AS CASAS DE PALAFITA UMA NOVA REALIDADE PARA O PONTAL DA BARRA, PELOTAS/RS.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO BRUNA MADER, JULIA VOLCAN E LUIZA MOSCARELI PROFESSORAS: ADRIANA PORTELLA E LÍGIA CHIARELLI
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SUMÁRIO 1|
INTRODUÇÃO
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ÁREA DE ESTUDO
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DIAGNÓSTICO
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MAPA MENTAL
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ATIVIDADES
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REFERÊNCIAS
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TIPOLOGIAS
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URBANO
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CONCLUSÃO
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INTRODUÇÃO 7
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INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como objetivo propor soluções para melhoria da qualidade de vida urbana dos moradores do Pontal de Barra em Pelotas/RS, local que se caracteriza pela presença de aproximadamente 60 famílias sustentadas através de atividades relacionadas à pesca. Porém essas famílias vivem em condições de risco, visto que o local é propício para alagamentos, decorrentes do aumento de chuvas e ventos atuando diretamente na lagoa. A partir dessas informações, desenvolveram-se ideias para criação de novas tipologias habitacionais visando reduzir o impacto das enchentes na vida dos moradores da região. A metodologia aplicada busca o planejamento colaborativo proporcionando o contato direto com os moradores do local. A partir dos resultados apresentados, o trabalho avança em propostas de tipologias assim como requalificação da comunidade de pescadores e alterações no traçado urbano, visando um maior aproveitamento de ambos.
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ÁREA DE ESTUDO 11
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ÁREA DE ESTUDO Histórico da Área A praia do Laranjal surgiu com o desmembramento da Estância do Laranjal de Nossa Senhora dos Prazeres quando foi descoberta pela população, que começou a pedir permissão aos proprietários das estâncias para usufruir da praia. No século XX o local passou a ser frequentado mais intensamente apesar de gerar alguns conflitos com os proprietários da época. Devido a grande quantidade de pessoas que estavam frequentando a praia, começaram a aparecer casos de furtos de animais domésticos, produtos das hortas das estâncias, entre outros aborrecimentos. Com o intuito de não prejudicar a população, a família proprietária passou a utilizar cartões de licença para quem queria frequentar o local.
Imagens da praia do Laranjal. Fonte: Trabalho Estudo de Viabilidade realizado na disciplina de Ateliê de Habitação de Interesse Social.
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No decorrer dos anos o número de solicitações para utilizar a praia do Laranjal nos finais de semana e nos acampamentos, que muitas vezes duravam um mês, foram aumentando até que em 1920 surgiu a ideia de fundação de um balneário. O loteamento do bairro teve início em 1950 quando a família proprietária da área, família Assumpção, começou o processo de divisão. Em 1952 surge o balneário Santo Antônio, em 1953 o Balneário dos Prazeres e em 1958 o Balneário Valverde.
Tabela retirada do trabalho Estudo de Viabilidade realizado na disciplina de Ateliê de Habitação de Interesse Social.
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ÁREA DE ESTUDO O Pontal da Barra surge com a expansão urbana dos balneários mais antigos, Santo Antônio e Valverde no sentido sul, ocupa 163 ha, cercado por uma área de preservação ambiental entre o canal São Gonçalo e a Lagoa dos Patos. O acesso se dá por uma via estreita paralela à Lagoa dos Patos e que não se encontra atualmente em boas condições. As famílias residentes no local vivem de atividades relacionadas à pesca e quando submetidas a situações de alagamento só conseguem acessar suas casas por meio de barcos, além de sofrerem com falta de rede de água, energia elétrica e não possuírem um local para armazenamento do pescado.
Imagem de satélite da cidade de pelotas, com destaque para o pontal da barra. Fonte: Google Earth, editado pelos autores.
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ÁREA DE ESTUDO
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ÁREA DE ESTUDO
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DIAGNÓSTICO
Desastre e Resiliência
Mapas de zonas de relevo em Pelotas. Fonte: XAVIER, Sinval Cantarelli. Mapeamento Geotécnico Aplicado ao Planejamento do Uso e Ocupação do Solo da Cidade de Pelotas/RS. Porto Alegre, 2017
O local de estudo pode ser classificado como zona inundável, possui terras de sedimentos holocênicos que estão, temporariamente ou permanentemente, inundadas por água de rios ou lagoas. São solos imperfeitamente drenados a muito mal drenados. A terra é plana fazendo com que o escoamento pluvial seja dificultado. A área está contemplada na AEIAN (Áreas Especiais de Interesse do Ambiente Natural), o que faz com que os moradores não possam afastar mais suas casas da lagoa.
Mapa de uso de solo em Pelotas. Fonte: XAVIER, Sinval Cantarelli. Mapeamento Geotécnico Aplicado ao Planejamento do Uso e Ocupação do Solo da Cidade de Pelotas/RS. Porto Alegre, 2017
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DIAGNÓSTICO DA ÁREA
O Pontal apresenta um grande histórico de enchentes, tendo a maior delas ocorrido no ano de 2015 onde a prefeitura emitiu dois decretos: o 5876/2015, que declara a situação de emergência e o 5893/2015 que concede redução no Imposto Territorial e Predial Urbano - IPTU para os imóveis prediais atingidos.
Tabela retirada do trabalho Desastres Naturais e Resiliência realizado na disciplina de Ateliê de Habitação de Interesse Social.
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“Todos nós precisamos antecipar a mudança, absorver o impacto negativo e reformular o modo de lidar com o desenvolvimento. Se pudermos fazer isso, a nossa parte na vida de todos, nós podemos reduzir riscos, nos adaptar às mudanças climáticas, e nos tornar resilientes.” ONU
A comunidade do Pontal apresenta um forte sentimento de resiliência por estar constantemente reconstruindo suas casas, devido aos desastres, e mesmo assim não possuem a menor intenção de deixar o local.
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DIAGNÓSTICO DA ÁREA
RE
COMEÇAR CONSTRUIR SILIÊNCIA
“Água a gente tá acostumado, a gente vive da água”
“SEU” DODOCE PESCADOR DO PONTAL HÁ 50 ANOS, JÁ RECONSTRUIU SUA CASA 3 VEZES
Dito por um morador do pontal durante entrevista informal
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Legislação Ambiental Observando a Legislação do Rio Grande do Sul, é possível dar destaque para algumas leis e artigos: A lei nº 11.520, de 03 de agosto de 2000, instituiu o Código Estadual do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul, que visa corrobora com os artigos 250 e 251 da Constituição Estadual. Passada por algumas revisões no anos de 2012 e 2019, listado abaixo estão alguns capítulos e seções que são de maior interesse para a área de estudo do projeto de Atelier Vertical – Habitação de Interesse Social: Art. 15 - São instrumentos da Política Estadual do Meio Ambiente, dentre outros: I – os Fundos Ambientais; II – o Plano Estadual de Preservação e Restauração dos Processos Ecológicos, Manejo Ecológico das Espécies e Ecossistemas; III – Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC); IV – o Zoneamento Ecológico; VI – os comitês de bacias hidrográficas, os planos de preservação de mananciais, a outorga de uso, derivação e tarifação de recursos hídricos;
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DIAGNÓSTICO DA ÁREA VII – o zoneamento das diversas atividades produtivas ou projetadas; VIII – a avaliação de impactos ambientais; IX – a análise de riscos; X – a fiscalização; XI – a educação ambiental; XII – o licenciamento ambiental, revisão e sua renovação e autorização; XIII – os acordos, convênios, consórcios e outros mecanismos associativos de gerenciamento de recursos ambientais; XVI – pesquisa e monitoramento ambiental; XVIII – os padrões de qualidade ambiental Capítulo VIII DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL Art. 55 - A construção, instalação, ampliação, reforma, recuperação, alteração, operação e desativação de estabelecimentos, obras e atividades utilizadoras de recursos ambientais ou consideradas efetivas ou potencialmente poluidoras, bem como capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental competente, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis.
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Capítulo IX DO PARCELAMENTO DO SOLO Art. 191 - As normas para parcelamento do solo urbano estabelecem diretrizes para implantação de loteamentos, desmembramentos e demais formas que venham a caracterizar um parcelamento. Parágrafo único - Não poderão ser parceladas: I - as áreas sujeitas à inundação; II - as áreas alagadiças, antes de tomadas providências para assegurar-lhes o escoamento das águas e minimização dos impactos ambientais; VI - as áreas de preservação permanente, instituídas por lei Já no Plano Diretor de Pelotas é possível entender a classificação das Áreas Especiais de Interesse do Ambiente Natural, sendo elas classificadas em: I - Área Especial de Interesse do Ambiente Natural (AEIAN) Pública; PONTAL DE BARRA II - Área Especial de Interesse do Ambiente Natural (AEIAN) Particular; III - Área de Preservação Permanente (APP) Ocupada; IV - Área de Preservação Permanente (APP) Degradada; V - Área Ambientalmente Degradada (AAD).
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DIAGNÓSTICO DA ÁREA Legislação-Pontal da Barra O Pontal da Barra vem recebendo atenção tanto do meio acadêmico quanto da população, pela expansão imobiliária que vem ocorrendo nos últimos anos nas áreas úmidas e os resultantes impactos ambientais. O fato mais relevante neste contexto seria o aterramento das zonas de banhado (denominação regional utilizada para definir um tipo de área úmida) para aumentar o loteamento urbano do local. Pode-se afirmar que a importância do Pontal da Barra se baseia principalmente em dois pilares: a riqueza de sítios arqueológicos e a elevada biodiversidade.
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Distribuição de energia elétrica Concessionária: Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE) A distribuição se da através da rede de Média e Baixa tensão existente na Av. Dr. Antônio Augusto de Assumpção, não alcançando todas as casas existentes no local.
Imagens de Satélite. Fonte: Trabalho Infraestrutura Urbana realizado na disciplina de Ateliê de Habitação de Interesse Social.
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DIAGNÓSTICO DA ÁREA Iluminação pública Atualmente só é encontrada iluminação na área onde estão as residências, a estrada que conecta ao Laranjal carece de iluminação. Redes de Comunicação Foram consultadas três operadoras (OI, Vivo/GVT, Claro/NET) para informações dos planos disponíveis para a região. Apenas a OI apresentou plano de telefonia fixa e internet banda larga, as demais operadoras só disponibilizam telefonia e internet móvel.
Mapa do Pontal da Barra com destaque para a única região que apresenta iluminação pública.
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USO DO SOLO Para melhor estudo do Pontal da Barra foram escolhidas oito categorias de uso do solo para serem mapeadas em toda a região do Laranjal e assim, nos mostrar quais categorias estão atendendo nosso local de estudo.
USO DO SOLO
ESCOLAS SAÚDE RELIGIÃO SEGURANÇA LAZER ALIMENTAÇÃO PRAÇAS PRÉDIOS COMERCIAIS
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DIAGNÓSTICO DA ÁREA Escolas
7 escolas particulares 3 escolas públicas
Saúde
Apenas 1 UBS na áreas do Laranjal
Imagem de satélite do Pontal da Barra indicando aspectos citados. Fonte: Google Earth, editado pelos autores.
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Religião
2 igrejas Católicas 2 igrejas Evangélicas 2 Centros Espíritas
Segurança
1 Brigada Militar
Imagem de satélite do Pontal da Barra indicando aspectos citados. Fonte: Google Earth, editado pelos autores.
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DIAGNÓSTICO DA ÁREA Lazer
Centro Esportivo Laranjal Praia Clube Clube Valverde
Alimentação
Mapeados os principais pontos de alimentação
Imagem de satélite do Pontal da Barra indicando aspectos citados. Fonte: Google Earth, editado pelos autores.
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Praças
5 praças
Prédios Comerciais
1 Prédio Comercial
Imagem de satélite do Pontal da Barra indicando aspectos citados. Fonte: Google Earth, editado pelos autores.
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DIAGNÓSTICO DA ÁREA Mobilidade Após mapeadas todas as paradas de ônibus da região do Laranjal, podemos perceber que não há nenhuma rota que chegue, atualmente, até o Pontal da Barra.
Imagem de satélite do Pontal da Barra com os pontos de ônibus. Fonte: Google Earth, editado pelos autores.C
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MAPA MENTAL
Com base no estudo da região e nas visitas realizadas pela turma, foram elaborados dois mapas mentais. O primeiro, realizado pelo grupo, aborda propostas iniciais, enquanto o segundo mapa, realizado pela turma, mostra todas as lembranças e pontos considerados importantes a partir da visão dos alunos.
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MAPA MENTAL
Mapa mental elaborado pelo grupo
Mapa mental elaborado pela turma
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ATIVIDADES
O trabalho se desenvolve através de etapas distintas, ao longo do segundo semestre letivo na disciplina de Ateliê de Habitação de Interesse Social (Faurb-UFPel), a fim de melhor entendimento da temática e elaboração de propostas compatíveis. O processo inicia com o estudo dos programas habitacionais aplicados em solo brasileiro, tendo em vista questões políticas e sociais vigentes na época de sua elaboração. Na sequência, iniciou-se a procura por referências bibliográficas sobre o estudo de caso, em busca de informações históricas e físicas da região. A partir de fotos aéreas e croquis esquemáticos, em sala de aula, desenvolveu-se esboços de propostas urbanas, ainda sem a realização de visitas ao local (Ver página 41).
ESTUDO DOS PROGRAMAS HABITACIONAIS BRASILEIROS
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
ESBOÇOS DE PROPOSTAS URBANAS
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METODOLOGIA LEVANTAMENTO DE CAMPO
MAPA MENTAL COLETIVO
ESTUDO DAS TIPOLOGIAS
O levantamento de campo teve início com visitas para reconhecimento da área pelos alunos. Ao longo do percurso foram realizadas entrevistas não estruturadas com os moradores presentes. Em busca de informações sobre as residências do local alguns foram questionados sobre suas preferências e vivências em períodos de inundação, onde relataram-se problemas e carências da região. Para continuidade da temática elaborou-se, em sala de aula, um Mapa Mental coletivo (Ver página 41) onde os principais pontos observados foram representados esquematicamente. Em seguida iniciou-se o estudo das tipologias, finalizando com o lançamento das propostas urbanas.
LANÇAMENTO DE PROPOSTAS URBANAS
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PARA QUEM PLANEJAR? MORADOR DO PONTAL DESDE OS 13 ANOS DE IDADE, TEM ESPOSA E DOIS FILHOS
Aprofundando-se no estudo da residência, algumas questões foram esclarecidas após as visitas. O foco para o estudo das tipologias habitacionais foram as necessidades espaciais e à quem elas seriam destinadas. O primeiro questionamento que foi respondido é “Para quem as tipologias vão ser planejadas?”. O reconhecimento da área e as conversas informais com os moradores foram de extrema importância para esta etapa do estudo.
DONA ROSA, MORADORA HÁ 40 ANOS, PROPRIETÁRIA DO ÚNICO MERCADO DO PONTAL
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ATIVIDADES PARTICIPATIVAS ONDE PLANEJAR?
“Como eu gosto bah... levantar de manhã e olhar pra água”
Também durante as entrevistas informais, o grupo concluiu que apesar dos riscos que a região apresenta é o local onde os moradores preferem estar. Atributos únicos da região são considerados insubstituíveis para residentes há décadas. Pode-se relatar algumas citações presenciadas nas visitas:
PESCADOR DO PONTAL DA BARRA, AFIRMA SER UM ÓTIMO LOCAL PARA MORAR
“O que eu vou fazer com as minhas embarcações? Estacionar o barco na frente de casa?”
“aqui todo mundo é parceiro” 47
CICLOVIA
PRAINHA
ESPORTES
PONTO DE ÔNIBUS
PRACINHA
REQUALIFICAÇÃO CASAS EM ALVENARIA ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES
APOIO
ILUMINAÇÃO
PALAFITA
DIQUE
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ATIVIDADES PARTICIPATIVAS Para melhor entendimento da comunidade utilizou-se registros fotográficos e as anotações durante o levantamento. A partir disso, elencou-se as questões que receberiam maior importância no desenvolvimento do projeto.
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REFERÊNCIAS
Empowering Migrant Communities to Secure Housing.
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REFERÊNCIAS Como referenciais para o presente trabalho, foram estudados dois projetos, sendo o primeiro a comunidade em Pyit Taing Htaung, localizada no distrito de Hlaing Thar Yar, e que após o do ciclone Nargis mudou-se para Yangon. A comunidade em estudo organizou uma oficina para planejar o layout da nova área e o projeto de suas novas casas com a ajuda de arquitetos comunitários da ACHR. (ASIAN COALITION FOR HOUSING RIGHTS). Outras comunidades de posseiros, moradores, arquitetos e engenheiros também participaram do workshop. As casas são construídas sobre palafitas, pois semelhante ao Pontal da Barra, a área é inundável. Assim, todas as estruturas das casas são construídas com estacas de madeira e treliças, com paredes de chapa de bambu e telhados de ferro ondulado. Os projetos também geraram inovações feitas pelas próprias pessoas como, por exemplo, a reciclagem de garrafas de plástico vazias para fazer arranjos de coleta de água.
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REFERÊNCIAS O segundo projeto, não foi exatamente um conjunto habitacional, como o anterior, mas uma proposta de planejamento colaborativo, ideia utilizada para nossas propostas urbanas. A ACHR, agora com 24 anos, é uma organização de profissionais asiáticos, ONGs e organizações comunitárias comprometidas em encontrar maneiras de fazerem mudanças nos países, que acompanhem as realidades particulares de suas próprias culturas e políticas. Através desse trabalho colaborativo ao longo de muitos anos, todas essas pessoas e organizações descobriram que eles tinham uma coisa crucial em comum: a crença de que o principal recurso para resolver os enormes problemas de pobreza e moradia são as pessoas que experimentam esses problemas diretamente. Assim, as próprias pessoas auxiliam no desenvolvimento de seus projetos, e também na execução, com o suporte de profissionais adequados.
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TIPOLOGIAS
CASAL +
FILHOS CASA ACESSÍVEL CASA INDIVIDUAL CASA +
COMÉRICO
Para o desenvolvimento das tipologias habitacionais a análise de campo se tornou fundamental, em especial para identificação dos prováveis moradores. Observando as diferenças de constituição familiar, foram definidos quatro grupos: Família com filhos, único morador ou casal, idosos e portadores de necessidades e combinação comércio e residência. Em seguida elaborou-se o programa de necessidades, incluindo os ambientes básicos como sala de estar, cozinha, banheiro, dormitórios e área de serviço. Analisando os grupos considerou-se a existência de especificidades como: depósitos para os pescadores, trapiches individuais e coletivos para o estacionamento de barcos, varandas e local específico para o abrigo de animais. Ao longo do projeto considerou-se casos em que houvesse o desejo de futuras ampliações. Para isso, a base e a cobertura foram planejadas considerando estas situações, ocorrendo de maneira simples e sem obrigatoriamente alterar a estrutura da casa.
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TIPOLOGIAS Uma das preferências destacadas pelos moradores durante o levantamento se relaciona ao material utilizado para construção das residências, com tendência para o uso da alvenaria. Entretanto ao considerar a proximidade com a água optou-se pela concentração dessas residências com certa distância da lagoa, em vista de uma menor agressividade ao meio. Dessa forma, nas margens as habitações são exclusivamente em madeira. O uso misto de materiais além de proporcionar diversidade as tipologias, possibilitou que os moradores optem por suas preferências e prioridades. Como uma alternativa para redução dos impactos das enchentes decidiu-se pelas casas em palafita, já utilizadas em algumas residências do local atualmente. Todas as tipologias contemplam dessa estrutura a fim de evitar danos a moradia independente de sua localização e materialidade. Para a definição da altura das estruturas de palafita foi analisado o estudo realizado sobre as enchentes ocorridas até então, considerando a altura aproximada que a água alcança.
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TIPOLOGIAS
ZONA ÍNTIMA Dormitórios Sala de estar
SERVIÇOS Banheiro Cozinha Área de serviço
APOIO Depósito Trapiche Abrigo para animais
variável conforme a tipologia
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CASAL + FILHOS
63,00 m² ÁREA
MADEIRA MATERIAL
4 PESSOAS
CAPACIDADE
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TIPOLOGIAS
Planta Baixa 63
Tipologia pensada com sala e cozinha integrada devido a preferência relatada pelos moradores. Apresenta dois quartos, um banheiro e um depósito para armazenar os equipamentos de pesca. Na parte exterior a casa apresenta um deck lateral pensado para a realização de atividades da família, e um deck nos fundos onde é localizada a área de serviço.
| CASAL CASAL COM FILHOS
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TIPOLOGIAS CASA ACESSÍVEL
43,25 m² ÁREA
ALVENARIA MATERIAL
2 PESSOAS CAPACIDADE
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Planta Baixa
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TIPOLOGIAS Para desenvolver a tipologia acessível foi pensado no melhor convívio entre os moradores, elaborando assim, casas geminadas com uma varanda frontal para convivência e decks laterais para possíveis ampliações. A casa apresenta sala e cozinha integrada, um quarto e um banheiro acessível, assim como espaço para área de serviço nos fundos.
| CASAL CASAL COM FILHOS
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CASA INDIVIDUAL
53,00 m² ÁREA
MADEIRA MATERIAL
2 PESSOAS CAPACIDADE
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TIPOLOGIAS
Planta Baixa
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A tipologia individual, assim como a acessível, foi pensada com a união de duas casas. A convivência se da através de um deck central compartilhado para realização das atividades da pesca. A casa conta com sala e cozinha integrada, um quarto e um banheiro. Na lateral ainda é possível encontrar espaço para área de serviço e para futura ampliação.
| CASAL CASAL COM FILHOS
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TIPOLOGIAS CASA + COMÉRCIO
88,00 m² ÁREA
ALVENARIA MATERIAL
4 PESSOAS CAPACIDADE
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Planta Baixa 72
TIPOLOGIAS A última tipologia foi elaborada com área comercial na parte da frente e área residencial na parte dos fundos. Nessa caso foi pensado na acessibilidade, propondo uma rampa na fachada. A casa apresenta um deck frontal destinado a colocação de mesas para apoio do comércio, e um deck lateral para acesso da casa e para área de serviço. O programa é parecido com o da tipologia da família, apresentando sala e cozinha integrada, dois quartos e um banheiro.
| CASAL CASAL COM FILHOS
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SIMULAÇÃO DE ALAGAMENTO
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URBANO
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IMPLANTAÇÃO
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Atendendo as necessidades destacadas pelos moradores foram propostas as seguintes modificações: requalificação da via principal de acesso alterando sua materialidade e acrescentando uma barreira de proteção em formato de dique. Também se planejou a criação de uma ciclovia, conectada a existente na Praia do Laranjal, uma pista de caminhada e um trapiche em madeira, visando a valorização da região e um consequente aumento na movimentação.
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URBANO
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URBANO
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A implantação de um ponto de ônibus próximo que conecte os moradores com as linhas locais de transporte, assim como de playgrounds para as crianças. Equipamentos públicos como uma quadra poliesportiva, academia externa e um centro comunitário, com espaço para atendimento médico ocasional, reuniões e eventos também se incluiu no projeto.
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URBANO
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URBANO
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URBANO
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ALTERAÇÕES NA ROTA DE ÔNIBUS, COM PARADA NO PONTAL
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URBANO
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CONCLUSÃO
O Pontal da Barra é um local de grande importância para as famílias residentes e assim, deve ser pensado uma forma de qualificar as moradias e a região para redução do impacto causado pelos desastres. Entende-se maior necessidade de aprofundamento a respeito das tipologias em palafitas, a fim de melhor utilização e qualidade da tipologia. Convém também conhecer a fundo a comunidade e os moradores, propondo planejamento colaborativo para chegar em resultados finais que atendam às necessidades reais de cada família e estimule os moradores a preservar o local.
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CONCLUSÃO
VALOR AFETIVO PARA OS MORADORES
PLANEJAMENTO COLABORATIVO
APROFUNDAMENTO NAS PESQUISAS SOBRE PALAFITAS
APROPRIAÇÃO DOS MORADORES
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CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS MASSARU, Roberto. Contenção de Taludes. Disponível em: http://www.ebanataw.com.br/talude/barragem.htm. Acesso em novembro de 2019. JUSTI PISANI, Maria Augusta. Arquitetura e Urbanismo Resilientes às Inundações: Planejamento de Áreas Inundáveis e Tipologias de Edificações. 2018. Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), São Paulo, SP, Brasil, 2018. Palafitas. Disponível em: https://escola.britannica.com.br/artigo/palafita/487850. Acesso em novembro de 2019. Material desenvolvido durante a disciplina de Ateliê de Habitação de Interesse Social (FAUrb – UFPel – 2019/2)
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