Reabilitação de um antigo complexo ferroviário em Rio Claro-SP

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Universidade Federal de Viçosa Departamento de Arquitetura e Urbanismo ARQ 398 – Trabalho de Curso: Fundamentação

Reabilitação de um antigo complexo ferroviário em Rio Claro . Um espaço de cultura e lazer para todos.

Monografia

apresentada

ao

Curso

de

Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Viçosa, em comprimento parcial às exigências para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.

AUTOR: Bruno Leonardo Hummel ORIENTADORA: Profª. Teresa Cristina de Almeida Faria

VIÇOSA MINAS GERAIS - BRASIL Dezembro/2014


Vá então. Há outros mundos além deste. Jake Chambers (Stephen King)

III


Agradecimentos Enfim, acho que agora chegamos no fim né? Como todo final agora é a hora de aparecer as letrinhas de todo mundo que participou na produção dessa história até esse momento, bem vamos lá: Aos meus pais, Sidinei e Rosa por toda a dedicação e por acreditarem que todo esse tempo longe valeria a pena, pelo suor e esforço realizados ao longo de toda a minha vida. A minha irmã, obrigado Mariana por tentar me entender. A minha orientadora, Teresa Faria por sempre me receber com um sorriso no rosto, e ter feito esse momento ser tão especial. Ao meu grande orientador ao longo da graduação: Tibiriça, obrigado por ter sido um lastro no meu desenvolvimento profissional e ter se tornado um grande amigo, você me mostrou o quanto devemos nos esforçar atrás dos nossos objetivos Aos meus amigos urbanistas que tive o gosto de passar noites fazendo trabalhos e churrascos. Obrigado por tudo Renan, Gelsner, Filipe, Mateus e Pedro e todos os agregados desse seleto grupo: Caio, Gui, Juliana e Marina. As minhas turmas de graduação, tanto 2010 quanto 2011, em especial a Renata Carvalho, Thaisa Martins e Flávia Frias por essa reta final. Ao Jean também pelos três anos magníficos de convívio. Aos meus amigos de Rio Claro, que sempre estiveram comigo nas melhores e piores histórias, que continuemos essa constante turbulência. Em especial ao Andrey, Melina, Leonardo, Lucas, Diego, Bruna, André Vitor e Shubaboo. Aos meus primeiros grandes chefes e amigos do A7(e agregados do escritório): Marcela Santana, Wander Cabral, e Rodrigo Rocha. Obrigado por terem me acolhido, me ensinado tanto e terem sido meus grandes veteranos. Para Maurice Sendak, Antonie de Saint-Exupéry, Chuck Palahniuk e Michel Gondry por terem sido marcantes na minha vida. E por fim, de uma forma especial, as pessoas que tocaram minha alma: A Cubo, a Raposa, e a Pequena, pois, como vocês sabem, quando todas as coisas terríveis aconteciam, vocês me traziam momentos de paz.

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Apresentação O presente trabalho visa atender os requisitos da disciplina ARQ 398 - Trabalho de Curso: Fundamentação, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Viçosa. Trata-se da formação de uma base-conceitual, levantamento e análises, na temática de planejamento urbano e projeto arquitetônico que dará subsídios para a proposta de uma reabilitação urbana e elaboração de uma proposta arquitetônica de um espaço de integração das diversas camadas da sociedade, que será desenvolvido na segunda etapa do trabalho final de curso, na disciplina ARQ 399 Trabalho de Curso: Proposição. .

V


Sumário Agradecimentos Apresentação

IV V

Lista de Tabelas

VIII

Lista de Quadros

VIII

1.Introdução

1

2. Aspectos Teóricos e Conceituais

5

2.1 Conceitos

6

2.2 O espaço SESC

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3. Histórico e Transformações

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3.1 Contexto Histórico e Ordenamento Urbano

25

3.2 O surgimento da Ferrovia

31

4 Levantamentos e Análises

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4.1 A mesorregião

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4.2-O antigo complexo ferroviário

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4.3 Leis e Incentivos

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5 Estudos de Reabilitações

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5.1 Sesc Fábrica Pompéia

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5.2 As intervenções na Estação e entorno da Luz

70

6.Cia. de Lazer Rio Claro

79

7.Referêncial Bibliográfico

87

8.Anexos e Apêndices

92

Anexo A

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Apêndice A

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Apêndice B

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VI


Lista de Figuras Figura 01 – Aspectos de composição de lugar

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Figura 02 – Vazio Urbano no Complexo Ferroviário em Rio Claro

10

Figura 03 – Intervenção democrática em Medellín

14

Figura 04 – Distribuição das Unidades do Sesc nas Mesorregiões do Estado de SP 18 Figura 05 –Peça do programa do Artesesc em Pelotas-RS

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Figura 06 – Centro da cidade na configuração “tabuleiro de xadrez”

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Figura 07 – Primeira estação ferroviária da Cia. Paulista em Rio Claro demolida em 1910 para a construção da atual

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Figura 08 – Evolução urbana ao longo de diversas épocas

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Figura 09 – Ordenamento da cidade a partir da Estação Ferroviária

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Figura 10 – Expansão da linha férrea executada pela Cia. Rio Claro

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Figura 11 – Relógio da estação, elemento que ditava o tempo na cidade

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Figura 12 – Interior das oficinas na década de 30, dinâmica do trabalho

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Figura 13 – As mesorregiões do estado, destaque para a mesorregião de Piracicaba e a cidade de Rio Claro

39

Figura 14 – A hierarquia das cidades no estado de São Paulo

40

Figura 15 – Dinâmica de ocupação do estado

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Figura 16 – Taxa de crescimento das cidades no estado e perspectiva de crescimento em 2020

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Figura 17 – PIB concentrado do estado em 2007

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Figura 18 – Índice Paulista Social do Estado-Destaque para Rio Claro no Grupo 1

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Figura 19 – Macrometrópole e Dorsal Paulista

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Figura 20 – A Diagonal Paulista de divisão do estado

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Figura 21 – O arco das médias cidades do estado no core metropolitano

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Figura 22 – O posicionamento do espaço do antigo complexo na cidade

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Figura 23 – A casa de máquina de suporte a estação

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Figura 24 – A atual estação de Rio Claro e sua degradação

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Figura 25 – Vista aérea do espaço das oficinas na década de 50

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Figura 26 – As principiais vias que cortam a área do complexo

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Figura 27 – O abandono dos vagões ferroviários na estação

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Figura 28 – As fachadas revitalizadas da Rua Larga no corredor cultural do Rio de Janeiro

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Figura 29 – O Edifício restaurado da sede da Caixa cultural em Recife

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Figura 30 – O CCBB no centro antigo de São Paulo

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Figura 31 – Os antigos galpões da fábrica de tambores

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VII


Figura 32 – Implantação do complexo

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Figura 33 – Paredes dos galpões restaurados

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Figura 34 – A drenagem da rua e os seixos rolados

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Figura 35 – Os blocos de concreto - área de leitura

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Figura 36 – O singular teatro do Sesc Pompéia

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Figura 37 – O espaço restaurante do complexo

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Figura 38 – O novo bloco esportivo

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Figura 39 – O Sollarium do Sesc, a relação non edificandi

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Figura 40 – O pavimento térreo- relação entre estação e requalificação

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Figura 41 – Terceiro Pavimento, o primeiro contato do visitante

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Figura 42 – Segundo Pavimento- A galeria do museu

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Figura 43 – Primeiro Pavimento

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Figura 44 – A relação das requalificações

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Figura 45 – A pinacoteca de São Paulo, e a projeto de intervenção

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Figura 46 – O vazio urbano escolhido para a proposta em Rio Claro

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Figura 47 – A atual área e uma proposta pra a nova área

82

Figura 48 – Área da proposta e seus direcionamentos

83

Lista de Tabelas Tabela 01 – Classificação dos Grupos segundo o IPRS

44

Tabela 02 – Comparativo dos programas de necessidade dos Sescs

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Lista de Quadros Quadro 01 –Pré-dimensionamento da Proposta

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VIII


1.Introdução

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O espaço urbano é o meio do resultado das ações empreendidas, tanto no passado quanto no presente, pelos diversos atores e grupos sociais que produzem, consomem e traduzem esse espaço em lugar. Desse modo, o lugar é o espaço ocupado, habitado, geralmente associado ao convívio em sociedade, onde nesse meio são atribuídos significados. Desse modo, o espaço ganha significado e valor em razão da simples presença do homem, em especial no condicionante de servir como palco para as suas atividades - para Reis-Alves (2006) o homem constrói para habitar e não habita para construir. Rio Claro -SP é uma cidade que apresenta o típico surgimento das cidades interioranas de São Paulo, onde na metade do século XIX a cidade se torna um polo das principais produtoras de café na época, e desse modo tem um crescimento impulsionado. Com o declínio da atividade cafeeira, o tecido urbano começa a apresentar grandes transformações e a rede ferroviária da cidade começa a perder sua importância como elemento de destaque no desenvolvimento e transformação da vida urbana da cidade. Com a perda desse destaque, o patrimônio ferroviário, junto com parte do centro da cidade, começa a sofrer constantes modificações, de modo a ir perdendo as características de lugar dinâmico da vida urbana com a presença marcante das atividades e relações da sociedade; centro no qual, dentre as características destacadas, se apresentava o reflexo de uma cidade de diversidade étnica, portadora de processos históricos conflituosos, com edificações e espaços de todas as classes sociais que compunham as relações nesses lugares. A noção de vazios urbanos apresenta-se como algo amplo, abrangendo áreas não urbanizadas, áreas vazias ou ociosas de todos os tamanhos, edificações abandonadas, espaços que não exercem sua função social. A presença de vazios urbanos dentro da cidade dificulta o desenvolvimento e o melhor aproveitamento do espaço. Deixando de cumprir sua função social, esses vazios contribuem para a degradação do espaço de vizinhança, uma vez que representam áreas inutilizadas ou subutilizadas que fragmentam o tecido urbano. Desse modo, intervir nos centros urbanos, pressupõe avaliar sua herança histórica e patrimonial, seu caráter funcional e sua posição na estrutura urbana, e mais precisamente, o porquê de se tornar necessária essa intervenção. Intervir em centros

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urbanos representa propor ações que atraiam os usuários ao local, em uma busca de identidade e cidadania, devendo atuar através de meios como os projetos arquitetônicos (empreendimentos), as políticas urbanas e os programas de gestão compartilhada do espaço. A distribuição dos serviços e atividades sociais na cidade de Rio Claro não atende a toda população do município, sendo muitas vezes limitado o acesso devido à localização desses elementos na malha urbana, que se configura destoante com o sistema de transporte púbico. Em Rio Claro há um emblemático vazio urbano no antigo complexo ferroviário que está intimamente relacionado com à identidade histórica da população local, ao sistema de transporte e ao centro da cidade, que apresenta um processo de degradação e obsolescência. Associado a isso, a cidade se encontra em uma mesorregião que possui um grande potencial de desenvolvimento, investimento e crescimento. Contudo, essa região carece de estratégias de planejamento que permitam que determinados espaços concentrem, integrem e atendam às demandas das atividades de seus usuários em uma esfera local e intermunicipal. O contexto aqui exposto contribuiu pra os questionamentos que nortearam a realização desse trabalho, de como a estratégias de planejamentos e políticas públicas podem cooperar na otimização dos espaços das cidades; como a o planejamento urbano da cidade poderia aproveitar o vazio urbano do complexo ferroviário, associado às demandas geradas na região e na cidade; como uma intervenção urbana pode contribuir para a redução de deterioração urbana e permitir uma melhor integração entre os diversos grupos da sociedade; e como realizar essas intervenções sem grandes impactos e custos exorbitantes. Assim, neste trabalho o objetivo foi compor subsídios para a conceituação de uma proposta de intervenção urbana e arquitetônica em um antigo complexo ferroviário visando sua reabilitação, no qual houvesse preocupações sobre o alcance dessa intervenção nas diversas escalas territoriais e que permitisse uma integração no meio urbano entre os diferentes segmentos sociais. Com esse objetivo, coube ainda buscar seus desmembramentos de compor uma análise urbana da área do complexo ferroviário de Rio Claro e suas potencialidades; da análise das demandas sociais na esfera local e regional e de quais elementos podem ser incorporados na área de intervenção; de examinar políticas públicas e exemplos de parcerias público-privadas que pudessem favorecer a Página 3 de 98


concepção desta proposta de projeto; de estudos sobre intervenções em centro urbanos, sobre a utilização desses espaços pela sociedade e melhoria na qualidade de vida dos usuários, em especifico espaços de apoio à cultura e lazer; das relações dos diversos meios de transporte, otimizando os fluxos e permitindo um acesso amplo a toda sociedade. A primeira etapa desse trabalho foi uma revisão dos aspectos teóricos e conceituais que serviram de base para compreensões sobre o tema, compreendo a sua importância para análises e questionamentos que viriam a surgir. Em uma segunda etapa, compreendeu-se o histórico a as transformações da cidade, para entender a real a importância do complexo ferroviário, da linha férrea e de sua importância para os habitantes e o significado disso na história da cidade. A partir de então, na terceira etapa foram realizadas análises sobre a mesorregião, a área do complexo e as leis, incentivos e parcerias que podem contribuir com a proposta. Na etapa seguinte do trabalho, foram feitos estudos de caso sobre intervenções que poderiam enriquecer o trabalho, através de suas percepções sobre a relação desses projetos com o usuário, a identidade do espaço, a vocação, a relação com o meio urbano, os detalhes, e o real significado de atribuir ao espaço o habitar das relações humanas. Após todas essas etapas, foi definida a proposta de intervenção da para a área. Para orientar o desenvolvimento da proposta, buscaram-se as particularidades dos usuários da cidade e de como se poderia transformar a área em um espaço singular, que demonstrasse a função social da arquitetura e o porquê e como um espaço pode possuir diversas visões e compreensões, onde cada usuário transforma o espaço em lugar, através das percepções únicas de seu mundo. Após todas essas etapas, foi definida a proposta de intervenção para a área Para orientar o desenvolvimento da proposta, buscou-se compreender o perfil dos usuários da cidade e as formas para se transformar a área em um espaço singular, que demonstrasse aplicação efetiva da função social da arquitetura. Buscou-se também compreender como um espaço pode possuir diversas visões e compreensões, onde cada usuário transforma o espaço em lugar, através das percepções únicas de seu mundo.

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2. Aspectos Te贸ricos e Conceituais

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No capitulo denominado “aspectos teóricos e conceituais” serão apresentados os principais conceitos que serviram de base para compreensões sobre o tema e temática que foram desenvolvidos no trabalho de fundamentação. Desse modo os principais assuntos abordados foram: o conceito espaço e lugar, centro, intervenção, vazios urbanos e reabilitação.

2.1 Conceitos O conceito de espaço Muito se descreve e apresenta sobre os conceitos de espaço e lugar, conceitos que possuem forte envolvimento com as práticas da arquitetura e urbanismo na sociedade. Assim ao usar esses termos surgem alguns questionamentos, tais como: Existe diferença entre o espaço e o lugar? Se os conceitos são diferentes todo espaço pode ser considerado um lugar? O que os diferem? De acordo com o Pribeam Dicionário (2014) para o termo espaço (do latim spătĭum), ele é um intervalo, ou a área ou o volume entre limites determinados” (9). Comparando com a do lugar (do latim locālis, de locus), este é o espaço ocupado, localidade, posição. Sobre o espaço Zevi (1996) coloca como o protagonista da arquitetura, onde para o autor, a Arquitetura não provém de um conjunto de medidas (largura, comprimento, altura) dos elementos que condicionam o espaço, mais precisamente do espaço interior em que os homens andam e vivem. A relação entre a Arquitetura e o espaço é também abordada por Coelho Netto (1999), que afirma que a Arquitetura não é somente a organização do espaço, mas também é o ato de cria-lo. Reis Alves (2004) descreve de acordo com as definições e as origens das duas palavras, uma relação entre os dois termos que o lugar é o espaço ocupado, habitado, uma vez que uma de suas definições sugere ido de povoado, sociedade. O termo habitado, de habitar, neste contexto, contribui com a ideia de espaço um novo elemento, o homem. O espaço ganha significado e valor em razão da simples presença do homem, em especial no condicionante de servir como palco para as suas atividades, para o autor o homem constrói para habitar e não habita para construir. Através dos escritos de Tuan (1983) Reis Alves discursa que o significado de espaço frequentemente se funde com o de lugar, visto que as duas definições não podem ser compreendidas uma sem a outra. De acordo com ele, o que começa como Página 6 de 98


um espaço indiferenciado, transforma-se em lugar à maneira que o conhecemos melhor e o dotamos de valor (TUAN, 1983 apud REIS ALVES, 2004). Desse modo pode-se atribuir ao lugar definições como indenitário, histórico e relacional, enquanto que o espaço do não-lugar não cria nem identidade singular ou relação coletiva, mas sim uma qualidade negativa que compõe um contraponto as definições de lugar. Ainda segundo Reis Alves, Tuan indica duas características válidas para a compreensão do que compõem o lugar, sendo a primeira o valor a ele atribuído e a segunda o tempo, que seria o responsável pelas experiências vividas (TUAN, 1983 apud REIS ALVES, 2004). Assim compreende que o espaço só se tornar lugar no momento em que o homem o ocupa, podendo ser fisicamente ou simbolicamente. Então uma vez que o lugar é o espaço dotado de valor pelo homem, há em sua

estrutura a intersecção de três mundos, ou atributos: os espaciais, os ambientais e os humanos, como apresentado na Figura 01

Através desses conceitos pode-se analisar conforme os apontamentos de Rocha (2010) como a manifestação física das ações empreendidas tanto no passado como no presente, pelos diferentes grupos sociais que produzem, vivem e consomem a cidade. Associado a isso a Arquitetura, se torna um instrumento de organização e racionalização, sempre esteve ligada à imposição de limites e à introdução de elementos capazes de conferir identidade a um espaço, transformando em lugar, e dentre os lugares que compõe a cidade, o centro se configura como um complexo ambiente de análises e transformações Página 7 de 98


O conceito de centro e sua importância Os centros das cidades têm sido identificados como o lugar mais dinâmico da vida urbana animado pelo fluxo de pessoas, veículos e mercadorias decorrente da marcante presença das atividades terciárias, transformando-se no referencial simbólico das cidades (VARGAS; CASTILHO, 2006). No entanto quanto as expansões das áreas urbanas intensificam-se de modo espontâneo ou planejado, esta noção de centro começa a diluir-se pelo surgimento de uma rede de sub centros, que passa a concorrer com o centro principal, se tornando um agente na aceleração da deterioração e degradação dos centros urbanos, e atribuindo aos centros um conjunto de adjetivações: centro histórico, centro de negócios, centro tradicional, centro de mercado, ou simplesmente centro. As noções de centro urbano, como ponto onde se associam as ações particulares que fomentam o encontro, o descanso, o abastecimento, que definem o lugar de trocas comerciais, conduzem a adjetivação de centro de mercado. De maneira semelhante, o lugar onde diversas outras atividades ocorrem paralelamente, como a religiosa, a de lazer, a cultural, a financeira e política recebem a denominação de centro de negócios (VARGAS; CASTILHO, 2006). O conceito de centro histórico está associado à origem do núcleo urbano, consequentemente, à valorização do passado (CARRION, 1998 apud VARGAS; CASTILHO, 2006, p.5). Porém a associação de um centro a uma atribuição da história na cristaliza ou delimita os aspectos históricos dos demais centros. A definição de Centro implica a presença de uma cidade de diversidade ética, portadora de processos históricos conflituosos, com edificações e espaços de todas as classes sociais que fazem parte da história. Assim quando surgem as deterioração e degradação urbana, em especifico nas áreas centrais, ao longo do desenvolvimento de propostas de intervenções que proponham o conter esses aspectos, descrevem à seguinte reflexão: “qual a importância da recuperação dos centros urbanos? ” (VARGAS; CASTILHO, 2006, p.4) Recuperar o centro na atualidade demonstra um cuidado sobre a ótica da melhora da imagem da cidade, que ao se associar a história traduz um espirito de comunidade e pertencimento ao espaço. Paralelo a isso os centros geralmente Página 8 de 98


apresentam uma infraestrutura estabelecida e consolida, consequentemente, intervir nesses espaços pressupõe otimizar essa rede. Assim melhorar os centros urbanos traduz se preocupar com a qualidade de vida dos usuários que utilizam o espaço, que possuem uma diversidade hábitos e comportamentos, e consequentemente reconhecer a importância do centro para a cidade. Partindo das ideias Del Rio (1990) sobre comportamento ambiental do usuário no espaço, de alguma forma o comportamento e as ações de nossa sociedade são influenciadas pelo ambiente físico-espacial que a cerca, de modo que o ambiente sugere, facilita, inibe ou define comportamentos, podendo desse modo ajudar a compreender a cidade e a complementar os procedimentos de geração de um desenho urbano do espaço. Em paralelo ao comportamento usuário, a morfologia desse ambiente, ainda de acordo com o autor, pode ser compreendida em três níveis de organizativos básicos: o coletivo, o comunitário e o individual, onde através desses níveis se estruturam todos os significados, ações e apropriações sociais do espaço. De modo amplo, ao se pensar nos espaços que compõe a cidade, o planejador, na visão de Del Rio (1990), deve-se atentar a propor uma cidade democrática, em que seus habitantes compartilham seus elementos a nível de identidade e de imagem coletiva. Assim, ao planejador do espaço, que transforma o ambiente em lugar suas teorias e conceitos devem sempre buscar a tentativa de percepção das dimensões de análises e atuação do usuário, ou seja a forma como ele vê, sente, compreende, utiliza e se apropria da cidade, de sua forma seus elementos e atividades sociais, na transformação dos vazios urbanos que compõe as cidades.

Deterioração do espaço e Vazios urbanos A presença de vazios urbanos dentro da cidade dificulta o desenvolvimento e o melhor aproveitamento do espaço. Deixando de cumprir sua função social, esses vazios contribuem para a degradação do espaço de vizinhança, uma vez que representam áreas inutilizadas ou subutilizadas que fragmentam o tecido urbano. O conceito de continuidade segundo Lynch (1990) demonstra-se como a característica daquilo que é contínuo e facilita a compreensão de uma realidade física e complexa, possuidora de relações internas, sugerindo uma identidade própria. Os conceitos de continuidade e ruptura se demonstram também entre os grupos sociais que ocupam o espaço urbano. A cidade, como palco de apropriações Página 9 de 98


diferenciadas dos diversos agentes sociais, descreve uma multiplicidade de expressões simbólicas heterogêneas que impedem sua concepção como algo dotado de continuidade (GUERRA,2007 apud ROCHA, 2010, p.35). Dentro desta perspectiva, Rocha (2010) descreve que os vazios urbanos semelhantes há “novos e distintos laboratórios para o estudo e aplicação de novas práticas urbanísticas capazes de colaborar para a rearticulação do meio urbano” e podendo compor uma parte da solução dos problemas decorrentes do crescimento desordenado que ocorre no meio urbano. A noção de vazios urbanos assim apresenta-se como ampla. Ela abrange áreas não urbanizadas, áreas vazias ou ociosas de todos os tamanhos, desde grandes glebas até pequenos lotes, edifícios abandonados, terras especulativas e espaços residuais, que não exercem sua função social, afrontam com a dinâmica do tecido urbano pelas suas condições de uso e ocupação, podem causar estranhamento aos habitantes das cidades(Figura 02) (ROCHA, 2010).

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Na paisagem urbana, o autor anterior versa que a situação mais habitualmente verificada é a ocorrência dos vazios a partir de um processo de esvaziamento. Estes vazios tendem a acontecer em momentos de intensas transformações estruturais na cidade. Nestes momentos, determinados usos, atividades ou funções tornam-se obsoletos, enquanto outros surgem e criam a necessidade de novos espaços e edificações. Nesse aspecto se encontram as ruínas urbanas de fábricas ou áreas ferroviárias, que se destacam pela descontinuidade que causam na paisagem urbana, mas que ao mesmo tempo se mostram capazes de dar continuidade à história da cidade (BORDE, 2006).

Para os excluídos, um lugar onde viver; para os setores médios, possibilidades de áreas verdes, equipamento, recreação, etc.; para os que investem nas cidades, acesso à terra para novos usos emergentes; para o Estado vendedor de terra, possibilidade de obter recursos num momento de ajuste fiscal; para a cidade como um todo, reserva para assegurar sua sustentabilidade e racionalidade do capital social incorporado não utilizado (CLICHEVSKY, 2000,p 48 apud ROCHA,2010, p.20).

Intervenção no espaço urbano No momento em que se repensa a atual situação da cidade contemporânea, as áreas urbanas desqualificadas, degradadas ou desvitalizadas podem ser consideradas pontos estratégicos para o desenvolvimento de atividades urbanísticas, reconfigurando o espaço existente (ROCHA, 2010). Intervir nos centros urbanos, pressupõe avaliar sua herança histórica e patrimonial, seu caráter funcional e sua posição na estrutura urbana, e mais precisamente o porquê de se tornar necessária essa intervenção. Os conceitos de deterioração e degradação urbana estão frequentemente associados à perda de sua função, ao dano ou ruína das estruturas físicas, ou rebaixamento do nível de valor de determinado local VARGAS; CASTILHO, 2006). Intervir em centros urbanos representa propor ações que atraíam os usuários ao local, em uma busca de identidade e cidadania, devendo atuar desde meios como os projetos arquitetônicos (empreendimentos), como políticas urbanas e programas de gestão compartilhada do espaço. Preliminarmente, constatou-se nos estudos de caso, a presença de cinco aspectos, considerados por Del Rio (2001), como fundamentais nos projetos de Página 11 de 98


intervenção urbana contemporâneos: a) utilização de processos estratégicos de planejamento, marketing, gestão e monitoramento, tendo em vista perspectivas de longo prazo; b) incentivo à multiplicidade de usos do local; c) respeito à memória coletiva, ao patrimônio e ao contexto pré-existente; d) atenção ao poder das imagens e da qualidade projetual; 5) viabilização da proposta por meio de parcerias entre os grupos envolvidos no projeto (instâncias de governo, investidores, empresariado, usuários e comunidade em geral). De uma maneira geral, a transformação das funções urbanas se mostra como a principal estratégia de ação nos projetos de intervenção. A refuncionalização, tanto de áreas quanto de edifício degradados, engloba uma série de adaptações demandadas pelas novas dinâmicas sociais e urbanas e pelas características locais do território sobre o qual a intervenção é realizada. Quando estas adaptações envolvem uma reestruturação física da malha urbana, opta-se por desenvolver um desenho urbano adaptado às características morfológicas do tecido existente. Para pensar nessa restruturação, de maneira análoga as posturas de Del Rio (1990) descrevem que Lynch (1981) apresentam como grandes metas e valores para ambientes urbanos de qualidade: 

Vitalidade: grau em que a forma apoia nossas funções humanas, diretamente ligada a nosso bem estar físico;

Senso: grau em que o assentamento é percebido, compreendido e estruturado mentalmente o ambiente;

Congruência: capacidade da forma dos espaços apoiarem as ações, comportamentos e atividades sociais e humanas;

Acesso: possibilidade de alcançar as pessoas e seus variados aspectos;

Controle: grau em que os habitantes controlam a produção e gerenciam o ambiente urbano;

Eficiência: relação custo-benefício de criar e manter o ambiente;

Justiça: forma pela qual são distribuídos aos usuários do espaço;

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O conceito de reabilitação Existem diversas maneira de designar uma ação de intervenção. O uso indescriminado dos conceitos pode gerar dúvidas quanto os objetivos da ação. Através do uso do Dicionário a compreensão dos diversos “Re” se tornam mais evidentes. Dentre os conceitos utilizados na definição das propostas urbanísticas, um dos que aparecem com maior frequência é o conceito de revitalização urbana, que se refere às operações destinadas a relançar a vida econômica e social de uma parte da cidade que se encontra em decadência (LISBOA,1995 apud VARGAS, 2006). De acordo com o Pribeam Dicionário (2014) vitalizar demonstra o ato de restituir a vida, assim as revitalizações traduzem um processo de recuperação das áreas, possibilitando o retorno da motivação do usuário nesses espaços, onde vida pode ser compreendida como movimentação. A renovação urbana pelo significado da palavra pode ser compreendida como a substituição da forma urbana, por uma mais adequada e contemporânea ao teu usuário, assim essa renovação pode ser geral ou pontual, mas sem concretas preocupações com o já existente. Requalificar representar dar uma qualidade ao local, enobrecer o espaço, atribuir aos espaços qualidades que o usuário deseja e necessita, muitas vezes atribuindo uma nova função ao espaço. Uma intervenção pode conter mais de um conceito, pode mesclar as necessidades de retrazer vida aos espaços bem como atribuir uma nova função ao mesmo, porém seus objetivos devem ser coesos e coerentes com o elemento fundamental no processo de intervenção: o usuário. Recentemente segundo Pasquotto (2010) um dos termos que melhor está sendo empregado nas intervenções é o conceito de reabilitação, que no sentido da sua origem, significa o restabelecimento dos direitos. Na jurisprudência, esse termo demonstra-se como uma ação de retomar a estima e a consideração (CHOAY E MERLIN, 1988 apud PASQUOTTO, 2010). Assim a ação de reabilitação constituí um processo integrado de recuperação de uma área urbana que se pretende proteger, implicando o restauro de edifícios e a revitalização do tecido econômico e social, no sentido de tornar a área atrativa e dinâmica (PASQUOTTO,2010). De maneira complementar, Valentim (2007) descreve que o termo “reabilitação” tem sido utilizado por autores de forma a expressar um modo Página 13 de 98


de intervenção urbana direcionado à superação dos inativos ambientais e econômicos resultantes de um processo histórico de industrialização pouco atribulado com suas externalidades negativas, buscando assim a reinserção do local no ciclo econômico da cidade e desenvolvimento urbano sustentado. Em projetos que compreendem grandes áreas urbanas, incentiva-se a ocupação do espaço por diversos usos, como residenciais, comerciais, institucionais, corporativos, culturais, educacionais. O espaço público desses projetos é ampliado por meio da criação de parques ou praças que estimulam o trânsito e/ou a permanência de pessoas no local. Quando as intervenções apresentam um caráter mais pontual, as atividades desenvolvidas no local voltam-se preferencialmente áreas especificadas como o turismo, à cultura ou o atendimento das necessidades da população por áreas públicas de lazer. Porém ao abranger o atendimento das necessidades da população, em especial as intervenções em áreas centrais, essas ações devem-se atenuar as problemáticas sociais que compõe o espaço urbano, como a relação centro – periferia. As reabilitações, se forem de caráter democrático devem compreender as dificuldades do usuário e de seu uso, trabalhando de maneira integrada com os condicionantes da mobilidade urbana de seus habitantes (Figura 03).

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Rocha (2010) afirma que quando inseridas num processo de reabilitação eficiente, as áreas urbanas degradadas tendem a gerar impactos positivos em diversas escalas de abrangência do projeto, trazendo benefícios para toda a cidade. Se bem conduzidas, as intervenções urbanas se mostram capazes de atrair investimentos e gerar melhorias em diversos campos como o econômico, social e educacional. Ainda de acordo com Rocha, no contexto das reabilitações, cabe ao arquiteto apontar diretrizes e ações que contribuam de forma efetiva para o sucesso de sua proposta, visto que “os processos que levaram à degradação da área de intervenção, suas articulações com o tecido urbano, sua relação com o contexto espacial e a real importância de se construir uma cidade mais democrática” (ROCHA, 2010, p.79). Assim propor intervenções urbanas e arquitetônicas, as preocupações sempre devem estar presentes na forma que esses lugares serão administrados por suas cidades e usuários, numa inter-relação dinâmica e constante entre planos e projetos, entre dentro e o fora, entre a formulação e sua real implantação, entre pensar e o utilizar de sua criação.

2.2 O espaço SESC O convívio em sociedade apresenta-se com uma complexa configuração de ações e transformações, onde os processos de urbanização ao meio urbano se demonstram como um grande palco dessas relações. Diversas classes e grupos se organizam no espaço urbano, demonstrando uma malha de relações e inter-relações quanto ao passado, o cotidiano e ao futuro desse modelo de convivência. Dentro desses aspectos, a malha urbana se configura, através da ocupação do espaço territorial e relações sociais, trabalhando como instrumento integrador ou segregador dessa sociedade. No contexto atual das cidades, a segregação contribui para a presença de vazios urbanos dentro da cidade dificulta o seu desenvolvimento e o melhor aproveitamento do espaço ... se tornado um tema de destaque sobre meios e instrumentos de minimizar esses condicionantes. Assim nas cidades cada vez mais os espaços dedicados a proporcionar o bem-estar, a melhoria na qualidade de vida, e a integração das classes veem ganhando destaque, como centros culturais, parques lineares, escolas profissionalizantes e instrumento de apoio.

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Os conceitos apresentados abaixo foram extraídos do site oficial do Serviço Social do Comércio- Sesc, e eles servirão para analises e compreensões sobre espaços de convívio e atividades da sociedade. O Sesc é uma entidade que possui sua origem após a Segunda Guerra Mundial e a queda do Estado Novo de Gertúlio Vargas, em 1945, onde nos processos que ocorriam nas cidades, as questões sobre os direitos dos trabalhadores eram evidenciadas através das tensões entre trabalhadores e empregadores (SESC,2014). Desse modo, em 1946 o presidente da república Eurico Gaspar Dultra decreta a criação do Sesc e do Senac1, sendo uma das principais áreas de atuação o combate à Tuberculose, doença que atingia milhares de brasileiros e carecia de tratamento. Em 1951, o serviço social sofre um processo de modernização em sua infraestrutura, de modo que suas áreas de atuação foram ampliadas para os campos da educação, cultura e recreação, campos que o modelo atual mantém desde então. Assim, o Sesc é uma entidade que objetiva proporcionar o bem estar e qualidade de vida ao comerciário e à sociedade. A instituição incentiva a educação de qualidade como diretriz primordial no desenvolvimento do cidadão e também valoriza a diversidade cultural local no desenvolver de suas atividades (SESC,2014). A educação, saúde, cultura e lazer são áreas de atuação do Sesc através de programas. Dentro desses programas existe um conjunto de diversos projetos e ações, que são desenvolvimentos num nível nacional, executado por departamentos regionais e suas unidades, analisando as particularidades e a realidade local de cada região. Com ações abrangentes a todas as faixas etárias, o Sesc atua na marca da responsabilidade social, inclusão e integração dos diversos grupos, desde programas como saúde e educação ambiental, combate à fome e ao desperdício de alimentos e recursos, atividades especiais para crianças e terceira idade, capacitação profissional, inclusão digital e cultural (SESC,2014). Suas ações propagam princípios humanísticos e universais, buscando promover a melhor condição de vida aos seus usuários, fortalecendo o exercício da cidadania

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O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, fundado junto com o Sesc em 1946,é uma instituição educacional de direito privado, focada na capacitação profissional na área de comércio de bens, serviços e turismo. Desde sua fundação, a instituição vem contribuindo para a superação dos problemas sociais e econômicos, por meio da educação profissional. Fonte: Senac

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com o desenvolvimento socioeconômico e cultural. As atividades oferecidas ao público buscam o aprendizado permanente, onde as pessoas aprendem a cuidar da própria saúde, descobrir preferências culturais, a percorrer novos caminhos de conhecimento e crescer individualmente e em sociedade. A entidade também faz parcerias com outras instituições públicas e privadas, recebendo apoio em seus programas pelos ministérios da educação, da cultura, do desenvolvimento social, da justiça, do esporte e do turismo nessa promoção da sociedade.

As Unidades do Sesc e seu raio de abrangência Para atender os objetivos propostos por seus programas, o Sesc conta com uma ampla rede de infraestrutura, com unidades moveis e fixas, ao longo de todo o território nacional. Assim os programas conseguem abranger cerca de 2,2 mil municípios, onde há centenas de centro de atividades, meios de hospedagem, sedes educacionais e consultórios, que demonstram singularidades: o Sesc oferece as maiores redes privadas de teatros e de bibliotecas do país (SESC, 2014). Sobre aspectos de números de acordo com o site da entidade, o mesmo a entidade 371 unidades fixas, atuando assim em todos os estados brasileiros, sendo que desse número no estado de São Paulo há 31 unidades respectivamente. Sobre distribuição dessas unidades ao longo do território do estado, como ilustrado na Figura 04 há 16 unidades na região metropolitana e as outras 15 se distribuem ao longo do estado, demonstrando o alcance de seus programas no estado.

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Os Programas do Sesc Dentro das linhas das linhas de Ação que envolvem cultura, educação, lazer e saúde, há diferentes estratégias de abordagens correlacionada com cada região e sua necessidade. Assim cada unidade vai ser caracterizada por um grande elemento de destaque: o usuário, demonstrando uma estratégia flexível e condicionada a um planejamento e desenvolvimento em escalas. Abaixo são as principais estratégias de cada programa.

Cultura no Sesc: A democratização da cultura é uma das linhas de estratégia do Sesc, assim através das atividades que compõe esse programa, há a busca do acesso dos cidadãos ao cinema, teatro, concertos, museus, bibliotecas. Assim esse programa busca entrelaçar entretenimento/diversão com educação para ajudar na formação dos usuários com uma cultura de qualidade. Com grande parte das atrações gratuitas, a entidade tenta trazer a cultura em locais que geralmente não recebem circuitos comerciais, apropriando de ruas, praças espaços públicos para saraus, teatros e exposições dos temas populares referentes as nossa diversificada culturas, realidade e Página 18 de 98


sociedade (SESC,2014). Outro aspecto de destaque é o ensino proporcionado por meio de oficinas, cursos e palestras

. As áreas de atuação em cultura segundo a própria instituição: 

Artes Plásticas: Exposições passam por todas as unidades do Sesc por meio do projeto Artesec. Além das exposições, o projeto promove oficinas para os diversos públicos;

Biblioteca: As bibliotecas estão consolidadas ao longo de toda rede, além do projeto da Biblioteca Volante – O Bibliosesc-, trazendo a diversos temas e a acervo atualizado em diversas cidades do interior;

Cinema: O cinema no Sesc ocorre com exposições, oficinas e festivais nas diferentes linguagens audiovisuais. O projeto Cinesesc difunde com seu acervo a diversidade dessa arte para todos as regiões do Brasil;

Literatura: Além de promover o acesso a leitura, o Sesc apoia atividades que estimulam o desenvolvimento de talentos na literatura. Através do Prêmio Sesc de Literatura e a revista Palavra, amplia-se o conhecimento sobre as diferentes esferas de discussão desse tema;

Música: Com shows, concertos, concursos, aulas é apresentado o valioso universo musical nas unidades. Há diversos projetos que englobam essa temática, como o Sesc Partituras, o Sonora Brasil, entre outros;

Teatro: De palco até as ruas, o Sesc leva o teatro para onde o público necessita e estiver. O programa Palco Giratório, leva para milhares de brasileiros peças gratuitas e promove oficinas de

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formação como: Cenografia, Atuação, Iluminação, Direção entre outros.

A Educação no Sesc Uma das principais ferramentas de transformação social e cidadania, a educação atua em todas os programas. A educação apresenta uma configuração dinâmica, pois acredita na autonomia e capacidade dos diversos alunos, sendo presente em salas de aulas, cursos, pré-vestibulares e bibliotecas, demonstrando que desde a alfabetização aos cursos de atualização profissional, a instituição busca uma educação de qualidade aos seus usuários: as crianças, os jovens, adultos e idosos (SESC,2014). Assim e Educação proposta no Sesc possui como missão: 

Contribuir para o desenvolvimento integral do indivíduo, associado a compreensão do meio em que vivem;

Estimular a valorização das identidades culturais associadas com o desenvolvimento de valores éticos e da cidadania;

Proporcionar o acesso pleno à educação e cidadania.

Sobre a educação complementar, o Sesc apoia a sociedade com cursos livres voltados para a ampliação de conhecimentos e do universo sociocultural, contribuindo para aumentar a educação formal e informal. Sobre os programas de educação, as características regionais são levadas em consideração, visto que cada unidade apresenta um conjunto de características e ações que devem ser priorizadas. Promovidos desde a fundação, os cursos de valorização social oferecem oportunidades trabalho e inclusão social, através da capacitação de jovens e adultos em áreas de trabalhos manuais, como pintura, culinária e costura.

A saúde no Sesc A saúde para a entidade é compreendida como reflexo das condições políticas, econômicas e sociais da população. Desse modo, o Sesc planeja suas atividades para que se multipliquem e consigam abranger milhares de brasileiros. Voltado para os comerciários e toda população, seus programas oferecem assistência médica dentro de suas atividades, com ações destinadas ao diagnóstico, indo desde a prevenção ao tratamento de doenças, além de atendimento odontológico, o Sesc possui um cuidado com a alimentação segura e balanceada dos usuários, através da atividade nutrição (SESC,2014).

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Assim suas principais áreas de atuação são: 

Nutrição

Assistência Odontológica

Educação em saúde

O Lazer no Sesc Desde a fundação o Sesc incentiva práticas que democratizam o acesso ao lazer. Para promover o lazer em suas unidades em todo país, a instituição atua campos da recreação, turismo, esporte e educação. Assim a principal diretriz desse programa é constituir projetos de lazer pensados em disseminar valores, promover a criatividade e destacar as habilidades de cada usuário (SESC,2014). O Sesc oferece diversas modalidades esportiva e atividades físicas como forma de lazer para seus usuários, buscando uma vida mais saudável. Para conseguir oferecer essas modalidades a entidade conta com instalações com elevados padrões técnicos, projetados em ambientes que integram acessibilidade, sustentabilidade e socialização para todos os usuários. Associado a isso, a instituição oferece esporte como uma forma de inclusão social, valorizando projetos que envolvem os diversos núcleos da sociedade: a família, a escola e as comunidades. O destaque desse programa é tanto que em 2003 o Sesc recebeu a chancela da Organização das Nações Unidas para educação, ciência e cultura (Unesco) (SESC,2014). Sobre as modalidades esportivas e atividades físicas que a entidade abrange destaca-se:

Modalidades Esportivas 

Atletismo

Artes Marciais

Arvorismo

Badminton

Basquete

Beisebol

Biribol

Bocha

Boliche Página 21 de 98


Capoeira

Ciclismo

Escalada

Futebol de areia | campo | society

Futvôlei

Ginástica artística e olímpica

Hockey

Montanhismo

Natação

Patinação e patinação artística

Peteca

Pólo aquático

Rugby

Skate

Squash

Tênis e tênis de mesa

Triathlon

Vôlei de quadra e de praia

Atividades físicas 

Canoagem

Caminhada

Corrida

Ciclismo

Dança

Escalada

Ginástica

Handebol

Hidroginástica

Ioga

Musculação

Patinação Página 22 de 98


Pilates

Taichi-chuan

Assim, entidades como o Sesc contribuem para as relações que ocorrem na sociedade com as diversas classes e grupos, onde a segregação e as desigualdades sociais devem ser combatidas, trabalhando nas práticas do cotidiano, nas percepções do usuário e espaço utilizado. Vazios urbanos e ambientes restritos contribuem para as diversas classes componham preceitos umas sobre as outras, quebrando o significado claro de sociedade, como união, solidariedade, parceria e convivência dos diversos membros e usuários que são os principais atores do progresso e desenvolvimento do bem comum.

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3. Histórico e Transformações

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No capítulo “Histórico e Transformações” estão apresentadas as informações para a contextualização da cidade de Rio Claro- SP e o surgimento da linha férrea e o pátio ferroviário, um dos principais elementos de transformação do espaço e sociedade. Sobre a abordagem da cidade, são apresentados informações como seu histórico de fundação e seu ordenamento. No referente ao surgimento de ferrovia, é abordado sua história de implantação, a expansão das linhas ao longo da região, além da criação da cia. Rio claro e sua importância para o surgimento do complexo ferroviário.

3.1 Contexto Histórico e Ordenamento Urbano A história de fundação da atual cidade de Rio Claro possui um forte anelo com o desbravamento das terras do interior do Estado de São Paulo, pois segundo Penteado (1978) com a descoberta do ouro na província de Mato Grosso, as rotas para se alcançar esse caminho eram por rio (Tietê) ou pelo sertão, assim os primeiros povoadores bandeirantes se fixaram nas planícies da região na época chamada de Morro Azul. Assim no início do séc. XIX, de acordo com Garcia (2001) um pequeno aglomerado se formou ao longo das margens do Córrego da Servidão, constituindo o núcleo inicial, que desenvolveram comércio de produtos primários para as tropas de bandeirantes viajantes dessa rota. Segundo Ferreira (2012) o impulso decisivo para o desenvolvimento da região foi através da doação das sesmarias do governador da época entre os anos de 1817 e 1821, que configurou a divisão das terras, e em 1826 a chegada do padre Delfim da Silva Barbosa, constituindo a primeira casa paroquial das terras. Assim com o crescimento desse aglomerado, em 1830 se torna Freguesia, onde em 1846 se torna Vila, marco que definirá o traçado da cidade, que seguirá um modelo de configuração da cidades de colonização espanhola, num arruamento em “tabuleiro de xadrez”(Figura 06), com ruas de ângulos retos e quarteirões regulares, cujo projeto do senador Nicolau de Campos Vergueiro, propunha ruas com 60 palmos de largura (13,20m) e quadras de 40 por 40 braçadas (88 por 88 metros), de modo com que o traçado atendesse as exigências da população sem deixar “becos” como em Itu, ou ruas estreitas como era na Vila de São Carlos(atual Campinas) (FERREIRA, 2012). Consequentemente em 1857 a Vila de Rio Claro se torna Cidade, e cerca de dez anos depois em 1867, é instaurado

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o primeiro código de posturas da cidade.

Paralelo a isso, na década de 1850, iniciou-se um processo de transformação das antigas propriedades rurais voltadas para a subsistência e a produção de cana de açúcar para a progressiva expansão da cultura do café do Estado. Até 1860, segundo Ferreira (2012) Rio Claro constituía-se o último limite rentável para o cultivo do café, uma vez que os precários caminhos até o porto de Santos tornavam a produção onerosa, visto que o transporte absorvia parte significativa dos lucros. Sobre essa problemática, a ferrovia apresentou-se como única alternativa viável para o escoamento dessa produção da região que era denominada como “oeste paulista”, que possuía Rio Claro como importante centro de distribuição regional, assim os fazendeiros e capitalistas da região formaram a iniciativa para estender os trilhos até a cidade, que foi inaugurada em 1876

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(Figura 07).

A expansão ferroviária trouxe inúmeras transformações no cenário urbano, constituindo um marco na história das cidades paulistas, segundo o texto da época: “A chegada da ferrovia constituiu um marco divisor na vida das grandes cidades. Geralmente ao redor das estações eram construídas casas comerciais e residenciais, formando regiões de convivência da elite das cidades. As estações eram prolongamento das residências das pessoas, um tipo de “Sala de Estar”, onde as pessoas se encontravam, esperavam um trem chegar mesmo que nele não viesse nada diretamente ligado a eles. De qualquer maneira era através do trem que chegavam todas as informações de outros lugares, principalmente da capital, assim como as mercadorias”. (FEPASA, 2002 apud FERREIRA, 2012).

Em Rio Claro essa dinâmica urbana pode ser percebida com a inauguração do edifício da Estação Ferroviária, que foi acompanhado de outros elementos de importância como: Gabinete de Leitura (1876); Nova Igreja Matriz de São João Batista (1877); Sociedade Filarmônica2 (1855); Santa Casa de Misericórdia (1885); Mercado Municipal (1897), além de escolas, hotéis e restaurantes nas proximidades da estação. Com o avanço da atividade cafeeira e a grande concentração de fazendeiros e capitalistas, a cidade, outras iniciativas se tornam evidentes no processo de modernização do espaço: a linha de bondes, inaugurada em 1884; o sistema de

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A Sociedade Filarmônica era o clube cultural e recreativo da alta sociedade da época.

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iluminação elétrica3 em 1885; a rede de abastecimento de águas e esgotos, em 1901; comunicação de telégrafos 1904, entre outros elementos (FERREIRA,2002). De acordo com Garcia (2001) na organização do espaço urbano deve-se considerar o papel primordial da elite local, identificada como os representantes da classe dominante junto à Câmara Municipal, que utilizando de seus prestígios trouxeram para o luxo e o conforto das grandes capitais, marcando sobremodo a modernidade da cidade. Em relação ao processo de ocupação territorial e evolução urbana (Figura 08), as primeiras casas do povoado se posicionavam no Córrego da Servidão (1827), e com a construção da Igreja Matriz de São João Batista, a população povo passou a ocupar as quadras de arredores (1828-1835). Entre 1836-1870, período que cultura cafeeira se torna fator determinante na economia do munícipio há uma expansão na área ocupada, cujo marco se apresenta na inauguração da Estação Ferroviária em 1876. A ocupação “além-trilhos”, foi significante entre 1901-1945 com a ocupação de áreas situadas na parte posterior ao edifício da estação, bairros como Cidade Nova, Vila Alemã, Vila Cristina e Vila Paulista. De 1946 a 1953 a cidade sobre seu crescimento mais expressivo, com o surgimento dos Bairros Vila Indaiá, Cidade Jardim, Copacabana. Desse modo em 1940 a população urbana representava 55% do total do Munícipio. (FERREIRA, 2012)

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Rio Claro na época era um polo tão importante na atividade cafeeira, que foi a primeira cidade do Estado de São Paulo e a segunda do Brasil a dispor de sistema de energia elétrica.

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A construção da estação ferroviária representou uma referência no ordenamento da configuração urbana em “tabuleiro xadrez”, onde por ordenamento da câmara municipal, em 1885, ruas e avenidas, que anteriormente recebiam nomes próprios, seriam numeradas e casas passariam a receber emplacamento padronizado. (FERREIRA, 2002) O trecho abaixo apresentado pela Câmara demonstra esse ordenamento: “ Para facilitar o conhecimento das ruas e para evitar-se ao mesmo tempo a confusão dos nomes próprios e vulgares, com que são de ordinário designadas aqui as nossas ruas que se adopte o systema simples e racional usado em muitas cidades dos Estados Unidos da América do Norte – a Numeração. Tomando-se por ponto de partida a Estação de Estrada de Ferro, todas as ruas verticais a esse ponto se denominarão ‘avenidas’ e terão os números ímpares para as que ficarem ao lado esquerdo da rua do comércio – esta, receberá o número um e os números pares para as que ficarem à sua direita. as ruas transversais serão numeradas na ordem em que se acharem, a partir do mesmo ponto – a estação e, receberão a designação de ‘ruas’. Exemplo: rua nº ...; avenida nº ... (...) ” (PENTEADO, 1977, p.43) (Figura 09)

Nos bairros “além-trilhos” (Vila Paulista, Cidade Nova e Vila Alemã) concentraramse as moradias operarias, algumas delas ocupadas por funcionários da Companhia Página 29 de 98


Paulista (FERREIRA, 2002). O traçado dessas áreas manteve a ortogonalidade, assim como denominação de ruas e avenidas, porém acrescidas da Letra A. Um exemplo é a rua aos fundos da Estação foi denominada de Rua 1-A, e as avenidas na divisão de impares e pares, porém acrescidas da letra A.

O contexto atual da Cidade Com o declínio da atividade cafeeira na década de 1930, a cidade buscou outras formas de desenvolvimento, sendo as principais atividades econômicas desenvolvidas, as associadas a comércios, e serviços e indústria. Atualmente, a cidade exerce destaque compondo a microrregião de rio claro4 sendo elemento de destaque nas atividades citadas acima. Em 2010 de acordo com as estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a população do município é superior a 196 mil habitantes, com PIB per capita de superior a R$ 28 mil, a cidade apresenta forte desenvolvimento dos índices sociais, sendo um dos maiores IDH da mesorregião de Piracicaba com valores de 0,803.

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A microrregião de Rio Claro é uma subdivisão da mesorregião de Piracicaba, e é composta das cidades de Rio Claro, Brotas, Corumbataí, Ipeúna, Itirapina e Torrinha (IBGE, 2013)

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Com relação ao Planejamento urbano a prefeitura municipal dispõe de três secretárias relacionadas com o tema: 

Secretária de Governo;

Secretária de Mobilidade Urbana;

Secretária de Municipal de Planejamento, Desenvolvimento e Meio Ambiente (Sepladema);

Essa última apresenta destaque por possuir funções de formular e executar políticas públicas associada ao desenvolvimento urbano, econômico e social, aos ordenamentos urbanísticos, a gestão física territorial e ações que visem a ampliação das condições de qualidade de vida e estruturação da cidade. Desse modo essa secretária visa a orientação, cumprimento e atualização de instrumentos como o Plano Diretor, Uso e Ocupação do Solo, Parcelamento do Solo e Zoneamento Urbano. (PREFEITURA, 2013) Um outro aspecto de destaque da cidade são os elementos que promovem o desenvolvimento social da população. A cidade de Rio Claro apresenta os seguintes elementos: O Grêmio Recreativo dos Empregados Cia. Paulista, fundado em 1896, para apoio dos ferroviários; o conjunto parque Lago Azul e Centro Cultural Roberto Palmari, fundado em 1971; a unidade do SESI5, fundada em 1967, para apoio dos industriais, porém esses elementos muitas vezes possuem suas atividades restritas a determinados nichos da sociedade e não uma interligação clara com as propostas de mobilidade urbana desenvolvidas pelo munícipio, sendo assim em partes ineficientes.

3.2 O surgimento da Ferrovia A rede de estradas de ferro paulista compõe traçado histórico marcante e transformador ao longo do espaço e sociedade. Na visão de Grandi (2013) a imagem inicial da “mão espalmada” (Apêndice A) concebida pelo engenheiro Teodóro Sampaio (1855-1937) descreve a rede ferroviária de São Paulo, ainda como algo verdadeira, ao

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O Serviço Social da Indústria – SESI - é pioneiro no desenvolvimento de ações de responsabilidade social, desde sua fundação em 1946(SESI-SP). Sua missão é promover o bemestar social, com foco na melhoria da qualidade de vida do trabalhador, de seus familiares e da comunidade, por meio de programas em cinco áreas prioritárias: educação, saúde, alimentação, esportes e lazer e atividades socioculturais. Fonte: <http://wwww.sesisp.org.br/> Acessado em 20 de out 2014.:

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perceber pouca diferença entre a configuração original e a finalidade dessas estradas, possuindo estreita relação com a economia cafeeira e o crescimento populacional em São Paulo6. Tendo como epicentro de passagem a cidade de São Paulo e Campinas como centro irradiador, a rede ferroviária se estendeu ao longo de todo o Estado até extrapolar seus limites territoriais, adentrando em Minas Gerais e Mato Grosso. A configuração da rede ferroviária se faz pela junção da Linha Santos-Jundiaí, da antiga companhia inglesa São Paulo Railway com as linhas pertencentes a companhia que proporcionou a expansão da rede domínio adentro do estado, a Companhia de Estradas de Ferro. Visando então implementar o sistema ferroviário que conduzisse a produção até Santos, os “barões do café”, formaram em 1868, a Cia. Paulista de Estradas de Ferro. A primeira iniciativa dessa companhia foi o prolongamento da linha férrea de Jundiaí à Campinas, manifestando na assembleia inaugural, o interesse em estender os seus trilhos até Rio Claro. Em 1873, a referida Companhia assinava com o governo da Província o contato para a construção do prolongamento da linha de Campinas à Rio Claro, inaugurado em 11 de agosto de 18767. (FERREIRA, 2012). É importante destacar a importância da Cia. Paulista para o conjunto da rede ferroviária do estado, devido especialmente ao seu caráter de ser as primeiras estradas de ferro do país sem relação com o capital estrangeiro, um marco na história da indústria nacional, que compunha uma espinha dorsal que interligava um complexo de ramais férreos em direção ao desenvolvimento. No tocante ao crescimento e a mobilidade da população, a economia e perspectiva de crescimento trata-se de um tema relevante para as análises geohistórica, onde de acordo com Silva (1904, apud GRANDI, 2013,pg 63) um dos pré-

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Segundo Grandi, muitos autores já deram conta de esclarecer essa estreita relação entre a economia cafeeira, expansão da rede ferroviária e o crescimento populacional, ao exemplo de Flávio Sales que destaca que “qualquer tentativa de explicar o desenvolvimento de um deles sem referência aos outros dois mostra-se incompleta” (SALES,1981 apud GRANDI, 2013) 7 No ano de 1855, o Barão de Mauá obteve do governo Imperial a concessão para a construção da linha férrea entre Santos e Rio Caro. Em 1860, a São Paulo Railway Company iniciou os trabalhos da implantação do trecho Santos e Jundiaí, vencendo terrenos pantanosos e planos inclinados, aterros e pontes. Vencido esse trecho inicial, outras companhias se formaram pela iniciativa de fazendeiros e capitalistas locais, para realizar o escoamento da produção até São Paulo e Santos respectivamente. A Companhia Paulista de Estradas de Ferro foi criada com esse objetivo, e mudou o rumo da evolução urbana da região. Fonte: GERODETTI, J. E.; CORNEJO, C. As Ferrovias do Brasil dos cartões-postais e álbuns de lembranças. São Paulo: Solaris Edições Culturais, 2005, p.34-75.

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requisitos para que as companhias ferroviárias possam prosperar é a existência de uma população ativa, que produza bens e serviços nas regiões cortadas por estradas de ferro, pra que possam ter demanda suficiente que lhe assegure viabilidade econômica. Nos anos de 1879 e 1880, a questão do prolongamento da estrada de ferro toma força no debate político da época, envolvendo os fazendeiros locais, o Governo e a própria Cia. Paulista. Segundo Grandi (2006) A Cia. Paulista insistia na expansão em direção a cidades de Brotas e Jaú, indo ao caminho contrário dos fazendeiros de Rio Claro, São Carlos e Araraquara. Desse modo, esse traçado foi objeto de estudo do Governo Imperial, e Cia. Paulista em desacordo com o estudo em 1880 abdicou do direito de prolongamento, onde no mesmo ano foi criado a Companhia Rio Claro, com forte relação do capital dos fazendeiros locais, expandiu a estrada de ferro para diversas cidades (Figura 10) dentre as cidades de destaque São Carlos, Araraquara, Brotas, Jaú. Durante todo esse período de construção e ampliação da Cia. Rio Claro, a Cia. Paulista se viu impossibilitada de expandir seus trilhos, visto que parte de ligação pertencia a outra empresa, desse modo, a Cia. Paulista só consegui retomar sua expansão depois da compra da Cia. Rio Claro.

Em meio a esse processo, Santos (2006) aponta que outros fatores extremamente significativos do final do século XIX vinham somar-se à estrutura

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socioeconómica da cidade: a imigração em massa, que trouxe, em primeiro lugar, imigrantes europeus, e o fim do sistema escravista no país, ocorrido em 1888. Posteriormente, em 1892, foram instaladas na cidade de Rio Claro as oficinas de manutenção da Cia. Paulista de Estrada de Ferro, cujo empreendimento destacou-se como um dos principais empregadores industriais na época. Tal fato dava a cidade um caráter bastante expressivo no contexto da formação e consolidação do mercado de trabalho e do mercado interno, ao permitir a concentração na cidade de um número considerável de trabalhadores. Com a chegada dos trilhos na cidade e a instalação das oficinais, o cotidiano da população foi transformado. A chegada desses elementos promoveu um impulso à vida da cidade, pois a introdução destes novos elementos alterou as práticas do cotidiano da população, compondo e transformando a paisagem urbana. Instalava-se assim, um símbolo da racionalidade burguesa que influenciaria na vida do morador tanto economicamente, quanto social e culturalmente. (Santos, 2006). Hábitos simples e imperceptíveis foram incorporados ao cotidiano da cidade com a chegada da ferrovia, como a marcação do tempo e as alterações nas relações sociabilidade por intermédio do apito e sirene do trem, que passava a ditar o tempo marcado, racional e padrão a ser seguido (Figura 11). Junto com a ferrovia também chegaram os serviços postais diários e o serviço telegráfico, agilizando sobremaneira a comunicação, a ferrovia contribuindo para o desenvolvimento da cidade, nas diversas esferas do desenvolvimento municipal da época. Com a instalação da estação da Cia. Paulista de Estrada de Ferro à Rua Dr. Cesar (atual Rua 1), suas imediações passaram a atrair uma gama de atividades e serviços. Santos (2006) que um bom exemplo foi o caso do português Manoel Ferreira Bandeira, que montou uma linha de ônibus, fazendo o percurso de Rio Claro a Piracicaba, que passou a ser o ponto de partida desse meio de comunicação e os horários de saídas acompanhavam os horários de chegada dos trens, visto que,

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Piracicaba não possuía ramal férreo.

A instalação das oficinas de acordo com Garcia (1992), permitiu uma diversificação funcional do núcleo urbano, com aparecimento de serrarias, cerâmicas, beneficiadores de café e arroz, fábricas de cerveja, e armazéns, que vendiam diversos elementos de consumo geral, como alimentos, roupas, ferragens, louça entre outros permitindo então que essa força de trabalho advinda do surgimento das oficinas gerasse esse variado setor de serviços8. Desse modo, a chega dessas oficinais conferiu uma dinâmica à sobre o núcleo urbano (Figura 12). Com as oficinas, a infraestrutura na cidade, e a urbanização tiveram um importante incentivo, e se refletiu não somente no aspecto econômico, mas também no sociocultural, em organização dos trabalhadores, na criação e implementação da

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De acordo com (SANTOS, 2006) na virada do século XIX ao XX, de acordo com o Registro de Contribuintes de Impostos de Industriais e Profissões de 1904-05 e Almanaque da cidade no ano de 1906, existiam na cidade várias indústrias atuando nos mais diferentes setores, de modo que neste período havia cerca de 24 fábricas de aguardente, sete fábricas de cerveja, sete de carros (trolys), uma de cal, uma de charutos, uma de gelo, duas de louça, duas de máquinas, cinco de massas alimentícias; e, ainda, já havia ido à falência, por volta do final da década de 1880, a Cia. Mechanica Industrial, que montou a usina hidrelétrica de Corumbataí e que na época empregou considerável número de trabalhadores.

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escola de aprendizagem dos trabalhadores da Cia. Paulista, na formação de clubes de recreação, na criação do cinema dos ferroviários (GARCIA, 1992, pg 29-30 apud SANTOS, 2006). Com a vinda nos imigrantes a cidade também sofre transformações na política e o comércio local acabou investindo no setor imobiliário.

A chegada da ferrovia e oficinas em Rio Claro contribuiu para ao longo da história e desenvolvimento a linha férrea apresentasse uma identidade com a população. Os costumes e as práticas da Cia. Paulista se tornaram elementos do cotidiano da vida local, que eram desenvolvidos associados a dinâmica ferroviária, a sirene e apitos como elementos de demarcação dos horários e períodos que dividiam as práticas da sociedade, o hall da estação, como elemento de encontro das diversas classes, o comércio e a relações intermunicipais regidas pelos horários de chegada e partida das locomotivas e seu fluxo de passageiros, os clubes de recreação que surgiram através desses relacionamentos que fortaleciam a sociedade e o núcleo urbano.

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4 Levantamentos e Anรกlises

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Em “Levantamentos e Análises” são coletadas as principais informações para embasamento da proposta, em diferentes escalas. No recorte “A mesorregião de Piracicaba” é apresentada os principais condicionantes da mesorregião considerado relevantes para o desenvolvimento do trabalho. Em “O antigo complexo ferroviário”, são exibidos os apontamentos sobre o espaço selecionado para a realização da proposta, suas principais características e suas singularidades. Concluindo o capitulo, em “ Os incentivos e as parcerias”, de maneira sucinta são abordados analises de como tanto a ação governamental como a iniciativa privada podem contribuir para concretização e viabilização da proposta.

4.1 A mesorregião Pensar estrategicamente o desenvolvimento regional do ponto de vista territorial é um grande desafio no planejamento urbano. O território é a expressão mais evidente dos processos econômicos, sociais e políticos que moldam as regiões como espaço vivido. Rio Claro se encontra na malha da mesorregião (Piracicaba) que compõe uma das 15 regiões do estado de São Paulo (Figura 13), assim há diferentes escalas de influências e níveis de impactos que as transformações que as redes urbanas podem gerar. A proposta central desse tópico do capitulo é compreender e traçar os principais aspectos da configuração territorial de São Paulo, em especial a mesorregião de Piracicaba, segundo seus aspectos dinâmicos, procurando apontar as principais tendências espaciais em um desenvolvimento de médio e longo prazo, buscando uma análise multiescalar para a partir desse estudo compreender como a cidade de Rio Claro se relaciona com essa malha, e como pode aproveitar das coesões e policentralidades que compõe o Estado.

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A noção de coesão territorial parte do conceito de que agentes sociais que atuam em uma determinada região podem colaborar em torno de programas e projetos comuns, reduzindo por meio de negociações os custos no processo de desenvolvimento. O conceito de policentralidade é complementar ao de coesão, já que as cidades são estruturas que se configuram em redes distintas de interação. Essa noção se apresenta através dos núcleos urbanos que formam nós conectados por arcos, onde circulam fluxos materiais e imateriais, de acordo com uma hierarquia definida por sua complexidade funcional. As análises abaixo foram extraídas com base no artigo da revista franco brasileira de geografia Confins, de autoria de Egler, Bessa e Goncalves (2013) sobre o tema da Dinâmica territorial e seus rebatimentos na organização regional do estado de São Paulo.

Rede do Estado de São Paulo A rede urbana de São Paulo apresenta uma estruturação complexa e hierarquizada, esses sistemas e subsistemas urbanos apresentam ao longo do território capacidade de consubstanciar uma estrutura policêntrica, que permitiria uma Página 39 de 98


distribuição mais harmônica do crescimento e uma integração mais efetiva entre suas regiões. Sobre essa hierarquia, a cidade de Piracicaba e Rio Claro são classificadas como Capital Regional C e Centro Subregional A, respectivamente (Figura 14)

Para se compreender o território paulista, deve-se analisar e identificar as principais tendências na evolução demográfica, econômica e social. Segue abaixo um mapeamento desses aspectos.

População Uma das chaves dessa compreensão é a dinâmica de ocupação do estado. Com a evolução da densidade entre 1940-2000 (Figura 15), percebe-se que sua ocupação ocorre em dois eixos: O primeiro eixo associado ao caminho de duas das principais cidades do país: São Paulo-Rio de Janeiro, o segundo se relaciona com o eixo viário econômico do estado, que adensa da região de Campinas até alcançar Ribeirão Preto, eixo que se encontra a Mesorregião de Piracicaba.

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Esse padrão de distribuição territorial está associado com uma forte combinação de crescimento econômico e imigração, além de altas taxas de natalidade no período. No cenário atual as taxas de crescimento se estabilizaram, mas ainda percebe-se uma que os maiores índices de crescimento trabalham com como centralidade a cidade de São Paulo, expandindo-se ao longo de todo estado (Figura 16)). Rio Caro e a mesorregião apresentam uma taxa de 1,44% ano, as mais altas do estado respectivamente.

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Economia Do ponto de vista das atividades econômicas, o movimento da distribuição do PIB chama a atenção quanto a sua concentração em torno dos municípios mais populosos e industrializados do estado, partindo do complexo metropolitano (Figura 17).

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Em termos regionais, essa área corresponde a 86% do PIB estadual. Uma outra maneira de mostrar essa concentração de renda é através dos dados da Fundação Seade9, que descreve que 202 cidades equivalem a 95% do PIB do estado, enquanto os 5% restantes são apresentados pelos outros 443 municípios do estado (Fundação Seade.2009). Ainda dentro desses aspectos, percebe que suas atividades econômicas se encontram nos eixos citados anteriormente, onde o papel da rede urbana se torna evidente, como elemento de ordenamento do capital Indicadores Sociais Sobre os indicadores sociais, a base do utilizado foi a do Indíce Paulista de Responsabilidade Social (IPRS), que classifica as cidades em grupos (Tabela 1) segundo seus índices de educação e saúde, e a dimensão econômica dentro de uma mesma perspectiva metodológica. Rio Claro se encontra no Grupo 1(Figura 18), que engloba as cidades de melhores índices do estado.

9

Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados- Fundação SEADE- É uma fundação vinculada à secretaria estadual de planejamento e desenvolvimento regional do estado de São Paulo, é hoje um centro de referência nacional na produção e disseminação de análises e estatísticas socioeconômicas e demográficas, onde através de pesquisas diretas e levantamento disponibilizados gratuitamente, que permite a caracterização de diferentes aspectos da realidade socioeconômica do estado, de suas regiões e municípios e de sua evolução histórica

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Sobre as influências das redes urbanas, percebe-se que a mesorregião se encontra no limite da área de influência da capital do estado, denominada marcometrópole, demonstrando que a região possui intima relação com os acontecimentos da metrópole, afirmando que a área merece um cuidado quanto as estratégias e políticas de desenvolvimento e crescimento. Assim a partir da macrometrópole o estado se abre no termo cunhado por Hervé Thery (2006) de Dorsal Paulista10, dividindo as regiões do estado em compartimentos, que refletem a lógica de competitividade e desafios do planejamento (Figura 19),

Considerações sobre o futuro desenvolvimento para o Estado de São Paulo Com base na distribuição da população e dos aglomerados urbanos no território estadual, é possível a construção de um modelo simplificado de ocupação e das

10

O termo dorsal paulista, tem sua inspiração no termo dorsal europeia, que assim como o modelo europeu representa as principais áreas nodais diretamente vinculadas à economia mundial, como São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto entre outras (EGLER; BESSA; GONÇALVES, 2014)

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tendências principais de seu futuro e desenvolvimento. É notável que o estado paulista apresenta duas situações distintas de ocupação, onde imaginando uma diagonal que cruze o território de sudoeste para nordeste (Figura 20), que representa cerca de 43% do território estadual, concentra 80% da população e 86% do PIB gerado. Essa distribuição assimétrica permite sugerir alguns questionamentos quanto ao futuro do território paulista. O primeiro dos questionamentos é sobre as relações que se estabelecem entre estruturas espaciais, e sobre suas relações de dependência ou complementaridade e como afetam a vida de seus habitantes. Sobrepondo as informações da diagonal paulista com a taxas de crescimento dos municípios, pode-se traçar um arco das cidades médias na borda do core metropolitano(Figura 21) e essa expansão para as cidades médias, representa uma nova tendência que desloca os centros das atenções do grande centro metropolitano e abre novos desafios para as políticas de desenvolvimento regional.

A mesorregião de Piracicaba apresenta-se em ambas as tendências, demonstrando enorme potencial para o desenvolvimento de políticas de implantação de instrumentos urbanos e áreas de convívio e desenvolvimento da sociedade, visto que novos valores de vida urbana estão sendo construídos e novas demandas por serviços Página 46 de 98


coletivos estão se apresentando em cidades, buscando uma melhoria na qualidade de vida.

Sobre a infraestrutura da mesorregião, há uma configuração consolidada das rodovias com grandes rodovias, como a SP-348- Rodovia dos Bandeirantes e SP-341Rodovia Washington Luís, além das estradas municipais que completam essa malha rodoviária. Sobre o posicionamento das cidades na mesorregião, a cidade de Rio Claro apresenta um ponto de centralidade que contribui para esse fluxo materiais e imateriais, onde a cidade mais distante como Tietê apresenta uma distância de 86km. Assim a implantação de instrumentos urbanos e áreas de uso da sociedade, se tornam viáveis na cidade de Rio Claro, desde que atenda os interesses da região. Dessa maneira, o planejamento regional e urbano devem aproveitar as potencialidades que a interligação que a região pode oferecer, o fluxo material e imaterial, bem como as transformações sugeridas no novos conceitos de redes e cidades interligadas, compreendendo as diversas escalas e influências das intervenções, compreendo o foco e a área que pretende atingir com as propostas.

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4.2-O antigo complexo ferroviário Ao longo do século XX o país passa por grandes transformações, e o sistema ferroviário vai acompanhar esses períodos. A partir da década de 30 com a quebra da bolsa de New York em 1929, a atividade cafeeira entra em recessão, e com isso no Estado Novo de Vargas a atividade industrial ganha destaque. Ao contrário das atividades anteriores de exportação, cuja ferrovia apresentava elemento de extrema importância, as atividades industriais inicialmente se instalam nos grandes centros urbanos da época, desvinculando essa relação com a estrada de ferro. Ao longo do governo de Juscelino Kubitschek, com o plano de metas e o incentivo ao automobilismo e as rodovias, o transporte ferroviário começa a apresentar dificuldades 11, devido a normas especificas e restrições que eram apresentadas ao transporte. (GRANDI,2013) A ideia da Ferrovia Paulista S.A. (Fepasa) surgiu a partir dos primeiros ensaios da unificação das diversas ferrovias que compunham a malha do estado. Ao longo de 27 anos a Fepasa atuou no território paulista, com o transporte de cargas e pessoas, porém nesse período suas atividades foram perdendo qualidade, credibilidade e consequentemente sofrendo um processo de degradação e obsolescência até sua federalização e concessão para empresas da iniciativa privada. Sobre a concessão da linha férrea na mesorregião de Piracicaba, seus direitos de uso atualmente estão sobre a América Latina Logística12, que além da linha férrea detém os direitos das oficinas de manutenção e pátios ferroviários como o de Rio Claro.

11

Grandi (2013) descreve que não obstante as mudanças que marcaram os transportes terrestres no brasil a partir do segundo decênio do século XX, não se pode afirmar, pelo menos até o término da segunda guerra mundial, que o transporte por estradas de rodagem consistia num modelo concorrente ao ferroviário. Grandi descreve que pode argumentar exatamente o contrário, visto que muitas das principais companhias ferroviárias do país incentivaram a propagação do transporte rodoviário ao investirem na construção e manutenção de rodovias e na aquisição de veículos com o objetivo de oferecer um serviço de transporte mais flexível característico desse modelo. De certa forma, é válido sustentar que o próprio setor ferroviário, principalmente em São Paulo, contribuiu de modo decisivo para a difusão dos automotores a partir da década de 30. 12 A ALL - América Latina Logística S.A. é a maior empresa independente de logística da américa latina. Criada em 1997 com a concessão da Rede Ferroviária Federal (RFFSA) para atuar na malha sul do país, a companhia vem ampliando sua atuação em um histórico de expansão e aquisições no setor de logística brasileiro.

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O espaço e suas delimitações Como já apresentado anteriormente, em 1892 foram instaladas na cidade de Rio Claro as oficinas de manutenção da Cia. Paulista, que prestavam diversos serviços, fato que dava à cidade um caráter bastante expressivo no contexto da formação e consolidação da sociedade. A estrutura da antiga cia. Paulista continua presente no contexto atual da malha urbana. Sua área atual pode ser dividida em dois blocos distintos. (Figura 22)

A primeira com uma área de cerca de 66mil m² engloba a área da antiga estação ferroviária, o edifício de apoio da antiga cia. Paulista, as capines, a casa do chefe da estação(Figura 23), além de algumas edificações que foram sendo instaladas nessa área com o declínio das atividades da linha férrea Sobre as edificações históricas dessa área. Oliveira apresenta que estação ferroviária de rio claro desde 1985 é um bem tombado no nível estadual pela CONDEPHAAT13, o que reforça que a importância do patrimônio ferroviário na formação do estado de São Paulo (OLIVEIRA, 2010). Ainda sobre esse espaço, parte dele é murado enquanto outra parte não apresenta muros

13

CONDEPHAAT -Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico está interligada ao trabalho desenvolvido pela Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico (UPPH), uma das Unidades da Secretaria de Cultura do São Paulo. Fonte: Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.

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devido ao se caráter degradado

. Sobre o edifício da antiga estação, o mesmo apresenta uma condição de preservação mediana, sendo que seu entorno é pouco utilizado, e quando utilizado são para atividades degradantes do espaço, como depósito de entulhos. Nos espaços referentes aos núcleos de transporte público que compõe o entorno da estação, suas atuais configurações contribuem para que esses espaços apresentem uma visão de área perigosa e mal vista, contribuindo para uma intimidação dos membros da sociedade desses

que

utilizam

espaços.

(Figura

24) Na

segunda

área

com cerca de 243 mil m² abrange a área do pátio ferroviário e das oficinas, onde se encontra a atual sede da ALL em Rio Claro e uma área pertencente a Companhia

Paulista

de

Obras e Serviços-COPS. Sobre a ALL, com base numa visita técnica realizada esse ano, o sistema de manutenção e serviços utilizados pela empresa não utilizada de todo espaço, onde da Página 50 de 98


área dos antigos galpões somente cerca de 40% dessa área realmente é utilizada, deixando assim uma grande parte ociosa. As edificações prevalecem a mesma configuração de seu período de inauguração sofrendo poucas mudanças e modificações (Figura 25), porém seu fator de degradação em alguns galpões é crítico devido a muitas vezes ter uma vasta área e ser pouco

utilizada,

não

havendo

assim

manutenção

dessas

edificações.

Sobre o terreno e suas edificações, vemos algumas informações importantes como: 

O terreno é todo plano, não há praticamente desnível algum

Suas fachadas são de tijolos maciços, segundo os moldes da configuração da Cia. Paulista, com detalhes e acabamentos (Bem semelhante ao Sesc Pompéia-SP)

Sobre os pilares, os “externos” são de tijolo maciço, enquanto que os que compõe o espaço interno dos galpões são em madeira ou aço, com dimensões esbeltas (cerca de 20x40) todos originais do período Cia. Paulista.

Os espaçamentos de pilar até pilar variam, mas os menores possuem 4m indo até 8m.

Não há lajes nem forro, então as treliças que compõe o telhado ficam à mostra. Página 51 de 98


Os telhados são compostos partes por treliças de madeiras, e a maioria por treliças metálicas da época de instalação. E ao longo dos galpões das oficinais, há as telhas translucidas, e lanternins para iluminação e ventilação do espaço

As telhas no geral são cerâmicas, com exceção de um conjunto de três galpões (onde são realizadas as manutenções dos eixos, rodas, e a carcaça dos vagões) que são de fibrocimento em sua cobertura e fachada.

Sobre o piso dos galpões são em placas de cimento, salvo alguns pedaços que são em tacos de madeiras, mas no geral segue a configuração e padrão das oficinas.

O pé direito livre dos galpões é de cerca de 5 metros, e com as treliças sua cumeeira chega até 8m.

Toda área do pátio ferroviário é murada, sendo que ao longo desses muros há atividades de grafitti e pichações.

De acordo com a encarregada da visita técnica, a empresa decidiu ver a viabilidade da reforma de um dos mais antigos edifícios do conjunto, e o laudo afirmou que a estrutura como fundações do conjunto é ainda apresentam uma boa condição, visto que lá eram projetadas para serem resistentes às atividades pesadas da manutenção da ferrovia.

Quanto aos trilhos da linha férrea, os trilhos da linha Campinas-Rio Claro continuam presentes até o pátio ferroviário. A partir da avenida 24, boa parte dos trilhos que cruzavam a cidade foram retirados devido a um projeto urbano da Secretária de Governo do Munícipio, projeto que será melhor detalhado no Anexo A desse trabalho. A morfologia ao longo da área do complexo ferroviário apresenta um conjunto de características de destaque: Sobre as vias e acessos aos bairros pós-trilhos, devido a área possuir um perímetro superior a 3800 metros, existe três vias que cortam esse espaço com um posicionamento estratégico: a primeira é na avenida 7, via de acesso ao principal shopping da cidade e a floresta estadual, a segunda na avenida 8, via de divide a área da estação ferroviária e o pátio das oficinas, e a última na avenida 24 principal via de acesso ao campus da Unesp da cidade. Sobre o uso do solo ao longo do entorno da área, percebe um uso predominante comercial, com algumas exceções de antigas residências, sendo um gabarito de edificações baixas, excerto os prédios públicos do entorno. Com tudo, os muros da área contribuem para que haja uma grande segregação entre o entorno e área, se apresentando então como um enorme vazio urbano em uma área nobre de destaque. Sobre os outros elementos urbanos de Página 52 de 98


destaque do entorno percebe que há três praças, além do parque Lago Azul, uma das principais áreas verdes de recreação da cidade ( Figura 26).

Além do patrimônio dos edifícios, outro elemento que merece destaque são os vagões que compõe o espaço. A produção de vagões para as atividades de transporte de carga e passageiros apresentam grandes particularidades e oportunidades para reuso e restauro (Apêndice B), a exemplo a diversidade dos vagões que eram usados para passageiros, como restaurantes, salas confortáveis, cabines dormitórios, bibliotecas, áreas de lazer entre outros. Esse patrimônio ferroviário foi se perdendo com o declínio das atividades da ferrovia (Figura 27), porém acompanhado com as propostas de intervenções em áreas ferroviárias o uso desses elementos contribuiria para o fortalecimento da relação da sociedade com a história e progresso que a chegada da estrada de ferro trazia para as cidades. Semelhante aos containers, os vagões ferroviários possuem praticamente a mesma estruturas e características, assim ideias de intervenções poderiam ser incorporadas: restaurantes, cafeterias, livrarias, residências, lojas poderiam aproveitar desses elementos e assim contribuir para a redução da degradação e deterioração que ocorre nos mesmos.

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Assim a antiga área central do espaço da ferrovia em Rio Claro apresenta enorme potencial de uma intervenção, visto seu surgimento e desenvolvimento está atrelado a história da consolidação da cidade, além de que esse vazio urbano traduzido nas sensações apresentadas pela sociedade demonstra que espaço carece de políticas e soluções possibilitem um melhor uso e contribuam para a melhoria do desenvolvimento da sociedade. Associado aos argumentos apresentados, o principal elemento de embarque e desembarque do transporte coletivo se localiza no entorno da estação, sendo então um dos pontos mais importantes da infraestrutura do transporte da cidade. Não há na cidade um polo de serviços sociais e culturais que atenda de maneira igual aos diversos nichos da malha urbana, e associado ao transporte coletivo, essa área apresenta características que contribuem para que esse espaço seja usado por toda a sociedade, de maneira a afirmar a intervenção como uma ideia coerente e coesa.

4.3 Leis e Incentivos As intervenções urbanas afetam um grande número de pessoas, apresentam um grande fluxo de usuários, sendo então seus espaços uma grande vitrine para empresas e o governo. Assim é usual que essas políticas de intervenções sofram incentivos ou patrocínios do público ou privado quando geralmente apresentem características que se Página 54 de 98


encaixem em seus programas ou editais. Compans (2005) faz uma crítica sobre essas interferências, pois de acordo com a autora os modelos dificilmente se concretizam integralmente nas políticas públicas porque, além da pesada inércia do ambiente construído, ocorre a interferência de interesses de grupos sociais não considerados previamente e/ou a insuficiência de condições institucionais objetivas, tais como recursos financeiros, capacidade técnica e administrativa e marco legal apropriado. O presente sub capitulo vai apresentar algumas das principais políticas públicas do governo para áreas de intervenção urbana e requalificação de edifícios, e programas de empresas privadas que incentivam a cultura e as intervenções ao público geral.

Leis e incentivos do Governo No cenário nacional há dois espaços que apresentam destaque: O Corredor Cultural, na cidade do Rio de Janeiro; e o Projeto Luz, na cidade de São Paulo. O projeto do corredor cultural no Rio de Janeiro criado por meio da Lei Nº 506, de 17/01/ tinha como objetivo proteger o patrimônio arquitetônico e revitalizar quatro áreas do centro histórico da cidade (Figura 28). A suposição para realização desse projeto era que a dinâmica da renovação urbana deveria respeitar as referências históricas, sociais e culturais da comunidade de maneira a preservar a memória da cidade (COMPANS, 2005).

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Com o intuito de estimular a conservação dos imóveis e o cumprimento das diretrizes do projeto, a Lei Nº 1.139, de 1987, estabeleceu isenções fiscais de IPTU, ISS e taxa de obras para os proprietários de imóveis situados na zona especial que os restaurassem, reformassem ou construíssem de acordo com os parâmetros definidos pelo projeto e segundo as orientações do grupo executivo, ao qual as solicitações de isenção fiscal deveriam ser submetidas. O projeto Corredor Cultural foi a primeira política pública em nível municipal de preservação de sítio histórico desenvolvida no Brasil. Graças a ele, cerca de 1.300 prédios no centro do Rio puderam ser preservados. (COMPANS, 2005). Nota-se que nesse projeto de reabilitação dos antigos casarios, o usuário do local se torna como beneficiário atuante quanto os incentivos que são propostos na intervenção. O projeto Luz é um projeto de renovação urbana do centro da cidade de São Paulo, cujo o objetivo é as intervenções arquitetônicas e urbanísticas no entorno e no bairro da Luz. Essa área é marcada por intervenções antecedentes, como a projeto do Museu da Língua Portuguesa, a Pinacoteca do Estado, o Parque Luz e a Sala São Paulo. Apesar de controvérsias e muitas críticas sobre o caráter do projeto “arrasaquarteirões” houve um conjunto de incentivos através da Lei Nº 14.096 de 2005, para as intervenções como a investimentos nos projetos que se encaixavam na proposta, redução parcial do IPTU, redução do ITBI-IV, redução no ISS, investimentos para as empresas que desenvolvessem empreendimentos previstos na lei, tudo isso através de certificados de incentivos ao Desenvolvimento distribuídos pelo município. No caso do bairro da luz, os incentivos são mais direcionados ao nicho empresarial e comercial do que ao usuário local, morador e antigo frequentador do bairro da luz, sendo até analisado de maneira oposta aos incentivos propostos no corredor cultural.

Programas Culturais de Empresas Privadas As intervenções urbanas e arquitetônicas sociais veem se tornando um grande palco de ação das empresas privadas. Dentro do seguimento de empresas que “patrocinam” esses empreendimentos as redes bancárias apresentam grande destaque, sendo as mais antigas no território nacional o Programa Caixa Cultural, com seu primeiro espaço fundado na cidade de Brasília em 1980, e o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), com sua primeira inauguração em 1989 no Rio de Janeiro. Desse modo, devido ao fato de serem os programas mais antigos e com maior número de instalações eles serão melhor detalhados Página 56 de 98


Os

espaços

da

Caixa Cultural localizado em Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo têm proporcionado estímulo à produção de artistas

brasileiros

intercâmbio

de

e

ideias

ao e

experiências, oferecendo ao público

espetáculos com

representantes das variadas

novas

performances/tecnologias

ao

resgate

de

expressões

artísticas,

do

erudito

ao

popular,

das

nossas

tradições

(Figura

29).Recentemente novas instalações foram inauguradas em Fortaleza e Recife, ampliando a região de alcance dos programas. O Programa de Ocupação desses espaços se desenvolve por meio de seleção pública anual de projetos, em âmbito nacional, com objetivo de preencher a pauta de diversos segmentos como teatro, música,

dança,

pintura,

escultura,

fotografia,

cinema,

mímica,

instalações,

videoinstalações, intervenções. A instituição tenta dessa maneira contribui para a democratização do acesso ao patrocínio cultural, possibilitando aos artistas dos mais distantes municípios brasileiros concorrerem a recursos para realização de seus projetos (CAIXA CULTURAL, 2014). Os Centros Culturais Banco do Brasil (CCBBs) – localizados nas cidades de Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo (Figura 30) – são espaços multidisciplinares com programação regular (6 dias por semana), nas áreas de artes cênicas, cinema, exposição, ideias (palestras, debates, seminários etc), música e programa educativo. Em aproximadamente 25 anos de atuação, os CCBBs receberam mais de 60 milhões de visitantes. A programação dos CCBBs é basicamente definida por meio de editais públicos, divulgados anualmente. Assim a missão dos CCBBs é atuar como agente fomentador da cultura brasileira e oferecer à sociedade significativas expressões artísticas, proporcionando experiências interativas e transformadora

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(CCBB,2014)

.

Assim tanto o governo quanto as empresas privadas possuem interesses em projetos culturais que possam apresentar grande visibilidade na sociedade, desse modo a ocupação de vazios urbanos deve ser realizada, quando comprovada a necessidade desses equipamentos para a melhoria no bem estar e na qualidade de vida dos diversos segmentos, com isso, esses espaço deixam de ser projetos utópicos, ou de baixo nível de implantação, para projetos concretos, que podem ser realizados para a promoção de espaços de uso para todos.

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5 Estudos de Reabilitações

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Nesse capitulo, são apresentados exemplos de reabilitações com uma democratização de acesso a toda sociedade. O exemplo Sesc Fábrica Pompéia da arquiteta Lina Bo Bardi, demonstra como o espaço deve incorporar a identidade do usuário, e através dos detalhes do cotidiano, agregando ao lugar um sentimento integrante e acolhedor. No estudo sobre a intervenção Estação da Luz, é apresentado como uma intervenção deve pensar em suas diversas escalas de alcance, como ela deve ser pensada e planejada de maneira a se integrar e interagir ao seu entorno.

5.1 Sesc Fábrica Pompéia Em meio a uma tumultuada São Paulo em transformação, uma fábrica abandonada à espera de um arquiteto. Essa descreve com clareza o espaço da antiga fábrica de tambores de Mauser & Cia Ltda (Figura 31), espaço que com o projeto da arquiteta Lina Bo Bardi14 no ano de 1977 se tornaria

um

ícone

intervenções

em

degradadas

sobre

das áreas as

preocupações dos valores culturais

e

sociais

dos

usuários que viriam a usar o espaço. O Centro de Lazer

Sesc

-

Fábrica

Pompéia viria a se tornar nos escritos da arquiteta: “A arquitetura é o espelho da personalidade de quem a escolhe, a habita ou de quem a projeta”. De acordo com Oliveira (2007) para Lina a arquitetura é vivida em seu sentido lato: intervenções urbanas, exposições, design, trajes, cenografias de teatros, elementos que vão configura o processo desenvolvido na Fábrica de Lazer da Pompéia. O presente subcapitulo tem como objetivo o um estudo

14

Fonte: http://www.institutobardi.com.br/linha_tempo.asp

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de caso sobre esse projeto, sobre os processos de reabilitação do espaço e as escolhas da arquiteta e sua equipe para cada área apresentada ao longo do complexo. No antigo bairro fabril da Pompéia, a fábrica com sua tipologia fundamentada num projeto inglês do início do século, que manifesta sua estrutura simples e rigorosa, com detalhes ingleses como a utilização de tijolos aparentes rebocados, a estrutura em ferro e concreto, simetria de planos, sheds para iluminação zenital vai servir para a concepção de um espaço de uso de pessoas de diversos tipos, cores, tamanhos, idades ... (OLIVEIRA, 2007) demonstrando a função de unir diversos tipos em torno de si. Uma rua de paralelepípedos convida o usuário a visitar os diversos galpões de tijolo e concreto aparente, onde ao fundo três imponentes torres de concreto que dividem a paisagem com os novos prédios que marcam a expansão da região. Os primeiros projetos para um Sesc nessa região foram propostas pelo arquiteto Júlio Neves, porém havia uma preocupação da entidade de preservar a estrutura da antiga fábrica e a história da formação do bairro, Assim a equipe de planejamento do Sesc forneceu a Lina Bo Bardi uma lista das necessidades objetivas para a realização do espaço, que compreendia áreas de escritório e serviços gerais no setor administrativo, o setor cultural e desportivo com uma biblioteca,

área para exposições/estar, lanchonete/cozinha,

teatro, ambulatório, área para fisioterapia, quadras de esporte, piscina, vestiário e sanitários. O projeto da Fábrica de Lazer da Pompéia foi realizado em duas etapas, em um total de nove anos. A primeira etapa, com a recuperação estrutural e a adaptação dos galpões da antiga fábrica para as atividades de cultura e lazer, realizada entre 19771982. A segunda etapa, construção de torres de concreto aparente para as atividades esportivas, realizada de 1982-1986. Assim numa área total do terreno de 16.500m², a área construída é de 23.500m².Para os procedimentos de restauro dos galpões, Lina baseou-se nos princípios da carta de Veneza, onde para a arquiteta, o passado faz parte do cotidiano, é vivo, dinâmico (OLIVEIRA, 2007). Sendo o projeto executivo realizado no canteiro de obras, a arquiteta minimizou a fronteira entre o erudito, relacionando os aspectos de artista, técnicos e operários. Nesses experimentos, o espaço obteve soluções que carregavam um pouco da cultura dos operários, incorporando valores do povo, criando identidades.

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Intervenções no existente, a ocupação da fábrica. Para compreendermos as intervenções que ocorreram nos antigos galpões que compunham a antiga fábrica é necessário conhecermos a implantação das áreas e quais foram as atividades alocadas nesse espaço (Figura 32)

Sobre a estrutura das edificações não houve modificações. A escolha de materiais para as alterações foi feita com critérios de integração entre o antigo e o novo, dentro dos elementos originais conservados de destaque foram as estrutura, parede externa e cobertura (Figura 33). A ideia dessas conservações foi expor a história da construção e toda sua evolução ao longo do tempo, e em sintonia a isso, instalações e tubulações foram evidenciadas, como as tubulações aparentes diferenciada por cores marcando suas funções, sendo três principais (vermelho para esgoto e incêndio, amarelo para som e azul para eletricidade) e duas complementares( verde para água e laranja para instalações telefônicas e de internet) proporcionando uma manutenção

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rápida e eficaz (OLIVEIRA, 2007).

Ao longo do processo de projeto, Lina Bo Bardi tenta trazer elementos da arquitetura brasileira e da cultura popular, como os muxarabis utilizados largamente na arquitetura colonial brasileira, ou a herança portuguesa com os azulejos desenhados por Rubens Gerchman utilizados na piscina e no restaurante do complexo, demonstrando a consolidação do projeto se estrutura a partir de valores culturais. Desse modo, cada ambiente sofreu um conjunto de intervenções descritas abaixo.

A rua de acessos, o espaço de ações O eixo principal de circulação do Sesc Pompéia é uma antiga rua interna de paralelepípedos que permeia os galpões, sendo essa rua uma evocação dos primórdios da vida urbana em São Paulo e das vilas operárias, sendo um ponto de refúgio de ações coletivas urbanas, conexões entre um lugar e outro, o ir e vir de crianças, homens, mulheres e idosos (OLIVEIRA, 2007).Com 134 metros de comprimento por oito metros de largura, a rua foi mantida com o revestimento dos paralelepípedos originais, e na margem dessa rua foi proposto para o escoamento das águas da chuva valas de concreto revestida com seixos Página 63 de 98


rolados (Figura 34). Para possuir uma acessibilidade universal, o projeto de arquitetura acabou por demarcar uma passagem plana nesse espaço.

O galpão de atividades gerais Nos primeiros estudos pela arquiteta o movimento e vida do espaço eram traduzidos com a inserção de rampas sinuosas e pisos elevados, cercadas por vegetação, compondo diferentes pés direitos (OLIVEIRA, 2007). Essas soluções foram modificadas, mas princípios da proposta foram mantidas e preservadas. Esse galpão de atividades gerais é o mais amplo do conjunto. Livres das paredes internas, essa área livre permite os mais variados usos: exposições, bibliotecas, espaços de leitura, estar, jogos. Para conseguir a iluminação necessária para essa diversidade, além do sheds, parte de cobertura foi reformulada com telhas de vidro. Sobre os materiais de destaque utilizados, Lina utilizou de volumes de concreto aparente suspenso com 1,20 metros de altura nos espaços de leitura e salas(Figura 35), onde esse concreto apresenta textura bruta, evidenciando as marcas do madeiramento vertical utilizado na concretagem da forma

. Ao longo de todo o Sesc o lazer é colocado com liberdade, sem muitas regras e imposições, muitas vezes gerando imposições como o questionamento das bibliotecárias do complexo:

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“Mas existiu essa briga da Lina com as bibliotecárias. Elas queriam organizar a biblioteca de tal forma que a pessoa não tivesse a menor chance de roubar um livro. Acho que iam distribuir várias câmeras. E a Lina brigava: ‘então os homens vão roubar os livros? Jura? Mas que ótimo! Ah, se um dia me disserem que acabou a biblioteca porque roubaram todos os livros! Temos que dar uma festa! ’. E as bibliotecárias arrancavam os cabelos! ” (BARDI, 1982 apud OLIVEIRA, 2007)

O Teatro O Teatro do Centro de Lazer da Pompéia situa-se na sequência do galpão de atividades gerais. Seu foyer corresponde originalmente a uma das entradas da fábrica, sendo um espaço para abrigar exposições e atividades ao ar livre. As telhas da cobertura desse espaço foram trocadas por telhas de vidro e com um volume suspenso os camarins e o acesso da galeria do teatro foram confeccionados no concerto bruto aparente. O piso desse espaço foi substituído pelo mesmo encontra na rua de acesso, compondo então no espaço um jogo de texturas muito atraente. Associado aos elementos do conjunto dos galpões existentes, a arquiteta compõe uma linguagem forte e impactante (OLIVEIRA, 2007). O Teatro desse modo se torna a área que mais sofreu modificações nas intervenções com um peculiar sistema de duas plateias opostas (Figura 36), com galerias superiores de três metros de comprimento. Sobre o espaço, o mesmo é desmontável, demonstrando com um espaço nem sempre utilizado de forma integral. Lina se referia ao Teatro como auditório, o que evoca a imagem de forma variada e informa.

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Oficinas O galpão de oficinas é o último bloco voltado para o lado direito da rua principal, onde dentro desses espaços há um conjunto de atividades que compõe o espaço: marcenaria, cerâmica, cinzelamento, gravura, tapeçaria, gráfica. Os ateliês foram idealizados para o desenvolvimento de atividades manuais, aberto ao público e suas disposições foram inspiradas na obra do arquiteto Aldo Van Eyck, compondo um conjunto de “muros labirintos” (OLIVEIRA, 2007).

Restaurante-Choperia O restaurante, acompanhando a linguagem do conjunto possui caráter despojado, feito para a coletividade através de uma dimensão industrial. Seu programa adequou-se perfeitamente ao espaço, sendo projetado uma cozinha industrial com capacidade para 1.500 refeições, observa que as tubulações coloridas apresentam destaque no espaço (Figura 37).

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Associado a essas intervenções, todo espaço do Sesc é acompanhado de um mobiliário desenhado pela arquiteta, buscando traduzir um sentimento de simplicidade e poesia.

A criação do novo relacionado com o antigo A segunda fase do projeto da Fábrica de Lazer Pompéia foi edificada de 1982 a 1986. Essa segunda fase, composta de dois edifícios interligados por passarela e a caixa d’agua em formato cilíndrico, um marco da fábrica e a área non edificandi marca os espaços construídos nessa etapa. Umas das premissas de Lina para a construção desse espaço que seria o bloco esportivo foi constratar as escalas do edifício novo com as naves horizontais da fábrica restaurada, demonstrando através desses comparativos as transformações que ocorriam no antigo bairro fabril em um processo de crescimento vertical devido à especulação imobiliária (OLIVEIRA, 2007). Dentro da construção desses blocos, a torre mais comprida e estreita, de onze andares, abriga toda a circulação: possui dois elevadores uma escada caracol e a escada de segurança. Suas aberturas foram concebidas sem seguir um padrão compositivo, sendo as posições definidas de modo aleatório: algumas janelas se encontram junto ao piso e outras próximas do forro, permitindo uma visão curiosa tanto espectador interno quanto externo do edifício (OLIVEIRA, 2007). Sua configuração apresenta no primeiro pavimento o atendimento ao púbico e sala de exames médicos, e

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nos demais pavimentos o apoio a quadras do bloco maior (Figura 38).

. O bloco destinado as quadras esportivas conta com vigas protendidas em grelha que vencem vãos de 30 e 40 metros. Cada um dos pavimentos de quadras se refere a uma estação de ano, sendo pintadas de cores diferentes, garantindo identidade ao espaço. No térreo desse bloco é encontrado a piscina do complexo, com seus azulejos decorados com peixes e estrelas, do artista plástico Rubens Gerchman. Na área non edificandi, foi construído um deque de madeira, utilizado como

solarium da fábrica e espaço para eventuais shows. Esse deque foi nomeado de “praia” pela arquiteta e lá é encontrado também uma “cachoeira”, calha que funciona com chuveiro ao ar livre no solarium.(Figura 39) Uma torre cilíndrica de 75 metros de altura foi projetada para funcionar como a caixa d’agua da Fábrica de Lazer, e foi batizada de chaminé, visto que a chaminé original da fábrica se encontrava destruída. Assim a chaminé, símbolo da era da máquina, apresentado nesse projeto demonstra um símbolo desgastado e deglutido pela arquiteta, devolvendo ao povo através de uma fábrica que produz gentilezas e lazer. No Sesc Pompéia, de acordo com Ferraz (2008), Lina aplica conceitos do componente popular, ou seja uma formulação de uma programação abrangente e Página 68 de 98


inclusiva, somada às soluções espaciais de acessibilidade (trazer a rua, somada a vida pública para o interior do centro) um espaço que criasse e contempla-se as diversas classes sociais e faixas etárias, sem descriminação, uma das funções da arquitetura mais nobre. A rua aberta e convidativa, os espaços de exposições, o restaurante público e mesas coletivas, as atividades em céu aberto, as texturas e cores, o deck e a “praia do paulistano” transformou o centro em um verdadeiro Oásis dentro de desconforto urbano da caótica São Paulo. Dentro dessas transformações há uma importante formulação: “Quem não guarda uma boa lembrança do Sesc Pompéia[...]Parece que tudo de bom passou e continua passando por ali. É claro que a programação e a promoção sócio-cultural do SESC, em suas mais de 30 unidades no Estado de São Paulo, são os motores fundamentais. Mas, eu arriscaria dizer, compartilhando a opinião de um sem número de pessoas, que, na Pompéia, o sabor é especial. E por quê? ” (FERRAZ,2008)

Sua resposta deixa claro o porquê desse sabor especial: “A reabilitação de uma antiga fábrica, local de trabalho duro, sofrimento de muitos, testemunho do trabalho humano, e sua transformação em centro de lazer, sem o apagamento dessa história pregressa, fazem do Sesc Pompéia um espaço especial. O cuidado da recuperação em deixar todos os vestígios da antiga fábrica evidentes aos olhos dos frequentadores – seja nas paredes, nos pisos, telhados e estruturas, seja na linguagem das novas instalações –, fez com que o espaço iniciasse sua nova vida de Centro de Lazer já pleno de calor e animação. Com alma e personalidade” (FERRAZ, 2008)

A experiência do Sesc Pompéia ainda segundo o autor, contém uma chave para aqueles que querem refletir sobre o papel da arquitetura na vida dos homens. Uma chave contemporânea, que através do registro de três sensações, a emoção, a surpresa e a descoberta, definem uma boa arquitetura. Assim o projeto se torna uma experiência arquitetônica que alia criatividade a um grande rigor, liberdade e responsabilidade, demonstrada na ocupação coletiva do espaço. Assim para a proposta do trabalho deseja buscar como diretrizes para o projeto elementos compunham o espaço integrante com as relações históricas entre as construções, a população e a cidade. Os exemplos do projeto do Sesc Fábrica de Pompéia, demonstram como espaços do cotidiano, como a rua, o teatro, a biblioteca e o bar podem apresentar um sentimento de identidade com o usuário que usufrui do lugar. Página 69 de 98


5.2 As intervenções na Estação e entorno da Luz Os centros ao longo do crescimento urbano sempre se apresentaram como um espaço de discussão e debate sobre as diversificadas transformações da sociedade. Desde os Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna-CIAM- os “centros” urbanos vêm sendo abordados e revistos, como espaço de celebração da experiência coletiva (MOREIRA, 2008). Preservar, recuperar e requalificar espaços e usos surgiram como necessidade aos danos de uma urbanização descontrolada das cidades. Nesses aspectos, a cidade de São Paulo apresenta um peculiar centro, onde diversos projetos e requalificações foram apresentadas: a Estação da Luz e seu entorno. O objetivo desse subcapitulo é apresentar o estudo de caso desse espaço, e suas intervenções e seus alcances gerados, na escala do edifico, do entorno e do bairro respectivamente.

A intervenção na Estação da Luz A implantação de um museu interativo ao longo do tombado15 edifício da Estação da Luz de São Paulo, trouxe uma nova vida aos seus espaços e consequências importantes na leitura do espaço. A velha senhora estação é fruto das transformações que ocorriam através da estrada de ferro “The São Paulo Railway Company” que ligava a capital ao porto de Santos. De acordo com Spinazzola (2010) a atual construção, fundada em 1901 foi construída nos moldes da arquitetura inglesa, tendo sofrido ao longo dos anos diversas intervenções, sendo a maior delas ocorrida após um incêndio em 1946 que destruiu grande parte do prédio, deixando somente intacta a ala oeste junto ao relógio, sendo realizado então uma reforma até 1951 que acrescentou um andar de concreto armado, alterando a volumetria original e o sistema estrutural respectivamente. Visto a necessidade de expansão e modernização da estação, em 2001 é realizado um projeto de modernização da linha férrea, que levou os linhas de transportes para o subsolo e essa mudança permitiu a possibilidade da reabilitação que originaria o Museu da Língua Portuguesa, propondo um novo uso desse espaço (SPINAZZOLA, 2010).

15

O edifício da Estação da Luz foi tombado no nível estadual pelo CONDEPHAAT em 1976, e no nível nacional pelo IPHAN em 1996.

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Sobre o projeto do Museu da Língua Portuguesa, ele foi iniciado em 2002, através de uma parceria público privada entre Secretaria de Cultura Paulista e a Fundação Roberto Marinho, ocupando os três andares da edificação e possuindo uma área de intervenção16 de cerca de 4.333 m², apresentando as seguintes características: Direcionado ao caráter público, no piso térreo há o fluxo intenso de passageiros no corpo central de edificação, onde se apresenta o acesso aos trens e a linha de metrô da cidade. A entrada e saída do museu se configuram nos antigos pátios de carga(Figura 40) localizado nas extremidades do edifício, e também no projeto de requalificação foram previstas instalação de lojas como livraria e café nos saguões laterais, atendendo tanto a demanda da cidade como do museu. Os quatro elevadores que atendem ao museu ficam localizados no centro geométrico dos quatro torreões da fachada, permitindo que esses elementos de circulação não descaracterizem a fachada e a volumetria externa, respeitando a memória histórica da estação. O uso dos torreões (originalmente são elementos decorativos) para o uso da circulação do museu, agrega uma carga simbólica na relação prédio histórico-novo projeto, permitindo uma preservação do patrimônio e a resolução de maneira equilibrada da inserção dos novos equipamentos (SPINAZZOLA, 2010).

16

Fonte: Museu da Língua Portuguesa tuguesaorg.br/>Acessado em: 02/nov/2014.

Disponível

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em:<http://www.museudalinguapor


Originalmente no projeto o percurso sugerido para os visitantes é de ir com elevador direto ao terceiro pavimento, e percorrer as instalações e sair na ala oeste, oposta à entrada do museu(Figura 41). Com tudo, essa proposta não foi utilizada, devido a um conjunto de complicações, como controle dos visitantes, guarda volumes, entre outros.

No terceiro pavimento se encontra o foyer, o auditório o terraço e as áreas de apoio a esses elementos. Ao longo de todo o pavimento há um piso elevado de cerca de 1,10m o que possibilita a entrada ao auditório e proporciona uma relação espacial diferente, devido a maior proximidade com as treliças de madeira do telhado e as janelas que ficam com os peitoris próximo ao piso, permitindo uma maior visão da rua e do entorno. A cota do terraço foi pensada para que ele ficasse sobreposto ao telhado do andar inferior, possibilitando ao usuário um visual diferente das vistas do centro e do parque da luz. O segundo pavimento é o andar que sofreu a reforma de 1951, onde com o pé direito baixo de cerca de 2,67 e com as desastrosas e pequenas janelas que serviam para os antigos escritórios que eram instalados ali antes da requalificação, foi transformada em um grande expositivo de 110m de comprimento, chamado de grande galeria(Figura 42). De acordo com Spinazzola (2010) Essa configuração só foi possível devido a três soluções aplicadas no projeto: 

Fechamento das janelas da fachada;

Retirada parcial de espessas alvenarias que dividiam o espaço, que possibilitou trazer para dentro do edifício a sensação da escala do trem com a leitura pelo visitante do comprimento do prédio de ponta a ponta; Página 72 de 98


A configuração da galeria de exposição em “C”, possibilitando instalação dos equipamentos de apoio para a galeria, com a parte elétrica e de condicionamento de ar, dos equipamentos de projeção.

Associado a isso na metade da grande galeria o visitante é surpreendido por uma pequena praça, denominada galeria das influências, que permite um respiro ao percurso. No primeiro pavimento as instalações são dividas na ala leste e oeste. Na ala leste, localiza-se a sala de exposição temporárias(Figura 43), tendo seu espaço configurado com a retirada de alvenarias não-portantes, deixando visível a estrutura de pilares e vigas de concreto. Na ala oeste apresenta a parte originais da construção de 1901, sendo instalado lá as áreas administrativa, e algumas salas educacionais e de pesquisa. Dando suporte a essas alas, há as marquises de aço, que compõe elemento de destaque na intervenção, compondo uma sintonia entre o antigo e o novo.

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O entorno da estação da luz Associado a Estação da luz, seu entorno é composto por um conjunto de elementos de destaque que compõe grandes espaços de requalificação, como a Pinacoteca do Estado, O Jardim da Luz e a Sala São Paulo, no Centro Cultural Júlio Preste (Figura 44). As requalificações desses elementos, junto com a estação da Luz, fortalecem a ideia do espaço com celebração da coletividade e traduzem uma maior vida

ao

conjunto,

e

não

somente

a

uma

edificação

ou

área

especifica.

A pinacoteca do Estado é um museu de artes visuais, com ênfase na produção brasileira do século XIX até a contemporaneidade, pertencente a Secretaria de Estado e Cultura (PINACOTECA, 2014). Fundada em 1905, é o museu de arte mais antigo da cidade, e se encontra instalada no antigo edifício projetado pelo escritório do arquiteto Ramos de, sofrendo na década de 1990 uma ampla reforma (Figura 45) com o projeto do arquiteto Paulo Mendes da Rocha17.

17

De acordo com Müller (2000) o projeto de intervenção teve início em 1993 quando Paulo Mendes da Rocha, juntamente com os arquitetos Eduardo Colonelli e Welliton Torres, impulsionados pela entusiasmada direção do artista plástico Emanoel Araújo frente à Pinacoteca, deram início ao

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A pinacoteca realizada diversas exposições ao longo do ano, e recebe segundo o site da entidade aproximadamente 500 mil visitantes a cada ano. Sua configuração espacial apresenta no primeiro pavimento exposições temporárias, enquanto que no segundo é dedicada a mostra de longa duração do acervo. No térreo estão as áreas técnicas, o auditório, a cafeteria. O foco do trabalho da pinacoteca é aprimorar a qualidade da experiência do público com as artes visuais, por meio do estudo, salvaguarda e comunicação com seus acervos, edifício e memória (PINACOTECA, 2014).

empreendimento de reformar o edifício do antigo Liceu de Artes e Ofícios. Esta iniciativa, completada em fevereiro de 1998, transformou o então "invisível" edifício neoclássico, encravado numa das regiões mais deterioradas da capital paulista, num dos museus mais modernos do país – um espaço privilegiado capaz de acolher devidamente o seu valoroso acervo e de receber exposições alto nível.

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O Jardim Público da Luz criado originalmente como Horto Botânico, em 1825 foi aberto ao público geral. É o mais antigo parque público do município e foi tombado pelo CONDEPHAAT em 1981, possui 113 mil m² e apresenta uma vegetação por bosques e jardim18. Além da vegetação na região central do parque destaca-se o lago em formato de cruz de malta, rodeado por oito esculturas que representam as quatro estações do ano. Os coretos, a Casa de Chá e a Casa do Administrador foram totalmente restauradas em parceria com o Monumenta19 e EMURB20. O Centro Cultural Júlio Prestes, que localiza-se na antiga Estação Júlio Prestes, na cidade de São Paulo, foi inaugurado em 1999 tendo seu edifício completamente restaurado e remodelado como parte do projeto de revitalização do centro da cidade. Dentro do centro há a Sala São Paulo é a atual sede do Orquestra Sinfônica de São Paulo, tendo uma capacidade de 1498 lugares. Uma das peculiaridades do projeto é o teto ajustável da sala pode ficar a uma altura máxima de 25 metros acima do piso principal. O teto possui 15 painéis que são detidos por cabos enrolados. Os painéis podem ser controlados individualmente, permitindo que o volume do hall possa ser ajustado conforme as necessidades, garantindo que a intensidade de qualquer composição tenha o seu conceito acústico respeitado (SALA SÃO PAULO, 2014) .

O projeto da luz De acordo com Moreira (2008), o Projeto Luz foi uma tentativa de dar continuidade aos objetivos do Projeto Luz Cultural (requalificação de uma área a partir da recuperação de algumas instituições culturais de peso), agora estabelecida entre o projeto Viva o Centro 21 e o governo Estadual. Assumindo a Estação da Luz como centro de um círculo de abrangência para os investimentos do programa de reabilitação,

18

Fonte: <http://sampa.art.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=521&Itemi d Monumenta é um programa estratégico do Ministério da Cultura. Seu conceito é inovador e procura conjugar recuperação e preservação do patrimônio histórico com desenvolvimento econômico e social. 20 EMURB- Empresa Municipal de Obras e Urbanização foi uma empresa pública vinculada à prefeitura de São Paulo, foi extinta em 2009, sendo parte sua entregue á São Paulo Urbanismo e São Paulo Obras. 21 A Associação Viva o Centro é uma entidade de utilidade pública cuja missão é melhorar as condições de vida das pessoas que moram, frequentam ou visitam o Centro de São Paulo e de operação das organizações nele estabelecidas 19

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o transporte público teria papel polarizador da intervenção, atuando na restauração de vários edifícios históricos, melhorias em praças, implantação de serviços, e um projeto especifico de iluminação, dando destaque para esses prédios de importância histórica. Associado essas intervenções, as mudanças urbanísticas ocorrem na redefinição do traçado viário local, com a inclusão de áreas de estacionamento, e o reuso de prédios degradados, trazendo a população de volta ao centro. Carvalho e Schicchi (2007) descreve uma contradição dentro dos princípios na proposta do Nova Luz de derrubada de vários quarteirões, que certamente se revelará nos efeitos sobre as populações que hoje os habitam, seja a população necessitada – que hoje ainda é vista indistintamente dos envolvidos com o tráfico e a criminalidade pois a valorização produzida por esta operação de derrubada e renovação do tecido com novos padrões de edifícios e especialização de usos, irão pressionar para cima o valor dos imóveis da área, induzindo a saída da população local residente, produzindo um outro esvaziamento indesejável: o de urbanidade, produto da expulsão e substituição da população permanente e da impotência em gerar usos e atividades complementares ou interativos em seus entornos. Assim pode se tirar algumas análises do projeto de intervenção da Luz e seu entorno, onde o projeto do Museu da Língua Portuguesa possibilitou o diálogo de diversas escalas como somente as grandes obras propiciam. Os projetos complementares também tiveram muita afinação nas decisões em conjunto, como por exemplo a iluminação externa, cujo partido proposto pela arquitetura foi o de mostrar para a cidade um prédio “vivo”, com as janelas acesas durante toda a noite, como uma máquina funcionando durante vinte e quatro horas. Do ponto de vista do restauro o resultado final parece harmonioso, na medida em que se estende aos outros elementos do entorno também restaurados, porém as propostas do bairro e da área devem apresentar um cuidado e um questionamento sobre qual usuário essas intervenções realmente buscam atingir, e seu caráter é de integração. Assim, através desse estudo de caso da estação da Luz e seu entorno, compreende-se que as intervenções urbanas quando associadas a um projeto maior, uma rede de transformações, contribuem para uma efetivação dos objetivos propostos. Com tudo como observado no estudo da Luz, os planos da área e entorno não podem ser elaborados sem um cuidado com o usuário atual do espaço, pois um elemento integrante não deve te possuir posturas de despejo do usuário que compõe parte Página 77 de 98


atuante da história do espaço. Desse modo na proposta desse trabalho buscará princípios de integração entre as diversas intervenções e a correlação com o usuário de arredores do entorno da proposta de reabilitação do antigo complexo ferroviário.

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6.Cia. de Lazer Rio Claro

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Em “Cia. de Lazer Rio Claro” é demonstrado a concretização do trabalho desenvolvido. Nesse capitulo é abordado as principais informações, diretrizes e ações concretas que direcionaram o trabalho a ser desenvolvido em ARQ 399- Trabalho de Curso-Proposição. Com base nas análises apresentadas no sub capitulo ”a mesorregião”, percebese que Rio Claro apresenta uma posição centralizadora na mesorregião, de modo que através das principais rodovias de acesso da região, as distâncias intermunicipais são inferiores a 90km, desse modo, de qualquer localidade da mesorregião com um curto deslocamento pode-se chegar na cidade. Outro aspecto importante é que Rio Claro se localiza no limite da macrometrópole do Estado e paralelo a isso, no começo da rodovia Washington Luís, o principal eixo de ligação a São José do Rio Preto, considerada uma importante capital regional do Estado (EGLER, 2013). Na mesorregião, as políticas intermunicipais não se apresentam com grande destaque, desse modo não há clareza sobre o papel desempenhado de cada município no desenvolvimento da região, assim é visto que a área apresenta uma das maiores taxas de crescimento, seus espaços, serviços e equipamentos urbanos devem ser elaborados sobre perspectivas do planejamento estratégico para o futuro. Desse modo, como apresentado no Anexo A, a secretária de governo do estado em Rio Claro demonstra compreensão da importância de um planejamento urbano estruturado sob a ótica de uma perspectiva de crescimento e expansão da cidade, e também de suas vias de acesso aos outros municípios. Na paisagem urbana da cidade, a presença de vazios urbanos é comprovada através de terrenos abandonados, prédios e construções antigas degradas, espaços segregados e deteriorados, muitos relacionados com algum período histórico da cidade, configurando as transformações estruturais ocorridas na cidade. Dentro dos vazios que se apresentam na cidade, um espaço que apresenta uma posição de destaque quanto a centralidade do espaço, seu entorno, configuração viária atual e o que anda sendo planejado importância no planejamento municipal é o antigo complexo ferroviário. Atrelado e essas características, o antigo complexo ferroviário tem seu espaço associado ao patrimônio histórico da cidade, sendo personagem principal no desenvolvimento da cidade e na identidade dos habitantes e suas famílias que hoje habitam a cidade.

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A área que compõe o complexo ferroviário, pode ser dividida em dois blocos distintos, onde o primeiro é composto pelo edifício tombado da estação ferroviária, onde atualmente se encontram os pontos de embarque e desembarque do transporte coletivo da cidade, e o segundo com os espaços das oficinas da Cia. Paulista(Figura 46). Ambos os espaços apresentam uma grande vocação para propostas de intervenção, mas com base nos levantamentos e no espaço físico que demanda um espaço semelhante ao modelo de um Sesc, visto também que é espaço maior e com Página 81 de 98


maior possibilidade de atribuição de função social com a proposta de um projeto de intervenção, acredita-se que a área das oficinas atualmente seja mais adequada para a concepção da proposta.

A proposta O terreno escolhido atualmente é um dos espaços utilizado pela ALL Logística para a manutenção dos vagões de suas frotas. Para a realização da proposta deve-se pensando possibilidades de outros locais onde a empresa possa exercer suas atividades, desse modo sugere-se duas soluções: 

A recolocação das oficinas da empresa em outro espaço da cidade, como sugerido na proposta da secretaria de governo, para bairros com potencial de receber essa implantação, e que mutualmente se beneficiem com a implantação da empresa nesse local, como os bairros de Assistência e Jardim Novo I. (Figura 47)

O remanejo dos serviços prestados pela empresa para sua outra sede de oficinas, na cidade de Sorocaba, visto na pesquisa a campo, o espaço utilizado pela ALL é pouco comparado a área edificada no complexo.

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Sobre as caraterísticas do terreno escolhido, o terreno apresenta cerca de 243 mil m², com um perímetro irregular, possuindo 800m de extensão em um sentido e variando no outro no intervalo de 217m até 380m. Dentro desse espaço, com base nas imagens de satélite há no total uma área construída de cerca de 60500 m². As principais avenidas e ruas que contornam o terreno é a avenida 24 e 8 além das ruas 0, 1 e 1A respectivamente. Sobre essas construções pode-se dividi-las em três conjuntos distintos: o primeiro conjunto com cerca de 16100 m² sendo suas edificações galpões de tijolos e telhas cerâmicas; o segundo conjunto com cerca de 32300 m² envolve as edificações mais antigas e os galpões que melhor estado de conservação; e o terceiro bloco com 12100 m² composto de galpões de cobertura e fechamento metálico. Vale ressaltar uma particularidade apresentada no terreno. Semelhante ao Sesc Pompéia, ao longo das edificações que compõe o espaço percebe-se uma extensa rua com mais de 21m de largura por cerca de 260m comprimento. Assim, essa rua que divide os espaços é um elemento marcante do espaço, devendo ser aproveitada essa sua potencialidade para a intervenção. Com isso, essa rua permite uma divisão do espaço em duas áreas, do seguinte modo a ser proposto: A primeira área, com cerca de 70 mil m², onde se encontra o primeiro conjunto de edificações descrito acima, será concedida para a ação governamental ou para a parceria público-privada, de modo a permitir outras intervenções ou edificações, desde que as modificações que ocorram nesse espaço trabalhem em harmonia com a proposta apresentada, onde parte dos incentivos e recursos que forem gerados sejam aplicados ao bem estar de toda a população e melhoria da qualidade de vida da população, gerando benefícios a todos e não somente a determinado grupo da sociedade. A segunda área, com cerca de 173 mil m² será destinada para a proposta de reabilitação, aonde será o palco as ações concretas abordadas nesse trabalho de fundamentação(Figura 48).

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Com essas análises a proposta fundamenta um e ações concretas apresentadas abaixo para permitir o direito a cidade da inclusão espacial da reabilitação e a democratização do espaço a todos. As ações concretam visam as transformações que serão executadas no espaço da proposta, possuindo os seguintes focos: 

Modificação do atual sistema de delimitação do terreno (muros) para um sistema com mais aberturas ao pedestre e melhor relação com o entorno imediato;

Acessibilidade universal em todos os espaços e equipamentos sugeridos ao usuário, semelhante ao abordado no caso Sesc Pompéia;

Preservação do patrimônio que compõe o espaço, com intervenções que preservem e resguardem a importância da ferrovia e das oficinas para a história e desenvolvimento da cidade;

Retirada do bloco de galpões metálicos, visto sua pouco relação com o complexo, e também para implantação dos espaços dedicados para a práticas esportivas;

Utilização de cores e elementos que traduzam a identidade do espaço ao usuário, permitindo um ambiente traduza acolhimento e bem estar ao usuário.

Relação harmônica entre a espaço edificandi e o non edificandi. Página 84 de 98


Pré-dimensionamento Com base nos dados abordados na pesquisa, no planejamento do espaço destinado aos usuários da cidade a aos outros municípios, e com base nos programas de

necessidade

apresentados em

duas

unidades da

análise

(Tabela

02).

O Sesc Pompéia (Estudo de Caso) e o Sesc Piracicaba (unidade mais próxima de Rio Claro) com base em uma conta simplificada do número de habitantes na região metropolitana de São Paulo e o número de unidades Sesc que compõe a região, calcula-se que uma unidade que atenda a mesorregião como a proposta de Rio Claro deva possuir uma área semelhante a unidade do Sesc Pompéia, visto que a Página 85 de 98


mesorregião possui uma perspectiva de crescimento populacional alta de cerca de 1,5% ao ano. O programa de necessidades apresentado tenta de modo geral apresentar os espaços sugeridos para a proposta, sendo assim não é estático e continua aberto para acolher outras informações e novas definições que possam surgir durante o desenvolvimento do projeto na disciplina de ARQ 399. As diretrizes apresentadas são direcionadas as diversas escalas de alcance da intervenção, buscando uma melhor integração entre o entorno imediato, a cidade e os municípios da região, do seguinte modo: 

Maior integração entre o espaço intervindo e o entorno imediato, através de modificação do traçado urbano com gentileza urbanas, como um aumento do passeio, acessibilidade, arborização, iluminação adequada;

Coerência da intervenção com o transporte público coletivo e ciclo faixas, de modo a incentivar o usuário a utilizar esses meios de transporte, contribuindo para fluxo mais racional e mais sustentável;

Incorporação das boas propostas apresentadas nos projetos de mobilidade urbana que estão sendo realizados pela secretaria de governo, propondo uma sintonia e respeito ao planejamento urbano municipal;

Planejamento de incentivos no nível regional para a proposta, como incentivos no transporte intermunicipal, como redução de taxas aos finais de semana, favorecendo a disseminação das atividades e programas realizados na intervenção para além de uma escala municipal.

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7.Referêncial Bibliográfico

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8.Anexos e Apêndices

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Anexo A De acordo com a entrevista realizada em julho na cidade de rio claro, com o secretário de Governo Marcos Pisconti Machado, a Secretária de Governo vem realizando em pequenas etapas a retirada dos trilhos da estrada de ferro que cortam a cidade para um projeto de mobilidade urbana, o projeto de requalificação viária onde é planejado uma futura instalação do sistema de BRT (Bus Rapid Transit). De acordo com o secretário, a cidade de Rio Claro atualmente não possui demanda de usuários de transporte público para a implantação do BRT em um período de curto prazo. Contudo, como afirma o secretário a cidade possui um ritmo acelerado de expansão, assim a implantação de um BRT no futuro se mostra como uma estratégia pautada e viável. Assim com o planejamento da uma via que comporte o BRT, a mobilidade urbana na cidade está sendo planejado. Junto dessa via, ciclo faixas estão incorporadas no projeto, assim como pontos de embarque e desembarque de passageiros, além de mobiliários urbanos e sinalização adequada. Vale destacar que a via planejada pela secretaria de governo apresenta uma intima relação com o sistema rodoviário da mesorregião, desse modo, com a concretização desse projeto o usuário de outras cidades que visitarem rio claro terão um acesso fácil e rápido. Outra característica de destaque é que no praticamente no meio desse trajeto viário está a área de proposta desse trabalho, junto com a estação ferroviária, demonstrando a importância desses respectivos espaços. Por fim também é pensado pela secretaria de governo a revitalização da área das oficinas, para a construção de um parque com maior relação com o usuário dessa área, porém incialmente sem relação alguma com o patrimônio e edificações existentes no terreno. Abaixo são apresentadas algumas imagens cedidas pela secretaria de governo que retratam esse projeto: Projeto de Revitalização. Fonte: Secretária de Governo (Prefeitura de Rio Claro)

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Apêndice A Abaixo é apresentada a malha ferroviária da Fepasa em 1977, que demonstra a configuração mão espalmada das linhas férreas que cortam o estado. Fonte: Fepasa

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Apêndice B Semelhante aos containers, os vagões ferroviários apresentam bons espaços que permitem a possibilidade intervenções e requalificações. Nas atividades ferroviárias haviam diversas tipologias de vagões, assim esses equipamentos se requalificados podem vir a tornar espaços interessantes e possam contribuir para uma maior sustentabilidade e preservação de uma parte do desenvolvimento do estado. Abaixo são apresentadas algumas fotos desses vagões, pra ilustração e exemplificação desses espaços que podem sofrer intervenção. Vagões. Fonte: Acervo Histórico Municipal. Vagão Restaurante

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Vagão Sala Social

Vagão Passageiro

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Vagรฃo Dormitรณrio

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