06.06 INSTITUCIONALISMO — MARCEL DUCHAMP
1 — INSTITUCIONALISMO — IMARCEL DUSCHAMP
06.06 INSTITUCIONALISMO — MARCEL DUCHAMP
“Eu creio que a arte é a única forma de actividade pela qual o homem se manifesta enquanto verdadeiro indivíduo. Só através dela pode superar o estádio animal, porque a arte desemboca em regiões que não dominam nem o tempo nem o espaço”
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HISTÓRIA DA ARTE
ARTISTAS
Ao longo da História diversos artistas
Sherrie Levine pode reproduzir uma foto
recorreram à apropriação com o objectivo
de Walker Evans - e assiná-la como se
de transmitir ao seu público os mesmos
fosse sua, reproduz o urinol mas pinta-o de
sentimentos e efeitos que um determinada
dourado e assina-o como se fosse seu. Mike
obra despertou neles próprios, o que
Bildo pode reproduzir o urinol de Duchamp
pressupõe uma identidade de sensibilidades,
— e assiná-lo como se fosse seu. Jeff Koons
valores e informações entre o artista que
apropria-se de um balão em forma de cão,
se apropria e seu público. Contudo, o termo
reproduz o mesmo em alumínio e assinar
ganhou força depois das últimas vanguardas
como se fosse seu.
modernistas, dos anos 60 e 70. Actualmente não se acredita na criação
A apropriação é muitas vezes encarada como uma estratégia: retirar uma imagem
do novo. O artista contemporâneo prefere
qualquer de seu contexto e inseri-la
transitar pelo passado, apropriar-se de um
num outro é uma forma de alterar seu
fragmento aqui, outro acolá, afim de compor
significado, sugerir novas interpretações
suas reciclagens.
e colocar em questão as noções de
Hoje em dia o termo apropriação é empregue para denominar muitas práticas
originalidade e autenticidade. Os apropriacionistas não questionam
diferentes, da citação à cópia pura e
essas noções, eles negam deliberadamente.
simples. Podem ser apropriados, em graus
Incapazes de criar algo original,
diversos: imagens, estilos, modelos da
desqualificam a ideia da originalidade para
História da arte ou da cultura de massa,
se inserir no sistema da arte.
materiais, técnicas etc. A questão é saber se todas essas práticas são aceitáveis ou se existem limites – associados ás ideias de plágio, autenticidade e originalidade.
SHERRIE LEVINE
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MARCEL DUSHAMP
Artista francês, Marcel Duchamp nasceu
Na década de 20, Duchamp criou um
em 1887, em Blainville-Crevon e morreu em
conjunto de peças que denominou “Rotatives”
Neuilly-sur-Seine, no ano de 1968.
e “Rotoreliefs”, através das quais aborda
Entre 1904 e 1905 estudou na famosa
o tema da máquina inútil. A partir de
Academia Parisiense Julian. Em seguida
1927 juntou-se ao movimento surrealista,
executou inúmeros desenhos humorísticos
realizando um vasto conjunto de trabalhos
que foram publicados nos mais variados
de entre os quais se destacam as cenografias
jornais, pintou aguarelas alinhando pelos
para as exposições deste movimento
princípios do movimento impressionista.
realizadas em Paris em 1938 e em 1947.
Posteriormente enveredou na tendência pós-
Entre 1936 a 1941 produziu as denominadas
impressionista de Paul Cézanne, realizando
“Boîte en valise”, caixa nas quais reuniu
em 1910 o quadro “Portrait de l’Artiste”.
reproduções de pequena dimensão das
Em 1911 o artista juntou-se aos seus irmãos, o escultor Raymond Duchamp-
suas principais obras, que posteriormente distribuíra pelos seus amigos.
Villon e o pintor Jacques Villon, por forma
Após ter realizado a sua última obra no
a desenvolverem a sua actividade artística
ano de 1946, dedica-se à sua grande paixão:
em conjunto.
o xadrez.
Influenciado pelos princípios estéticos do Cubismo e do Futurismo Italiano, Duchamp realizou uma série de pinturas de entre as quais se destaca o “Nu descendant l’escalier”.
READY-MADE
No onício do século XX Marcel Duschamp realizou uma série de objectos que designou por “Ready-Made”. As peças escultóricas eram constituídas por objectos banais que eram esvaziados de função prática e retirados dos seus contextos habituais. Títulos sugestivos como “Um ruído secreto” ou “Farmácia” escondem, na verdade, uma crítica contra a noção comum de obra de arte. Duchamp revelou-se contra a “arte da retina”, cujos significados eram só, segundo ele, impressões visuais. Duchamp declarou preferir ser influenciado pelos escritores, não pretendendo criar objectos belos ou interessantes. Declaradamente pôs em causa os princípios da arte. Em simultâneo o artista obrigou ainda que se centrassem atenções nas motivações, as originais ou as que se vão formulando no percurso presencial da obra.
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FOUNTAIN
A primeira Sociedade de Artistas
Precisava contudo de uma autoria ou marca
Independentes de Nova York pretendia fazer
de autor que a validasse, de um contexto e
uma exposição que tinha dois objectivos
de uma instituição de arte que a acolhesse e
primordiais: recuperar o espírito do Armory
assim abrisse portas ao seu encontro com o
Show e contrapor-se ao conservadorismo
espectador. Duchamp preferiu não a revelar
dos júris da National Academy of Design.
imediatamente, utilizando um pseudónimo.
O intuito da exposição era o de permitir
O contexto, não sendo despropositado,
que qualquer artista pudesse, sem censura
uma vez que a sua aparição se deu como
nem qualquer tipo de avaliação, mediante o
resultado de uma mostra onde todas as
pagamento de seis dólares. No entanto, isso
obras deveriam ser aceites, foi inusitado
não aconteceu.
e por tal recusado. A instituição de arte
Entre as obras encontrava-se um urinol
também não o validou. Estavam assim
invertido, datado e assinado por um
criadas as condições para que Fountain não
desconhecido – R. Mutt.
fosse admitida como objecto artístico.
O urinol era um produto industrial, reproduzido em serie e impossível de distinguir de todos os outros. Não foi o primeiro ready-made de Marcel Duchamp, mas foi talvez o primeiro a causar polémica. O acto de o escolher e de o tentar colocar num espaço dedicado à arte, conferiu-lhe um estatuto diferente, isolando-o dos restantes. A partir do momento em que um artista concedeu a sua identidade à obra, houve uma intervenção sobre a mesma.
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PRESSUPOSTOS
Duchamp, em primeira instância, subverteu
Duchamp pretendia levar o público a
todas as regras do jogo e demonstrou que
reflectir a partir da confrontação com algo
por mais vanguardistas que fossem as
novo e inesperado. O objecto que era a obra de
vanguardas ou por mais liberais que fossem
arte não tinha o propósito de ser alvo de uma
os promotores artísticos havia sempre
contemplação, ele devia levar a uma reflexão,
uma imposição. Em segundo lugar, tornou
e essa reflexão era o objectivo primordial
óbvio, que numa época em que as propostas
da obra. Ou seja, o grande paradigma de
artísticas se atropelavam, pairava a
Duchamp foi transformar o conceito de
incerteza sobre que propostas apoiar. Nesta
objecto artístico, alargando os seus limites
incerteza, o nome do artista tinha grande
denominativos a partir dos elementos
importância na decisão final.
tradicionais de legitimação – o nome, a
Duchamp não inverteu apenas o urinol. Ao fazê-lo, retirou-lhe à partida a carga utilitária que tinha. Intitulou-o de Fountain, à qual associamos a ideia de verter liquido e não de receber. Mais importante ainda foi a inversão dos conceitos que esta atitude suscitou: não se tratou de um original criado pelas mãos de um artista nem se regeu por noções esteticas. Por outro lado, Fountain e em geral o próprio conceito de ready-made abalaram a teoria da arte ao permitir que um objecto pudesse pertencer ao mundo da arte, ao passo que um outro com a mesma origem, função e aparência não fosse considerado.
assinatura, o título e o contexto espacial. Desta forma, podemos concluir que Marcel Duchamp alterou a trajectória da arte
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TÍTULO INSTITUCIONALISMO — MARCEL DUSCHAMP PESQUISA BRUNO ALMEIDA ORIENTAÇÃO MÁRIO MOURA TRABALHO REALIZADO NO ÂMBITO DA DISCIPLINA ESTUDOS DO DESIGN, FBAUP WEBSITE WWW.BRUNOALMEIDADESIGN.PT.VU EMAIL BRUNOALMEIDADESIGN@GMAIL.COM DESIGN GRÁFICO BRUNO ALMEIDA IMPRESSÃO NORCÓPIA TIRAGEM 1 EXEMPLAR