Cinturao Negro 198

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ANO XVII - Nº 197 BIS BIMENSAL

MUHAMED ALI: O Maior!

TONI MORENO: Nunchaku avançado

ANO XVII - Nº 197 BIS BIMENSAL

A REVISTA MAIS INTERNACIONAL DAS ARTES MARCIAIS • KYUSHO • AIKIDO • NUNCHAKU

JON JONES: O novo génio do MMA

GURO DAVE GOULD: Fases de integração do Combate

EUGÊNIO TADEU: Luta Livre vs Jiu-Jitsu


O Kyusho vai além de fazer pressão em um ponto vital determinado, tem a ver com as habilidades no combate e suas realidades implícitas. Sua eficácia e adaptabilidade permitem ao praticante ir mais longe dos simples batimentos, pontapés e agarres. Isto é especialmente valioso em situações em que as nossas possibilidades estão limitadas pelo espaço, como um autocarro, trem ou elevador. O que fazer nesses casos? Neste DVD, o Mestre Pantazi realiza um estudo avançado sobre a aplicação da compressão e força direccional em diferentes partes do corpo, para conseguir diversos resultados. Tanto puxando como empurrando, podemos controlar, ou até incapacitar determinadas zonas mediante o método da compressão. Podemos ver ideias similares em alguns estilos Marciais, mas que ainda não possuem a quantidade de objectivos e métodos presentes no Kyusho. As compressões podem ser perigosas e causar graves danos quando não trabalhadas apropriadamente. Por favor, não tratem de fazer as técnicas aqui mostradas, porque são poderosas e potencialmente muito perigosas. Este DVD foi realizado para isto ficar historicamente avisado.

REF.: • KYUSHO16

Todos os DVD’s produzidos por Budo International são realizados em suporte DVD-5, formato MPEG-2 multiplexado (nunca VCD, DivX, o similares) e a impressão das capas segue as mais restritas exigências de qualidade (tipo de papel e impressão). Também, nenhum dos nossos produtos é comercializado através de webs de leilões online. Se este DVD não cumpre estas exigências e/o a capa e a serigrafia não coincidem com a que aqui mostramos, trata-se de uma cópia pirata.


Basta um CliC para estar no melhor que em Artes Marciais existe no teu idioMA‌


RIAL O GUERREIRO IMPORTUNADO Forte, não significa violento. Firme, não significa rígido. Fluido, não significa desordenado. Relaxado, não significa displicente. Alerta, não significa tenso. Atento, não significa crispado. Resoluto, não significa inquestionável. Moderado, não significa descuidado. Valente, não significa impulsivo. Cortês, não significa submisso.

A

via do guerreiro, (como não podia ser de outra maneira), está cheia de pontos escuros e contradições funcionais. Se a mestria fosse fácil, a verdadeira mestria, seria abundante como papoilas em Primavera, mas verdadeiramente ela é uma rara e extraordinária avis no firmamento Marcial. O cenário onde se desenvolve a nossa sociedade marcial é a fogueira de vaidades, onde se queimam seres cheios de complexos transformados em exibicionistas, amedrontados transformados em torturadores, inseguros que acabam em tiranos. A indispensável reflexão está ausente e tanto como a auto-crítica é substituída pela justificação…; crianças brincando a homens, ignorantes exibindo-se como sábios. Tenho visto de tudo nestes quase 25 anos dirigindo a que de uma ou de outra maneira, goste ou não, tem sido a revista marcante do ritmo da transformação do nosso mundo Marcial a um novo paradigma. Lideramos um difícil passo, o da ignorância supina sobre outras artes que não fossem o Judo, o Karaté ou o Taekwondo dos anos 70, o tempo em que marcial se identificava só com umas poucas figuras de lenda, alimentadas pela máquina de sonhos do cinema. Assistimos em primeira fila - e por que não dize-lo acompanhados como pioneiros e cicerones -, à revolução dos gladiadores, o mito da eficácia, o

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questionamento dos credos e dogmas tradicionais, forçando assim uma nova avaliação que deixava a descoberto as mentiras, para que aquilo que de verdade houvesse nos caminhos internos e antigos, tivesse que sair à luz para encontrar um novo espaço. Assistimos a como emergia o as pec to desportivo, ao desafio da Ocidentalização e ao Olimpismo, à aparição em cena das artes policiais e militares modernas, do sincretismo, a mistura e a heterodoxia, do “ValeTudo” …e do “tudo vale”. Mas o pano de fundo onde tudo isto se encena, não mudou grande coisa porque é eterno, isto é, a teimosia dos egos, a crítica do vizinho, a ausência de todo indício de sincera auto-crítica, do autêntico respeito que surge da certeza de que simplesmente não sabemos tudo. Pelo menos conseguimos envergonhar os mais descarados, estabelecendo como normal alguma nova ideia do que deveria ser, mas isso, como tudo quanto é exter no, apenas é um remendo, uma má imitação do verdadeiro remédio, ou seja, um pouquinho de humildade. Bem, dirá o leitor (e com razão)…, é a condição humana. Assim é, mas eu me resisto a que o efeito contágio em positivo não vá mais além, para que a transgressão seja mais e mais de dentro para fora; por isso, desde este foro, todo mês lanço ao infinito, como um surdo gritando no deserto, a minha pequena contribuição à reflexão

nos pessoais universos que transito, observando com curiosidade como a perseverança nesta tentativa abre brechas no aparentemente indissolúvel muro rochoso espiritual dos guerreiros. Os guerreiros como tipologia estabelecem um molde estereotipado com características bem definidas. Em sua mais alta evolução Miyamoto Musashi personifica como poucos a transição do tosco guerreiro ignorante e violento ao sábio. Nesse caminho, as Artes guerreiras por analogia descrevem similares níveis em sua ascensão evolutiva, basta ter olhos para ver. Quem ainda anda preso nas suas primeiras fases, pouco ou nada perceberá da sua exemplar vida e apenas verá a conhecida tragédia que resume o provérbio: Quem vive pela espada, morre pela espada. Transcender o que é simplesmente marcial abre não obstante outras vias para a consciência de ser, que raramente possibilitam outras artes. Mas para que a alquimia tenha lugar, deve haver reflexão, questionamento e acima de tudo, necessidade. Aqueles que já estão em tal caminho poderão tirar mais substância do texto que abre este editorial. Sem pretensão de dar todas as chaves, nem sequer as que talvez sejam as mais importantes, (quem sabe!), aí ficam, para proveito do sábio e descrédito do sáfio. Que se vejam as diferenças, mesmo que por uma vez estejam a favor dos bons, nada de mau vai acontecer.


Editorial “Transcender o que é simplesmente marcial abre não obstante outras vias para a consciência de ser, que raramente possibilitam outras artes. Mas para que a alquimia tenha lugar, deve haver reflexão, questionamento e acima de tudo, necessidade. Aqueles que já estão em tal caminho poderão tirar mais substância do texto que abre este editorial”

A reflexão à qual nos referimos, questiona lugares comuns do Marcial, que frequentemente justificam erros e inexactidões muito estendidas. Explicá-los agora de maneira pormenorizada, tiraria toda a força de ser o leitor a completar, por própria necessidade, esses espaços que a repetitiva ladainha do texto leva a realizar a cada um no seu silêncio; um vazio que o próprio texto impõe, imerso nessa dialéctica tão frequente nos textos taoistas, onde se infere mais que se explica, dando assim um espaço à reflexão que a prosa não promove. Neste número a minha contribuição chega quase em verso; necessitado pela falta de meios, em viagem o mês inteiro por terras valencianas e em coincidência com a “Mostra”, Festival de Cinema, escrevi no meu iphone como sucinto recordatório, estes pensamentos necessariamente esquemáticos. Quando retiramos todo ornamento resta o essencial e para além da métrica, o que fica de alguma maneira é poesia. Pelo menos é como eu gosto de ver esta questão, talvez mais virado para os conteúdos que para a musicalidade, encontro neste resumo alguns pontos chave das grandezas e misérias próprias da figura do guerreiro, de seus particulares infernos, atrozes contradições que reclamam atenção, para que o admitido discurso geral seja mais uma vez questionado e não sejam palavras ocas. Se um só coração vibrar com elas, se um só guerreiro as usar como espelho, a minha missão estará cumprida. Mais um mês e vão uns tantos, o grãozinho de areia deste surdo que grita no deserto… com um sorriso nos lábios.

Alfredo Tucci é Director Gerente de BUDO INTERNATIONAL PUBLISHING CO. e-mail: budo@budointernational.com

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KYUSHO

NUNCHAKU Como é bem sabido, a meta nas Artes Marciais é sempre uma projecção de eterna aprendizagem, mas um bom sistema deve ser capaz de levar-nos rapidamente, directamente, ao domínio do estilo, arma ou técnica a aprender.

p. 06

As 6 mãos de Ji do Bubishi aplicadas a técnicas específicas sobre pontos vitais. Esta maneira de situar as mãos permite aplicações extraordinariamente efectivas em ataques sobre pontos vitais.

p. 12 UFC MMA

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Así fue el “I Reto El Luchador de Vale-Tudo”, realizado el día 19 de Diciembre de 1996 en el Canecão, la mayor sala de fiestas de Río de Janeiro, que por primera y única vez recibió un evento de Vale-Tudo.

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Jon Jones é o novo “menino mimado” do público dos E.U.A. depois de vencer facilmente o campeão Maurício Shogun, tirando-lhe o cinto dos pesos semi-pesados no UFC 128.

“CINTURÃO NEGRO” é uma publicação de: BUDO INTERNATIONAL PUBLISHING CO. Central internacional: C/ Andrés Mellado, 42 – 28015. MADRID. Tel. (34) 91 897 83 40. Fax. (34) 91 899 33 19

CINTURAO NEGRO NO MUNDO

"Budo International" é um grupo Editor Internacional no âmbito das Artes Marciais, que conta com as melhores empresas especializadas nessa área de todo o mundo, sendo, a nível mundial, o único grupo editor a publicar revistas especializadas em Artes Marciais em sete idiomas, chegando a mais de 55 países em três continentes. Alguns destes países são: Portugal, Espanha, Itália, França, Alemanha, Reino Unido, Estado Unidos da América, Canadá, Suíça, Luxemburgo, Bélgica, Holanda, Croácia, Argentina, Brasil, Chile, Uruguai, México, Peru, Bolívia, Marrocos, Venezuela, Senegal, etc.


AIKIDO

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Em um combate real, uke é o inimigo e portanto, tenho de o dissuadir da sua atitude combativa como seja! Por outras palavras, é preciso escolher: vencer ou ser vencido!

BOXE Em todas as artes e ciências sempre se destaca alguém emblemático que faz mudar tudo e é lembrado pelas gerações vindouras. Sem nenhum género de dúvidas. no Boxe foi Mohamed Ali.

p.56

Presidente: Estanislao Cortés. Conselheiro Delegado e único Gerente: Alfredo Tucci. Direcção de Arte: Alfredo Tucci. Chefe de Produção: Marga López-Beltrán García. E-mail: magazine@budointernational.com. Chefe de Produção de Vídeos: Javier Estévez. Chefe de Distribuição e Material: Fernando Castillejo Sacristán. Administração: José Luis Martínez. Tradutores: Brigitte de le Court, Cristian Nani, Celina Von Stromberg. Publicidade: Tel. (34) 91 897 83 40. Colunistas: Don Wilson, Yoshimitsu Yamada, Cass Magda, Antonio Espinós, Jim Wagner, Coronel Sanchís, Marco de Cesaris, Lilla Distéfano, Maurizio Maltese, Bob Dubljanin, Marc Denny, Salvador Herraiz, Shi de Yang, Sri Dinesh, Carlos Zerpa, Omar Martínez, Manu, Patrick Levet, Mike Anderson, Boulahfa Mimoum, Víctor Gutiérrez, Franco Vacirca, Bill Newman, José Mª Pujadas, Paolo Cangelosi, Emilio Alpanseque, Huang Aguilar, Sueyoshi Akeshi, Marcelo Pires, Angel García, Juan Díaz. Fotógrafos: Carlos Contreras, Alfredo Tucci. Impressão: SERGRAPH. Amado Nervo, 11 - Local 4. MADRID. Distribui: MIDESA PORTUGAL – Distribuição de Publicações, S.A. Rua da República da Coreia, 34. Ranholas, Sintra. Depósito Legal: M-7541-1989


As Seis m達os do Ji

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Reportagem De entre os textos clássicos de Artes Marciais mais antigos, o Bubishi brilha com luz própria. O Mestre Pantazi neste artigo apresenta seu novo trabalho precisamente visando voltar à tradição, em função de aplicações sobre os pontos vitais: As 6 mãos de Ji do Bubishi aplicadas a técnicas específicas sobre pontos vitais. Esta maneira de situar as mãos permite aplicações extraordinariamente efectivas em ataques sobre pontos vitais. Diz quem sabe que não há nada de novo abaixo do sol. O Kyusho Jitsu é uma dessas poucas práticas marciais modernas, que para além do eclectismo, permite beber das fontes de diferentes estilos, para nos ilustrar de como surpreendentemente, os antigos sabiam muito mais do que todos pensamos em um primeiro momento. Este estudo do Bubishi e os pontos vitais é a viva amostra disso. Um DVD que não deve ser ignorado!

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6 Mãos Ji (do Bubishi*) Nos últimos tempos muito se tem escrito, falado e filmado acerca do Kyusho, na sua maioria tratando dos ataques anatómicos e seus efeitos. Entretanto, nada se escreveu das armas antigas para atacar estes pontos ou acerca da maneira em que estas são utilizadas. Acima de tudo temos de lembrar que as Artes Marciais modernas só são uma sombra das Artes antigas, devido à debilidade das linhas de ensino (Linhagem), ao trespasso de informação “Secreta” e à aparição do desporto. As Artes incluíram elementos mais complexos e acrobáticos ou atléticos. Além de tudo isto, com a chegada das MMA (Artes Marciais Mistas), há muita mais matéria para estudar e praticar. Muito tempo atrás os estilos se baseavam em umas poucas técnicas, mas obrigavam a um treino mais especializado para a realização a essas poucas técnicas. Era habitual ter um estilo constituído por 13, 36, 54 técnicas; de facto, aos Katas antigos ou formas era-lhes dado um nome conforme o número de técnicas que os constituíssem. Havia nomes tais como Seisan (13), Sanseiryu (36), Gojushiho (54) e muitos outros, alem dos utilizados como métodos ou fontes de técnicas dos estilos. No entanto, o que lhes faltava em quantidade era compensado com treino e preparo físico. Os estilos antigos criaram batimentos especiais com as mãos (que agora apenas podem ser vistos nos Katas), no entanto dedicavam muito tempo à preparação, fortalecimento e endurecimento destes batimentos, para que magoassem. Forjavam as mãos até que realmente eram sólidas ferramentas, com métodos dos que poderíamos pensar que são extremos e até absurdos. Um exemplo disso é a preparação dos dedos mediante o agarre de pesadas vasilhas. Depois, paulatinamente o praticante ia enchendo-as com água, o que levava a adquirir uma inacreditável força de agarre, mas o mais importante é que se começava a adquirir força nas mãos para um treino mais avançado. A seguinte fase era encher um recipiente com areia e lá meter repetidamente as mãos e os dedos; depois, os métodos da “palma de ferro”, que consistiam em bater na areia. Pouco depois, a areia era substituída por pedras pequenas e mais tarde por pedras de maior tamanho. Durante anos, se batia incessantemente com os dedos, como treino para desenvolver uma arma que permitisse penetrar nas fascias, ou dito de outra maneira, destruir partes do corpo e seus componentes. Na época actual não trabalhamos assim, não necessitamos faze-lo, posto que nestes momentos, os aspectos legais e da saúde não nos permitem faze-lo. Não obstante, aplicando o Kyusho moderno (ataques aos nervos) sobre as veias, ossos e tecidos, podemos usar estas armas com eficácia, para conseguir incapacitar o nosso oponente sem lhe causar dano físico aparente. De facto, estas posições antigas de mãos e estes métodos são tão viáveis hoje em dia como eram quando foram criados, mesmo se usados de forma ligeiramente diferente.


Reportagem Bubishi O historiador Patrick McCarthy escreveu no admirável livro “Bubishi, a Bíblia do Karaté”, que os ideogramas se podiam classificar literalmente em Bu (Militar), Bi (preparação) e Shi (documento) ou o que nós chamamos “documento sobre a preparação militar”. Esta é a informação real existente atrás dos mitos e aparentes exagerações que se têm ido transmitindo acerca desta matéria; agora não só achamos o mesmo relevante, como também um elemento primordial na informação acerca dos métodos de luta antigos.


Pontos Vitais Este segredo que uma vez foi guardado por uns poucos Mestres de Karaté privilegiados, era um texto que só se transmitia a uns determinados estudantes mais hábeis e mais sábios. Presumivelmente, este texto de autor desconhecido, chegado às costas de Okinawa desde Fuzhou (China) a meados do século XIX, é a origem dos métodos de combate de Okinawa. É um grande livro de história, filosofia e estratégia, equiparável ao “Livro dos Cinco Anéis” de Miamoto Musashi, ou à “Arte da Guerra” de Sun Tzu, pois serve como uma autêntica fonte de inspiração, assim como de documentação sobre o

batimentos de mãos eram ideais para atacar o sistema de circulação de sangue do corpo, causando não só uma imediata incapacidade do oponente, como também hemorragias inter nas que com o tempo provocariam consequências fatais no indivíduo. A estes objectivos se referem também neste texto como “Portas do Sangue” ou zonas para ter acesso aos importantes vasos sanguíneos ou aos órgãos que mais sangue recebem. O texto inclui as horas do dia em que os vasos sanguíneos são mais vulneráveis ao ataque e podem ser destruídos para causar a morte do oponente. Não obstante, apesar destas posições de mãos serem únicas e seus efeitos muito intrigantes, é impossível ou quase impossível a sua prática com os métodos de hoje em dia. Os preceitos éticos e legais acerca de matar, mutilar ou causar danos permanentes a um atacante, fazem inúteis seu uso e estudo. Podem ser vistas em alguns estilos escuros e ocultos nas Katas ou Formas tradicionais, mas actualmente são profundamente incompreendidas e ensinadas com uma informação ou aplicação incorrecta, posto que a sua verdadeira intenção não foi transmitida em liberdade, especialmente aos ocidentais, durante a ocupação das sociedades indígenas encarregadas de salvaguardar a verdade destes caminhos. No entanto há esperanças, posto que estas mãos Ji podem ser e de facto são o perfeito método de transmissão da adaptação mais moderna das aplicações Kyusho (Pontos Vitais), razão pela que são adaptáveis a uma Arte menos daninha mediante umas posições e batimentos de mãos mais convencionais, que é o “Ji” ou transferência de energia. Agora bem, isto não se refere ao que se chama Chi ou Ki, ou qualquer descrição metafísica de força, mas sim à transferência da energia

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verdadeiro Karaté. Inclusivamente, só neste texto se encontram os métodos de luta, assim como as localizações anatómicas, tempos para atacá-las, técnicas reais tiradas dos dois Katas principais, assim como diversos conhecimentos sobre medicina e a farmacologia de herbanário da China. Além disto, apenas neste texto podemos encontrar o conjunto das 6 Posições das mãos (As 6 Ji, Mãos de Energia). Todo isso foi criado para infligir o máximo dano no oponente, junto com a arte específica do Dim Mak ou Toque da Morte, ao qual também se alude. Estes

cinética ao sistema nervoso do corpo. As acções exactas e os atributos de desenvolvimento destes batimentos antigos, são exactamente iguais à maneira em que o Kyusho ataca o sistema nervoso para que trabalhe e realmente se transfira a mensagem neurológica na forma apropriada. De facto, os objectivos que se descrevem no Bubishi são os mesmos objectivos do Kyuso, só que de uma maneira mais superficial; esta é a razão pela qual o treino e a preparação das mãos no estilo antigo não é o mesmo de agora. Já não necessitamos penetrar fisicamente no corpo, nem causar grandes feridas para conseguir um efeito prejudicial. Estes objectivos são também pontos de acesso aos diferentes sistemas nervosos, posto que o tecido vascular sempre está acompanhado ou protegido por nervos ou órgãos sensoriais. Atacando estas estruturas é possível uma incapacitação mais imediata, como acontecia com o antigo método do Dim Mak, mas sem propriamente causar nenhuma doença nem outros efeitos daninhos. Graças a décadas de busca e de treino usando as mãos nos métodos de Kyusho, estes segredos se mostraram aptos para incapacitar e representam o refinamento dos métodos de ataque. Isso nos levou a dar a volta inteira para compreender as formas antigas e evitar que se percam com o tempo, ou por mandato dos homens.

Energia Para compreender melhor a “Energia” nas 6 mãos Ji (Energia), devemos perceber primeiro a energia cinética tão falada na arte do Kyusho (como se pode ver nas aulas, seminários, vídeos e textos). Devemos ver a verdadeira acção que afecta à superfície atacada, adicionando de uma maneira

especial penetração e torção, à manipulação que está sendo executada. A fim de esclarecer isto um pouco, temos três acções principais (além destas há outras) que se usam predominantemente no Kyusho: 1. Pressão no nervo; não é uma pressão lenta nem constante, é um toque rápido que transmite uma veloz e aguda reacção electroquímica no nervo manipulado. 2. Acção de esfregar (realmente trata-se de esticar ou fazer uma tensão num receptor anatómico determinado) é uma acção cortante rápida e profunda para activar o acto reflexo. 3. Batimento, que é um estiramento, compressão ou força cinética de vibração para afectar o nervo. Estes tipos de transferência de energia cinética se conseguem com uns movimentos apropriados e uma acção corporal coordenada, usando as posições específicas das mãos. Perceber a acção ou aplicação correcta desta torção ou manipulação das posições das mãos (junto com alguns objectivos específicos) pode levar anos de estudo e prática, entretanto, é possível treinar durante um breve espaço de tempo para conseguir um uso efectivo e sem precisar uma preparação que possa ser causa de magoar as mãos, como artritismo ou lesões nas articulações. Há seis variantes de torção nos movimentos das mãos e por isso o nome de “Mãos de Energia” é tão adequado. Estudando-as com mais detalhe o leitor de certo poderá perceber as posições específicas, assim como suas diferentes possibilidades. 1. Mão de ossos de ferro - transferência de rotação. (Imagem A) Esta posição de mão utiliza o primeiro nó do polegar para fazer o ataque. A maneira apropriada de uso é com uma dupla rotação,



Reportagem onde o pulso executa duas rotações simultaneamente. Quando impacta no objectivo, o pulso gira simultaneamente para dentro e para baixo, para que os dedos se afastem facilmente do objectivo. Isto faz que a energia se concentre mais facilmente para baixo no objectivo e mande uma descarga à estrutura do nervo. Alguns objectivos viáveis; debaixo da sobrancelha, ST-5 por cima, St-5 por baixo, TW-17, ST-9, SI-18, M-HN-14, M-HN-18, LV-13, LV-14, H-2, ST-17, GB-26, BL-23, GB-20, SP-11, ST-34 e muitos outros. 2. Palma de areia de ferro - Estendendo a transferência (explodindo). (Imagem B) Usando a palma da mão (não os dedos). Esta é uma arma ideal para superfícies duras onde o nervo é superficial, como no racimo-GB (Vesícula biliar) da frente. O racimo-GB consiste realmente em dois ramais do nervo que se estende desde o osso atrás do olho até a zona transversal da esquina do olho, assim como à zona média da sobrancelha, por cima da testa até a zona do cabelo, justamente debaixo da pele e do outro tecido. O método para usar esta arma é estender rapidamente a palma no impacto (enquanto se separam os dedos). Isto causará uma descarga na zona em que se bate, a qual é extensiva por natureza… Pensemos nas ondas que se produzem na água quando um objecto bate nela. Isto também se adapta a objectivos que se encontram debaixo da pele na parte mais dura do crânio. Este outros objectivos viáveis são (mas não limitadamente), ST5, BL-10, ST-1, ST-3, M-HN-18, assim como há muitos outros. 3. Mão de espada (Mão de vento) - transferência de batimentos. (Imagem C) No livro e no DVD Top Ten, é possível ver muito bem o seu uso; esta arma tem grande força de penetração devido à sua velocidade. É usada a zona conhecida como o calcanhar da mão ou osso do pulso; quando a mão ou o braço estão em movimento em direcção ao objectivo a uma velocidade normal, a mesma aumenta agitando o calcanhar da mão sobre o objectivo, provocando que haja uma

superfície mais afiada, assim como um foco mais agudo de transferência de energia. Alguns objectivos específicos que reagem bem a este ataque estão em zonas mais moles, como o pescoço GB-20, LI-18 & ST9, ou inclusivamente em superfícies mais duras, como a parte traseira da mandíbula TW-15. 4. Mão de folha de erva Transferência de dupla direcção. (Imagem E) Podemos pensar na dupla direcção como no clássico Yin e Yang, ou no uso simultâneo de puxão e empurrão. Por exemplo, os dedos dobrados podem realizar uma acção de puxar ou estender, assim como os batimentos dos dedos estendidos no nervo esticado. Por exemplo, agarrando a clavícula para activar o ST-10 ou 11, seria afectar o nervo que está entre os ramais do músculo esternocleidomastoideo no ST-10 ou ST-9, para fazer uma penetração aguda com o dedo indicador estendido. Isto é acompanhado com a torção do pulso, para conseguir força de penetração com uma acção pequena e eficaz. 5. Mão de coagulação de sangue - transferência de rotação para diante. (Imagem D) Este é o ataque mais poderoso e devastador para muitos objectivos. Está melhor delineado para conseguir uma maior penetração nos pontos do corpo que os outros ataques de mão. Fazse usando o movimento de rotação dos dois primeiros nós. No entanto, não podemos (assim como nas outras posições da mão) negar a possibilidade de bater, puxar ou comprimir com os dedos, ou de esfregar com a mão.


Alguns objectivos como o ponto K-27, justamente debaixo da anca, justificam uma acção mais profunda de rotação (para esticar ou comprimir). Por isso se usa este nome de “Mão de coagulação de sangue”. Era uma ferramenta para atacar órgãos nos quais o sangue realmente se concentra. Isto poderia interferir severamente no baço, fígado, rins, ou mesmo no coração, ou no primeiro objectivo mencionado o K-27, um tecido vascular crucial que vai e vem do coração, assim como as artérias aorta e jugular. 6. Mão da garra de ferro - Transferência de puxão. (Imagem F) Esta arma não é nova para a maioria das Artes, visto ser uma das armas mais frequentes. No entanto, habitualmente não se usa da maneira em que foi delineada, nem nestes tempos se ensina como um dos típicos objectivos do Kyusho ou do Dim Mak. Não obstante, é uma arma versátil que originalmente atacava estas estruturas anatómicas débeis, como o pulso, o antebraço, o braço, o pescoço, a cara, inclusive ainda que em menor maneira, a perna. A correcta aplicação consiste em pressionar as estruturas superficiais para expor o verdadeiro objectivo e então comprimi-lo e girá-lo (“as garras”) na direcção da estrutura. Esta arma é tão ampla que precisaríamos de fazer mais um artigo ou mais um vídeo para poder mostrar em detalhe todas as suas possibilidades.

O preparo físico O preparo físico acontece de maneira natural com a prática e o treino e com o contacto real do Kyusho para poder constatar os efeitos reais. Por exemplo, quando se usa a garra de ferro agarrando o pulso ou outras zonas, usando o contacto e a força para provocar uma resposta neurológica, se está treinando simultaneamente a velocidade, a coordenação, a força, e as acções apropriadas de agarre e torção, desenvolvendo a sensibilidade e a focalização. Já não é necessário castigar as mãos tanto tempo, como se fazia antigamente, posto que evoluímos partindo da força destrutiva do Dim Mak, até a arte mais subtil e efectiva que é o Kyusho.


Aprendizagem

Fotos:

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Texto: Toni Moreno Š www.budointernational.com


Nunchaku

Rara vez um Mestre Marcial alcança a destreza em vários estilos e o êxito desportivo como é o caso deste campeão mundial de Taekwondo. Toni Moreno é um extraordinário artista Marcial; não só está dotado excepcionalmente para a prática e a competição, como tem demonstrado em 30 anos de uma bem sucedida carreira, é também um inteligente organizador de métodos, um homem que pensa e delineou um dos métodos mais eficazes e rápidos para aprender a dominar uma arma tão complexa e versátil como o Nunchaku. Seus vídeos estão longe do habitual exibicionismo de outros autores, para concentrar-se no método, no ensino ao estudante. Após o sucesso obtido com o seu primeiro DVD, eis aqui a segunda entrega para estudantes m a i s avançados.

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A

evolução é a consequência lógica do progresso em qualquer das suas possibilidades e neste caso, com este segundo vídeo para aprender a utilizar o Nunchaku, lançamos ao mercado a evolução em um sistema que é consequente com seus princípios, aprendizagem, compreensão, criação e evolução. Em meus trinta anos praticando Artes Marciais acabei por compreender que o mais importante na aprendizagem e no ensino do que é Marcial, é a utilização de um sistema bem construído, para que através do treino se possa chegar de maneira segura, eficaz e o mais rápida possível à meta, que não é outra que o domínio da Arte em questão. Como bem sabemos, nas Artes Marciais a meta é sempre uma projecção de eterna aprendizagem, mas um bom sistema deve ser capaz de nos levar rápida e directamente, ao domínio do estilo, arma ou técnica a aprender. Neste, como em outros vídeos de aprendizagem, quis deixar de lado qualquer género de exibicionismo. O meu objectivo é bem claro: ajudar a aprender novas técnicas com esta versátil arma. Para que este vídeo seja ainda de mais utilidade é importante ter estudado e treinado as técnicas do primeiro volume “Nunchaku: THE METHOD FROM 0 TO 100” que realizamos aproximadamente um ano atrás. No primeiro vídeo começamos de zero, sem nenhuma experiência nem contacto prévio com o nunchaku; nele eu entregava as bases para conhecer e aprender a usar esta arma; também ensinava muitas e variadas técnicas, que iam desde uma base prática e gradual, com grupos de movimentos que constituem este sistema como: direcções de movimentos, mudanças de direcção, mudanças de mão, rolamentos, dois nunchakus, direcções de batimento, defesa pessoal, etc.. Com este segundo volume “ADVANCED NUNCHAKU” (“Nunchaku avançado”) podem evoluir muitíssimo. Este é um método mais que contrastado com múltiplos alunos; aplicado na maneira correcta, sem dúvida alguma leva a aprender novos e complexos movimentos, novas técnicas, algumas das quais se destacam por sua tremenda dificuldade. Outras serão apreciadas por serem realmente espectaculares..., outras ainda, aparentemente mais simples e práticas, abrirão novos caminhos a uma execução com novos movimentos, posto que quando adaptadas a cada indivíduo permitem essa finalidade tão desejada por qualquer praticante desta arma que tenha alguma experiência prévia em seu uso. Poderá então obter domínio e destreza máximas, alcançar o que parece impossível com naturalidade e com genuíno controlo das mais extraordinárias formas e combinações.

“O meu objectivo é claro: Ajudar a aprender novas técnicas com esta versátil arma”

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Análise do conteúdo do DVD “Advanced Nunchaku”

técnica, que é de difícil execução e de grande beleza plástica e vistosa.

seguinte passo na escala evolutiva da utilização de dois nunchakus.

1. MUDANÇAS DE DIRECÇÃO Seis novas técnicas e uma combinação de todas elas. Neste capítulo destaca a mudança de direcção sobre pulso com rolamento, que surpreende por sua simplicidade e possíveis aplicações.

4. LARGADAS Novo grupo que não se tocou no primeiro vídeo e que a muitos dos leitores será muito espectacular, junto com os rolamentos e dois nunchakus. Começo mostrando cinco técnicas que exigem muita prática, mas algumas delas, quando praticadas assiduamente não são nada difíceis de realizar.

6. DEFESA PESSOAL Apresento seis combinações de batimentos concatenados em diferentes alturas, distâncias e direcções de batimento, passo lógico para melhorar as técnicas perante defesa pessoal real. Naturalmente, sem esquecermos que não é uma arma que se possa portar na rua para a própria defesa, nem sequer os nunchakus de espuma estão autorizados seu uso nem sua comercialização em numerosos países.

2. MUDANÇAS DE MÃO Oito novas técnicas e duas combinações com algumas delas. Algumas técnicas deste grupo são extremamente difíceis e outras nem tanto, mas sendo muito espectaculares e com grande capacidade para fazer combinações conquistam os praticantes. Disso não tenho a mais mínima dúvida. 3. ROLAMENTO Neste capítulo apenas apresento uma nova

5. DOIS NUNCHAKUS A finalidade no uso do nunchaku visando a exibição é dominar a arma com as duas mão ao mesmo tempo, por tanto não ter dificuldade em seu uso com os dois braços, em diferentes direcções, com largadas, rolamentos, etc.. Neste vídeo ensino seis novas técnicas com dois nunchakus, introduzindo movimentos opostos dos braços,

7. DEFESA PESSOAL PERANTE AGRESSORES Quatro situações imaginárias que mostram às claras a contundência e a capacidade de destruição do nunchaku. É tal a potência ao impacto do nunchaku que na realização deste vídeo nos vimos obrigados a utilizar nunchaku de espuma com corda, que é o menos pesado e por conseguinte impacta com menos potência, mas mesmo assim, os parceiros que faziam de agressores deviam usar capacetes com protecção para o rosto. Convencido e desejoso que este vídeo sirva para que os interessados possam continuar aprendendo mais técnicas e possibilidades com o nunchaku, apresento este segundo volume do meu sistema. É conveniente praticar primeiro com o primeiro volume “THE METHOD FROM 0 TO 100” e dominar todos os passos de cada técnica, antes de continuar com a seguinte. Como é lógico, cada um gozará ou realizará mais facilmente umas técnicas que outras, mas é importante de um modo geral gozar com o treino, aproveitar o bem o tempo e ir aprendendo com um bom método. Espero que gostem desta segunda entrega para praticantes avançados. Quero agradecer ao Sr. Tucci e a toda a sua equipa a maneira como fomos recebidos tanto os meus alunos como eu próprio, assim como a possibilidade de chegar até praticantes do mundo todo e serem eles a julgar a validez do meu sistema.

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“O domínio e a destreza máximas permitem alcançar o que parece impossível com naturalidade e com genuíno controlo das mais extraordinárias formas e combinações”

“Um bom sistema deve ser capaz de levar-nos rápida e directamente a dominar o estilo, arma ou técnica a aprender” 18


Armas Marciais

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Artes do Japão

O

Jujutsu, durante séculos, foi uma das artes do exército japonês, que a manteve em seu currículo até a Segunda Grande Guerra. A sua origem se perde no tempo, nos deixando rastros de que tenha surgido na Índia ou mesmo vinda dos índios japoneses. De uma forma ou de outra, a arte suave ou flexível, como é traduzido o Jujutsu, difere muito da forma apresentada na época contemporânea. O Jujutsu tradicional está incluído no programa de Koryu, que visa a conservação das formas clássicas iniciais. O antigo estava voltado à manutenção do pensamento vivo do Bujutsu como

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propriedade defensiva em campos de batalha. Sendo assim, não pode ser considerado esporte nem tão pouco moderno. Por definição, um método de combate desarmado representa um modo sistemático e engenhoso em aplicar o corpo humano como arma. Esse tipo de combate sem a utilização de armas foi adoptado, em primeira ordem, para resolução dos problemas de confrontos violentos. Combates armados e desarmados parecem ter coexistido desde o princípio da história suplementando, integrando, ou substituindo um ao outro de acordo com a demanda do tempo, lugar e circunstâncias.

De facto, a observação mostrou que o corpo humano poderia operar com habilidade em combate como uma arma primária e que a mestria de seus elementos e funcionalidades seria capaz de fazer com que um homem subjugasse outro homem violentamente, enquanto simultaneamente aplicasse isto em defesa própria. Cada escola segue bem a sua linha de técnicas e Seiteigata que lhe foram convenientes no passado. Esta conservação nos dias actuais tem gerado intensas dúvidas e conflitos entre mestres e alunos. É natural e compreensível este acontecimento, haja vista que com a chegada da modernidade e os novos métodos de aprisionamento - algemas,


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Artes do Japão presilhas -, o Torite, que representa o passado em forma de técnicas, seja visto através de uma visão efectiva como um artefacto quase obsoleto e por conseguinte, questionado ou abandonado. O não entendimento gera um conflito. O conflito gera a insatisfação com a prática. No entanto, ninguém pode negar que estamos em uma época de intensas transformações e novas consciências no mundo das artes marciais. O Oriente está se ocidentalizando e o Ocidente se orientalizando; talvez algo já previsto pelos sociólogos e pensadores. Já não possuímos mais a hegemonia, nem tão pouco a supremacia de nenhuma raça ou povo em nenhuma de suas características culturais. É chegada, de facto, a era da globalização; foi-se o tempo em que os japoneses eram os melhores em suas artes; diversos ocidentais têm demonstrado que uma coisa é tradição, outra é realização, competência; haja vista a quantidade de japoneses que buscam em mestres ocidentais respostas para suas ânsias e desejos. Já não existem mais sonhos em se tornarem Uchi-Deshi deste ou daquele mestre simplesmente por dizer que faz parte de uma árvore genealógica… Nossos espíritos e almas estão cada vez mais exigentes; e isto é bom! Excelente! Podemos, sem dúvida, através da história, dizer que o Jujutsu é uma das pioneiras artes de guerra no Japão; contudo, para os dias de hoje, sua efectividade, como tudo, torna-se relativa; tudo depende deste ou daquele factor. Entretanto, posso dizer que o mais interessante e que já não é mais relativo, é seu teor investigativo dentro de suas propriedades. Sua prática deve ser muito mais investigativa que “instigativa” - para fins irregulares. Podemos dizer em profundidade que o Jujutsu tem uma virtude a que nada falta, ele é absoluto em si mesmo: por isto mesmo, apesar dela estar firmemente estabelecida como arte de guerra, está, contudo, sempre se movendo. Busquemos o que vem a ser este "movimento". Apenas porque o movimento de sua relatividade não é igual ao do ser humano. Este "movimento" a que se referia Dokai, é a essência de todo movimento. Esclareçamos o que significa esta afirmação, "sempre se movendo". "Sempre se movendo" indigita com isto a eternidade. Este movimento mencionado aqui, "sempre" é muito mais rápido que o próprio vento, mas aqueles que estão vivendo no Jujutsu nem notam que ele está se movendo e nem estão de forma nenhuma conscientes deste movimento. Ainda que a história o conserve, suas formas intervêm na modernidade, desencadeando uma série de formas de Jiu Jitsu. Podemos ver pela visão do Haragei que quem está adormecido não tem consciência deste

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movimento. O movimento, apenas corporal, não é nada comparado ao movimento que a mente proporciona. Contudo, ainda assim, tudo é relativo! No que se refere a técnicas antigas, é necessário se considerar que estudar não é meramente realizar um movimento, é conhecer a sua essência. Todavia, há de se lembrar que o valor histórico só existe se o pensamento também for conservado. Cada seguimento (RYU) de Seitei possui uma explicação específica e uma directriz que favorece a manutenção dos motivos pelos quais aquela técnica é executada daquela maneira, naquele ângulo, com aquele braço, e etc.… Torite se refere a aprisionar, aprisionamento. Realizar técnicas de Hayanawa, aprisionamentos, ou mesmo sequências como específicas não caracterizam o factor antigo, nem desmerece o esforço de quem os desenvolve nesta era contemporânea. Entretanto, a função do Seiteigata, principalmente do Torite, é conservar a forma de actuação da polícia da época. Manter como fundo antropológico as diversas formas de aprisionamento e manifestação diante de uma situação corelacionada. Podemos fazer uma pergunta: mas como saber se este é o correcto ou verdadeiro? Seria muito difícil comprovar o que real mente era feito em tais períodos, apenas seguir a corrente que chegou até os dias de hoje. É por isso que não se pode des merecer quem tenta, de alguma forma, realizar algo parecido. Este era o caminho da época e é natural que encontremos cada professor realizando-o à sua maneira. Contudo, há de se lembrar também que alguém se esforçou para mantê-los como são. O mundo evolui, e certa mente que com ele, muitas novas formas surgirão; e é importante que surjam para que o novo possa r e n o v a r a n t i g o s conceitos. P o r é m , q u a n d o falamos em conservação,

nos remetemos à protecção contra a deterioração. Muitos mestres acreditam que a conservação deve surgir primeiramente no interior de quem pratica as formas antigas. Ou seja, devemos concentrar-nos, para controlarmos o pensamento. Neste caso em específico, concentrar-se é meramente resistir, é construir um muro à volta de si mesmo, para proteger uma focagem sobre uma ideia, um princípio, uma imagem, ou o que quer que seja, excluindo tudo o mais. Obviamente que do momento em que estas formas estão direccionadas a uma prática real - Kakuto no Bujutsu - toda forma que aprimora é bem vinda, tal como suas modificações. Há de separar bem esses dois aspectos. Alguns afirmam que é uma questão de moralidade para com a prática.


REF.: • LONG6

REF.: • KYUSHO17

Novidades DVD´s de Artes Marciais

REF.: • TMNUN2

De entre os textos clássicos mais antigos das Artes Marciais, o Bubishi brilha por si mesmo. O Mestre Pantazi realiza este novo trabalho precisamente visando voltar às raízes tradicionais das “6 Mãos de Ji” do Bubishi, aplicadas a técnicas específicas sobre pontos vitais. Apesar destas posições de mãos serem únicas e seus efeitos muito intrigantes, é quase impossível praticá-las com os métodos actuais, mas não percam a esperança, posto que estas mãos Ji podem ser o perfeito método de transmissão da adaptação mais moderna das aplicações Kyusho. Atacando estas estruturas é possível uma incapacitação mais imediata, como acontecia com o antigo método do Dim Mak, mas sem propriamente causar nenhuma doença nem outros efeitos daninhos. Graças a décadas de busca e treino, estes segredos se têm desvelado aptos para incapacitar e representam o refinamento dos métodos de ataque. Isso nos levou a dar a volta inteira ao círculo para compreender as formas antigas e evitar que se percam com a passagem do tempo, ou por mandato dos homens.

PrEÇO: 35,00€ c/u

NOVIDADES DO MÊ S!!!

Neste trabalho, que é uma continuação do realizado em 1998 e que foi extensamente criticado, o Mestre Longueira apresenta uma nova maneira de interpretar o Aikido, o caminho combativo que O'Sensei transmitiu a mestres como Mochizuki. É por isso menos válido que o transmitido a Doshu? Vejamos bem! Em um combate real, Uke não é tolerante, não aceita as técnicas, Uke é o inimigo e devemos escolher entre vencer ou ser vencidos. É esta a mudança de atitude que propõe o Aikido Longueira-Ryu, não se vence com o Ki mas com o pensamento e o corpo, combatendo com uma ideia clara, vencer. Longueira recuperou parte da esquecida identidade marcial neste DVD, incorporando técnicas de chão, com imobilizações e sutemis, e técnicas com luvas, onde se pode apreciar não só a rapidez da execução, como também uma verdadeira intenção de Uke de magoar-nos. Uma amostra do “Aikido Combat”, que acaba no combate pleno, com ausência de protecções (pois os conhecimentos técnicos e habilidades já o não requerem) e onde respeitando toda a tradição, se pratica um Aikido “marcial”, um Aikido “eficaz”…, uma arte marcial!

Rara vez um Mestre Marcial alcança a destreza em vários estilos e o êxito desportivo como é o caso deste campeão mundial de Taekwondo. Toni Moreno não só está excepcionalmente dotado para a prática e a competição, é também um homem que concebeu um dos métodos mais eficazes e rápidos para aprender a dominar uma arma tão complexa e versátil como é o Nunchaku. Neste DVD, como lógica evolução do seu primeiro trabalho, Toni entra em profundidade no sistema com novas e mais complexas técnicas de mudanças de direcção, mudanças de mão, rolamentos, duplo Nunchaku, batimentos concatenados, defesa pessoa, e inicia o ensino das largadas, a característica que no manuseio desta arma mais chama a atenção. Novas técnicas, algumas de tremenda dificuldade, outras verdadeiramente espectaculares, e outras aparentemente mais simples e práticas, que abrem caminho a novas dimensões no domínio do Nunchaku. Resumindo, alcançar o que parece impossível com naturalidade e com genuíno controlo das mais extraordinárias formas e combinações.

PEDIDOS: CINTURAO NEGRO Andrés Mellado, 42 28015 - Madrid Tel.: (0034) 91 549 98 37 Fax: (0034) 91 544 63 24 E-mail: budoshop@budointernational.com

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Todos os DVD’s produzidos por Budo International são realizados em suporte DVD-5, formato MPEG-2 multiplexado (nunca VCD, DivX, o similares) e a impressão das capas segue as mais restritas exigências de qualidade (tipo de papel e impressão). Também, nenhum dos nossos produtos é comercializado através de webs de leilões online. Se este DVD não cumpre estas exigências e/o a capa e a serigrafia não coincidem com a que aqui mostramos, trata-se de uma cópia pirata.


O NOVO GÉNIO DO MMA As bolsas de apostas estavam certas, mas ninguém poderia prever que de maneira tão expressiva. No dia em que completava 23 anos e 8 meses de idade, Jon Jones deixou o público em êxtase no UFC 128 com a forma como passou por cima, sem dó nem piedade, do então campeão Maurício Shogun e tomou-lhe o cinturão dos pesos meiopesados 41 dias depois de sua última luta. Na reportagem que você acompanha a seguir, a Budo disseca o novo génio do MMA. Texto: Colin Foster & Marcelo Alonso Fotos: UFC

““A ousadia, tranquilidade e confiança que ele demonstrou me impressionaram” Minotauro “Ele fez tanta coisa incrível que só faltou ter um bebé no Octagon” Dana White

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Grandes Lutadores

Atropelando o Campeão Jon Jones correspondeu com sobras às expectativas da imprensa americana e mostrou técnicas que vão muito além da sua especialidade, o wrestling. De cara, o então desafiante presenteou Shogun com uma joelhada voadora que o deixou tonto por toda a luta e sem pressa, castigou com um mix de chutes altos, cotoveladas e socos rodados. Dono da maior envergadura da história do UFC, com 2,15m de alcance, Jones manteve Shogun à distância como um adulto faz com uma criança, apenas esticando o braço e v en do so co s desferidos inutilmente no ar, até se esgotarem pelo cansaço. Como que curtindo o êxtase do público, se exibiu durante quase três rounds, mesmo podendo ter mi n ar antes a luta, até que o brasileiro desmontou no Octagon, totalmente consumido e notoriamente derrotado.

Jones atingiu Shogun 102 vezes, enquanto foi golpeado em apenas 11 oportunidades Ao término da luta, Jones mostrou o que aquele título significava, acariciando o cinturão dos meio-pesados durante todo o tempo que falava. Uma coisa era clara: consolidava-se ali um fenómeno do UFC e do MMA, capaz de manter o precioso troféu sob seu domínio por muitos anos. “Foi minha performance mais completa, certamente”, reconheceu já nas entrevistas. O site de estatísticas das MMA, FightMetrics mostrou números impressionantes: Jones desferiu 102 golpes nos 12min37seg de luta, enquanto apenas 11 o atingiram. O novo campeão derrubou Shogun uma vez e o golpeou 70 vezes na cabeça. Além de ser ofensivamente brutal, mostrou defesa apurada nas raras vezes em que foi atacado, e só permitiu um low-kick do brasileiro.

Queridinho da América “Bones” foi recebido na semana seguinte por Jay Leno, apresentador do “Tonight Show”, um dos programas de maior audiência dos EUA e foi ovacionado pela plateia. Falou com extrema desenvoltura, lembrou o episódio antes do UFC 128 quando correu atrás e parou um ladrão, contou curiosidades de sua vida e brincou com a actriz Kirstie Alley, mostrando todo seu carisma e potencial mediático, que o fazem ser a nova “menina dos olhos” do UFC.

Quem é Jon Jones? Fé para superar tragédia familiar Nascido no vilarejo de Eddincont, Nova York, Jon Jones teve criação voltada à fé. E foi assim, ouvindo sermões do pai, pastor de uma igreja Pentecostal, que conseguiu superar a perda de sua irmã mais velha, Carmen. Ela morreu de câncer cerebral às vésperas de completar 18 anos. Jonny tinha apenas 12.

Irmãos desportistas Arthur Jones III, de 24 anos, actua na NFL, a liga de futebol-americano dos EUA, pelo Baltimore Ravens. Chandler também é jogador de futebol-americano e está em seu primeiro ano em Syracuse, mesma faculdade cursada por Arthur. Ao contrário dos dois, Jonny não chegou à NCAA, mas fez sucesso no Junior College e ganhou o campeonato colegial pela Iowa Central Community College, em 2006. Por isso, ele está no Hall da Fama do Wrestling.

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Homenagens à irmã Jon Jones faz diversas homenagens à irmã. Sua segunda filha, nascida em 2009 (Leah foi a primeira), se chama Carmen. Ele também tentou tatuar o nome em japonês nas costelas, mas depois cobriu; teve pintado “Guerreiro Pacífico”. No peito, tem o versículo Filipenses 4:13 da Bíblia, o preferido dela.

Carreira meteórica Sua estreia no MMA aconteceu em Abril de 2008, quando ganhou duas lutas em cinco dias, sendo uma em cima do b r a s i l e i ro C a r l o s E d u a rd o . U m a sequência de seis vitórias seguidas o alçou ao UFC e em sua primeira luta derrotou outro brasileiro, André Gusmão. A t é o t í t u l o , d e r ro t o u n o m e s c o m o Brandon Vera, Vladimir Matyuschenko e Ryan Bader. A alcunha “bones” vem da época em que jogava Futebol Americano na escola. A armadura deixava suas pernas finas tão e m d e s t a q u e q u e p a re c i a m a p e n a s ossos.

Versátil e sujo? É difícil descrever o jogo de Jon Jones. Além do Wrestling, ele também é campeão nacional de Kickboxing. Seus chutes altos, socos e cotoveladas rodadas acabam com qualquer plano de jogo. Sua única derrota, para Matt Hamill, em 2009, lhe deu fama de lutador “sujo”. Mesmo advertido e punido, Jones utilizou cotoveladas ilegais de cima para baixo diversas vezes, com o adversário no chão e com o nariz já quebrado. Foi desqualificado. Em outras lutas, até mesmo contra Shogun, recebeu críticas por sua violência nos golpes e pelo excessivo uso dos cotovelos. Dana White o considera “intimidador”.

Depoimentos explicam porque ele é o cara... A performance de Jon Jones foi assunto recorrente entre os lutadores. Fomos atrás de depoimentos de grandes nomes do MMA mundial, que não hesitaram em dizer: este jovem americano é o cara.

Dana White, presidente do UFC “Achei que a falta de experiência f o s s e a t r a p a l h a r. I m p r e s s i o n o u s e u domínio sobre Shogun, um lutador ardiloso, esperto, que tem enfrentado o s m e l h o re s c a r a s d a c a t e g o r i a n o s últimos 10 anos e é um finalizador, vai pr'a cima. Jones simplesmente tirou isso tudo da sua frente, dominou a luta e acabou com ele. Ele fez tanta coisa incrível que só faltou ter um bebé no Octagon”.

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Junior Cigano, 2º lugar no ranking dos pesos pesados “Fiquei muito impressionado com a forma como ele dominou a luta contra o Shogun, em todos os aspectos. Depois do que vi, acho que ele vai reinar nessa categoria por um bom tempo”.

Rodrigo Minotauro “A ousadia, tranquilidade e confiança que ele demonstrou me impressionaram. Ele é muito calmo, bem atlético, mantém bem a distância pelo tamanho que tem e sabe jogar na curta pelo backround de Grego Jackson. Mas me impressionou mesmo foi como melhorou no intercâmbio na última luta. O garoto é completo!”.

José Aldo, campeão dos pesos pena do UFC “O Jon Jones mostra muita inteligência, chegou numa fase muito boa a essa luta contra o Shogun e aproveitou isso. O Shogun estava sem ritmo, o que o Jones soube usar a seu favor. Ele é um grande campeão”

A voz do novo Campeão Jon Jones é muito diferente da maioria dos jovens de 23 anos. Não só por ser campeão de MMA da categoria mais disputada do mundo, mas também pela facilidade para se expressar e pela maturidade. Assim como nas lutas, não foge das perguntas. Abaixo algumas das p r i n c i p a i s declarações do novo dono do cinturão dos meiopesados do UFC, logo após a vitória sobre Shogun.

Humildade “Há apenas três anos eu estava na faculdade e tentando ganhar algum dinheiro. Lembro de não ter como viajar para minha casa no

“A alcunha ‘bones’ vem da época em que jogava Futebol Americano na escola. A armadura deixava suas pernas finas tão em destaque que pareciam apenas ossos” Natal, então sei como é estar do outro lado da cerca. Ter esse cinturão e ser campeão mundial não me fazem melhor do que ninguém, sei como lidar com isso. É parte do meu sonho, representa segurança financeira para a minha família e não vou deixar ninguém tirá-lo de mim” - UFC.com


O NOVO GÉNIO DO MMA “Ter esse cinturão e ser campeão mundial não me fazem melhor do que ninguém, sei como l idar com isso” Possível “Era Jones” "Não acredito nessa história de nova era. Acredito em quem trabalha duro, faz um 'training camp' forte, para ganhar, e é para isso que me preparo. Me senti bem, fenomenal, na luta. Sou abençoado por saber usar esse dom que recebi. Foi minha performance mais completa" - ESPN

Variedade de golpes utilizados em suas lutas "Aprendi boa parte desses golpes sem nenhum treinador, olhando no Youtube. Enquanto as pessoas começam com o básico, aquele '1-2, jab, 1-2 jab', eu procurava imagens desses socos rodados" - Colectiva de imprensa

Grego Jackson “Ele é um grande treinador, tira o máximo das nossas habilidades, trata de cada atleta individualmente, mudando pequenas coisas em cada um. Ele me mostrou como ser imprevisível, alternar golpes de cima para baixo, girando...”

Exposição excessiva a contra-ataques "Não me importo o quão em perigo eu fico por causa desses golpes, considero-os imprevisíveis. Assim que você inicia o movimento deles, as pessoas estão preocupadas mais em defender suas cabeças do que em contra-atacar você".

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Look Mai Muay Thai Erawan e entre as numerosas estratégias de combate desenvolvidas pelos mestres de luta siamesa durante um período de vários séculos, desde os começos dos anos 1600, até o século passado, se destacam as técnicas avançadas, normalmente denominadas genericamente como Look Mai Muay Thai. Cada uma delas, de maneira parecida ao que acontece com as mais simples estratégias Mae Mai (ou técnicas básicas), encerra muitos princípios de combate que quando já descodificados, proporcionam ao thai boxer uma ampla bagagem técnica para usar em cada ocasião. Agora vejamos em detalhe a Look Mai número 1 (segundo a codificação universalmente aceite por todos os Arjarn tailandeses). A técnica se denomina Erawan Soei Nga, que literalmente quer dizer “Erawan (o elefante branco com três cabeças) bate com o dente". Superficialmente analisada, esta acção consta da aplicação de um ou mais punhos que quando levados de baixo para cima ao rosto ou ao corpo do adversário, evitam seu ataque impetuoso. Na realidade, cada Look Mai nos abre o caminho a um exame detalhado de um mundo pleno de tradições culturais ancestrais, de técnicas marciais sofisticadas e conhecimentos médicos precisos.

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A origem O nome hinduísta de Erawan é Airavata, o mítico elefante branco. O elefante é a cavalgadura dos reis e símbolo do poder real, o poder do domínio; de facto, Indra, Rei do Céu, cavalga sobre o elefante Airavata. Segundo a tradição Airavate tem quatro dentes e sete trombas e é branco albino. Está unido à água e à chuva, pois o poderoso elefante mete a sua tromba na água do mundo subterrâneo e manda-a borrifada para o céu, criando as nuvens que Indra bate umas contra as outras fazendo chover e assim pondo em comunicação os dois mundos, o mundo do céu e subterrâneo. Erawan, a versão tailandesa de Airavata é representado como um enorme elefante com três cabeças (em algumas versões tem trinta e três), cada cabeça com dois ou mais dentes de marfim; também nesta versão Erawan é a cavalgadura do deus Indra.

O verdadeiro protagonista Além de ter um papel fundamental nas actividades práticas dos tailandeses, tradicionalmente e desde épocas renotas os elefantes foram considerados em um sentido de grande espiritualidade. Mencionados por primeira vez nos textos hinduístas e budistas de muitos séculos atrás, gozaram desde então de um prestígio maior que qualquer outro animal. O significado espiritual dos elefantes é atribuído a Ganesha, o deusa hindu do conhecimento, que remove os obstáculos; sua tromba é curva, para simbolizar que pode alcançar a meta suprema rodeando os obstáculos. Entretanto, o sentido dos elefantes brancos, os 28

mais sagrados, têm suas raízes no Budismo. Na Tailândia só o Rei podia possui-los. A importância do soberano, a partir do Rei Ramkamhaeng (século XIII), era avaliada pelo número de elefantes brancos que possuía.

A técnica O elefante é um animal enorme, dotado de uma potência excepcional, de facto pode inclusivamente arrancar de raiz uma árvore. As técnicas assimiladas ao elefante nascem da observação do emprego dos dentes para bater e a tromba para desviar, bater, agarrar, partir. O emprego da tromba para bater de maneira relaxada mas poderosa, foi copiado pelos thais e utilizado para desenvolver o mortal Tae, pontapé em rotação típico do Muay Thai, em que a perna se lança sem ser contraída ou dobrada e depois estendida, como acontece nas técnicas de pontapé de outros estilos orientais (observar a execução do ataque de pontapé no Mae Mai Hak Nguang Aiyara). Os dentes do elefante são armas mortais e assemelhamse aos batimentos lançados com os punhos de baixo para cima (como o Mahd Suhy em Erawan Soei Nga) ou com os cotovelos para cima ou para baixo (no ataque duplo Chang Prasan Nga). Além dos batimentos, a tromba também se utiliza para apalpar, agarrar e arrancar os ramos das árvores ou qualquer objecto que se encontre em frente do elefante: da mesma maneira se agarram as pernas do adversário e se puxa delas para provocar a sua queda (como na técnica Kotchasan Kwang Nguang). Finalmente, o pé do elefante pode pisar qualquer coisa com efeitos destrutivos: assim, o golpe de calcanhar contra um adversário no chão, frequentemente resulta ser uma técnica definitiva.

Os pontos vitais A mandíbula ou osso maxilar inferior forma a parte inferior do rosto e mantém no seu lugar os dentes. O nervo alveolar inferior, ramo mandibular do nervo trigémeo, entra no forame mandibular e se dirige em frente pelo canal mandibular, proporcionando a sensibilidade dos dentes. Um forte batimento nesta zona, especialmente se é com um ângulo de 45° (tal como acontece quando se bate com a técnica Erawan Soei Nga), pode levar a uma fractura da mandíbula; quem padece esta técnica sofrerá dor aguda e dificuldade para abrir a boca e pode ter um entorpecimento dos lábios e do queixo. A luxação da mandíbula poderia realizar-se com fractura. ou também com ausência de fractura, se o golpe fosse directo à parte mais alta do osso (na direcção do ouvido). Receber um golpe enquanto temos a boca aberta (também ligeiramente), fará aumentar as possibilidades de luxação mandibular. No pior dos casos, um golpe seco à mandíbula também pode causar lesões traumáticas do cérebro (lesão intra-craneal).


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Fases de integração do combate Existem numerosas diferenças entre aprender a lutar, treinar para lutar, lutar um combate real e ensinar a alguém a lutar a efeitos práticos. Em Lameco Eskrima temos quatro fases de desenvolvimento combativo; fase de aprendizagem, fase de treino, fase de combate e fase de ensino. Todas são vitais para alcançar um desenvolvimento combativo completo e cada fase dessa evolução é diferente e propriamente única.

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a fase de aprendizagem construímos um sistema efectivo e nele introduzimos uma série de movimentos básicos de combate. Na fase de treino reforçamos aquilo que foi construído na fase de aprendizagem e actualizamo-lo mediante o método de ensaio e erro, sempre de maneira realista e sob a premissa causa/efeito, mudando constantemente a estrutura. Na fase da luta medimos o efeito em combate das técnicas, pomos nossas habilidades em jogo para nos enfrentarmos às incertezas de uma situação real, enfrentando-nos às possíveis consequências das nossas acções ou às nossas possíveis acções falidas. Na fase de ensino nos encarregamos de polir e mostrar a nossa verdadeira capacidade de combate, por quanto assumimos as duras condições do combate e nos responsabilizamos por qualquer consequência directa que tenham as nossas acções em combate. Seguidamente abordarei mais detalhadamente de cada uma destas fases.

Fase de aprendizagem Esta é a fase em que se desenvolvem os movimentos mais básicos para o combate, as qualidades para o combate e finalmente as técnicas do combate. A aprendizagem deve ser lenta ou rápida, adequando-se à capacidade de cada estudante para aprender e assimilar o que já foi ensinado e situar o material no adequado contexto do combate. Quando uma pessoa está treinando para o combate, na fase da aprendizagem as áreas mais importantes para trabalhar são: o desenvolvimento de um sistema efectivo de combate, de movimentos efectivos de combate e de umas medidas apropriadas dos movimentos para o combate. Após um trabalho funcional para conhecer os movimentos e os atributos, a pessoa começa a desenvolver um currículo completo de técnicas práticas. Aprendendo não só os pontos fortes como também os pontos débeis inerentes a cada técnica, o que rapidamente se torna algo necessário para a evolução do potencial de cada pessoa e que também nos leva conhecer as nossas debilidades, o que constitui um factor que ajuda a calcular o risco das próprias acções. O aspecto mais importante desta fase é alcançar uma compreensão clara e concisa do material aprendido, assim como desenvolver as bases funcionais e fundamentais dos movimentos de combate e os atributos através dos quais possamos tentar lançar um ataque mortal quando surja a oportunidade. É um momento em que se entra profundamente na relação do movimento com a distância, a resposta ao contraataque, recuperação e a capacidade técnica para conseguir o efeito apropriado na evolução combativa.

Fase de treino A fase de treino tem como objectivo levar a capacidade combativa de cada pessoa a uma situação de combate real, ao mesmo tempo que se enfrentam as consequências e os riscos que implica. Nesta fase se introduzem os princípios de agressão, não cooperação, contra-ataque, percepção, reacção e recuperação, para conseguir uma evolução adequada. Tudo se treina em tempo real para melhorar os aspectos do combate, posto que o governam as leis causa/efeito. Esta é a fase em que começamos a enfrentar-nos às consequências das nossas acções ou não acções. Posto que a evasão ou a dúvida são acções deliberadas, não muito sábias, mas continuam sendo

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acções, somos responsáveis por todas as coisas que escolhemos fazer ou deixar de fazer no campo de batalha. Isso é responsabilidade e um homem não pode ser um guerreiro se não se faz responsável pelas suas acções e pelo que omite fazer. Não se deve confundir a fase de treino com a fase de aprendizagem, pois o efeito que se deseja conseguir em cada fase é muito diferente. Na fase de treino simplesmente se pesquisa, se experimenta, assimila e utiliza tudo quanto se aprendeu e desenvolveu na fase anterior, com uma fórmula simples para uma premissa simples: sobreviver.


No Lameco Eskrima o que é pequeno sempre se transforma para se fazer grande, de maneira que os guerreiros mais efectivos treinarão com a intenção de maximizar o mal causado e minimizar os riscos. Quanto mais simples e natural seja o que se fizer, mais efectivos serão os resultados que se consigam. Depois dos atributos, o que deve ser assimilado são os movimentos em geral e a técnica aprendida; tudo isto se leva a um confronto baseado na realidade, consequentemente a enfrentar-se à resistência e à adversidade; incluindo isto em qualquer das maneiras de desenvolver um combate, se obtêm resultados mais realistas. A maneira como se treina é a melhor maneira de mostrar como se responderá no momento de enfrentar uma situação real de crise. Uma regra dura e rápida da evolução do combate é que se treinamos como se a nossa vida dependesse disso, lutaremos como se a nossa vida dependesse disso… E simplesmente é assim! Na fase de treino, a maneira de desenvolver apropriadamente o combate é questionar o ambiente do mesmo e dessa maneira nos preparamos para nos enfrentarmos honestamente às r e s p o s t a s recebidas. Começamos a a g i r consoante

as necessidades, em vez de agir conforme a nossa escolha. A situação e o ambiente do treino começam a mostrar as realidades do verdadeiro meio do combate, as quais nos servem como modelos para criar qualquer ambiente, tudo isso para que o nosso ambiente de treino se aproxime o mais possível à realidade de um combate. O que pode acontecer numa situação da realidade na rua, deve ser tratado da mesma maneira no nosso ambiente de treino de combate. Um ambiente no qual se responde sob coacção e no meio do caos só será útil quando se omitirem os elementos de conveniência e comodidade e quando se responda sem ter demasiado tempo para isso. Um homem sábio disse que tanto aquele guerreiro que pensa que vai sobreviver como aquele que pensa que vai morrer em combate, ambos têm razão. A pergunta que surge é: Qual dos dois guerreiros somos nós? Viver ou morrer depende da nossa resposta e só a nossa maneira de treinar nos prepara para sermos aquele que queremos vir a ser. Treinamos para ter uma mente, um corpo, uma vida visando uma meta…, que é sobreviver.

A fase de luta Esta fase permite experimentar o caos, a violência e a destruição e termos de uma maneira realista, uma resposta combativa e evitar nada menos que a própria morte, permitindo-nos sobreviver a uma situação de crise na nossa vida. A verdade combativa nos fala claramente desta fase da evolução, quando as nossas verdadeiras habilidades de combate, que de certeza aparecerão nesta fase, literalmente nos possibilitem pôr em ordem o caos, ao mesmo tempo que mostrarão qualquer erro das nossas capacidades quando são mandadas pelas leis usadas no combate real. Para nós é imperativo continuar com a evolução no combate, de modo a aceitarmos as premissas de quem adquiriu um compromisso durante esta fase em que passamos de sermos Artistas Marciais a Guerreiros. Todos necessitamos ser cientes de que inclusivamente quando o nosso inimigo cai agónico aos nossos pés, não estará realmente morto até não ter exalado o último alento. Até isto não acontecer continuará vivo e continuará sendo um perigo para nós e se lhe damos uma oportunidade poderíamos unir-nos a ele na morte. Nesta fase do treino com sparring, a luta é um indicador do combate que pode ser a melhor maneira para saber quais são realmente os efeitos das nossas habilidades. A realidade do evento propriamente dito e as nossas experiências colectivas são os melhores conselheiros nesta imitação da realidade. Neste ambiente só podemos ser tão efectivos quanto possível nesse momento e só as nossas habilidades determinarão se vamos sobreviver ou sucumbir na rua, se formos obrigados a defender a nossa vida.

Fase de ensino A última meta de qualquer instrutor é ensinar o necessário aos seus estudantes, mostrando-lhes todas as suas fortalezas e nenhuma das suas debilidades. A minha meta como instrutor é preparar os meus estudantes para a realidade do combate e mostrar-lhes a verdade do combate, assim como apresentar-lhes todas as suas consequências e fazer com que se responsabilizem de todas as acções que realizarem em combate. Eu próprio me farei responsável não só das capacidades combativas de cada estudante, como também da arrogância ou falta de confiança nas suas habilidades. Eles precisam ser conscientes de qual é a sua verdadeira capacidade para o combate e de não se enganarem a si próprios pensando que são uma espécie de semideuses invencíveis por simples seres humanos. Quando pedimos a Deus fortaleza Ele nos manda dificuldades e só trabalhando nessas situações difíceis aprendemos delas e

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“A última meta de qualquer instrutor é ensinar o necessário aos seus estudantes, mostrando-lhes todas as sua fortalezas e nenhuma das suas debilidades” crescemos para ser mais fortes. Deus nunca nos dá exactamente o que queremos, mas sim nos dá o que necessitamos. Ele nos permite conhecer aquilo que mediante o trabalho duro, a determinação e a paciência, nós temos que transformar no que queremos. Mediante as tarefas duras, provações e erros, sempre governados pela lei de causa/efeito, aprendemos a ser mais fortes. O treino não é diferente, queremos ser efectivos, mas para conseguir isto temos que treinar intensamente em tempo real e sermos capazes de enfrentar as consequências das nossas acções, tanto as boas como as más. A maioria parece querer tornar-se grandes guerreiros sem ter que lutar ou desafiar-se a si próprios no processo. Isto é impossível e só por meio da adversidade e experimentando a dura realidade do combate, passaremos de ser artistas marciais a ser guerreiros. Existe grande diferença em saber como lutar e ser realmente capazes de lutar. Muita gente sabe como lutar mas poucos dos que dizem saber seriam capazes de levar à prática com um certo sucesso, aquelas coisas que dizem saber. Não há caminhos fáceis para o êxito, não há atalhos, é preciso suar e trabalhar diligentemente frente a uma grande quantidade de adversidades, desafiando-nos a nós próprios para desenvolver o máximo potencial durante o treino. Devemos lembrar que

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integridade é fazer o que se espera de nós, mesmo quando ninguém nos observa, portanto, temos de treinar pelos motivos devidos, não para impressionar os outros mas para desenvolver um combate efectivo, nem mais nem menos. Depende do instrutor dirigir e afastar o estudante da ignorância, levando-o pelo caminho da autorealização, auto-confiança, habilidade e arte. Fazendo um resumo final, realmente trata-se de percepção contra realidade. A simples realidade de uma situação de combate deve ser seguida e preparada para além do que nós percebemos como realidade, para basear nela os exercícios de treino, os pontos de vista dos conceitos para assumir o combate, e a antecipação. O certo é que uma situação de combate evolui e adianta seus próprios termos de tal modo que nos indica a melhor maneira de enfrentá-la; não temos escolha, devemos enfrentar a situação em seus termos e não nos nossos. Portanto, treinamos para nos enfrentarmos à incerteza que proporciona uma situação de combate e nos preparamos para responder a qualquer ameaça e tudo o que a mesma supõe, tão rapidamente como nos seja possível.



Reportagem Uma noite idealizada para ser de festa para três grandes estrelas do Jiu-Jitsu: Amaury Bitetti, Jorge Pereira e Crézio de Souza, mas que ficou lembrada pelo confronto em que um aluno iniciante de Eugénio Tadeu (Luta-Livre) venceu de maneira inquestionável um dos maiores nomes da escola Carlson Gracie. Assim foi o “I Desafio o Lutador de Vale-Tudo”, realizado no dia 19 de Dezembro de 1996 no Canecão, a maior casa de shows do Rio, que recebeu pela primeira e única vez um evento de Vale-Tudo.

Eugénio Tadeu segue receita Gracie No ano em que o UFC finalmente chega ao berço do MMA é interessante lembrar das batalhas pretéritas que contribuíram para que o Vale-Tudo evoluísse e chegasse ao patamar desportivo actual. No fim de 1996, Yan Bonder, principal idealizador da revista Tatame, que acabara de se desentender com um dos sócios da revista, decidindo sair e criar uma nova publicação de lutas (O Lutador) se associou a Ricieli Santos, conhecido promotor de campeonatos de Jiu-Jitsu da época, para fazer um evento de ValeTudo. Nascia assim o “I Desafio o Lutador de Vale-Tudo”.

O facto de Alan ser faixa laranja e ter pouco mais de um ano de luta, levou Crézio a aceitar uma diferença de 8kg em favor do aluno de Tadeu. A rivalidade entre as duas modalidades, ainda mais após as 3 vitórias do Jiu-Jitsu sobre a Luta-Livre no sangrento ValeTudo do Grajaú em 1991, transformou o Canecão num barril de pólvora quando os dois lutadores entraram no ringue. A luta começou com um domínio claro de Crézio, que passou boa parte dos 10 minutos do 1º round batendo da guarda de Alan, que fazia uma táctica para minar o faixa preta. Com a guarda fechada e

A noite em que a Luta-Livre roubou o show do Jiu-Jitsu

A ideia inicial do evento era fazer uma super luta entre Crézio de Souza, considerado o mais técnico peso leve de Carlson Gracie e o maior ícone da LutaLivre, Eugénio Tadeu. “Quando me trouxeram a ideia do desafio eu fiz como os Gracie faziam. Eu já tinha uma história na luta, havia lutado com Pitangui, Royler, Walllid, achei que o Crézio precisava se credenciar para lutar comigo. Então propus que ele lutasse com o meu aluno Allan Carvalho, caso vencesse, eu lutaria no próximo evento com ele”, lembra Eugénio Tadeu. 34

defendendo boa parte dos golpes de Crézio, o aluno passou a cansar o oponente, que já não conseguia mais derrubá-lo no segundo round. Foi aí que a história do c o m b a t e começou a mudar. Maior e


História melhor preparado em pé, Alan passou a levar melhor no intercâmbio. Por volta de 3minutos do 2º round, já muito cansado e já ensanguentado, Crézio sentou fazendo guarda. Neste momento Eugénio, cercado por Bustamante e Wallid, protagonizou uma cena histórica, entrelaçando os braços com os dois rivais. “Não teve jeito, naquela hora a cotovelada estava comendo de todo lado, então foi melhor a gente segurar os braços, até para se proteger uns dos outros e assistir a luta”, conta Tadeu, que segundos depois veria seu aluno definindo a luta com socos da lateral. Diante de um Crézio de quatro, bastante machucado e sem esboçar reacção, Pinduka interrompeu o combate e deu a vitória para o raçudo aluno de Eugénio, que hoje mora nos EUA, mas não vive mais da luta. “Ali o pessoal do Jiu-Jitsu passou a respeitar mais a gente e eu passei a preparar um para cada categoria do Jiu-Jitsu”, relembra Tadeu.

Jiu-Jitsu em noite pouco inspirada E a noite realmente não foi das melhores para o JiuJitsu. Antes de Crézio perder para o aluno de Eugénio, o faixa preta da Barra Gracie, Jorge Pereira perdeu várias posições (montadas e costas) até chegar as costas de Egídio Sombra da Noite e finalizá-lo com um mata-leão. Já na luta principal da noite, entre Amaury Bitetti e o kickboxer americano, Maurice Travis, Bitetti entrou nitidamente desconcentrado após a derrota do amigo Crézio e, mesmo sendo 10kg mais pesado, não conseguiu vencer o americano com a facilidade que todos esperavam. O faixa preta de Carlson Gracie chegou a perder uma montada, mas depois derrubou novamente, voltou a montada e, após uma sessão de socos, finalizou Travis com um mata-leão a 3minutos de luta. Nas outras duas lutas do evento, Henrique Lango (Freestyle) obrigou Claudionor Fontinelli (Muay Thai) a desistir com socos da montada a 10 minutos do 1º round, enquanto o boxer Sérgio Gaúcho venceu Paulo de Jesus (kickboxing) com socos da montada a 5min10 (Paulo escapou do ringue).

Computador para pagar as bolsas No final do evento, como era comum na época, as contas não fecharam. Contribui muito para isso a mentalidade que imperava na comunidade do Jiu-Jitsu na época (todo mundo é amigo então não paga ingresso), o que acabou impedindo Yan Bonder e Ricieli Santos de conseguirem o caixa suficiente para pagar as bolsas. Mesmo com o Canecão quase cheio, Bonder e Santos, amargaram parcos 130 pagantes, o que mal dava para pagar a bolsa do americano Travis. Resultado: Para pagar as outras bolsas, os promotores tiveram que vender um carro as pressas. No final ainda ficou faltando a bolsa da grande estrela do evento, Alan Carvalho da Luta-Livre. “Eu senti que a corda ia arrebentar para o lado mais fraco, pagaram todo mundo do Jiu-Jitsu, só ficou faltando um do Dedé e o meu garoto, que deu o principal show da noite e ia ficar sem receber. Então tive que tomar uma atitude mais ríspida. Fui na redacção dos caras e apreendi uns computadores. Graças a Deus logo depois deu tudo certo e eles acertaram connosco”, lembra Eugénio Meses depois a revista O Lutador acabaria falindo e o principal idealizador da revista Tatame, o talentoso e Yan Bonder, acabaria deixando definitivamente o mercado editorial de lutas.

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Neste trabalho, que é uma continuação do realizado em 1998 e que foi extensamente criticado, o Mestre Longueira apresenta uma nova maneira de interpretar o Aikido, o caminho combativo que O'Sensei transmitiu a mestres como Mochizuki. É por isso menos válido que o transmitido a Doshu? Vejamos bem! Em um combate real, Uke não é tolerante, não aceita as técnicas, Uke é o inimigo e devemos escolher entre vencer ou ser vencidos. É esta a mudança de atitude que propõe o Aikido Longueira-Ryu, não se vence com o Ki mas com o pensamento e o corpo, combatendo com uma ideia clara, vencer. Longueira recuperou parte da esquecida identidade marcial neste DVD, incorporando técnicas de chão, com imobilizações e sutemis, e técnicas com luvas, onde se pode apreciar não só a rapidez da execução, como também uma verdadeira intenção de Uke de magoarnos. Uma amostra do “Aikido Combat”, que acaba no combate pleno, com ausência de protecções (pois os conhecimentos técnicos e habilidades já o não requerem) e onde respeitando toda a tradição, se pratica um Aikido “marcial”, um Aikido “eficaz”…, uma arte marcial!

REF.: • LONG6

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Weng Chun

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"O trabalho corporal secreto do Saam Pai Fat" 1ª Parte

Hong Kong 1986 - o Saam Pai Fat entra na minha vida

Aumente o seu poder marcial aprendendo o trabalho corporal da arte secreta Weng Chun do Saam Pai Fat, “Três reverencias a Buda”. Explore sua sabedoria e seu significado espiritual pela mão do pioneiro do Weng Chun, o mestre Andreas Hoffmann, voltando ao Hong Kong dos anos oitenta, em sua i n t r é p i d a aprendizagem com os últimos Mestres de Weng Chun.

O meu Mestre de Wing Chun queria apresentar-me a Wai Yan, o Grão Mestre do Weng Chun Kung Fu. Nos encontrávamos na transitada Waterloo Road, em frente de um mercado. Exactamente aí, no meio de todas aquelas lojas, se encontrava a Meca do Weng Chun, a Dai Duk Lan, onde tantos mestres famosos tinham lutado e treinado. Eu contava 19 anos de idade e o meu sonho era aprender o Kung Fu original na China. Em um daqueles locais, dois honráveis idosos faziam Kiusao. Eu conhecia um exercício similar do meu Wing Chun Chisao, mas estes Mestres estavam realizando-o de uma maneira diferente, usavam todo o seu corpo em cada movimento, mesmo quando se tratava de um movimento pequeno, o que fazia que os seus movimentos fossem muito flexíveis e poderosos. Tudo parecia muito harmonioso e o meu cérebro treinado no Wing Chun, duvidava de que aquilo fosse efectivo. Era suficientemente rápido? Não era o punho directo a ligação mais curta com o meu oponente? Mas para além disto, era impressionante ver como aqueles Mestres combinavam sem esforço socos, pontapés, derribamentos e agarres. Depois, o Grão Mestre Wai Yan deu-nos as boas-vindas, apresentou-me ao seu aluno o Grão Mestre Lau Chi Long e convidou-me a fazer um combate de treino contra ele. Eu logo aceitei, posto que com o meu orgulho juvenil eu pensava: “Se soubessem que bom que sou!…, mas terei cuidado com ele, porque é muito idoso…” Quando me enfrentei com o idoso Mestre, a coisa foi completamente diferente, tudo quanto eu fazia era utilizado pelo GM Wai Yan, que usava a minha própria força contra mim e usava o seu corpo como força de alavanca, fazendo uns estranhos movimentos em arco para me derribar, para me agarrar ou até para me bater desde um ângulo melhor. Os meus ataques directos sempre acabavam no ar e o GM Wai Yan sempre parecia ter prazer em me agarrar. Esta foi a primeira vez que constatei o poder da aplicação do Saam Pai Fat. Depois, passei a ser um aluno do GM Wai Yan no famoso Dai Duk Lan e seguindo a tradição (Baisi), comecei a treinar Saam Pai Fat no velho boneco de madeira.


O nome Saam Pai Fat vem dos Guerreiros Budistas de Shaolim Qual é o significado de Saam Pai Fat? Para nós, Budistas praticantes de Chan (Zen) o Saam Pai Fat era e é um exercício diário básico de reverenciar Buda, é Dharma e Sangha. Buda como o símbolo do nosso potencial; Dharma, as ensinanças para alcançar esse potencial e Sangha, toda a gente que está no mesmo caminho. Os exercícios diários de reverência fazem do nosso corpo uma máquina poderosa e isso purifica e concentra a nossa mente. Todos os caminhos de sabedoria Shaolim se concentram numa forma e daí este nome: Saam Pai Fat. Saam Pai Fat = Saam - três vezes, Pai- reverenciar, Fat - Buddha. Saam - três posições para Buda com um significado espiritual Dharma e Sangha, posição para o conceito do Céu do Weng Chun, Homem e Terra. Pai - Fazer a reverencia proporciona ao praticante um modelo da ferramenta de treino que necessita para o combate, a defesa pessoal e o trabalho corporal para uma visão multidimensional. Buda é o símbolo do despertar do próprio potencial para proteger, curar, inspirar e apoiar outros seres.

Saam Pai Fat no Weng Chun Segundo a tradição oral do Mestre Wai Yan e da família Lo, o Saam Pai Fat

se tornou a forma mais importante do Weng Chun porque os conceitos do Saam Pai Fat passaram a ser o coração e a característica do resto das formas e movimentos. Historicamente, os guerreiros Shaolim ensinaram o Saam Pai Fat nos juncos vermelhos e os mestres dos juncos vermelhos o ensinaram apenas a estudantes muito selectos. O resto dos estudantes deviam ficar a saber apenas outras formas e conceitos. Fun g Si u C h i n g , h eró i do Wen g Chun, ensinou o Saam Pai Fat apenas a uns seus estudantes especiais, os irmãos Lo. Fung Siu Ching tinha estado gravemente doente, sendo curado pela família Lo, que eram herbanários. Foi assim como depois escolheria estes irm ã os co mo seu s su cesso res. A família Lo e o GM Wai Yan fizeram possível que outras linhagens do Weng Chun/Wing Chun tivessem acesso ao maravilhoso Saam Pai Fat na famosa Meca do Weng Chun, o Dai DuK Lan, em Hong Kong. Andreas Hoffmann seria o último estudante do Dai Duk Lan sob a tutela do GM Wai Yan e actualmente continua ensinando o Saam Pai Fat.

Saam Pai Fat no Wing Chun? É interessante que a gente de Wing Chun denomine a sua terceira secção Siu Lim Tao Saam Pai Fat. Além de tudo o mais, podemos encontrar muitos movimentos do Weng Chun Saam Pai Fat simplificados, em algumas formas do Wing Chun. Aí podemos ver as estreitas ligações que tem havido entre o Weng Chun e o Wing Chun.

O estudo do Saam Pai Fat Estão prontos para a revolução? No Saam Pai Fat o praticante de Weng Chun a p r e n d e movimentos c o r p o r a i s especiais, o que constitui uma revolução dos s e u s conhecimentos prévios de Weng Chun. Graças à

compreensão dos mecanismos do corpo e com a evolução do Qi é possível desenvolver um enorme poder e uma grande velocidade quase sem esforço. A característica principal deste nível é o movimento de rotação e ondulação do corpo (Wan Wun Yiu Tiet Ban Kiu), que lembra alguém fazendo uma reverência. O Saam Pai Fat ensina a orientar-se na direcção do Céu, do homem e da terra; são a expressão do espaço, a força da gravitação e a energia do Shaolim Chan e as Artes Marciais. O espaço entre dois combatentes divide-se em três distâncias e três alturas: Céu (Tien), Terra (Yan), e Homem (Dei). A consciência e a sensibilidade são as habilidades básicas para sentir todas as direcções e todas as dimensões para controlar a linha central (equilíbrio) do atacante e para aplicar uma variedade de ferramentas que o deixarão incapaz de combater (Fok).

O Céu, o Homem e a Terra do Saam Pai Fat, fundamentos do combate em três dimensões O Céu, do ponto de vista da distância, está representado pelos batimentos de mãos e per nas numa situação de combate sem contacto. Desde a altura (céu) se age contra a parte alta do corpo. O ponto de referência do Céu se ensina através da técnica de Weng Chung Kung Mei - ataque às sobrancelhas - e é o Dan Tien mais alto ("campo de energia"). O Homem, do ponto de vista da distância, está representado pelas cotoveladas e as joelhadas numa situação de combate em que há contacto com o oponente. Desde a altura homem se age contra a parte média do corpo, o ponto de referência do homem é o triângulo formado com a garganta e os dois mamilos. Mais especificamente é o ponto de Acupunctura Ren 17, que é a porta ao Dan Tien médio. A Terra, do ponto de vista da distância está representada pelos batimentos de cabeça, de ombro e de anca, na situação de combate em que se entrou em contacto com o tronco do adversário. Desde a altura terra se age contra a parte baixa do corpo. O ponto de referência da Terra é o ponto de Acupunctura Qi Hai (abaixo o umbigo) que é a porta ao baixo Dan Tien (do livro Weng Chun Kung Fu,

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Kung Fu

Hung Hee Gung - o Punho do Sul

A

linha de transmissão do nosso Shaolim (Siulam) Hung Gar Kung fu, tal como o conhecemos hoje em dia, começa com o já tantas vezes mencionado abade do mosteiro de Shaolim do Sul, Chi Sim Sum Si. O melhor aluno de Chi Sim e do mosteiro Shaolim, era Hung Hee Gung. Segundo conta a tradição da escola de artes marciais, deve destacar-se a importância de Hung Hee Gung na arte marcial da China, como também a solidariedade e lealdade dos 10 melhores alunos de Shaolim. A arte ensinado nesta escola de Kung Fu, mais tarde foi conhecida com a denominação de “Hung Gar” ou “Hung Kuen”. Hung Gar aprendeu muitas formas, técnicas e princípios com o abade Chi Sim Hung. Na literatura especializada diz-se muitas vezes que Hung Hee Gung teria aprendido o estilo de tigre de Chi Sim, remetendo-se à conhecida forma “Fook Fu Kuen” (punho que vence o tigre, 1ª forma principal). O tigre aqui se refere ao animal que então, para o povo chão era o mais forte na serra de Ling Nam, na China do Sul. Portanto, o nome da forma não se refere às técnicas do tigre, mas sim quer dizer que o aluno, quando aprender correctamente esta forma, será tão forte de será capaz de vencer um tigre. Hung Hee Gung aprendeu de Chi Sim o autêntico Kung Fu de Shaolim do Sul. Deixou o mosteiro após ter passado o exame e com a autorização do abade Chi Sim. Mais tarde, Hung Hee Gung conheceu através de

seu irmão no Kung Fu, Fong Sai Yuk, que viria a ser sua mulher, Fong Wing Chun. Ela esteve aprendendo Kung Fu com seu tio, Fong Sai Yuk (um dos 10 melhores alunos de Shaolim). Preferia principalmente as técnicas do grou. Melhorou o seu Kung Fu ao longo de muitos anos e chegou a ser uma versada na matéria. Hung Hee Gung aprendeu da sua mulher as subtilezas do seu Kung Fu do grou e assim desenvolveu a “Fu Hik Seung Yin Kuen” (forma dupla de tigre e grou)*. Esta forma foi e continua sendo o emblema do Hung Gar Kung Fu. Depois, ao longo da história veremos que esta forma também foi importante no século passado em relação com o Wushu moderno. A forma, Fu Hok Seung Yin Kuen, mais tarde foi compilada e ordenada de outra maneira, pelo Grão Mestre Wong Fei Hung. Um importante acontecimento na história do Hung Gar Kung Fue, bem conhecido na Ásia, foi a abertura da Luk Sin San Fong (escola), no ano de 1785 em Guangjao, China do Sul.

“Guangjao era naquele momento, uma das grandes cidades no sul de China, que tinha vários centenas de escolas de Kung Fu. Os Mestres de Kung Fu mantinham bons contactos entre eles” 42


Luk = feliz Sin = amável San = decência Fong = lugar de educação Isto quer dizer: lugar de educação em que se ensinam felicidade, amabilidade e decência. Como ainda hoje acontece, os alunos são preparados para usar a arte marcial só para a autodefesa, umas regras deviam ser aprendidas para poder aprender nesta escola. Já nesse momento estavam a saúde e a evolução mental em um primeiro plano da formação. Hung Hee Gung já tinha uns 52 anos quando abriu a Luk Sin San Fong. Mais de 1000 alunos se inscreveram, mas apenas uns 300 foram aceites, por suas capacidades físicas e suas referências nos âmbitos da moral e carácter. No dia da abertura oficial, a 18 de Julho do 1785, teve lugar uma grande festa de inauguração. Todos os 10 melhores alunos do mosteiro Shaolim do Sul se encontravam entre os convidados de honra. Logicamente também foram convidados os mestres locais do Kung Fu (como por exemplo o Mestre Tit Kiu Sam) e outras personalidades importantes. Hung Hee Gung como instrutor principal esteve à frente dos 10 melhores alunos. Todos os alunos e alunas se reuniram perante o grande altar em honra dos antepassados e juntos realizaram as cerimónias Bai Si. Assim, os novos alunos foram iniciados como Yap Moon Dai Gee (alunos internos). Esta cerimónia hoje é ainda conhecido e praticada, sendo realizada em todas as escolas tradicionais de Kung Fu. Nas minhas escolas se entrega a faixa branca (1ª faixa) nesta ocasião. Depois se faz uma exibição do baile do leão, como é usado até os nossos dias em festas de Kung Fu, seguido de demonstrações de Kung fu dos Mestres e alunos. Depois da grande inauguração, ficou o Mestre Hung (como instrutor principal), Mestre Luk, Mestre Wu, Mestre Tit e Mestre Wong como professores na escola; os o resto de Mestres voltaram para as suas casas. Esta escola de Kung Fu fez-se famosa em muito pouco tempo e foi o ponto de referência para Guangjao e arredores.

Muitos Mestres de Kung Fu muitíssimo bons saíram dela, alguns dos quais também foram muito activos no movimento Hung Moon. Guangjao era nesse momento uma das maiores cidades do Sul da China, com várias centenas de escolas de Kung Fu. Os Mestres de Kung Fu mantinham bons contactos entre eles. É sabido que um dia se fez uma selecção: queriam saber quais eram os 10 melhores mestres de Kung Fu, em base aos seguintes critérios de selecção: • Habilidades na Luta do Kung Fu • Reputação • Actividades na sociedade Os 10 melhores Mestres de Kung Fu foram conhecidos como os 10 Tigres de Gungjao, uma tropa de guerreiros de elite. Como número 1 escolheram o Mestre Tit Kiu Sam, seguido por Wong Kay Ying, So Huk Fu e Lei Yen Hei (todos da escola Luk Sin San Fong).

Luk Ah Choi - um Manchu Luk A h Cho i v iv eu apro ximadament e de 1760 a 1860 e foi um dos últimos alunos do abade Chi Sim, que foi quem o mandou ir estudar com Hung Hee Gung. Luk Ah Choi chegou a ser um dos melhores alunos de Hung Hee Gun g. S egu iu a fo rmação co mpleta e assistia a Hung Hee Gung nas aulas da escola Luk Sin San Fong. Por sua vez, Luk Ah Ch oi ti n ha t ambém outros muitos alunos muito bo ns . De des t acar principalmen te Won g Tai , Wong Kai Ying e depois Wong Fei Hu ng , qu e chego u a dar aulas a três gerações da família Wong; mas Wong Tai já devia ter uma idade mu it o av ançada quando começou a aprender Hung Gar com Luk Ah Choi.

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Rara vez um Mestre Marcial alcança a destreza em vários estilos e o êxito desportivo como é o caso deste campeão mundial de Taekwondo. Toni Moreno não só está excepcionalmente dotado para a prática e a competição, é também um homem que concebeu um dos métodos mais eficazes e rápidos para aprender a dominar uma arma tão complexa e versátil como é o Nunchaku. Neste DVD, como lógica evolução do seu primeiro trabalho, Toni entra em profundidade no sistema com novas e mais complexas técnicas de mudanças de direcção, mudanças de mão, duplo rolamentos, Nunchaku, batimentos concatenados, defesa pessoa, e inicia o ensino das largadas, a característica que no manuseio desta arma mais chama a atenção. Novas técnicas, algumas de tremenda dificuldade, outras verdadeiramente espectaculares, e outras aparentemente mais simples e práticas, que abrem caminho a novas dimensões no domínio do Nunchaku. Resumindo, alcançar o que parece impossível com naturalidade e com genuíno controlo das mais extraordinárias formas e combinações.

REF.: • TMNUN2

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Nã o te sintas mal Vincent. Qualquer homem no teu lugar teria vivido como tu.

Realmente sinto inveja de ti. Tu sempre tens vivido completamente livre, sem estar atado a nada.

Para mim, este filme é a minha oportunidade para viver em liberdade. Dois meses inteiros para aprender. acredita…, estou ansiosa.

Nha Trang Vietname. Conhecido como um dos lugares mais belos da Terra.

Esta vai ser uma fita fantá stica. Vai dar trabalho, sim senhor, mas quando tudo isto acabar vamos jogar forte.

E… aCç ão!

A ESTRELA DO KUNG-FU - Apresentação Especial "Inspirado na vida de Sifu Vicent Lyn" - História e Argumento por Matt Stevens Ilustrado por Chase Conley Diálogos por Jaymes Reed

Vou gozar de cada minuto disto.


E…, CoRTEm!

Ilha privada na costa de Nha Trang

Por hoje é tudo! Todos a coberto, vã o secar-se. Voltamos amanhã , bem cedo.

Vamos, voltemos à vila. agora estou toda molhada, Yoko.

Está s molhada até os ossos. Vamos, podemos gozar dos encantos da ilha…, se tu quiseres…

(Continuação)


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Aikido Atitudes Marciais… O ser ou não ser do Aikido! O Aikido, uma arte marcial em constante evolução e adaptação, com forte variabilidade, provavelmente devido a uma falta de regras ou ordenamentos desportivos, por ausência de competição desportiva (competição não é o mesmo que combate). Acontece que o Aikido é uma arte marcial como queria O'Sensei, um Aikido sem regras, livre, dominado apenas pelo pensamento do combatente. Faz alguns anos publiquei nesta revista o meu primeiro trabalho onde mostrava uma série de técnicas com luvas, penso que foi 1998. Aquele trabalho foi extensamente criticado. Hoje, quase treze anos passados, penso que as pessoas estão marcialmente mais evoluídas que nesse momento, pelo que apresento neste trabalho uma nova maneira de interpretar o Aikido, uma continuação do que iniciei naquela época. Não está tudo quanto é, mas tudo quanto está faz parte da introdução ao que nós chamamos “Aikido Combat”, ou melhor, uma iniciação onde se mostra um pouco mais, uma continuação do nosso caminho, que acaba no pleno combate, com ausência de protecções (posto que os conhecimentos técnicos e as habilidades actuais já as não requerem) e onde se pratica um Aikido “marcial”, um Aikido “eficaz”…, uma arte marcial! A nossa compreensão do Aikido difere das maneiras de compreender o Aikido de outras escolas, já não só pela incorporação de técnicas antigas que o resto de programas esquece ou quer esquecer, a nossa mais notável diferença é uma questão de atitude. Ao contrário do que muita gente acredita, a nossa escola está assente sobre as bases da tradição, não por razões filosóficas mas porque é na tradição onde se encontra a verdadeira eficácia do Aikido, o seu verdadeiro ser, esquecido pela maioria das escolas de hoje ou usado só em parte. E qual é a tradição do Aikido? Pois de certeza é uma tradição marcial, uma arte para sobreviver, para o combate, para a protecção… Não sejamos tão presunçosos de acreditarmos que a prática do Aikido faz de nós super-homens, que nos unimos com o universo compreendendo o ki, etc. O próprio bem estar que transmite não é privativo desta arte marcial, pelo contrário, é algo que se cultiva, ou pelo menos se deveria

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Texto: Alfonso Longueira www.aikido-longueira.com


De tempo conhecido dos nossos leitores, magnifico aikidoka, com uma insigne carreira em França como segurança dos mais altos dignitários; Galego universal, insubornável livre pensador do Aikido, revisionista, astuto, atr evido nas suas opiniões, Longueira volta à carga com um novo DVD do que melhor faz, pôr o Aikido no limite de suas possibilidades, sem p u d o r, l e v a n d o a s t é c n i c a s a o extremo da realidade, demonstrando que a efectividade não é só privilégio de alguns estilos. Um DVD que incorpora visões surpr eendentes de técnicas clássicas, nas quais leva os princípios ao ponto máximo, onde longe de se traírem a si mesmos, se r eivindicam. Quem faz Aikido e deixe passar este trabalho, fará mal, porque este Mestre vale a pena e merece a vossa atenção mais atenta. Para mim, sempre um prazer apresentá-lo, Longueira é já um clássico do Aikido do Século XXI. Atenção! Se pensava que sabia tudo em Aikido... vai ter umas surpresas! Alfredo Tucci

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Aikido cultivar em todas as artes marciais conhecidas. Por vezes, falando com conhecidos que praticam Aikido de outras escolas, me dizem que eles praticam Aikido o tempo todo, quando andam na rua, quando viajam de autocarro, no automóvel, trabalhando… Isto não é bem assim. O que eles sentem é uma sensação de bem estar proporcionada pela prática do Aikido, uma atitude mental, neste caso de tranquilidade e relaxação, que é maior quanto mais se pratica uma arte marcial e não é exclusiva do Aikido, é uma questão de atitude. Neste trabalho vou apresentar uma parte da atitude que caracteriza a minha escola, o Aikido Longueira-ryu. Respeitamos a tradição, mas “toda” a tradição: a filosófica, por ser necessária para a compreensão e principalmente a marcial, que é onde se

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encontra a verdadeira essência. Porque, o que é o Aikido senão uma arte para o combate? Em anteriores artigos tenho dito que o Doshu se autodefinia como um guarda da tradição transmitida pelo anterior Doshu, tradição que por sua vez O'Sensei transmitira a este. Mas significa isto que seja verdadeira? Ou que seja completa? Quem sabe se ignoraram mais a parte marcial e se dedicaram mais à filosófica, à tolerência de uke ao movimento, a aceitar as técnicas…, consequentemente afastando-se da realidade? Vejamos bem! Em um combate, uke não é tolerante, não aceita as técnicas, uke nos ataca com toda a raiva que pode e possivelmente até tenha conhecimentos marciais. Em um combate real, uke é o inimigo e portanto, tenho de compensar a sua atitude combativa como seja! Por outras

palavras, tenho de escolher entre vencer ou ser vencido. Esta é a mudança de atitude que têm de realizar os praticantes de Aikido, essa mudança de mentalidade de que não se vence com o ki mas com o pensamento e o corpo, que não se combate dançando e sim lutando e que não se luta sem uma ideia clara, vencer. Até que os aikidokas deixem de concentrar-se na filosofia, a qual mesmo que inerente à prática requer da parte marcial para a sua total compreensão, abandonem as formas, os prejuízos e as invejas…, até então o Aikido não será respeitado pelo resto das artes marciais. Atenção, não é que eu esteja minimamente preocupado, pois no que a mim diz respeito, a minha escola sempre tem tido o respeito do resto das artes marciais, inclusivamente muito mais que o recebido por outras escolas de Aikido.


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Aikido No entanto, eu penso que O'Sensei, devido a ter sido a pessoa que foi, merece que a sua arte marcial seja respeitada como tal. E não porque naquela época o não fosse, seria outro sim pela consideração que hoje se tem pelo Aikido. Isto é exclusivamente devido aos aikidokas. Concentrando-se nessa parte filosófica com tudo aquilo que requeria certo perigo ou esforço físico, esqueceram o combate e esqueceram inclusivamente a sua identidade marcial. Nós recuperamos parte dessa identidade para este trabalho. Técnicas de chão, com imobilizações e sutemis, respeitando toda a tradição do Aikido…, e insisto, TODA. Isto é uma continuação do meu primeiro trabalho com umas técnicas de luvas, onde se pode apreciar não só a rapidez da execução, como também uma verdadeira intenção de uke por nos magoar, devido a que, como acostumo a dizer em alguns dos meus artigos, os nossos atacantes não são “irmãzinhas da caridade”. O uso de protecções preserva o nosso corpo frente golpes ou possíveis lesões e assim sendo, podemos realizar ataques reais sem medo. Mas não nos enganemos, aqui só é o início do nosso caminho. O nosso verdadeiro objectivo deve ser o combate real, sem protecção alguma, preparando o corpo para a dor, para sobreviver… E agora, os leitores que tomam contacto com este trabalho poderão dizer que não é Aikido; então eu, como aikidoka, respondo a esses pensamentos e narro certa história de Minoru Mochizuki, cujas palavras resolverão todas as dúvidas. E se após aprender do sábio Mochizuki, ainda continuam firmes na decisão, lamento muito… mas então nada há a fazer! Quando Mochizuki voltou da guerra, foi visitar o Fundador e este, se sentia tão feliz

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vendo-o voltar são e salvo, que convidou-o a permanecer durante algum tempo na sua casa, no seu dojo. Ali ele conheceu um jovem karateka aluno de Ueshiba. Antes de ir dormir, o dito jovem visitou Mochizuki no seu quarto e disse que ele não considerava que o Aikido fosse efectivo e que com os seus conhecimentos seria capaz de vencer O'Sensei em um combate, o qual seria abatido ao primeiro golpe. Mochizuki responde que o atacasse a ele, para constatar se realmente era capaz de vencer o Mestre Ueshiba. Quando o jovem atacou, Mochizuki esquivou e contraatacando com um pontapé deixou-o sem sentidos. Quando o Mestre o reanimou, o karateka perguntou se no Aikido existiam técnicas de pontapés, ao que Mochizuki responde: “Não sejas parvo! O que queres dizer com essa pergunta? Empregamos técnicas de pontapeio ou o que fizer falta. Eu até já empreguei artilharia. As artes marciais, as armas, a artilharia, todas são Aikido. O que pensas tu que é o Aikido? Pensas que se trata de retorcer braços? É um meio de Guerra…, uma acção de Guerra! O Aikido é uma luta com sabres de verdade. Empregamos a palavra 'Aiki' porque podemos sentir o pensamento do inimigo que vem atacar, de maneira que podemos responder de maneira imediata. (…) Quando uma pessoa enfrenta um inimigo estando em um estado mental livre de toda ideia ou pensamento e é instantaneamente capaz de lidar com ele, a isso chamamos 'Aiki'. Em tempos antigos se chamava 'Aiki no Jutsu'. Assim, a artilharia ou qualquer coisa se torna 'Aiki' (Ver: Aikidojournal.com).” A mesma resposta dou a todos aqueles que pensam que o Aikido não é combativo… Bem, não sou eu quem dá a resposta, é a resposta do próprio Mochizuki Sensei.

“Aiki” é tudo o que nos une com o rival, uma técnica, tanto seja de chão, de projecção, de imobilização, um ataque, uma arma (recordemos que qualquer arma deve ser a prolongação do braço e do nosso corpo, pelo que estamos unidos com a nosso arma, sendo um com ela)… Neste trabalho apresento o caminho combativo transmitido por O'Sensei a mestres como Mochizuki. De certo não é menos válido que o transmitido ao Doshu! Referindo-me agora à maneira pouco responsável como foi criticada a minha escola de Aikido, e digo pouco responsável porque nenhum dos que empregaram tempo e esforço tentando desprestigiar o Aikido que eu pratico, soube dar-me uma explicação válida de porquê o Aikido não pode renascer no caminho do qual surgiu, o caminho marcial. Isto sem ter em consideração que a crítica não construtiva, unida a um completo desconhecimento do nosso método de trabalho, não faz senão aumentar a imensa bola de neve da ignorância e cresce e cresce! Quanto mais critiquem o meu método, a minha escola, a minha pessoa, o meu Aikido…, mais me deixam saber que estou no bom caminho, pois assim aconteceu com grandes mestres que foram criticados ao máximo e hoje chegaram a ser o que são, como é o caso do próprio O'Sensei. Não me queixo disso; é mais, prefiro que continuem a criticar pois assim alimentam a minha convicção e determinação de continuar lutando por um Aikido mais marcial. Espero que esse dia chegue e até então, as portas do meu dojo estão abertas a todos aqueles que cheios de curiosidade e respeito, queiram vir constatar de primeira mão o que eu entendo por Aikido, como Caminho da Harmonia e da União com o Universo… Até breve!


Reportagem


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Em todas as artes e ciências de tanto em tanto surge e se destaca alguém emblemático que origina uma grande mudança e será recordado como modelo nas gerações futuras. Em física foi Albert Einstein, nas Artes Marciais Bruce Lee e no Boxe, indiscutivelmente foi Mohamed Ali. Na opinião dos especialistas, historicamente, dos dez combates de Boxe mais destacados por sua importância e qualidade, sete foram protagonizados por Ali. Hoje, de esta tribuna Marcial rendemos justa homenagem a quem foi o melhor de todos, numa reportagem de um grande conhecedor e magnífico repórter Marcial, Pedro Conde.

Muhamed Ali, simplesmente o Maior Muhammad Ali nasceu em Louisville (Kentucky), a 17 de Janeiro de 1942. Foi baptizado com o nome de Cassius Marcellus Clay, nome que depois trocaria por outro, devido às suas crenças religiosas. Teve uma boa infância, decorrendo este período da sua vida em um bairro de classe média. A família Clay possuía alguns veículos para transporte. Talvez a grande diferença entre ele e o resto dos pugilistas radicasse em que Cassius Clay entrou neste desporto por gosto, não por necessidade, apesar de que não desdenhasse obter fama e dinheiro com ele. Joe Martin, um de tantos polícias que patrulhavam em Louisville, era proprietário do ginásio Columbia, onde os jovens da cidade treinavam com os poucos meios disponíveis, batendo em sacos cheios de remendos e realizando lutas com umas luvas que pelo seu tamanho e peso (onças) os faziam parecer ainda mais pequenos. Este agente da lei foi fundamental para a carreira do pugilista, possivelmente uma das poucas pessoas a quem Ali deve parte de seu êxito. Martin lembra com todo detalhe aquele dia do Verão de 1954, quando um garoto magrizela de 12 anos de

idade, entrou no seu ginásio. O pequeno Cassius Marcellus Clay estava em pranto, chorava porque alguém lhe roubara a sua bicicleta de 60 dólares, que o pai tinha comprado apenas dois dias antes. Martin deixou o que estava a fazer e ajoelhou-se p e r t o d o g a ro t o p a r a o c o n s o l a r. O pequeno acabou de contar a sua história dizendo uma coisa que o impressionou: "Se apanho o garoto que roubou a minha b i c i c l e t a , v o u d a r- l h e u m a b o a s o v a ! " Martin respondeu que antes de tentar bater em alguém, devia aprender a lutar… Este foi o começo de uma relação que iria durar

o Maior

seis anos, entre Cassius Clay e Joe Martin. Cassius passou a ser um garoto do ginásio Columbia. Joe Martin era muito exigente no seu ginásio, suas palavras eram lei: "Se eu dizer que na rua está a chover, não quero ver ninguém indo à janela para ver se é verdade!" Cassius comia e dormia em casa de seus pais, onde recebia amor e carinho, mas praticamente morava no ginásio, onde dava atenção ao que lhe diziam e aprendia… "Eu fiz com que ele e o seu irmão Rudy aprendessem o que é a disciplina", lembra Martin.

Texto e fotos de arquivo: Pedro Conde

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Boxe O jovem pugilista participava em todos os saraus da categoria amador que organizava o seu treinador todas as semanas. Em breve seria conhecido nas ruas de Louisville como "o garoto das mãos rápidas". As suas vitórias nos ringues proporcionaram-lhe uma certa fama, mas isso não modificou a sua relação com o treinador. "Esse garoto estava sempre a falar - lembra Martin - por vezes tinha de gritar com ele para que se calasse. Se não se calava, apanhava um bofetão. Precisava que alguém estivesse sempre a lembrar-lhe o que era disciplina…” Anos depois, quando Cassius estava prestes de obter o Campeonato do Mundo na categoria dos Pesos Pesados, Martin se encontrava em Miami assistindo aos treinos. Nesse momento o treinador de Ali era Angelo Dundee e em dado momento, tentou pôr o roupão nos ombros de Clay, mas este empurrou-o. Martin disse: "Se me tivesse feito isso a mim, a pistola teria estado encostada na sua cabeça" Martin podia falar assim porque o certo é que além de ajudar Cassius a ser disciplinado, o preparara conscienciosamente para a Jogos Olímpicos realizados em Roma em 1960, onde conseguira a medalha de Oiro na categoria de semi-pesados. Clay se sentira comovido com tudo aquilo. Tinha ganho o máximo prémio, escutara o hino americano tocado em sua honra e recebera os aplausos, parabéns e outras demonstrações de adesão por parte de seus compatriotas. Clay percebeu de que se encontrava em um momento óptimo para poder conseguir o que se quisesse, tinha obtido fama e êxito inesperados, sentia que havia um monte de gente que o apoiaria de maneira incondicional. Tudo em sua volta eram expressões de patriotismo pelo que alcançara… Quando regressou aos Estados Unidos, o recebimento foi apoteótico, grandioso. Mas quando chegou a Louisville as coisas mudaram. Um dia foi com uns amigos a um restaurante e foi-lhe negada a entrada por ser negro. Este facto, junto com alguns outros, levaram-no a perceber a realidade; uma tão grande decepção não tinha nele precedentes…, acreditara que com a medalha de oiro, os problemas raciais tinham acabado para ele. Tinha sido uma ilusão! Quando ganhou a medalha prometeu a si mesmo que sempre a levaria consigo; mas quando descobriu esta série de acontecimentos, sentiu vergonha. Tinha representado um país que ele pensava que era diferente, um país onde existia a igualdade de raças e credos, mas aquilo só era uma ilusão. Por isso, atirou a sua medalha ao rio Ohio… Ele não tinha representado os Estados Unidos para isso! Além deste apreciado troféu, também conseguira o título de Golden Gloves, máximo galardão da categoria amador e todos prognosticavam que o aguardava um brilhante futuro na categoria profissional. Martin pensava que quando passasse a essa categoria continuaria sob a sua tutela, mas levou uma decepção, pois Clay se integrou em um sindicato formado por 11 homens de negócios por 10.000 dólares, um salário garantido de 4.000 dólares anuais durante os primeiros dois anos e 6.000 durante os seguintes seis anos. William Faversham, executivo de uma importante companhia de álcool, era o chefe do sindicato. Homem perspicaz e compreensivo, Faversham queria que Cassius tivesse uma certa segurança financeira. "Não queremos que acabe como Joe Louis, uma parte de tudo quanto ganhar será destinada a um fundo de pensão que não poderá usar até ter 35 anos ou quando deixar o Boxe e cuidaremos de que se lhe seja pago devidamente". Para o seu antigo preparador foi um golpe baixo, o seu critério distava muito do que pensava Clay. Martin só via uma dúzia de homens de negócios que pensavam que Clay era um bom investimento e que aplicando nele alguns dólares podiam fazer-se milionários, uns intrusos que vinham aproveitar o suor do seu trabalho. Certamente, era preciso descartar qualquer ideia de altruísmo… Bill Faversham, que conhece Clay melhor que ninguém, declarou uma vez: "Em geral, tem medo do mundo, mas em especial, o facto de ser Cassius Clay é do que tem mais medo. Devem saber que

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nele não há maldade alguma, para ele, para passar um momento agradável bastam umas bolas de gelado e um sumo de laranja". Já consagrado como pugilista abandonou aquele sindicato e também abandonou Bill. Converteu-se ao Islamismo, passando a chamar-se Muhammad Ali. Desde então não quer ouvir falar no nome de Cassius Clay, por considerar que é um nome de "escravo". As suas estranhas ideias, ou o nome com que seja chamado, pouco importa, o importante é a inacreditável marca que deixou no desporto profissional. Este jovem fanfarrão que chamava a atenção do público recitando as suas poesias e predizendo o assalto em que ia nocautear o seu rival, era chamado palhaço e desapareceria tão rápida e fugazmente como surgira no mundo do Boxe. Mas o fanfarrão nunca perdeu uma luta e seus rivais habitualmente acabavam nocauteados exactamente no momento que tinha anunciado. Acertando quase sempre suas "predições" formou-se em seu redor um certo ambiente de invencibilidade e começou a dizer-se que Muhammad Ali era melhor que qualquer dos campeões que já eram lenda: Johnson, Dempsey, Louis, etc. Ali era qualificado como o melhor pugilista da história, o que ele não desmentia. Bill Favershan e o sindicato contrataram um treinador experiente para que treinasse Ali, que não era outro que o já legendário, Angelo Dundee. As directrizes deste eram muito específicas: "Fazer dele um campeão e mantê-lo longe de qualquer género de problemas”. Dundee não recebia um grande salário porque esperava obter grandes ganhos no futuro; mas até estes chegarem, recebia apenas 125 dólares semanais. Quando o lutador não estava treinando, não recebia nada, mas os dias das grandes remunerações acabaram por chegar, tal como Dundee esperara. Era um bom negócio para um pequeno treinador, que tinha uma certa reputação de manter seus lutadores contentes, inclusivamente durante os árduos treinos. Angelo e Clay já se conheciam com anterioridade a se unirem no grupo Faversham. Dundee lembrase bem do primeiro encontro: “Em 1957, eu estava em Louisville com Willie Pastrano. Willie era campeão do mundo dos pesos semi-pesados. Estávamos no quarto do hotel e telefone tocou. Respondi e do outro lado escutei uma voz que parecia ser


Grandes Lutadores de uma criança. Disse-me chamar-se Cassius Marcellus Clay e que ganhara a medalha de oiro nas Olimpíadas. Perguntou se podia ir até o quarto para eu a ver. Não parava de falar, dizia um monte de coisas sobre mim e sobre todos os meus lutadores, juntando que me conhecia por me ver a televisão. Mandei aquele garoto calar-se durante um minuto, então disse a Pastrano que um maluco estava lá em baixo e queria subir, ao que ele respondeu: Deixa-o subir. Cassius subiu com seu irmão Rudy. Ficaram umas três horas e durante todo esse tempo perguntava a Pastrano: Quantas milhas corres por dia? O que comes à refeição antes de uma luta? Quanto sumo de laranja bebes quando treinas? e coisas deste género… Clay e Pastrano embirraram um com o outro logo de entrada. Cassius me pediu que o deixasse combater com ele e eu disse que perguntasse a ele. Willie aceitou e no dia seguinte se enfrentaram no ginásio Columbia, de Joe Martin. Clay parecia imenso e Willie muito mal. Só se enfrentaram durante um assalto, porque não os deixei continuar. Disse a Willie que não estava em forma, que era melhor parar, para justificar a que tinha acontecido. Mas ele não aceitou nenhuma das minhas desculpas e disse-me: Angie, este garoto é realmente bom.”

“Nenhum lutador em toda a história treinou mais arduamente que Clay, chegou a fazer uma média de 160 assaltos com sparring, quando preparava um combate de 8 assaltos” Sob a atenta vigilância de Angelo Dundee, Clay aprendeu todos os pormenores do Boxe, do treino e do negócio que existente em redor. Dundee estava surpreso pela inacreditável rapidez deste jovem, mas ainda mais por sua grande ambição por chegar a ser rico e famoso. "Não podia tirá-lo do ginásio - assinalava Dundee. Inclusivamente depois de apagar as luzes ele ficava fazendo sombra. Queria fazer

Boxe com toda a gente do ginásio. Não se importava se era um peso mosca ou um pesado, dizia que precisava treinar." Nenhum lutador em toda a história treinou mais e mais duro que Clay. Chegou a fazer uma média de 160 assaltos com sparring, quando preparava um combate de 8 assaltos. A maioria dos lutadores faziam uma média de 50 assaltos por cada combate de 10. A 29 de Outubro de 1960, Clay fazia a sua estreia como profissional, combatendo com o jovem Tommy Hunsacker, que era como uma rocha. O encontro teve lugar em Louisville. Nos seguintes seis meses combateu e dançou enquanto se encaminhava às suas seis vitórias consecutivas, cinco delas por K.O. Em Junho de 1961, Cassius e Dundee se encontravam em Las Vegas para realizar um combate a 10 assaltos com Duke Savedom. O facto de Cassius vencer aos pontos não foi um desmérito na sua carreira, o que realmente marcou a sua aparição foi a entrevista que deu antes do combate. Com ele apareceu o famoso lutador de Luta-Livre Georgeous George. Esta seria a última vez que Cassius deixaria que alguém lhe tirasse o protagonismo. Estava fascinado pela maneira em que George falava, como se vestia, como pintava de louro os cabelos e acima de tudo pelo seu comportamento em geral e foi vê-o lutar no dia seguinte. Ficou fascinado ainda mais pela gente que ia ver o homem dos cabelos dourados. A experiência com George mudou radicalmente a personalidade de Clay e também a sua vida. Começou a imitá-lo. Nunca parava de falar e de alardear da sua grandeza. Modelou a sua figura e começou a surgir o novo Cassius. O mundo nunca voltaria a ser o mesmo. Continuou vencendo os combates com margens muito amplas. Os organizadores de todo o país começaram a reparar neste jovem das mãos rápidas de Louisville, apesar de que falava muito. Não obstante, existiam certas dúvidas, um factor desconhecido e imprevisível. Poderia encaixar um golpe na mandíbula? Continuaria a bater depois de tocado ou procuraria a primeira saída para correr longe? Até aquele momento ninguém o tinha tocado… As respostas chegaram no combate contra Alex Miteff, um sul-americano duro e depois com Sonny Banks, o do golpe de serpente. Miteff, conhecido por seu brutal corpo a corpo, deixou cheias de nódoas as costelas de Clay, mas ele encaixou os golpes e continuou, abatendo-o no sexto assalto. A especialidade de Sonny era manter a distância com o adversário batendo-lhe com o punho direito. Sonny enganou Cassius, pois em vez de bater-lhe com a direita, batia com a esquerda, Cassius caiu. Na opinião de Angelo Dundee e outros especialistas em Boxe, tinha chegado o momento da verdade. Iria levantar-se Clay ou esperaria o arbitro acabar de contar? Mas logo que Clay tocou o chão, voltou imediatamente em

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Boxe pé. Dundee não só se tranquilizou como também ficou espantado. "Foi fantástico", lembrava Angelo. O alívio de Dundee tornouse alegria quando no 4º assalto Cassius tombou Banks. 1962 foi um bom ano para Cassius. Conseguiu seis K.O. em seis combates. Antes de lutar com Archie Moore recitou um dos seus famosos versos: "I'll say it again, I've said it before. Archie Moore will fall in four" (“Direi outra vez o que já antes disse: Archie Moore vai cair em quatro”). O idoso Archie gozava de grande reputação apesar da sua avançada idade; como curiosidade podemos dizer que este pugilista já lutava na categoria de profissional sete anos antes de Clay nascer. Por isto, para os detractores de Cassius, este combate era só uma montagem, onde um profissional com grande prestígio, mas já acabada a sua carreira pugilista, serviria de lançamento a esta jovem promessa. Os prognósticos se cumpriram sem surpresas. Archie Moore caiu no quarto. A quantia arrecadada no Arena de Los Angeles foi recorde na Califórnia, 182.599 dólares, mais um adicional de 223.455 dólares por direitos de transmissão na televisão a cabo. Na terceira fila estava o Campeão dos pesos pesados Sonny Liston. Quando o vitorioso Cassius se dirigia para o vestiário, parou diante dele e assinalando com um dedo para o nariz de Sonny, disse "Tem cuidado pequenino. Preciso de ti, vou dar-te uma surra como se fosse teu paizinho". Liston levantou seu punho e gritou: "Vai dormir criança, antes de eu te dar uns açoites no rabo". Cassius concentrava na sua pessoa todas as atenções sempre que ia combater. Todos riam com os seus versos mas ficavam realmente surpreendidos quando acontecia o que ele dizia. No entanto, Clay não tinha a certeza de quando iria cair Doug Jones. Desde que pisou o Madison Squear Garden na noite do 13 de Março de 1963, mudou de opinião três vezes. Primeiro disse que seria no terceiro assalto, depois no sexto e mais tarde diria que no oitavo. Esta incerteza não era do agrado a Angelo Dundee. Precisavam sair disso. Angelo deu com a resposta: "Puslhe um adesivo na boca - lembra Dundee - e fizeram-lhe muitas fotografias que apareceram em todos os jornais. Zangou-se comigo por não poder anunciar o assalto, mas penso que fiz bem". Jones ainda se mantinha em pé no final do décimo assalto, mas Clay venceu aos pontos. Cassius marcou outro recorde de público em Junho de 1963, em Londres, Inglaterra. Mas teria de se levantar da lona antes de nocautear o melhor pugilista inglês Henry Cooper, no quinto assalto. O gancho da esquerda que derribou Clay foi um dos golpes mais duros que teve de encaixar durante toda a sua carreira. Foi o golpe do qual Dundee o vinha avisando. "Eu tinha dito para se manter fora do alcance da mão esquerda de Cooper - lembra Angelo - mas teve de aprender isso da maneira mais dura". De volta nos Estados Unidos, Clay mudou suas críticas a Sonny Liston para uma

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“O que me podes dar, América? Pretendes que eu faça o que os homens brancos mandam, que vá lutar contra gente que desconheço? Queres que consiga um pouco de liberdade para outra gente, enquanto a minha gente não tem liberdade na sua própria casa?” maneira que chamava muito mais a atenção. Tentou saltar ao ringue em Las Vegas, antes de que Sonny Liston nocauteasse Floyd Patterson, como numa tentativa de atacar o campeão. Sonny quis responder a Clay mas quatro polícias impediram isso. Então Cassius pegou no microfone do ringue e insultou Liston, tratando-o de covarde e urso feio e velho. Tudo isto pertencia ao espectáculo anterior ao combate que todos esperavam. Caso se pensasse que Liston era o homem que devia fechar a boca desse garoto, não se apostaria tanto por Cassius. Finamente chegou o grande momento. Tudo aquilo pelo que Cassius Marcellus Clay tinha trabalhado e sonhado desde que pela primeira vez bateu no saco do ginásio de Joe Martin, em Louisville, ia tornar-se realidade. Cassius estava pronto para a grande prova. Estava perfeitamente preparado: 1,95m de altura, 100kg de peso, longos e definidos músculos e nem uma grama de gordura no corpo. Ficou combinado que a grande luta teria lugar na noite de 25 de Fevereiro de 1964, no Convention Hall, em Miami Beach, Florida. Antes do início da noite, Clay teve um comportando um tanto histérico, a tal ponto que Alexander Robins, o médico encarregado do reconhecimento antes da luta, esteve a pontos não deixar que Clay participasse do evento, devido ao pulso acelerado que mostrava ter nesses momentos. Enquanto seu irmão Rudy e seu amigo Sugar Ray Robinson, que tinham viajado até Miami para estar com Clay, tentavam acalmar o aspirante, Liston se encontrava confortavelmente sentado como se fosse uma estátua de pedra, assistindo ao que mais tarde chamaria "o melhor espectáculo de circo que jamais tinha visto".

Uma nuvem de jornalistas chegados a Miami vindos de todo o Mundo, esperavam ansiosos à porta do vestiário de Clay, quando faltavam segundos para as dez da noite. O momento tinha chegado. O que viram quando se abriu a porta, deixou-os atónitos, Clay aparecia com uma expressão de absoluta calma e a sua cara não mostrava estar nada inquieto. Um de tantos repórter disse: "De certeza tomou alguma coisa para sair assim calmo do vestiário". Clay esquivava os golpes de Liston e chegava com suma facilidade à cintura quando Liston tentava o corpo a corpo. No segundo assalto, a esquerda de Cassius começou a impactar no rosto de Sonny, no nariz e nos olhos. Mas no quarto assalto, Clay começou a esfregar seus próprios olhos, dava a impressão de que nenhum dos dois pugilistas podia ver bem. Quando Cassius voltou para o seu canto finalizado o assalto, disse a Dundee que pensava que devia abandonar: "Não consigo ver". Dundee respondeu que se acalmasse. Lavou os olhos de Clay e quando o sinal anunciava o quinto assalto, Dundee levantou Cassius e empurrou-o para que saísse da esquina. Clay se manteve em movimento até a comichão nos seus olhos desaparecer. O árbitro Barney Felix explicaria depois que esteve a pontos de desqualificar Clay: "Quando tocou o sinal para dar início ao quinto assalto, Clay parecia não querer sair. Eu gritei: “Com os diabos Clay, sai daí". Felix também diria depois: "Se nesse momento não tivesse saído, eu teria dado por finalizado o encontro". Menos de 10 minutos mais tarde Sonny Liston estava acabado. Entretanto, Clay estava pletórico e com vontade de lutar, mas o campeão, ciente de que se tinha magoado em um ombro lançando um soco, resolveu não sair e abandonar no sétimo assalto. Depois disto, Clay se dirigiu ao público dizendo: "Sou o maior". Talvez levada pela imprensa, surgiu uma campanha contra Clay, que naquela época estava muito influenciado por um predicador de nome Malcom X, que era um Muslim (homem que se entrega por inteiro a Ala e à doutrina do Islão). A sua oratória girava em torno à opressão que padecia a raça negra nos Estados Unidos. Para muitos grupos, todas estas declarações atentavam contra o sentir patriótico dos norte-americanos, mas Malcom X encontrou em Cassius Clay um dos seus mais ferventes admiradores. Tão influenciado estava que um dia, depois do seu combate com Sonnv Liston, confirmou ao mundo o que até então era um rumor, se tinha convertido em um Muslim negro e o seu "autêntico" nome era Muhammad Ali. "Não quero que, nunca mais alguém me torne a chamar por meu nome de escravo". Malcom X morreu assassinado, tendo-se sentido Clay um pouco desorientado até encontrar outro predicador chamado Elijah Mohammad, último mensageiro do “Found Nation of Islam”. Depois do combate com Liston lutaria em Las Vegas com Floyd Patterson durante doze assaltos, até que o seu adversário caiu por


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Grandes Lutadores K.O. A 29 de Março de 1966, em Toronto enfrentaria George Chuvalo, a quem venceu por decisão unânime após 15 assaltos. Depois do combate Ali declarava: "A cabeça de Chuvalo é a coisa mais dura em que jamais bati". No dia 21 de Maio do mesmo ano, em Londres, combatia contra Henry Cooper, ao qual venceu no sexto assalto e que acabou com um olho em sangue. Brian London seria outro pugilista que iria cair sob o peso dos punhos de Ali, em 6 de Agosto de 1966, no terceiro assalto. Em turné que o levou pela Europa, em Setembro do mesmo ano, teve ocasião de combater contra Karl Mildenberger, a quem nocauteava no 12º assalto. Em Novembro, no dia 14 em Houston (Texas), mandaria à lona Cleveland Williams no terceiro assalto. "Talvez agora me considerem como um bom lutador" - disse Clay. A 6 de Fevereiro de 1967, também em Houston, lutaria contra Ernie Terrell, Campeão da WBA. Este pugilista não reconhecia o mudança de nome de Muhammad Ali e chegou a realizar várias declarações irónicas acerca de suas crenças. Isto irritou muitíssimo Ali, pelo que durante todo o combate, enquanto não deixava de bater-lhe humilhá-lo no ringue, ia perguntando: “Qual é o meu nome?" É geralmente aceite o facto de Clay não ter querido forçar o K.O. para poder espancar Terrel. Pouco tempo depois, Ali foi requerido para fazer o Serviço Militar, ao que se negou, sendo chamado a um tribunal militar onde a 15 de Maio de 1967 foi acusado de insubmisso. Ali declarou: “O que me podes dar, América? Pretendes que eu faça o que os homens brancos mandam fazer, que vá lutar contra gente que não conheço? Queres que consiga um pouco de liberdade para outra gente, enquanto que a minha gente não tem liberdade na sua própria casa? Queres que tenha medo do homem branco, que pegue em fuzis, que dispare e mate e então me darão dez medalhas, me darão umas palmadinhas nos ombros e dirão: "Bom garoto, lutaste pelo teu país…" Devido a esta sua negativa, os Presidentes das diferentes associações de Boxe tiraramlhe o título de Campeão Mundial. Naquela época foi a única maneira de lhe tirar o título, pois não existia pugilista nenhum que pudesse derrotá-lo. Por Sentença do Tribunal Militar foi condenado a cinco anos de cadeia, o que o afastou do Boxe por algum tempo. Três anos depois saía da prisão pagando uma fiança, voltando a preparar a sua

“Sob o vigilante olhar de Ângelo Dundee, Clay aprendeu todos os pormenores do Boxe, do treino ao negócio que o envolve” carreira pugilista, para muitos já acabada. Clay tinha o firme convencimento e propósito de voltar a conseguir o que lhe tinham tirado. Para isso teve de vencer Jerrv Quarrv e Oscar Bonavena, para disputar o Campeonato do Mundo contra Joe Frazier, no dia 8 de Março de 1971, que Ali perdeu devido a um gancho dado por Frazier nos últimos instantes do combate. Depois se sucederam uma série de combates em que cabe destacar seu encontro com Ken Norton, quando Ali teve de retirar-se com a mandíbula partida, devido de um terrível soco de Ken Norton. Esta foi uma das poucas derrotas da carreira de Ali. Com o tempo teria um desquite com o mesmo lutador, a qual só conseguiu vencer por pontos. Foreman tirou o título mundial a Frazier, pelo que o desquite entre este e Ali teve de ser adiado por um tempo. O objectivo principal de Clay era conseguir o título. O encontro entre ambos teve lugar em Kinshasa, capital do Zaire, a 30 de Outubro de 1974, sendo este o primeiro Campeonato do Mundo de Boxe que se realizava num país africano de raça negra. Este combate tinha um matiz político que beneficiaria enormemente Mobutu, Presidente daquele país, sendo o objectivo deste e Ali, chamar a atenção de milhões de pessoas para os problemas do terceiro mundo. Depois de desta luta ser adiada um mês, devido a um corte que Ali sofreu em seu olho esquerdo e com um Foreman em plena forma, as apostas estavam três a um a favor de Foreman. O combate foi provavelmente o mais difícil da carreira de Ali, o qual venceu devido à sua táctica. Sendo ciente de que não tinha a fortaleza física de Foreman,

levou-o a se esgotar com o que ele descreveu como “as cordas envolventes". Ali se deixava empurrar pela elasticidade das cordas realizando esquivas e descansando sobre elas, enquanto Foreman lançava continuadamente seus punhos, o que aos poucos o levou ao cansaço, momento que aproveitaria Ali para mandar seu adversário à lona. Já vencedor e em posse do Campeonato Mundial, o público ansiava ver o desquite contra Joe Frazier. Ali se preparou para lutar contra o único homem com quem tinha lutado e não tinha vencido. O combate suscitou grandes expectativas em todo o mundo e teve lugar a 1 de Outubro de 1975, em Quezon City, Filipinas. O encontro foi denominado "A Comoção de Manila” (“Thrilla in Manila"). Neste combate, Ali tomou a iniciativa nos primeiros assaltos, parando os ataques de Frazier com séries de rápidas combinações à cabeça; mas nos assaltos intermédios Frazier pareceu despertar e começou a atacar utilizando seu gancho de esquerda ao queixo. Estes ataques, junto com o calor reinante e a grande humidade do ambiente, levaram Ali a pensar na retirada. Entretanto, reagiu e utilizou ao máximo toda a sua habilidade, dominando claramente nos últimos assaltos, até que o treinador de Frazier, Eddie Futch, parou o combate nos começos do 15° assalto. Depois do combate Frazier declararia: “Dei-lhe socos que teriam derribado paredes". Por sua vez Ali diria: “Isto foi o mais perto que estive da morte". A partir de então, Ali não voltaria a ser o mesmo, a sua carreira foi declinando. No dia 2 de Outubro de 1980 enfrentou o Campeão Larry Holmes, mas teve de retirar-se no 11º assalto dizendo: "Parem já este homem, parem". Holmes tinha acabado com quem fora seu grande ídolo. Para todos foi o melhor de todos os tempos. Faz anos que este campeão vem lutando no mais difícil de seus combates, frente um rival que não tem cara, nem corpo mas que magoa muito mais que os socos de qualquer outro, o "Parkinson", com o qual realiza o combate mais difícil da sua vida. Segundo a opinião de muitos e de quem isto escreve, Mohamed Ali é o maior da história do pugilismo. Poder-se-á estar o não de acordo com esta valoração, mas o certo é que no Boxe há um antes e um depois de Ali; se ele não tivesse existido, o Boxe não seria o que hoje é, pois Ali mudou muitos dos registos do pugilismo, criando em seu momento uma expectação pelo Boxe até então desconhecida.

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De entre os textos clássicos mais antigos das Artes Marciais, o Bubishi brilha por si mesmo. O Mestre Pantazi realiza este novo trabalho precisamente visando voltar às raízes tradicionais das “6 Mãos de Ji” do Bubishi, aplicadas a técnicas específicas sobre pontos vitais. Apesar destas posições de mãos serem únicas e seus efeitos muito intrigantes, é quase impossível praticá-las com os métodos actuais, mas não percam a esperança, posto que estas mãos Ji podem ser o perfeito método de transmissão da adaptação mais moderna das aplicações Kyusho. Atacando estas estruturas é possível uma incapacitação mais imediata, como acontecia com o antigo método do Dim Mak, mas sem propriamente causar nenhuma doença nem outros efeitos daninhos. Graças a décadas de busca e treino, estes segredos se têm desvelado aptos para incapacitar e representam o refinamento dos métodos de ataque. Isso nos levou a dar a volta inteira ao círculo para compreender as formas antigas e evitar que se percam com a passagem do tempo, ou por mandato dos homens.

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