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Seja Bem Vindo!


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lá esse é um trabalho de conclusão do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Todelo Prudente, meu nome é Bruno Gonçalves Mortensen, e nas próximas páginas irei apresentar um pouco desse trabalho que é o projeto de um co-living (uma moradia compartilhada) com a técnica construtiva da Bio-Construção. Se você chegou aqui sem ter lido a primeira parte do projeto, aquela parte teórica, seria interessante conhecer, lá eu explico um pouco melhor sobre a técnica construtiva, sobre o que é um co-living, etc. Mas vamos lá...


Ao diagramar essas páginas, pensei em como eu poderia me conectar a você, de uma maneira em que além de analisador, leitor e espectador, você pudesse ser um colaborador imaginativo do projeto. Já que cada pessoa tem suas próprias experiências de vida, por que não juntar sua criatividade com a minha e fazer algo novo?

Por isso preferi restringir as palavras ao mínimo necessário para compreensão, e introduzi, inúmeras imagens que de certa forma contribuíram para tomada de decisão e guiaram o projeto até sua versão final... Minha pretensão é que o projeto seja mutante, e que desperte sentimentos e sensações diferentes a quem tiver contato com ele. Por isso peço que respire fundo, vire a página, vá com calma, aprecie as imagens, deixe que suas emoções ajudem a construir o projeto, e juntos construiremos ao longo das páginas a nossa versão final. Estamos prontos? Então vamos lá!


JUNTOS “Ser independente é uma bobagem que a gente inventou, esse negócio de valorizar muito a independência a autossuficiência, ser o bastante e não precisar de mais ninguém, é uma bobagem”

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out Jout em seu podcast da GNT diz que nessa quarentena vivendo junto com 8 amigos tem aprendido que é besteira esse negócio de não depender de ninguém, ela aponta que saber se virar sozinho é importante, mas essa valorização da independência o não preciso de ninguém, acaba nos fazendo perder algo legal que é você poder contar com as outras pessoas, e de aprender coisas novas com elas. Ser independente é uma vida muito solitária! Por exemplo: Você não sabe fazer feijão, daí tem alguém que gosta


de fazer e sabe fazer feijão, então essa pessoa pode ficar encarregada de fazer o feijão. Quando todo mundo foca na tarefa que tem mais facilidade, todo mundo faz coisas facilmente que são boas para o todo, um ajudando o outro. Com esse exercício ela pode reconhecer de qual forma ela poderia melhor contribuir com o grupo, pois ela diz ser acostumada a reparar mais no que ela não sabe fazer, que tem mais facilidade de identificar onde ela não contribui do que onde ela contribui. Diante dessa experiência ela pode perceber a alegria de saber: “Que não é o fato de você depender de alguém, mas que você pode contar com esse alguém, e que esse alguém pode contar também com vc... onde ela faltar, você estará lá para preencher, onde faltar em você ela vai estar lá para preencher”. Resinificar a independência, segundo Jout Jout é o tipo de coisa que quando você aprende, é como se você resolvesse um problema raiz, que quando é resolvido, vários outros tantos problemas cotidianos apenas desaparecem. No livro A Cidade ao Nível dos Olhos diz que o conceito de conectar os espaços entre o que é público e o que é privado são chamados atualmente de plinth. Plinths são geralmente os andares térreos dos prédios, onde que através do projeto o público, a rua, se conecta ao espaço privado. É um conceito de espaços semipúblicos ou híbridos, que são justamente as calçadas em frente aos prédios, ou espaço cedidos da própria edificação, que convidam as pessoas a interagirem esses espaços. Muitas vezes podem ser bancos, pequenas mesas, vasos com plantas ou até mesmo bicicletários. Um artigo de 2013, da ONU-Habitat expõe que as pessoas se afastam intuitivamente de lugares vazios e sem interações. Elas estão sempre a procuram conexões. No artigo na Pluris A CIDADE SEGREGADA POR MUROS de 2016, expõe que os condomínios fechados são uma tendência cada vez mais presente nas cidades brasileiras. Porém, a falta de interação no entorno desses empreendimentos tem causado grande impacto negativo na vida urbana, os longos perímetros murados fazem do caminhar nas ruas uma tarefa pouco segura e monótona. Jane Jacobs afirma que ruas movimentadas garante maior sentimento de segurança, enquanto ruas desertas, não. Ela adverte que deve sempre haver movimento nas calçadas. Além disso é necessário promover o contato e a interação entre a rua e a edificação. Para garantir a segurança dos moradores e dos transeuntes, os edifícios devem ter os “olhos” voltados para a rua. Quantos lugares conhecemos na cidade que são repletos de pedestres durante o dia, mas à noite tornam-se locais desertos, onde evitamos passar?




CAMINHOS

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o caminhar pela cidade ao redor do centro no horário comercial, me sinto seguro e entusiasmado, vejo vitrines, pessoas e animais, passo em uma sorveteria pego um sorvete, me sento em um banco em baixo de uma arvore, me sinto tranquilo e satisfeito. Ao cair da tarde, a noite se aproxima, caminho pelo parque do povo, na altura próxima a Avenida Brasil, não vejo muita gente por ali, e o local está ficando escuro e vazio, já me espreita uma certa desconfiança, não me sinto mais tão seguro, meus passos são mais largos e apressados e meu olhar mais desconfiado... ao chegar próximo à avenida da saudade, percebo a cidade mais iluminada, várias pessoas se exercitando, passeando com seus cachorros, jovens andando de skate... fico distraído, o transito é intenso, nos quiosques lotados me sinto seguro novamente, continuo minha caminhada mais animado. Sigo em direção aos edifícios mares do Sul, já é de noite, há pouquíssimos pedestres, mas muitos veículos, passo na frente do condomínio João Paulo II. Muros, grades e portarias, me sinto um intruso, não moro ali, parece que eu não deveria estar ali, sinto quase como estivesse sendo expulso daquele lugar, nem há muita calçada para caminhar, há tantas entradas e saídas de veículos, mas eu estou a pé... circulando o condomínio, nas costas da UNESP, de um lado muro, do outro lado grade, no muro do condomínio, cerca elétrica e espinhos, os postes não iluminam muito bem, não passa ninguém além de carros com seus faróis altos, me sinto desolado, inseguro... a luz de um dos postes apaga, tudo fica escuro e assustador, tenho vontade de correr, não me sinto seguro, não tem nada pra ver, nada pra interagir. Aperto o passo até chegar em um campinho do jardim Icaray, alguns meninos jogam futebol, tudo está bem iluminado, algumas crianças no parquinho, me acalmo e mr sinto alíviado, olho para o celular tranquilo, pronto já é hora de voltar para casa.


Refletindo sobre minha caminhada percebo que os lugares onde me senti mais tranquilo, seguro e interessado foram os lugares que haviam pedestres, lugares onde havia interações, onde eu poderia me conectar de alguma forma aos espaços ou as pessoas, onde eu era bem-vindo e os lugares que eu me senti mal e com medo foram os lugares desertos de gente, onde de alguma forma eu era repelido, excluído...





O PARTIDO


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ara o processo de busca do partido do projeto, procurarei expressar de diferentes formas o sentido da palavra conexão. Conexão entre os moradores do edifício e também com os vizinhos, conexão com o entorno, conectar-se a cidade, a quem ali transita. Que o próprio material construtivo se conecte com a natureza e com o solo onde será implantado, que as áreas também se conectem. Pretendo que a forma do edifício expresse o sentido literal e subjetivo dessa palavra da melhor maneira que meu estudo, pesquisa e repertório puderem manifestar-se.





PROGRAMA DE NECESSIDADES Pensando no programa de necessidade e levando em conta o significado da palavra conexão e o conceito de co-living, previamente estudado no TC1, chego ao seguinte resultado:

Unidade particular: - 08 Dormitórios - 08 Banheiros - 08 Guarda pertences - 08 Estações de trabalho individuais

Área compartilhada: - Cozinha - Refeitório - Horta - Banheiro - Área de convivência - Área técnica - Churrasqueira - Jardim - Estação de trabalho compartilhada

Espaço Público: - Jardim - Área de descanso - Incorporar o ponto de ônibus existente - Criar parklet com foodtruck


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programa de necessidade foi dividido em 3 grupos: A unidade particular seria o local onde há acesso restrito apenas ao indivíduo residente, essa unidade deverá compor de um dormitório, banheiro particular, armários para guardar roupas e pertences e uma estação de trabalho. A área Compartilhada é o local onde todos os moradores possuem acesso livre, além dos moradores, a área compartilhada pode receber acesso de convidados dos moradores e ou de serviços como limpeza e manutenção. Essa área compõe, uma cozinha ampla para preparação de alimentos simultâneos, refeitório, espaço de convivência, horta, jardim, banheiro social e área técnica. Á área técnica é composta do sistema de tratamento biológico de esgoto, composteira, etc. Já o Espaço Público é o local em torno da edificação (dentro do lote) destinado ao acesso público de qualquer pessoa, esse espaço tende a se fundir com os espaços públicos como a rua e a calçada, através de interações com o paisagismo e o mobiliário, áreas de permanência, descanso e abrigo da chuva, também há a intenção de apadrinhar o ponto de ônibus que existe na frente do terreno e deixa-lo mais convidativo e confortável. Na análise do programa de necessidade ficou definido que no empreendimento não haverá espaço para guardar automóveis ou motocicletas, haverá um espaço para acomodar bicicletas e afins. Foi julgado que incorporar uma garagem ao edifício, iria contra o estilo de vida que se pretende criar com a moradia e com o seu público alvo, foi constado que o uso de meios de transportes não poluentes como a bicicleta, ou o uso de transporte público ou até mesmo o transporte via aplicativo ou taxi, é mais viável para os moradores desse local.




FLUXOGRAMA


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e acordo com a pesquisa prévia (TC1), constatouse que em um coliving não deve haver hierarquia entre os moradores, pensando nisso e na autonomia e praticidade dos mesmos foi proposto um fluxograma onde cada unidade particular teria acesso ao espaço público, ou seja, cada unidade particular possui um acesso direto à rua. Cada unidade particular também possui acesso direto a área compartilhada, e também foi necessário criar um acesso direto entre o espaço público com a área compartilhada caso haja a necessidade de acesso de algum serviço ou manutenção para que os mesmos não invadam nenhuma unidade particular.




Estrutural e Forma

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ara promover segurança e viabilizar a construção, com a técnica escolhida, a forma dependia da estrutura, ou seja, o hiperadobe como apresentdo no TC1, é uma construção de terra, que recebe muito bem as solicitações de compressão, porém não suporta esforços de tração. Analisando as obras existentes em hiperadobe e superadobe, pode-se observar que elas tinham características semelhantes como no exemplo abaixo


Cúpulas, paredes sinuosas, características orgânicas e rusticidade, também, foi observado que quando se pretendia fazer uma cobertura ou uma abertura reta, seria necessário o uso de outros elementos para dar sustentação as forças de tração, usam, bambu, madeira, aço ou até concreto armado. Também foi percebido que o estilo das maiorias das obras feitas com essa técnica possuía características bastantes vernacular. Mesmo sabendo da importância cultural da arquitetura vernacular que imprime um saber que é passado de geração em geração. A intenção que eu procuro para do projeto era atribuir a obra elementos arquitetônicos que poderiam ser melhor identificados como uma forma de arquitetura acadêmica. Lembrando das aulas de história da arte e história da arquitetura o que veio primeiro a memória quando penso em arquitetura acadêmica é na arquitetura clássica, um estilo que vejo não só nos livros, mas também nos edifícios da atualidade Aprofundando em sua história a arquitetura clássica em sua origem não possuía aço em sua estrutura, e para vencer grandes vãos com o uso de pedra e cimento por exemplo eles utilizavam um elemento arquitetônico e estrutural que só recebia esforços de compressão. Esse elemento é o arco. Diante disso julguei ser interessante ligar o hiperadobe que é muito bom em resistir esforços de compressão com o elemento arco, que através de sua forma transmite apenas esforços de compressão. O arco pode ser definido como um elemento estrutural curvo que transmite seu peso próprio e as sobrecargas a dois apoios, por meio apenas ou principalmente de esforços normais simples de compressão (Torroja, 1960; Engel, 1981; Salvadori apud Silva e Souto,2000).








Ao aprofundar na história da arquitetura clássica afim de entender melhor os elementos arquitetônicos e estruturais que proveram do arco. Me deparo com a Arquitetura Românica Os romanos criaram estruturas duráveis de grandes vãos utilizadas até o século XIX (Cowan, 2004). A utilização do potencial estrutural dos arcos, desenvolveram abóbadas de berço e de aresta em sua arquitetura, elementos derivados do arco. Para a técnica construtiva do arco, assim como da abóbada de berço os romanos utilizavam uma estrutura em madeira temporária, para dar apoio e garantir o bom funcionamento do elemento.

Voltando as construções atuais de hiperadobe e superadobe identifico que o arco é uma solução já bastante viável. Exemplos:


Diante dos dados apresentados a identidade estética que pretendo imprimir na obra são das runas arquitetônicas, que parece imprimir harmonia diante do seu entorno natural.

As ruinas me passam o sentimento que desejo aplicar na obra, da arquitetura em equilíbrio com a natureza, sinto que através dessas fotos, tanto a arquitetura quanto a natureza encontraram uma forma de se conectar através do tempo, como se elas sempre estivessem juntas, sem uma competir com a outra, uma se apoiando a outra.




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ara desenvolver a estrutura, propõe-se a criação de um gabarito de madeira para apoiar os sacos de hiper-Adobe para formar as Abobadas de Berço formando um elemento que dei o nome de túnel. Ao chegar nesse elemento variando as dimensões do gabarito, é possível conectar uns aos outros promovendo uma arquitetura modular. O Intuito foi conectar os conceitos de arquitetura modular, arquitetura clássica e bioconstrução, seguindo o partido previamente proposto.





Unidade Particular

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ara desenvolver a planta, parti das mesdidas de uma unidade particular, ela deveria respeitar as tecnicas construtivas estabelecidas e conter uma cama, estação de trabalho, local de armazenamento de roupas e pertences além de um banheiro com chuveiro, pia e bacia sanitária, uma boa circulaçã também foi levado em conta





Distribuição da planta

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m verde está representado os limites do terreno e a parte destinada a área pública, em vermelho represento a unidade particular, já o espaço em amarelo simboliza o espaço compartilhado entre os moradores.

Veja que no primeiro momento eu apenas dispús as 8 unidades no terreno. Já na figura 2 eu percebo que se espelhar as unidades pede-se menos espaços com o terreno, e ja é possível que todas as unidades tenham acesso a fachada


Porém as unidades estavam ficando grudadas umas as outras, era preciso separalas para uma melhor ventilação e circulação. Na figura 3 promovo acessos direto a a rua as 8 unidades.

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Distribuição definida Na fugura 4 acrescento mais duas cores ao diagrama, a cor laranja que simboliza as áreas de tranzição (entre público e privado) e as áreas azuis que demarcam as áreas técnicas de tratamento de esgoto e resíduos.


Setorização


Acessos



Ponto de Ônibus


Planta Definida


Caixa D’água




Insolação Inverno


Verão


Aproveitamento da energia Solar






Paisagismo






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