Professores e Professoras Indígenas da Bahia 1ª Edição
Edições Edições Opará Opará
Narrativas
Indígenas
Recursos
Secretaria Gestora
Parceiros Coordenação Indígena
Paulo Afonso/BA, Julho de 2016
2016. Centro de Pesquisas em Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação - OPARÁ Universidade do Estado da Bahia - UNEB
Revisão Rubervânio da Cruz Lima Capa Carlos Rafael Luz de Sousa Bruna Graziela Cordeiro dos Santos Projeto Gráfico e Diagramação Bruna Graziela Cordeiro dos Santos Pintura e ilustração digital Carlos Rafael Luz Editora
SECADI - Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão Esplanada dos Ministérios, BI. L, sala 700 Brasília, DF, CEP: 70097-900 Tel: (55 61) 2104 - 8432 Fax: (55 61) 2104 - 8476
UNEB - Universidade do Estado da Bahia Opará - DEDC - Campus VIII Rua do Bom Conselho, 179 Paulo Afonso, BA, CEP: 48602-015 Tel: (55 75) 3281 - 6585 (Central) Ramal: 230
* Os autores são responsáveis pela escolha e apresentação dos fatos contidos neste livro, bem como pelas opiniões nele expressas, que não são necessariamente as da SECADI/MEC e OPARA/UNEB, nem comprometem a Secretaria e a UNEB. A indicações de nomes e a apresentação do material ao longo deste livro não implicam a manifestação de qualquer opinião por parte da SECADI/MEC e OPARÁ/UNEB a respeito da condição jurídica de qualquer país, território, cidade, região ou de suas autoridades, ou da delimitação de suas fronteiras ou limites. * Essa obra foi editada e publicada para atender a demanda do projeto Saberes Indígenas na Escola, em parceria com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão-Ministério da Educação (SECADI/MEC). * Todos os direitos reservados * Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida sem autorização do Centro de Pesquisas em Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação (Opará) e a Secretaria da Educação do Estado da Bahia.
Narradores As narrativas apresentadas neste livro constituem o patrimônio imemorial que atribuímos aos mais velhos, vivos e mortos, por perpetuarem a tradição oral, mantendo acesa a memória e a história que continuam sendo transmitidas, fortalecendo as identidades, anunciando nossas crenças e saberes, demonstrando nossa resistência como povos ‘‘guerreiros’’ e ‘‘lutadores fortes’’ que somos. Às nossas lideranças e especialmente aos nossos velhos e velhas, nossa homenagem. Professores do Programa Saberes Indígenas
Escritores (as), ilustradores (as) e lideranças indígenas Kaimbé Tuxá Tumbalalá
Sumário
Apresentação Kaimbé A indiazinha que virou flor Tuxá Tumbalalá
Apresentação
Potiguara
A Lenda da Fonte Tambiá Reza a lenda que Aipré era uma linda índia virgem da tribo dos Potiguaras que teria se apaixonado por um lindo índio guerreiro da tribo rival, os Cariris. O amor entre eles surgiu no tempo em que Tambiá teria sido preso pelos Potiguaras.
Tambiá foi ferido em batalha e fraco tornou se prisioneiro, mesmo assim recebeu as honras dos vencedores. Segundo a tradição indígena foi lhe concedida Aipré, lha do cacique, como esposa de morte e após o casamento Tambiá foi executado. Assim Aipré muito triste fugiu para o seio da mata e lá chorou durante cinquenta luas.
Sua dor foi tanta que de suas lágrimas brotou uma fonte de águas claras e límpidas que cou conhecida como Fonte Tambiá, hoje na cidade de João Pessoa simplesmente, A Bica.
A Mãe D'água Certo dia dona Filomena, seu Juca e seu lho José saíram para trabalhar na roça, na plantação de mandioca. Dona Filomena deixou dois lhos menores em casa com a avó – os dois lhos fugiram para brincar no Velho Chico – O rio São Francisco. Eles caram brincando na beirada do rio tomando banho, fazendo casinha de areia, rolando nas pedras e correndo pra lá e pra cá. Quando de repente os meninos avistaram a Mãe D'Água, uma mulher bastante bonita com cabelos longos e pretos, olhos verdes e da cintura pra baixo com rabo de peixe. Os meninos caram encantados com aquela beleza que estava ali diante dos seus olhos. Mas logo em seguida bateu um medo nos meninos e eles falaram um para o outro - Vamos correr!
E saíram correndo com tudo. Chegaram em casa assustados de olhos arregalados e o coração em tempo de sair pela boca de tão espantados que estavam. A avó vendo aquela confusão dos meninos perguntou: - O que foi menino? Eles responderam: - Nós vimos a Mãe D'Água no rio e saímos correndo, ela é muito bonita. A avó disse: - Está vendo! Criança pequena não pode car no rio sem a presença de adulto. A Mãe D'Água é um encanto. Ela apareceu para proteger vocês do perigo que estava correndo no rio sozinho. Os meninos disseram: - Nós nunca mais vamos para o rio sozinho, vó.
Capivara nas margens da ilhota Às margens do rio São Francisco morava um povo indígena há muitos anos atrás. Esta aldeia tinha uma ilha muito grande e cheia de riquezas, cercada por várias ilhotas, cada uma mais linda que a outra. Havia uma ilhota localizada perto da correnteza do Serrote, lugar sagrado desse povo, morada dos encantados, que se chamava Ilha da Porta. Nesta ilhota viviam muitos bichos do rio Opará e nela morava uma capivara, lustrosa, alegre e feliz. Ela gostava de sair dos calombi toda tarde para dar um passeio ás margens e rever seus amigos se sentido dona daquele lugar. Certo dia, o sol estava tão quente que parecia está mais próximo da terra, pois era ardente e luminoso. Dona Capivara resolveu ir dar seu passeio mais cedo. E saiu em pleno meio dia toda suada, para tomar seu banho na águas limpas e serenas do rio São Francisco, sua pele brilhava diante do sol. A capivara se refrescava, seu pêlo cou sedoso e brilhante não dava para passar despercebido aos olhos do caçador.
O amigo Jacaré ao se aproximar disse: - Olá Capivara! Está se banhando a esta hora? Logo você tem medo de perigo! - Sim, eu mesma não estava suportando car dentro dos calombis, resolvi me refrescar mais cedo, o calor estava insuportável. E você? O que faz aqui meu amigo? - Estava passando quei te admirando. Você está bela nesta água, não tem medo dos caçadores aparecerem nesta ilhota, Capivara? Eles agora estão vindo com maior freqüência nestas ilhotas, parece que falta alimento em suas casas. - Eu tenho bastante medo, mas não estava suportando tanto calor escondida na mata, tomei coragem e vim para esta água maravilhosa. O jacaré já convencido disse: - É você tem razão, só precisamos ser mais amigos para poder viver nesta natureza bela e cuidar uns dos outros. Dizendo isso logo foi se afastando e a Capivara continuou no seu banho, brincando na correnteza das águas. De repente apareceu um barco repleto de caçadores, que estavam escondidos na tocaia da caçada. Só que neste momento a Lontra, que era muito esperta, estava com o pescoço fora da água, atenta a tudo, nada bem rápido e conseguiu chegar a tempo de avisar a sua amiga. - Capivara, mergulhe e nade rapidamente, corra, o caçador te viu. Assim, a Lontra se aproxima e puxa sua amiga para sua morada e juntas caram escondidas, só observando os caçadores de longe.
Os caçadores que já estavam há muito tempo escondidos, se cansaram e foram deixando a Capivara livre. Dona Capivara saiu do esconderijo, convocou toda a bicharada e disse: - Vou dar uma festa nas margens desta ilhota, convido você amiga, Lontra, amigo Jacaré e todos os peixes e bichos desta região, vou comemorar a minha vida, se não fosse à esperteza de Dona Lontra, hoje eu estaria morta na mesa dos caçadores. Aprendi que para viver neste mundo precisamos nos unir em defesa dos nossos animais e da natureza.
O Galo e a Raposa Certo dia eu fui para o mato caçar lenha e vi um Galo catando caroço de favela e mais afastado tinha uma raposa. Quando o Galo viu a Raposa deu um pulo e sentou em cima da faveleira. O Galo cou olhando para os lados sem querer demonstrar que estava com medo da Raposa. A Raposa perguntou: O que olha meu Galo? Ele respondeu: Um cachorro enorme!!! Que cor é esse cachorro? Rajado, malhado amiga Raposa.
Eu nunca vi cachorro rajado por onde eu já passei. Eu vou embora. O Galo bateu as asas e disse Cocori có era isso que eu queria. Vá em paz que eu co sossegado catando meus caroços de favela A Raposa perguntou: O que olha meu Galo? Ele respondeu: Um cachorro enorme!!! Que cor é esse cachorro? Rajado, malhado amiga Raposa.
Recursos
Secretaria Gestora
Parceiros Coordenação Indígena