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empreendimentos

Se tomada somente a área dos moradores ribeirinhos, a educação formal aponta um mais baixo grau de escolaridade. Somente 27% dos entrevistados possui o Ensino Médio, enquanto que um número menor tem apenas o Ensino Fundamental 20%. Todavia, encontramos analfabetos e semianalfabetos somando 41% dos entrevistados, conforme (Gráfi co 17) a seguir.

Gráfi co 17 Escolaridade dos residentes ribeirinhos na área de infl uência direta aos empreendimentos

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Fonte Elaborado pela equipe MADRES -UFDPar (2021).

O desolador índice de escolaridade da comunidade ribeirinha da área de infl uência está em consonância com o índice educacional do bairro e do município de Luís Correia apresentados no (item 2.6 – Educação, Parte I e no Quadro 12) deste trabalho, quando aponta que, numa população de 30.000 habitantes, 10.557 têm somente o primeiro ciclo do Ensino Fundamental incompleto ou sem instrução (Dados de 2010).

A perspectiva de chegada do Complexo Pesqueiro de Luís Correia e o atual número elevado de analfabetos e semianalfabetos entre os entrevistados, remete a um momento análogo descrito no contexto histórico desta pesquisa, onde um cronista do jornal A Semana, no ano de 1916, enquanto contemplava a chegada do “progresso” pela estrada de ferro, lamentava a falta de instrução:

[...] Lamentável, sobremodo, é a criança piauiense viver, em pleno século XX, século de luz, de progresso e de expansão intelectual, nas trevas do analfabetismo, da ignorância e da perdição e alheia aos movimentos da civilização mundial. Parnaíba, a primeira cidade do Piauí, depois da capital, não tem uma instrução regular. Os nossos petitis garçons, só compreendem o que os arrastem ao mal. São uns perdidos (especialmente os da plebe) e em suas cabecinhas infantis não, passa, sequer, um vislumbre do que nobilita, que é essa humanidade caprichosa, do que é a vida de um homem sem cultura e experiência. [...] Aprendi, portanto, tão somente, a conhecer as difi culdades com que o homem luta pela vida. Profi guemos,

pois, para que seja dado, aos nossos conterrâneos, o caminho do bem, do Dever e do Trabalho, por meio da instrução, que, infelizmente, tem sido, até hoje, aqui, um sonho para os pais que não podem mandar educar os seus queridos filhos, no Maranhão ou Ceará.30

Com o passar dos anos a estrutura educacional de Luís Correia foi se transformando, como demonstrado na Parte II deste trabalho (Luís Correia em Dados), fazendo com que as gerações passadas tivessem acesso ao ensino formal. Entretanto, com todo o avanço nas últimas décadas do Ensino Fundamental, Médio e Educação de Jovens e Adultos no município, como se explica um índice tão alto de analfabetismo e semianalfabetíssimo nestas comunidades?

Na parte II desta pesquisa, o diretor da escola de Ensino Médio de Luís Correia apontou alguns fatos que podem auxiliar a compreender a situação. Em primeiro lugar, a escola tem pouca demanda. Apesar de possuir uma boa infraestrutura, não atrai alunos suficientes para preencher as vagas ofertadas, o que ele acredita ser devido o regime de tempo integral, que pode chegar a oito horas diárias, pois alega que os jovens necessitam trabalhar para ajudar em casa, na maioria em atividades como ambulantes, pescadores ou temporários nas praias. Além disso, não há entre os munícipes uma cultura de valorização da educação, tendo como consequência uma baixa motivação dos jovens.

Durante o Diagnóstico Participativo junto à comunidade do bairro Beira mar e no Fórum Municipal da Juventude na Câmara municipal de Luís Correia (registro em anexo) os temas “Oportunidade de Trabalho” e “Geração de Renda” foram as principais tônicas dos membros do Conselho e dos palestrantes em geral. Contraditoriamente ao verificado, é sabido que a criação de oportunidades demanda diretamente a melhoria dos níveis de educação formal dos jovens, fazendo parte integrante da capacitação destes para acessarem o mercado de trabalho.

Foram frequentes as falas da necessidade da criação de oportunidades de trabalhos, geração de renda e capacitação. Os dados a seguir refletem esta realidade.

5.6 A renda e a estrutura produtiva de sobrevivência do bairro

Analisando-se a renda das famílias, por meio do Relatório de Cadastro Domiciliar e Territorial dos ACS do Bairro Beira mar, o índice de famílias que recebe um ou menos de um salário mínimo é expressivo 469, ou 76,5% do total, conforme o (Quadro 39 e Gráfico 18):

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