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ENTREVISTA: Sistema Indústria alavanca empresas
Sistema Indústria alavanca empresas
Dan Ioschpe (Iedi) diz que os serviços oferecidos colocam o setor numa “trilha de aceleração”, sobretudo entre as pequenas e médias empresas
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Oempresário Dan Ioschpe, presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), considera fundamentais as medidas de apoio às empresas oferecidas pelo Sistema Indústria. Segundo ele, os pequenos e médios negócios são os principais beneficiados por esse tipo de serviço. “O ambiente de negócios no Brasil é muito desafiador e a gente está com deficiências em relação aos países que lideram o desenvolvimento socioeconômico no mundo e àqueles que estão em ascensão em vários aspectos”, comenta. Confira a entrevista:
Num contexto com incertezas provocadas pela pandemia, pela guerra e pelas eleições deste ano, como as empresas podem crescer?
DAN IOSCHPE - Existem algumas ações e direcionamentos que acabam sendo fundamentais para o crescimento das empresas ao longo do tempo. O desenvolvimento, a pesquisa e a inovação talvez sejam os principais fatores que farão a diferença a médio e longo prazos. E, diga-se de passagem: essas são as maiores contribuições da indústria para a atividade econômica geral de qualquer país e para o desenvolvimento socioeconômico.
Que papel o senhor acredita que o Sistema Indústria tenha em momentos como o atual?
DAN IOSCHPE - Nesse campo, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o sistema que ela congrega têm feito um trabalho muito importante, que potencializa o desenvolvimento do setor industrial no Brasil. É sempre importante lembrar que as grandes empresas conseguem, de uma forma ou de outra, ter o seu próprio aporte de maior valor, com mais tempo, mais recursos humanos, mais recursos financeiros e mais capacitação.
Mas, para as pequenas e médias empresas, esse tipo de ferramenta [que o Sistema Indústria oferece] de arcabouço, de apoio e de incentivo, é mais importante ainda e coloca essas empresas numa trilha de aceleração. Isso ajuda, inclusive, no sucesso das grandes empresas, porque, sem essa base da pirâmide, dificilmente elas conseguiriam se manter na crista da onda, competitivas.
Uma das grandes dificuldades das empresas brasileiras é o acesso a financiamento, o que ficou
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TRANSPORTE DE CARGAS FRACIONADAS E LOTAÇÕES
ainda mais evidente durante a pandemia. Como os Núcleos de Acesso ao Crédito (NAC) criados pela CNI podem ajudar as empresas?
DAN IOSCHPE - Eles são fundamentais. O ambiente de negócios no Brasil é muito desafiador e a gente está com deficiências em relação aos países que lideram o desenvolvimento socioeconômico no mundo e àqueles que estão em ascensão em vários aspectos. Você tocou no tema do crédito, mas podemos falar, ainda, da infraestrutura, do sistema tributário, da insegurança jurídica ou da insegurança patrimonial, que trazem um custo elevado para as empresas, além da questão da [falta de] pesquisa e de fomento à inovação.
Então, tudo o que a gente puder fazer para melhorar qualquer um desses temas que eu mencionei é fundamental para que o Brasil ingresse nas cadeias de produção e de comércio globais. Infelizmente, a melhora em apenas um desses aspectos não vai ter o efeito desejado.
Como podemos resolver esse problema?
DAN IOSCHPE - Precisamos caminhar com todos ao mesmo tempo. E, assim como na questão da inovação, as pequenas e médias empresas serão mais afetadas positivamente por qualquer uma dessas iniciativas que a gente venha a tomar. Portanto, os Núcleos de Acesso ao Crédito são muito bem-vindos. É importante que a CNI siga apoiando todas essas áreas horizontalmente, porque, de fato, elas cobrem todas as atividades econômicas brasileiras. E, embora nossa perspectiva seja a da indústria, esses são temas que permeiam todo o tecido econômico brasileiro.
A inovação pode nos ajudar a reduzir parte da dependência externa?
DAN IOSCHPE - Não entrar de cabeça no assunto da inovação nos tira do tabuleiro, porque os outros países estão investindo agressivamente nisso. O Brasil, de certa forma, também está fazendo seus investimentos em centros de inovação, mas precisamos fazer mais e mais rápido. Sem demérito de outros setores, mas, se você quer encontrar um lugar em que a transformação com o uso de tecnologia vai gerar mais valor, do ponto de vista do desenvolvimento socioeconômico do país, esse lugar é a indústria.
FONTE: CNI
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No Fórum Reinventa-SC, realizado pela FIESC, lideranças industriais afirmaram que a partir das mudanças na geografia da produção mundial, o estado deve ampliar o protagonismo na cadeia de insumos internacionais
Foto: Ricardo Wolffenbuttel / Arquivo/ Secom
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Santa Catarina tem a segunda indústria mais competitiva do Brasil, atrás apenas de São Paulo, mostra o Atlas da Competitividade da Indústria Catarinense. A publicação inédita do Observatório FIESC foi lançada no Fórum Reinventa-SC, que a Federação das Indústrias (FIESC) realizou no dia 25 de maio, Dia da Indústria e data que marcou o 72° aniversário da entidade. No encontro virtual, os painelistas destacaram que o estado deve aproveitar as mudanças na geografia da produção e ampliar o protagonismo na cadeia de insumos internacionais.
O presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, disse que Santa Catarina é um estado empreendedor, com uma indústria diversificada que pode ser uma alternativa de produção para substituir parte dos insumos que vêm da Ásia, por exemplo. “A pandemia abriu os olhos do mundo e mostrou que a dependência é prejudicial e perigosa para a soberania dos países. Em Santa Catarina temos infraestrutura portuária e uma cultura de internacionalização. Então podemos fomentar a nossa indústria local e também produzir insumos para outros países”, declarou.
Na opinião do presidente da Whirlpool Latin America, João Carlos Brega, a crise vai fazer com que toda a cadeia de fornecimento seja revista. “Não vão desaparecer as importações do Oriente, mas, com certeza, haverá um balanceamento entre a distribuição dos fornecedores. Falo de causa própria, da Whirlpool, mas também de outras empresas que estão revendo a localização geográfica dos seus fornecedores, tentando buscar um equilíbrio”, explicou. Na visão dele, esse cenário abre espaço para novos investimentos em capa-
cidade de produção, e o Brasil e Santa Catarina têm grandes oportunidades para receber investimentos. “Nessa nova fase podemos apresentar o estado para os potenciais investidores e nos colocarmos em posição ainda mais relevante no país”, afirmou.
Na mesma linha, o diretor-executivo de agro e sustentabilidade da Seara Alimentos (JBS Foods), José Antonio Ribas Junior, salientou que o Brasil deve ocupar um espaço de protagonismo no mundo. “Temos todos os requisitos para atender à demanda de alimentos mundial, com uma indústria muito competente”, declarou. Em sua apresentação, ele chamou a atenção para as mudanças na área. “O mundo olhou mais para a segurança dos alimentos. A nova geração que está chegando no mercado consumidor vem com novos paradigmas e com um olhar diferente sobre o significado da produção de alimentos, como o bem-estar animal. Tivemos que rapidamente nos reinventar, acelerar alguns processos de mudança e ampliar os investimentos em tecnologia”, explicou.
O mediador do Fórum, Fábio Nazário, sócio-líder do BTG Pactual, disse que muitas empresas catarinenses são multinacionais de classe mundial. “São companhias que têm forte presença internacional, mas com o DNA de Santa Catarina embutido nas suas unidades produtivas”, disse, lembrando que o estado sempre teve índices de desempenho acima da média brasileira, com companhias capitalizadas.
Reinventa-SC: No encontro, o diretor de inovação e competitividade da FIESC, José Eduardo Fiates, explicou que em maio de 2020, no início da pandemia, a entidade lançou o Programa Travessia, iniciativa que trouxe propostas para auxiliar as empresas a atravessar o momento de crise. “O Travessia concluiu a sua etapa de planejamento e desenvolvimento e, agora, passa a se chamar Reinventa-SC. “O objetivo é buscar patamares cada vez mais elevados de desenvolvimento da indústria”, explicou, salientando que há programas mobilizadores que já se iniciaram em setores como madeira e móveis, alimentos e bebidas, têxtil e vestuário e metalmecânico. “O Reinventa-SC está à disposição de todos. Queremos montar uma grande comunidade de mais de mil empresas para promover esse salto na indústria catarinense”, completou.
O diretor de negócios digitais da WEG, Carlos Grillo, relatou a experiência de reinvenção da companhia na criação de novos produtos e de soluções para a saúde. “A capacidade que os líderes têm de aprender de forma constante, a chamada long life learning, é fundamental nesse processo”, disse, acrescentando que a companhia foca em gestão do ativo (capital investido e interesse do investidor) e operação (eficiência e produtividade). “A digitalização é um meio de alcançar essa eficiência. Percebo que a indústria precisa disso e, muitas vezes, não sabe por onde começar, principalmente, as menores. A digitalização é um elemento que vai ajudar nesse processo de reinvenção. Além disso, há um gap muito grande no interesse dos jovens em seguir carreiras STEM (ciências, tecnologia, engenharia e matemática)”, avalia. Grillo afirmou ainda que a WEG promove ‘evolução digital’, pois é gradativa a busca para elevar a eficiência dos processos e está associada a um sólido programa de melhoria contínua.
Na Tupy, a jornada de evolução desde a sua fundação, em 1938, inclui a implantação de uma escola técnica da empresa, a criação de um centro de pesquisa e o processo de internacionalização dos negócios. Para Fernando Cestari de Rizzo, CEO da companhia, ao analisar essa linha do tempo da Tupy, um elemento se destaca: o conhecimento. “Temos duas grandes áreas: de transformação digital, porque nossas fábricas são muito grandes; e de inovação, na qual lançamos em 2021 uma aceleradora de startups, a ShiftT”, citou. Rizzo falou também da ampliação de fornecimento ao setor marítimo, que ocorre por conta da recente aquisição da MWM. “Seremos fornecedores de sistemas de propulsão marítima, que vão de 150 a 2.500 HPs, ou para geração de eletricidade embarcada, com equipamentos produzidos no Brasil”, informou. Os motores atenderão tanto embarcações de trabalho (como rebocadores, balsas e barcos de pesca), quanto lanchas e iates de lazer, com peças de reposição nacionais. Rizzo citou ainda projetos da Tupy em parceria com a BMW e com a Universidade de São Paulo (USP) para reciclagem de baterias de íon de lítio por meio da metalurgia.
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Por: Luiz Vicente Suzin,
Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC)
AS COOPERATIVAS DE SC E A PAZ
As crises que eclodem e se sucedem em todos os continentes – em especial a guerra Rússia x Ucrânia – criam uma situação crítica na qual, entretanto, é possível vislumbrar a importância dos países produtores de alimentos, por um lado, e a essencialidade do cooperativismo, de outro. No caso do conflito em curso, além das atrocidades que horrorizam a humanidade a cada dia, sobressai a grave questão do rompimento das cadeias de suprimento. Os dois países em beligerância respondem por cerca de 30% dos cereais do comércio mundial. O conflito militar na Europa pode gerar interrupção na cadeia logística que afetará o mercado global e, consequentemente, o Brasil. Importamos mais de 85% dos fertilizantes agrícolas, com grande dependência de remessas de fósforo e potássio. A globalização transformou o mundo em uma aldeia global, tudo está interconectado. Santa Catarina sente esses influxos, pois tem forte atuação no mercado mundial de grãos e proteína animal. A Organização Mundial do Comércio alertou sobre a ameaça real, iminente e concreta de uma crise de fome no Planeta: até agora, 23 nações limitaram a exportação de alimentos. Esse cenário amplia o espaço para o Brasil e Santa Catarina aumentarem seu protagonismo no comércio internacional, confirmando nossa vocação para consolidar uma liderança na condição de potência em produção de alimentos. Além de reduzir os riscos de uma crise mundial de fome, será possível ampliar a presença brasileira e catarinense no comércio mundial. Essas mesmas circunstâncias da geopolítica mundial realçam duas faces fundamentais do cooperativismo. Uma delas resulta no fato de que parte significativa da produção de grãos, carne, lácteos, frutas, hortaliças e pescado está ancorada no sistema cooperativista. A outra é a doutrina do cooperativismo, que inclui democracia, igualdade, equidade e solidariedade, honestidade, transparência, responsabilidade. Em outras palavras: elementos substanciais para a paz. Esses e outros valores éticos inspiraram a definição da temática do Dia Internacional do Cooperativismo – “Cooperativas constroem um mundo melhor” – que, neste ano, será comemorado no dia 2 de julho. Será a 100ª vez que essa data emblemática será comemorada, sob orientação da Aliança Cooperativa Internacional (ACI). Num mundo em conflagração, as cooperativas se constituem em porto seguro porque têm uma benfazeja ação na sociedade, onde combinam adesão livre e voluntária, gestão democrática, participação econômica nos resultados com a prática da cooperação e o desenvolvimento sustentável das comunidades. Nesse aspecto, Santa Catarina construiu, pelo cooperativismo, uma sólida alternativa de empreendedorismo, com vocação coletiva, sustentável, eficiente e humanista que reúne mais da metade da sua população. Em um mundo em guerra e ameaçado pelo flagelo da fome, Santa Catarina oferece o exemplo da produção de alimentos e a solidariedade associativista, confirmando o que já proclamaram a ONU e a ACI, as cooperativas provaram ser mais resilientes a crises, fomentam a participação econômica, combatem a degradação ambiental e as mudanças climáticas, geram empregos, contribuem para a segurança alimentar, mantêm o capital financeiro nas comunidades locais, constroem cadeias de valor éticas e contribuem para a paz mundial.