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Heróis do Cerco do Porto titulados com topónimos da cidade

Conde das Antas, Conde de Bonfim, Visconde de Francos, Barão do Monte Pedral e Barão de Lordelo

Após a vitória do Exército Libertador face aos realistas, seis oficiais que se destacaram no Cerco do Porto foram nobilitados com topónimos associados à defesa da cidade, onde se encontravam instaladas baterias que, tenazmente, retaliavam investidas miguelistas. De Balthazar de Almeida Pimentel já desenvolvemos a sua brilhante carreira militar, interligando-o com futuros generais titulados e com quem vida fora mantiveram relações de amizade, embora tenham discordado politicamente dos rumos ideológicos de governos de então: Francisco Xavier da Silva Pereira (1793-1852), conde das Antas, José Lúcio Travassos Valdez (1787-1862), conde de Bonfim, Fernando da Fonseca Mesquita e Sola (1795-1857), visconde de Francos, José Baptista da Silva Lopes (1784-1857), barão de Monte Pedral, e José da Fonseca e Gouveia (1792-1863), barão de Lordelo.

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Comparemos as vivências entre si, inícios das carreiras militares e participações em cenários de guerra, compreendendo as experiências castrenses que lhes possibilitaram atuar nos campos de batalha como comandantes exímios que muito contribuíram para a vitória liberal na Guerra Civil de 1832-1834 e nas subsequentes ao longo do século XIX

Os seis titulares, conde das Antas, Bonfim e Campanhã, visconde de Francos, barão de Monte Pedral e barão do Lordelo, nasceram entre 1784 e 1795, entrando para o exército com idades compreendidas entre os 14 e os 21 anos. Combateram nas Campanhas da Guerra Peninsular (1808-1814), à exceção de Campanhã e de Francos, tendo sido agraciados com a Medalha de Ouro por seis campanhas desta guerra.

O barão de Monte Pedral devido aos graves ferimentos que sofreu nos dois cercos de Badajoz em 1811, não participou nas restantes batalhas.

Aderiram à Revolução Liberal de 1820 e à Revolução de Maio de 1828. Em virtude do exército de D. Miguel ter derrotou as forças de D. Pedro IV em 1828, os vencidos exilaram-se em Inglaterra e o barão de Lordelo em Espanha. Mais tarde participaram nas batalhas dos Açores e tomaram parte na expedição de D. Pedro IV que desembarcou no Mindelo em 8 de julho de 1832 (Francos e Bonfim integraram o Batalhão Sagrado, constituído só por oficiais), entrando no Porto sem resistência por parte das forças miguelistas, que abandonaram a cidade.

Combateram com bravura e valentia nas batalhas do Cerco do Porto (1832-1833), como Ponte de Ferreira, na zona de Francos, no Bonfim, Antas, Monte Pedral, na defesa do a castelo de São João da Foz, Lordelo e Campanhã/Goelas de Pau. Pelas suas ações nestas batalhas foram condecorados com a Ordem de Torre e Espada, a mais elevada ordem honorífica portuguesa.

No Cerco do Porto os oficiais tiveram dezasseis cavalos mortos pelo fogo do inimigo. Balthazar de Almeida Pimentel teve três cavalos mortos nos dias 22, 23 e 25 de julho de 1833, no reconhecimento de Valongo, na batalha de Ponte de Ferreira e na batalha sobre as linhas do Porto. Fernando da Fonseca Mesquita e Sola teve um cavalo morto na defesa do Pasteleiro84 .

Os títulos recebidos foram atribuídos pelas batalhas onde os futuros titulares mais se distinguiram, tais como Antas, Bonfim, Campanhã, Lordelo, Francos e Monte Pedral.

Após a Convenção de Evoramonte, entre 1834 a 1845, exerceram cargos políticos como deputados nos círculos eleitorais de Viana, Leiria, Algarve, Beja, Douro e Alentejo. O barão de Lordelo não foi deputado. O conde de Bonfim, em 1837, foi nomeado ministro da Marinha e interino da Guerra. Em 1839 foi Presidente do Conselho de Ministros, ministro da Guerra e interino da Marinha. O visconde de Francos foi ministro da Guerra em 1848 e, em 1851, ministro da Guerra e da Marinha e Ultramar. Durante a Revolta de Maria da Fonte, em 1847, o conde das Antas assumiu a presidência da Junta Provisória do Governo Supremo do Reino. Por ocasião da revolução de setembro de 1836 o conde de Campanhã foi preso na Torre de Belém. Durante a Guerra Civil da Patuleia (1846-1847) foi preso no Forte de S. João Batista e na Cadeia da Relação do Porto, juntamente com o duque da Terceira. O conde das Antas foi detido na Barra de Lisboa por tropas inglesas auxiliares da Rainha e aprisionado na fortaleza de S. Julião da Barra, em maio de 1847, até à Convenção de Gramido. Na Revolta de Torres Vedras, em 1844, o conde de Bonfim foi aprisionado e deportado para Angola.

Os cinco generais titulares foram nomeados Par do Reino; o conde das Antas e o conde de Bonfim em 1842, o conde de Campanhã em 1849, o barão de Monte Pedral em 1850 e o visconde de Francos em 1853.

Os seis titulares atingiram os mais altos postos militares e funções governativas, sendo muito próximos da Casa Real: conde das Antas atingiu a patente de Tenente-general, durante a Guerra Civil da Patuleia (1846-1847) foi presidente da Junta Provisória do Governo Supremo do Reino no Porto e Comandante-geral do Exército; o conde do Bonfim atingiu a patente de Tenente-general e foi Presidente do Supremo Conselho de Justiça Militar; o conde de Campanhã atingiu a patente de Tenente-general, foi Gentil-Homem efetivo junto à Real Pessoa de Sua Majestade Rei D. Fernando II; o visconde de Francos atingiu a patente de Brigadeiro-general, foi Secretário-geral do Governo de Angola, nomeado ministro diversas vezes e Comandante da Guarda Municipal de Lisboa; o barão de Monte Real atingiu a patente de Tenente-general, foi nomeado Inspetor do Arsenal-Geral do Exército e fundador do Museu de Artilharia, atual Museu Militar de Lisboa; o barão de Lordelo atingiu a patente de Tenente-general, foi nomeado governador-geral da província de Angola cargo que não chegou a exercer e administrador geral do distrito do Funchal, lugar que desempenhou com invulgar brilho e “fausto”.

Os primeiros cinco titulares foram homenageados com topónimos e placas de memória em Almeida, em Lisboa, na Reigada e em Valongo, localidades onde nasceram ou tiveram papel militar de relevância.

No fim de vida nenhum quis ser enterrado com pompa e circunstância, desejando serem sepultados como soldados em campa rasa, tal como D. Pedro IV, a quem serviram, pretendeu e quis ser. O visconde de Francos foi sepultado na Reigada, o barão de Monte Pedral em Lagos o barão de Lordelo foi sepultado no Porto e os outros três titulares, com topónimos do Cerco do Porto, foram enterrados no cemitério dos Prazeres, em Lisboa, destacando-se o monumento do conde das Antas, com escultura de corpo inteiro, edificado por subscrição pública, e o mausoléu do conde de Bonfim.

MILITAR E POLÍTICO CONDE DAS ANTAS CONDE DE BONFIM CONDE DE CAMPANHÃ VISCONDE DE FRANCOS

Deputado, círculo eleitoral

Senador pela Guarda e por Lisboa

Leiria

BARÃO DE MONTE PEDRAL

Douro e Alentejo Angola e Douro Estremadura e Beja

BARÃO DE LORDELO

Ministro

Presidente Conselho Ministros e Ministro da Guerra e da Marinha

Ministro da Guerra

Generalato Tenente-general Tenente-general Tenente-general Brigadeiro Tenente-general Tenente-general

Presidente Junta

Prov Governo Supremo Reino

Cargo

Porto (Patuleia) e GovernadorGeral da Índia

Presidente do Supremo Conselho de Justiça Militar

Par do Reino

Chefe do Estado Maior, e Gentil Homem efetivo do Rei

D. Fernando II

Par do Reino

Comandante da Guarda Municipal de Lisboa

Par do Reino

Inspetor do Arsenal-Geral do Exército, fundador do Museu Militar de Lisboa

Par do Reino

Governador-geral da província de Angola cargo que não chegou a exercer; Administrador geral do distrito do Funchal

Prisão

Preso em S. Julião da Barra (Patuleia, 1846)

Preso pelos miguelistas e fugiu p/ Espanha (1826); preso e deportado p/ Angola (revolta Torres Novas, 1844)

Preso na Torre de Belém (setembro 1836); preso na Cadeia Relação Porto (Patuleia)

Condecora Es

CONDE DAS ANTAS CONDE DE BONFIM

CONDE DE CAMPANHÃ VISCONDE DE FRANCOS

BARÃO DE MONTE PEDRAL

BARÃO DE LORDELO

Torre e Espada Grã-Cruz Comendador Grã-Cruz Comendador Oficial Comendador

S. Bento de Avis Grã-Cruz Grã-Cruz Grã-Cruz Cavaleiro Comendador Comendador

Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa Cavaleiro Comendador Comendador Comendador Comendador

Militar de Cristo Comendador Cruz da Guerra Peninsular Medalha Medalha

Condecorações estrangeiras 2 Grã-Cruz 2 medalhas 3 Grã-Cruz 3 medalhas 4 Grã-Cruz 1 Grande Oficial 1 Comendador

Legião de Honra de França Comendador

Santa Helena de França Medalha

NATURALIDADE, ESTUDOS E VIDA MILITAR

CONDE DAS ANTAS CONDE DE BONFIM CONDE DE CAMPANHÃ VISCONDE DE FRANCOS

BARÃO DE MONTE PEDRAL

BARÃO DE LORDELO

Nascimento 1793: Valença do Minho 1787: Elvas 1786: Almeida 1795: Reigada 1784: Lagos 1792: Porto

Óbito 1852 (59 anos) Lisboa 1862 (75 anos) Lisboa 1876 (90 anos) Lisboa 1857 (62 anos) Reigada (Almeida) 1857 (73 anos) Lisboa 1863 (71 anos) Porto

Batalhão Académico da Universidade de Coimbra

Regimento Batalhão de Caçadores N.º 7

Regimento Infantaria N.º 23 Almeida

Regimento Infantaria N.º 23 Almeida

Regimento Artilharia Lagos

Estudos

Folha de serviços militar c/ excelentes informações

Albuera, Salamanca, Vitória, Orthez e Toulouse

Folha de serviços militar c/ excelentes informações

Guerras napoleónicas às ordens do Marquês de Alorna

Estudou matemática no Regimento Artilharia N.º 4, em Almeida

Não participou

2 cercos de Badajoz (1811), onde foi gravemente ferido

Participou

Real corpo de voluntários de Mar e Terra Guerra Peninsular Buçaco, Albuera, Salamanca, Vitória, Nive e Nivelle

Frequentou o colégio militar.

Ótima folha de serviço

1805, finalizou o curso de engenharia militar na Academia

No AHM não consta a folha de serviços

Revolução 1820 (posto) Major graduado Tenente-coronel Tenente Tenente Major Major

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