Exportações: Novos tipos de barreiras podem gerar US$ 46 bi de prejuízos, revela estudo DIVULGAÇÃO
Barreiras comerciais disfarçadas de medidas contra aquecimento global são usadas para frear concorrência do Brasil no exterior; setor produtivo pede por ações coordenadas de defesa das exportações
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pós desempenho abaixo do esperado em 2020, a venda de mercadorias brasileiras no mercado internacional pode ser comprometida em até 22%, este ano, e os setores produtivos estimam prejuízos de mais de US$ 46 bi por causa de barreiras comerciais recém-criadas no exterior e, segundo especialistas, “disfarçadas” de boas intenções. A perda é prevista no estudo Novas Barreiras e Tendências no Comércio Internacional, publicado recentemente pela CNI. O documento alerta para novas formas de protecionismo praticadas no exterior para taxar ou barrar produtos brasileiros no mercado internacional. As novas especificações têm fachadas nobres, motivos justos e necessários, como a promoção da produção sustentável, mas em verdade têm objetivos de frear a concorrência no comércio internacional. Nesse cenário os produtos brasileiros passam a ter dificuldades de entrada em países como Estados Unidos e da União Europeia. “Essas novas formas de barreiras criam desafios adicionais para as exportações brasileiras. Porque elas têm de um lado objetivo que é legítimo e é procurado pela própria indústria brasileira, de sustentabilidade, de respeito ao meio ambiente, mas, ao mesmo tempo, são barreiras disfarçadas. Então, por atrás de um objetivo legítimo acabam criando gargalos e discriminação para as exportações brasileiras”, diz Constanza Negri, Gerente de Diplomacia Empresarial e Competitividade do Comércio da CNI. As barreiras comerciais surgem por influência dos consumidores dos países importadores e são adotadas pelo setor privado sem, sequer, passar por avaliações técnicas ou comprovações científicas. Mesmo assim, são regulamentadas por leis locais. Não ferem acordos internacionais de comércio, mas exigem “de um dia para outro”, uma revolução no processo produtivo.
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“Esse, eu diria, é o ápice da consequência que a gente precisa reverter. Você pode ter altos padrões de sustentabilidade, a indústria tem uma alta exigência em termos de requisito sustentabilidade, mas isso não é sinônimo para você usar esses padrões como desculpa para fechar mercados”, completa Constanza Negri. O estudo As Novas Barreiras e Tendências no Comércio Internacional mostram que as atuais relações de compra e venda, de produtos agroindustriais no exterior, estão indo além dos acordos, leis e regulamentos do mercado internacional. Elas impõem grande número de medidas protecionistas disfarçadas por objetivos legítimos. A maquiagem é boa porque esconde a ação protecionista e inibe críticos que, quando corajosos por esclarecimentos, amargam o constrangimento injusto de serem avaliados como contrários às medidas de proteção do meio ambiente, por exemplo. O temor dos setores exportadores é a instituição permanente dessas novas barreiras no mercado internacional. Barreiras O estudo publicado pela CNI elege cinco tipos de novas barreiras comerciais, que juntas podem influenciar negativamente as vendas de todo setor produtivo do país. A primeira modalidade de novas barreiras surge dos padrões privados e das iniciativas de mercado. As medidas são numerosas porque são criadas voluntariamente pela iniciativa privada dos países desenvolvidos gerando dúvidas e custos adicionais aos exportadores. As barreiras, por serem novas, pressionam os produtores. A busca por financiamentos para os investimentos de adequação às normas au-