Economia Negócios REVISTAPORTUÁRIA
Edição OUTUBRO/2021 / Ano XXIIII
R$ 50,00
TEMPOS NEBULOSOS!
Sem municipalização, Itajaí vai ficar a ver navios!
Marcos Porto
Economia&Negócios • Edição OUTUBRO/2021 • 1
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EDITORIAL
ISSN - 1981 - 6170
Única alternativa para o Porto de Itajaí é decisão política!
ANO 24 EDIÇÃO OUTUBRO/2021 Editora Bittencourt Rua Anita Garibaldi, 425 | Centro | Itajaí Santa Catarina | CEP 88303-020 Fone: 47 3344.8600 Direção: Carlos Bittencourt carlos@bteditora.com.br | 47 9 8405.8777 Presidente do Conselho Editorial: Antonio Ayres dos Santos Júnior Diagramação: Solange Maria Pereira Alves (0005254/SC) solange@bteditora.com.br Capa: Foto: Marcos Porto Contato Comercial: Sônia Anversa - 47 9 8405.9681 carlos@bteditora.com.br Para assinar: Valor anual: R$ 600,00 A Revista Portuária não se responsabiliza por conceitos emitidos nos artigos assinados, que são de inteira responsabilidade de seus autores. www.revistaportuaria.com.br twitter: @rportuaria
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Ronaldo Silva Jr
O
Secretário Nacional dos Portos e Transportes Aquaviários, Diogo Piloni, disse durante audiência da Comissão de Infraesturura do Senado, realizada dia 26 de outubro, em Brasília, que os Portos do Paraná e do Rio Grande do Sul tiveram seus contratos de delegação renovados, mesmo antes do término, por decisão política do Governo Federal. Essa afirmação deixou os senadores e a deputada Angela Amin, presidente da Frente Parlamentar Catarinense, indignados com o Governo Federal por conceder esta renovação aos dois estados e insistir num modelo de privatização total para o Porto de Itajaí, num total desprestígio ao estado de Santa Catarina. Na opinião dos políticos, não se pode usar dois pesos e duas medidas. Se Paraná e Rio Grande do Sul tiveram seus modelos de gestão antigos renovados por mais 30 anos, por que o mesmo não pode acontecer com o Porto de Itajaí, que nos 25 anos que esteve nas mãos do município, mostrou competência de gestão, com sucessivos recordes de movimentação? Na realidade, a Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários não tem nem mesmo um modelo de privatização pronto. Apenas tem a intenção de privatizar as operações portuárias e a autoridade portuária. O problema, é que isso seria outorgado a uma só empresa vencedora, que teria as duas funções. Além de possíveis entraves jurídicos, comuns nessas licitações, é necessário observar o tempo necessário para uma nova empresa se instalar para operar os quatro berços, considerando estrutura física e de gestão. No mínimo três anos a partir de 2023. Se isso ocorrer, o que acontecerá com o Porto de Itajaí nesses três anos que a nova empresa vencedora da licitação estiver se instalando? O Porto de Itajaí não poderá receber navios, pois não terá portêineres e transtêineres para movimentação. Os armadores e usuários, diante de tanta insegurança jurídica, irão migrar para outros portos, e a economia do município ficará com prejuízos incalculáveis! Quem defende a privatização total do Porto de Itajaí quer mesmo esse futuro nebuloso para os trabalhadores portuários e a economia do município?
Sumário
Marcos Porto
10. CAPA. Decisão é política!
Renovação imediata do contrato de delegação municipal é a única alternativa para salvar a economia de Itajaí 6. ENTREVISTA: Inovação: 5 perguntas para Daniella Ribeiro 8. Pesquisa apontando que indústrias que investiram em tecnologia nos últimos anos aumentaram produtividade e lucro 14. FIESC reconhece industriais com a Ordem do Mérito Industrial 18. Tufões e ciclones intensificam a crise logística internacional
21. Análise econômica da SDE aponta estabilidade no crescimento do estado 22. Falta de insumos e custo de energia prejudicam indústria, aponta CNI 24. Plano do Governo Federal traz alternativas para desenvolver transporte nacional até 2035 29. Complexo Portuário registra crescimento de 23% na movimentação de contêineres
19. Presidente da Epagri entra na lista da Forbes das 100 mulheres poderosas do agro
32. Portonave comemora 14 anos de operação
20. Com R$ 1 bi em VGV para os próximos quatro anos, J.A. Russi tem comando feminino
33. Portonave recebe o Prêmio Empresa Cidadã 2021 da ADVB Economia&Negócios • Edição OUTUBRO/2021 • 5
Entrevista: DANIELLA RIBEIRO
Inovação: 5 perguntas para Daniella Ribeiro A senadora Daniella Ribeiro (PP-PB) falou sobre suas expectativas no cenário da inovação no Brasil e como o Congresso Nacional é um importante agente de mudança no fomento às políticas públicas de inovação. Daniella é ex-presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) do Senado Federal. Confira a entrevista: Como a senhora avalia as atuais políticas de inovação no Brasil? DANIELLA RIBEIRO - Precisamos avançar. Um país que inova investe em educação. A inovação é uma consequência do investimento em educação e formação. Em julho deste ano, o governo publicou resolução sobre a Estratégia Nacional de Inovação. Também houve a sanção da Lei da Política Nacional da Educação Conectada e da Lei das Startups. Em uma economia sólida, a inovação tecnológica deve ser resultado de um ambiente que produz ciência de ponta e influencia direta e indiretamente o setor produtivo, especialmente por meio dos setores de pesquisa e desenvolvimento. Verificamos, entretanto, que o modelo de desenvolvimento adotado no Brasil, nas últimas décadas, não criou condições e estímulos para que as empresas passassem a ter tais setores em suas estruturas. Essas distorções estão refletidas na produção científica do país, particularmente naquela proveniente das universidades públicas, que representam uma parcela significativa da produção nacional. Portanto, o Brasil é um país que produz ciência de fronteira, mas não consegue interagir, em um nível adequa-
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Em entrevista, a senadora Daniella Ribeiro acredita que os avanços nas políticas públicas de inovação são fundamentais para o desenvolvimento educacional brasileiro
do, com o setor produtivo. A baixa incorporação de tecnologia de ponta nos produtos torna-os pouco competitivos tanto no mercado interno quanto no externo. Também somos reféns da importação, como ficou evidente durante a pandemia de Covid-19. Qual é o caminho para o país ser mais inovador? DANIELLA RIBEIRO - Investir na educação. Os países que estão no topo do ranking de inovação são os mesmos que estão no topo do ranking da educação. Também é importante transformar o conhecimento gerado na academia em propriedade intelectual e industrial, em resolução de problemas que impactam o PIB brasileiro e em desenvolvimento econômico.
TRANSPORTE DE CARGAS FRACIONADAS E LOTAÇÕES
BRUSQUE/SC (47) 3351-5111 6
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ITAJAÍ/SC (47) 3348-3292
SÃO JOÃO BATISTA/SC (48) 3265-1311
FLORIANÓPOLIS/SC (48) 3258-5330
GUARULHOS/SP (11) 2085-4500
CURITIBA/PR (41) 3348-7000
E qual é o ponto de partida? DANIELLA RIBEIRO - Considero a educação e o incentivo à pesquisa o princípio de tudo. O país que investe em educação tem condições de aperfeiçoar tecnologias já existentes. A pesquisa é o arcabouço da construção de centros avançados de inovação. Como o Congresso Nacional tem contribuído para um Brasil mais inovador? DANIELLA RIBEIRO - A aprovação do Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação (Lei 13.243/2016) foi muito festejada, mas ainda não trouxe resultados concretos. A redução da burocracia para atividades de pesquisa e desenvolvimento, que era o mote principal da lei, não se concretizou. Até hoje as mudanças não foram incorporadas a contento no dia a dia dos órgãos de controle (como procuradorias e tribunais de contas), das agências de fomento, que financiam os projetos, ou mesmo das universidades e dos institutos de pesquisa. Aprovamos ainda o Marco das Telecomunicações, em 2019, e o Marco Legal das Startups, que disciplina a contratação pela administração pública por meio de regras específicas de licitação. A intenção é resolver demandas que exijam solução inovadora com emprego de tecnologia e usar o poder de compra estatal para promover a inovação no setor produtivo. Também foram aprovadas a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD, Lei 13.709/18), com o objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade, e, no dia 28 de agosto deste ano, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que muda as regras para o registro de patentes. O texto permite a adesão do Brasil ao Protocolo de Madri, acordo internacional para fazer o registro, em todos os países que aderirem ao tratado, com
Os países do mundo inteiro que estão no topo do ranking de inovação são os mesmos que estão no topo do ranking da educação.
um único pedido. Esse protocolo entrou em vigor no Brasil em outubro de 2019 e permite o depósito e o registro de marcas em 108 países por meio do pagamento de retribuições centralizadas na Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI). O pedido provisório ajudará os inventores a ganhar tempo para fazer novos estudos, provas de conceito e protótipos, a fim de melhorarem seus conhecimentos técnicos antes de submeter o pedido definitivo.
Quais são as suas expectativas para o cenário da inovação no Brasil nos próximos anos? DANIELLA RIBEIRO - A tríplice hélice formada por empresas, universidades e governo precisa se unir e integrar suas ações nas esferas federal, estadual e municipal, para que governo, setor produtivo e academia compreendam as necessidades e trabalhem de forma colaborativa, desde a construção das políticas públicas até os investimentos em pesquisa, ciência e inovação. Assim, o conhecimento e as soluções inovadoras para os problemas do Brasil gerarão produção científica, impacto social e desenvolvimento econômico.
FONTE: REVISTA CNI
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Pesquisa apontando que indústrias que investiram em tecnologia nos últimos anos aumentaram produtividade e lucro
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Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou um estudo, realizado pelo o Instituto FSB pesquisa, apontando que 88% de empresas industriais de médio e grande porte que promoveram alguma inovação durante a pandemia de Covid-19 obtiveram resultado positivo. Segundo os dados apresentados, 80% das companhias ouvidas registraram ganhos de produtividade, competitividade e lucratividade decorrentes de inovações. Outras 5% tiveram dois desses ganhos e 2%, um ganho. Apenas 1% das indústrias brasileiras inovou e não viu nenhum incremento em seus resultados. Com essa pesquisa, fica evidente a importância de investir em inovação com foco em produtividade, pensando não somente no lucro, mas na sobrevivência da companhia e também na geração de novos empregos. Fabio Rodrigues, CEO da Novidá e um dos maiores especialistas em produtividade no país, observa que de forma mais tática, é possível ter controle com as máquinas para aumentar a produtividade, mas com a equipe humana ainda é difícil esse acompanhamento mais próximo. Por isso é essencial ferramentas inovadoras que atuem na evolução dos profissionais, que foi um pouco do olhar das indústrias ouvidas. "Um bom ritmo de crescimento da produtividade é um elemento-chave para que países emergentes consigam alcançar a renda dos países mais desenvolvidos. Ganhos operacionais em qualquer empresa impulsionam diretamente margem, rentabilidade e, por consequência, desenvolvimento econômico, ajudando a salvar empresas e empregos", aponta Fábio. O executivo observa que nos últimos meses o Brasil perdeu diversas indústrias como Ford e LG. "O que temos que nos questionar é: por que muitas vezes a escolha na hora de fechar fábricas é no Brasil e não em ou-
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Ganhos operacionais em qualquer empresa impulsionam diretamente margem, rentabilidade e, por consequência, desenvolvimento econômico, ajudando a salvar empresas e empregos.
Fabio Rodrigues, CEO da Novidá 8
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Especialista em inovação e inclusão digital aponta que olhar para produtividade ajuda a salvar empregos e melhora economia do país
tros países? Existem diversos fatores macroeconômicos, tributários e trabalhistas nesta conta e já amplamente discutidos, mas um dos fatores decisivos e pouco debatido, frente aos demais, é certamente a baixa produtividade operacional brasileira e latinoamericana, se comparado a outros países, e isso acaba impactando a estrutura de custos das empresas de uma forma visceral. Então, o que temos que nos perguntar é como as empresas podem ser mais competitivas para além dos custos, já dados, de impostos e de financiamento? E como se tornar mais eficiente em termos operacionais?", questiona Fábio. A resposta, segundo o executivo, está em levar inovação para melhorar processos e conseguir assim entrar em uma briga competitiva com outros países. "Hoje existe um desequilíbrio muito forte entre as máquinas e o trabalho manual e por isso é tão importante que a indústria inove", aponta Fábio. O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, destacou que o caminho para o país voltar a crescer e recuperar a sua economia passa essencialmente por investimentos em inovação. "Diante do surgimento de pandemias assustadoras, como a da Covid-19, e da persistência de crônicos obstáculos ao crescimento econômico e à melhora das condições de vida da população, estimular o espírito inovador é primordial para avançarmos", afirma.
A tributação do perdão da dívida tributária ANELISE DALBOSCO – Assistente Jurídica Silva & Silva Advogados
Regulamentada há pouco mais de um ano, a Transação Tributária possibilita aos contribuintes inscritos em dívida ativa regularizarem seus débitos por meio do pagamento da dívida de forma parcelada e com descontos que podem chegar a até 50% do valor total devido. Entretanto, o tratamento tributário adequado a essa remissão (perdão) da dívida ainda é bastante discutido tanto pela Receita Federal quanto pelo Poder Judiciário. Isso porque, do ponto de vista contábil, o perdão da dívida representa redução no passivo (tributário) da empresa, o que, em tese, aumentaria seu patrimônio líquido. Assim, muito embora não haja efetivo ingresso financeiro no caixa da sociedade, o Fisco, frequentemente, entende que essa redução consiste em auferimento de receita tributável, a incidir IR, CSLL, PIS e COFINS. Contrariamente, do ponto de vista do contribuinte, não há que se falar em acréscimo patrimonial, uma vez que a definição de receita bruta seria o ingresso financeiro que integra-se ao patrimônio na condição de elemento novo e positivo, sem reserva ou condições e, por esse ponto, a remissão não poderia ser tratada como receita para fins de tributação, posto que não configura ingresso. Não obstante, existem casos em que a própria legislação que concede a remissão do débito faz menção expressa acerca da não inclusão dos valores perdoados na base de cálculo dos referidos tributos, como é o caso da lei que instituiu o antigo “Refis da Crise”, em 2009, e a “Nova Lei de Falências”, de 2020. No que concerne à Transação Tributária a lei foi omissa nesse sentido, deixando de prever a exclusão da tributação na redução do passivo. Todavia, em que pese a ausência de previsão expressa sobre a não tributação, é de se afirmar que a incidência daqueles tributos sobre o desconto percebido pelo devedor contraria o objetivo pretendido pela transação tributária, especialmente em tempos de crise econômica. No entanto, em que pese os argumentos e fundamentos favoráveis ao contribuinte no sentido de afastar a tributação sobre os descontos obtidos por meio da transação tributária, diante dos entendimentos distintos entre Receita Federal, CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) e o próprio Judiciário, os prós e os contras devem ser analisados antes do ingresso de medida judicial a fim de discutir antecipadamente referida cobrança.
Balneário Camboriú-SC | Itajaí-SC | Florianópolis-SC | Itapema-SC | Sinop-MT | Miami-FL
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Decisão é política! Renovação imediata do contrato de delegação municipal é a única alternativa para salvar a economia de Itajaí de prejuízos incalculáveis
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Foto: Alfa Bile
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privatização total do Porto de Itajaí como quer o Governo Federal, mesmo que ainda não tenha apresentado os estudos conclusivos da Empresa de Planejamento Logístico SA (EPL), deixa o mercado local, usuários e clientes inseguros juridicamente. Já estamos em novembro de 2021 e, segundo o cronograma de desestatização da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários (SNPTA), falta praticamente um ano para o fim da validade do contrato de delegação do Porto de Itajaí ao município, uma vez que o período de 25 anos previstos no contrato inicial encerra em 31 de dezembro de 2022. Concomitante é o encerramento da concessão de exploração do terminal de contêineres do Porto Público à APM Terminals. No entanto, se as coisas acontecerem nos prazos estipulados pela SNPTA e apresentados em Itajaí durante audiência pública realizada em 25 de agosto, a empresa ou consórcio que vencer a licitação assume a gestão do Porto de Itajaí em janeiro de 2023. Isso na melhor das hipóteses, descartando uma possível judicialização do processo, e outros entraves legais e burocráticos que são tão comuns na realidade brasileira. E, ainda hipoteticamente falando, uma empresa que assumir um porto do zero [tendo que investir em equipamentos de grande porte, adequação da infraestrutura terrestre para receber portêineres e transtêineres, incluído a instalação e eletrificação de trilhos, entre outros itens que serão necessários para os novos equipamentos], isso levará mais que três anos. E nesse interim, os armadores que operam hoje na margem direita do rio Itajaí-Açu vão migrar para outros portos. E os terminais de uso privado (TUP) Portonave e Porto Itapoá estão aqui, ao lado. Os prejuízos para Itajaí serão incalculáveis. Com a privatização, o Porto de Itajaí levaria no mínimo três anos para se estruturar novamente. E a receita decorrente de formas direta e indireta da atividade portuária [que hoje representa mais de 75% da matriz econômica de Itajaí] simplesmente desapareceria.
Volnei Morastoni, prefeito de Itajaí
É preciso levar em consideração os múltiplos interesses que circundam essa regulação, como a pesca e a construção naval.
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Entenda o caso
Somos contra o afastamento do poder decisório e o que se defende aqui é priorizar a mais importante característica de Itajaí, que encontra soluções administrativas para o Porto desde a sua municipalização.
Fábio da Veiga, gestor do Porto de Itajaí
Em 2020 o Governo Federal incluiu os estudos para desestatização do Porto de Itajaí entre os projetos prioritários do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI). O problema é que o processo que está sendo conduzido pelo Ministério da Infraestrutura através da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários (SNPTA) segue lentamente e um edital de delegação passa pela aprovação do Tribunal de Contas da União (TCU). Voltando ao cronograma da SNPTA apresentado em Itajaí, a audiência pública aconteceria em novembro deste ano e, o acórdão do TCU está previsto para abril de 2022. Vale destacar que novembro está já quase na metade e a audiência pública sequer foi agendada, e o TCU está levando muito mais tempo para emitir o acordão do leilão de desestatização da Companhia Docas do Espirito Santos (Codesa), que é o mesmo caso de Itajaí. Essa preocupação ficou muito evidente na audiência especial realizada pela Comissão de Infraestrutura do Senado, em 26 de outubro, quando parlamentares catarinenses, autoridades municipais, técnicos e gestores do Porto de Itajaí, especialistas da Universidade do Vale do Itajaí e representantes da sociedade civil organizada cobraram Governo Federal detalhes do plano de desestatização. Detalhes que ainda não existem, porque os estudos ainda não foram totalmente concluídos pela EPL. O próprio titular da SNPTA, Diogo Piloni, confirmou isso durante sua participação remota na audiência realizada no Senado. Itajaí esteve representada presencialmente na audiência pública na Comissão de Serviços de Infraestrutura, pelo prefeito Volnei Morastoni e pelo superintendente do Porto, Fábio da Veiga, junto ao presidente da Comissão, o senador Dário Berger. Os questionamentos foram feitos diretamente à SNPTA e a EPL, responsáveis pelo plano de desestatização do Porto.
Solução imediata É urgente a necessidade de manter a autoridade pública municipal, pela proximidade do fim da concessão dos berços e do convênio de delegação da autoridade portuária para Itajaí. Em todas as nossas conversas e tratativas com o Governo Federal, foi destacada a especificidade e particularidade de nosso Complexo Portuário. É preciso levar em consideração os múltiplos interesses que circundam essa regulação, como a pesca e a construção naval”, defende o prefeito Volnei Morastoni. O prefeito complementa que o Porto devolveu ao Governo Federal mais de R$ 120 bilhões em impostos federais desde a criação da Superintendência do Porto de Itajaí, com a delegação da Autoridade Portuária ao município, há 25 anos. “Somos a 12ª cidade do Brasil em arrecadação federal. É preciso perceber que tudo que é investido em Itajaí, é garantia de retorno”, finaliza Morastoni. O senador Espiridião Amin, proponente da audiência no Senado Federal [em conjunto com a Frente Parlamentar Catarinense] defendeu a operação da iniciativa privada nos berços sem perder a soberania nacional da autoridade portuária. “O que nós queremos é que o regulador seja público e permaneça em Itajaí. Não é possível dizer Mais Brasil e menos Brasília e retirar a autoridade portuária de Itajaí. Não é justo aplicar um modelo para o Rio Grande do Sul e Paraná e aplicar um segundo em Santa Catarina”, argumentou Amin. Para o gestor do porto, Fábio da Veiga, essa audiência comprovou mais uma vez que se trata de um pleito de interesse de todo o povo catarinense. “Somos contra o afastamento do poder decisório e o que se defende aqui é priorizar a mais importante característica de Itajaí, que encontra soluções administrativas para o Porto desde a sua municipalização”, defende Veiga. “Inclusive, essa expansão da área primária do porto apresentada pelo Governo Federal já era um projeto nosso e está em execução”, acrescenta. Diante do cenário que se desenha, a próxima ação do Município e da Superintendência do Porto é a elaboração do documento descritivo de todas as atribuições da Autoridade Portuária Pública Municipal, em parceria com a Univali. A descrição será encaminhada ao Fórum Parlamentar Catarinense, ao Senado e ao Governo Federal, como forma de comprovar a necessidade de se manter a autarquia municipal. Economia&Negócios • Edição OUTUBRO/2021 • 11
Os perigos da privatização
Decisão Política Durante a audiência pública realizada m Brasília, o senador Dário Berger, presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado, ficou indignado com uma das explicações do secretário Diogo Piloni, que disse que a renovação antecipada dos contratos de delegação dos portos de Paraná e do Rio Grande do Sul, anos antes de terminar, havia sido uma decisão política. Berger então salientou que, se para Rio Grande do Sul e Paraná a decisão foi política, “por que Santa Catarina está sendo discriminada pelo Governo Federal na renovação do contrato de delegação do Porto de Itajaí ao município”. Segundo Berger, “se o presidente Jair Bolsonaro teve em Santa Catarina uma das maiores votações do Brasil, e não é possível que agora ele dê as costas para as nossas reivindicações, que são justas. Já basta termos que ‘engolir’ o que fizeram com o Aeroporto de Navegantes e a nossa BR101.” No mesmo tom o Senador Esperidião Amin também se manifestou, afirmando que Santa Catarina não merece esse tratamento discriminatório por parte do Governo Federal. “Principalmente porque os impostos recolhidos pelo município de Itajaí e estado de Santa Catarina em favor do caixa federal são um dos maiores entre os estados brasileiros”. Ainda segundo o senador Amin, “se houve condições de renovar antecipadamente o convênio de delegação dos portos do Paraná e Rio Grande do Sul, que nestes estados estão delegados aos governos estaduais, também é possível fazer o mesmo com o município de Itajaí, que nestes 25 anos mostrou competência de gestão, com um grande crescimento em movimentação de contêineres.” A deputada Ângela Amin, presidente do Fórum Paralamentar Catarinense no Congresso Nacional, salientou que “mais do que nunca devemos nos unir e exigir do Governo Federal o mesmo tratamento dado aos outros estados. Santa Catarina é tão ou mais importante economicamente que qualquer estado brasileiro”, disse. 12 • Edição OUTUBRO 2021 • Economia&Negócios
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Marcos Porto
Embora o Ministério da Infraestrutura esteja irredutível com relação a privatização total do Porto de Itajaí, tanto da Autoridade Portuária quanto da operacionalização dos quatro berços [afirmando que se isso não acontecer o Porto de Itajaí será "engolido" por outros terminais privados em poucos anos], a história não está sendo bem contata, ou há interesses maiores que estão obscuros. Primeiramente, o modelo de privatização não está nem mesmo concluído e o secretário dos Portos diz que ele será colocado em consulta pública até o final do mês de novembro, para que todos possam ter acesso e, ao mesmo tempo, apresentar sugestões de mudanças. Outro ponto que chama a atenção é que o depois da consulta pública o edital tem que ser elaborado e submetido ao Tribunal de Contas da União (TCU), para que o órgão avalie todos os pontos e dê o aval legal e o processo siga em frente. Porém, não se sabe quanto tempo durará essa tramitação, principalmente levando-se em conta que o Ministério da Infraestrutura quer privatizar tanto a operação portuária, quanto da Autoridade Portuária, para somente uma empresa ou consórcio. A controvérsia que se observa é que esse modelo de privatização, em que uma mesma empresa é arrendatária das operações portuária e da Autoridade Portuária, já se mostrou ineficiente nos países que foi implantado. Seria em poucas palavras dizer que é a “raposa cuidando do galinheiro”, embora a SNPTA garanta que a regulação permanecerá a cargo da Agência Nacional dos Transportes Aquaviários (Antaq).
Por que Santa Catarina está sendo discriminada pelo Governo Federal na renovação do contrato de delegação do Porto de Itajaí ao município.
Dário Berger, presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado
Portos do Rio Grande do Sul
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O prazo de vigência inicial do Convênio de Delegação dos portos de Rio Grande, Porto Alegre e Pelotas, foi prorrogado por mais 25 anos, até 1° de abril de 2047. Isso trouxe segurança jurídica para investimentos em infraestrutura superiores a R$ 1,5 bilhão nos próximos anos. O primeiro termo aditivo ao convênio foi assinado no dia 24 de março, em decorrência da política da União de descentralizar a gestão dos portos organizados.
Portos de Paranaguá e Antonina A União renovou com o Governo do Estado o convênio de delegação para a exploração dos portos de Paranaguá e Antonina. O documento, de 11 dezembro de 2001, venceria apenas em 2026. Porém, com esta assinatura antecipada, investidores, usuários e demais parceiros têm segurança jurídica para investir nos portos por pelo menos mais 31 anos. Este é o primeiro termo aditivo do Convênio de Delegação 037/2001. Contado a partir do vencimento original, ou seja, 2026, o novo documento tem vigência de mais 25 anos. Isso significa que até 2051 os portos paranaenses seguem sob administração do Governo do Estado, por meio da empresa pública Portos do Paraná.
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Outro ponto que vem sendo discutido nos bastidores é que, com o poder de ser a Autoridade Portuária, e ao mesmo tempo, o Operador Portuário dos berços do Porto de Itajaí, qual empresa não puxaria “brasa para sua sardinha” em detrimento aos outros terminais instalados no rio Itajaí-Açu? Outra pergunta que não se cala é: “como ficarão o TUP Portonave e os outros a montante, se o novo operador der preferência aos seus navios, suas cargas?” Outro agravante, é que como a previsão da Secretaria Nacional dos Portos, se tudo correr dentro da normalidade [coisa que no Governo Federal se sabe que não funciona assim] é que o leilão de privatização total do Porto de Itajaí aconteça no segundo semestre de 2022, seis meses antes do final do atual contrato de delegação com o município e também do contrato de concessão com a APM Terminals [na melhor das hipóteses]. “Qual armador, qual empresário, a partir de janeiro do próximo ano, vai formalizar algum contrato de operação com o Porto de Itajaí, sabendo que no final do ano não haverá mais garantias [e nem condições operacionais] para que suas cargas entrem ou saiam por Itajaí?” O questionamento é fundamentado pelo fato de que, se tudo sair conforme o Governo Federal quer e a privatização aconteça no segundo semestre do próximo ano [e haja uma empresa vencedora que não seja a atual arredantária APM Terminals, que já tem um mínimo de estrutura montado] é a demora para se reequipar o Porto. “Quanto tempo essa empresa levará para se estruturar como operadora portuária, instalando novos portêineres e transtêineres?” Hoje, se alguma empresa quiser comprar um desses equipamentos, eles levam quase dois anos para serem construídos, pois não existe esse tipo de equipamento à pronta entrega. Só esse detalhe inviabilizaria a operação portuária total em Itajaí por um mínimo de 24 meses, levando operadores para outros portos e deixando o município, os trabalhadores portuários e toda a economia em total falência. É com base nesses argumentos que os meios políticos defendem a renovação do Contrato de Delegação ao município de Itajaí como a alternativa mais viável. Com o contrato renovado, a Autoridade Portuária prepararia o mais rápido possível um edital de licitação internacional dos quatro berços, fazendo com que haja segurança jurídica e uma resposta positiva ao mercado, que está completamente inseguro.
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Protecionismo
Economia&Negócios • Edição OUTUBRO/2021 • 13
FIESC reconhece industriais com a Ordem do Mérito Industrial
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Em solenidade, realizada em Florianópolis, foram agraciados os empresários Fernando Cestari de Rizzo, Gelson Dalla Costa, Júlio André Ruas Tedesco (in memoriam), Sirivaldo José Barbieri, Salézio José Martins, Ricardo Minatto Brandão, além de Vicente Donini. O diretor da Fiação São Bento, Horst Maul, recebeu uma homenagem especial pelos 76 anos dedicados à indústria.
Criada em 2000, a Ordem do Mérito Industrial de Santa Catarina reconhece, anualmente, personalidades ou organizações que tenham contribuído para o desenvolvimento da indústria
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Federação das Indústrias (FIESC) entregou a Ordem do Mérito Industrial de Santa Catarina dos anos de 2020 e 2021, durante solenidade realizada no dia 22 de outubro, em Florianópolis. Foram homenageados os industriais: Fernando Cestari de Rizzo (Tupy, de Jo-
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O excesso de burocracia e a complexidade de nossa legislação elevam o custo das empresas, que precisam manter grandes estruturas apenas para atender as obrigações normativas.
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inville), Gelson Dalla Costa (Apti Alimentos, de Chapecó), Júlio André Ruas Tedesco (in memoriam - Grupo Tedesco, de Balneário Camboriú), Sirivaldo José Barbieri (Pioneiro Baterias, de Treze Tílias), Salézio José Martins (Grupo Kyly, de Pomerode), Ricardo Minatto Brandão (Brametal, de Criciúma), além de Vicente Donini, do Grupo Marisol, de Jaraguá do Sul, que recebeu a comenda nacional, da CNI. O diretor da Fiação São Bento, Horst Maul, recebeu uma homenagem especial pelos 76 anos dedicados à indústria. A cerimônia contou com a presença de lideranças industriais e políticas do estado. Em seu discurso, o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, disse que os homenageados são exemplos incontestáveis do diferencial cultural do empresário catarinense. “Foi assim que Santa Catarina criou as bases que sustentam uma indústria pujante que, por sua vez, explica a nossa economia equilibrada, com tantos indicadores acima da média nacional, como emprego, crescimento, longevidade, entre outros”, afirmou. Ele também chamou a atenção para os impactos do Custo Brasil na economia. “O excesso de burocracia e a complexidade de
nossa legislação elevam o custo das empresas, que precisam manter grandes estruturas apenas para atender as obrigações normativas. São inúmeros funcionários dedicados a atividades que não geram valor, agregando custos e reduzindo a nossa competitividade”, declarou. Aguiar defendeu ainda a realização das reformas estruturantes. “Precisamos assegurar a realização das reformas administrativa e tributária. No caso da primeira, deve prevalecer um estado mais eficiente. Quanto à tributária, temos clareza de que a expectativa inicial é pela simplificação do sistema, mas sem abrir mão da perspectiva de redução de carga no médio e longo prazo”, completou. Ainda em seu discurso, Aguiar destacou a importância da criação de uma política industrial para o setor que permita um crescimento sustentado e contínuo. “Reforço o convite a todos os industriais que me ouvem neste momento: vamos, juntos, fortalecer este trabalho. Senhor governador e senhora coordenadora do Fórum Parlamentar Catarinense, contamos, como sempre, também com o empenho de vocês”, conclamou. O empresário Vicente Donini disse que os industriais catarinenses não esmorecem. “Não tememos os desafios que os mercados nos impõe. Apenas clamamos por um ambiente de negócios menos hostil, formal e com total equidade de tratamento fiscal. O ambiente de negócios requer de nossos governantes mais assertividade em suas ações, maior harmonia entre os poderes constituídos, menos letargia e extremismos”, declarou, ressaltando que é preciso resiliência e determinação
para enfrentar os grandes desafios que 2022 prenuncia. Ao falar em nome dos homenageados com a comenda estadual, Fernando de Rizzo destacou a ousadia, o pioneirismo e a liderança dos fundadores da Tupy, e destacou o trabalho visionário de Hans Dieter Schmidt. “Determinação, dedicação à pesquisa e ao desenvolvimento, inovação, trabalho duro e preocupação com o desenvolvimento das pessoas fazem parte da nossa cultura. E a cultura da Tupy espelha também a cultura catarinense”, afirmou. Ele também ressaltou que não são poucos os desafios para se ter uma indústria forte no Brasil. “E não existe indústria forte sem energia barata e abundante, sem infraestrutura, sem acesso a equipamentos e sem impostos simplificados, justos e compatíveis. A forte indústria que temos em Santa Catarina exporta muita tecnologia, produtos de qualidade e conhecimento, mas exporta também impostos”, alertou. "É um espaço para honrar a indústria catarinense e aqueles que empreendem e estão construindo um estado forte, que tem despontado no cenário nacional como o maior gerador de empregos e que cresce três vezes mais do que a média brasileira", afirmou o governador Carlos Moisés da Silva. Ele destacou ainda que a prioridade do governo são os investimentos em infraestrutura. “Os novos comendadores são a essência, a reafirmação da diversidade da indústria catarinense. A todos os homenageados o respeito e a estima do sistema indústria brasileiro. Empresários como os que receberam a comenda são responsáveis pela pujança da economia do
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estado, pela modernidade das empresas e pela diversificação da indústria”, disse Amaro Sales de Araújo, chanceler da Ordem do Mérito da CNI. Criada em 2000, a Ordem do Mérito Industrial de SC reconhece, anualmente, personalidades ou organizações que tenham contribuído para o desenvolvimento da indústria.
Conheça um pouco da história dos homenageados Fernando Cestari de Rizzo: é CEO da Tupy, multinacional brasileira do segmento de metalurgia, sediada em Joinville. É formado em Engenharia Mecânica pela FAAP, com MBA na Indiana University e especializações na FVG e Stanford School of Business. O executivo iniciou sua carreira na Companhia como estagiário, liderou áreas como a Engenharia, Planejamento, Marketing, Vendas e Manufatura. Em 2004, tornou-se vice-presidente da área de Vendas e Marketing. Em 2012, passou a vice-presidente da Unidade de negócios automotivos, responsável pela maior parte do faturamento da Empresa. Com cerca de 30 anos de carreira, tem amplo conhecimento sobre o negócio e teve contato com toda a cadeia de valor da Tupy. Sob sua gestão, em 2021, foi concluído o acordo para a aquisição das operações de componentes estruturais em ferro fundido do Brasil e de Portugal da Teksid, subsidiária integral da Stellantis. Além de Joinville, a Companhia tem unidades no México e em Mauá (SP), além de escritórios nos Estados Unidos e Alemanha. Gelson Dalla Costa: Natural de Quilombo, Gelson Dalla Costa é filho de agricultores e saiu de casa aos 15 anos para estudar. Formou-se técnico em agropecuária e iniciou sua carreira profissional na Aurora Alimentos, empresa na qual trabalhou até 1985 quando fundou a Apti Alimentos, em Chapecó, junto com os sócios Hugo Biehl, Crusvaldino Mezalira e Adair da Silva (in memorian). Hoje a companhia emprega 600 profissionais, tem faturamento anual superior a R$ 450 milhões e atua no Brasil e no Mercosul. A Apti, que também tem uma planta em Araras-SP, fabrica produtos como achocolatados, refrescos e sobremesas. Gelson também é vice-presidente do Sindialimentos, foi vice-presidente da Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC) e presidiu o conselho deliberativo da Associação Chapecoense de Futebol. Tem um reconhecido trabalho voluntário na comunidade. Desde 2005 ele integra a direção da Associação Hospitalar Lenoir Vargas Ferreira, entidade filantrópica que administra os hospitais Regional do Oeste e da Criança, ambos em Chapecó, e o Nossa Senhora da Saúde, de Coronel Freitas. É presidente do conselho delegado de administração do hospital regional e presidente do conselho deliberativo da ACIC. Júlio André Ruas Tedesco: (in memoriam): nascido em Caçador em 1948, Júlio André Ruas Tedesco mudou-se para Porto Alegre em 1962, cidade em que cursou o segundo grau e, posteriormente, formou-se em administração de empresas na Unisinos, em São Leopoldo. Ele passou a atuar nas empresas da família em 1962, tornando-se administrador do grupo em 16 • Edição OUTUBRO 2021 • Economia&Negócios
1975, assumindo a presidência três anos depois, com o falecimento do pai, Normando. A família Tedesco deu início aos negócios em Caçador na década de 1930. Atualmente, possui unidades de negócios nas cidades de Caçador (divisão de celulose e papel e divisão de sacos industriais, reflorestamento e fazendas) e em Canoas (divisão de embalagens de papelão ondulado). A empresa possui produção própria de energia elétrica em quatro usinas hidrelétricas situadas nos municípios de Caçador e de Irineópolis (SC). Em Balneário Camboriú, os negócios incluem a Tedesco Marina Garden Plaza, o Parque Unipraias Camboriú, o Barco Pirata, a Tedesco Marina e o Atracadouro Barra Sul, responsável pela recepção de navios de cruzeiro. No total, o grupo emprega mais de 2,6 mil colaboradores. Júlio também presidiu por dois mandatos SINPASUL e foi conselheiro do SINPESC. Júlio faleceu aos 73 anos, no dia 19 de fevereiro de 2021, em Porto Alegre. Sirivaldo José Barbieri: nascido em 1960, Sirivaldo passou a infância no interior de Treze Tílias. Mudou-se para a cidade em 1978 quando começou a trabalhar num posto de combustível como frentista, lavador e borracheiro chegando à gerência. Mas sua história no empreendedorismo se iniciou em 1988 quando alugou três postos de combustíveis no Paraná. Em 1993, ele retornou para Treze Tílias e assumiu a direção da empresa da família, a Pioneiro Baterias, que começou de forma curiosa: um dos irmãos Barbieri trocou um carro Opala 1979 por uma oficina de reforma de acumuladores elétricos. Como a oficina fabricava 150 baterias por mês e não conseguia vender toda a produção na cidade, começou a expandir o negócio para Videira e Tangará. E assim foi crescendo e ganhando mercado. Hoje, a Pioneiro, nome que homenageia os pioneiros austríacos que colonizaram Treze Tílias, e vende para o Brasil e países da América Latina. Atualmente, o Grupo Pioneiro Industrial é composto pela Baterias Pioneiro (produz acumuladores elétricos), Pioneiro Ecometais (produz ligas de chumbo a partir da reciclagem de baterias), Pioneiro Escapamentos (produz sistemas de exaustão), Pioneiro Pirólise (planta de reciclagem de pneus) e Dos Alpes Alimentos (dona das marcas Incotril e Tempero do Sul). Sirivaldo e a família também têm forte atuação nas questões comunitárias da região, por meio do Rotary Club e do Consulado Austríaco de Treze Tílias. Ricardo Minatto Brandão: O engenheiro civil Ricardo Minatto Brandão é presidente do conselho de administração da Brametal, indústria fundada por seu pai, Ayrton de Mattos Brandão. Hoje, a empresa é líder na América Latina na fabricação de estruturas metálicas para os segmentos de geração e transmissão de energia elétrica, solar e eólica, além de torres de telecomunicações. A companhia, sediada em Criciúma, tem unidades em Linhares (ES) e Sabará (MG) e emprega cerca de 2 mil profissionais. No início da carreira, Ricardo trabalhou na Eletrosul e, na sequência, atuou
em obras ligadas à construção civil em empresas como a Cônsul (Joinville), Buddemeyer (São Bento do Sul), no Porto Pesqueiro de Guarujá, em São Paulo, entre tantas outras em diversas cidades catarinenses. Tornou-se diretor-presidente da Brametal em 1990, década em que a empresa implementou o sistema de gestão da qualidade para atender o sistema Eletrobras, ingressou no mercado de torres de telecomunicações e fez a primeira exportação para o Chile, ação que marcou a entrada da indústria no mercado internacional. Nos anos 2000, a empresa ampliou a presença para outros países, expandiu a capacidade produtiva das fábricas, montou operações no Espírito Santo e em Minas Gerais e investiu em pesquisa, desenvolvimento e em novos produtos. No campo social, a Brametal apoia iniciativas nas regiões onde têm unidades produtivas. Salézio José Martins: é fundador do Grupo Kyly, de Pomerode, companhia do segmento têxtil que emprega mais de 2 mil profissionais. Salézio nasceu em 1949 numa comunidade que hoje pertence a Major Gercino. É o segundo filho de uma família de 13 irmãos. Passou parte da infância em Presidente Nereu, estudou em seminários em Rio dos Cedros e Ascurra. Em 1968 desistiu do seminário, começou a cursar direito em Rio do Sul e em paralelo dava aulas de língua portuguesa num colégio. Na década de 1970, ele mudou de curso e foi fazer letras, em Blumenau, cidade na qual trabalhou com o revisor no Jornal de Santa Catarina e redator das páginas de esportes do periódico. Depois editou programas esportivos na
TV Coligadas, hoje NSC, e foi assessor de imprensa da coordenadoria regional de educação. Já na década de 1980, para complementar a renda, Salézio adquiriu dois teares usados da Cia Hering. Sua esposa, Claudete, tinha habilidades em costura e começou a produzir malha de algodão. A Kyly foi fundada em 1985, na garagem da casa da família, em Blumenau, e fornecia para pequenas confecções. Aos poucos cresceu, ganhou mercado e então Salézio mudou a empresa para Pomerode, em 1987, num galpão de 540 m². Já na década de 1990, a empresa chegou num momento em que precisava se reinventar. Como a filha mais velha, Taciane, gostava de criar coleções infantis, a empresa decidiu investir neste mercado. Além da marca Kyly, o grupo é dono das marcas Milon, Amora, Lemon e Nanai, que estão disponíveis em mais de 10 mil lojas multimarcas e são exportadas para mais de 30 países. Vicente Donini: natural de Joinville, Vicente Donini fez da Marisol uma das maiores empresas do mercado de moda infantil com unidades industriais em Santa Catarina e no Ceará, nas quais emprega cerca de 2,4 mil colaboradores. Em 2008, Donini passou a fazer parte do Conselho de Administração da companhia e já recebeu mais de 30 premiações e reconhecimentos públicos e privados. Nas áreas de educação e cultura, tem prestado significativas contribuições. O industrial também se dedica à produção de vinhos de altitude, como proprietário da Casa Vivalti, em São Joaquim.
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Tufões e ciclones intensificam a crise logística internacional Desastres naturais atingem a Ásia, afetando portos, aeroportos e, consequentemente, toda a cadeia de comércio exterior
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impossível falar do comércio exterior sem falar da interferência de questões ambientais na logística internacional. Esse cenário foi observado de forma clara com os últimos tufões e ciclones que atingiram o território Chinês, com o caso do Tufão In-Fa, em julho, o Tufão Chanthu em setembro, e a ciclone tropical Kompasu, que está atingindo territórios da Ásia, como Hong Kong e as Filipinas, esta semana. Além do impacto estrutural causado pelas recentes tragédias naturais, portos, aeroportos e pontos estratégicos para a logística internacional brasileira foram interditados, aumentando ainda mais a crise do comércio internacional. Para Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, especialista em assessoria de comércio exterior, os impactos ambientais amplificam os problemas atuais, como é o caso da falta de contêineres e atrasos devido a pandemia da Covid-19. "Quando falamos de variações climáticas e problemas ambientais, normalmente já pensamos no agronegócio, principalmente porque a própria cadeia de produção pode ser afetada diretamente por fenômenos naturais, mas o tema vai muito além disso. Quando ocorrem catástrofes como estão ocorrendo na Ásia, o processo logístico também apresenta desafios e é necessário a atenção com possíveis rotas alternativas, verificando qual o melhor caminho para o tráfego internacional", afirma o especialista. Além disso, por mais que as paralisações motivadas por
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questões ambientais em países asiáticos causem um impacto imensurável na economia brasileira, problemas similares em outras regiões estratégicas também afetam o comércio exterior, como é o caso do furacão Pâmela, que adentrou o território do México na última quarta-feira (13/10). "A previsão de regularização do comércio exterior tem, com os atuais problemas ambientais, um novo desafio que poderá acarretar em impactos a longo prazo. Para quem pretende importar ou exportar, a dica é estar atento aos novos fatos e as previsões meteorológicas, para que tudo faça parte do planejamento da sua empresa nos negócios internacionais. A logística é parte importante do processo como um todo e deve ser prioritária quando pensamos na expansão da nossa empresa. Lembrando sempre que a atenção aos problemas ambientais não se limita a casos esporádicos, mas sim com uma preocupação ampla com a questão da sustentabilidade. Os impactos das mudanças climáticas, provocadas pelo efeito estufa, também precisam de atenção", afirma Fábio. O executivo também afirma que problemas como a seca, as questões energéticas da China e os atuais problemas ambientais do Brasil, também intensificam a crise, podendo ocasionar mais demora para a volta da normalidade nas atividades internacionais. Além de impactar diretamente o setor do agronegócio, um dos mais importantes para a economia brasileira.
Presidente da Epagri entra na lista da Forbes das 100 mulheres poderosas do agro
Foto: Aires Mariga/Epagri
A presidente da Epagri, Edilene Steinwandter, é uma das 100 mulheres poderosas do agro brasileiro. Ela foi incluída na lista da Forbes que destaca mulheres na produção de alimentos, pesquisa, empresas, foodtechs, consultorias, instituições financeiras, política, entidades, grupo e influenciadoras digitais. A lista foi divulgada por ocasião da passagem do Dia Internacional da Mulher Rural. Esta foi a primeira vez que a Forbes Brasil divulgou a lista “100 Mulheres Poderosas do Agro”, com nomes que estão transformando diferentes segmentos do setor. Para chegar aos nomes, foram realizadas pesquisas de campo, bem como consultadas lideranças e resgatadas informações de reportagens especiais. Na lista, organizada por ordem alfabética, constam profissionais que se destacam em diferentes setores do agronegócio nacional, entre elas
a ministra da agricultura, Tereza Cristina. Coroamento O governador Carlos Moisés destacou a importância da inclusão da Edilene na lista da Forbes. “Para nós também é um coroamento, porque foi uma escolha nossa, uma escolha do nosso governo”, disse ele, referindo-se à nomeação da presidente da Epagri para o cargo. “Queríamos um governo que obviamente se relacionasse bem como a política, mas que não abandonasse os critérios técnicos. A Edilene se encaixou como uma luva, ela tem amplo apoio do setor produtivo e ao mesmo também dos integrantes da Epagri”, descreveu o governador. “Com o trabalho dela e com a liberdade que o governo dá para exercer as escolhas técnicas, a Empresa está se colocando cada vez mais num lugar de destaque, num lugar de atuação direta, mudando a vida das pessoas que trabalham no campo e fazendo com que Santa Catarina se torne cada vez mais pujante no agronegócio”, contextualizou. Edilene divide o seu feito com a equipe de mais de 1,6 mil funcionários da Epagri, que estão espalhados por todo o estado levando conhecimento e tecnologia para o desenvolvimento sustentável dos meios rural e pesqueiro. “É uma honra estar nessa lista, mas nada disso seria possível sem o empenho dos meus colegas, que, com dedicação, exercem seus papeis”, relatou a presidente.
Carreira Edilene é natural de Treze Tílias, no Meio-oeste catarinense. Engenheira-agrônoma graduada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), começou a atuar na Epagri em 2002 como extensionista rural no município de Ponte Serrada. No ano de 2011 assumiu o cargo de gerente regional de Xanxerê e em 2015 tornou-se gerente estadual de extensão rural, onde permaneceu até a posse na presidência, em 7 de fevereiro de 2019. Tem mestrado em Zootecnia pela Universidade Federal de Santa Maria e especialização em produção de ruminantes pela Universidade Federal de Lavras. Para marcar a inclusão de Edilene na lista da Forbes o governador Carlos Moisés gravou com ela, nesta segunda-feira, 18, entrevista para uma websérie que estreia em breve no canal do YouTube do governo do Estado. Economia&Negócios • Edição OUTUBRO/2021 • 19
Com R$ 1 bi em VGV para os próximos quatro anos, J.A. Russi tem comando feminino E esse olhar das mulheres foi trazido para a campanha “Amor a cada descoberta” que enobrece Balneário Camboriú empreendimentos já lançados e os que deverão lançar, calcula mais de R$ 1 bilhão em Valor Geral de Vendas (VGV) para os próximos quatro anos. A marca feminina vem da matriarca, dona Rose Russi. A sócia-fundadora é empresária atuante em causas sociais e ainda está na ativa coordenando ações das pastorais da Igreja Católica nos bairros de Itapema (SC), onde a história da J.A. Russi começou. Na presidência está sua filha Suzana Russi, que é advogada, tem MBA em Gestão Empresarial e já acumulou a função de diretora financeira e sócia-administradora nas empresas do grupo. Sua irmã, Joana Russi, ocupa o cargo de vice-presidente. Bacharel em Direito, tem MBA em Gestão Empresarial, atuou como diretora de RH e gestora do Calçadão Praia Shopping e é também sócia em empresas que integram o conglomerado. Esse olhar familiar e feminino faz a diferença tanto no dia a dia das obras quanto no legado que a família quer deixar. No caso da campanha “Amor a cada descoberta”, está muito clara essa percepção que traz a observação simples e ao mesmo tempo inovadora do cotidiano. “Optamos por mostrar o que não tem preço, mas valor, o que nos faz sentir, aproveitar momentos, curtir a natureza e suas sensações”, pondera a presidente Suzana Russi. Ela acredita que a pandemia trouxe isso como contribuição. “Passamos a dar mais valor a uma simples caminhada na orla, sentindo a areia ou se exercitando, algo que não era possível há pouco tempo. Por isso, é necessário intensificar o apoio à qualidade de vida e detalhes simples que valorizamos”, justifica.
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Quem passou por Balneário Camboriú ou acessou as redes sociais nas últimas semanas deve ter percebido uma campanha especial, batizada de “Amor a cada descoberta”. Nela, moradores e turistas passaram a ver lugares não tão conhecidos da cidade, mas que são lindos, charmosos e trazem não apenas praia, mas aconchego e muitas opções de lazer, diversão e cultura. Por trás deste trabalho está a Construtora J.A. Russi, empresa cujo comando está nas mãos de mulheres e que entre os
Joana, Rose e Suzana Russi
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Começo em Itapema, mas fortes alicerces também em Balneário Camboriú A história da J.A. Russi começou em Itapema, mas já tem alicerces bem arquitetados na história de Balneário Camboriú. Estão nesta cidade os edifícios Royal Tower e o Mueller Ocean Club. Também está previsto o lançamento do Harmony of The Seas Residence, localizado de frente para o mar na Praia Central. “Nossa empresa acredita no potencial de Balneário Camboriú há mais de 20 anos. Investimos, construímos e acreditamos que a cidade é feita de pessoas que vivem, pessoas que acreditam e pessoas que investem. Seu potencial econômico e sua projeção nacional e internacional também contribuem para este nosso envolvimento”, considera a presidente da J.A. Russi, Suzana Russi. Em atividade desde 1989, a J.A. Russi planeja estar com cerca de 200 mil metros quadrados de obras lançadas nos próximos anos. Sempre buscando honrar a história do empreendedor João Amadeu Russi, que como construtor, revolucionou o mercado imobiliário do litoral catarinense, mudando o conceito da construção civil com seu pioneirismo. Desde o começo, a construtora planeja e executa edifícios residenciais e comerciais dotados de alto padrão de qualidade. Especializou-se nos grandes empreendimentos frente-mar e residenciais resorts com amplas áreas de lazer e convivência. As obras possuem padrão elevado e qualidade reconhecida nacionalmente pelo pioneirismo deste conceito em moradia.
Análise econômica da SDE aponta estabilidade no crescimento do estado
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Foto: Ricardo Wolffenbüttel / Secom
om índices econômicos acima da média nacional, Santa Catarina superou os piores momentos da pandemia. Conforme a última análise da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável, os próximos meses deverão ser de acomodação dos indicadores. “Somos reconhecidamente um estado pujante, com uma economia diversificada, referência em inovação e empreendedorismo. Temos saldo positivo de emprego, e a menor taxa de desocupação do país. Com um crescimento do PIB de 9,1% nos últimos 12 meses encerrados em junho, frente ao mesmo período anterior, Santa Catarina avança bem acima da média nacional que teve crescimento de 1,8% na mesma comparação. A meta agora é trabalhar para ampliar a oferta energética e o investimento em infraestrutura e logística para seguirmos competitivos na atração de empresas e das novas oportunidades que estão por vir com o fim da pandemia”, avalia o secretário do Desenvolvimento Econômico Sustentável, Luciano Buligon.
Indústria Já a indústria catarinense acumula um crescimento de 20,5% no ano, quando comparado com o mesmo período de 2020, sendo o dobro do desempenho nacional (10,4%). A produção da indústria catarinense já superou em 4,9% o patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020), o segundo melhor desempenho do país, atrás apenas de Minas Gerais. Somente seis estados, dos 15 pesquisados, atingiram esta marca. No comparativo mensal, o setor cresceu 1,9% em agosto, frente ao mês anterior. “Apesar de todos os reveses ocasionados pela pandemia, que agora incluem a elevação dos preços de energia e de commodities e a falta de insumos e componentes, a indústria catarinense teve o segundo melhor desempenho do país até agosto, tanto no acumula-
do do ano, quanto nos últimos 12 meses”, acrescenta Zoldan. Comércio O comércio catarinense, um dos setores mais afetados pela pandemia, teve o maior crescimento do Sul do país, com 13,6% no ano e, também, o segundo maior do eixo Sul-Sudeste, em agosto. Nos últimos 12 meses, o crescimento do comércio foi 11,6% no Estado frente a uma média nacional de 8%, sendo que o varejo estadual teve o quarto maior crescimento do país quando comparado com os quinze maiores estados. Mais informações e análises destes e dos demais indicadores econômicos estarão disponíveis no Boletim de Indicadores Econômicos Fiscais de novembro, disponibilizados no site da SDE.
A meta agora é trabalhar para ampliar a oferta energética e o investimento em infraestrutura e logística para seguirmos competitivos na atração de empresas e das novas oportunidades que estão por vir com o fim da pandemia.
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Serviços Em agosto, o setor de serviços de Santa Catarina alcançou o maior crescimento entre os 12 maiores estados do país, acumulando uma alta de 17,2% no ano, acima dos 11,5% da média brasileira. Os segmentos que puxaram foram os serviços prestados às empresas (22,3%) e o de transportes e os auxiliares, (21,2%). Os serviços prestados às famílias, que incluem alojamento e alimentação, foram os últimos a reagirem por causa da pandemia, mas registram aumento de aproximadamente 12%. Nos últimos 12 meses, o setor em SC teve um crescimento de 12,4%, frente a 5,1% da média nacional, registrando o segundo maior crescimento do país, sendo o maior entre as principais economias. “Com uma crescente percepção de melhora nos indicadores da pandemia e mais consumidores circulando, as atividades de serviços estão em plena recuperação, mas as perspectivas de inflação e juros podem representar um novo obstáculo para a sustentação desse crescimento”, explica o economista da SDE, Paulo Zoldan.
Luciano Buligon, secretário do Desenvolvimento Econômico Sustentável
Economia&Negócios • Edição OUTUBRO/2021 • 21
Falta de insumos e custo de energia prejudicam indústria, aponta CNI Sondagem Industrial mostra que terceiro trimestre deste ano foi marcado por uma forte pressão nos custos industriais, que estão afetando a retomada da economia de forma mais sustentada
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Percepção sobre condições financeiras das empresas piorou no trimestre
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falta ou alto custo das matérias-primas completou cinco trimestres consecutivos no topo do ranking de principais problemas enfrentados pela Indústria. De acordo com a Sondagem Industrial, pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 62,4% das indústrias ainda enfrentam problemas com insumos. Além disso, o alto custo de energia apareceu como um importante problema enfrento pelas indústrias entre julho e setembro deste ano. Foram consultadas 1.954 empresas entre 1º e 15 de outubro. De acordo com o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, o problema dos insumos tem sido bastante significativo. “A alta dos preços de uma série de insumos ainda é bastante severa e generalizada e ainda há situações de escassez, atraso ou mesmo falta de insumos. Tudo isso afeta a produção. Percebemos uma desorganização das cadeias de produção, com impacto negativo na situação financeira das empresas e no custo das indústrias, o que limita uma recuperação industrial que poderia ser melhor”, explica Marcelo Azevedo. O indicador de evolução do preço de matérias-primas registrou 73,2 pontos, resultado bem acima da linha divisória de 50 pontos. Dados abaixo de 50 pontos indicam queda de preços e acima aumento de preços. Por estar bem longe da linha de corte, o índice revela aumentos significativos e bem acima da média histórica. No caso da energia, o economista explica que a questão energética impacta diretamente a produção industrial e deve permanecer como ponto de atenção nos próximos meses. “O percentual de assinalações mais que dobrou entre o primeiro e o terceiro trimestres. E foi indicado por quase um quarto dos respondentes”, ressalta. O índice de evolução do nível de estoques ficou em 50,1 pontos, praticamente sobre a linha divisória de 50 pontos, que separa a queda da alta dos estoques de produtos finais. Já o indicador de estoque efetivo em relação ao planejado registrou 49,1 pontos em setembro, o que mostra que o nível de estoques segue aquém do planejado pelas empresas.
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Diante dos problemas com insumo e energia, a percepção sobre condições financeiras das empresas piorou no trimestre. O indicador de satisfação com a situação financeira da empresa caiu de 52,1 pontos no segundo trimestre para 51,7 pontos no terceiro trimestre. O indicador que mede a satisfação com o lucro operacional caiu passou de 47,6 pontos para 47,3 pontos, com resultado abaixo da linha divisória de 50 pontos, o que indica insatisfação dos empresários com a margem de lucro. A facilidade de acesso ao crédito apresentou pequeno recuo no trimestre, passando de 43,1 pontos para 42 pontos. Apesar da queda, o indicador está acima da média histórica de 39,7 pontos. O índice revela que as empresas ainda encontram dificuldade em obter crédito. O acesso ao crédito é uma questão relevante, principalmente em um contexto de reestruturação das empresas, que vem ocorrendo em decorrência da pandemia.
Otimismo dos empresários industriais diminui em outubro
Em outubro de 2021, o otimismo dos empresários diminuiu. O índice de expectativa de demanda dos empresários industriais reduziu de 59,7 pontos em setembro para 57,1 em outubro. É o segundo mês consecutivo de queda. O índice de expectativa de exportações sofreu recuo de 1,1 ponto, na comparação dos meses de setembro e outubro, passando de 54,6 para 53,5 pontos. Esse é o menor valor do índice desde março de 2021. Com a redução dos índices de expectativas de demanda e de exportações também houve redução na expectativa dos empresários em aumentar suas compras de matérias-primas e em aumentar o número de trabalhadores. O índice de expectativa de compras de matérias-primas registrou 54,8 pontos em outubro, valor 2,4 pontos menor do que em setembro, enquanto o índice de expectativa do número de empregados registrou 52,5 pontos, valor 1,7 ponto menor do que o mês anterior. “Apesar da piora das expectativas, todos os índices ficaram acima da linha divisória de 50 pontos, indicando que há otimismo dentre os empresários industriais”, explica Marcelo Azevedo.
Economia&Negócios • Edição OUTUBRO/2021 • 23
Plano do Governo Federal traz alternativas para desenvolver transporte nacional até 2035 Pautado na inovação e integrando todos os modos de transporte, documento identifica necessidades e oportunidades de infraestrutura
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ublicada recentemente no Boletim de Gestão de Pessoas, a Resolução 6/2021 marca o início de uma nova era na infraestrutura de transportes do Brasil. Nela está o Plano Nacional de Logística 2035, que aponta investimentos de pelo menos R$ 400 bilhões, decisões e ações para atender as necessidades do setor. Lançado pelo Governo Federal, por meio do Ministério da Infraestrutura, o PNL avalia o quanto a rede de transportes nacional está próxima dos objetivos da Política Nacional de Transportes e identifica as necessidades a serem trabalhadas ao longo dos próximos anos, com a simulação de possíveis cenários para o setor. O documento foi elaborado pelo MInfra e pela Empresa de Planejamento e Logística (EPL). Pautado na inovação e, pela primeira vez, integrando todos os modos de transporte, o PNL 2035 também funciona como um instrumento de decisão para o Estado, proporcionando um planejamento contínuo no setor de transportes. As equipes técnicas se utilizaram inclusive de informações de Big Data, como dados de rede de telefonia móvel, e de notas fiscais eletrônicas de transportes de cargas para a concepção do documento. "Esse é o estado da arte para o planejamento de transportes", destacou o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, durante a reunião que selou a aprovação do plano, na última quarta-feira (13). "O PNL é uma importante ferramenta técnica para elaboração do orçamento e da política pública no setor de transportes, que mapeia a economia brasileira e identifica esses possíveis gargalos logísticos do país", completou. EMPREENDIMENTOS - A elaboração do plano levou em consideração investimentos em uma série de empreendimentos, como: intervenções previstas em todos os contratos de concessões e parcerias vigentes; obras públicas em andamento e previstas; 164 aeroportos com voos regulares, conforme previsões do Plano Aeroviário Nacional; e novas ferrovias, como Ferrogrão, Fiol, Fico, novos ramos da Ferrovia Norte-Sul e extensões das malhas ferroviárias atualmente em operação. Também leva em conta arrendamentos, desestatizações, terminais de uso privado e ampliações de capacidade dos portos; investimentos nas vias navegáveis - derrocamentos, melhorias e construção de IP4, e demais intervenções de grande porte previstas -; além de duplicações, pavimentação e intervenções na infraestrutura rodoviária Federal e estaduais. TRANSFORMAÇÃO - O PNL também traça possíveis cenários de desenvolvimento da rede de transportes nacional para que seus resultados auxiliem na tomada de decisão em nível estratégico. A principal contribuição é demonstrar como decisões e ações dos diversos atores dos sistemas de transporte podem transformar o território nacional de diferentes formas. 24 • Edição OUTUBRO 2021 • Economia&Negócios
Crédito: Ricardo Botelho/MInfra
Um dos principais objetivos está voltado para a transformação da matriz de transporte do Brasil a fim de torná-la mais racional e sustentável, com o incremento da participação dos modos de grande capacidade (ferroviário, hidroviário e cabotagem), em especial o Ferroviário, com participação superior a 30% na matriz de transportes, seja em tonelada ou valor quilômetro Útil (TKU ou VKU), em qualquer cenário. "Só com uma matriz de transportes equilibrada conseguiremos fazer do Brasil um país mais competitivo da "porteira pra fora". Esse sempre foi o nosso objetivo", salientou Tarcísio Freitas. Diversos indicadores permitem avaliar de maneira objetiva os resultados apontados no PNL. Por exemplo, a sustentabilidade ambiental, onde está previsto uma redução de até 14% no nível de emissões futuras; na acessibilidade, a diminuição de até 12% no tempo médio de deslocamento de pessoas; na eficiência, um recuo de 17% a 39% no custo médio do transporte de cargas; e na segurança, o aumento da segurança rodoviária em até 9%. Tais investimentos são capazes de impulsionar o desenvolvimento econômico nacional e regional, com crescimento do PIB sendo potencializado entre 6% e 11% em infraestruturas de transportes. Componente estratégico do Planejamento Integrado de Transportes, o plano será detalhado por meio dos planos setoriais táticos - terrestre, portuário, hidroviário e aeroviário -, que por sua vez serão complementados pelos planos gerais de parcerias e de ações públicas, formando um ciclo sistêmico e coeso para definição de projetos e inciativas voltadas à melhoria logística nacional.
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Boletim Agropecuário aponta aumento de 100% na produção catarinense de trigo
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expectativa de aumento de 102% na produção catarinense de trigo é o destaque do Boletim Agropecuário de outubro. As exportações de proteínas animais também trazem boas notícias para os catarinenses. Em setembro, o estado exportou o maior valor mensal desde o início da série histórica. A exportação de frango registrou aumento de 32% em um mês. O Boletim Agropecuário é emitido mensalmente pela Epagri/Cepa com a avaliação econômica das principais cadeias produtivas do agronegócio catarinense.
Trigo
De acordo com estimativa da Epagri/ Cepa, Santa Catarina deve colher a maior safra de trigo dos últimos dez anos, com produção de 348 mil toneladas, incremento de 102% em relação à safra anterior. O cenário resulta do crescimento de 74% na área plantada, que é reflexo dos bons preços pagos aos produtores, associados aos incentivos do governo estadual ao cultivo de cereais de inverno. Os preços pagos ao produtor de trigo em setembro estavam 41,16% superiores ao preço médio praticado há um ano. Em setembro, as cotações de balcão para o trigo no mercado catarinense ficaram em R$ 84,98 a saca de 60kg, variação negativa de 0,14% em relação ao mês de agosto. Atualmente, 80,79% das lavouras de trigo alcançaram a fase de florescimento, 17,84% encontram-se em fase de maturação e apenas 1,37% estão em desenvolvimento vegetativo. O clima úmido e as temperaturas amenas das últimas semanas favoreceram o surgimento de doenças fúngicas, como a Giberela. Diante dessa condição, produtores estão atentos e intensificam os cuidados com a aplicação de fungicidas.
Arroz
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A Epagri/Cepa estima uma produção de 1,22 milhão de toneladas de arroz em Santa Catarina na safra 2021/22, volume 2,14% menor que o ciclo agrícola anterior. A redução se deve à queda de 1,74% na produtividade média, passando de 8,4 t/ha obtidos na safra passada para 8,3 t/ ha. A área plantada se manteve estável em
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147 mil hectares, com 82% das áreas destinadas ao plantio já semeadas. Em setembro, os preços médios pagos aos produtores catarinenses de arroz tiveram redução de 1% em relação a agosto, fechando o mês em R$ 73,40 a saca de 50kg. Essa tendência de queda está relacionada à baixa oferta dos produtores. Por outro lado, os moinhos não têm conseguido repassar os preços aos mercados atacadista e varejista.
Feijão
Segundo a expectativa da Epagri/Cepa, os preços pagos aos produtores de feijão devem continuar elevados em novembro e dezembro. Em setembro, o preço médio pago aos produtores catarinenses de feijão-carioca permaneceu inalterado em relação a agosto, fechando a média mensal em R$ 237,50 a saca de 60kg. Já para o feijão-preto, os preços tiveram pequena variação negativa de 0,16% no último mês, fechando a média de julho em R$ 232,29 a saca de 60kg. Até a última semana de setembro, 21,4% da área destinada à produção da safra 2021/22 de feijão prieira safra já mfoi semeada em Santa Catarina. Neste início de safra, o plantio de feijão-preto predomina, pois o cultivo do feijão-carioca é mais tardio e se concentra nas regiões mais frias do Estado, como Campos de Lages, Planalto Sul e Meio Oeste. O plantio deve se intensificar em outubro e novembro, com conclusão prevista para final de dezembro.
Milho
A Epagri/Cepa estima que, devido aos baixos estoques internos nacionais, as cotações do milho devem se manter fortalecidas até o final do ano, na comparação com anos anteriores, a despeito da queda de 4,4% nos preços médios pagos ao produtor catarinense de milho em setembro em relação a agosto. A re-
cente queda entre agosto e setembro foi forçada pelo volume das importações, a expectativa de aumento da área da safra 2021/22 e a colheita da safra dos Estados Unidos. Até 15 de outubro, 67% da área estimada para cultivo de milho primeira safra em Santa Catarina já estava cultivada. As chuvas contínuas desde o início de outubro atrasaram os plantios no estado.
Soja
O período preferencial de cultivo da soja em Santa Catarina iniciou em outubro, mas a chuva contínua já causa atraso em várias regiões. Os preços fortalecidos no momento se devem à alta do dólar e dos estoques internos. Diversos fatores, no entanto, já orientam para uma baixa nos preços: o prognóstico de aumento de área de cultivo da safra brasileira para 2021/22, a colheita da safra dos Estados Unidos e consequente elevação de estoques naquele país, além da demanda indefinida na China, causada pela paralisação das indústrias de processamento.
Alho
Santa Catarina está com 1.758 hectares cultivados com alho, número 2,3% maior que a estimativa de julho. O plantio foi encerrado em agosto e a cultura se desenvolve normalmente em todas as regiões produtoras. A condição das lavouras é considerada boa até o momento. Em setembro de 2021, foram importadas 2,53 mil toneladas de alho, o menor volume para o mês nos últimos cinco anos. De janeiro a setembro deste ano, as importações somam 105.87 mil toneladas, enquanto que no mesmo período do ano de 2020 o volume importado foi de 141,45 mil toneladas, redução de 33,6% no período.
Cebola
A Epagri/Cepa mantém a expectativa de Santa Catarina produzir pouco mais de 500 mil toneladas de cebola na safra 2021/22. As chuvas contínuas de outubro podem afetar esta previsão, porém, visto a ocorrência de doenças que já começam a ser relatadas no campo. Se o cenário de patologias se confirmar, os produtores terão aumento no custo de produção que, associado à conjuntura de preços baixos, pode afetar o desempenho da safra e o retorno econômico aos agricultores. “Questão para ser avaliada nas próximas semanas”, afirmam os analistas da Epagri/Cepa. Com o plantio encerrado em setembro, Santa Catarina chegou a 17.458 hectares cultivados com cebola, redução de 0,54% em relação à estimativa inicial, que era de 17.553 hectares. Os volumes importados de janeiro a setembro deste ano somam 115,07 mil toneladas, contra 194.777 no mesmo período do ano passado. O mercado nacional de cebola continua com alta oferta, provocando preços abaixo do custo de produção nas regiões com produção para comercializar atualmente.
Suínos
Santa Catarina exportou 57,75 mil toneladas de carne suína (in natura, industrializada e miúdos) em setembro, alta de 29,8% em relação ao mês anterior e 34% acima de setembro de 2020. As receitas foram de US$ 136,26 milhões, crescimento de 26,8% em relação ao mês anterior e de 40,3% na comparação com setembro de 2020. Em termos de quantidade, esse foi o maior valor mensal já exportado por Santa Catarina desde o início da série histórica, em 1997, e o terceiro melhor resultado financeiro do período. De janeiro a setembro, o estado exportou 438,31 mil toneladas de carne suína, com receitas de US$ 1,08 bilhão, altas de 12,6% e 26,4%, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2020. Santa Catarina respondeu por 52,9% das receitas e 51,3% do volume de carne suína exportada pelo Brasil este ano.
Aves
Em setembro, Santa Catarina exportou 102,81 mil toneladas de carne de frango (in natura e industrializada), aumento de 32,3%, tanto em relação ao mês anterior quanto na comparação com setembro de 2020. As receitas foram de US$ 187,49 milhões, 22,3% acima do mês anterior e alta de 60,8% na comparação com setembro de 2020. Esses são os maiores valores mensais registrados desde maio de 2019, tanto em volume quanto em receitas. De janeiro a setembro, Santa Catarina exportou um total de 764,22 mil toneladas, com receitas de US$ 1,34 bilhão, alta de 4,1% em quantidade e de 16,7% em valor, na comparação com o mesmo período do ano passado. O estado foi responsável por 24,4% das receitas geradas pelas exportações brasileiras de carne de frango no ano.
Bovinos
Na primeira quinzena de outubro o preço médio estadual do boi gordo foi de R$ 308,52 a arroba, queda de 3,4% em relação ao mês anterior. Também foram registradas quedas nos preços dos animais de reposição, com variações de -4,7% no caso dos bezerros de até um ano e de -3,3% para os novilhos de um a dois anos. Esses movimentos de queda são decorrentes da paralisação das exportações para a China, em função da detecção de dois casos atípicos da doença conhecida por “vaca louca”, e da demanda desaquecida no mercado interno. Embora Santa Catarina não seja um grande exportador de carne bovina, o mercado interno é afetado pelo que ocorre no âmbito nacional, pois cerca de metade do consumo estadual é abastecido com produto oriundo de outras unidades da federação. Economia&Negócios • Edição OUTUBRO/2021 • 27
PORTOS E TERMINAIS
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Operação de Importação – logística completa: recepção, movimentação, desunitização, armazenagem e carregamento de bobinas de aço de grande porte
Em setembro, o Porto Itapoá realizou uma operação teste de importação de bobinas de aço, cada uma pesando 4 toneladas, utilizadas na fabricação de transformadores elétricos. Os 22 volumes LCL (Less Container Load ou contêiner com menor carga) chegaram no navio Maersk Lima. Nesta operação de ponta a ponta, após a descarga do navio, os contêineres com as bobinas de aço foram direcionados para o armazém do Terminal. Ali foram executados os procedimentos de desova, identificação, armazenagem e, posteriormente, realizado o carregamento nos caminhões com destino à Cuiabá (MT), em regime
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de trânsito aduaneiro (DTA). Um dos maiores fabricantes de transformadores elétricos do país, o cliente já operava a descarga dos contêineres FCL (Full Container Load ou contêiner totalmente carregado) pelo Porto Itapoá, mas a mercadoria era desviada para outro recinto alfandegado de zona secundária. Agora, neste evento teste bem-sucedido, toda a operação foi concentrada em nosso Terminal, resultando em agilidade logística e nos trâmites documentais, além de maior comodidade, segurança e menores custos.
PORTOS E TERMINAIS
Complexo Portuário registra crescimento de 23% na movimentação de contêineres Marcos Porto
Porto de Itajaí também registrou aumento de 5% em setembro deste ano
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Complexo Portuário de Itajaí registrou um crescimento de 23% no número total de TEU's (unidade de medida de um container de 20 pés) acumulados durante o mês de setembro. O dado corresponde a 151.720 TEU'S, o que elevou a movimentação anual para 1.239.214 contra 1.011.239 TEU’s acumulados no mesmo período do ano anterior. Em relação à movimentação de toneladas acumuladas, o Complexo teve um crescimento de 29% na movimentação de tonelagem. Foram 1.700.440 toneladas em setembro, elevando o acumulo de tonelagem anual para 14.229.166 contra 11.020.401 toneladas no ano passado. “Mesmo com as adversidades, a expectativa de novos crescimentos para o Porto de Itajaí ainda permanece com credibilidade. Apesar da crise internacional dos contêineres, até dezembro de 2021 o Porto de Itajaí pretende alcançar novos recordes com relação aos dados dos relatórios da Autoridade Portuária de Itajaí, prosperando com relação aos números da movimentação de TEU’s e segmento de cargas contêinerizadas nos recintos APM Terminals e Cais comercial”, ressalta o superintendente do Porto de Itajaí, Fábio da Veiga.
O Complexo Portuário de Itajaí totalizou 151.720 TEU's (100%) na movimentação de cargas conteinerizadas. A APM Terminals (empresa arrendatária do porto de Itajaí/berços 1 e 2) e o Cais Comercial (porto púbico/berços 3 e 4) representaram 30% do montante, com seus 45.431 TEU's, configurando um crescimento de 1% na movimentação de contêineres em comparativo ao mesmo período do ano anterior. A APM Terminals e Cais Comercial também registraram um crescimento de 5% na movimentação de cargas em toneladas acumuladas, com relação ao ano anterior. O mês de setembro de 2021 somou 481.860 toneladas, elevando a movimentação acumulada do ano (jan/ set) para 4.613.846. O dado representa um acréscimo em relação ao ano anterior, quando o acumulado foi de 4.389.992 toneladas. Já a exportação de cargas em toneladas no Porto de Itajaí representou porcentagem de 56%, no mês de setembro deste ano. Nas importações houve um aumento de 44% no mesmo mês. A participação do Porto de Itajaí na Corrente de Comércio, de acordo com o relatório de estatísticas de setembro de 2021, obteve o índice de 65,5% no Estado de Santa Catarina e 4,6% no país.
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PORTOS E TERMINAIS
Portonave comemora 14 anos de operação
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O primeiro terminal portuário privado de contêineres do país se destaca no segmento
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o dia 21 de outubro, a Portonave comemorou 14 anos de operação. E mais do que movimentar contêineres, sendo referência em segurança, eficiência e qualidade em suas atividades portuárias, a empresa pratica em seus processos de gestão os princípios norteadores de suas ações como: foco do cliente, valorização das pessoas, sustentabilidade, integridade e compromisso com a excelência. O primeiro terminal portuário privado de contêineres do país se destaca nos negócios e gera oportunidades. Pela quarta vez neste ano, superou a marca de mais de 100 mil TEUs movimentados em um único mês. Este recorde histórico de movimentação foi conquistado em setembro, ao término da operação do navio MSC VIGO. Além disso, a Portonave recebe 45 mil caminhões, uma média de 1.500 por dia. e já chegou ao fluxo de Gate superior a 2.500 veículos. E, mesmo com tantos movimentos, o tempo médio de permanência no pátio, considerando entrada, carga ou descarga e saída do contêiner, foi em torno de 23 minutos com eficiência e segurança em seus processos. Neste ano de 2021, a Portonave registra um dos maiores índices de crescimento entre os terminais do Brasil na movimentação de contêineres, com 37% de crescimento na comparação com o mesmo período do ano passado, e já somam 858.572 TEUs movimentados. Mantém a liderança na movimentação de contêineres no Sul em ambos os segmentos: importação e exportação. Em escala nacional, o Porto de Navegantes ocupa o segundo lugar no ranking dos portos de movimentação de contêineres. Dia a dia, a operação do Terminal em si traz crescimento significativo para o município de Navegantes, para a região e para o país. Até setembro deste ano, foram 13 milhões de reais repassados pela Portonave ao município por meio do Imposto Sobre Serviços. Comprometida com a sustentabilidade, o Terminal Portuário de Navegantes é apoiador oficial dos Objetivos de Desenvolvimento Sus32 • Edição OUTUBRO 2021 • Economia&Negócios
tentável da ONU. Os ODS são uma agenda global com metas até 2030 para promover sociedades mais prósperas e pacíficas, em relações sustentáveis com o meio ambiente. Para ajudar a cumprir a meta, a Portonave apoia projetos locais e regionais ligados aos ODSs. Entre eles estão o Projeto Somos do Mar, Nadar, Surf Sem Limites, Dançar e Brilhar e Tarrafa Cultural. Além disso, a Portonave tem um programa voltado para a promoção da inserção de jovens no mercado de trabalho. O Programa Jovem Aprendiz se destina a estudantes do ensino médio das escolas públicas do município de Navegantes, que tenham entre 16 e 18 anos e renda familiar per capita de até um salário mínimo. Por meio de cursos desenvolvidos pelo Senac e Senai, anualmente, aproximadamente 50 jovens passam pelo programa. São 14 anos de operação em que a empresa mantém a atualização constante de seus serviços, a fim de ter melhorias não só na otimização dos equipamentos, mas também na alta performance de todo o processo. Para isso, o time de aproximadamente mil profissionais segue comprometido em suas atividades com o elevado grau de comprometimento, capacitação e produtividade. Mais sobre a Portonave O Terminal dispõe de três berços de atracação num cais com 900 metros O pátio tem 400 mil m² e capacidade de movimentação de 1,5 milhão de TEUs por ano e mais de 2.400 tomadas reefers. Possui modernos equipamentos portuários: seis Portêineres Post Panamax (STS), 40 Terminal Tractors, 18 Transtêneires eletrificados (RTG), quatro empilhadeiras de Contêiner Vazio, cinco Reach Stackers e dois Scanners HCVM-T. A Bacia de Evolução de 530 metros tem capacidade para receber navios de até 350 metros de comprimento em uma primeira etapa, um canal com profundidade de 14 metros. A empresa conta com uma câmara frigorífica que oferece soluções em logística, para importações
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LINHA DO TEMPO • Maio 2001 – Contrato de adesão com o Ministério dos Transportes. • Outubro 2005 - Inicia a construção do Terminal. • 21 de outubro de 2007 – Terminal entra em operação com o recebimento do primeiro navio: o MSC Uruguay. • Dezembro 2007 – Chegada dos 3 primeiros STS (portêiner). • Março 2008 – Certificação ISPS CODE da Organização Marítima Internacional da ONU. • Março 2009 – Certificação ISO 9001. • Março 2009 – Câmara Frigorífica (Iceport) entra em operação. • Junho 2010 – Certificação ISO 14001. • Dezembro 2010 – Inauguração da Avenida Portuária. • Setembro 2011 – Chegada dos primeiros 13 RTGs (transtêiner). • Abril 2013 – Chegada de 3 STS e mais 5 RTGs. • Outubro 2013 – Título Operador Portuário do Ano, concedido pelo Lloyd’s List Global Awards. • Outubro 2014 – Recorde sul-americano de produtividade por navio: 270,4 movimentos por hora navio MSC Agrigento. • Julho 2015 – Ampliação do Terminal, dobrando a capacidade estática do pátio para 30 mil TEUs. • Abril 2016 – Certificação de Operador Econômico Autorizado - OEA (1º porto do Brasil). • Outubro 2018 – Certificação OHSAS 18001 (Saúde e Segurança do Trabalho). • Novembro 2018 – Contêiner de número 7 milhões embarca rumo a Xangai, na China. • Novembro 2019 – Conquista da ISO 45001, referente à Saúde e Segurança Ocupacional. • Março 2020 – Portonave atinge a marca de 8 milhões de TEUs movimentados. • Maio 2020 – Atraca o primeiro navio com mais de 306m de comprimento. O Ever Laurel inaugura a nova Bacia de Evolução do Complexo Portuário de Itajaí e Navegantes. • Junho 2020 – Portonave recebe o maior navio de contêineres que já navegou na Costa Brasileira, o APL Paris, com 347m de comprimento e 45,2m de largura (boca). • Março 2021 – Portonave atinge a marca de 9 milhões de TEUs movimentados. • Julho 2021 – Atraca na Portonave o navio newborn YM TIPTOP com capacidade de 12.726 TEUs. • Agosto 2021 – Câmara Frigorífica Iceport conquista certificação israelense. • Setembro 2021 - Recorde histórico em movimentação de 109.086 TEUs (quarto mês no ano que batemos a barreira de 100 mil TEUs, sendo os outros: fevereiro, março e maio). • Setembro 2021 - Maior movimentação de exportações (DRY+REEFER) com 38.977 TEUs na história do Terminal. • Setembro 2021 - Maior movimentação de exportações de carga seca (DRY) com 29.734 TEUs na história do Terminal. • Líder em Market Share em Santa Catarina nos últimos 12 anos. *TEU: unidade de medida equivalente a um contêiner de 20 pés
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e exportações totalmente gerenciada por uma equipe de profissionais capacitados e integrados com o serviço prestado. Totalmente automatiza, a Iceport tem capacidade estática de 16 mil posições pallets e uma antecâmara com 13 docas para o recebimento de cargas. Ao todo, são 50 mil m² de área para armazenagem.
Portonave recebe o Prêmio Empresa Cidadã 2021 da ADVB No dia que a Portonave completou 14 anos de operação, a Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil em Santa Catarina (ADVB/SC) entregou o Prêmio Empresa Cidadã 2021 aos vencedores. A Portonave foi uma das empresas premiadas na categoria Combate à Pandemia com o case "#JuntosSomosMaisFortes contra o Covid-19". O gerente Comercial, de Comunicação, Marketing e Responsabilidade Social, Rodrigo Gomes, e a farmacêutica, Kamille Simas, participaram da cerimônia em Florianópolis. “O reconhecimento do Prêmio ADVB que recebemos vem reforçar o quanto a empresa preza pela saúde e pelo bem-estar dos nossos profissionais e de suas famílias. E todas as ações que buscamos desenvolver e executar estavam voltadas também para minimizar os impactos da doença na comunidade. O resultado das ações gerou o sentimento de pertencimento, engajamento e solidariedade devido ao cuidado imprescindível com o bem maior: a vida de cada pessoa”, destaca Rodrigo Gomes. Desde a declaração da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a pandemia, em 11 de março de 2020, a Portonave já se encontrava mobilizada para o enfrentamento ao novo Coronavírus. Além da questão econômica ao manter as operações portuárias na linha de frente como serviço essencial para o abastecimento de suprimentos ao mercado, foi necessário seguir as medidas de segurança no Terminal. Para a farmacêutica, Kamille Simas, "Passamos a orientar de forma ágil e assertiva todos os nossos profissionais e demais públicos com os quais interagimos sobre os riscos potenciais e as devidas ações preventivas”. E complementa, “O prêmio é o resultado de um trabalho árduo, mas gratificante para que todo o time estivesse em um ambiente seguro e pudesse promover o bem-estar de todos. O sentimento é de gratidão”. O cenário da pandemia tornou mais evidente a importância de manter a união dos profissionais e prestadores de serviço, e assim o #JuntosSomosMaisFortes foi além de ser uma hastag. Foi um momento em que todos os envolvidos mostraram resiliência e capacidade de adaptação. Este é o décimo prêmio conquistado pelo Terminal Portuário de Navegantes. Há 23 edições, a ADVB/SC reconhece os melhores projetos de empresas e instituições catarinenses nas áreas de preservação ambiental, participação comunitária, desenvolvimento cultural e, neste ano, teve mais uma categoria volta para o combate à pandemia. Economia&Negócios • Edição OUTUBRO/2021 • 33
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Cônsul-Geral dos EUA visita a Portonave
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Portonave recebeu o Cônsul-Geral do Consulado dos EUA de Porto Alegre, Shane Christensen. Ele veio acompanhado por Marianne Scholze Behs, Aline Vecchia e Davis Wallentine. Durante a visita, foi apresentado o plano de engajamento estratégico que o consulado tem desenvolvido para o estado de Santa Catarina, em parceria com o governo estadual. Esta foi a primeira visita do Cônsul-Geral dos EUA ao porto, devido à sua relevância na região sul do Brasil e no país, que teve também como objetivo identificar áreas para colaboração, principalmente, voltadas à sustentabilidade do negócio. Foram recebidos pelo diretor superintendente operacional da Portonave, Renê Duarte Júnior, gerente operacional, Emanuel Jorge, e pelo gerente comercial, Rodrigo Gomes. Na ocasião, puderam falar sobre os aspectos comerciais, operacionais e socioeconômicos, entre resultados alcançados e ações desenvolvidas pela Portonave. Nestes nove meses de 2021, a Portonave registrou um dos maiores índices de crescimento entre os terminais do Brasil na movimentação de contêineres, com 37% de crescimento na comparação com o
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mesmo período do ano passado, e já somam 858.572 TEUs movimentados. Só em setembro, foram 60.007 contêineres movimentados e exatos 109.074 TEUs. A marca superou os 108.643 TEUs do mês de maio. Líder na movimentação de contêineres no Sul em ambos os segmentos: importação e exportação e em escala nacional o Porto de Navegantes se destaca em segundo lugar no ranking dos portos de movimentação de contêineres.
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