Igreja nº 28

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Ano 5 - nº 28 - junho / julho 2010

As múltiplas opiniões da realidade brasileira Nas últimas edições inúmeros autores

tréia do professor Edgard Menezes. Ex-

Ganhar o mundo e agir tam-

têm revezado nas páginas da IGREJA.

periente articulista que vem somar ao

bém é tema de uma reportagem sobre o

Temos nosso time de colunistas fixos

time de nossa revista. Ele fala sobre ad-

perigo do crack. Uma droga barata que

como Lourenço Stelio Rega, Mário Si-

ministração eclesiástica e planejamen-

vem trazendo dor e tristeza a centenas

mões e Rodolfo Montosa. Mas, quando po-

to, sempre com opiniões práticas e fun-

de lares brasileiros. Nossa repórter Vi-

demos, damos oportunidade para outros

damentadas nas sagradas escrituras.

viane Castanheira foi a campo saber de

Nesta edição ainda temos um

Eles somam suas correntes teológicas

especial sobre a Copa do Mundo e sobre

e pensamentos a cerca do cristianismo.

como o futebol, este esporte das massas,

Também ouvimos as opiniões

Um espaço amplo, profundo e variado.

virou estratégia de evangelismo. Regis-

de Wayne Grudem, autor de Teologia Sis-

Este é o pensamento da IGREJA. Enten-

tramos a opinião, expectativa dos mis-

temática. Ele faz alerta a Igreja Emer-

demos que cada igreja tem problemas

sionários que estão na África para falar

gente e ponderações ao Teísmo Aberto.

diferentes e propusemos, sempre, opi-

de Jesus. Batendo um bolão com Felipe

Batendo um bolão, a IGREJA

niões diferenciadas para uma realidade

Melo, jogador evangélico e outros atle-

entra em campo trazendo uma seleção

brasileira.

tas de Cristo, que usam seu testemunho

de craques e debatendo o que há de me-

para ganhar o mundo.

lhor da Igreja brasileira.

Nesta edição registramos a es-

REPORTAGENS 10 ENTREVISTA Wayne Grudem Autor de Teologia Sistemática apresenta nova obra literária e faz alerta a Igreja Emergente e ponderações ao Teísmo Aberto 16 TEOLOGIA Novos rumos teológicos 37º Congresso da Sepal, em Águas de Lindóia, indica caminhos sobre a relação da igreja com a juventude e pós modernidade.

28 ESPORTE Fé em campo Assim como milhões de torcedores, missionários, da bola ou não, também se preparam para entrar em campo na Copa do Mundo 41 EQUIPAR Novidades para a Santa Ceia Momento de Partilha do Pão e Vinho ganha novos acessórios 50 LANÇAMENTOS

19 IGREJA BRASIL Desligamento conturbado

ARTIGOS 8 GESTÃO MINISTERIAL Coluna de Rodolfo Montosa

Silas Malafaia renuncia vice-presidência na CGADB e abre crise na instituição

18 ÉTICA Coluna de Lourenço Stelio Rega

21 SOCIEDADE Pressionado pela Igreja, Governo Lula recua e veta pontos polêmicos do Programa Nacional de Direitos Humanos 22 ATUALIDADE Marcha para Jesus comemora 18 anos tentando consolidar imagem de um evento engajado pelos direitos dos evangélicos 24 SOCIEDADE Crack e as Igrejas, como lidar com este novo problema

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que forma a igreja brasileira tem agido

importantes líderes de nosso segmento.

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36 MUNDO MELHOR Coluna da ONG Visão Mundial 38 PROFISSIONAL CRISTÃO Coluna de Mario Simões 40 NO PÚLPITO Josué Campanhã e a família pastoral 40 ESTRATÉGIA E AÇÃO Edgard Menezes 49 ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA Coluna de Valdo Romão

para combater o vício.

SEÇÕES 6 E-PÍSTOLAS Mensagens dos leitores 7 AGENDA Calendário de eventos 19 IGREJA BRASIL Noticiário Nacional 37 IGREJA MUNDO Noticiário Internacional Diretor executivo Eduardo Berzin Filho Jornalista responsável Celso de Carvalho assessoria@ebfeventos.com.br Diagramação e Arte Luís Carlos Teodoro Colaboradores desta edição Chefe de reportagem Celso de Carvalho MTB 27189/RJ Reportagem Robson Morais e Vinicius Cintra Estagiários sob supervisão Artigos Rodolfo Mantosa, Lourenço Stelio Rega, Celso Fernandes, Mário Kaschel Simões, Edgard J. C. Menezes e Valdo Romão Tiragem desta edição 25 mil exemplares Atendimento ao leitor (11) 4081.1760 redacao@ebfeventos.com.br Redação e administração Rua Otávio Passos, 190, 2º andar - Atibaia, SP CEP: 12.940-972 Telefone: (11) 4081.1760 editorial@ebfeventos.com.br


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e-pístolas carta do leitor

APREÇO PELO CONTEÚDO Receber a revista IGREJA tem sido gratificante para minha vida e ministério. Os assuntos são de uma relevância extraordinária. Sempre atuais e com opinião que realmente enriquece a vida de todo leitor. Quero parabenizar a Redação e firmar o meu apreço pelo o trabalho. Encontramos assuntos administrativos, teológicos, evangelisticos e familiar. Pastor Francisco Gomes Sobrinho. Igreja Batista Memorial em Araraquara ( SP) Por email

Gosto muito de matérias que envolvem o Estudo Bíblico. É um conteúdo que muito edifica meu ministério e sempre compartilho com meus liderados. Tenho usado com outros colegas e em nossa Escola Bíblica Dominical Pastor Edis Polini Igreja Assembleia de Deus em Castro (PR) A IGREJA tem variedade em todos os assuntos abordados. A revista não se limita a mostrar uma corrente de pensamento, amplia a visão e opiniões. Pastor Paulo Morimoto Comunidade Templo Vivo em Santa Bárbara do Oeste (SP) Sempre leio revistas semelhantes do segmento mas sempre dou preferência para IGREJA. É uma revista que aborda todos os assuntos de liderança. É um diferencial que me chama atenção.

Presbítero Rogério Correa Igreja Assembleia de Deus em São Bernardo do Campo (SP) Acompanho a IGREJA pela parte teológica, mas ultimamente creio que está um pouco pobre. Este conteúdo pode ser ampliado para eu usar em meu ministério e indicar a companheiros. Pastor Fabrício Torres Igreja Evangélica Congregacional em Santos (SP) Gosto da parte administrativa da revista. Tenho aprendido bastante com o conteúdo e comentários. Leio a parte sobre ética, eclesiásticas para estar reciclando sempre. Não tenho no momento o que dizer nada contra a revista. Pastor Regis Cristal Igreja Batista Parque Viana Barueri (SP)

FALE COM IGREJA Para fazer comentários sobre o conteúdo editorial, oferecer sugestões e críticas às matérias ou solicitar informações relacionadas às reportagens (desde que autorizadas pelas fontes), escreva para a REVISTA IGREJA - REDAÇÃO, Rua Otávio Passos, 190, 2º andar, Atibaia (SP), CEP 12.942-972; ligue para (0xx11) 4081.1760 ou fax (0xx11) 4081.1788; ou email para revistaigreja@revistaigreja.com.br ou editorial@ebfeventos.com.br. Cartas e mensagens devem trazer nome completo, endereço, telefone e, se possível, endereço eletrônico (e-mail). Por razões de espaço ou clareza, elas podem ser publicadas resumidamente ou editadas.

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ASSINATURA Novas e renovações (0xx11) 4081.1760 SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO CLIENTE Para renovação, mudança de endereço e outros serviços ligue para (11) 4081.1760 de segunda à sexta das 8h às 18h, ou envie uma mensagem para sac@revistaigreja.com.br PUBLICIDADE Anuncie em Igreja e fale para milhares de líderes e formadores de opinião em todo Brasil. Ligue para (11) 4081.1760 ou envie uma mensagem eletrônica para a equipe comercial. GERENTE COMERCIAL Samuel Crisostomo (0xx11) 4081.1760 samuel@ebfeventos.com.br SUPERVISOR COMERCIAL Rogério Maciel rogerio.maciel@ebfeventos.com.br (0xx11) 4081.1760 EXECUTIVO DE CONTAS Paulo Eduardo (0xx11) 4081.1760 paulo.eduardo@ebfeventos.com.br Francisco Soares (0xx11) 4081.1760 francisco.soares@ebfeventos.com.br Douglas Balmant (0xx11) 4081.1760 douglas.balmant@ebfeventos.com.br Nadja Soares (0xx11) 4081.1760 nadja.soares@ebfeventos.com.br Ana Paula Marques (0xx11) 4081.1760 ana.marques@ebfeventos.com.br PORTAL CREIO Oseias Brandão (0xx11) 4081.1760 oseias@ebfeventos.com.br REPRESENTANTE Carlos Rodnei Vasconcelos (0xx11) 8585.3409 ID Nextel: 86*29764 comercial.sp@ebfeventos.com.br CONTATO RIO DE JANEIRO Samuel Oliveira (0xx21) 7836.5167 (0xx21) 2752.6765 ID Nextel: 46*21327 samuelrio@ebfeventos.com.br PUBLICIDADE Secretárias Ana Paula Giovanelli anapaula@ebfeventos.com.br (0xx11) 4081.1760 Franciely Moraes franciely.moraes@ebfeventos.com.br (0xx11) 4081.1760 MÍDIA Joice Camargo (0xx11) 4081.1760 midia@ebfeventos.com.br MARKETING E PROJETOS ESPECIAIS Priscila Móra marketing@ebfeventos.com.br (0xx11) 4081.1760 IGREJA ON LINE Receba em seu computador os destaques da próxima edição. Cadastrese hoje mesmo, enviando uma mensagem para igrejaonline@ revistaigreja.com.br LICENCIAMENTO DE CONTEÚDO Para adquirir os direitos de reprodução de textos e imagens veiculados na revista IGREJA (desde que autorizados pelas respectivas fontes), ligue para (0xx11) 4081.1760 de segunda à sexta das 8h às 18h, ou envie uma mensagem para revistaigreja@revistaigreja.com.br


agenda

27ª CONVENÇÃO INTERNACIONAL DA ADHONEP De 22 a 24 de Julho de 2010 acontece em 2010 a 27ª Convenção Internacional da Associação de Homens de Negócio. Informações: (21) 2109.0560. A direção é do pastor Custódio Rangel. 14º CONGRESSO PENTECOSTAL BRASILEIRO Entre os dias 26 e 30 de julho, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães a Associação Vitória em Cristo (Avec) promoverá o 14º Congresso Pentecostal Brasileiro Fogo para o Brasil na Capital Federal. O evento reúne anualmente cerca de três mil pessoas para promover a comunhão do povo de Deus e levar uma palavra de conhecimento e edificação espiritual aos participantes. A programação terá como preletores os pastores Silas Malafaia, Myles Munroe, Jabes

de Alencar, Jorge Linhares, Jocymar Fonseca e Josué Brandão. Além disso, presença confirmada dos cantores Rachel Malafaia, Danielle Cristina, Nani Azevedo, Dayan de Alencar e Eduardo e Silvana. Informações (21) 2187.7000 Mais informações no site: www.fogoparaobrasil.com.br 15º CONGRESSO NACIONAL PARA SOLTEIROS E SEPARADOS O Ministério Apoio promoverá entre os dias 20 e 22 de agosto o 15º Congresso Nacional para Solteiros, Separados, Divorciados e Viúvos. O encontro acontecerá em Aracajú (SE) no Aquarios Praia Hotel. Preletores são: Danilo Gujral (Portugal); Zelita Chaves da Silva; Veranice G. de Paula Lima. Inscrições pelo site: www.ministerioapoio.com.br

OITAVO LABAREDAS DE FOGO De oito a 10 de outubro no Centro de Convenções da Univale em Governador Valadares (MG). Participação dos apóstolos René Terra Nova, Flamarion Rolando, Silas Malafaia e Jorge Linhares. Inscrições pelo telefone: (33) 3272.4080 www.labaredasdefogogv.com.br 2º ENCONTRO PARA PASTORES E LÍDERES Com o tema Líderes Corajosos em Tempos de Crise, o Janz Team Brasil promove entre os dias 28 de junho e 1º de julho o 2º Encontro para Pastores e Líderes. O evento acontecerá em Gramado (RS). Realizado em parceria com a Sepal, com o propósito de oferecer um novo olhar para as crises que nos cercam e nelas encontrar com os olhos de Deus oportunidades para anunciar a obra de Cristo. Informações pelo telefone: (054) 3286.1006 ou pelo site www.janzteam.com.br/pastores

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“Ninguém põe vinho novo em odres velhos. Se alguém fizer isso, os odres rebentam, o vinho se perde,

e os odres ficam estragados. Por isso, o vinho novo é posto em odres novos. ” Marcos 2.22 gestão ministerial Rodolfo Montosa www.institutojetro.com.br

Pastor, administrador de empresas e diretor do Instituto Jetro.

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Forma e Essência Difícil não se impressionar com o processo de fabricação dos vinhos. Quando estive no Chile tive a oportunidade de conhecer uma vinícola e entender os detalhes e segredos que conferem a eles tal sabor e aroma. O que mais chamou a atenção foram os tonéis onde a bebida é armazenada para o processo de fermentação e envelhecimento. Aprendi que os melhores são tonéis franceses, fabricados em carvalho - madeira nobre e resistente, nativa da Europa e do Mediterrâneo – que chegam a custar três mil reais. Quando em estado de espera dentro desses imensos barris de madeira clara, o vinho confere aos tonéis uma cor avermelhada, como se o fizesse sangrar. Por outro lado, é esse contato com a madeira que irá conferir à bebida um sabor especial. Definitivamente, ambos nunca mais serão os mesmos após serem ajuntados! Para falar sobre forma e essência no Reino de Deus, é necessário entender, primeiramente, que uma não sobrevive sem a outra e é imprescindível para o perfeito funcionamento dessa ou daquela. É como na vinicultura. A bebida pode ser a essência e o tonel apenas a forma, mas ambos são necessários no processo de amadurecimento do vinho. O vinho será marcado, transformado pela madeira. E vice-versa. Isso significa que todo aquele que rompe com determinada estrutura, necessariamente criará outra estrutura, mesmo que não admita isso. Não existe essência sem uma determinada forma. É fundamental entender também que o vinho e a madeira devem desenvolver-se juntos. Um vinho novo que passará por um processo de

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fermentação intenso não pode ser colocado em tonéis velhos. Ou perderá seu sabor, ou romperá os tonéis. Isso significa que determinadas estruturas devem ser abandonadas quando se perdeu a essência do evangelho. Conteúdo novo, ou melhor, o velho que se perdeu, deve ser iniciado em uma nova estrutura. Outro ângulo de ver a analogia é definindo a forma como “atividade meio” e a essência como “atividade fim”. Ninguém quer “tomar” um tonel. Ele é apenas um meio através do qual se atinge o fim de um vinho de qualidade. Na prática do diaa-dia, contudo, percebe-se um encantamento com as atividades meio e um desvirtuamento das finalidades. Se a finalidade passa a ser o de ganhar dinheiro ou perpetuar-se no poder, por exemplo, basta aplicar algumas fórmulas “mágicas” que o povo o seguirá. Mas isso nada tem a ver com a essência relacional do evangelho. Muitos estão correndo atrás de fórmulas, ou formas que dão certo. Cresce o apego à forma em muito maior proporção que o amor à essência do evangelho. Estão aí os ritos e rituais que perpassam séculos, perdendo por completo seu sentido e significado, mas perpetuando-se como atos de magia que tem poder intrínseco em si mesmo. Fique muito atento se o vinho que você está entregando em seu ministério não tem sido contaminado pela estrutura que o cerca, incluindo você em suas motivações e desejos pessoais. Aos líderes chamados de cristãos interessa fazer somente o que seu mestre fez: trazer à festa um novo vinho de qualidade superior e não vinagre em embalagem enganosa.


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entrevista Wayne Grudem

O ponto principal é preservar a importância de sermos fiéis a toda Palavra de Deus

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Foto Divulgação


entrevista

Reflexões teológicas Wayne Grudem, autor de Teologia Sistemática, apresenta nova obra literária e faz alerta a Igreja Emergente e ponderações ao Teísmo Aberto

O

livro Teologia Sistemática é, segundo a revista Consumidor Cristão, um dos livros mais vendidos com a temática da última década. Escrito por Wayne Grudem, a obra é abrangente e responde perguntas ainda pertinente como: ordenação feminina, batalha espiritual e dons do Espírito. Graduado em Harvard, mestre em divindade pelo Westminster Theological Seminary e doutor pela Universidade de Cambridge, foi professor titular do departamento de teologia bíblica e sistemática da Trinity Evangelical Divinity School durante vinte anos. Atualmente, lecionando no Phoenix Seminary, uma nova obra com seus pensamentos chega ao Brasil: o livro Entenda a fé cristã, um guia prático e acessível com 20 questões que todo cristão precisa conhecer. Publicado pela editora Vida Nova, o autor, ao lado do filho, faz uma síntese dos fundamentos da teologia cristã visando facilitar a leitura e tornar claros e aplicáveis à vida complexos conceitos teológicos. Nesta entrevista Grudem responde as queixas sobre a teologia sistemática, faz um alerta a Igreja Emergente e emite opinião sobre o Teísmo Aberto, polêmica tese que anda dividindo seminaristas e pas-

tores. “O Teísmo aberto contradiz a força que todos esses versículos possuem”, responde. Há mais de 10 anos sua Teologia Sistemática foi publicada aqui no Brasil e passou a ser adotada por diversos seminários como o principal texto da área. Atualmente, como um dos mais importantes livros de teologia sistemática, a popularidade que ele alcançou demonstra ampla aceitação de suas ideias. A que atribui tamanha aceitação de sua obra no Brasil? Antes de qualquer coisa, vejo isso tudo como o favor e a bênção do Senhor sobre o ensino de sua Palavra. Meu livro, Teologia Sistemática, tem forte fundamento nas próprias palavras da Bíblia. Portanto, quando alguém o lê, encontra muitos versículos bíblicos que citei ao longo do livro. Creio que o fato de ter incluído a própria Palavra de Deus confere à didática do livro muito mais poder e eficácia para tocar o coração e a mente das pessoas. Um segundo motivo é por eu ter escrito o livro de maneira que pudesse ser entendido por cristãos comuns, não apenas por acadêmicos em seminários e universidades, pessoas que possuem instrução mais avançada. Tentei empregar uma linguagem acessível por todo o livro e,

nas situações em que utilizei termos teológicos especializados, sempre busquei antes explicá-los ao leitor. O terceiro motivo é por eu ter tentado escrever o livro de modo a incluir aplicações práticas para a vida cotidiana. Assim, espero que a fé das pessoas, sua vida de oração, obediência e amor a Deus sejam aprofundadas pela leitura dessa obra. Qual é sua avaliação a respeito da contribuição latino-americana à teologia nos últimos vinte anos? Creio que os cristãos no restante do mundo têm sido encorajados e desafiados pela grande fé demonstrada entre os cristãos da América Latina. Acredito também que os cristãos de outras partes do mundo têm sido desafiados pelo notável crescimento da igreja latinoamericana, algo que reflete seu profundo amor pelos incrédulos e sua confiança no poder de Deus. Igrejas em diversas regiões da América Latina têm crescido em uma proporção que ultrapassa de longe qualquer fenômeno que esteja ocorrendo na América do Norte ou na Europa. Creio que a igreja na América Latina tem também servido de estímulo para que outros cristãos ao redor do mundo dediquem mais atenção à tentativa de encontrar soluções de

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entrevista

longo prazo às necessidades dos pobres, algo em que estou começando a empenhar-me. Sinto dizer que não sei ler português nem espanhol; por isso, não posso ler a literatura acadêmica teológica produzida nessas duas línguas. O Brasil está sendo cada vez mais exposto ao movimento da igreja emergente. Qual é sua opinião sobre este fenômeno? Quais pontos positivos e negativos enxerga nessa nova forma eclesiástica? Sempre aprecio quando igrejas descobrem uma nova ênfase que possa ser atribuída à celebração no culto e ao uso mais difundido da arte no trabalho da igreja. Também tenho apreço por qualquer tentativa de compreender como podemos alcançar com o Evangelho a geração atual de jovens não crentes. Vários segmentos do movimento de igrejas “emergentes” e “em emergência” têm desafiado a igreja dessa maneira. Todavia, fico profundamente preocupado com a perda de entendimento doutrinário, bem como com a postura de minimizar a importância da doutrina e da fidelidade à Palavra de Deus. Essa é a essência da minha Teologia Sistemática – compreender e, então, permanecer fiel aos ensinamentos da Palavra de Deus. Se você ler os livros de 1º e 2º de Timóteo e Tito, por exemplo, ou 2ª Pedro e Judas, perceberá rapidamente que os autores do Novo Testamento preocupam-se profundamente com o risco de que suas jovens igrejas se desviem, aceitando e tolerando falsos ensinamentos, que afastarão as pes-

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soas de Deus e da fidelidade a ele. Em último caso, se uma igreja se desviar muito em sua compreensão doutrinária e permitir que falsos mestres tomem conta de seus púlpitos, o favor e a bênção de Deus serão retirados dessa igreja. Às vezes, fazemos uma distinção entre as igrejas “emergentes” [emergent churches], que se tornaram bem mais liberais em sua doutrina, e as igrejas “em emergência” [emerging churches], que às vezes são muito mais conservadoras e fiéis à Palavra de Deus (embora aqui também encontremos variações). O ponto principal é preservar a importância de sermos fiéis a toda a Palavra de Deus, em especial no que diz respeito às pessoas autorizadas a ensinar nas igrejas e escrever para editoras cristãs. As ideias propostas pelo “teísmo aberto” têm suscitado diversos debates aqui no Brasil. Alguns teólogos de igrejas tradicionais e pentecostais têm sido favoráveis à adoção desse movimento teológico. Essa tendência é alimentada por tragédias no cenário internacional, tal como o aumento do terrorismo, as recentes tsunamis e o acidente da Air France. Como o senhor enxerga o “teísmo aberto”? Esta teologia poderia de algum modo ser útil para as igrejas ou seria ela apenas mais uma teologia que precisa ser enfrentada e refutada? Creio que o “teísmo aberto” é um ensino muito perigoso. Existem mais de duas mil passa-


entrevista

gens na Bíblia mostrando que Deus conhece o que os seres humanos farão no futuro [Uma lista de 2.353 profecias desse tipo foi compilada por Steven C. Roy, que a menciona em seu livro How Much Does God Foreknow?]. O “teísmo aberto” contradiz a força que todos esses versículos possuem. Nega ainda a doutrina da onisciência divina, a ideia de que Deus conhece todas as coisas que aconteceram e acontecerão, e até mesmo todas as coisas que poderiam ter acontecido, mas não aconteceram. Os defensores do “teísmo aberto” são obrigados a redefinir “onisciência” de maneira especial, de modo que signifique apenas que Deus conhece tudo o que é possível conhecer; logo em seguida, dizem que não é possível

conhecer o futuro. Ao fazerem isso, eles impõem seu limitado conhecimento humano acerca do que é “possível” conhecer ao infinito caráter de Deus, o que é um erro. Além disso, retiram a força de um número avassalador de versículos bíblicos. O problema de negar que Deus conhece nossas escolhas futuras é que essa atitude reduz drasticamente nossa capacidade de confiar em Deus. Como saberemos se o direcionamento que Deus nos dá é sábio, quando Ele mesmo pode não saber quais eventos futuros nos sobrevirão? Como poderemos confiar que ele nos conduzirá para um futuro que Ele próprio nem conhece? Em Isaías 45.21 e Isaías 46.9,10, Deus se diferencia dos fal-

sos deuses das religiões pagãs, dizendo ser o único que consegue saber o futuro. É assim que Ele mostra ser o único Deus verdadeiro. E é por isso que suas profecias sempre se cumprem. Os teístas abertos são obrigados a transformar as profecias de Deus em meros palpites sobre o que está para acontecer ou, então, em exceções ao ensinamento deles. Porém, não é essa visão de Deus que a Bíblia ensina. Um livro recente muito útil sobre esse assunto é God’s Lesser Glory: the diminished God of Open Theism (Crossway, 2000), de Bruce Ware. Uma das maiores queixas contra a teologia sistemática é o fato de ela ser apenas de uma reflexão teórica sem nenhum atrativo prático para a

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aplicação no dia a dia. Qual é sua reação a esse tipo de comentário? Como a teologia sistemática contribui para a vida diária dos cristãos contemporâneos? Acredito que um dos motivos que levaram os cristãos a reagirem tão positivamente à minha Teologia Sistemática foi o fato de ela conter, no final de cada capítulo, questões para aplicação prática. Certa vez, eu estava pensando sobre os livros mais densos do Novo Testamento, doutrinariamente falando, tal como Romanos, Efésios e Hebreus. Será que existe alguma aplicação prática nesses livros? É claro que sim! Neles existe muita aplicação! Depois, pensei comigo mesmo: se o Novo Testamento nunca ensina teologia sem aplicação, por que nós deveríamos ensinar? Será que não devemos também incluir aplicação para a vida, sempre que ensinarmos teologia sistemática? Foi isso que me levou a incluir na Teologia Sistemática essa ênfase na aplicação prática. Qual é sua opinião sobre as propostas apologéticas usadas por evidencialistas e pressuposiciona-

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listas quanto às “evidências a favor da existência” de Deus? Se eu tivesse de escolher um dos lados do debate, ficaria do lado dos pressuposicionalistas. Eles nos recordam que, ao falarmos com um não crente, todos os fatos do universo são, em última análise, compreendidos de maneiras diferentes pelo não crente e por nós, cristãos. Isso acontece porque colocamos todos os fatos no contexto do propósito geral de Deus e de seu controle total do universo. Cada fato tem uma função, seja para levar adiante o reino de Deus e aumentar sua glória, seja para outros propósitos que não implicam glória a Deus. Portanto, pensando dessa maneira, creio que devemos lembrar-nos de que não existem fatos “neutros”, quando conversamos com descrentes. Eles enxergam cada fato no contexto de sua cosmovisão, que é contrária à cosmovisão bíblica. Por outro lado, sou a favor de todos os tipos de evidências e argumentos, desde que ajudem a levar não crentes mais perto de depositar sua confiança em Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Recordo-me de

uma vez em que estava conversando com uma mulher sentada ao meu lado no avião, que se dizia ateia. Falava-lhe sobre minha crença em Deus e confiança em Jesus Cristo, mas ela era uma ateia convicta. Então, quando o avião aterrissou, recebi uma mensagem de texto no meu celular e a li. A mulher fez algum comentário sobre as maravilhas da tecnologia da telefonia celular e eu respondi: “Sim, mas você sabia que ninguém criou este celular? Ele surgiu por acaso, a partir de vários materiais da terra!”. Ela riu, mas entendeu a que ponto eu queria chegar com meu comentário. Ela pensava que todos os seres vivos do universo surgiram simplesmente por acaso, mas não conseguiria crer na mesma visão em relação a um simples telefone celular. Sendo assim, sou a favor do emprego de evidências, onde quer que possam ser usadas, mas sempre lembrando que os não crentes abordam cada fato a partir de pressupostos diferentes dos nossos.

Traduzido por Djair Dias Filho


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teologia

Respostas a pós modernidade 37º Congresso da Sepal, em Águas de Lindóia, indica caminhos sobre a relação da igreja com a juventude e pós modernidade. Texto de Celso de Carvalho, Robson Morais e Vinicius Cintra

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ários lideres em busca de respostas a questões como lidar com a juventude, pós modernidade e desafios missionários. Este foi o resultado do 37º Congresso Sepal para Pastores e Líderes, que aconteceu entre os dias 03 e 07 de maio em Águas de Lindóia (SP). Cerca de 1,3 mil pastores de diversos estados brasileiros prestigiam o encontro que neste ano propôs um leque de temas para uma igreja cada vez mais heterogênea. De acordo com pastor Josué Câmara, diretor da Sepal Brasil, a intenção deste ano foi diversificar os temas voltados à atualidade. “Percebemos que as palestras com temas sobre comportamento da nova geração estão bombaram. Os pastores buscam respostas para lidar com este tema”, esclarece. Outros assuntos como Pós-Modernidade, temas missionários como atuação da Igreja no século XXI, atuação missionária, segundo Câmara, foram assuntos requisitados. Com presença maciça de representantes da região centro-sul, a 37ª edição recebeu ainda caravanas de Portugal. O propósito é de-

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senvolver nos próximos anos eventos semelhantes no país. O pastor Márcio Valadão, palestrante da edição 2010 comentou a importância do encontro de pastores e líderes. “Vejo a iniciativa como imprescindível a todos os ministérios. É um tempo de avaliação, reflexão e comunhão. Tempo de ver o que Deus está fazendo pelo país e direcionar o ministério.” O pastor Marcos Soares confirmou a intenção de Valadão: “É preciso que se perceba que a igreja de hoje não é a mesma de trinta ou quarenta anos atrás. Assim como o povo evangélico, a igreja é algo dinâmico e sem uma atualização se perde tempo e espaço”, destacou.

MISSÕES E SEXO Uma das preleções mais procuradas foi a oficina com o tema: Sexualidade do pastor, com o missionário da Sepal, Jasiel Botelho. Com humor ele tirou dúvidas sobre o comportamento sexual do evangélico. A palestra de Jasiel fez metáforas com tópicos como: ‘Pastor na Idade do Lobo’, ‘Cartilha do esposo e da esposa’. Ele respondeu questões como sexo oral, anal e a dificuldade que as igrejas têm em tratar do tema. Outro ponto destacado foi a falta de material para usar

com jovens, crianças e os próprios casais. “A questão da sexualidade está muito permissiva. A sociedade se abriu e a igreja também está começando a se modernizar nesse aspecto. O que acontece é que os líderes não têm um preparo, um treinamento para trabalhar com a sexualidade dos jovens e dos casais. Eles tinham que fazer uma terapia para lidar com essa questão. Só que os jovens têm que fazer pressão na liderança para que ela ofereça um ensinamento nesse sentido”, explicou Jasiel Botelho. De acordo com o palestrante o jovem acompanha a sociedade e muitos acabam tendo relação sexual antes do casamento, algo que foge dentro dos preceitos cristãos. “O jovem muitas vezes não resiste aos desejos da carne e acaba fazendo sexo. Não acho que seja certo, mas já que fez opte pela prevenção, use camisinha. Hoje o jovem se casa mais tarde, ele tem uma liberdade maior. Um homem com 22 anos tem o corpo formado, mas com o pensamento de um adolescente”. Na análise de Botelho, um jovem que manteve relações sexuais antes de se converter, deve pedir perdão e viver em comunhão com Espírito Santo. No final do encontro Jasiel


teologia

discursou rapidamente aos presentes sobre a questão da pornografia, algo que ele disse não tolerar. “A pornografia é um câncer e tenho nojo desse material, nojo que dou graças a Deus por sentir. A pornografia de hoje é muito escrachada e o pastor tem que tomar cuidado, pois isso pode lhe gerar um grande problema”. Outro ponto bastante comentado foi a oficina com René Bruel, missionário, que falou sobre o desafio de se plantar novas igrejas. Formado em administração de empresas e mestre em divindade pela Regent College, no Canadá, Breuel abordou em tópico pontos cruciais e argumentos para plantações de igrejas com

mais qualidade. “Uma Igreja que recebe recursos se torna uma ferramenta que gera recursos” frisou. Ressaltou ainda o papel das lideranças em cada modelo e criticou o que definiu como falta de busca por base intelectual e teológica. “Um bom plantador deve ter espírito de liderança de grupo. É importante que se tenha a bagagem intelectual antes de qualquer evangelização. O teólogo deve auxiliar, mas é o plantador quem deve ter o interesse de correr atrás”. Sobre os modelos de plantação de igrejas mais utilizados, o missionário destacou o de plantador profissional, utilizado por Paulo como dito na Bíblia; o de pastor fundador, realizado pela Igreja

a partir da sede; e o de grupo, a exemplo de igreja que reúne grupos evangelísticos e faz mutirão de evangelização. Na Itália, país para onde viaja em junho, Breuel adotará um modelo de plantação de Igrejas definido como o de público-alvo, onde se avaliam em primeiro lugar as condições econômicas, sociais e culturais de cada localidade. Como um primeiro passo, o missionário ressaltou a necessidade de um sistema de evangelização de qualidade, bem como a de líderes capacitados para a função, seguindo a filosofia de ministério e os sistemas ministeriais, incrementados com treinamento, divulgação para só então dar início a novos cultos.

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ética Lourenço Stelio Rega

www.etica.pro.br

Pessoas boas Teólogo, eticista, educador e pastor, diretor da Faculdade Teológica Batista

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também sofrem?

(parte 3)

No artigo

anterior procuramos descrever que o sofrimento pode surgir por causas naturais, por acidentes, por exemplo, que não pudemos evitar. Vamos hoje buscar mais uma resposta à nossa questão. O sofrimento poderá vir à nossa vida como resultado de nossos próprios atos, de nosso próprio modo de viver, agir, decidir e gerir nossos relacionamentos. Vamos a alguns exemplos: 1. A comunicação destemperada certamente vai provocar reações inesperadas e causar sofrimento tanto em nós, quanto em outras pessoas, com rancor, ira, mágoa, perda de amizades, destruição de “pontes”. Quantas vezes somos destemperados em nossos relacionamentos. Dizemos “eu sou assim mesmo”, “digo sempre a verdade, doa a quem doer”. Veja o que Salomão nos ensina sobre isso: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira. A língua dos sábios destila o conhecimento; porém a boca dos tolos derrama a estultícia.” (Prov 15.1, 2) Veja também Prov 16.21; 21.23; 25.11. Paulo nos ensina que a nossa palavra deve ser sempre agradável, temperada com sal

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Foto Divulgação

(Colossenses 4.6). Lamentavelmente muita gente usa muito sal ou até mesmo pimenta na sua maneira de falar e as consequências são inevitáveis. A verdade tem de ser dita, mas com tempero agradável. 2. No mesmo rumo colocamos a ira e seus resultados. Tem gente, que mesmo sendo salva, trabalhando na igreja, dizimista, mas tem um temperamento destemperado. Vive irada, critica tudo e todos. Quer mandar em todos, sempre dar a última palavra e ai daqueles que discordam. Salomão até aconselha não fazermos amizade com uma pessoa assim, para não sermos contaminados (Prov 22.24, 25). Ele também fala que a pessoa “de grande ira tem de sofrer o castigo; porque se a livrares, terás de o fazer de novo.” (Prov 19.19) Há um ditado antigo que diz: “Quem planta vento, colhe tempestade” e é isso que Paulo

fala “não vos enganeis; Deus não se deixa escarnecer; pois tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gal 6.7). Às vezes queremos lançar a culpa do sofrimento em Deus ou noutras pessoas, mas muitas vezes estaremos colhendo o que nós mesmos semeamos, seja pela nossa própria imprudência, seja pelas nossas atitudes ou mesmo pelo desequilíbrio emocional que temos que esse expressa na maneira de vivermos e de nos relacionarmos. Eu aprendi isso em minha vida de uma maneira muito simples. Um dia eu estava testando uma câmera de vídeo com ajuda de meus filhos ainda pequenos. Quando fui ver a gravação do teste percebi como eu me falava com eles de modo irritante e provocativo. Me restou lhe pedir perdão e abrir uma avenida de diálogo e aprendizagem com meus próprios filhos e esposa. Quem sabe você também necessitaria de uma reavaliação em sua maneira de viver a vida, se comunicar com os outros e logo descobrirá que muitos sofrimentos desaparecerão de sua história. Vamos continuar com o assunto.


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Mudança de rumo Silas Malafaia renuncia vice-presidência na CGADB e abre crise na instituição

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epois de receber 5,8 mil votos à vice-presidência da Convenção Geral das Assembleias de Deus (Cgadb), o pastor Silas Malafaia renunciou em seu programa de televisão no dia 16 de maio. Após a saída, o primeiro tesoureiro da instituição, pastor Antônio Silva Santana, da Assembleia de Deus de Ribeirão Preto (SP), protocolou no dia 31 de maio, carta em que pede afastamento do cargo. Em nota a Cgadb rebateu as acusações. Silas não entrou em detalhes sobre real motivo do desligamento. Durante o comunicado lembrou que Cgadb não é uma convenção de igrejas e sim de pastores. Em seu discurso citou o trabalho de Cgadb e de outras convenções, inclusive as independentes. “Para ser assembleia de Deus não precisa estar ligado à convenção nenhuma. Há coisas que a gente não programa, eu nunca achei que seria pastor de igreja”, frisou. Após

Foto Décio Figueiredo

José Wellington desmentiu em nota dificuldades da CGADB

anunciar sua renúncia ele disse que não se desligou da Assembleia de Deus e ressaltou seu passado e tradicionalismo na denominação. “É uma decisão pessoal. Eu tenho uma visão que Deus tem me dado. Eu não vou abrir mão desta visão”, exclamou. Não demorou muito para que a renúncia gerasse especulação e em menos de 15 dias, o responsável pela primeira tesouraria, o pastor Antônio Silva Santana deixou o cargo alegando que não houve entrega dos documentos fiscais e contáveis sobre a situação fiscal desde a posse em 29

de julho de 2009. “Considerando ainda o aparecimento de inúmeros cheques emitidos pela Cgadb, onde não constavam locais e data de emissão, porém pré-datados, inclusive com vencimentos previstos para abril de 2010, com valores extremamente elevados, não tendo conhecimento das respectivas notas fiscais emitidas em nome da convenção pelos serviços prestados”, disse no documento. Após as renúncias, a Mesa Diretora da Cgadb, presidida pelo pastor José Wellington Bezerra da Costa, emitiu uma nota rebatendo

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as acusações e informando que no dia 12 de março, o Conselho Fiscal da entidade apresentou o pedido de realização de auditoria. De acordo com documento foi decidido que uma comissão especial procederia todos os levantamentos necessários junto à Tesouraria, controladoria, prestadores de serviços, bancos, para esclarecer os fatos e apontar as soluções adequadas. “No mesmo relatório, a comissão especial relata que muitos dos cheques emitidos pela Cgadb e devolvidos pelas instituições bancárias sacadas foram em razão de convenções afiliadas e alguns convencionais terem pago as anuidades e inscrições de membros para participarem da Assembleia Geral em Vi-

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tória (ES) em até dez parcelas, e os respectivos boletos bancários e cheques por elas emitidos não terem sido honrados pelos emitentes, o que contribuiu para que os cheques emitidos para pagamentos com as receitas oriundas das anuidades e inscrições não terem sido cobertos”, defendeu a nota assinada pelo presidente da Mesa Diretora, pastor José Wellington. Por fim o presidente se defendeu dizendo que Silas Malafaia usou de fatos ultrapassados, abordados e decididos pela Assembleia Geral em Vitória. Wellington disse ainda que o pastor Antonio Silva Santana não teve as iniciativas que lhe cabiam tomar para solucionar as dificuldades herdadas de gestões anteriores à sua,

Foto Divulgação

Além de Malafaia outros dirigentes deixaram o cargo

por ter assumido o cargo que traz os encargos atribuídos pelo estatuto social, dentre outros, o de apresentar os relatórios financeiros e contábeis. A decisão final ficou para uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) nos dias 07 e 09 de setembro em Campo Grande para resolver a renúncia, já que o mesmo não é previsto em estatuto.


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Novas formas de se comunicar Fórum de Ciências Bíblicas debate novos meios de propagar o conteúdo bíblico

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witter, Facebook ou blogs. O uso das novas formas de comunicação foi tema do 6º Fórum de Ciências Bíblicas. Realizado nos dias 10 e 11 de junho no Museu da Bíblia, em Barueri (SP), o evento contou com oito palestras apresentadas por especialistas no assunto, além de espaço para sessões de perguntas e respostas. Voltado a professores e estudantes de Teologia, Ciências da

Religião e Linguística, estudiosos da Bíblia, lideranças religiosas e cristãos em geral, o Fórum teve a participação de Nelson Saba, especialista em tecnologia e criador de programas de mídia digital e interativa da Bíblia, radicado nos Estados Unidos. “A nossa expectativa é que, levando a Bíblia para a plataforma digital, nós alcançaremos uma geração que não mais tem o papel como mídia predominante. A existência da Bíblia em formato digital nos parece um passo

necessário para que permaneça sendo o livro mais lido do mundo”, destacou o criador da Bíblia Glow. Para Erni Seibert, secretário de Comunicação e Ação Social da Sociedade Bíblica do Brasil ‘É estimulante perceber que, a cada edição, o evento vem despertando um maior interesse no público. Neste ano, o tema Comunicação, por sua atualidade, acarretou, com certeza, um estimulante debate em torno Sagradas Escrituras’.

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Fotos Getúlio Camargo

atualidade

Jabes de Alencar e Hernandes: Renascer e Cimeb desde a primeira edição da Marcha

Com mais responsabilidade Marcha para Jesus completa 18 anos tentando consolidar imagem de um evento engajado pelos direitos dos evangélicos Texto de Celso de Carvalho

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rês dias após a Marcha para Jesus, que levou segundo os organizadores cinco milhões - três milhões a mais do que confirmado pela Polícia Militar -, um outro grupo tomaria as ruas de São Paulo para chamar atenção a seus projetos: a Parada do Orgulho Gay. No disparate de números, sempre comum neste período, a Marcha para Jesus, parece que levou a melhor. Realizada pela primeira vez no feriado de Corpus Christi, dia 03 de junho, ao completar 18 edições o projeto que começou nas mãos da Igreja Renascer em Cristo, tenta consolidar imagem de um evento engajado com os direitos dos evangélicos e suas mais diversas denominações. A edição 2010 pela primeira vez o evento aconteceu no feriado de Corpus Christi, acontecendo 60 dias após a Páscoa, como projeto sancionado pelo Governo Federal, propos-

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to pelo senador da Igreja Universal do Reino de Deus, Marcelo Crivella (PRB). “Este ano a Marcha tem amparo de uma lei federal e sempre enfrentamos resistência de alguns setores”, admitiu. A resistência citada por Hernandes se refere ao fato da escassez de recursos, num contra-senso ao investimento feito pela Prefeitura de São Paulo, na ordem de R$ 1 milhão à Parada do Orgulho Gay. Apesar da sentença, Hernandes evitou tecer criticas ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM). Em ano eleitoral, nem mesmo o autor do projeto deu as caras na Marcha. “Todas as autoridades foram convidadas, mas não chamamos candidatos. A Marcha para Jesus não tem este papel”, frisou. A Marcha, como todos os anos, mostrou a alegria do povo cristão. Aproveitando o embalo da Copa do Mundo as mais de 400 caravanas foram de verde amarelo, enfatizando o tema “Marchando sobre as Águas”. Após cinco quilômetros de caminha-

da, famílias com crianças, jovens, confirmavam o propósito do evento, de ser uma festa cristã. “A Marcha é a exata unidade visível da igreja. Chegamos a maior idade vivendo promessas que até havia esquecido”, disparou Jabes de Alencar, da Assembleia de Deus do Bom Retiro, do trio elétrico. Durante o trajeto que começou nas proximidades do Metrô Tiradentes e terminou na Praça Heróis da FEB, com interrupções para momentos de oração. Um deles aconteceu nas proximidades do Rio Tietê em que bispos clamaram pelo fim do vício e miséria. Após a caminhada uma maratona de show com mais de 30 artistas, entre eles André Valadão, Chris Duran, Soraya Moraes e Irmão Lázaro, animaram o público. Na coletiva de imprensa, Hernandes novamente repetiu que a ‘Marcha para Jesus deixou de ser um evento da Renascer para ser um projeto da comunidade cristã em várias partes do Brasil.’


sociedade

Paulo Vanucci, mesmo com pressão nega derrota política

Foto Agência Brasil

Recuo forçado Pressionado pela Igreja, Governo Lula recua e veta pontos polêmicos do Programa Nacional de Direitos Humanos

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ressionado após duras críticas da Igreja Católica, empresas de comunicação, de representantes do agro negócio e de setores militares, o presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT), recuou e modificou textos do 3º Programa Nacional de Direitos Humanos. O programa que foi criado por meio de decreto publicado em 21 de dezembro de 2009, com 180 páginas, é uma versão reduzida e adaptada do documento aprovado na 11ª Conferência Nacional de Direitos Humanos, em dezembro de 2008. A união civil, descriminalização do aborto e o ranking de mídia trouxeram indignação em setores da igreja. O texto do Governo Lula apoiaria a aprovação do projeto de lei que descriminaliza o aborto, considerando a autonomia das mulheres para decidir sobre seus corpos. Outro ponto que gerou revolta entre os setores da igreja foi o amplo apoio à

união civil entre pessoas do mesmo sexo e a criação de um “ranking” de acompanhamento editorial dos veículos de comunicação, além da proposta de uma legislação proibindo a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União. O veto de Lula suprimiu o último item, mas fez ajustes em outros alvos da pressão da Igreja Católica, mas manteve a defesa da união civil homossexual, da adoção de crianças por casais homo-afetivos e da concessão de direitos trabalhistas e previdenciários para prostitutas. Apesar da derrota pública, o secretário de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, diz que o recuo, ainda que sob pressão, foi estratégico. “Na democracia, recuo é uma coisa boa, não é uma coisa ruim. As pessoas recuam porque o debate mostra que aquela formulação não era a melhor possível. A vida parlamentar e a vida ministerial são feitas de recuos diaria-

mente”, considerou Vannuchi. No entanto o embate ainda está longe de um final tranqüilo. Vinte entidades da sociedade civil que apoiam a terceira edição do Programa Nacional de Direitos Humanos (Pndh 3) vão procurar os candidatos à Presidência da República para que se manifestem quanto às ações propostas no plano. “O Pndh é uma política de Estado. Queremos debater quais compromissos os presidenciáveis estão dispostos a assumir”, disse o advogado Alexandre Ciconello, assessor de Direitos Humanos e Políticas Públicas do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc). Além de procurar os presidenciáveis, as entidades pretendem fazer mobilizações em todo país em favor do Pndh, buscar apoio político de estados e municípios, debater o programa no Congresso Nacional e procurar as Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA).

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cotidiano

Cachimbo da morte Missionários e voluntários evangélicos dedicam suas vidas para salvar usuários de crack nas diversas “cracolândias” espalhadas pelo Brasil

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ortos-vivos. É assim que vivem aqueles que resolveram experimentar o crack, uma droga com poder de destruição sem precedentes na história que tem levado à ruína crianças, adolescentes, jovens e adultos brasileiros que resolveram experimentar a primeira pedra. Quem cai nas teias dessa droga derivada da cocaína tem em um curto espaço de tempo a saúde devastada, as relações sociais destruídas e a vida destroçada. Altamente viciante e com preços acessíveis às camadas sociais com baixo poder aquisitivo, o crack tem feito um estrago muito grande nas famílias que vêem seus jovens perdendo o rumo na vida, matando e morrendo com uma velocidade assustadora. O “craqueiro”, como o usuário de crack é chamado, perde totalmente o contato com a realidade e nada é mais importante do que conseguir uma pedra da droga. A degradação acontece de forma incontrolável. Em menos de um mês, o fumante deixa de ser apenas um mero curioso que busca novas sensações para se tornar um viciado sem vontade própria entregue aos efeitos devastadores da droga. Ao contrário do que ocorre com outras substâncias como a maconha ou o álcool, o crack causa prejuízos em curtíssimo espaço de tempo. Dados da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mos-

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Foto Reprodução

tram um crescimento de 42% no número de viciados em crack que procuraram tratamento entre 2005 e 2009 no Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad). Já uma estimativa feita com base em dados do censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) apresenta um dado alarmante: O número de usuários de crack hoje no Brasil está em torno de 1,2 milhão e a idade média para início do uso da droga é 13 anos. Preocupado o governo federal vai investir R$ 410 milhões neste ano para implementar ações que atuará em três frentes: prevenção, combate e tratamento. Apesar de alarmantes, os números da Unifesp não são capazes de

expressar a dura realidade do dia-adia de um usuário dessa droga que transforma os viciados em verdadeiros zumbis vagando pela rua a procura da próxima pedra para queimar dispostos a tudo para consegui-la. É com essa parcela da população que o pastor Humberto Souza Machado e sua esposa Soraia lidam todos os dias. Eles coordenam o projeto Missão Batista Cristolândia, com sede na chamada cracolândia paulista, localizada no centro de São Paulo. A ação faz parte do projeto Radical Brasil, da Junta de Missões Nacionais da Convenção Batista Brasileira, que fez o primeiro contato com a cracolândia em julho de 2009. Um ano depois, o projeto inaugurou uma sede onde oferecem café da manhã, banho, cursos e a vida em Jesus através das orações. “Eu e minha esposa também fomos dependentes químicos, fui preso, tive envolvimento com o crime organizado. Depois da conversão, passei a evangelizar em presídios para drogados, mas nunca na minha vida tinha visto tantas pessoas juntas se destruindo”, afirma o pastor Humberto que começou a usar drogas com 12 anos, nas ruas de Salvador (BA), onde nasceu, foi preso pela primeira vez aos 16, se converteu aos 27 e nunca mais largou a Jesus. Hoje, com 54 anos, o pastor tem trabalhando duro para transformar


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a cracolândia em Cristolândia. O choque, no entanto, não intimidou o pastor que faz planos para um futuro breve. “Já internamos 60 pessoas nas comunidades terapêuticas da JMN e em rede conveniada. O custo é alto, R$ 300 por pessoa ao mês. Hoje, temos três homens e uma mulher recuperados que trabalham conosco e 20 pessoas internadas nas comunidades. Mas estamos buscando um local para abrigar pelo menos 100 pessoas dessas que circulam por aqui e trazê-las de volta à vida. Além disso, começamos no mês de junho a oferecer cursos de cabeleireiro, música, entre outros.” Outro grupo que precisa de ajuda identificado pelo pastor e sua equipe é o das crianças que moram na região. Por causa da criminalidade e do uso da droga nas calçadas, as crianças vivem trancadas em casa sem nenhum tipo de distração. Pensando em afastar os pequeninos do crack a Missão Cristolândia separou um espaço na igreja para entreter e evangelizar esse grupo. A gerente executiva de Ação Social da JMN, irmã Alice Carolina Barbosa Cirino conta que tudo começou quando o diretor da JMN, pastor Fernando Brandão, em viagem a São Paulo, percorreu as ruas da cracolândia e se viu em meio a pessoas caídas pelo chão, jovens, mulheres, homens, pessoas de todas as idades, completamente entregues às drogas. “Eram pessoas sem esperança, transfiguradas, indiferentes a todos que por ali passavam. Um cenário desolador que entristeceu o seu coração. Caminhando por entre os

corpos caídos, viu que a necessidade era urgente, imediata. Um plano foi delineado: atuar na cracolândia, para devolver esperança a esse povo, resgatar essas vidas das trevas, anunciar-lhes o poder transformador que vem de Jesus”, relembra Alice. Ela revela que o projeto Radical Brasil já está treinando um novo grupo para atuar, desta vez, no Rio de Janeiro, nas áreas de consumo do crack. O pastor Fernando Ribeiro de Arêde Junior, coordenador do projeto Reviver que, hoje, dá assistência a 16 internos e suas famílias na cidade de Muriaé, em Minas Gerais, faz um alerta para as igrejas evangélicas. Ele afirma que mais de 70% dos internos nas comunidades já tiveram de alguma forma, contato com o evangelho. “Uma questão muito importante é a necessidade que o adolescente tem de ter amigos, a vontade de ser aceito pelo grupo e o desejo de ‘aparecer’, isto é, ser alguém importante, relevante ou notado no ambiente freqüentado, por isso, 90% dos dependentes iniciaram o uso das drogas na adolescência entre os 11 e 17 anos. Assim, o cuidado deve ser voltado principalmente para os adolescentes de nossas igrejas, mas não podemos descuidar de tantos que já estão envolvidos nas drogas. A prevenção e o cuidado se completam. Basta lembrar que 70% dos residentes das comunidades terapêuticas que cuidamos, são filhos de ‘crentes’ e já foram membros de alguma igreja evangélica.”, diz o pastor que, apesar de ter frequentado uma congregação evangélica entre os 13 e 17

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cotidiano Foto Divulgação

anos, sentiu na própria pele os males que um vício pode trazer, Arêde ficou internado em uma comunidade por causa do alcoolismo, durante a internação se converteu realmente a Cristo e sentiu o chamado de Deus para trabalhar com dependentes químicos. “Desde 2002, já ajudamos 595 pessoas que residiram no Reviver e 1,19 mil familiares. O ministério com dependentes químicos é preocupante em sua necessidade. O número de dependentes é extremamente superior ao de comunidades terapêuticas idôneas. É um ministério que não existe concorrência, mas a necessidade de novas comunidades. A grande A gerente executiva da JMN, Alice Carolina dificuldade é a mão de obra, qualifi- esperança na recuperação cada por Deus. Atualmente, no Reviver é muito comum fila de espera ou remanejamento em casos extremos, que não podem esperar. Quando a A Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) pessoa usa o crack, na abstinência o também tem desenvolvido progracomportamento é semelhante ao de mas de combate ao uso de drogas. qualquer outro usuário de cocaína Com o objetivo de combater as ou merla, deixando a pessoa naturalcausas da violência, A SBB lançou mente mais irritadiça”, conta. o programa A Bíblia e a Paz que é O Centro de Recuperação e fundamentado na promoção de uma Ressocialização Thalita Cumi (Crrcultura de paz. Seu público-alvo é tc), no Guarujá (SP) é mais uma formado por detentos, dependentes entre centenas, talvez milhares de químicos e seus familiares, além de casas de recuperação espalhadas pelo comunidades em situação de risco Brasil que presta atendimento ao desocial. Dele fazem parte os projetos pendente químico. O presidente da A Bíblia no Cárcere, que visa contriInstituição, pastor Rogério da Cunha buir para a ressocialização do dePereira, ao contrário dos anteriores, tento; e A Bíblia na Recuperação da não teve nenhum envolvimento diDependência, que tem possibilitado reto com o mundo das drogas, mas à SBB enfatizar o trabalho com as foi motivado por um profundo amor. comunidades terapêuticas e orga“Eu morava na periferia, onde perdi nizações voltadas ao tratamento e muitos amigos viciados em drogas. prevenção ao uso de drogas, proOutros trilharam o caminho do crimovendo encontros para troca de me e, consequentemente, acabaram experiência e distribuindo literatura

A arma da paz

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cotidiano

atrás das grades. Durante dois anos, trabalhei com moradores de rua. Nós até fazíamos um bom trabalho, porém, ao vê-los após o banho, com os cabelos cortados, e bem alimentados, mas seguindo nas ruas, isto me causava tristeza e, em algumas vezes, até revolta ao ver igrejas ricas sem visão nesta área”, conta o pastor que decidiu após um sonho começar o Crrtc. “Deus me deu em sonho. Eu estava em frente a um campo aberto, sem fronteiras, com três pilares: primeiro um Centro de Recuperação; segundo uma Base Missionária e terceiro uma Igreja. Então, depois do sonho, Deus foi preparando tudo até que em junho bíblica específica. “A recuperação de dependentes químicos é um desafio muito difícil de ser vencido, seja qual for a substância que causa esta dependência - e o crack é uma das mais violentas. Várias pesquisas científicas mostram que a fé em Deus é um dos elementos mais importantes neste processo de recuperação e há grupos que estão buscando na leitura bíblica a força para se afastar da dependência. A Bíblia, apontando para Deus, é o caminho de libertação das drogas”, ressalta Erní Seibert, secretário de Comunicação e Ação Social da Sociedade Bíblica do Brasil. No dia 30 de junho, a entidade realizou o 3º Seminário sobre Dependência Química, que neste ano teve como tema “Descubra seu papel na Recuperação”. O evento aconteceu no Museu da Bíblia, em Barueri (SP), e reuniu cerca de 400 pessoas.

de 2006, após várias confirmações da parte do Senhor, iniciei o Projeto Thalita Cumi”, conta Rogério que presta vários serviços ao usuário de drogas na sede da instituição. “Nós entendemos que este trabalho necessita ser multidisciplinar. Com isso, contamos com uma psicóloga, uma assistente social e ainda, conselheiros para acompanhamento espiritual, por meio da Palavra de Deus com a supervisão de pastores evangélicos.” O Thalita Cumi já atendeu mais de 300 pessoas em quatro anos de existência. “A internação é concluída com nove meses, como sugere o tratamento, ou abortada com apenas um dia na entidade. Tudo depende da vontade de

cada interno. Geralmente é necessária a internação, pois é muito difícil ficar longe do crack. A ajuda espiritual é fundamental para a libertação do vício de qualquer tipo de droga”, conclui. Segundo um estudo da Unifesp, um em cada três usuários de crack morre nos primeiros cinco anos de consumo da droga. Os dependentes podem levar anos para superar o vício e estão sujeitos a recaídas frequentes, mesmo depois de muito tempo sem usar a droga. Ainda não há tratamentos nem remédios que impeçam que o usuário volte a fumar as pedras. Portanto, investir na prevenção é sempre o melhor remédio.

Testemunho de superação e fé Comecei a usar drogas, por causa dos amigos. Eu tinha uma amiga que era modelo e que eu admirava muito. Ela fumava maconha e eu acompanhava. Após alguns anos de uso, aquilo não bastava mais. A gente estava em uma festa e um amigo me apresentou o crack, não pestanejei, usei e me apaixonei de imediato. Eu morava em Fortaleza (CE), fazia Turismo e hotelaria e tinha um bom emprego em um hotel. Acabei com tudo. Perdi emprego, amigos, família. Pedi então a um amigo que morava em São Paulo para morar com ele. Fiquei afastado do crack por três meses. Consegui um novo emprego, na capital paulista, quando recebi o meu primeiro salário queimei tudo com o crack. Passei a noite toda na cracolândia fumando. Fui trabalhar no dia seguinte. Trabalhava um dia, faltava dois, fui demitido de novo. Com o dinheiro da rescisão me mantive por mais algum

tempo. Quando o dinheiro acabou fui morar na rua até que uma amiga me reconheceu e me orientou a procurar ajuda na Primeira Igreja Batista de São Paulo, lá, eles me encaminharam para o pastor Humberto na Missão Cristolândia. Durante dois anos eu vivi nas ruas da cracolândia, mas Deus tinha outros planos para mim. Algo dentro de mim dizia que Deus não havia me criado para isso. O pastor me encaminhou para um centro de recuperação onde permaneci por quatro meses e estou há um ano convertido. Se não tiver alguém para segurar a sua mão e te ajudar, você não consegue reagir. Eu fiz meus pais sofrerem muito, hoje, sempre falo com a minha mãe por telefone e pedi perdão a eles por tudo o que fiz. Célio Barbosa Batista, 30 anos, desempregado, longe das drogas há um ano.

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esporte Foto Divulgação

No embarque no Brasil esperança em levar a palavra através do esporte

O mundo de chuteiras Assim como milhões de torcedores, missionários, da bola ou não, também se preparam para entrar em campo na Copa do Mundo Texto de Robson Morais

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ão há o que se discutir, a esta altura do campeonato, quando estiver lendo esta reportagem, o Brasil estará em campo ou estará próximo do final da Copa do Mundo. Sem sombra de dúvidas o mundo estará interessado e com os olhos voltados à África do Sul para saber quem conquistou o titulo esportivo mais cobiçado da terra. Neste mesmo momento quando se fala (e mostra) uma África do Sul, bem diferente da pobreza e que ainda sofre com o Apartheid, missionários estarão em ação mostrando que é possível marcar um gol de placa dentro e fora do campo. Além

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de estarem nas ruas propagando a fé, estes evangelistas usarão, mesmo com as restrições da Fifa, seus testemunhos para conquistar torcedores, jogadores e admiradores. Com a chuteira nos pés e a Bíblia na mão a Copa do Mundo se tornou um torneio e ponte de evangelismo para conquistar as massas. A África do Sul é reconhecida pela sua alegria e caldeirão de ritmos. Um espaço multiétnico, com as maiores comunidades europeias, indianas e racialmente mistas da África. Tudo isto se contrasta com a realidade do país. Marcados pela violência, desemprego a população vive à beira da miséria, cerca de ¼ da população está desempregada. Se não bastasse isto, a África do Sul

convive com os resquícios do Apartheid, regime de segregação racial no qual os brancos detinham o poder criando condições excludentes aos negros, abolido em 1990. A descrença nos governos e em políticas públicas é similar à fé do povo africano. Sincréticos se dividem segundo censo nacional, divulgado em 2001 em Cristãos Zion com 11,1% da população, seguidos de grupos Pentecostais Carismáticos (8,2%), Católicos Romanos (7,1%), Metodistas (6,8%), Holandeses Reformados (6,7%) e Anglicanos (3,8%). Membros de outras igrejas representam 36% da população, seguidos de muçulmanos 1,5%; hindus cerca de 1,3%, e judeus 0,2%.


esporte Foto Getúlio Camargo

Marcos Grava. Planejamento antes da escolha das cidades dos jogos

Divida social Preocupados em evangelizar não só a população local como também os turistas, que chegam a 400 mil, ministérios de evangelismo traçaram estratégias – assim como foi feito em outras copas para falar do amor de Deus. Neste ano com o diferencial, com o testemunho, em maior escala, dos jogadores evangélicos na seleção do Brasil e em outras como Alemanha e Espanha. A equipe da The Evangelical Alliance Mission (Team) dos Estados Unidos desenvolvem ministério de rua, oração, distribuem folhetos, dão treinamento de futebol e fazem programas preventivos, principalmente os de HIV/Aids. Fora dos gramados a evangelização será o foco de 210 missionários espalhados pelas cidades sede, integrando o projeto Conexão África, promovido pela Coalizão Brasileira de Ministérios Esportivos em parceria com a Junta Nacional de Missões e a Faculdade Batista de Teologia. A iniciati-

va, que compreende como o futebol pode ser uma importante ferramenta estratégica, promoverá, no decorrer das partidas, atividades principalmente em Johanesburgo, Pretória e Port Elizabeth. Este grupo se dividirá em 12 atividades em áreas diferentes. Dentre as principais previstas estão à intercessão, visitas nos lares, palestras, atividades infantis e jogos amistosos. A primeira leva de missionários chegou ao país no dia 03 de maio. O projeto é uma reposta da igreja evangélica brasileira à primeira edição dos jogos no continente africano, como conta o pastor Marcos Grava, coordenador do Conexão África. “Temos uma dívida com aquele povo há séculos”, analisa. Em Johanesburgo, cidade onde acontecerão as principais partidas da Copa, Grava conta que o grupo de missionários já havia alugado acampamento mesmo antes da decisão das cidades sedes das partidas. Para ele, o trabalho evangelístico já começou a dar certo logo na entrada. “Foi a confirmação que precisáva-

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esporte Foto Getúlio Camargo

Carina Brandão pela segunda vez na África espera trocar experiências com outros companheiros

mos. Nossas orações foram respondidas ao ver o Brasil escalado para enfrentar em Johanesburgo a Coréia do Norte, o país mais fechado do mundo e o primeiro no ranking dos perseguidores do evangelho. Durante a Copa, eles serão nossos alvos de trabalho.” Para auxiliar na evangelização durante os jogos da África, o ‘Conexão África’ conta com o apoio da organização denominacional da África do Sul. Quanto aos riscos de não aceitação ao evangelho e possíveis conflitos, Grava se diz preparado e sem medo do que o espera no continente africano. “Não viveremos conflitos na África do Sul como vivemos na China dois anos atrás”, relembra. Miriam Mendes Reiche, do setor Educação Cristã da Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD) e membro da Assembleia de Deus em Jacarepaguá (RJ), também foi à África para evangelizar os fãs da bola. “Evangelizamos a partir do esporte. Em 2007, trabalhamos no Pan-Americano, no projeto Mais

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que Ouro como coordenadora dos intérpretes. E como vamos receber uma Copa e uma Olimpíada no Brasil, será uma oportunidade de evangelizar e aprender. Minha intenção é me preparar para mobilizar e treinar os irmãos. Precisamos de treinamento. E eles são especializados nesse tipo de evangelismo, já participaram de várias Copas”, revela a jovem que abriu mão das férias e gastou R$ 3 mil para custear as despesas. O aumento dos custos com passagens e suporte aos missionários são os principais problemas que dificultam a missão, apontam os organizadores. De malas prontas, ainda no aeroporto, no dia 03 de maio quando a IGREJA acompanhou o embarque, a auxiliar de enfermagem Carina Brandão era só expectativa ao falar do trabalho que fará com as crianças africanas. “Espero poder trabalhar muito e matar a saudade deste povo. Com certeza, Deus tem algo muito especial preparado para nós na África”, relata a missionária que pela segunda vez embarcava para África

do Sul. O mesmo desejo tinha o missionário Ilson Ferreira de Souza Júnior, membro do Conselho de Juventude Batista do Estado de São Paulo (Cbesp). O voluntário sabe da responsabilidade em sua missão evangelística no decorrer dos jogos: “O foco é trazer resultados, alcançar o maior número de pessoas” frisa. Mesmo sem tempo para ver as partidas, Ferreira garante que será um dos maiores torcedores brasileiros no continente africano: “Enquanto nossos ídolos marcam gols, nos marcamos os corações”.

Cartão vermelho Se por um lado os missionários terão, digamos certa facilidade, para evangelizar o mesmo não terá os jogadores cristãos. A Fifa, entidade máxima do futebol pôs fim a manifestações religiosas em campo e vetou expressamente o uso de camiseta sob o uniforme com mensagens religiosas, a comemoração de gols com faixas com inscrições do mesmo teor e a participação de pastores e padres em atividades oficiais da Copa do Mundo. A atitude é uma resposta após a vitória do time brasileiro contra os Estados Unidos quando os jogadores brasileiros fizeram um círculo no centro do gramado e oraram pela conquista da Copa das Confederações. Incomodados com a ação e sofrendo pressão de entidades como a Associação Dinamarquesa de Futebol, a Fifa advertiu a CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Na época Jim Stjerne Hansen, presidente


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esporte

da entidade dinamarquesa, afirmou que a Fifa deveria aplicar uma punição rigorosa conforme está no regulamento. “Misturar religião e esporte daquela maneira foi quase criar um evento religioso”, reclamou. “Da mesma forma que não podemos deixar a política entrar no futebol, a religião também precisar ficar fora”. Hansen expressa a opinião daqueles que temem que o futebol acabe incorporando os conflitos religiosos. E não importa se durante o jogo ou após dele. Desde a Copa de 2002 na Alemanha, a Fifa já tem ficado de olho nos atletas brasileiros, isso porque na comemoração do pentacampeonato, assim como em 1994, os jogadores escreveram e vestiram camisas com mensagens cristãs. A cena do circulo que formaram ajoelhados no centro do campo também se repetiu em ambas as conquistas, mas desta vez a oração terá que acontecer dentro do vestiário. Felipe Melo, jogador evangélico convocado por Dunga, apesar de frustrado, rebateu a Fifa. “Tenho que respeitar. De repente é uma atitude que não agrada outras religiões, porém no momento de fazer o gol, levantar meus braços em agradecimento ao Senhor, isto ninguém vai tirar.” Para quem acredita que só os cristãos sofreram sanções se engana. Os muçulmanos também tiveram de se adaptar as normas e jogar até mesmo no período do Ramadã, mês sagrado e de jejum dos seguidores de Maomé.

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Atletas de Cristo em Campo Kaká: Um dos maiores exemplos de atletas da atualidade, Kaká é ícone em todo o mundo. Virou até personagem de revista em quadrinhos. Foi eleito o melhor jogador do mundo em 2008 e deixou o troféu na Igreja Renascer em Cristo, na qual é presbítero. Causou preocupação no início dos jogos devido a uma contusão que atrapalhava seu rendimento, mas aos poucos mostrou porque é um dos principais jogadores do clube espanhol Real Madri.

Lúcio: O xerife da seleção brasileira ganhou tudo o que disputou em 2010, chefiando a zaga da italiana Inter de Milão. O apelido de chefão não vem do acaso, por ele nada passou nas partidas decisivas nos torneios e é o atual capitão da seleção brasileira. “Eu sempre agradeço a Deus de todo o meu coração por tudo que experimento na vida, pois sei que desde que o conheço pessoalmente nada me acontece por acaso, e Ele sempre realiza o melhor para mim em qualquer situação. Através da


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frase Jesus loves you impressa em minha camiseta, eu queria mostrar para o mundo inteiro o meu agradecimento a Jesus.”

Felipe Melo: Esta é a primeira vez que o volante disputa uma Copa do Mundo. Uma das grandes apostas de Dunga na temporada, gerou dúvida entre os torcedores brasileiros, ma já mostrou que merece seu espaço no grupo. Iniciou carreira no Flamengo, se destacou no Cruzeiro e hoje atua na italiana Juventus. “Quero dar o meu melhor na copa e agradecer o que Deus tem feito por mim. Hoje me sinto abençoado.” Luis Fabiano: Em 2006 o Brasil não levou o título e o atacante se mostrou firme no objetivo. No Sevilla, da Espanha, foi chamado pela torcida de ‘fabuloso’ e nas eliminatórias fez jus ao nome. Ao lado de Robinho, Luis Fabiano é a esperança de gols na busca pelo hexacampeonato brasileiro.

Gilberto Silva: O experiente meio campista foi dúvida e causou alvoroço na torcida brasileira, que em sua maioria pedia a convocação do santista Paulo Henrique Ganso. Gilberto Silva tem ainda a dura missão de substituir Kaká, seguindo uma

opção estratégica de Dunga. Se depender de sua história com a camisa amarela e sua habilidade de fechar o meio campo, a taça já é brasileira. “Os jogadores que chegam agora à seleção tendem a olhar para alguns mais antigos, como eu, Lúcio e Kaká, como exemplo. É uma grande responsabilidade”, afirmou o atleta do time grego Panathinaikos.

Jorginho: Ex-lateral e tetracampeão em 1994, o atual presidente dos Atletas de Cristo se dedicará exclusivamente à seleção brasileira nos jogos da África. Sobre Dunga, Jorginho garante que sua fé aliada à experiência do treinador fará a diferença na Copa. “Ele é um líder nato”, refere-se a Dunga.

Taffarel: Tetracampeão em 1994, o goleiro Taffarel se destacou na disputa por pênaltis na final contra a seleção italiana, onde defendeu uma das cobranças e viu a última, batida pelo craque do time Roberto Baggio, passar acima de suas traves. “Quando o vi com a cabeça baixa e os olhos fixos no chão, percebi que ele estava inseguro e cresci bastante. Quando aquela bola passou voando alto por cima do travessão a única coisa que me deu vontade de fazer foi me ajoelhar e glorificar a Deus pois sabia que a vitória estava vindo dEle e só Ele merecia aquela glória”.

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A grande estréia Muito criticado pela torcida, Felipe Melo diz que chegar à seleção é um sonho de infância Natural da cidade de Volta Redonda, interior do Estado do Rio, Felipe Melo é membro da Igreja Presbiteriana Viva e foi eleito entre os 100 melhores jogadores de futebol do mundo, segundo a revista inglesa sobre futebol Four Four Two, comemorando a oitava convocação para atuar na seleção, o volante, que já passou pelo Flamengo, em 2001; Cruzeiro, em 2003, citou as dificuldades na Juventus diz que daria até carrinho de cabeça para conquistar o hexa. Quem são seus heróis? Tenho meus pais como heróis. Qualquer vitória, gol e até mesmo o título de campeão mundial, caso aconteça, será dedicado a eles, que me apoiaram em tudo desde o início da minha carreira. Tive um começo difícil. Ainda quando menino jogava futebol com meu pai, que me cobrava muito para acertar todos os fundamentos. Joguei em alguns times de base. Aos nove anos fui para o Flamengo. Morava em São Gonçalo e acordava ás quatro horas da madrugada e ainda tinha que andar dois quilômetros para pegar o ônibus para o treino. Passar por isso só me faz valorizar tudo que alcancei até hoje.

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Qual sensação de participar de uma Copa do Mundo? Quando você defende seu país vestindo a camisa da Seleção, especialmente em uma Copa do Mundo, o sentimento é de entrega, de sacrifício, em busca do resultado: a vitória, o título. Portanto, quero ser reconhecido como por ter chegado lá, atingindo o objetivo de ser campeão mundial. Não medirei esforços para isso. Minha expectativa é a melhor possível. Estou animado em fazer um bom trabalho e trazer este campeonato. Meu sonho, desde garoto, sempre foi ganhar um título mundial para o Brasil. Essa é a oportunidade e farei de tudo para conseguir isso. Se for preciso, darei até carrinho de cabeça. Outros jogadores evangélicos estão na Copa do Mundo como Kaká, Lúcio e Jorginho. Quando podem vocês falam de Jesus aos demais companheiros? Com certeza. Mas temos que ter o momento certo de falar da palavra de Deus. Ele me levantou e me colocou nesta condição é pra alguma coisa: para falar a palavra de Deus para algum companheiro. Não só para os jogadores, mas para os massagistas, roupeiros ou quem for. Quando temos oportunidade, sempre podendo, falamos do amor de Deus. A Fifa emitiu uma norma que proíbe manifestações religiosas durante os jogos. Qual sua posição sobre isto? Tenho que respeitar. De repente é uma atitude que não agrada outras religiões, porém no momento de fazer o gol, levantar meus braços em agradecimento ao Senhor, isto ninguém vai tirar.


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“Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte” Mt 5:13-14

mundo melhor Celso Fernandes

País tropical Moro num país tropical, abençoado por Deus... Sem duvida, o Grande Autor planejou um futuro maravilhoso para nós brasileiros. Dotou-nos de riquezas e belezas naturais incomparáveis, de um território de tamanho e diversidade fantásticos e um povo alegre, criativo e cordial. Estamos a caminho de nos tornarmos a quinta potencia econômica mundial. A mortalidade infantil e analfabetismo reduziram drasticamente e está em curso grande migração de classes sociais para patamares de maior renda. Isto esta nos trazendo grande prestigio internacional e como decorrência, fundos internacionais com objetivos sociais estão migrando para países com quadros sociais mais urgentes. Porem, alguma coisa esta fora da ordem sonhada por Deus. Estamos no 75º lugar em termos de Índice de Desenvolvimento Humano e temos altíssima concentração de renda, comparável aos países menos desenvolvidos e mais injustos do mundo. (coeficiente GINI: Brasil=0,54 x Serra Leoa =0,63) Bolsões de miséria resistem por trás das belas estatísticas e insistem em jogar os índices de mortalidade infantil e analfabetismo funcional para cima nas re-

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giões menos desenvolvidas e para as etnias e estratos sociais menos favorecidos. Muitas crianças e adolescentes estão sendo deixados para trás e, enquanto você lê este texto muitos estão morrendo por causas totalmente evitáveis como falta de condições básicas de higiene e nutrição para os pequenos até violência urbana para adolescentes e jovens. Apenas como referência, a Visão Mundial Brasil cuida de milhares de crianças e beneficia milhões de brasileiros utilizando 83% de doações do exterior. Temos apenas cerca de 12.000 doadores em nosso território. No outro lado do mundo, mais de 450.000 doadores australianos contribuem com quarenta e três dólares por mês para transformar a vida de crianças no mundo todo, inclusive milhares através da Visão Mundial Brasil. A Austrália tem cerca de vinte milhões de habitantes e na mesma lógica, o Brasil poderia ter mais de quatro milhões e meio de doadores. Ora dirão, mas o Brasil tem uma renda per capita quatro vezes menor. Em compensação, o brasileiro pode apadrinhar por menos da metade do valor. Na realidade, quantos milhões de brasileiros poderiam adotar o consumo consciente e com quarenta reais por mês aju-

dar a transformar a vida de nossas próprias crianças? Somos um dos cinco países do mundo que contam com maior numero de cristãos e acreditamos que Deus pode mudar esta realidade. No entanto, Ele optou por nos delegar a integralidade da missão de seguir a Jesus. Cabe às lideranças cristãs o desafio vital de sensibilizar a sociedade brasileira para assumir o compromisso de erradicar a miséria e melhorar as condições de vida dos despossuídos, principalmente nossas crianças. Este movimento começa dentro do seu coração, em sua família, sua igreja, suas redes sociais. Desafie a si mesmo e seus próximos a contribuir com uma causa social séria e transformadora. Divulgue e recomende as instituições que merecem credibilidade, a fim de que elas possam continuar sua obra de promover vida em abundancia para todos. Comece agora, porque a dor tem pressa. Mas lembre-se que acima de tudo, existimos para demonstrar que Deus se importa com os pequeninos e temos o compromisso de irradiar Seu amor em cada uma das decisões e ações que tomamos a cada momento. Ao proceder assim, a alegria e paz da nossa fé vai invadir seu coração e encher o mundo de esperança. Deus abençoe sua vida!


igreja mundo

Descanso? Que nada! Billy Graham quer deixar para fazer evangelismo

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esmo com problemas de saúde, o tele evangelista Billy Graham não quer descanso. Através de seu porta-voz A. Larry Ross, o ministro admite que é encorajador o propósito do criador do projeto Minha Esperança de pregar a palavra. “Aos 91 anos de idade, ele percebe que sua morte está se aproximando. Ele está tentando valorizar cada dia, pois ele sabe que um dia vai se juntar a sua mulher, Ruth, no céu”, disse o porta voz. Há dois anos o evangelista não faz pregações pela televisão, nem aparece em público de-

vido a questões relacionadas à sua saúde. No entanto ele ainda está envolvido na elaboração de projetos. No mês passado ele se reuniu com o presidente Barack Obama em sua casa. No Brasil, o segundo passo do projeto Minha Esperança que em 2008 alcançou 340 mil vidas, idealizado por Graham, aconteceu no final do mês de maio em Belo Horizonte, com a participação do americano Michael W. Smith

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profissional cristão

Mário Kaschel Simões

www.7montanhas.com.br - contato@7montanhas.com.br

O que é isso na sua mão? Empresário, Palestrante, Pastor da Igreja Ágape de Atibaia, Docente Internacional do Instituto Haggai, Sócio-diretor da Escola Internacional Preparando Gerações, Diretor do Instituto 7 Montanhas do Brasil

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Quando Deus decidiu liber-

tar seu povo do Egito, Ele escolheu um homem, pastor de ovelhas, que estava cuidando da sua vida, trabalhando para seu sogro, no meio do deserto. Ao conversar com Deus através da sarça em chamas, Moisés, por causa da culpa do passado, das inadequações do presente, e medos do futuro, elencou uma série de razões porque ele seria o homem errado para aquela missão. Deus, o Grande Comunicador, o Mestre do Audiovisual, perguntou a Moisés: “O que é isso na sua mão?” e ele respondeu: “uma vara”(Êx. 4:2). A vara tinha dois significados. Primeiro, ela representava o trabalho de Moisés: pastor de ovelhas. Em outras palavras, Deus queria usar todo o conhecimento que ele tinha adquirido na sua profissão, lidando com ovelhas no deserto, para no futuro, pastorear e liderar o seu povo naquele mesmo deserto. Segundo, a vara representava a vida de Moisés. A tradição era o pastor ter só uma vara durante toda a vida. Ele marcava em toda sua extensão, os fatos e eventos mais significativos que aconteciam. Aquela vara era um diário entalhado em madeira, um cronograma histórico de sua vida.

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A seguir, Deus acrescenta outro detalhe: “Leve na sua mão esta vara: com ela você fará os sinais miraculosos” (Êx. 4:17). Em outras palavras, Deus estava dizendo a Moisés: “Eu vou usar todas as experiências do passado (boas ou ruins), todo o seu conhecimento, todos os seus dons, todos os seus talentos, todos os seus pontos fortes (e os fracos também), toda a sua vida, e tam-

bém, toda a sua experiência profissional. Não somente isso, mas através de sua vida e profissão, Eu realizarei muitos milagres!” Deus ensinou a Moisés uma lição sobre Propriedade. Deus era dono de todas as coisas, da vida, da vara, da serpente, das mãos de Moisés, dos seus lábios, do tempo, das ovelhas, do povo, das nações e de toda a criação. Deus ensinou a ele uma lição sobre Propósito. Tudo o que Deus cria tem um propósito. Deus tem um propósito para cada experiência e fase da vida. Deus também ensinou

uma lição sobre Preparo. Deus estava preparando Moisés em cada etapa de sua vida para cumprir o seu chamado. Deus nunca perde oportunidades. Querido leitor, Deus pergunta a você: “O que é isso na sua mão?” Deus está dizendo: “Quero usar sua vida e o seu trabalho para fazer milagres nos dias de hoje. Quero usar tudo o que você é, que sabe, que conhece, que sente e tem, bem como todo a sua experiência e conhecimento profissional , para influenciar sua empresa, seu trabalho, sua universidade, sua cidade, seu país e o mundo, para mim. Quero que você seja um agente de transformação na sociedade.” Para que isso aconteça, lembre-se destas lições: Propriedade. Deus é dono da sua vida, do seu trabalho, dos seus recursos, seus dons, seus talentos, seu tempo e sua influência. Você é apenas o administrador. Propósito. Deus criou você com um propósito, você tem uma vida para viver, uma missão para cumprir, um legado para deixar. Conheça e cumpra o seu propósito. Preparo. Deus esteve preparando você durante toda a sua vida. Ele não desperdiçou nenhuma oportunidade. Chegou a sua vez. É hora de se dispor e servir para a expansão do Reino de Deus. Um abraço e muito sucesso!


igreja mundo Foto Reprodução

Chama ardente Um quarto dos americanos dizem ser pentecostais

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ssim como no Brasil onde o crescimento pentecostal é vertiginoso, nos Estados Unidos o quadro se repete. É o que mostra uma nova pesquisa do Grupo Barna (Instituto de Pesquisa Cristão). De acordo com o levantamento aqueles com idade entre 26 e 44 anos são os que se identificam como batizados no Espírito Santo (29%), em comparação aos outros grupos de idade. A pesquisa foi realizada no mês de fevereiro em Ventu-

ra, na Califórnia. O estudo define carismáticos e pentecostais como aqueles que consideram a passagem bíblica “foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas”. Segundo o Grupo Barna, o número de pentecostais / carismáticos é o triplo do número de evangélicos nos Estados Unidos e equivale ao número de adultos que frequentam Batista, Metodista, Presbiteriana, Luterana, Episcopal ou igrejas não-denominacionais.

No Brasil os pentecostais, principalmente os assembleianos esperam o centenário

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púlpito

Liderança, inclusive dentro de casa Josué Campanhã, presidente da Sepal, defende que líder de sucesso precisa cuidar bem da família. Texto de Robson Morais

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m líder de sucesso é aquele que cuida, em primeiro, lugar de si; assim definiu o conceito de liderança o autor de nove livros focados em família, liderança e planejamento, Josué Campanhã, durante a palestra realizada no 37º Encontro Sepal, para pastores e líderes no Monte Real Hotel, em Águas de Lindóia (SP). Atuando nos últimos 25 anos como diretor e consultor em organizações de desenvolvimento e capacitação de líderes e atualmente ocupando o cargo de presidente da Sepal Brasil, Campanha tem formação em administração de empresas, teologia e mestrado em liderança. Professor universitário e consultor possui no currículo duas premiações dos prêmios Areté. Dentre seus últimos lançamentos estão ‘Luz! Plano! Ação’, ‘Família S/A’, ‘5 ‘50 Segredos para o líder’ e ‘Vida de Líder’. Satisfeito com os resultados do congresso da Sepal 2010, o diretor da Sepal disse que os lideres estão em busca de respostas para temas sobre família, juventude e pós-modernidade.

Campanhã será preletor do Congresso Consumidor Cristão | ANLE que acontecerá em setembro

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De que forma um líder deve trabalhar o conceito de família? Num primeiro momento, é preciso que parta da própria liderança a visão de família. Um líder que não sabe cuidar de seu próprio lar não

pode ser um bom líder. Ter a liderança na teoria é muito fácil. O real exercício é feito na prática e começa dentro de casa. Muito líder fica só no papel, não sabe transpor para a realidade estes ensinamentos. É muito fácil falar e ensinar os outros, o difícil é praticar tudo no nosso meio, com a nossa vida. Qual o papel do líder cristão? Fundamentalmente, o líder é quem precisa estar sensível à necessidade de aconselhamento e orientação, de cuidado. Ainda sobre a família, há de se entender os vários tipos de família que existem, criando estratégias certas para cada caso. Muitos fogem do desafio de interagir com estes tipos e até ignoram em alguns casos, isso está errado. Qual deve ser o foco da liderança evangélica para os mais variados grupos dentro das igrejas? Ao contrário do que muitos pensam a Igreja não está focada apenas em atender a terceira idade. O olhar agora é na criança, uma vez que são elas o futuro da igreja. É dever do líder dar suporte necessário e as bases para que esta geração cresça focada em valores. Investindo na criança, se planta uma semente forte. É na criança que o líder deve atuar, dando a ela base para que cresçam firmadas na boa conduta.


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recursos Fotos Décio Figueiredo

Momento de Partilha do Pão e Vinho ganha novos acessórios

Durante EXPOCRISTÃ empresa chamou atenção com elementos como bandeja e kits

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Santa Ceia é um momento solene e que lembra a morte na Cruz. Para celebrar este momento de devoção e memória, as empresas lançaram e desenvolveram produtos e acessórios para deixar o ato de partilhar o pão e vinho ainda mais belo. Entre os produtos inteligentes e inovadores estão diversas opções de bandejas, cálices e castiçais. O grupo Pão da Vida, liderado pelo ministério Restaurando Israel, trabalha com produtos como castiçais, cálices, vinhos e outros acessórios decorativos e já teve cinco lojas na galeria Conde de Sarzedas durante 12 anos. Atualmente trabalha só com uma loja virtual e distribuição para empresas como AD Santos, Casa Publicadora das

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Assembléias de Deus e países como Portugal e Japão. O negócio que começou na casa do fundador Edmilson Dumont tem 35 anos e a fábrica está localizado no Parque São José, zona sul de São Paulo. Dumont explica que os produtos mais procurados é o estojo para Santa Ceia, que é utilizado para as pessoas que não podem ir à igreja e atende até seis pessoas. Com material sintético com alça pode ser levado dentro de uma pasta, mala ou bolsa. Outro produto é o Cálice Sacerdotal Pastoral em Alumínio com 9 cm de altura e as bandejas que podem custar de R$ 23 até R$ 450. Há outros tipos como o modelo dourado e grande, que conta com uma base, aro com 54 cavidades e 54 unidades de cálices.

Edmilson Dumont explica que o interesse das igrejas por este tipo de produto ainda está em fase de progressão. “Sempre primamos pela saúde do público e também em dar o melhor pra Deus”, fala Dumont, a se referir a troca dos cálices de vidro por descartáveis. Mas para quem deseja ter um pão especial, pode adquirir o Pão Azimo – Matzá, importado de Jerusalém. Com aproximadamente 1kg que contém aproximadamente 29 fatias feito com farinha e trigo. De fato o costume está com os dias contados. Mais higiênico e prático, os cálices descartáveis ganham cada vez mais forca. A SR Comércio, por exemplo, lançou em 2009 este tipo de produto, após receber diversos apelos


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recursos

Empresa tem feito ações para apresentar cálice aos pastores. Produto chama atenção por ser prático e higiênico

de pastores. “A procura por esses produtos é conforme o crescimento do número de evangélicos. Hoje a cada minuto converte mais pessoas ao evangelho, então a tendência é o crescimento”, conta Paulo Serafim, diretor da empresa. A SR fabrica além dos cálices, bandejas, vasos de cerâmica, xícaras, pratos, canecas de porcelana, todos com Salmos extraídos da Bíblia. As bandejas estão disponíveis em quatro tamanhos, sendo uma pequena para pão, e outras para 16, 34 e 56 cálices. O milheiro do cálice descartável custa R$ 50. Com 15 anos de atuação no mercado de atacado. A loja Kings comércio de sucos, por exemplo, além de vender o cálice, lançou o produto em que trás o vinho incluso, isto em 2005. Totalmente lacrada e com suco 100% natural e integral o pro-

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duto tem como diferencial a opção da igreja inserir o próprio logo na embalagem. “A taça lacrada foi desenvolvida para facilitar a vida dos obreiros da igreja, no momento que eles preparavam a ceia perdiam parte do culto, e com o cálice cristão todos podem cultuar juntos a Palavra sem ter que desviar a atenção no arranjo da ceia, sem contar na higiene, já que não há um contato manual”, explica Luiz Eduardo Viriato, proprietário da loja que fica na galeria Conde de Sarzedas. As igrejas que compram da Kings são Igreja Batista da Liberdade, Assembleia de Deus do Brás, Igreja do Nazareno, Universal do Reino de Deus, Metodista, Presbiteriana, O Brasil Para Cristo, Assembleia de Deus Ministério Belém e outras. Outro detalhe do cálice descartável é que as unidades vêm junto com


recursos

Mesa foi preparada pela designer Mariza Dumont

uma bandeja dourada da própria Kings. Há doze anos no mercado, a End Gospel há seis anos conta com lojas em Alcântara, Nova Iguaçu e Cachambi, ambas no Rio de Janeiro. A empresa que trabalha com produtos como cálice, toalhas fabricadas artesanalmente, caixa de uva artificial e enfeites para decoração faz venda no atacado e varejo, com foco em venda direta ao consumidor final, além das vendas para o Brasil e exterior. “Nós não temos somente a visão material, mas também a ministerial no comércio desses nossos produtos, que são usados dentro da igreja”, conta Ariane M. Lanas Correa, diretora da empresa.

Inovação Uma das inovações da Pão da Vida na ExpoCristã 2009 foi a mesa decorada para Santa Ceia, decorada pela designer de interiores Mariza Dumont. Com bandeja na versão alumínio especial dourada a ouro e a de acrílico, a novidade chamou atenção. Outra novidade foi o enxoval que nada mais é que um kit que tem duas bandejas para vinho, duas para pão, 100 cálices, óleo de unção e porta-óleo. Na preparação da mesa para exposição, Mariza conta que foi usado um pão italiano, representando o corpo de Cristo. Para que o pão ficasse conservado durante os dias de evento foi passado um verniz externo. Além do pão, a decoradora usou uvas artificiais compradas em ruas

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recursos

comerciais populares da cidade de São Paulo, bandejas douradas, cálices pastorais, ramos de trigo, dois castiçais dourados em cada ponta da mesa e duas toalhas sobrepostas, uma bege e uma dourada por cima. Mariza dá a seguinte dica para a igreja que for realizar Santa Ceia e

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impactar os participantes. “É bem simples ter uma mesa bonita e o pão italiano é bem representativo, algo bacana de se ter na mesa. O tecido para cobrir a mesa pode ser comprado por metro em casas de tecidos, pois sempre tem uma irmã que costura e pode cortar e fazer a borda.

Agora se quiser fazer com bandejas douradas, cálices pastorais e outros enfeites dourados o custo é maior, mas vale a pena porque são objetos com pouco uso. Basta ter cuidado com essas peças de decoração e guardá-las em lugares seguros, onde ninguém mexa”.


estratégia e ação edgard@dpaconsultoria.com.br

Edgard J.C. Menezes

Planos não valem nada;

planejamento é tudo A expressão acima costuma ser utilizada

para destacar que é fácil fazer planos, mas que o mais importante é que eles sejam integrados e sistemáticos. O valor está no planejamento dinâmico, constante, realimentado pelos controles e pelo relacionamento do líder com os ambientes interno e externo. Há vários tipos de planos, sempre é bom lembrar: o estratégico, o tático e o operacional, por exemplo. O estratégico é o mais importante, pois diz respeito à igreja como um todo, envolve mais o médio prazo. O tático é aquele feito pelos departamentos da igreja. Os planos operacionais são os mais freqüentes e detalhados, como por exemplo, o plano de contas a pagar, o calendário de cursos e palestras ou a escolha das musicas do louvor. Para que o planejamento passe a fazer parte do calendário da igreja de modo rotineiro o inicio está no plano estratégico, pois ele é o plano integrador. Realizá-lo pelo menos uma vez é uma tarefa imprescindível para uma igreja, não importa seu tamanho, fase histórica ou o perfil de seus lideres. É impossível aproveitar todas as suas potencialidades sem pelo menos ter passado por uma experiência organizada de planejamento. O plano estratégico envolve várias decisões desde a escolha inicial das prioridades da igreja manifestadas em sua missão e visão (evangelizar, aprofundar relacionamentos ou organizar os depar-

tamentos), até aquelas envolvendo mudanças importantes como uma nova localização, reforma ou alterações no layout das instalações (o ministério infantil já não cabe mais naquela sala!). Durante o ano surgem também problemas ligados a rotinas que não encontramos tempo para resolver ou o fazemos de modo unilateral sem considerar aspectos gerais: descompasso financeiro, evasão de membros, voluntários em numero insuficiente, entre outros exemplos. Esses problemas são reavaliados no momento do planejamento integrado. Como seria feito o plano estratégico? Recomenda-se que seja feito no mínimo na primeira vez, sob orientação de profissional experiente, visto que é uma técnica equivalente a uma cirurgia médica cujos riscos dependem da saúde do paciente e da habilidade do cirurgião e sua equipe. Entre outros procedimentos, precisa-se realizar uma avaliação dos pontos fortes, daquilo que se faz bem, pois a missão é servir aos semelhantes a partir dos dons recebidos, como destacado em 1 Pedro 4:10: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus”. Depois, identificar os pontos que podem ser melhorados, a partir de sugestões e idéias dos membros ou mesmo da observação direta das melhores práticas adotadas em outras igrejas (ou empresas). Só assim a igreja e suas lideranças deixarão de fazer apenas planos e passarão a administrar com planejamento.

Doutor em administração de empresas, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e diretor da DPA.

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lançamentos

BEBEDOURO IBBL BDF-300 Bebedouro de pressão, projetado para atender até 307 pessoas por hora e outros locais com grande fluxo de pessoas. Atende pessoas com necessidades especiais, com acionamento elétrico com botões frontais e laterais, com sistema em Braille. Tem segurança e qualidade garantida pelo Inmetro, capacidade de refrigeração de 45 litros por hora, gabinete em chapa eletrozincada pintada na cor prata com tampo em aço inox 304 escovado.

PÚLPITO EM MADEIRA Fabricada pela Móveis para Igreja, o púlpito é de madeira maciça em Cetim. Com bordas arredondadas, o produto tem garantia contra insetos, base moldurada, rodas para locomoção, tampo de vidro inclinado, temperado lapidado (bisotado) espessura de oito milímetros. O púlpito tem acabamento em alto verniz brilhante, porta Bíblia com 90 centímetros de largura por 115 centímetros de profundidade.

GENUFLEXÓRIO INDIVIDUAL Com acabamento de 0,11 cm de espuma, o Genuflexório Individual da Móveis Salomão é feito com Angelim Pedra e 0,01 cm de espuma para apoio dos cotovelos. Ambos forrados com veludo com 0,80 m de altura e 0,40 cm de largura.

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administração eclesiástica executivocbesp@uol.com.br

Valdo Romão

29.2  Dispensa da Retenção Art. 148.  A contratante fica dispensada de efetuar a retenção e a contratada de registrar o destaque da retenção na nota fiscal, na fatura ou no recibo, quando: I – o valor correspondente a onze por cento dos serviços contidos em cada nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços for inferior ao limite mínimo estabelecido pela SRP para recolhimento em documento de arrecadação; II – a contratada não possuir empregados, o serviço for prestado pessoalmente pelo titular ou sócio e o seu faturamento do mês anterior for igual ou inferior a duas vezes o limite máximo do salário de contribuição, cumulativamente; III – a contratação envolver somente serviços profissionais relativos ao exercício de profissão regulamentada por legislação federal, ou serviços de treinamento e ensino definidos no inciso X do art. 146, desde que prestados pessoalmente pelos sócios, sem o concurso de empregados ou outros contribuintes individuais. § 1º  Para comprovação dos requisitos previstos no in-

ciso II do caput, a contratada apresentará à tomadora declaração assinada por seu representante legal, sob as penas da lei, de que não possui empregados e o seu faturamento no mês anterior foi igual ou inferior a duas vezes o limite máximo do salário de contribuição. § 2º  Para comprovação dos requisitos previstos no inciso III do caput, a contratada apresentará à tomadora declaração assinada por seu representante legal, sob as penas da lei, de que o serviço foi prestado por sócio da empresa, no exercício de profissão regulamentada, ou, se for o caso, profissional da área de treinamento e ensino, e sem o concurso de empregados ou contribuintes individuais ou consignará o fato na nota fiscal, na fatura ou no recibo de prestação de serviços. § 3º  Para fins do disposto no inciso III do caput, são serviços profissionais regulamentados pela legislação federal, dentre outros, os prestados por administradores, advogados, aeronautas, aeroviários, agenciadores de propaganda, agrônomos, arquitetos, arquivistas, assistentes sociais, atuários, auxiliares de laboratório, bibliotecários, biólogos, biomédicos, cirurgiões dentistas, contabilistas, economistas domésticos, economistas, enfermeiros, engenheiros, estatísticos, farmacêuticos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, geógrafos, geólogos, guias de turismo, jornalistas profissionais, leiloeiros rurais, leiloeiros, massagistas, médicos, meteorologistas, nutricionistas, psicólogos, publicitários, químicos, radialistas, secretárias, taquígrafos, técnicos de arquivos, técnicos em biblioteconomia, técnicos em radiologia e tecnólogos.

Advogado, contabilista e diretor executivo da Convenção Batista do Estado de São Paulo. É autor do livro Manual do Terceiro Setor e Instituições Religiosas.

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lançamentos

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Com microfone embutido, tem resolução: 1.3 megapixels (para vídeos) via software 5.0 megapixels (para fotos) com interpolação. O produto conta com flash light: com regulagem de intensidade para uso em locais escuros. Tem alcance de foco ajustável manualmente de 30 mm e 30 fps de quadros por segundo.

PEN DRIVE COM PROGRAMAS PRÉ CARREGADOS

A D-Link, lançou no mercado brasileiro quatro câmeras IP para monitoramento remoto: DCS--910 e DCS-2102 (cabeada), DCS-920 e DCS-2121 (wireless). As quatro câmeras IP da D-Link, de fácil instalação, oferecem vigilância completa, uma vez que as imagens podem ser acessadas remotamente em qualquer computador conectado à Internet.A linha composta pelas câmeras DCS-910 e DCS-920 consiste em um sistema completo com CPU integrada e um servidor web que transmite imagens de vídeo de alta qualidade. Outras características são o software integrado de vigilância DViewCam 2.0, sistema projetado para o controle centralizado de diversas câmeras; detecção de movimento para iniciar uma gravação e enviar alertas para um endereço de e-mail; proteção com senha de usuário; e sensor megapixel 640 x 480, o que proporciona excelente relação custo x benefício.

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A Kingston Technology lançou o DT 101 G2, um pendrive com cinco capacidades e cores diferentes, que tem como grande novidade um software pré-carregado, batizado de urDrive. Esse programa é uma interface exclusiva que permite organizar e visualizar arquivos de forma mais clara e rápida, diretamente no pendrive, sem a necessidade de instalação de nenhum programa adicional no computador. São três aplicativos pré-instalados: visualizador de fotos, tocador de MP3 e um navegador de internet. Assim, basta um duplo-clique em arquivos de foto, som e vídeo, para que eles possam ser visualizados e/ou ouvidos. Com o navegador portátil é possível marcar os favoritos e acessá-los de forma segura em qualquer computador sem

deixar rastros. O DT 101 G2 permite também acesso à AppZone onde é possível experimentar outros aplicativos. Com capacidades de 2 GB, 4 GB, 8 GB, 16 GB e 32 GB e disponível nas cores verde, azul, vermelho, preto e roxo, respectivamente, o DT 101 G2 tem preço acessível, é leve e compacto. Sem tampa e com formato giratório, é ideal para quem leva uma vida agitada e precisa armazenar e consultar grande volume de dados. O DT 101 G2 ainda pode ser utilizado como item promocional para empresas que querem colocar seus logotipos nas unidades.


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