O paradoxo de Fermi

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ano 16 - edição 00 | setembro de 2018

revista corpo da matéria CURSO DE JORNALISMO PUCPR

Chamada capa Officia que ent qui quia quid utem faciam, corrorpost quat velectia audaectores molupta


O paradoxo de Fermi Encontrar aliens pode ser o nosso fim – ou um corajoso começo

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Bruno Talevi

emos muitas estrelas no universo. Muitas muitas mesmo. De verdade. MUITAS. Só não temos sinais de vida externa. Foi isso que pensou o físico Enrico Fermi – matematicamente falando da nossa galáxia, de 100 bilhões (estimados) de estrelas que poderiam abarcar vida, teríamos em torno de 1 bilhão de planetas como a Terra e, especulando, 1% destes seria 100,000 civilizações inteligentes. E para piorar nossa procura, o planeta em que vivemos é relativamente “jovem” considerando o tempo do universo. Ou seja, desenvolvemos nossa sociedade em pouco tempo – tempo suficiente para que outras civilizações pudessem se desenvolver (até mais do que a nossa). Mas onde estão todos eles? Esse é o Paradoxo de Fermi. Ele não tem respostas, apenas especulações. The New York Public Library

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Possível Explicação 1: simplesmente não existe. Estamos sozinhos no universo.

Essa explicação é baseada na teoria do Grande Filtro. Em algum ponto no desenvolvimento, existe uma barreira que evita que a vida se desenvolva a esse ponto. Essa teoria pinta um panorama sombrio: ou somos raros, ou somos os primeiros. Ou somos os últimos. E olhando dessa forma, talvez encontrar vida externa seja um grande problema. •Somos raros: já superamos o grande filtro, o que significaria que é bastante raro para vida chegar no nosso nível de inteligência, e que também temos esperança. Esse filtro pode ser o começo da vida (por exemplo, a mitocôndria), e a Terra seria um planeta raro, com sorte. •Somos os primeiros: tivemos a sorte de coexistir num tempo de universo que permite o desenvolvimento da nossa inteligência. Nós e outras espécies estamos atingindo o momento de desenvolver contatos, apenas não aconteceu ainda

por uma questão de timing. Um exemplo seriam os bursts de raio Gamma, permitindo uma transição. •Somos os últimos: o grande filtro é o nosso futuro. Encontrar escombros de uma sociedade que morreu como a nossa seria a pior coisa que poderia acontecer – significaria que uma grande tragédia nos espera. Seria apenas uma questão de tempo até que nós nos destruamos. A descoberta de vida em Marte cortaria diversas possibilidades de Filtro. Um exemplo seria o uso de todos os recursos do planeta para avançar – e ao mesmo tempo, destruindo o planeta.


Possível explicação 2: vida, na verdade, existe. E há razões bem lógicas para o porquê não termos encontrado.

Passado o pessimismo do Grande Filtro, os defensores dessa explicação não acham que a Terra é única. Ela, na verdade, é bem medíocre. Assim como nossa tecnologia e capacidade de captação.

•Vida super-inteligente pode muito bem já ter visitado a Terra, e agora não tem mais nada para ver por aqui. O contato dessa super-vida pode ter existido antes de nós (afinal, nós existimos por aqui apenas há 50 mil anos, e registros de inteligência apenas 5,500 anos). •Nós vivemos em uma parte bem distante do centro da galáxia, como se fosse uma área rural desinteressante a uma super-vida colonizadora. •O conceito de colonização pode ser bastante “medieval” para espécies avançadas – sua super-inteligência pode ter descoberto uma forma de absorver toda a energia da sua estrela e não teriam motivo para sair do conforto do seu sistema solar. Podem também ter chego num nível de tecnologia que a ideia de um mundo físico é extremamente primitiva: eles

fizeram um paraíso de vida eterna virtual. •Podem existir civilizações predatórias e brutais lá fora, e vidas inteligentes preferem se esconder. E nós, mandando todas as nossas emissões para fora, estamos vulneráveis. Carl Sagan, astrofisicista, já disse que é melhor primeiro ouvir e aprender antes de gritar numa floresta desconhecida.

E O QUE SOBRA? Sinceramente? Não sei. Ao mesmo tempo que é seguro comemorar a possibilidade de que não exista vida (e celebrar a nossa unicidade quase heliocentrica), é decepcionante imaginar que estamos sozinhos nesse vasto e inexplorado universo (em toda nossa mediocridade). E isso fala muito da nossa existência como humanos – a ideia de uma extinção em massa (pelo Grande Filtro) torna a solidão algo positivo. E a ideia de que “não somos inteligentes o suficiente” é motor suficiente para que essa busca continue, buscando crescer e provar que somos sim inteligentes, mesmo podendo encontrar uma forma de vida muito mais poderosa do que a nossa. Existe algo mais humano do que isso? Daniel Olah

•Também pode existir uma civilização superpredatória que elimina todas as outras possibilidades de inteligência. •Nossa tecnologia pode simplesmente ser muito primitiva – como uma formiga em uma autobahn – para perceber o que está ao nosso redor. •Podemos ser apenas um zoológico para vidas superiores à nossa, com uma política de “afastamento”

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