais desenvolvido conforme pirâmide de Maslow acaba recorrendo a espaços onde pessoas de nível equivalente se encontre, ou a espaços privados como 26
A P R O PRIAÇÃ O DO ESPA ÇO / P ER T ENCI M ENT O
Como reflexão da forma que nos colocamos no espaço público, o que diz muito sobre quem somos como coletivo e da forma que buscamos nos desenvolver em conjunto, temos o processo que é importante; ter uma relação condizente com o que buscamos para o futuro. Atualmente podemos perceber que nem sempre nos relacionamos de forma adequada com os espaços públicos e até privados, ocasionando o efeito contrário a forma benéfica para o crescimento e aperfeiçoamento das tecnologias e dos inúmeros insumos para a progressão mundial.
27
APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO / PERTENCIMENTO Temos como um dos impactos dessas ações coletivas mal estruturadas
11
como por exemplo, o mal uso consciente de matérias primas, a falta de saneamento e de uso adequado de água, o descarte de resíduos irregular e muitas vezes mal setorizada pela própria população e em questões de falta de planejamento e desenvolvimento das políticas estruturais e de caráter público, aumenta o abismo da poluição do ar, do clima, a qualidade (e o impacto que isso gera para melhorar seu tratamento) entre outras bactérias e doenças que são encontradas por
conta de todo essa agressão direta ao indivíduo. Conforme pesquisa do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) a reciclagem no Brasil atinge apenas 2,1% de tudo que é coletado conforme imagem desenvolvida pelo órgão: 28
Essa é uma estimativa em cima do material que é recolhido pensado que temos cidades e regiões que não possuem o sistema de coleta
menos o espaço viário para um carro, enquanto o sistema que mais atende a massa populacional não tem qualidade o suficiente para atender a demanda. Temos à tona a seguinte questão espacial;
regular e seletiva dessa forma faz com que o desenvolvimento não seja o adequado para o país. Percebemos que embora exista ações para melhorar a conscientização e forma como lidamos com o lixo e
demais descartes de resíduos percebemos que toda ação é pequena comparada a atitude diária da população habitante do país, logo com essa problemática queremos impactar e trazer à tona problemas que encontramos em nossos meios, vamos evidenciar isso em nosso
projeto. Quando compreendemos o impacto que isso traz para a apropriação do espaço evidenciamos que não usamos com propriedade o espaço coletivo, outro exemplo recorrente na rotina na rotina do público é o trânsito exacerbado por conta dos inúmeros veículos particulares usados na maioria dos casos por um único motorista ocupado pelo
29
Como podemos nos desenvolver e nos deslocar com qualidade e
Quando adquirimos intimidade com o meio em que estamos
agilidade se usamos meios inadequados e pouco eficientes para esse
inseridos cuidamos e zelamos para que o espaço possa se
fim? Qual o impacto que um transporte particular tem (para um
desenvolver em conjunto, inúmeras ações são desenvolvidas em
passageiro) comparado ao impacto que um ônibus com sessenta
coletividade como por exemplo uma ação que floresceu com um
pessoas
ações
grupo da vizinhança do bairro Vila Cruzeiro, zona sul de SP:
contrastantes com o meio ambiente, a diferença e o quanto devemos
transformaram um terreno inoperante para nós em um pulmão
trabalhar para reverter essa situação criada até então, outro fator que
para a cidade com uma horta comunitária, uma área de
pretendemos discutir como manifestação. A apropriação que
compostagem, uma pista de caminhada, conseguiram mobiliários
desejamos trazer aqui em virtude do espaço construído que temos, é
urbanos, e também acrescentaram vegetações com mais de 320
que podemos nos beneficiar de espaço existentes, cuidando da
árvores nativas da Mata Atlântica, essa ação só mostra como nos
vegetação, dos nossos eixos estruturais e fluídos usando-os como
identificarmos com o urbano traz, empenho, senso de coletividade,
potenciais únicos. E criando novos elementos acolhedores para
exercício da cidadania e movimento para vida urbana, interesse
permanência, ações
pelo bem estar do outro, novas amizades, e novos projetos e
tem?
Ambos
meios
de
transportes
coletivas, espaço
de
trazem
eventos
dos
mais
diversificados, a palestras e aulas que possam vir a acontecer no
discussões em união.
espaço livre. 30
Figura 1 O grupo “Nossa Praça” em desenvolvimento coletivo do projeto comunitário para valorização de um canteiro inoperante.
Figura 2 O grupo “Nossa Praça” em desenvolvimento coletivo do projeto comunitário pós implantação de vegetações nativas na Mata Atlântica.
Essa atitude representa muito bem o organismo vivo da sociedade e quanto somos capazes de incentivar e impactar uns aos outros nos revelando a cada dia mais como elemento único e complementar do nosso palco que é o tecido urbano. 31
INTERVENÇÕES
O ato de intervir no meio artístico e urbano engrandece a vida e o estilo de vida que estamos inseridos, capaz de conscientizar e evidenciar problemas, criando vínculo de discussão com quem passa pelo local que está acontecendo a intervenção e estimulando as pessoas a refletirem e contribuírem com ideias, podendo atingir a cada vez mais pessoas.
32
Cada intervenção impacta os seus personagens urbanos
grandes cidades metropolitanas, onde o próprio Harvey capta
de formas diferentes ocasionando discussões intermináveis sobre qual
como a premissa do desenvolvimento urbano parte do contexto
é o conceito básico, até fazer com que o coletivo se aproprie ou reflita
de expansão do capitalismo.
da forma como consomem ou se manifestam no espaço público e/ou
Em seus estudos ele questiona que o serviço está mais em
privado A forma de linguagem de resistência que questiona a utilização
prol do capital do que a serviço da espécie humana, todo o seu
hegemônica do espaço urbano das grandes cidades, a intervenção
desenvolvimento está no capital de giro da metrópole,
urbana possui grande potencial de representar pessoas, pensamentos e
desenvolvimento esse que acreditamos e trazemos para
ações com base na diversidade de formas e estilos de intervenção,
aprimorar nosso trabalho, dessa forma, acabam desenvolvendo
essas ações são executadas no maior palco urbano, e é resultado da
um plano estrutural excedente de obras e vias direcionadas a
constante luta por espaço social e político na sociedade.
massa com mais potencial aquisitivo se esquecendo de
Neste trabalho adotamos a teoria de David Harvey,
estruturar o espaço e qualificar em prol da massa e da qualidade
consagrado estudioso que compreende o processo de transformação
de desenvolvimento social. Como Da Silva (2014) contextualizar,
do espaço e que faz duras críticas referente aos interesses de mercado,
por meio de experimentos, conceitos e princípios, novos cursos
dessa forma temos a comprovação do crescimento descontrolado das
posteriormente estarão aptos para o estudo do crescimento 33
acelerado de respeito e da ética através das expressões manifestadas pelas intervenções: memórias e experiências de vidas, todo o sistema é moldado pela continuidade e frações aceleradas de pequenos, grandes, processos que fazem a sociedade se reinventar. O ponto culminante dos inúmeros benefícios de uma intervenção inserida no espaço
A intervenção urbana traz para a cidade o elemento comum, de forma inesperada, capaz de causar o estranhamento necessário para despertar as pessoas ao meio em que estão. A interferência nesses espaços através de uma experiência estética compartilhada promove a interação entre estranhos, uma troca simbólica de significados, realizando momentaneamente uma reconfiguração do espaço e da percepção de realidade. (BARJA, 2012).
urbano, se faz presente categoricamente pela constância da integração de espaços com a população, e acessível independente de seu poder aquisitivo, raça, etnia entre outros parâmetros socioeconômicos. Diante de pontos em potencial que precisam ser ressaltados: promove a circulação do excedente capital, gera novos investimentos, desenvolve a infraestrutura urbana, maior facilidade,
Barja como grande revolucionário e profissional embasado nos recorda a magnitude de envolver diferentes personalidade, classes, em um só espaço, pois torna evidente a multiplicidade de frutos que podem ser colhidos nessa troca.
rapidez e eficácia da informação, aproximação e integração de diferentes grupos sociais, gera novas práticas conectadas diretamente ao ambiente urbano. 34
A CIDADE COMO PLATAFORMA A cidade essa que é estrutura, espaço de contraste, praças, ruas e vias de aprendizados e manifestações caracterizadas por ser plataformas de diferentes peculiaridades, o termo estudado nesse momento é designado do estudo e conexão da arte, da política e da movimentação pública, resultante da linguagem desenvolvida por manifestantes em espaços públicos onde sua principal característica é a utilização da cidade e de todos os elementos característicos pré-
existentes para a realização dessas ações, logo essa tela grande de desenho, que é a cidade, é criada a proposta com enfoque em objetivos sociais. O conceito é claro e objetivo, conforme defende Wagner Barja sobre o provento da intervenção urbana:
Aparece como uma alternativa aos circuitos oficiais, capaz de proporcionar o acesso direto e de promover um corpo-a-corpo da obra de arte com o público, independente de mercados consumidores ou de complexas e burocratizantes instituições culturais (BARJA, 2008, p.216).
35
O corpo a corpo mencionado pelo Artista Barja traz composição direta com o que a cidade carece atualmente, toda a relação que pudermos explorar na face to face trará retornos tangíveis para o desenvolvimento coletivo e estrutural. O prosear caminha de mãos dadas com grupos e ações diferenciadas que possam desenvolver
Figura 3. O grupo Curativos Urbanos foi criado por arquitetos e já realizou intervenções em várias cidades do Brasil e na Itália.
novas metodologias de projetos coletivos pelo urbano, fazendo com que diariamente consigamos reconquistar o espaço público em prol da
massa, do caminhar, do permanecer e do sentir a cidade.
Busca por meio de suas intervenções fazer várias críticas sociais
Dentro desse aspecto estudado em nosso trabalho é possível
e a forma de 10 apropriação do espaço na paisagem da cidade, o
compreender que a intervenção é uma expressão democrática e
ponto ápice de seus trabalhos é buscar espaços que sejam
bastante inclusiva, é ela que permite diferentes formas de atuação, tais
distantes e esquecidos pelo governo, e dar vida a ele.
como: Instalações efêmeras com mobiliários urbanos ou estruturas, como o In-globalized – O projeto do italiano de Fra. Biancoshock: 36
Com a sua intervenção ganham notoriedade e maior impacto
Arte no chão por Argentino Tec, busca transbordar a arte,
social. Na maioria de suas produções elas sobrevivem pouco na
expressando sua manifestação na própria via e fazendo uma
matéria física (no local em sí), mas com o registro fotográfico é
crítica ao espaço que não é muito aproveitado nas paredes das
eternizada e consegue atingir mais pessoas. Formatos 3D por Soma
cidades para colaborações artísticas. Por meio de elementos
– Aakash Nihalani:
existentes no meio urbano, o artista busca criar pequenas animações que dialogam com o recorte escolhido, muitas vezes criando um pequeno enredo.
Figura 4 A arte faz reflexão referente aos elementos que encontramos na rua e aos ambientes que são criados, por meio dessas fitas em 3D o artista brinca com os sinais de representação matemática
37
Arte no chão por Argentino Tec, busca transbordar a arte, expressando sua manifestação na própria via e fazendo uma crítica ao espaço que não é muito aproveitado nas paredes das cidades para colaborações artísticas. Por meio de elementos existentes no meio urbano, o artista busca criar pequenas animações que dialogam com o recorte escolhido, muitas vezes criando um pequeno enredo. Essa forma de manifestação artística e urbana é muito eficaz e importante para o incentivo a relação e convívio social da população, conseguindo defender causas através dessa manifestação, possibilitando que o acesso à informação chegue a
mais pessoas e com esse impacto novos processos de intervenção possa ocorrer. Outro fator importante para ressalvar é que essa exteriorização da arte, arquitetura e o urbano pode atingir as
pessoas de forma distinta de espectador para espectador tendo claro sua mensagem, mas podendo gerar mais reflexões conforme a vivência do observador.
Figura 5 Projeto executado e a importância da
inserção urbana, ressaltando sua escala e forma.
38
ESTUDOS DE CASO Para nos auxiliar e desenvolver o nosso projeto com ciência das problemáticas que queremos resolver e dissolver em papeis múltiplos de funcionalidade
para
conseguir
suprir
a
necessidade
de
interação
e
desenvolvimento social, temos os seguintes cases que se aproximam em caráter da escala e forma para obter esse retorno saudável para a urbanização;
39
PROJETO DE INTERVENÇÃO (2015)
PRISMA CULTURAL BIJARI Projeto itinerante com o objetivo de abastecer a região em que estiver localizado buscando trazer e transmitir conteúdos culturais e sociais com o intuito de subsidiar o
interesse social e ambiental do espaço público. Sua forma foi concebida com o intuito de permitir diferentes formas de interação e a experimentação do usuário com a estrutura. Essa estrutura possui uma ferramenta importante para transmissão de projeções em grande escala, espaço para palco de atividades
BIJARI
ou shows.
40
PROJETO DE INTERVENÇÃO (2015)
BIJARI
Figura 6 Desenvolvimento do projeto e sua aceitação pelo público
41
BIJARI
PROJETO DE INTERVENÇÃO (2015)
Figura 7; Materialidade: pensada e projetada para ser eficiente e simples de montar e desmontar pensando na possibilidade de atuação em outros lugares e transparecer juntamente com seu objetivo trazer familiaridade com seus usuários
42
PROJETO DE INTERVENÇÃO (2015)
Figura 8.. Prancha de apresentação.
Esse projeto e sua forma fazem presente a valorização da inserção urbana e do papel funcional do cidadão, e o quanto isso é benéfico
BIJARI
para o nosso dia a dia.
43
Figura 9 Projeto implantado.
A EMBAIXADA VERDE – STEFFEN IMPGAARD 2016 44
O estudo do projeto proposto de 30m² se faz único e complementar pelo impacto positivo que ele traz para
o coletivo, promove a visibilidade para o tema do plantio e torna a informação e o estudo para o desenvolvimento dessa arte acessível, incentivando mais pessoas e atingindo públicos e diferentes idades.
Figura 10 Sua implantação e sua forma estão conectadas com a identidade da forma atribuída a madeira e ao desenvolvimento sustentável, e da conexão expressiva da localidade escolhida que faz armação com a familiaridade do projeto.
Figura 11. Sua materialidade é composta pensando no desenvolvimento sustentável e identificatório com a causa abordada
45
(2016)
STEFFEN IMPGAARD
Duração do projeto: 2 anos.
46
(2016)
STEFFEN IMPGAARD
Figura 12. Espaço interno, desenvolvido expressivamente para um espaço de aprendizado e desenvolvimento coletivo pensando nas mútuas trocas de informações de usuários, interligados ao incentivo ao plantio.
E S PA Ç O S E F Ê M E R O S E INTERVENÇÕES URBANAS W O R KS H O P – J AV I E R P E N A I B A N E S
O objetivo da ação promovida através do workshop é transformar a percepção do usuário com o espaço, mostrando a ele a cidade por outros ângulos permitindo a ele novas sensações e experiências.
Figura 13 Projeto executado em tamanho real
47
ARTE E ARQUTIETURA: “A PISCINA DO PARQUE LAGE” PENIQUE PRODUÇÕES - 2015
Figura 14. Movimentação para ajustes e execução do projeto.
48
ARTE E ARQUTIETURA: “A PISCINA DO PARQUE LAGE” PENIQUE PRODUÇÕES - 2015 O projeto de intervenção se desenvolve no pátio interno do palacete da Escola de Artes Visuais Parque Lage em uma área de 3300 m³.
Figura 16. Proposta do volume proposto.
49
(2015)
Figura 15. Movimentação para ajustes e execução do projeto.
O objeto desenvolvido é um elemento artístico que permite por meio da vazão e apropriação da espacialidade a identidade da arquitetura proposta e como ela se relaciona e se identifica com o espaço.
O
espectador
é
exposto
Figura 18. Fase de execução do projeto.
a
camada
plástica
monocromática e de seus inúmeros contornos criados pela flexibilidade e apropriação da matéria permitindo uma nova caracterização do espaço, desenvolvendo novas formas e mudança de realidade que ocasiona nessa obra. 50
(2015)
PENIQUE PRODUÇÕES
Figura 17. Parte interna da intervenção.
O coletivo de pessoas “a cidade precisa de você” é um ONG capaz de conectar pessoas com a mesma
população e do público ativo do lugar em questão. Formando
uma
rede
interdisciplinar
de
energia e força de vontade com o intuito de
pessoas que têm como propósito a ativação e
transformar o espaço público em um ambiente mais
melhorias do espaço público entre seus projetos
aconchegante e organizado conforme o caráter que
temos: Mobiliário temporário.
o espaço pode atingir conforme necessidade da 51
(2015)
PROJETO COLABORATIVO
A CIDADE PRECISA DE VOCÊ
Com um grupo de aproximadamente 30 pessoas o
Os respectivos projetos retratam a dimensão que
coletivo desenvolveu mobiliários urbanos com
podemos atingir trabalhando em projetos que
móveis de madeira para o 3°Festival dos Direitos
encorajem a apropriação do espaço pelo público
Humanos, SP. A ação temporária ocorreu no vale do
com mais ousadia e confiança, todo ato de
Anhangabaú, transformando totalmente o espaço e
expressão
cativando aos transeuntes que se surpreendiam com
pensamento ou de uma ideologia, é capaz de fazer
a qualidade que o espaço se encontrava.
mais pessoas se questionarem referente a valores,
pública
e
exteriorização
de
um
ideais, e princípios ao acesso que elas têm a essas informações e o que elas podem criar para amadurecer e enraizar isso.
52
(2015)
PROJETO COLABORATIVO
A CIDADE PRECISA DE VOCÊ
PROJETO Como projeto desenvolvemos uma estrutura que
Acreditamos no poder de desenvolvimento coletivo e o quanto
possa ser inserida no meio urbano por meio combinações de
isso é valioso na construção de cidade que temos, logo em nossa
encaixe e volumes de cheio e vazios que sirva como lugar de
estrutura vamos propor um espaço de criação coletiva como o
descanso e lazer, onde as pessoa possam sentar, interagir, umas
mural onde a população possa se apropriar e fazer a sua própria
com as outras e também possa servir como uma escada e um
contribuição para o nosso elemento, tendo lambe, tintas e
artificio que seja fixo e permita o destaque de um dos inúmeros
materiais que permitam essa construção e que será previamente
pontos de destaque da cidade (lugar contemplativo/ ou que sirva
estruturada em um período específico da nossa ação, e também
como ativo de manifestação) o objetivo é trazer questionamentos
uma ação que só será possível sua desenvoltura com a junção de
e evidenciar o que passa despercebido no passear despreocupado
mais pessoas para desenvolver sua estrutura, dessa forma só será
e pouco atento. Tendo esse critério ativo, conseguimos
possível atingir essa etapa da intervenção com a atividade
desenvolver uma linha direta de comunicação e reflexão do
conjunta por mais membros.
espaço em que o nosso projeto de intervenção está acontecendo, e também de ações que são reproduzidas diariamente sem ou com pouca conscientização. 53
Vamos dar continuidade e recomeçar histórias, resgatando as relações sociais empoderando a sociedade e despertando a ação de
pertencimento
em
continuidade
com
a
importância
colaborativa que é a raiz mais forte da democracia e da luta diária que temos por liberdade de expressão, qualidade de vida e justiça por nossos direitos.
54
O CENÁRIO O espaço explorado para a ação foi estudado como fonte
potencializadora de discussões e impactos no espaço urbano, pois temos como consciência o acesso a visibilidade principal pois se trata de uma via expressa da cidade, caráter importante para o processo de discussão, e também sua
conexão com uma área inoperante a cidade que pode ser resgatada para o uso diversificado no urbano. Trecho escolhido: Av Professor Alceu Maynard Araujo x Av das Nações Unidas na altura do número 17000. Obra do eixo
de estruturação: Ponte laguna, operação da Urbana Água Espraiada que faz parte do complexo viário que prevê o alongamento da via expressa Av Chucri Zaidan.
55
Vista da via expressa
Academia ao ar livre
Playground
Playground Pista automobilística 56
Explorar a máxima visibilidade e manifestação artística que podemos atingir com a intervenção acontecendo em uma via de fluxo assíduo com público diversificado e com diferentes possibilidades de intervir por meio de volumes de cheios e vazios, possibilidade de reprodução por vídeo e de destaque ocasionando em um universo de reflexões e contato com o espectador.
Planta de situação ESC 1:750
57
A
B
B
A Planta de Intervenção ESC 1:100
58
Corte A 59
Corte B
60
MATERIALIDADE A materialidade do projeto é desenvolvida para ressaltar a importância do uso de materiais sustentáveis e com eficiência técnica estrutural e de conforto e também de continuidade de materialidade composto do espaço de intervenção por ser tratar
de uma praça, um ambiente ao ar livre, exige que o material suporte temperaturas diversificadas. Para as estruturas das instalações intensificamos o contraste da cor com o material que é um tubo de poliuretano a base de Éter (TR-PU) , que possui boa estabilidade térmica, boa flexibilidade e são os mais indicados
não racha, não apodrece, não possuí tratamento especial, o que viabiliza o uso em nosso projeto e tem baixos índices de manutenção. Para servir de acabamento e como caráter de conscientização aos transeuntes e os demais permanentes na área teremos madeira ecológica Rewood e pallets, trazendo conforto e pensando na sustentabilidade, quanto mais o indivíduo se sentir parte dessa superfície maiores chances de esticar os laços humanos e socioespaciais, ocasionando muitas vantagens.
atualmente para as estruturas que estamos propondo na área de intervenção, para subsidiar e dar continuidade ao ritmo da estrutura principal onde acontecem as manifestações o grande cubo que se repete em três instâncias possuí portas de abertura com bambu taquaral e madeira Ecológica Rewood que tem entre as suas características, 61
3D DAS ESTRUTURAS
Mobiliário Urbano ao longo da intervenção
Estrutura de visibilidade com pallets
Girassol com capacidade captação de energia solar
de
Detalhe da estrutura da caixa de visibilidade
Estrutura de visibilidade com pallets
62
Vista frontal da intervenção
Vista lateral da intervenção
Foto do local
Foto do local
63
CONSIDERAÇÕES
O desenvolvimento deste projeto busca suprir a
Outro fator para dar continuidade ao desenvolvimento
demanda de disputa de espaço, pensando na importância e troca
constante e atemporal da cidade é criar uma comunicação direta
de relações humanas e o direito que todos têm de ter um
conforme o turno, transformando-o em sequência do grande sujeito
elemento capaz de proporcionar descanso e lazer em um só
que é a cidade. Com esse projeto é possível estimular a sociedade a
espaço, proporcionando um espaço de discussão aberta. Com o
se manifestar e lutar pelo espaço em que vive buscando condições
intuito de estimular a convivência e conscientizar o público da
mais igualitárias, e quebrar a correnteza de informação, e propor
importância que a cidade e o meio ambiente possuem, buscamos
mais vivacidade e qualidade no espaço em que vivemos.
desenvolver em pequena escala e materialidade que seja sustentável e de estrutura modular, tornando o nosso projeto um elemento que possa ser ativado ou desativado conforme conveniência.
64
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