RURAL SEMANAL Informativo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
ANO XXI - n. 2 - 13 a 19 de janeiro de 2014
À espera de um lar Conselho Universitário institucionaliza projeto que integra grupos de direitos dos animais. “SOS Animal” busca corações dispostos a adotar P. 4
Perfil: motorista e poeta Gustavo Lôndero, funcionário anistiado na UFRRJ, conquistou a comunidade acadêmica com versos e bom humor P. 2
Reciclagem e conscientização Iniciativa de reutilização de material ganha força na Rural com apoio da Pró-Reitoria de Extensão P. 7
Editorial
Opinião
A reflexão exigida
Estratégico e instransferível
I
niciando uma nova fase neste janeiro de 2014, após duas décadas de existência, este semanário cria novos mecanismos de comunicação com os segmentos da comunidade universitária: professores, técnicos e estudantes. O objetivo é ampliar os canais de participação das unidades administrativas e acadêmicas na divulgação de suas atividades, dentro da perspectiva de um relacionamento contínuo com as diversas mídias presentes em nosso cotidiano. Nesse sentido, apesar de ser um mês marcado pelas festas de Natal e de Final de Ano, o último dezembro deve ser destacado pelos movimentos realizados pelas entidades representativas dos servidores técnico-administrativos e dos estudantes – com destaque para a mobilização para as eleições, respectivamente, das diretorias do Sindicado dos Trabalhadores em Educação da UFRRJ (Sintur-RJ) e do Diretório Central dos Estudantes (DCE). Paralelamente a tais mobilizações, a participação dos técnicos na eleição para o Conselho Universitário (Consu), também no mês passado, aponta o importante papel exercido pelos servidores conselheiros que representaram seu segmento no início dessa etapa. Responsabilidades que foram atribuídas à Aurea Lunga, Fernanda Fortini Macharet, Júlio Cesar Valladares de Fonseca e Ana Carolina do Carmo Barboza, agora empossados como conselheiros eleitos. Da mesma forma que desejamos aos novos membros do Consu a disposição de todas suas energias positivas como agregadoras na reflexão, análise, discussão, elaboração e formulação de políticas institucionais motivadoras para as atividades de ensino, pesquisa e extensão na UFRRJ, gostaríamos que os membros das chapas “Com a base, vamos à luta” e “Por todos os Cantos” – respectivamente eleitas para dirigir, autonomamente, o Sintur-RJ e o DCE – tenham igualmente tais energias assim direcionadas. Ao longo da história de cada uma das três entidades que representam os segmentos da comunidade universitária, sempre aparece o argumento de que devem ser procuradas outras formas de organização, como justificativa para a não participação em seus processos eleitorais. Contudo, as datas comemorativas neste ano de 2014 – 30 anos do Sintur-RJ e 35 da Adur-RJ – apontam sólidas formas organizativas que superam ações pessoais, eleitorais e conjunturais. Assim, parabenizamos cada membro da comunidade da UFRRJ, independentemente do segmento a que pertence, pela reflexão exigida pelos resultados do último dezembro. ▼
Calendário Acadêmico • 17/1 - Atividades coletivas e interdisciplinares. • 30/1 - Prazo final para trancamento de matrícula no curso de graduação no 2o período de 2013; último dia para solicitção de prorrogação do prazo do curso de graduação para ex-alunos para o primeiro período letivo de 2014. • 6/2 - Atividades coletivas interdisciplinares. • 24 a 28/2 - Provas optativas.
Confira mais em http://goo.gl/NZn5A
Ano novo, vida nova, Rural Semanal no-vo. A comunidade acadêmica da UFRRJ já percebeu que o Rural Semanal mudou. E vai continuar mudando, pois toda publicação leva um tempo para se ajustar quando passa por mudanças em sua proposta editorial. A capa da primeira edição do ano mostra um papel timbrado da Universidade, em branco, apenas com a expressão “Perspectivas 2014”. Isso significa que temos um longo caminho a trilhar, com múltiplas possibilidades dentro do ensino, da pesquisa e da extensão. Feliz Ano Novo!
• Marco Souza Diretor pro tempore do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas da UFRRJ
C
omo informa a primeira edição do Rural Semanal, temos mudanças à vista. É bom ver que a organização UFRRJ tem uma nova política de comunicação. De fato, a comunicação com o ambiente externo e interno à organização tem relação direta com os objetivos e metas organizacionais. Significa que importantes processos que explicam ou influenciam o funcionamento da organização passarão a receber mais atenção e ganham o status de estratégico? Espera-se que sim. Outro tema que merece atenção da Universidade, e que tem influência direta nos objetivos e metas organizacionais, é o comportamento de viagem dos membros que formam a comunidade. Comportamento de viagem pode ser entendido como o esforço empreendido pelos indivíduos para realizarem as atividades centrais em suas vidas. As pessoas pegam o meio de transporte disponível e acessível e, com isso, incorrem em esforço que pode ser medido em termos de tempo e custo, por exemplo. Também podem ser medidos o stress e o gasto de energia. Para ilustrar o desafio que a Rural tem pela frente com o tema, recorro a dados de uma pesquisa feita junto aos alunos de Administração, em 2011. O ônibus era o meio de transporte mais significativo (47,7 %), mas era seguido por vans (23,2%) e carro próprio (9,8%). E quando o tema era o total de tempo gasto semanalmente para sair de casa e ir para a UFRRJ, desenvolver estágio ou outras atividades acadêmicas? Em 2011, aproximadamente 24% desses estudantes gastavam acima de 12 horas semanais para dar conta das suas obrigações. Desse total, 6,3% dos alunos gastavam de 11h40m a 13h20m; 4,8%, de 13h20m a 15 horas; 2,4%, de 15 a 16h40m; e 7,9%, acima de 16h40m. E hoje, como estaria o comportamento de viagem de toda comunidade universitária, de funcionários e discentes? Vamos medir. Não há como negar que é estratégico: está cada vez mais complicado chegar e sair da UFRRJ. Temos engarrafamentos, pedágios, viagens demoradas e desconfortáveis, e insegurança – seja por roubo, seja por uso de meio de transporte extremamente inseguro. É importante refletir: viajar de van está longe de ser seguro, embora seja prático e barato; carros próprios representam uma questão difícil de ser gerenciada aqui no campus (requer mais segurança contra roubos, espaço para estacionamento, aumenta risco de incidentes e acidentes, produção de ruídos e poluentes); e ônibus não atendem aos direitos e desejos dos indivíduos. ▼ Para publicar textos opinativos, entre em contato com a gente e saiba mais informações: comunicacao@ufrrj.br As opiniões aqui expressas são de responsabilidade de seus autores.
Perfil
Poesia e serviço. O motorista Gustavo Lôndero recita poesias autorais e de compositores conhecidos durante os momentos de pausa nas viagens BRUNA RODRIGUES
SOBRE RODAS DE POESIA E MÚSICA Motorista da Universidade conquista estudantes com versos e simpatia • Bruna Rodrigues
U
ma mistura de bom humor, empatia e poesia caracterizam Gustavo Lôndero D’Ávilla, de 68 anos, motorista do ônibus que transporta estudantes por todo o campus Seropédica. Funcionário da Eletrobras, onde trabalhava como maestro, ele foi demitido em 1992, durante o governo Collor, e só foi reincorporado ao serviço público em 2011, quando iniciou suas atividades na Universidade. Ele é, portanto, um anistiado na UFRRJ. Dono de olhos expressivos e voz empostada, Lôndero nasceu em Rio Pardo (RS), viajou por 29 países, viveu de música e poesia. Dentre seus detalhes marcantes, está a forma de encarar a vida com alto astral, próprio de quem utiliza o sorriso e as palavras para recepcionar quem passa pelo caminho. Apaixonado por mulheres, o motorista teve oito filhos, um deles fora do país. Atualmente, é casado e mora em Marechal Hermes, Zona Norte do Rio de Janeiro. Acostumado aos palcos, ele hoje tem seu público formado por alunos e funcionários, que costumam utilizar o veículo, carinhosamente apelidado de “fantasminha”, devido aos horários de serviço reduzidos de antigamente. Além de dirigir, ele interage com os passageiros, que, durante os intervalos de embarque e desembarque, até escutam alguns versos. – As viagens ficaram mais interessantes e o motorista é muito simpático – conta o aluno de Ciências Contábeis Caio Siqueira. O mesmo sentimento é compartilhado pela estudante de Hotelaria Isabela Rodrigues, que adora pegar carona no bom humor das viagens até o Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS). Se para os alunos houve uma alteração agradável e significativa, para Lôndero, o trabalho na UFRRJ abriu novas possibilidades. Ele conta que até poderia voltar a trabalhar na antiga empresa, mas a Rural tornou-se mais uma de suas paixões, devido, principalmente, à acolhida da comunidade acadêmica: – A Rural foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida! Eu fui bem recebido pela Administração Central e por todos aqui. Por isso, dirijo com toda a dedicação. Uma curiosidade é que toda a facilidade para compor poesias e músicas pode ter sido herdada do pai Lupicínio Rodrigues,
famoso compositor brasileiro. Gustavo Lôndero luta para ter a paternidade reconhecida na Justiça, pois, segundo ele, é fruto de uma relação extraconjugal, que, no entanto, não prejudicou sua convivência com o sambista. Filho de artista, ou não, seu talento para compor e recitar é inegável. Dentre os temas de suas poesias estão os amores, a felicidade e as viagens a outros países. O motorista destaca que o trabalho também ajuda em suas composições, devido ao contato com a juventude e suas novas ideias. Acostumado a dialogar com os com os alunos, Lôndero terminou o bate-papo recitando uma poesia que ele utiliza para explicar aos estudantes a importância de valorizar a felicidade como um estado de espírito e de reconhecê-la em seus detalhes: A felicidade... Ela veio bater à minha porta e falou-me, a sorrir, subindo a escada: “Bom dia, árvore velha e desfolhada!” E eu respondi: “Bom dia, folha morta!” Entrou: e nunca mais me disse nada... Até que um dia (quando, pouco importa!) houve canções na ramaria torta e houve bandos de noivos pela estrada... Então, chamou-me e disse: “Vou-me embora! Sou a Felicidade! Vive agora da lembrança do muito que te fiz!” E foi assim que, em plena primavera, só quando ela partiu, contou quem era... E nunca mais eu me senti feliz! ▼
RURAL SEMANAL 03
Capa
Defensores. Grupo SOS Animal faz parte dos envolvidos no Programa
de Controle Populacional e Bem Estar de Animais de Companhia da UFRRJ
VICTOR SENA
EM BUSCA DE UM MELHOR AMIGO Grupo de doação de cães e gatos abandonados na Rural faz parte de novo projeto que integra iniciativas de defesa dos animais • Victor Sena
C
ontrolar a população de animais no campus Seropédica e zelar pelo seu bem estar são os objetivos de uma aliança inédita, formada há pouco tempo: em dezembro do ano passado. A partir de agora, oito projetos envolvidos com a causa estão integrados, formando o Programa de Controle Populacional e Bem Estar de Animais de Companhia da UFRRJ. Antes, eles atuavam de forma isolada. Mas, na última reunião do Conselho Universitário, no dia 17 de dezembro de 2013, foi oficializada a integração desses projetos como uma estrutura maior. O Programa envolve o grupo Katumbaia, o Projeto Castração (IV), a Comissão de Bem Estar Animal, o Grupo Pet – IV, o Docinho Solidário, o Hospital Veterinário (HV), a Educação Ambiental e o SOS Animal. Recolhidos no campus, Bia, Amélia e Vovô são alguns dos cachorros castrados que poderão ganhar um lar em breve. Eles serão doados pelo SOS Animal. Nesta reportagem, o Rural Semanal revela a rotina do grupo e os objetivos dessa aliança entre iniciativas de proteção animal. O objetivo do Programa é propiciar a saúde animal e ambiental na Universidade Rural, por meio de ações educativas, campanhas de vacinação e vermifugação, atendimento veterinário, controle de natalidade, microchipagem para identificação, campanhas de adoção, lares temporários. O bem estar de equinos, bovinos e outros animais de produção é garantido pela vigilância de um dos grupos: a Comissão de Bem Estar Animal. Já o pilar do projeto que é responsável pela captação, tratamento, castração, doação de cães e gatos abandonados do campus é o SOS Animal, que pretende conseguir um lar para Bia, Amélia e Vovô em Niterói. O Grupo irá até a feira de adoção do Campo de São Bento no dia 25 de janeiro. Lá, será feita uma exposição de animais que já estão prontos para conseguir carinho, e um novo dono. Coordenado pela vice-diretora do Instituto de Zootecnia (IZ), professora Rosana Colatino, desde abril de 2013, o projeto teve início em 2008 com os professores Maria Lorenzon e Nelson Matos. Ele funciona, principalmente, em parceria com outro membro do Programa de Controle Populacional e Bem Estar de Animais: o Hospital Veterinário. Nele, são realizadas as cirurgias de castração. O Hospital castra, para o projeto, 16 animais por mês. O objetivo final é encaminhar cães e gatos abandonados no campus para adoção. O grupo não recebe doações de animais. Ele é quem as faz. – O projeto SOS é uma célula dentro de um projeto de vários grupos que trabalham juntos. Sem o HV, a gente não consegue trabalhar – disse Rosana.
NÚMEROS DO SOS ANIMAL Veja o gráfico com informações sobre a quantidade de cães e gatos castrados no período de abril de 2013 a janeiro de 2014
94 CASTRADOS AO TOTAL
ARTE: VICTOR SENA
15
21
28
30
CÃES MACHOS
CÃES FÊMEAS
GATOS MACHOS
GATOS FÊMEAS
Das ruas da Universidade aos braços de um novo dono, o animal passa por etapas que são, no fim das contas, a rotina geral do SOS. Após a captação, ele passa por uma triagem. Nela, um exame clínico é feito
“
O projeto tem que ser da instituição, porque amanhã ou depois eu vou me aposentar, posso querer deixar o trabalho por algum problema de saúde”
bolsistas, informa novas decisões e reforça o método como algumas coisas são feitas. Na última reunião, discutiram, entre outros pontos, sobre o incentivo que é preciso dar aos donos sobre a vacinação e a vermifugação, além do apadrinhamento: quando alguém adota temporariamente o animal, por 15 dias, enquanto ele espera por um dono fixo. Danielle Oliveira, funcionária da cantina do Instituto de Ciências Humanas e Sociais, reparou que alguns animais que frequentavam o local não estão mais ali. Em dezembro, segundo ela, pessoas interessadas em fazer o recolhimento e a castração visitaram a cantina. Apesar de os frequentadores nunca terem reclamado com Danielle, ela comemora o recolhimento do “cachorro preto” e da “gordinha”. Eles foram castrados e doados pelo SOS Animal.
Professora Rosana Colatino
para diagnosticar algum problema. Depois disso, ele recebe o tratamento, que pode demorar meses. Aí sim, está pronto para ir para a castração, no HV. Durante esse período, o animal precisa de alimento, remédios, coleiras, casinhas. Doações desses materiais são aceitas, e bem vindas. Elas podem ser entregues no Instituto de Zootecnia ou pelo contato estabelecido através do email do grupo: sosufrrj@outlook.com. A equipe é formada pela professora Rosana, cinco estudantes bolsistas e sete voluntários.
– É bom porque evita a procriação. Sem contar que pode fazer mal à saúde. Eles também espalham lixo – disse Danielle. Além de Seropédica, o projeto já visitou feiras de doação no Mosteiro de São Bento, em Niterói, e no Largo do Machado, no Rio. O controle das doações costuma ser feito um mês depois, quando a equipe visita o adotante para verificar as condições de onde o animal está. Para esta verificação ser feita com mais estrutura, é necessário um carro. Este é um dos desejos da professora Rosana para 2014. Os membros do Programa de Controle Populacionais e Bem Estar de Animais de Companhia da UFRRJ tem reuniões regulares e pretendem, a partir de 2014, como consequência de sua formalização, conseguir castrar 200 animais por ano, microchipar e vacinar mil; destinar para adoção cerca de 120 e desenvolver ações de educação em quatro escolas da rede municipal de ensino por ano.
– Tenho essas bolsas para auxiliar o aprendizado dos alunos e ajudar no trabalho, porque é rotina. Sábado, domingo, feriado. Em todo momento, tem gente lá, tratando. É um ritmo bastante intenso – disse a professora. – A rotina diária é de limpeza e tratamento dos animais: limpar fezes, trocar água e medicar. Para isso, a gente tem uma ficha de controle de cada animal. Demora uma manhã.
– Tem gente que acha que se castrar o macho, ele vai ficar afeminado. Isso é preconceito, e ignorância – disse Rosana. – A gente entende que a castração é um elo na corrente, não é a corrente inteira. O primeiro elo é a educação da população. Não adianta só o procedimento veterinário se a mente da pessoa não mudar.
Estudantes também participam
Avaliação da qualidade de vida animal Um outro pilar importante do Programa de Controle Populacional e Bem Estar de Animais de Companhia da UFRRJ é a Comissão de Bem Estar Animal, coordenada pela professora Maria Lorenzon, a mesma que coordenava o SOS Animal no início. A Comissão pretende monitorar as condições de todos os animais do campus, inclusive os de grande porte, particulares ou da instituição. A meta desta nova estratégia de trabalho é dar continuidade às melhorias das condições de vida dos animais, a partir de visitas, de trabalhos educativos e denúncias. O grupo também vai avaliar a qualidade de vida de animais que estão sob experiências científicas em laboratórios. A institucionalização do Programa, que inclui o SOS Animal, garante, segundo a professora Rosana Colatino, a legitimidade para situações em que o grupo precisaria pegar de volta algum animal doado. Agora, a recolhimento será feito em nome da instituição. Outra vantagem é que a Universidade garante a continuidade do Programa ao longo dos anos.
Jean Gomes é um dos bolsistas do projeto. Ele está no 8º período de Zootecnia e faz parte do grupo desde 2011, quando ele ainda era coordenado pela professora Maria Lorenzon. – Quando eu cheguei à Universidade, eu via muitos animais doentes perambulando pelo Instituto de Zootecnia, vários gatos pelo alojamento. Percebi que alguém tinha que fazer alguma coisa. Descobri o projeto aqui no Instituto em que eu faço o meu curso, com a professora Lorenzon. Procurei saber como ajudar, e nisso eu estou até hoje – disse o bolsista, que se sente realizado ao ajudar os animais. – Não tem dinheiro nenhum que pague essa satisfação. Clarice Verissimo, formada em Zootecnia, é estudante do 5º período de Licenciatura em Ciências Agrícolas e está no projeto desde o começo do período, como voluntária.
– Havia atitudes isoladas. Eu trabalhava com adoção. Aí, o grupo Katumbaia também trabalhava com adoção. A gente tem que ser unir. Então, sentamos e decidimos melhorar a nossa dinâmica, pedindo o apoio da instituição. O projeto não pode ser da pessoa, porque amanhã ou depois eu vou me aposentar, posso querer deixar o trabalho por algum problema de saúde. Tem que ser da instituição – concluiu Rosana, que se sente realizada em ajudar os animais do campus. ▼
– Eu tinha conhecimento do projeto há um tempo, mas não tinha disponibilidade por causa do trabalho e da faculdade. A minha motivação vem porque eu sempre gostei de animais e queria oferecer alguma coisa, o meu conhecimento na área de Zootecnia – disse a voluntária.
– Muitas vezes, a gente não consegue fazer a doação e tem que devolver para o campus. Infelizmente. O ideal é conseguir uma casa. Se ficar solto, ele veicula doenças, as pessoas se incomodam. Nas férias eles passam fome, os alunos vão embora – observou a professora. – Eles foram destinados com ética. A gente faz um termo de adoção. No termo, constam os dados do adotante, os dados do doador e as normas. Se o adotante quebrar esse contrato, nós temos como denunciá-lo. Não é doar por doar. Não é se livrar. É um trabalho veterinário e ético. Uma vez por semana, o grupo se encontra em uma sala no prédio principal do Instituto de Zootecnia. Nele, a professora Rosana orienta os voluntários e
VICTOR SENA
Segundo um levantamento feito pela professora, feito em janeiro de 2014, há pelo menos 30 animais soltos no campus Seropédica. No ano de 2013, cerca de 200 foram doados.
Cuidados. Os filhotes recolhidos no campus precisam de tratamento antes de serem adotados
RURAL SEMANAL 05
DCE
Movimento estudantil. Lutas e reivindicações políticas históricas contaram com a participação de DCEs de todo país VICTOR SENA
UM NOVO DCE
A chapa eleita promete uma gestão atuante Por Todos os Cantos da Rural • Bruna Soares e Raomi Pani
O
Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro começa o ano de cara nova. Dois mil quinhentos e sessenta e cinco universitários foram às urnas, entre os dias 17 e 19 de dezembro, para escolher seus representantes em 2014. E foi com 1256 votos, quase 49% do total, que a chapa 1, Por Todos os Cantos, ganhou as eleições. A nova chapa terá um ano à frente do Diretório. De acordo com estatuto próprio do DCE, os mandatos são anuais. Além da Por Todos os Cantos, outras duas chapas concorreram para a presidência do DCE. A chapa 2, Em Frente, e a 3, Não Vou me Adaptar, reuniram, juntas, os exatos 1256 votos que elegeram a chapa vencedora. Votos brancos e nulos somaram 53. Discussões e batalhas políticas históricas, como O Petróleo é Nosso, na década de 50, e Fora Collor, nos anos 90, foram impulsionadas e movimentadas por grupos universitários e diretórios estudantis de todo Brasil. Além de representar o corpo discente frente à Administração Central da universidade, o DCE também tem o papel de organizar as lutas estudantis. Entre suas áreas de atuação também estão questões educacionais e da política nacional. O estudante de Ciências Sociais André Flores, de 23 anos, membro do diretório,
conta que o novo DCE pretende uma gestão ainda mais participativa. – Nós, agora, também somos responsáveis por um papel mais proativo, de mobilizar os estudantes em função de melhorias de ensino, pesquisa e extensão e de conquistas que venham beneficiar a universidade – disse o universitário. Para o pró-reitor de Assuntos Estudantis da Rural, professor Cesar Da Ros, o papel do DCE dentro da Universidade é de estabelecimento do diálogo. – Uma eleição sempre fortalece qualquer movimento. Neste caso, três chapas concorreram. Isso mostra as diferentes visões e isto é muito bom – comentou o professor. – Reconhecemos o DCE com a legitimidade que tem para representar os alunos.
AQRUIVO PESSOAL/POR TODO OS CANTOS
Os cantos da universidade
Pela educação. O estudante André Flores acredita que a participação estudantil é uma importante bandeira a ser levantada
Preparados para um ano que promete ser muito movimentado - com eleições, Copa do Mundo e possíveis manifestações populares – o novo DCE pretende promover debates e discussões em relação à política nacional. Um dos grandes projetos é realizar, mais uma vez, o congresso estudantil na Universidade, que aconteceu pela última vez em 2003. – É o momento ideal para a gente pensar e focar qual modelo de universidade nós queremos. E também, claro, discutir a educação superior em nível nacional – disse André, que concluiu confiante na nova gestão, parafraseando o sociólogo e político brasileiro Florestan Fernandes. – Ou os estudantes se identificam com o destino do seu povo, com ele sofrendo a mesma luta, ou se dissociam do seu povo, e, nesse caso, serão aliados daqueles que exploram o povo. ▼
IF DISCUTE SEU PDI
Inst. de Florestas
Professores, alunos e técnicos vão discutir propostas de melhorias no dia 17 deste mês
O
Instituto de Florestas (IF/UFRRJ) realiza, na próxima sexta-feira, 17, o II Fórum de Discussão do Plano de Desenvolvimento Institucional do IF (PDIFLOR). Aulas e atividades de pesquisa/extensão serão suspensas para que professores, técnicos e estudantes continuem a debater as ações acadêmicas e administrativas do Instituto, bem como os objetivos e metas para os próximos anos. No I Fórum, realizado no dia 5 de novembro de 2013 (também dedicado às atividades interdisciplinares), a comunidade do IF discutiu seu PDI e contou, na abertura do evento, com a professora Lana Fonseca, pró-reitora adjunta de Extensão, e integrante da comissão que sistematizou o PDI da Universidade. A docente ressaltou a importância da iniciativa e destacou que, com isso, o Instituto dá um passo importante para o seu planejamento. O período da manhã foi reservado para as apresentações das informações dos três departamentos que integram a unidade. À tarde, as coordenações de cursos de graduação e de pós-graduação ligadas ao IF apresentaram informações, incluindo itens considerados nas avaliações institucionais. Também foram discutidos os temas principais para o planejamento.
to de avaliação a ser estabelecido no próximo ano. Segundo Latorraca, todos os segmentos envolvidos com o IF devem participar da atividade. – É muito importante que professores, alunos e técnicos reconheçam seus papeis e contribuam de forma efetiva para a melhora do trabalho. Contamos com a colaboração de todos – concluiu o professor. ▼ ARQUIVO CCS
De acordo com o diretor do Instituto de Florestas, professor João Vicente Latorraca, a iniciativa será repetida a cada seis meses. – Vemos nesta proposta um diferencial na nossa forma de gestão. Queremos melhorar e não há como melhorar sem planejar – observou o diretor. – E já que temos um corpo docente muito bom, queremos buscar o nível da excelência. Neste II Fórum, o IF paralisará novamente suas atividades rotineiras para debater a avaliação acadêmica e administrativa. A proposta é construir um proje-
Reestruturação. Instituto de Florestas paralisa atividades para planejar o futuro
CONSCIENTIZAÇÃO E ARTE NA UFRRJ
Proext
Projeto coleta materiais que seriam jogados no lixo para torná-los úteis novamente • Heloisa Facin
S
ustentabilidade é o conceito que ocupa cada vez mais espaço na sociedade. Tornar realidade a ideia de reciclar utensílios e papéis velhos é, também, uma das questões que a Pró-Reitoria de Extensão (Proext) da UFRRJ pretende levar adiante. No entanto, a grande questão é: como fazer? O estudante de História do 3° período na Rural Matheus Monteiro, de 20 anos, trouxe a técnica necessária para tornar essa ideia uma realidade. O aluno cursou o Ensino Médio no Instituto Federal Fluminense (IFF), em Campos dos Goytacazes (RJ), e participou, durante um ano e meio, do Projeto Espiral de Reciclagem realizado no IFF. A Proext, em parceria com o estudante, elaborou um projeto e levou à Reitoria para ser aprovado. Após ser aceito, já em dezembro de 2013, Matheus colocou em prática parte de seus planos. Ele utilizou material que seria jogado fora – como papel usado, lâmpadas queimadas, entre outros utensílios – para desenvolver peças criativas que foram parte da decoração de Natal do Prédio Principal (P1). – Peguei papéis velhos, usando a técnica de papietagem, e reformei muitas bolas decorativas, que já estavam velhas e seriam descartadas. Além disso, usei lâmpadas queimadas dos setores, cobri com massa de papel machê, moldei e pintei criando um Papai Noel. Para isso, eu utilizei materiais que seriam jogados no lixo – conta o estudante. Para 2014, o projeto foi revisto e atualizado jun-
MATHEUS MONTEIRO/ARQUIVO PESSOAL
Em construção. Lâmpadas queimadas são reutilizadas como enfeite de natal
to à Proext, e estará ligado diretamente ao Centro de Arte e Cultura (CAC). A iniciativa foi batizada como Ciclarte. Esse nome tem o objetivo de mostrar como a reutilização de produtos antigos beneficiará toda a comunidade. Os setores descartam os produtos, e estes seguem um ciclo de transformação. Tornar esse material artístico, e útil, é a grande meta. Futuramente, estima-se que, no prazo de um ano, o grupo pretenda fazer com que essa iniciativa se transforme em um programa que atinja toda a instituição, inclusive os outros campi. Por enquanto, segundo Matheus, o objetivo é criar bases para solidificar a ideia. – Nossa meta principal, além de reutilizar e diminuir o consumo de papel na Universidade, é conscientizar – afirmou. O grupo pretende fazer exposições e oferecer oficinas no CAC, para todos os interessados, tanto da UFRRJ quanto da comunidade de Seropédica. ▼
RURAL SEMANAL 07
Informes Gerais
Portarias da UFRRJ
SINTUR TEM NOVA DIREÇÃO
PORTARIA N° 008/GR, DE 7 DE JANEIRO DE 2014
A nova direção colegiada do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFRRJ (Sintur) tomou posse no dia 7 de janeiro, em evento realizado na sede da entidade, campus Seropédica. Na eleição, realizada em dezembro passado, a Chapa 1 (Com base vamos à luta) venceu com 161 de um total de 312 votos; a Chapa 2 (Continuamos com a base) ficou com 131. Houve 12 votos nulos e sete em branco. A direção foi eleita para o biênio 2013-2015. Para acompanhar as notícias sobre o sindicato, acesse www.sintur.com.br ou www.facebook. com/sinturrj.sindicatoufrrj
A reitora da UFRRJ, no uso das suas atribuições que lhe confere o Artigo 9°, inciso XVII, do Regimento Geral da UFRRJ, resolve designar as professoras Maria do Rosário da Silva Roxo (Siape 1450409), Lenice Freiman de Oliveira (Siape 6386660) e Juliana Santos Pinheiro (Siape 1631157), para, sob a presidência da primeira, constituírem Comissão de Processo Administrativo Disciplinar (PAD), em fase de sindicância, para apurar os fatos constantes no processo 23083.003904/2013-42. Ana Maria Dantas Soares.
CONTEMPLADOS EM EDITAL DO CNPQ Seis professores da Rural foram selecionados no edital “Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas” (Chamada 43/2013/ CNPq). Maria Jose Teixeira Carneiro, do Curso de Pós-Graduação em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade (CPDA), foi contemplada na área de Antropologia; Mauro Guimarães, do Instituto Multidisciplinar (IM), em Educação; Luiz Celso Pinho, do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), em Filosofia; Claudia Job Schmitt, também do CPDA, em Sociologia; e, na área de História, os professores Mônica da Silva Ribeiro (IM) e Carlos Eduardo Coutinho da Costa, do Instituto Três Rios (ITR). Resultado na íntegra em www.cnpq.br
PORTARIA N° 2.318/GR, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2013 A reitora da UFRRJ, no uso das suas atribuições que lhe confere o Artigo 9°, inciso XVII, do Regimento Geral da UFRRJ, e tendo em vista o contido no Memorando n° 02/2013, de 12/12/2013, resolve prorrogar por 30 dias o prazo para conclusão dos trabalhos da Comissão de Processo Administrativo Disciplinar (PAD), em fase de sindicância, instituída pela Portaria n° 2.109/GR, de 14 de novembro de 2013, incumbida de apurar os fatos constantes no processo 23083.011916/2010-06. Ana Maria Dantas Soares.
#ruralnafoto
RURAL SEMANAL NA REDE A “era digital” ainda não acabou com o papel, mas a leitura online vem ampliando seu domínio a cada dia. E o nosso Rural Semanal, além da versão impressa, também está disponível na internet, toda semana, no formato PDF. Para ler a edição da semana, basta acessar o portal da UFRRJ (www. ufrrj.br) e clicar no ícone de um jornal, abaixo da seção “Cursos/Eventos”. Clicando em “Edições anteriores”, o internauta pode fazer o download de números antigos (o acervo começa com o primeiro RS de 2004).
CINECASULO “Faça a coisa certa” (1989), do diretor Spike Lee, é o filme do Cinecasulo desta quarta-feira (15). Um ítalo-americano é dono de pizzaria num bairro com predominância de negros e latinos. Nas paredes do estabelecimento, fotografias de ídolos do esporte e do cinema – todos com ascendência italiana. No dia mais quente do ano, um militante da causa negra vai ao local para comer uma fatia de pizza, mas reclama que não há nenhum negro naquela “parede da fama”. Este incidente trivial é o estopim para uma espiral de acontecimentos... que não terminam bem. A sessão será às 19h, no Gustavão, P1.
Expediente
Em 2014, @huugodejesus quer “dias mais bonitos de se ver”. Para que sua foto apareça aqui, marque-a com a hashtag #ruralnafoto. O tema para a próxima semana é “janelas da UFRRJ”. Liberte sua criatividade!
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Informativo da UFRRJ ANO XXI - n. 2 - 13 a 19 de janeiro de 2014