Conjunto Habitacional para Terceira Idade: Um envelhecer ativo - TFG 1 Faurb/UFPEL

Conjunto Habitacional para Terceira Idade: um envelhecer ativo

Universidade Federal de Pelotas Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAUrb) Trabalho Final de Graduação I - Ênfase em Espaços Construídos 2021 Acadêmica Bruna Mader Silva Orientadora: Profa. Dra. Célia Helena Castro Gonsales

AGRADECIMENTOS

À minha família, por me permitirem viver esse sonho, acreditarem em mim e me apoiarem do início ao fim dessa jornada.

À minha orientadora, Célia Helena Castro Gonsales, por todo conhecimento transmitido, por me incentivar e abraçar este tema comigo, sempre me tranquilizando e ajudando a construir este trabalho.

Aos meus amigos, que ao longo da faculdade se tornaram minha segunda família, estando comigo em todos os momentos e deixando meus dias mais felizes.

À minha mãe, Yara Mader, e ao meu irmão, Ciro Bueno, por serem a minha base e me ensinarem tanto, além de me apoiarem em todos os momentos.

À minha vó, Lurdes Mader, e à minha bisavó, Alaide Mader, para as quais dedico este trabalho e agradeço por serem minhas inspirações diárias.

Por fim, à todos que estiveram presentes na minha trajetória e que de alguma forma contribuíram para a elaboração deste trabalho.

Muito Obrigada!

SUMÁRIO 2.

4.

TEMA

Tema - Justificativa .................................... pág. 10

1.

INTRODUÇÃO

Introdução ................................................ pág. 08

3.

LUGAR

O local...................................................... pág. 17 4.1 O Bairro ............................................. pág. 18 4.2 O Lote ................................................ pág. 19 4.3 A Quadra ...... .................................... pág. 22 4.4 Pontos de Interesse .............................. pág. 24 4.5 Hierarquia Viária ................................. pág. 25 4.6 Transporte ...... .................................... pág. 26 4.7 Estudo dos Usos .................................. pág. 27 4.8 Estudo da Volumetria ........................... pág. 28 4.9 Estudo do espaço urbano .................... pág. 29 4.10 Questôes a considerar........................ pág. 30 4.11 Legislação ......................................... pág. 31

PROPOSTA

Proposta ................................................... pág. 14

6.

8.

PROGRAMA DE USOS

Programa .................................................. pág. 42

5.

REFERÊNCIAS ARQUITETÔNICAS

5.1 Vila dos Idosos .................................... pág. 35 5.2 Concurso CODHAB Sol Nascente......... pág. 38 5.3 Complexo Bulevar Artigas..................... pág. 40

BIBLIOGRAFIA

Bibliografia ............................................... pág. 66

7.

ANTEPROJETO

7.1 Conceito ............................................. pág. 46 7.2 Partido ................................................ pág. 47 7.3 Setorização ......................................... pág. 48 7.4 Sistema Construtivo ............................. pág. 50 7.5 Implantação......................................... pág. 51 7.6 Planta baixa......................................... pág. 52 7.7 Layout apartamentos............................ pág. 56 7.8 Corte Esquemático .............................. pág. 58 7.9 Elevações ........................................... pág. 59 7.10 Perspectivas ...................................... pág. 60

1. INTRODUÇÃO 8

Este trabalho faz parte do Trabalho Final de Graduação I - Ênfase em Espaços Construídos, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAUrb) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Tem o intuito de apresentar análises e estudos sobre o tema da habitação e então, propor um Conjunto Habitacional para a “melhor idade” na cidade de São Paulo - SP.

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2. TEMA 10

Tema - Justificativa

Segundo pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população idosa vem aumentando cada vez mais no decorrer dos anos. Isso porque a taxa de natalidade do país vem diminuindo, assim como a taxa de mortalidade, fazendo com que o número de pessoas com 60 anos ou mais aumente, como é possível observar na figura 01.

Com esses gráficos é possível observar que até o ano de 2060, aproximadamente 1/3 da população será de pessoas da terceira idade. Segundo o censo de 2010 realizado pelo IBGE, foi estimado que a cada 10 anos ocorre o aumento aproximado de 1 milhão de idosos no Brasil.

Devido a esses fatores, é essencial se pensar nas mudanças que deverão ocorrer na cidade e nos espaços para acompanhar o envelhecimento populacional e atender as necessidades dessa faixa etária, assim como proporcionar uma melhor qualidade de vida e bem estar.

Figura 01: Pirâmides Etárias Absolutas.

Fonte: IBGE, 2017.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) elaborou o conceito do “Envelhecimento Ativo”, no qual traz a ideia do indivíduo ou de grupos sociais participarem nas questões econômicas, culturais, sociais e civis, com o objetivo de aumentar a expectativa de uma vida saudável e a qualidade de vida para todas as pessoas que estão envelhecendo, inclusive as que são fisicamente incapacitadas e que requerem cuidados.

“Envelhecimento ativo é o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas.”

(Organização Mundial da Saúde. Envelhecimento Ativo. 2005, p.62.

É comum o tema da velhice trazer algumas inseguranças, uma vez que ao se pensar no envelhecimento biológico, muitas vezes, trazemos medos e rejeições devido às limitações naturais trazidas com a idade. Segundo a Organização das Nações Unidades (ONU), uma em cada duas pessoas no mundo é discriminada em função da idade, muitas vezes porque é associado a essa faixa etária a ideia de pessoas totalmente dependentes, o que muitas vezes não é o caso.

Segundo pesquisas realizadas pela OMS, existem adultos com 80 anos que apresentam níveis físicos e mentais comparáveis a muitos jovens de 20 anos de idade. A ideia de relacionar a idade diretamente com a saúde não é correta, uma vez que existem muitos fatores que influenciam no envelhecimento de cada indivíduo.

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Tema - Justificativa

A Universidade de Harvard realizou o estudo mais prolongado sobre a vida adulta já feito, o “Estudo do Desenvolvimento Adulto”, no qual acompanhou cerca de 724 homens durante 75 anos e avaliou o que mantém as pessoas felizes e saudáveis. De acordo com o psicanalista Waldinger, diretor da pesquisa, todos esses anos mostraram que o que mantém as pessoas mais felizes e saudáveis são as boas relações e que, aquelas que eram solitárias, tiveram sua saúde prejudicada mais depressa, seu funcionamento cerebral piorado mais cedo e viveram menos tempo. Foi comprovado que as pessoas que possuem mais relações com a família, amigos e a comunidade são mais felizes, mais saudáveis fisicamente e vivem mais tempo.

Atualmente, quando se fala em habitações para idosos, o mais comum é se pensar na Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI).

Esses lares costumam ser a alternativa mais comum para grande parte dos idosos, devido ao elevado número de instituições existentes nas cidades e também pelo fato de, muitas vezes, essas instituições serem a única alternativa para o indivíduo, devido à falta de moradia ou à dependência.

Nesses casos, é importante destacar as mudanças bruscas na vida dessas pessoas, uma vez que elas são retiradas de suas casas com seus pertences e são afastadas de seu ciclo social de convívio e do mundo exterior para serem asiladas. Além disso, as instituições possuem visitas controladas e muitas vezes são afastadas da cidade. Todos esses fatores fazem com que o idoso sofra emocionalmente e psicologicamente, tendo que se adaptar a um estilo de vida completamente diferente.

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O presente trabalho busca pensar em uma habitação para idosos que ainda conseguem viver sozinhos, proporcionando um envelhecimento em suas residências, sem perder contato com a cidade e criando um ambiente de comunidade para uma melhor expectativa de vida.

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3. PROPOSTA 14

Proposta

Pensando em todos esses fatores, surge a ideia de projetar uma habitação voltada para idosos relativamente independentes acima de 60 anos, padrão de idade estabelecido pelas Nações Unidas, que atenda todas as exigências dessa faixa etária e conte com espaços coletivos que proporcionem lazer e uma vida em comunidade.

Este trabalho propõe um edifício público, com o intuito dos moradores alugarem seus apartamentos e assim, se tornar uma opção de moradia com custo de vida acessível, além de garantir que os apartamentos sempre estejam ocupados.

“Verifica-se nas cidades a existência de consenso relativamente ao facto de o custo da habitação ser um factor fundamental, que influencia o local em que os idosos vivem e também a sua qualidade de vida. Enquanto que em algumas cidades o custo da habitação, incluindo o valor das rendas, é considerado acessível, noutras a habitação é considerada cara, o que faz com que os idosos tenham mais dificuldade em mudar-se para uma habitação mais adequada.” (Organização Mundial da Saúde - OMS. Guia Global das Cidades Amigas das Pessoas Idosas. 2007, p.80.

“Uma habitação pensada para um nicho da sociedade que não é valorizado e que normalmente não se é pensado ao elaborar um projeto arquitetônico.

Um local que proporcione uma boa qualidade de vida e crie um sentimento de comunidade entre os moradores.”

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4. LUGAR 16

O local

Vila Mariana

Brasil

Figura 02: Mapas Brasil, São Paulo e Vila Mariana Fonte: Autora.

São Paulo

O local de inserção do projeto é a cidade de São Paulo - SP, considerado o município mais populoso do país segundo o IBGE, com cerca de 12,4 milhões de habitantes.

Fundada por padres jesuítas em 1554, a cidade passou a receber ao longo de sua história diversas culturas e nacionalidades, passando a ser conhecida por sua mistura de diferentes povos, que hoje dão identidade ao cidadão paulistano. São Paulo abrigou diversos artistas, das mais diferentes nacionalidades e hoje é considerada a capital cultural da América Latina.

O elevado número de habitantes na cidade é refletido também no percentual de idosos, que teve seu crescimento significativo nos últimos anos. Segundo a prefeitura de São Paulo, em 1980 essa porcentagem era de 6,33% e em 2019 quase triplicou, indo para 15,2% de habitantes com idade igual ou superior à 60 anos e se tornando assim, uma das cidades com a maior proporção de idosos na população.

Devido a esse aumento, a cidade vem passando por modificações e estão surgindo cada vez mais políticas e estratégias para tornar a cidade um ambiente melhor para moradia. A prefeitura de São Paulo criou o programa “São Paulo amigo do Idoso”, para cumprir metas de boas práticas para a população idosa.

Dentro desse programa, já estão inclusas melhorias nos transportes públicos para prevenção de acidentes e quedas nas estações, criação de locais para oficinas e lazer nos bairros mais vulneráveis e a regulamentação do Fundo Municipal do Idoso (FMDI), que financia projetos para a participação da população idosa na sociedade.

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4.1 O Bairro

Após a definição da cidade em que se situará o projeto, foi questionado qual seria o bairro ideal para a implantação do Conjunto, um local que proporcionasse uma boa qualidade de vida, alinhado a uma boa localização para o dia a dia dos moradores.

A partir de uma pesquisa realizada pela prefeitura da cidade de São Paulo no ano de 2020, onde é mostrado o índice de envelhecimento por distrito, foram analisados os cinco primeiros bairros com o maior índice. Dentre eles, o bairro escolhido para a implantação do projeto foi a Vila Mariana, que se encontra em quarto lugar com 25% de sua população com 60 anos ou mais.

O bairro da Vila Mariana se localiza no Centro-Sul do município, e é considerado um dos melhores locais para se morar devido a sua boa infraestrutura.

O local apresenta um grande número de hospitais, serviços de saúde, e locais de cultura e lazer, como por exemplo, o SESC Vila Mariana, o Centro Cultural da cidade e o Parque do Ibirapuera. Além disso, é um local de fácil acesso, tanto a grandes avenidas, como a transportes públicos.

Figura 03: Tabela da porcentagem de idosos nos bairros de São Paulo em 2019.

Fonte: Prefeitura de São Paulo, 2020.

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Figura 04: Centro Cultural de São Paulo Fonte: ArchDaily.

Figura 05: Parque Ibirapuera Fonte: Autora.

Figura 06: Sesc Vila Mariana Fonte: Letícia Novaes.

Figura 07: Estação de metrô Ana Rosa Fonte: Tibério Construtora.

4.2 O Lote

O lote escolhido para a realização do projeto apresenta 3.407m2 e se encontra na esquina entre a Rua Dr. José de Queiroz Aranha e a Rua Frei Eusébio da Soledad. A escolha do terreno se deu pela sua dimensão e também pela sua forma que, apesar de não ser um retângulo perfeito, apresenta um bom aproveitamento da quadra e possibilita diferentes partidos de projeto.

Para a delimitação do terreno, foi considerado a demolição de duas residências que não possuem valor patrimonial. Além disso, foi desconsiderado o semi circulo que se encontrava a Nordeste do terreno, no qual moldava um estacionamento na rua que não se faz mais necessário.

Dimensões finais do lote

Figura 08: Dimensões terreno Fonte: Autora

Figura 09: Imagem aérea Vila Mariana Fonte: Google Earth

19 19

Topografia 801.59

808.14

Fotos

O bairro da Vila Mariana é moldado por uma topografia de desníveis, apresentando um grande desafio para a elaboração do projeto.

A topografia do terreno foi retirada da plataforma GeoSampa, disponibilizada pela prefeitura de São Paulo. O lote apresenta uma região plana a Sudoeste, com altitude elevada e caimento em direção a esquina. A diferença de altitude da esquina para o ponto mais alto do lote é de aproximadamente 7 metros.

Figura 12 e 13: Fachada Noroeste do terreno.

Fonte: Autora.

Figura 10: Topografia do lote Fonte: GeoSampa.

Figura 11: Imagem 3D da topografia do lote Fonte: Autora

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Figura 14 e 15: Fachada Nordeste do terreno.

Fonte: Autora.

Estudo Solar

Para estudo da incidência solar no terreno do projeto, foram avaliadas as datas de 21 de junho e 21 de dezembro, nas quais ocorrem os solstícios de inverno e verão, respectivamente.

É possível perceber que o sol na manhã no terreno não é afetado por conta da baixa altura das edificações vizinhas. Já na parte da tarde, é possível notar que o edifício de maior gabarito da quadra sombreia parte do lote, principalmente no solstício de verão.

21 de junho - Solstício de inverno

21 de verão - Solstício de verão

9:00

9:00

15:00

15:00 Figura 16: Estudo solar do terreno.

Fonte: Autora.

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4.3 A Quadra A quadra do projeto apresenta uma ótima localização, ao lado da estação de metrô Ana Rosa, linhas de ônibus e da Rua Vergueiro, uma das principais ruas do bairro e que dá acesso às grandes avenidas da cidade.

Outro fator importante para a decisão foi o fato da quadra estar entre uma zona comercial e residencial, possibilitando fácil acesso a mercados, farmácias, hospitais e outros locais importantes para uma boa qualidade de vida.

A quadra apresenta atualmente apenas o vazio urbano do terreno, que está à venda. O restante dos lotes são predominantemente ocupados, apresentando vegetação apenas no lote a Oeste do terreno do projeto.

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USO USO MISTO COMERCIAL

Visuais

ESTAÇÃO ANA ROSA

USO INSTITUCIONAL MISTO USO METRÔ

ESTAÇÃO ANA ROSA

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Construções entorno

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USO COMERCIAL RESIDENCIAL USO INSTITUCIONAL

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Terreno

CONSTRUÇÕES A SEREM USO INSTITUCIONAL TERRENO ATUAL DEMOLIDAS ESTAÇÃO ANA ROSA

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Limite final do terreno

CONSTRUÇÕES SEREM METRÔDO FINALADO LIMITE DEMOLIDAS TERRENO LIMITE DO FINAL TERRENO ATUALDO TERRENO

CONSTRUÇÕES A SEREM

FiguraDEMOLIDAS 17: Mapa das visuais.

DO FINAL DO Fonte:LIMITE Autora.

TERRENO

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Figura 18: Imagem aérea Vila Mariana Fonte: Google Earth

Visuais do Entorno Fonte: Autora.

01

05

02

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4.4 Pontos de Interesse

Analisando a infraestrutura do entorno imediato do projeto, é possível observar a presença de três hospitais particulares (Hospital da Luz, Hospital Santa Rita e Clube Vida de Saúde), três supermercados (Pão de Açúcar e dois da rede Carrefour), duas farmácias, escolas de ensino fundamental ao médio, academia, três bancos (Santander, Bradesco e Banco do Brasil) e uma farmácia na esquina da quadra do projeto. Além disso, o local apresenta diversas lojas e restaurantes próximos ao terreno.

Pensando na cultura e lazer, é importante destacar que no bairro se encontram o Sesc Vila Mariana, o Centro Cultural de São Paulo e o Parque do Ibirapuera.

Hospital Padaria Supermercado Farmácia Academia Escola Banco 24 horas Quadra do projeto Lote do projeto

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Figura 19: Mapa dos pontos de interesse.

Fonte: Autora.

4.5 Hierarquia Viária

O mapa da hierarquia viária foi retirado da plataforma GeoSampa, o qual foi feito com base na Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de São Paulo. É possível observar que na região predominam-se vias locais e posteriormente vias coletoras.

O bairro apresenta uma importante via arterial, a Rua Vergueiro, na qual se concentra uma grande zona de comércio e infraestrutura do bairro. Além disso, essa via leva os usuários até a Avenida 23 de Maio, no qual é classificada como uma Via de Transporte Rápido (VTR), e dá acesso às grandes vias de conexão da cidade.

VTR Via Arterial Via Coletora Via Local Quadra do projeto

Figura 20: Mapa Hierarquia Viária Fonte: GeoSampa.

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4.6 Transporte A quadra do projeto apresenta uma ótima localização, ao lado da estação de metrô Ana Rosa, que dá acesso às linhas verde e azul do metrô. A região também apresenta o terminal de ônibus Ana Rosa e outros diversos pontos de ônibus pelas ruas do bairro.

Além disso, o lote se encontra próximo a Rua Vergueiro, importante via do bairro que dá um fácil acesso aos outros locais da cidade para quem decide andar de carro.

Metrô - Estação Ana Rosa Parada de ônibus Terminal de ônibus Ana Rosa Quadra do projeto Lote do projeto

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Figura 21: Mapa Transportes Fonte: Autora.

4.7 Estudo dos usos

Analisando os usos da quadra do projeto e seu entorno imediato, é possível perceber que quanto mais próximo da Rua Vergueiro, rua principal da região, maior o número de edifícios comerciais. Ao adentrar mais no bairro, é possível perceber um aumento no número de lotes residenciais e mistos.

A quadra de inserção apresenta um predomínio de lotes comerciais.

V

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Institucional 4%

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Residencial 44%

Uso Residencial

USO RESIDENCIAL

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USO INSTITUCIONAL

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ESTAÇÃO ANA ROSA

Residencial

Misto

ESTAÇÃO ANA ROSA

Metrô

METRÔ

Comercial

Figura 22: Gráfico Estudo dos Usos Fonte: Autora.

Institucional

TERRENO ATUAL Terreno atual CONSTRUÇÕES A SEREM DEMOLIDAS

Construções a serem demolidas

LIMITE DO FINAL DO TERRENO

Limite final do terreno

Figura 23: Mapa Estudo dos Usos Fonte: Autora.

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4.8 Estudo da volumetria

Analisando a volumetria da quadra de estudo e seu entorno imediato, é possível perceber o predomínio de lotes com 02 pavimentos. As alturas que menos aparecem são construções térreas, apenas uma foi identificada, e construções de 06 ou mais pavimentos, destacando o prédio comercial ao lado do lote do projeto que apresenta uma altura bem maior que os demais prédios da região.

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Lotes com construções térreas

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LOTES LOTES COM COM CONSTRUÇÕES CONSTRUÇÕES TÉRREAS TÉRREAS LOTES COM CONSTRUÇÕES LOTES COM CONSTRUÇÕES TÉRREAS TÉRREAS LOTES COM CONSTRUÇÕES CONSTRUÇÕES DE LOTES COM DE 02 PAVIMENTOS PAVIMENTOS 02 LOTES COM CONSTRUÇÕES DE LOTES COM CONSTRUÇÕES DE 02 PAVIMENTOS 02 PAVIMENTOS LOTES LOTES COM COM CONSTRUÇÕES CONSTRUÇÕES DE DE 03 PAVIMENTOS 03 A A 06 06 COM PAVIMENTOS LOTES CONSTRUÇÕES DE LOTES COM CONSTRUÇÕES DE 03 A 06 PAVIMENTOS 03 A 06 PAVIMENTOS LOTES LOTES COM COM CONSTRUÇÕES CONSTRUÇÕES DE DE 06 PAVIMENTOS 06 OU OU MAIS MAIS LOTES COM PAVIMENTOS CONSTRUÇÕES DE LOTES COM CONSTRUÇÕES DE 06 OU MAIS PAVIMENTOS 06 OU MAIS PAVIMENTOS METRÔ METRÔ

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Lotes com construções de 02 pavimentos Lotes com construções de 03 a 06 pavimentos

Térrea 02 pav.

Figura 24: Gráfico Estudo da03 a 06 pav.

Volumetria Fonte: Autora.

06 ou mais

Lotes com construções de 06 ou mais pavimentos

ESTAÇÃO ANA ROSA

Metrô

METRÔ METRÔ

TERRENO TERRENO ATUAL ATUAL TERRENO ATUAL TERRENO ATUAL CONSTRUÇÕES A A SEREM CONSTRUÇÕES SEREM DEMOLIDAS DEMOLIDAS CONSTRUÇÕES A SEREM CONSTRUÇÕES A SEREM DEMOLIDAS DEMOLIDAS LIMITE LIMITE DO DO FINAL FINAL DO DO TERRENO TERRENO LIMITE DO FINAL DO LIMITE DO FINAL DO TERRENO TERRENO

Terreno atual

Construções a serem demolidas Limite final do terreno

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Figura 25: Mapa Estudo da Volumetria Fonte: Autora.

4.9 Estudo do espaço urbano

Analisando o espaço urbano da região, foi possível perceber que há um predomínio de construções que ocupam todo o lote. Na Rua Dr. José de Queirós Aranha, frente do lote do projeto, há um predomínio de lotes com recuo frontal e com vazios para vegetação.

Na quadra de inserção do projeto, é possível perceber que os lotes à Sudoeste do terreno apresentam construções mais soltas no lote. Já na parte Sudeste, se mostra uma zona mais densa com construções ocupando quase todos os terrenos e sem recuo frontal.

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ESTAÇÃO ANA ROSA

Terreno atual

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CONSTRUÇÕES A SEREM DEMOLIDAS

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LIMITE DO FINAL DO TERRENO

Limite final do terreno

Figura 26: Mapa Estudo do Espaço Urbano Fonte: Autora.

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4.10 Questões a considerar

Após analisar os estudos anteriores, conclui-se que a região do projeto apresenta um equilíbrio entre construções residenciais e comerciais. É um local que atende todos os públicos e que oferece infraestrutura aos moradores da região.

Apesar de ser um local mais denso da cidade, nota-se que ao redor do terreno do projeto os lotes são menos densos, apresentando recuos frontais e vegetação no terreno.

Também é possível perceber que os lotes residenciais predominam uma volumetria de 02 ou 03 pavimentos e que a construção de mais de 06 pavimentos ao lado do lote do projeto é comercial.

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4.11 Legislação Plano Diretor

No dia 31 de julho de 2014 foi aprovado o PDE, Plano Diretor Estratégico da cidade de São Paulo (Lei 16.050/14), no qual traz uma versão atualizada do antigo plano diretor pensando em um projeto de cidade democrática, inclusiva e se preocupando com questões ambientais, sociais e uma melhor qualidade de vida.

Uma das principais mudanças foi a adoção do coeficiente de aproveitamento básico igual a 1 em todo o município, o que significa que o proprietário de um lote urbano tem o direito de construir uma vez a área de seu terreno. Caso a edificação ultrapasse essa área, o proprietário terá que pagar a Outorga Onerosa ao Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano (FUNDURB) e esse dinheiro será arrecadado para investimento em melhorias urbanas (praças, equipamentos públicos, drenagem, transporte e habitação).

Figura 27: Mapa CA básico Fonte: Plano Diretor Estratégico - Lei 16.050/14

O PDE instituiu os “Eixos de Estruturação da Transformação Urbana Existentes e Previstos”, que são áreas próximas às estações de trem, metrô e corredores de ônibus. No novo zoneamento essas quadras foram demarcadas como ZEU e ZEUP.

Para qualificar o desenho urbano dessas áreas e estimular o adensamento ao longo dos eixos, foram definidos alguns parâmetros e mecanismos, sendo um deles o desconto na Outorga Onerosa ou a concessão de área não computável.

Os incentivos para as construções nessa área são: • Fachada Ativa: Incentivo urbanístico para edifícios com comércio, serviços e equipamentos no térreo, com acesso aberto à população. Não será computável até 50% da área do lote destinada ao uso não residencial, sendo

Figura 28: Ilustração coeficiente de aproveitamento Fonte: Plano Diretor Estratégico - Lei 16.050/14

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Legislação Plano Diretor necessário: Testada maior que 20m e construção no nível da rua, com acesso direto à calçada; • Fruição Pública: Incentivo urbanístico para empreendimentos que destinarem áreas para uso público. Será gratuito 50% do potencial construtivo máximo relativo à área destinada à fruição pública; além disso, o cálculo do potencial construtivo será em função da área original do lote, sendo necessário: Área destinada à fruição pública de, no mínimo, 250m2 e Área localizada junto ao alinhamento viário, no nível da calçada; • Calçadas largas: Como contrapartida à doação de área para ampliar calçadas, o recuo de frente será dispensado; o potencial construtivo será calculado em função da área original; e não será cobrada outorga onerosa correspondente à àrea doada, sendo necessário: Mínimo de 5m nas calçadas dos lotes com frente para os Eixos de Estruturação e Mínimo de 3m no restante da área de influência;

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• Aumento do coeficiente de aproveitamento: Permite adensamento construtivo, promovendo melhor aproveitamento da infraestrutura existente.

Nessas áreas o coeficiente de aproveitamento é igual a 4; • Uso misto: A área destinada ao uso não residencial, até o limite de 20% da área construída computável total do empreendimento, não será considerada computável; • Cota parte: Nos empreendimentos de uso residencial, o número mínimo de unidades habitacionais será calculado segundo a seguinte equação: N = (CAu x At) / (CAmax x Q), onde: N - número mínimo de unidades; CAu - coeficiente de aproveitamento utilizado no projeto; CAmax - coeficiente de aproveitamento máximo; At - área do terreno; Q - quota máxima de terreno por unidade habitacional.

Figura 29: Mapa Áreas de Influência Fonte: Plano Diretor Estratégico - Lei 16.050/14

Legislação Plano Diretor

Art. 74 - A quota ambiental (QA) corresponde a um conjunto de regras de ocupação dos lotes objetivando qualificá-los ambientalmente, tendo como referência uma medida da eficácia ambiental para cada lote, expressa por um índice que agrega os indicadores Cobertura Vegetal (V) e Drenagem (D).

Parágrafo único. Para fins de aplicação da QA, fica o território do Município de São Paulo dividido em Perímetros de Qualificação Ambiental, que expressam a situação ambiental e o potencial de transformação de cada perímetro, conforme Mapa 3 desta lei.

Art. 75 - A QA é calculada pela seguinte equação:

QA = V^(alfa) x D^(beta), sendo:

V: indicador Cobertura Vegetal, calculado a partir do Quadro 3B desta lei;

D: indicador Drenagem, calculado a partir do Quadro 3B desta lei;

^: elevado a; alfa e beta: fatores de ponderação, definidos no Quadro 3A desta lei.

Figura 30: Tabela parâmetros qualificadores Fonte: Plano Diretor Estratégico - Lei 16.050/14

Art. 88 - Parâmetros obrigatórios e incentivadores nas zonas: ZEU, ZEUP, ZEUa, ZEUPa, ZEM, ZEMP, ZC, ZCa:

Figura 31: Ilustração do funcionamento da QA Fonte: Plano Diretor Estratégico - Lei 16.050/14

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5. Referências Arquitetônicas 34

5.1 Vila dos Idosos - Hector Vigliecca Local: São Paulo - SP Data: 2003-2007 Área de Intervenção: 7.270 m2 Área Construída: 8.290m2

A Vila dos Idosos é um Conjunto Habitacional do programa Morar no Centro, iniciativa da Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (COHAB). O empreendimento está dirigido à população mais carente e tradicionalmente esquecida nas políticas habitacionais: os idosos (considerando idade superior a 60 anos).

O programa consiste de 145 unidades, sendo 57 apartamentos com um dormitório, de 42m2, e 88 kitnets de 30m2. Além disso, o conjunto apresenta três salas para TV e jogos, quatro salas multiuso , salão comunitário com cozinha e banheiros, quadra de bocha, salas de consultório e áreas verdes com espelho d’água e hortas comunitárias.

Figura 32: Planta layout apartamentos Fonte: Vigliecca & Associados

Figura 33

Figura 34

Figura 35 Fonte: Vigliecca & Associados

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O projeto apresenta um partido linear em forma de “L”, com grande circulação horizontal e circulação vertical. São 04 pavimentos, sendo o térreo um pouco diferente dos demais.

Apesar do terreno recortado, o prédio abraça um pátio central onde se encontra um espelho d’água.

Térreo Salão comunitário Apartamentos de 01 dormitório Sala de jogos Sala de TV Apartamentos kitnet Salas de serviço

Pavimento tipo Apartamentos de 01 dormitório Apartamentos kitnet Sala multiuso Sala de TV Hall

Figura 36: Setorização Fonte: Autora.

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É oferecido aos moradores um serviço de assistência vinculado à Unidade Básica de Saúde (UBS), no qual é feita visitas médicas periodicamente, nas salas de consultórios existentes no edifício.

Há também um serviço de acompanhantes para auxiliar os moradores com mobilidade reduzida, que seriam impossibilitados de fazer compras, ir ao banco ou aos correios.

Para a permanência do público alvo do projeto, é proibida a compra dos apartamentos. Os moradores possuem seu aluguel renovado a cada quatro anos, onde é cobrado o valor de 10% a 15% sobre a renda total do habitante.

Potencialidades do projeto: • Ventilação cruzada em todo o edifício; • Cria-se praças entre os blocos; • Diferentes visuais; • Aproveitamento total do lote.

Figura 37: Diagrama da forma.

Fonte: Autora.

37

5.2 Concurso CODHAB Sol Nascente Vigliecca e Associados Arquitetos: Hector Vigliecca Gani, Luciene Quel, Ronald Werner Fiedler, Neli Shimizu, Luiz Marino Kuller, Carolina Passos, Jéssica D’Elias, Kelly Bozzato. Área:15.499.0 m2 Ano do projeto: 2017

A CODHAB/DF realizou em 2017 um concurso para edifícios de usos mistos, em Sol Nascente – trecho 2, no qual contou com a participação do escritório Vigliecca & Associados. O projeto recebeu menção honrosa e trouxe conceitos importantes ao se pensar na habitação, que serão destacados neste trabalho.

Ocupar e Habitar: A cidade real é a cidade compacta, formada por bairros que se somam e se complementam. A permeabilidade urbana não é uma condição positiva, uma vez que forma espaços residuais que acabam ficando sem uso, além de criar uma dificuldade no controle do que é público e privado.

Praça: A praça é vista como um centro de convergência possibilitando trocas e aprendizados entre os moradores.

A Vila: Cria-se ruas entre as edificações para criar a sensação de acolhimento. Um espaço que estabelece vínculos e proporciona o “habitar, cultivar e cuidar”.

A Esquina: No projeto as esquinas são vistas como referências espaciais, causando uma tridimensionalidade e profundidade ao espaço público.

A Casa: Transformar o alojar-se em um “habitar’’.

Figura 38 e 39 Fonte: ArchDaily, 2021.

38

Figura 40

Figura 41

Figura 44

Figura 42

Figura 45

Figura 43

Foram propostas quatro tipologias de apartamentos, mudando a disposição de layout e tamanho.

Potencialidades do projeto: • Aproveitamento total do terreno; • Preocupação com o coletivo; • Criação de áreas de convívio; • Valorização das esquinas.

Figura 46 Fonte: ArchDaily, 2021.

39

5.3 Complexo Bulevar Artigas - Hector Vigliecca Local: Montevidéu, Uruguai Data: 1971-1973 Cliente: CCU – Centro Cooperativista Uruguayo Área de intervenção: 31.000 m² Área construída: 24.872 m²

O Complexo Bulevar Artigas é um conjunto habitacional uruguaio de alta densidade em que é possível observar um bom aproveitamento do terreno e de seu uso comum. Os edifícios atendem 638 habitantes por hectare, valor que já foi questionado se seria possível ter uma boa qualidade de vida.

O projeto possui seus edifícios juntos ao lado maior de seu terreno retangular, mantendo as áreas de uso comum no centro do lote, abraçadas pela edificação. Além disso, para melhor aproveitamento do solo, os prédios foram elevados do solo criando passagens e ambiências.

Outro aspecto marcante nesse projeto é a escolha construtiva das vigas e pilares em concreto que ficam aparentes e marcam uma modulação nas fachadas. Possui fechamento em alvenaria e aparência brutalista.

Figura 47 Fonte: Vigliecca & Associados.

40

Figura 48 Fonte: Vigliecca & Associados.

Figura 49 Fonte: Autora.

Figura 50 Fonte: Vigliecca & Associados.

6. Programa de Usos 41

Programa

O programa de necessidades foi elaborado com base em entrevistas e pesquisas de referências, em que foram observados ambientes desejados para uma melhor qualidade de vida.

Utilizando como referência a Vila dos Idosos, o projeto é pensado para ser um edifício público em que os apartamentos podem somente ser alugados, a fim de manter o público alvo e evitar apartamentos sem uso.

O edifício é composto por duas zonas: comércio/uso comum e uso privativo. As zonas de uso comum localizam-se na fachada Noroeste do edifício, já que essa é uma fachada mais movimentada. Na sua esquina se localiza um restaurante aberto ao público, a fim de promover o convívio dos moradores com a vizinhança. Além disso, o conjunto apresenta nesse bloco duas praças com intuito de promover a integração e atender a fruição pública, que é incentivada nesta região segundo o Plano Diretor Estratégico de São Paulo.

A zona de uso privado está localizada na fachada Nordeste, na qual apresenta menor fluxo de pedestres. Esse bloco possui uma grande praça em seu térreo, que tem a intenção de ser mais reservada aos moradores. É importante ressaltar que em alguns momentos essas zonas se mesclam, promovendo maior dinâmica no prédio.

O pré-dimensionamento foi baseado em projetos de referência e programas de conjuntos habitacionais existentes.

42

• Apartamento de 01 dormitório: tipologia acessível pensada para casal de idosos ou morador solo.

• Apartamento de 02 dormitórios: tipologia acessível pensada para 03 ou mais idosos ou para aqueles que queiram ter quarto de hóspedes.

• Lavanderia coletiva: pensada no intuito de racionalizar os usos e ao mesmo tempo potencializar a interação dos moradores.

• Restaurante aberto ao público: pensado para os moradores que queiram fazer refeições fora ou que não cozinhem, mas também pensado para atrair o público e assim promover uma integração com os moradores do entorno.

• Academia ao ar livre: localizada no pátio do edifício, é importante para melhor qualidade de vida dos moradores.

• Sala multiuso: sala destinada para uso livre, podendo ser ocupada para reuniões ou lazer.

• Sala para eventos: destinada para realização de comemorações.

• Sala de fisioterapia/pilates: pensando na saúde dos idosos e que grande parte precisa de fisioterapia ou exercícios específicos.

• Sala de artes/artesanato: sala destinada a incentivar o uso da criatividade e de trabalhos manuais para exercitar a mente.

• Sala de TV: pensada no intuito de fazer os moradores interagirem.

• Sala para jogos de mesa: sala destinada a jogos para distração e exercício da mente.

• Sala de informática: pensada tanto para os moradores que não possuem computador, como para aqueles que possuem e querem um ambiente diferente para trabalhar ou realizar outras atividades.

• Horta comunitária área para os moradores personalizarem e se sentirem parte do projeto.

• Consultórios: consultórios médicos destinados a emergências e consultas periódicas através de parcerias com a UBS. • Área administrativa • Terraço

Tabela de Áreas USO

AMBIENTE

QUANTIDADE

ÁREA UNIT.

ÁREA TOTAL

Comum

Restaurante

1

101,4m2

101,4m2

Comum

Consultório

2

33m2

66m2

Comum

Administração

1

28,6m2

28,6m2

Comum

Sala de Fisioterapia/Pilates

1

95m2

95m2

Comum

Sala de artesanato

1

33,7m2

33,7m2

Comum

Sala de jogos

1

33,7m2

33,7m2

Comum

Salão eventos

1

30,4m2

30,4m2

Comum

Lavanderia

1

48,9m2

48,9m2

Comum

Sala de informática

1

56,7m2

56,7m2

Comum

Sala multiuso

1

51m2

51m2

Comum

Sala de TV

1

58,5m2

58,5m2

Privado

Apartamento tipo 01

28

58,9m2

1.649,2m2

Privado

Apartamento tipo 02

17

77,5m2

1.317,5m2

TOTAL

3.570,6m2

Figura 51: Tabela de Áreas Fonte: Autora

43

7. Anteprojeto 44

Figura 52: Imagem 3D aérea Fonte: Autora

45 45

7.1 Conceito

O conceito do projeto é o “Habitar Coletivo”, é não pensar nos espaços só de forma individual, mas sim nas relações que terão aquele lugar e como elas podem se tornar mais interessantes.

O projeto tem a intenção de promover a convivência não só dos moradores, mas também da população presente no bairro, que pode interagir por meio de espaços comerciais e públicos.

Lugar

O local escolhido para o projeto traz o conceito da interação não só com os habitantes do conjunto, mas também com o entorno e a cidade. É um local de fácil acesso, em um bairro tranquilo e que, apesar de apresentar uma alta taxa de idosos, apresenta todos os tipos de faixa etária, principalmente de crianças e adolescentes por ser um local onde se localizam diversas escolas e cursinhos preparatórios para vestibular.

Construção

O prédio reflete em sua forma o conceito da convivência em comunidade, propondo a ocupação do terreno de forma a não criar-se espaços residuais que não fossem ser utilizados ou que pudessem gerar falta de segurança aos moradores.

A construção abraça o lote e proporciona aos usuários diferentes possibilidades de caminhos, através de varandas coletivas e passarelas, que são vistas como “ruas aéreas” e proporcionam diferentes percursos e sensações.

46

“

O individualismo vê a humanidade apenas na relação consigo mesmo, mas o coletivismo não vê o homem de maneira nenhuma, vê apenas a ‘sociedade’.

“

HERTZBERGER, 1996

7.2 Partido

O projeto apresenta partido em fita, possibilitando um melhor aproveitamento do terreno, da insolação e dos ventos, além de promover a ventilação cruzada em todo o edifício.

Após análise do grão urbano do entorno e a fim de obter o máximo aproveitamento do lote, optou-se por começar a composição por uma fita que molda as duas ruas de acesso ao terreno.

O grande desafio do trabalho foi projetar um edifício em desníveis, sem perder a conexão e a acessibilidade. Para isso, dividiu-se o bloco Noroeste em três níveis, conectando o terceiro nível aos demais blocos e alcançando a parte plana do lote.

Após a realização dessa fita, foram adicionados três volumes retangulares perpendiculares à rua Frei Eusébio da Soledad, resultando então no partido final do edifício.

Devido as calçadas existentes já apresentarem três metros de largura, mínimo exigido pelo Plano Diretor nessa área, não foi preciso realizar recuos frontais e laterais no lote.

= + + +

Figura 53: Partido do projeto Fonte: Autora

Figura 54: Composição Volumétrica Fonte: Autora

47

7.3 Setorização

Após análise do local de inserção do projeto, notou-se que a rua Dr. José Queiroz Aranha apresentava maior movimentação de carros e pessoas. Isso ocorre devido ao elevado número de edifícios comerciais e mistos, além de possuir um gabarito maior que a rua Frei Eusébio da Soledad.

Devido a isso, o bloco Noroeste recebeu os ambientes com usos públicos e compartilhados. A construção abraça dois pátios centrais a fim de conectar a edificação com o entorno e promover ambientes aconchegantes de estar e lazer. Além disso, no último pavimento se encontra um terraço para os moradores tomarem um banho de sol e contemplarem a paisagem do bairro.

No térreo dos blocos Nordeste e Sudeste se encontra uma grande praça, de onde se tem a visão dos caminhos e vivências do edifício. Nos demais pavimentos se encontram os ambientes de uso privado, cercados por varandas coletivas que podem ser entendidas como “ruas elevadas”.

Figura 55: Setorização Fonte: Autora

Legenda: Setor público/Coletivo Setor privado

48

Setorização

Segundo pavimento

Pavimento térreo

Figura 56: Setorização pav. térreo Fonte: Autora

Primeiro pavimento

Legenda: Uso privado Uso comum Restaurante Praça Circulação Administração Figura 57: Setorização primeiro pav.

Fonte: Autora

Figura 58: Setorização Segundo pav.

Fonte: Autora

49

7.4 Sistema Construtivo

Terceiro e quarto pavimento

Na escolha do sistema construtivo do projeto, optou-se pelo uso de pilares e vigas de concreto armado. Tal escolha se deu pelo fato desse sistema proporcionar a possibilidade de grandes aberturas e também pelo projeto apresentar algumas áreas elevadas sobre pilotis.

Para um pré-dimensionamento da estrutra do projeto, foram considerados pilares de 25x25cm, espaçados no máximo a 5 metros de distância.

Legenda: Uso privado Uso comum Restaurante Praça Circulação Administração Figura 59: Setorização terceiro e quarto pav.

Fonte: Autora

50

RUA DR. J

OSÉ DE Q

UEIROS A

RANHA

7.5 Implantação

O edifício busca o melhor aproveitamento do terreno. Possui pátios internos para espaços de convivência, o que acarreta numa boa ventilação e iluminação natural nos apartamentos. Além disso, usufrui de uma melhor orientação solar, com áreas de circulação voltadas para a orientação Sul, priorizando espaços de permanência prolongada a Norte.

Ademais, foi pensado no melhor aproveitamento do local visando também a segurança no acesso dos apartamentos, evitando com que se formassem espaços ociosos.

801.59

806.72

RUA FREI EUSÉBIO DA SOLEDAD

IMPLANTAÇÃO Escala 1:500

51

7.6 Planta baixa ACE

SSO

ACE

A

SSO

A

ADM

Consultório 01

Consultório 02

Restaurante Circulação

praça 01

A

A

52

A

A

Sala de fisioterapia/ pilates

Sala de artesanato Sala de jogos de mesa Salão para eventos

Circulação

praça 02

Lavanderia coletiva

Sala de informática

praça 03

A

A

53

A

Tipo 02 Tipo 02 Tipo 02

Sala multiuso

Varanda coletiva

Tipo 01

Sala de TV

Academia

Tipo 01

Tipo 01

Tipo 02

Circulação

praça 03

Tipo 01

Tipo 02

Tipo 02

Tipo 01

Circulação

54

ACESSO

praça 04

horta comunitária

Tipo 01

Tipo 01

Tipo 01

Tipo 02

Circulação

A

A Terraço/Solarium

Tipo 01

Tipo 01

Tipo 01

Tipo 01

Tipo 02

passarela

varanda coletiva

Varanda coletiva

Tipo 01

Tipo 01

Tipo 02

Tipo 02

Tipo 01

Varanda coletiva

passarela

varanda coletiva

55

Tipo 01

Tipo 01

Tipo 01

Tipo 02

Tipo 02

A

7.7 Layout apartamentos

O conjunto apresenta duas tipologias de apartamento: • Um dormitório: Pensada para abrigar uma ou duas pessoas. Possui 58,9m2.

• Dois dormitórios: Pensada para quem deseja um quarto de visitas, escritório ou para três moradores.

Possui 77,52m2.

Os apartamentos procuram aproveitar ao máximo a orientação solar, deixando a entrada e cozinha para Sudoeste ou Sudeste, e pensando nos quartos e na sala para receber a iluminação do Nordeste e Noroeste.

Pensando no conceito do “Habitar” ao invés de “Alojar”, os apartamentos possuem um recúo em sua entrada para formar um hall particular, no qual eles podem decorar e utilizar como quiserem, fazendo com que se sintam pertencentes ao lugar.

Todas as portas possuem 1,00x2,10m e suas circulações permitem o giro da cadeira de rodas.

56

57

ACESSO

7.8 Corte Esquemático AA

808.14

805.14

802.14

CORTE ESQUEMÁTICO Escala 1:250

58

7.9 Elevações

Fachada Noroeste

Fachada Noroeste

59

7.10 Perspectivas

Vista aérea do projeto e seus edifícios do entorno Figura 60: Imagem 3D aérea Fonte: Autora

60 60

Figura 61: Vista dos pátios Noroeste Fonte: Autora

61

62 62

Figura 62: Vista dos pátios Noroeste.

Fonte: Autora

Figura 63: Vista da varanda coletiva.

Fonte: Autora

63

Figura 64: Vista do pátio interno.

Fonte: Autora.

64 64

Figura 65: Vista da varanda coletiva.

Fonte: Autora.

65

8. Bibliografia 66

Referências Bibliográficas ARTIGOS E DISSERTAÇÕES Organização Pan-Americana da Saúde – Opas – OMS. Envelhecimento Ativo: Uma Política de Saúde. Disponível em < https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/envelhecimento_ativo. pdf>

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RITTER, C. Espaço arquitetônico e urbanístico em conjuntos habitacionais de interesse social em cooperativas: Bulevar Artigas e José Pedro Varela (Zona 1) - Uruguai. Programa de Pós-Graduação, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, p.202, 2019. Disponível em <http://guaiaca.ufpel.edu.br:8080/handle/prefix/5488>

Vigliecca e Associados. Bulevar Artigas. Disponível em <http://www.vigliecca.com.br/> Acesso em: 10 de outubro de 2021.

Galarz, F.B.S. Habitação Social na América Latina: A contribuição teórica e projetual do arquiteto colombiano Germán Samper. Programa de Pós-Graduação, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, p.226, 2020. Disponível em <http:// guaiaca.ufpel.edu.br:8080/handle/prefix/7504>

OUTROS LEI 16.050/14 DE 31 DE JULHO DE 2014. Plano Diretor Estratégico da cidade de São Paulo.

Disponível em <https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/marco-regulatorio/plano-diretor/arquivos/> Acesso em: 11 de outubro de 2021.

DE SOUZA, G.B.G. Habitação para Idosos em São Paulo: Século XXI. Programa de Pós-Graduação, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Presbiteriana Mackenzie. São Paulo, p.104, 2019. Disponível em <http://tede.mackenzie.br/jspui/handle/tede/4055>

LEI Nº 16.642, DE 9 DE MAIO DE 2017 DECRETO Nº 57.776, DE 7 DE JULHO DE 2017. Código de Obras e Edificações da Cidade de São Paulo. Disponível em <https://www.prefeitura.sp.gov. br/> Acesso em: 11 de outubro de 2021.

BEDOLINI, A.C.B. A Vila dos Idosos de Héctor Vigliecca: Uma reflexão sobre o “fazer arquitetura”. Artigo para o Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo. São Paulo, p.13, 2014. Disponível em <http://www.anparq.org.br/ dvd-enanparq-3/htm/Artigos>

NBR 9050. Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Disponível em <https://www.caurn.gov.br/> Acesso em: 02 de novembro de 2021.

Organização Mundial da Saúde - OMS. Guia Global das Cidades Amigas das Pessoas Idosas. Disponível em < https://www.paho.org/pt/documents/global-age-friendly-cities-guide> LIVROS HERTZBERGER, H. Lições de Arquitetura/ Herman Hertzberger. Tradução: Carlos Eduardo Lima Machado. São Paulo: Livraria Martins Fontes Editora Ltda. 1996.

Carletto, A.C. e Cambiaghi, S. Desenho Universal: UM CONCEITO PARA TODOS. Cartilha Mara Gabrilli.

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Prefeitura de São Paulo. Indicadores Sociodemográficos da POPULAÇÃO IDOSA residente na cidade de São Paulo. São Paulo, p. 52, 2020. Disponível em < https://www.prefeitura.sp.gov.br/>

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