CINCO DIFERENÇAS QUE FAZEM A DIFERENÇA É preciso fazer diferente para alcançar um resultado diferente. Em primeiro lugar, uma importante diferença assenta no diagnóstico. A crise que vivemos não tem natureza conjuntural e não é exclusivamente nacional. É sistémica à Zona Euro e radica nas dificuldades de adaptação da economia portuguesa ao triplo choque competitivo decorrente da adesão ao euro, do alargamento da Europa a leste e da abertura dos mercados à escala global. Em segundo lugar, para enfrentar e superar esta crise não basta um programa de ajustamento. É necessário, por um lado, batermo-nos na União Europeia pela eliminação dos efeitos assimétricos do euro nas diferentes economias, reforçando a coesão e retomando a convergência. Por outro lado, a nível nacional, devemos enfrentar os bloqueios estruturais do país, executando um programa que vá à verdadeira raiz dos défices de competitividade da nossa economia. Em terceiro lugar, uma intervenção estrutural exige um horizonte de execução de médio e longo prazo e o envolvimento do conjunto da sociedade. Para este efeito, é necessário construir uma visão estratégica partilhada e promover a concertação social e política, com vista a alcançar um apoio sustentado, a continuidade de objetivos e a cumulatividade dos efeitos, num período que percorre várias legislaturas. Em quarto lugar, a concretização desta estratégia tem de superar o tradicional método de elaboração de programas políticos, por justaposição de programas setoriais desdobrados em múltiplas medidas, assegurando, ao invés, a transversalidade dos objetivos, os quais se organizam em quatro grandes pilares, por sua vez declinados em domínios de ação e ações-chave:
Valorizar os nossos recursos; Modernizar a atividade económica e o Estado; Investir no futuro: na cultura e na ciência; Reforçar a coesão social. Em quinto e último lugar, a diferença central assenta numa opção de fundo: a competitividade da nossa economia não se recupera com uma estratégia de empobrecimento coletivo, assente em baixos salários, na redução de direitos e no desmantelamento do estado social. A competitividade conquista-se, antes, por via da qualificação e da modernização, de modo a alcançar uma economia competitiva numa sociedade decente, de trabalho digno e prosperidade partilhada. Esta proposta de Agenda para a Década 2015-2024 é, por isso, diferente, sendo o contributo do PS para ser desenvolvido com os parceiros e organizações sociais, as universidades e outros centros de produção do conhecimento, bem como organizações cívicas e movimentos de cidadãos. Enquanto base para a concertação política e social, a Agenda para a Década não é nem o programa do próximo governo, nem o caderno reivindicativo de qualquer destes parceiros. Mas, tratando-se do contributo do