Nº 05
Informativo
Dez/2017
Bonenkai na Bahia
Editorial Revendo os acontecimentos de 2017, constato com muita alegria que a comunidade nikkei da Bahia realizou vários eventos que promoveram a cultura japonesa no nosso estado. E esses não ficaram restritos à capital. As associações nikkeis, de norte a sul, leste a oeste, no estado, se empenharam para organizá-los: Bon Odori, festivais de canção japonesa, torneios de gateball e de beisebol, seminários de ensino da língua japonesa, além das atividades sociais, a exemplo de bonenkai, festa de confraternização de fim de ano. Para o próximo ano, quando serão comemorados os 110 anos da imigração japonesa no Brasil, terei como objetivo, apoiar, através da Federação, ainda mais, ações que contribuam para difundir a cultura nipônica na Bahia e no Nordeste. Desejo a toda comunidade nikkei da Bahia e do Brasil um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo.
Roberto Mizushima Presidente da FCNBB
Com a chegada do fim de ano, diversas associações nipo-brasileiras da Bahia promoveram a tradicional festa de encerramento do ano, o bonenkai (忘年会). Em Barreiras, o evento ocorreu na sede da Anibra, no dia 26 de novembro. Foi realizado um “amigo ladrão”, com sistema mochitori. Todos capricharam nos pratos! Na sede da Acenibra em Juazeiro, houve eventos em dois dias: 8 e 9 de dezembro. No primeiro dia, ocorreu o mochitsuki, no qual foram feitos mochis, vendidos e servidos com ozoni no dia seguinte, quando ocorreu o bonenkai. A festa de encerramento contou ainda com sorteios e rifas da escola de língua japonesa e karaokê. O bonenkai de Luís Eduardo Magalhães foi realizado no dia 10 de dezembro, na sede da Anibralem. Lá, o festejo foi marcado por um “amigo secreto” entre os associados. Na capital, o encerramento das atividades da Anisa foi realizado no Centro Estadual de Educação Magalhães Neto, com uma feijoada para os associados. Dentre as atividades que ocorreram nesse bonenkai estão: o encerramento das atividades do ano da escola de língua japonesa, a apresentação de Taiko Kids e do grupo Wadō e várias rodadas de bingo.
Comemorações de bonenkai em Barreiras (sup. esq.), Juazeiro (sup. dir.), Luís Eduardo Magalhães (inf. esq.) e apresentação da escola de língua japonesa em Salvador (inf. dir.).
Texto elaborado por Henrique Miyamoto a partir das informações e imagens fornecidas pelas entidades Anibra, Acenibra, Anibralem e Anisa
Federação recebe cônsul em Salvador A Federação Cultural Nippo Brasileira da Bahia recebeu a visita do cônsul do Japão no Recife, Jiro Maruhashi, no dia 18/11. O diplomata esteve na capital baiana para homenagear o sr. Kyuji Shimizu pela ocasião de seu 100º aniversário, conforme tradição do governo japonês. Na noite de sua chegada, ele aproveitou a visita para participar da nossa Noite da Canção Japonesa (紅白歌合戦), onde foi convidado a compor a mesa de jurados. Na manhã seguinte, o cônsul Maruhashi, juntamente com o cônsul-geral honorário do Japão em Salvador, Odecil Oliveira, visitaram o sr. Shimizu e seguiram para almoçar no restaurante Sukiyaki, para um almoço com representantes da Federação e da Anisa. Coincidentemente, era aniversário do cônsul, que recebeu dos presentes um bolo de aniversário. Pela tarde, o sr. Maruhashi visitou o ensaio do Grupo Wadō no Espaço Xisto Bahia, no Foto: Angela Tahara bairro dos Barris (pág. 3.).
Informativo Comenda Ordem do Sol Nascente O Governo Japonês conferiu ao conselheiro e ex-presidente da Federação Cultural Nippo Brasileira da Bahia, Toshihiro Tahara, por meio da Outorga de Honrarias do Outono de 2017, a comenda “Ordem do Sol Nascente, Raios de Ouro e Prata”, pela contribuição na difusão da língua japonesa e promoção do bem-estar dos japoneses residentes no Brasil. A outorga da comenda de será realizada com a presença do Cônsul Geral no Recife, no dia 29/01/2018, às 16h, no Salão Nobre da Reitoria da UFBA.
Agenda SALVADOR - FEDERAÇÃO 19, 20 e 21/Jan: Seminário Nordestino de Professores da Língua Japonesa e Acampamento Estudantil 3 e 4/Fev: II Seminário de Integração Brasil-Japão de Jovens do Nordeste 25/Mar: Assembleia Ordinária da FCNBB
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II Seminário de Integração Brasil-Japão de Jovens do Nordeste Nos dias 3 e 4 de fevereiro de 2018, será realizado em Salvador o II Seminário de Integração Brasil-Japão de Jovens do Nordeste. O tema deste ano será “Ponte para a cultura japonesa” (日本文化の懸け橋) e terá como objetivo integração através da vivência coletiva da cultura japonesa. As inscrições deverão ser realizadas através do escritório da Federação Cultural Nippo Brasileira da Bahia e será solicitada uma contribuição de R$ 60,00 por pessoa. Para maiores informações, entrar em contato através do email fcnbb@hotmail.com ou telefone (71) 3359 5946.
Encontro Nordestino de Professores Iniciantes Salvador sediou, nos dias 12 e 13 de novembro, a edição 2017 do Encontro Nordestino de Professores Iniciantes de Língua Japonesa (2017 年 度東北伯日本語新人教師研修会), que reuniu professores dos estados da Bahia, Pernambuco e Paraíba. O evento tem por objetivo capacitar os professores nas práticas pedagógicas do processo ensino-aprendizagem da língua japonesa. Nessa edição, o Encontro contou com a participação da professora convidada do Centro Brasileiro de Língua Japonesa - CBLJ, Hiroko Tsuruta, que conduziu os trabalhos nos dois dias do evento. Estiveram presentes também as voluntárias jovens japonesas da JICA, Manae Kodama (João Pessoa), Mizuki Takahashi (Recife) e Yoshimi Shigueno (Teixeira de Freitas), que contribuíram com depoimentos de suas práticas docentes. O Encontro foi promovido pela Federação Cultural Nippo Brasileira da Bahia, com o apoio da JICA, Fundação Japão, CBLJ e Anisa.
Geral
Expediente
Informativo Nº 05| Dez/2017 Equipe editorial: Hernesto Miyamoto, Shigeki Nishimoto, Angela Tahara e Lika Kawano. Colaboração: Henrique Miyamoto. Dúvidas e sugestões: fcnbb@hotmail.com Tel: (71) 3359 5946.
Fotos: Angela Tahara
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Grupo Cultural Wadō
Imagem: divulgação Wadō )
Do diálogo entre a música tradicional e a contemporânea, um grupo de jovens baianos tem se tornado cada vez mais expressivo. Com sua percussão forte, ritmada e pulsante, o Grupo Wadō mescla sonoridade característica e movimentos marcados em apresentações de taiko, manifestação artística de origem japonesa. Criado no final de 2008, por Lika Kawano como iniciativa pioneira no estado da Bahia, o grupo já se apresentou em eventos como o Festival Vivadança, Terça da Bênção (com o Olodum), Festival Percussão 2 de Julho, Festival da Cultura Japonesa (Bon Odori Salvador), Festival da Primavera, além de ter feito a abertura do show do cantor japonês Oka Shiro na capital baiana e participado de projetos com Carlinhos Brown e Marivaldo dos Santos (Quabales). O grupo também organizou o “GanbareNippon! Unidos em um só tom!”, flashmob nacional com participação de mais de 30 grupos diferentes em homenagem às vítimas da tragédia japonesa de março de 2011. O repertório é composto por músicas tradicionais e composições próprias. O Grupo Wadō é uma frente de ação da Associação Cultural NippoBrasileira de Salvador (Anisa), composto por cerca de 30 jovens, que compartilham a paixão pela cultura nipônica e o desejo de expandi-la no estado da Bahia, onde é pioneiro. Taiko – A arte percussiva é símbolo cultural, religioso, artístico, político e social para o povo japonês. Tocar taiko é mais do que desenvolver a habilidade de bater em um tambor, é se apresentar com corpo e alma para sensibilizar todos ao redor. Mistura entre som e ação, sua intenção fazer ouvir a sonoridade e mostrar os movimentos ao mesmo tempo. Com indícios de sua aparição há quatro mil anos, o taiko se expandiu no período pós-Segunda Guerra Mundial. Seu caráter
animado, dinâmico e propulsor fez romper o círculo da tradição folclórica e inseriu o estilo na música internacional, especialmente nas últimas décadas. Danças – Além dos treinos percussivos, o Wadō desenvolve o Matsuri Dance, dança pop criada no Brasil e inspirada em movimentos de danças tradicionais japonesas, e utiliza passos do Yosakoi Soran, uma dança rápida e vibrante, com movimentos inspirados no trabalho de pescadores, em suas músicas. Com apoio da Anisa, do Consulado Honorário do Japão na Bahia e da Federação Cultural Nippo-Brasileira da Bahia, o Grupo Cultural Wadō começou a se estruturar após o Festival de Cultura Japonesa (Bon Odori) de 2008, ano do centenário da imigração japonesa no Brasil. Mais do que divulgar a cultura japonesa, o Wadō tem como filosofia cultivar a dedicação, o espírito de união, a responsabilidade a disciplina e a solidariedade, buscando sempre o desenvolvimento pessoal de seus integrantes. Texto: Lika Kawano Visita do Cônsul – No dia 19 de novembro, o Grupo Wadō recebeu no Espaço Xisto Bahia (Barris) a visita do Cônsul do Japão no Recife, Jiro Maruhashi, que acompanhou o ensaio do grupo. Na ocasião o cônsul externou o seu encantamento com a apresentação de Taiko e congratulou o Wadō pela iniciativa.
Foto: Angela Tahara
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Imigração japonesa no extremo sul da Bahia O Extremo Sul da Bahia recebeu os primeiros japoneses e seus descendentes (nikkeis) na década de 1950, que chegaram em diversos povoados: Taquari, Aparaju, Juerana, Helvécia, Posto da Mata, Eunápolis e Teixeira de Freitas. No povoado Taquari, o primeiro nikkei, Luiz Ota, chegou em 1955 e começou o cultivo de coco. Em seguida chegaram as famílias Tadaka e Saikawa e fundam a empresa “Colonizadora Caravelas”. Posteriormente, desembarcaram mais 12 famílias e, em 1º de janeiro de 1962, é fundada Associação de Pesquisa e Cultivo de Coco, sendo o primeiro presidente Masakiti Habiro. Nesse mesmo ano é fundada a escola primária, junto com moradores locais. No ano seguinte, em 1963, é realizado o primeiro undokai da região. Após 20 anos, as famílias nikkeis deixaram região, restando apenas duas famílias na década de 80. Em 2017, a maioria vendeu suas fazendas, ficando apenas plantio de eucalipto para celulose. Em Aparaju, as primeiras famílias (Massatoshi Nagao, Tadashi Hamano e Teruo Hashizume) chegam em 1959, requerendo do governo estadual terras e fundam no ano seguinte uma companhia de cultura de coco. Anos depois, na década de 1960, chegam outras famílias nikkeis que começam outros tipos de cultivo, tais como abóbora, melancia e melão. Outro povoado que recebeu os imigrantes japoneses e seus descendentes a partir de 1959 é Juerana. No início da década de 1960 já eram mais de 60 famílias nikkeis. Em 1963 é fundada a associação local com 29 associados, sendo o primeiro presidente Kiyoshi Tyomei, e, em 1966, foi inaugurada a sede própria. Dois anos depois, em 1968, os nikkeis dos povoados de Juerana, Taquari e Aparaju fundam a ACESAB - Associação Cultural Esportiva e Agrícola do Sul da Bahia. As principais atividades promovidas por essa associação foram a pesquisa no setor agrícola, o undokai e comemoração no dia das mães, dos pais e das crianças. Em 1963, alguns nikkeis de São Paulo solicitaram apoio ao deputado estadual de São Paulo Shiro Kyono para encaminhar ao Governo da Bahia e ao Incra o pedido para implantação de uma colônia no sul da Bahia, que foi liberado em 1964. Oficialmente instalada em 1966, a colônia recebeu o nome de “Colônia Lomanto Júnior” com 15 famílias japonesas e 10 famílias chinesas que solicitaram lotes e começaram plantação de coco. Mas, apesar das grandes expectativas e grande apoio do estado baiano, logo enfrentaram dificuldades financeiras e tiveram que abandonar as atividades. Em 1972, residiam somente 15 famílias e na década de 80 só restaram duas famílias. A Cooperativa Agropecuária do Extremo Sul da Bahia foi transferida para Posto da Mata e depois para Teixeira de Freitas, permanecendo ativa até hoje.
Posto da Mata recebeu o primeiro nikkei em 1964. Dez anos depois, já residiam 35 famílias nikkeis. A maioria eram famílias que, trabalhando nos núcleos de colonização vizinhos, resolveram se mudar para Posto da Mata em busca de mais terras para cultivar e de uma melhor educação para os filhos. A principal cultura na época era o mamão. Em 1982 fundaram o 日 本 人 会 (Associação de Japoneses) e a escola de língua japonesa. No ano seguinte construíram a sede própria com o apoio da JICA (Japan International Cooperation Agency). Em 1975, chegam os primeiros nikkeis ao povoado de Eunápolis, iniciando o cultivo de hortaliças. Dez anos depois, a Cooperativa Cotia implanta um projeto de cultivo de mamão, atraindo cerca de 30 famílias, que fundaram a associação nipo e a escola de língua japonesa. Porém, o projeto foi encerrado em 1992, e a maioria dos nikkeis se mudou para municípios vizinhos ou para Japão. Teixeira de Freitas recebeu os primeiros nikkeis no início da década de 1970. Com a implantação da Cooperativa Cotia nos anos 1980, o número de família nikkeis aumentou para 150. Nessa época, tinha os maiores produtores de mamão do Brasil, atraindo muitos comerciantes de insumos e máquinas agrícolas. Em 1977, dez nikkeis se reuniram, fundando a Escola de Língua Japonesa e a A.C.E.A.T.F. (Associação Cultural Esportiva e Agrícola de Teixeira de Freitas), tendo como primeiro presidente Yoshio Nishi. As atividades promovidas pela associação eram: comemoração de ano novo, dia das mães, dia dos pais, torneios esportivos de beisebol, tênis de mesa, gateball, voleibol e undokai. Para promover as diversas atividades, a A.C.E.A.T.F. constituiu os departamentos de Senhoras e de Jovens. A sua sede própria foi construída em 1981, abrigando no ano seguinte a Escola de Língua Japonesa também. Desde o início da chegada dos nikkeis, o ensino de língua japonesa é uma das principais atividades desenvolvidas na comunidade nipo-brasileira local. A prática dos esportes também sempre foi uma atividade relevante. No passado, havia um núcleo específico para prática do judô, que foi encerrado na década de 1990. Atualmente, um dos esportes mais praticados é o gateball. Após a incorporação da associação de Teixeira de Freitas à ACESAB, essa associação foi oficialmente legalizada como uma corporação pública e, em 1982, com o apoio financeiro da JICA, construiu-se a sede em Teixeira de Freitas, onde são realizados os principais eventos nikkeis do Extremo Sul da Bahia. Texto elaborado por Hernesto Miyamoto a partir das informações fornecidas pela ACESAB Imagens: Embrapa e liberdadenews