quecível churrasco de lombo do Zequinha aparece acompanhado de sa•p7 lada de cebolas
agenda_O Carnaval na
C
ad
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r e le d erno 360 Go stos o
região é repleto de festas de rua e animados bailes de salão. Na foto, a festa •p14 de Botucatu
foto: Flávia Rocha | 360
gastronomia_O ines-
Grátis! foto: Marcelino Dias | divulgação Botucatu
EXCLUSIVO_Sérgio Fleury Moraes, fundador do Jornal Debate fala de sua história e dos desafios do bom jornalismo •p3
pegue & leve
n º. 10 9 ANO 10 fevereiro|2015
Rio Pardo recebe mais de 300 pessoas na 28ª Corrida de Boia
issuu.com/caderno360 facebook/caderno360
Circulação Mensal.
de Santa Bárbara • Assis • Areiópolis • Avaré • Bernardino de Campos • Botucatu • Cândido Mota • Canitar • Chavantes • Cerqueira César • Espírito Santo do Turvo • Fartura • Ibirarema • Ipaussu • Lins • Manduri • Óleo • Ourinhos • Palmital • Piraju • Sta Cruz do Rio Pardo • São Manuel • São Pedro do Turvo • Tatuí •Timburi Pontos Rodoviários: • Cia. da Fazenda • Graal Estação Kafé • Orquidário Restaurante. Café • Rodoserv • RodoStar • Varanda do Suco
foto: Marcos Roberto Zanette | 360
8 mil exemplares Distribuição: • Águas
SOS
Este rio está ameaçado por obras degradadoras e obsoletas que estão sendo feitas na altura da cidade de Águas de Santa Bárbara. Autoridades, entidades, cidadãos, ambientalistas: Salvem o Rio Pardo VIVO.
2
• editorial
elogio.
chapa branca da imprensa provinciana –, não perdem uma só edição.
Todo mundo gosta de ser reconhecido por algo bom. No trabalho, o elogio é fundamental para nos manter altivos, ativos e empenhados em “dar o meu melhor”, que é o que todo empregador espera de um profissional. eu sempre gostei de ouvir “ótimo”, “perfeito” e “excelente” como comentários a respeito do meu trabalho. Vaidade? Não sei, isso é coisa do nosso lado mais oculto e subjetivo. Mas com certeza por me fazerem sentir estar no caminho certo. e, ainda, estar agradando quem me deu uma oportunidade de realizar algo – e me paga por isso.
Feliz com essa entrevista, eis que ganho eu um grande elogio. De alguém que muito lê, muito sabe e nada faz para adular, porque não precisa e porque está além dessas pequenas atitudes. em mais de 9 anos de Caderno 360, foi o segundo maior elogio que recebi. e olha que foram – e continuam sendo – muitos, graças a Deus (e ao espírito que move este periódico: o da edificação). o leitor poderá conferir a graça recebida na seção Bem Viver, que traz mais um texto brilhante do médico santa-cruzense José Mario Rocha de Andrade. o primeiro elogio, por incrível que pareça, veio logo no início do jornal. Minha tia Alda Rocha, que me ajudava enviando para amigos exemplares do 360, disse-me: “Seu avô teria orgulho deste jornal”.
Na vida do empreendedor, o reconhecimento geralmente se dá por números. Você não terá um ou dois ou muitos funcionários dizendo-lhe: ótimo, perfeito e excelente. Por mais camarada você seja. Afinal, é o chefe. Tirando os puxa-sacos, que todo chefe que se preza detesta, ninguém diz. Até porque fica meio esq… ganhos costumam ser o termômetro do reconhecimento caso do empreededor. No jornalismo não é assim. Bom mesmo não é quem fatura mais. É quem se dá ao respeito. É quem não tem rabo preso. Com ninguém. A não ser com o leitor, que deve ser sempre tratado com respeito, inclusive pelas publicações corporativas. esta edição traz um feito que muito me orgulha. Uma longa entrevista com o jornalista Sérgio Fleury Moraes, fundador, dono e editor-chefe do semanário Debate, de Santa Cruz do Rio Pardo, sem dúvida um profissional e um jornal admiráveis. Uma conversa repleta de historias que ele conta com desenvoltura, gosto e nomes, muitos nomes. Sérgio não poupa ninguém. ele dá mesmo nome aos bois. e por isso e por manter um jornal independente há 37 anos, merece todo o reconhcimento da imprensa. Coisa que ele tem, pois é conhecido e respeitado pelos melhores jornalistas do país. ele também tem o respeito dos leitores, pois mesmo criticando o conteúdo e o editor – coisa de cidade pequena, que não sabe lidar com quem foge do padrão
ela se referia a um cidadão nascido para os lados de Minas, em Mococa, criado em Santa Cruz, por sua Mãe Rocha, minha bisavó. eu não o conheci, por partiu muito cedo, aos 54 anos. Mas sei quem foi José Rocha Syllos, comerciante e político da minha cidade, que ficou conhecido como “pai dos pobres”. e que, pude constatar, foi um homem fora de série, pela educação que deu aos filhos, tanto pela forma como a transmitia, como pelo conteúdo. em clima de muita satisfação pelo trabalho realizado e pelo reconhecimento recebido, a edição de fevereiro do ano 10 do Caderno 360 está cheia histórias, cores e lugares. Como deve ser uma boa edição de carnaval. Mas traz um grande apelo, especialmente aos moradores, autoridades e gestores da região de toda a nossa região, especialmente de Águas de Santa Bárbara: SoS. Vamos salvar o Rio PARDo ViVo. É URgeNTe! Boa leitura! Flávia Rocha Manfrin diretora-editora 360 | 360@caderno360.com.br
e xpediente
Caderno 360 é uma publicação mensal da eComunicação. Todos os direitos reservados. Tiragem: 8 mil exemplares Circulação:• Águas de Sta. Bárbara • Areiópolis • Assis • Avaré • Bernardino de Campos • Botucatu • Cândido Mota • Canitar • Cerqueira César • Chavantes • Espírito Sto. do Turvo • Fartura • Ibirarema • Ipaussu • Lins • Manduri • Óleo • Ourinhos • Palmital • Piraju • S. Manuel • S. Pedro do Turvo • Sta Cruz do Rio Pardo • Tatuí • Timburi e paradas das rodovias Castello Branco, Raposo Tavares, Eng. João Baptista Cabral Rennó e Orlando Quagliato. Redação/Colaboradores: Flávia Rocha Manfrin ‹editora, diretora de arte e jornalista responsável | Mtb 21563›, Luiza Sanson Menon ‹revisão›, Odette Rocha Manfrin ‹receitas e separação›, Paola Pegorer ‹repórter especial›. Colunistas: José Mário Rocha de Andrade, Priscila Manfrim, Fernanda Lira e Tiago Cachoni. Ilustradores: Franco Catalano Nardo, Waldomiro Neto e Sabato Visconti. Impressão: Fullgraphics. Distribuição: Marcos Valentiere Artigos assinados não expressam necessariamente a opinião desta publicação. • Endereço: R. Cel.Julio Marcondes Salgado, 147/fundos - cep 18900-000 Sta Cruz do Rio Pardo/SP Contato: 360@caderno360.com.br • F: 14 3372.3548 _14 99653.6463. 360_edição nº 109_fevereiro/2015
Ora, Ação! Salmos 143 Vs: 8
“Faze-me ouvir a tua benignidade pela manhã, pois em ti confio; faze-me saber o caminho que devo seguir, porque a ti levanto a minha alma. “
• exclusivo _ entrevista
Sérgio Fleury é uma lenda viva. E jovem. Com apenas 54 anos de idade, ele coleciona histórias vividas graças à sua natureza jornalística, pra ideólogo nenhum botar defeito. Também coleciona histórias da cidade onde quis viver e exercer a profissão, apesar de ter sido convidado para integrar redações que são a menina dos olhos de todos os focas que se prezem.
Um papo franco com o controverso e respeitável jornalista do Debate outro lado. E aos poucos a turma foi vendo que mudavam os prefeitos, mas o jornal não mudava sua linha. Que era um jornal independente e não um jornal chapa branca. E os jornais chapa branca sempre duravam pouco, o mandato do prefeito apenas. Aqui chegou a existir um jornal que a redação era dentro da prefeitura.
foto: Flávia Rocha | 360
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360: Diz a lenda – não sei se é verdade –que o Onofre,
prefeito da época, cedeu o terreno e fechou um contrato publicitário que você pagasse o financiamento da obra. Ele exigiu alguma coisa em troca, tipo pegar leve com ele? S.F.M.: Eu não sei de onde surgiu essa história, porque eu nunca peguei dinheiro de político. inclusive nunca houve um anúncio da prefeitura do governo do Onofre no Debate. Houve uma época em que o jornal parou de circular porque compraram a máquina da família do Claudio Catalano. Eu fiquei sem máquina. Tentei imprimir em Bauru, mas naquela época não dava, era diferente. E eu era o impressor, o entregador do jornal, fazia tudo. Foi aí que eu me reaproximei do meu pai, porque eu não tinha condição de continuar com o jornal. isso foi em 79.
Repórter desde os 6 anos de idade, quando desenhava gibis, mas cuidava do conteúdo, apesar de não saber ler, e das vendas das edições, ele fala trazendo o contexto das questões de maneira deliciosa, como um grande contador de histórias. Além de citar nomes completos de personagens que nem são seus contemporâneos, o que demonstra sua mente prodigiosa para observar, registrar e reportar fatos, Sérgio fala sempre abrindo aspas, seja ele próprio a primeira pessoa, sejam aqueles que fazem parte do acontecimento. A conversa foi tão gostosa de ouvir, que o leitor a conhecerá na íntegra. Ou quase, muito pouco, apenas o irrelevante, ficou de fora das quatro páginas a seguir, frutos de 60 minutos de conversa na redação do semanário que se mantém firme e independente e levou o nome de seu fundador ao New York Times sem que ele precisasse mover um passo de Santa Cruz do Rio Pardo por Flávia Rocha Manfrin
origem do jornalpolítica. Debate eAsua perseguição
360: Então 2 anos após criar o jornal, o prefeito da época, S.F.M.:
Por mês. Quer dizer, era um “devezemquandário”, mas geralmente era um por mês. Aí aos 17 anos eu fundei o Debate.
360: E você era um cara que lia muito?
bém no primeiro ano, eu estava fazendo Tiro de guerra como voluntário e estava terminando o colegial, então meu pai achava que era brincadeira, como era o Furinho e que iria acabar. Ele falou “você vai para São Paulo no fim do ano fazer engenharia”. Ele imaginava que eu faria engenharia porque eu sempre falava que seria engenheiro, porque eu tinha um tio que trabalhava na gM e vinha todo ano visitar meu pai com um carro novo. E como eu gostava de carro, sempre gostei, eu perguntava “você compra?” e ele falava “a gM dá”. Então falei “vou ser engenheiro”. O ano terminou e meu pai queria que eu fosse para São Paulo e eu queria continuar com o jornal. Aí arrumei uma encrenca com meu pai. Nós discutimos e eu saí de casa e fui morar com a minha avó para continuar com o jornal. Foi um período difícil.
S.F.M.: Sempre li. Eu não digo que li muitos livros, mas jornais e revistas, sempre devorei.
360: Por que você escolheu o nome Debate?
360: E como foi a fundação do Debate? S.F.M.: Olha, eu já tinha essa verve jornalística. Aí, o Claudio Catalano, que tinha um jornal chamado O galo, perdeu as eleições de 76 e fechou o jornal. E ele tinha uma impressora que em 77 estava abandonada. Aí eu fui falar com ele. Ele gostava muito de mim e tal.. Aí fui lá e falei: “Olha, você não me aluga essa máquina? Eu reformo, conserto e tal. E ele topou. Aí fiz um jornal de gente grande. E aí começou o Debate.
360: Você era um bom aluno no colégio? S.F.M.: Sim, era um bom aluno.
360: Em que ano você fundou o Debate?
360: Quais as dificuldades que você encontrou para es-
SéRgiO FlEuRY MORAES: Sérgio Fleury: 1977
tabelecer o Debate? No primeiro ano eu não tive dificuldade porque o Debate era na garagem da casa do meu pai e as máquinas eram do Claudio Catalano. Eu tive depois, pela linha editorial do jornal, eu comecei a cutucar políticos. E tamS.F.M.:
360: Com que idade você pensou em fazer um jornal? S.F.M.: Aos 6 anos de idade, eu nem era alfabetizado, eu desenhava gibizinhos e pedia para o meu pai, minha mãe e meu avô para escrever nos balões. E depois vendia os gibis para eles. Aí com uns 8 anos, meu avô assinava a Folha (de S. Paulo) e meu pai assinava o Estadão. Todos morávamos no mesmo quarteirão. Eu ia na casa do meu avô, fazia uma sinopse da Folha e vendia para o meu pai. Aí fazia uma sinopse do Estadão e vendia para o meu avô. Fazia a mão. Era um jornal, A Cidade, com notícias da Folha ou do Estadão. Aos 9 anos eu fiz o primeiro Furinho, que já era mimeografado, aí vendia de casa em casa, na rua, batia palma de casa em casa.
360: Você fazia isso sozinho? S.F.M.: Eu tinha uns amigos que me ajudavam, mas na verdade acabava pra mim, eu fazendo tudo, tipo Flávia Manfrin (risos). Eu desenhava, fazia o texto…, mas o meu pai datilografava pra mim. Aí eu saia de casa em casa. Batia palma e falava: Quer comprar um jornal? Com um saco de jornais e outro de moedas. isso me garantia o cinema do final de semana, um chocolate, um gibi.
360: isso até que idade? S.F.M.: Até os 16 anos.
360: Você continuou fazendo? E você fazia, por mês?
S.F.M.: isso eu não me lembro. Eu tinha uns amigos e falei que ia montar outro jornal, então começamos a discutir nomes. Fizemos uma lista, mas não lembro se alguém deu essa ideia ou se a ideia foi minha.
360: Qual foi a reação do público quando o jornal surgiu? S.F.M.: Quando ele surgiu, com a tiragem de 500 exemplares, era um jornal pequeno. Os jornais da cidade eram todos políticos, então a turma achava que era só mais um jornal político. Se você falava mal do prefeito, era do
pra te calar, comprou as máquinas. Você continuava brigado com seu pai? S.F.M.: Continuava. Foi aí que ele falou “Está vendo? Não falei para você? Vamos pra São Paulo agora pra você fazer engenharia.” E eu fui. Minha irmã Neusa morava lá. Eu cheguei em São Paulo e devia procurar emprego e fazer faculdade, mas em vez disso eu saia atrás de máquina (impressora). Eu não tinha dinheiro para comprar a máquina. Mas é gozado como lá em cima tem um Cara que olha pra gente. um dia eu voltei cansado, dormi e sonhei com uma máquina amarela, meio amarronzada. O sonho era tão real, ela estava imprimindo jornal. Acordei de manhã assustado porque eu nunca tinha tido um sonho tão real na minha vida. Fui tomar café e tinha um jornal na mesa, o Diário Popular, que estava na página dos classificados. Tinha um anúncio de uma máquina, no bairro de Pinheiros. liguei para o cara e fui lá ver. Falei “Quanto você quer?”, mesmo sem ter dinheiro. Ele falou “Por quanto você quer? é que eu briguei com o meu sócio e não quero mais saber dessa máquina aqui.” Ele me levou até a firma, abriu a porta e lá estava a máquina do meu sonho. Foi incrível. Então eu voltei pra cá e meu pai falou “arrumou emprego?” e eu falei “arrumei máquina”. Meu pai disse “é isso que você quer mesmo?” e eu disse que sim. Como eu não tinha dinheiro para dar entrada na máquina, eu procurei pessoas que sempre me apoiaram. O Zilo Suzuki, Nico Manfrin e o gentil Marques Valle me emprestaram dinheiro para a entrada e disseram para ir pagando conforme fosse trabalhando com o jornal. Em março de 80 o jornal voltou a circular. 360: Você ficou quanto tempo parado? S.F.M.: Nove meses, o período de uma gestação. O jornal nasceu de novo.
E você continuava na garagem do seu pai? Eu mudava muito. No começo foi naquele postinho do lado da prefeitura, depois perto do Jorge Araújo, perto do rio Pardo, no bairro S. José, na Av. Tiradentes. Eu ia mudando com a máquina porque incomodava os vizinhos, pois eu trabalhava de noite também. Então precisei fazer um prédio. Quando eu tive um certo recurso eu comprei um terreno. Quem me vendeu foi o Sr. Anselmo Consorte. Primeiro ele me arrumou um aqui perto, mas quando eu fui fechar o negócio o cara desistiu. Ele ficou tão irritado que falou “Sérgio, eu vou arrumar um terreno pra você”. Num domingo ele foi em casa me oferecer este terreno, que era do Piu Cachoni. Ele falou “só que você tem que pagar agora”. Era uns 200 mil. Não lembro qual era a moeda da época, mas eu não tinha o dinheiro. Fui na casa do gerente do banco, bati palma e falei “olha vou dar um cheque agora”. E ele disse: “mete o pau”.
360:
S.F.M.: Não.
fiquei conversando com o Aurélio durante uma meia hora, saí e ele ainda estava na porta, lendo o jornal. Ele disse “que maravilha”, ele estava na capa, numa foto colorida e tal. Eu disse “olha, você fala hoje, mas daqui a pouco você está nos processando”. Ele respondeu “imagina, Sergio, imagina”. E foram 137 processos. Foi o campeão. 360:
foto: Mariana Borba
foto: Mariana Borba
Não só jornais, mas impressos para supermercados. Fazia impressos para Jacarezinho, a Folha de Ourinhos era impressa aqui. Mas a gente leva muitos tombos com gráfica, sabe? uns jornais fazem e depois não pagam. Agora, esse lance do Otacílio é gozado porque foi o exprefeito Mira que começou com isso. Como ele era sócio da gráfica, o Mira aproveitou para dizer que ele era sócio do jornal. Nunca foi. Eu jamais admitiria tê-lo como sócio porque o jornal tem uma ideologia própria. Não poderiam participar políticos.
Todos os prefeitos te processaram?
S.F.M.:Não, só o Mira. E o Secretário da Saúde do governo
Clóvis, que me processou uma vez, por causa de uma matéria sobre mau atendimento no posto de saúde.
360: Como está a sua crítica ao Otacílio? Ela é igual à que
você tinha dos outros? S.F.M.:Olha, hoje é. Ele começou o governo bem, mas...
360: Quer dizer que ninguém compra a simpatia do Sér-
gio Fleury?
O processo milionário ea prisão do dono do Debate. 360: A questão com o juiz que quase causou o fechamento
S.F.M.: Não é isso. Primeiro eu procuro sentir a adminis-
do Jornal, se deu em que data? S.F.M.:1994.
Aí eu comprei. Não teve dinheiro de prefeitura, cessão de terreno, nada disso. Aí eu construí. Eu fiz uma maquete e isso me ajudou muito porque eu olhava todo dia pra ela e falava “eu vou terminar esse prédio”. Eu quase quebrei, mas em um ano eu fiz o prédio. Pra você ter ideia, o prédio foi inaugurado em 92 e o Onofre terminou o governo dele em 88. Eu comprei o terreno em 91. Então o que falam não tem nada a ver.
tração. Ele (Otacílio) começou muito bem, negociando contratos, enxugando algumas coisas da administração. Mas hoje ele está fazendo a mesma coisa que os outros faziam, investindo em coisas que acho que não são prioridades, a Codesan está com problemas sérios, a cidade está suja. E voltou aquele negócio de pagar contratos bem vultosos para a rádio, aí ele tem o microfone à disposição, aí ele faz política. Ele já não fala “Debate”, fala “essa imprensa que não vou citar nomes”. Sabe aquela coisa de ranço? Bobagem.
360: Sérgio, a gente está falando dessa questão de jor-
360: Eu sempre li o Debate, mesmo quando não morava
nal chapa branca, mas as prefeituras sempre tiveram que publicar editais. E hoje elas podem ter um jornal. Ou seja, o jornal chapa branca ficou autorizado. E é neles que elas publicam grande parte dos editais. isso tirou uma verba do meio jornalístico. Essa mudança tirou rendimento que o Debate, como único jornal da cidade, tinha? S.F.M.:Eu já estou acostumado com isso porque prefeito nenhum gosta do Debate. Essa é a realidade. Toda vez que um prefeito entrava, publicava algumas coisas (publicidade), com a esperança do Debate bajular a administração dele. Mas isso não acontecia, então ele tirava a publicidade. Surgia algum outro jornal na cidade e ele passava a publicidade. Eu nunca liguei para isso. Durante o governo do PSDB, que durou 12 anos, não tive verba pública nenhuma. O Otacílio está anunciando no jornal, mas na época do PSDB não tinha um anúncio. 360:
E por que nenhum prefeito gosta do Debate?
S.F.M.: Porque prefeito gosta de bajulação. Na verdade o
Debate não tem nada contra a administração de quem quer que seja. Mas eu vou apontar as falhas da administração. Clóvis Rossi ( jornalista da Folha de S. Paulo) esses dias fez um artigo na Folha muito interessante dizendo que considerava que Fernando Henrique Cardoso e lula foram os melhores presidentes do Brasil que ele conheceu na vida adulta. E ele diz no artigo que espera ter apontado todos os defeitos desses dois governos no seu devido tempo, porque os elogios eram na verdade uma obrigação do gestor público. As prefeituras de cidades do interior gostam muito mais de bajulação. A gente sempre elogia, mas não é aquela bajulação barata. A gente pega coisas que o cidadão faz, pega um gancho diferente. E muita gente quer que elogiemos a pessoa, o homem político. isso eu não faço.
aqui. E teve uma época, acho que a partir de meados dos anos 90 ou início dos anos 2000, que o Debate ficou bem ácido, vamos dizer. De tudo ele fazia uma má notícia. Começou a querer por chifre em tudo quanto é cabeça de cavalo. Depois a gente percebe que isso passou. A que que você atribui essa fase mais ácida do Debate? S.F.M.:Eu não tenho essa leitura. Era nos anos 90? Eu não percebi. Eu acho que a fase mais ácida foi no começo do jornal. Eu me espelhava muito no Pasquim, no Movimento... lembra do Movimento? Ele publicou uma página do Debate de Santa Cruz dizendo “olha, no interior tem um jornal que é contra a ditadura”. Era o Raimundo Pereira, que era assessor do Fernando Moraes na Assembleia, e era o diretor do Movimento. Então nessa época a gente interferia. Por exemplo, quando trocou os partidos e a Arena deixou de existir e passou a ser PDS, para nós era o “partido da ditadura safada”. Naquela época eu achei que era um jornal bem ácido. Porque tinha uma posição contra a ditadura. Agora, no governo do Mira, nós éramos contrários ao governo dele. Não é à toa que tivemos 137 processos. Até por isso nós criticávamos o governo. O Mira tem uma passagem interessante, que quando foi eleito em 2000, ele veio de manhã aqui. Estávamos eu e o Aurélio, que era um repórter nosso, aqui na porta e tinha uma edição extra do jornal finalizando na gráfica. Ele chegou, eu dei parabéns para ele, afinal ele era um bom vereador, atuante, eu conversava com ele. Ele perguntou “está pronta a edição?” e eu disse “pode ir na gráfica e pegar um monte de exemplares”. E ele foi. Eu
360: Quantos processos?
360:
S.F.M.:: um só. Só que grande, de milhões de indenização.
S.F.M.: Sumiu. O único sujeito que foi preso chamava-se
O que que resultou esse processo? S.F.M.:O estopim da coisa foi no escândalo da Erisoja. Nós tínhamos uma fábrica de óleo que faliu nos anos 70. E aquela falência foi demorada. A prefeitura comprou os ativos, como o prédio, onde funciona a merenda escolar e a parte que foi cedida para o Senai. Eles venderam veículos e tal. E aquilo foi depositado numa conta judicial. De repente, aparece um cara se passando por advogado, vai no Fórum e, não sei por qual circunstância, consegue liberar todo o dinheiro. Sacou na boca do caixa no banco. Eram milhões. E sumiu. Sumiu até o processo. O cara nem advogado era. uma circunstância meio nebulosa. Então nós começamos a publicar isso. E um juiz da época, o gersino, que foi condenado agora (2014) a 8 anos de cadeia por extorquir um empresário em São Bernado do Campo, era um dos juízes da cidade. O outro era o Madalena. O gersino se sentiu incomodado, me chamou no gabinete dele e falou “você está publicando esse escândalo, mas é uma coisa delicada para a cidade”. E eu falei “mas sumiu o dinheiro!”. Ele disse “você quer fazer uma reportagem? Vou pedir o processo, lá embaixo”, porque é público, né? Aí ele disse: “você faz o seguinte: escreve a matéria e traz para eu fazer as devidas correções.” Eu falei: “Doutor, isso é censura prévia, eu não posso admitir.” Aí ele decretou segredo de justiça no processo. isso foi criando um ranço com o judiciário. Eu publiquei no jornal, coloquei que o juiz censurou o processo e tinha coisa ali. Até hoje eu acho que têm pessoas do judiciário envolvidas naquilo. Não é possível um cara sacar todo esse dinheiro. 360:
360:
E esse dinheiro nunca mais apareceu?
S.F.M.: Não, nunca. O Estado foi condenado a ressarcir
esse dinheiro para Santa Cruz. E quem é o Estado? Nós, contribuintes.
Quer dizer que o dinheiro sumiu de qualquer jeito?
Renan Jardim. Ele fez o voto da máfia e não abriu a boca. Cumpriu pena e não abriu a boca sobre para quem foi o dinheiro. Quando começou esse ranço com o judiciário, ao mesmo tempo eu descobri que um juiz aqui da cidade morava em uma casa cujo aluguel era pago pela prefeitura. Eu achei aquilo um absurdo. Existia até uma lei na Câmara Municipal autorizando, mas é imoral isso, né? Quanto ganha um juiz? Por que um lixeiro não tem uma casa com aluguel pago pela prefeitura? Não obstante a isso, na época um telefone custava 4 mil dólares. O Corpo de Bombeiros não tinha telefone de retorno, só o 196 que apenas recebe a ligação. Mandaram um pedido para a Prefeitura reivindicando uma linha telefônica. A Prefeitura não cedia, mas cedeu ao juiz, para uso particular. E eu denunciei isso no jornal. O que aconteceu? O juiz me processou falando que eu coloquei em risco a família dele porque eu publiquei o número do telefone. O telefone não era dele. E aí foi esse ranço todo. Tanto é verídica essa informação, que o Tribunal de Contas, talvez com um exemplar do jornal na mão, tomou conhecimento e mandou parar com essa mordomia. Mandou devolver o telefone e parar de pagar o aluguel. A Câmara foi obrigada a revogar a lei. Bom, aí foi aquele processo milionário. Foi quando me aproximei de você e agendei uma entrevista sua no Jô Soares. Fiquei esperando na porta da emissora e você não foi porque foi preso (a entrevista ocorreu depois que Sérgio foi posto em liberdade). Me conta dessa prisão. S.F.M.: A prisão foi em 96, por desobediência. Já tinha esse ranço com o juiz, o processo vinha de 92. Foi na eleição do Manezinho. Toda eleição tem um assunto que movimenta a política eleitoral. E naquela época era a dívida do candidato numa agência bancária que tinha as contas da Prefeitura, o Banespa na época. Particularmente, não me interessa se o cara deve ou não deve. Mas quando ele passa a ser candidato, decidimos investigar. Eu demorei para investigar. As rádios foram primeiro. Nos comícios, mostravam o processo na mão “Olha aqui! Tá devendo!”. Eu fui no Fórum, requisitei o processo e descobri que o candidato devia mais que o orçamento anual do município. Aí passei a publicar o assunto, mas o juiz deu uma ordem que eu não podia publicar aquilo.
360:
360: Diz uma outra lenda que o Otacílio se tornou sócio da
360: O que ele alegava?
gráfica e do Debate. isso procede? S.F.M.:Não. Ele nunca foi sócio da gráfica do jornal. O jornal sempre teve uma gráfica própria. Em 92 quando estava construindo o prédio, achei que precisava de mais recursos para pagar a obra. Então quis montar uma empresa gráfica, com outra máquina. E eu não tinha recursos para adquirir a nova máquina. Entre outras pessoas, o Otacílio, que na época não era político, concordou em fazer a sociedade. Então ele entrou como sócio em uma outra máquina.
S.F.M.: Nada. A ordem era flagrantemente inconstitucional porque a Constituição proíbe a censura. O que eu fiz, eu peitei. E eu não peitei no sentido de falar “vou publicar”, não. Na semana seguinte eu publiquei uma suíte (nota) com uma foto do candidato dizendo que ele não queria falar sobre o assunto naquele momento. E o juiz alegou que isso era uma desobediência à ordem dele e me prendeu. A minha pena era de 6 meses de prisão. E eu fiquei preso 19 dias, porque a pressão da imprensa, graças a você, inclusive, e a muitos amigos da imprensa, foi muito grande. No país inteiro saía isso. A mãe do Marcelo Cury ligou dos Estados unidos, perguntando: “o que está acontecendo aí? Tá no New York Times que foi preso um jornalista daí”. Quer dizer, foi algo estrondoso. No dia em que saí da cadeia, o Clóvis Rossi publicou na Folha de S. Paulo uma matéria intitulada Macondo é Aqui. (em alusão ao livro Cem Anos de Solidão, de gabriel gar-
360:
E essa gráfica funciona?
S.F.M.:Ela está ativa, mas não tenho mais sociedade com
o Otacílio. Se chama Fleury gráfica Editora. 360:
E você não produzia o Debate com ela?
S.F.M.: Não. Com ela eu produzia muitos jornais de fora.
O jornalista Sérgio Fleury Moraes e uma capa do Debate. história do jornal está exposta em exemplares e fotos espalhadas pelas altas paredes do prédio do mais aguerrido jornal do interior
360: Quer dizer que saiu até na Folha… S.F.M.:Sim, na Folha, Estadão. No Estadão saiu na página
3, no editorial. 360: Aí, voltando ao processo, fizemos um caderno espe-
cial para juntar uma grana para você poder recorrer, lembra? Envolvemos jornalistas santa-cruzenses, o Mario Rocha, o Claudio Sá… S.F.M.:Sim, e todo mundo apoiou, o Estadão, a Folha anunciou, a isto é…. Foi um negócio estrondoso, bacana mesmo. E no final das contas, qual o desfecho daquele processo, qual é? S.F.M.: Bom, o desfecho é assim. Sempre me disseram: “Sergio, você não vai ter chance nenhuma, porque são juízes que vão julgar um juiz.” Só que eu sempre acreditei em Deus, sabe? E Deus escreve certo por linhas tortas. Fui perdendo em todas as instâncias. Perdia aqui, perdia em Brasília, voltava pra São Paulo, eu entrava com recursos, contratei o Samuel McDowell (renomado – e caro – advogado paulista), o dinheiro indo… até que eu perdi a ação. Aí vem a mão de Deus. O juiz demorou para executar. E quando veio a execução, eu tinha feito dois anos de Direito na Estácio, em Ourinhos, e estudando o caso eu disse: “isso está prescrito. Já foi.” Procurei o advogado e ele falou: “Não, não é bem assim”, aí eu fiz um roteiro. Porque houve uma mudança do Código Civil, em 2002, que vigorou em 2003. Então, na transição para o novo código, como fazia com os processos que já estavam tramitando? Tinha uma regrinha que se aplicava aos processos. uma equação. E eu fazia e refazia a conta e dava que já tinha prescrito. Então contratei um advogado ele entrou com essa tese. Bom, perdi aqui em Santa Cruz, o que já era de se esperar. Então fomos pra São Paulo. Aí era o último julgamento. Meu advogado na época era o Pitoleu (luiz Antônio Sampaio gouvêa), brilhante advogado. Três desembargadores iriam definir a minha vida. Ou eu perdia tudo ou eu seguia minha jornada. O primeiro deu voto contra mim, segundo voto, contra mim. Aí no terceiro voto, o juiz pediu vista (tempo para rever o processo). Então adiou por uma semana. Foi uma semana terrível, meu casamento tinha acabado… 360:
isso foi em que ano? S.F.M.: Foi em 2010. Aí o advogado disse: “olha se o juiz votar a favor vamos ter uma chance. Aí eu falei: “Não, para. Não quero mais. Não vou recorrer. Se acabar acabou.” Estava desanimado, depressivo, não tinha mais forças. Foram 15 anos lutando contra uma injustiça. O juiz chamava-se Boris Kaufman, mas independente do voto dele, eu ia perder de 3 a zero ou de 2 a 1. ia perder do mesmo jeito. O que me chamou a atenção foi o sobrenome dele. Embora não houvesse parentesco nenhum, vocês e lembra da dona Rute Kaufman? uma senhora que mudou daqui depois que ficou viúva. E eu sempre gostei muito dela. Ela costurava o ano inteiro para no final do ano levar as roupinhas para as entidades. Teve um ano que ela fez bonecas de pano e levou para Jaú, para as crianças em tratamento de câncer. E ela fazia e eu colocava no jornal. Então pensei: “será que esse sobrenome é um aviso? Pois na 3ª feira seguinte eu ganhei de 3 a zero. Mudaram os votos. O juiz Kaufman fez uma exposição tão brilhante que os outros dois mudaram seus votos. 360: E aí acabou então. S.F.M.: Não! O juiz (Madalena) ainda tentou ir para o tribunal, em Brasília, mas aí eu não dei bola.
360: Também teve aquela coisa de querer mobilizar a
opinião pública colocando entidades assistenciais como beneficiárias, no caso de você perder o processo, não foi? S.F.M.:As entidades foram condenadas, cada uma, a pagar 5 mil reais de honorários. 360: Quais foram as entidades? S.F.M.:Aí é que foi uma coisa que me chocou até. O centro Social São José, que eu sempre apoiei.
360: O juiz fez essa manobra de colocar as entidades
como acusadoras sob a condição de dividirem o dinheiro da multa que você teria que pagar, caso perdesse o processo, certo? S.F.M.:Sim, pra sair bem na foto o juiz fez isso. Elas passaram a ser o carrasco.
foto: Flávia Rocha | 360
cia Marquez). Eu até disse a ele que ele foi o meu melhor advogado. Porque a matéria saiu pela manhã e à tarde o juiz deu o alvará de soltura.
O papel da ea postura daimprensa mídia atual. 360: Você cursou jornalismo? Porque como dono de jornal
“olha, fulano, beltrano, ciclano…” Ele falou: “quantos anos você tem?” Mas é pela pesquisa que a gente faz. Então conheço pessoas da década de 30… 360: E você guarda tudo isso na sua cabeça? S.F.M.: guardo.
360: Houve um período que você, que tradicionalmente
circulava o jornal no domingo, entregava o Debate só na terça, talvez por uma mudança para a gráfica de Bauru, que não imprime no final de semana. E todo mundo reclamou. isso foi uma decisão de gestão? S.F.M.:Passei, aliás estou, numa fase financeira ruim. E a impressão plana, da minha máquina é muito mais bonita. Só que demora muito mais. Então você tem que ter três impressores, o papel é mais caro que o da rotativa. O que eu instalei aqui, o fotolito, que era inédito em 89, ficou obsoleto, ficou caro. Eu percebi que terceirizar era muito mais barato. Outra coisa é que meu jornal era fora de padrão. Era tabloide suíço, um formato que tem Europa. No Brasil é muito difícil. Então agências de São Paulo não tinham esse formato. E a publicidade pronta. Então foi uma forma de padronizar. E tá bom, não está ruim. é mais rápido e muito mais barato.
S.F.M.:Não, ele não. Com certeza não. Ele me procurou para tratar de um projeto de adoção à distância, que era muito bacana. Fiz matéria e tudo. Também ajudava no projeto. O segundo foi o lar da Criança. E quem fundou o lar da Criança? O meu avô! Poxa, doeu.
bastava requerer o MTb, não? S.F.M.: Não cursei. Em 87 senti necessidade de fazer esse curso. Então entrei na uNESP, de Bauru, mas não concluí o curso. Às vezes não dava tempo, tinha que viajar todo dia e, não é para me gabar, mas às vezes eu dava aula para o professor. Tinha a Barrige, você se lembra dela? Em 82, por aí, apareceu uma turma de esquerda de São Paulo para imprimir um jornal chamado Voz Operária. Era um jornal grande, mensal. E ela falou: “só que eu não sei diagramar.” Eu disse: “eu diagramo”. E diagramei acho que durante um ano. Depois foram para outra gráfica, com uma rotativa, talvez. E quando chego na unesp, a professora de diagramação quem era? A Barrige.
360: Quais os momentos mais marcantes da sua trajetória como jornalista? S.F.M.: é difícil falar isso porque teve muitos. Claro que esse processo com o juiz foi uma fase boa sob o aspecto de vitrine do jornal, mas ruim pelo sofrimento que passei. Mas tive várias passagens boas. Agora, sempre tem aquela matéria que faz você pensar “que matéria legal”. Me lembro de uma que foi a sobre Tupá, a cidade que desapareceu. Fui de caminhonete até onde deu, depois tive que andar 4km a pé, até chegar lá. Caí num rio. A cidade tinha tudo. Casas Pernambucanas, cartório e desapareceu. Parece aquela história de dizer “o último que sair apague a luz”, porque ficou só o cemitério e nem isso existe mais. Eu fui o último a fazer uma matéria.
360: Essas foram as duas entidades?
360: Você é jornalista. Tem essa veia crítica, talento nato.
S.F.M.: Sim e teve a paróquia de Piraju, que também teve
360: Voltando a Santa Cruz que é uma cidade boa, tem
S.F.M.:Pois é.
Nunca passou pela sua cabeça sair de Santa Cruz e ser um jornalista famoso, como o Clóvis Rossi, como tantos colegas das redações dos grandes veículos? Trabalhar na Folha, Estadão, você nunca teve esse desejo? S.F.M.: Eu tive convites, mas desejo eu nunca tive.
360: Você acha então, que por tudo isso, existe justiça
360: Nunca?
no mundo? S.F.M.:(pausa) Olha, a justiça do judiciário ainda acho que é complicada. Eu cito, porque lembro da época da ditadura militar. Eu me lembro de promotores nas ruas. O Flávio Bierrenbach, era procurador de justiça. Esse foi pras ruas, defender estudantes, segurar policiais com cassetete. Juiz não vi nenhum.
S.F.M.:Nunca. Eu sou apaixonado por essa cidade. Eu me apaixonei de tal forma pela história dela que eu não me vejo fora daqui. Eu vejo o jornal circulando fora daqui, mas com a sede aqui. Como ele é hoje, a região inteira, mas sair daqui não. Sou apaixonado por Sta. Cruz. Aqui tenho meu filhos, aqui quero morrer. é interessante. Você não conheceu o irmão do Clélio Zanonni, o Tufão. Ele foi vereador na década de 40. E um dia ele ligou porque queria visitar o jornal. Ele se assustou, me disse: você é tão jovem. E ele trouxe um monte de fotografias pra eu ver. E eu dizia:
360: E elas aceitaram? S.F.M.: Sim, aceitaram. isso me chocou. O Centro Social, por exemplo, o Frei Chico já era falecido. Mas eu o ajudei muito e ele também me ajudou no jornal…
360: Mas ele não teria aceitado isso…
que pagar os cinco mil reais. 360: Ainda deu prejuízo para as entidades.
360: Mas existe uma justiça divina, no mundo? S.F.M.:Ah, com certeza. Divina existe.
uma boa renda per capta, uma comunidade atuante e empreendedora, ou seja, com toda a riqueza que temos, por que é que as administrações são tão ruins? S.F.M.:Por causa da política. Ela é acirrada, como na época do Azul e do Vermelho. isso atrasa. Quando o Otacílio (atual prefeito) tomou posse, eu tinha esperanças de que isso fosse mudar. Ele manteve pessoas da administração anterior, o que era um bom sinal. Mas hoje está a maior briga entre partidos e isso atrapalha muito. 360: A informação se tornou algo banal e acaba sendo
publicada mesmo sem ser checada. Sendo dono de um jornal de 37 anos, como você avalia a mídia atual? S.F.M.:Ela está muito escancarada. Hoje qualquer um abre um blog na internet e coloca o que quer. Essa questão da checagem é complicada. Às vezes a notícia chega no jornal em cima da hora, você quase não tem tempo de checar.
fazer cadernos especiais…, mas pra tudo isso é preciso ter uma rotativa. Eu sonho ter uma rotativa.
povo que se expressa através do jornal. Jornalistas vivem da crítica. No caso do Debate, que mostra os problemas da comunidade, isso aparece muito e as pessoas reclamam. Como lida com isso? S.F.M.:Olha, acho que a crítica é fundamental. Millôr Fernandez já dizia que “o jornalismo é oposição. O resto é informe de secos e molhados”. O ruim disso é que a grande imprensa também é crítica, mas o cara não vai encontrar a pessoa que criticou depois do trabalho. Aqui você encontra na esquina. O engraçado é que reclamam de você criticar a administração local, mas defendem que a grande imprensa critique a Dilma, por exemplo.
¸ • drops _ inscrições
360:
E o sonho para o Debate? S.F.M.: é ser mais abrangente e mais encorpado, com cadernos especiais. 360:
360:
O que você diria para quem quer ser jornalista?
S.F.M.: Meus pêsames. (risos) é complicado. O jornalismo
tem que estar no sangue, não é uma profissão que você pode exercer sem gostar, porque é dom, é uma opção de vida. Você não vai bater ponto às seis da tarde e tomar um chopinho porque algo pode acontecer depois. E você não vai ganhar dinheiro. é por amor mesmo.
360:
Se você não fosse jornalista, o que seria? S.F.M.:Não me vejo em outra profissão.
360:
360:
Algum outro fanatismo, além do jornalismo?
S.F.M.: Futebol. Torço pelo Santos. E para a Esportiva,
aqui de Santa Cruz. Em 2001, nasceu meu terceiro filho e pensei: “puxa, meus filhos se tornaram santistas por minha causa e não tem mais Pelé, não tem mais nada!”, mas eles cansaram de ver o Santos campeão, com o Robinho, o Neymar. Neste caso você tem que ser fiel ao leitor e informar que a informação não foi checada. No interior, é notória a troca de favores entre anunciantes e a área editorial dos veículos, o que contraria a ética jornalística. Como você age quando um anunciante pede uma matéria em troca de fechar um contrato? S.F.M.:isso não existe no Debate. Se a matéria é interessante e merece uma reportagem isso não é comprado. Eu não converso sobre contratos com o anunciante. Eu sei separar a parte jornalística da comercial, tanto que já perdi muitos anúncios por isso. gente que não gostou de matéria que eu fiz e cortou o anúncio. Curioso é que teve um cidadão que envolveu-se numa questão com a polícia e foi capa do jornal por isso. Mas ele não cancelou o anúncio. Passados alguns anos, ele comentou com uma pessoa que trabalhava aqui que tinha saído na capa de forma negativa, mas que o errado era ele e não o jornal, por isso ele não deixou de anunciar. Foi muito legal. 360:
Também tornou-se comum no interior, a imprensa publicar press releases enviados por empresas, órgãos, polícia, prefeituras e outras instâncias sem checar nada. Como você avalia a imprensa que reproduz o que recebe? S.F.M.: Como uma imprensa ruim. O press release é uma informação da empresa, do governo, de quem envia. é lógico que usamos essa informação, mas você vai checar, vai ampliar, vai colocar crítica sobre aquilo. Eu acho pobre uma imprensa que faz isso.
Talvez por acharem que somos concorrentes, as pessoas vêm falar mal de você pra mim. é uma situação chata, inclusive porque eu acabo sempre falando que respeito e admiro você e o Debate. uma das fofocas mais recentes envolvendo seu nome é que você estaria se acabando no crack. isso é verdade? S.F.M.:imagine. Eu já ouvi essa conversa e não é de agora. Eu imagino que teve início no meu processo de separação, pois até que tentei incendiar a minha casa fui acusado. E fui absolvido pela justiça. Sobre drogas, conseguiram até criar testemunhas que dizem ter me visto em favelas comprando. Como eu disse antes, eu nunca liguei, porque desde os 16 anos falam que uso drogas. E o engraçado é que eu abomino drogas. Minha única droga é lícita e eu compro em qualquer lugar, que é o cigarro. As outras eu abomino. inclusive porque é incompatível com o trabalho. Como faria o jornal usando crack? Eu cheguei a publicar no jornal um exame de sangue que fiz, só não coloquei o meu nome. Eu sou viciado é em jornal, disso não tenha dúvida. 360:
360:
360: As pessoas também parecem pouco interessadas
em ir fundo na informação. Como você imagina o jornalismo daqui a 10 ou 20 anos? S.F.M.: Falam muito do fim do jornal impresso, mas eu não acredito nisso. A própria Folha de S. Paulo publicou que cerca de 80% das postagens no facebook são tiradas de jornais. Eu costumo dizer: você não vai levar o computador para o banheiro, mas o jornal sim. Quanto ao interesse das pessoas em ir fundo, é uma questão cultural que tem que ser mexida. Em algum momento eles vão descobrir que precisam mudar isso.
Jornalismo, drogas, boatosfutebol, e críticas. 360: Hoje você tem um sólido jornal, respeitado e lido em
toda cidade e região. isso corresponde ao seu sonho de infância? S.F.M.:Eu acho que sim. Na verdade eu sonhava em ter um jornal. Eu não imaginava essa estrutura e a dimensão que ele atingiu, mas é legal quando um sonho começa tornase realidade de forma mais ampla. E quando você faz o que gosta, é gratificante. Talvez a saúde me cobre as noites sem dormir, mas eu faria tudo de novo. 360:
Você ainda tem algum sonho no jornalismo?
S.F.M.: Ampliar a divulgação do jornal, ter mais gente,
Qual a seção do Debate que você mais gosta? S.F.M.: Você vai até estranhar, mas é a seção de Cartas. Porque é o povo que lê o jornal escrevendo. E tem pessoas que escrevem bem, lançaram até livros. é a opinião do 360:
Muitos dizem que você não gosta da cidade.
S.F.M.: é uma coisa que tentam colocar, assim como a
questão de drogas. Puxa, eu adoro essa cidade. E lutei por muitas coisas que foram conquistadas. O Museu Municipal, por exemplo, sempre lutei por aquilo e 30 anos depois uma prefeita cuidou disso. Eu também sempre defendi a preservação dos prédios antigos. E fiquei emocionado em cobrir a reabertura do prédio da Special Dog, porque você percebe que sua luta é uma semente. A crítica tem que existir. E as pessoas precisam compreender isso. A crítica não é porque você não gosta do prefeito, do vereador, de qualquer pessoa. é porque você quer ajudar a população. E ao longo do tempo pude perceber que o jornal ajuda as pessoas. é que as pessoas não se lembram disso. Na vila Madre Carmem, no início do jornal, não tinha água. Eu tenho fotos das pessoas com balde na cabeça. E eu criticava, colocava fotos, fazia matérias. E colocaram a água lá. Recentemente aconteceu algo semelhante no bairro Morada da Ponte Nova. Os caras foram no Ministério Público, na prefeitura, na rádio…e não adiantava. Aí vieram aqui e fiz uma matéria mostrando que o bairro tinha tudo, mas não tinha água. No dia seguinte colocaram água lá. é gratificante saber que você pode ajudar. inclusive ajudar o gestor público, porque o jornal vai mostrar problemas que muitas vezes ele ainda nem sabe. Então a crítica é fundamental para o desenvolvimento de uma cidade. Dizem que quem é jornalista não tem amigos. Você concorda? S.F.M.: Amigos no status de políticos, não, você não vai tomar cerveja com suas fontes. Mas amigos você tem sim, só que eles não são pauta.
360:
BOTUCATU: até 28/2 Cursinho FCA/Unesp Vagas para o Cursinho Pré-Vestibular da FCA/Unesp. Gratuito, oferece material apostilado, livro de exercícios, simulados trimestrais e extenso material de apoio. São 60 vagas para estudantes que não têm como arcar com custos de cursinhos particulares. Seleção através de uma prova de múltipla escolha sobre conhecimentos gerais e redação, a ser realizada no dia 8/3 _ 14h, na Central de Salas de Aula da FCA - Fazenda Lageado. As aulas terão início em 16/3, de 2ª a 6ª das 19h às 22h30. Inscrições até 28/2 pelo site www.fca.unesp.br/cursinho ou e-mail cursinhofca@gmail.com
STA. CRUz: até 06/3 Projeto Guri Aulas grátis para coral infantil (6 a 8 anos) e juvenil (9 a 17 anos), viola caipira e percussão (8 a 17 anos). Aulas de 3ª e 5ª à tarde. Vagas limitadas. Inscrições à R. Conselheiro Antônio Prado, 633. Fone 3372.6070
NACIONAL: até 22/2 Semana Nacional de Museus A 13ª edição da Semana de Museus, acontecerá em todo o Brasil entre 18 e 24/05. As inscrições para museus de todo o país podem ser feitas no site http://eventos.museus.gov.br/
• gastronomia
fotos: Flávia Rocha | 360
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ChuRRASCO a la Zequinha por Flávia Manfrin
Acho que desta receita o leitor João Carlos de Souza e os outros “milha-res” de leitores que, ele garante, detestam esta coluna (ed.108_cartas_ pág.2), vão gostar. A escolha, na verdade, deve-se à hablilidade culinária do Sr. José Zanette. CozinChurrasco de heiro de mão cheia e, também por isso, figura Lombinho do Zequinha que não pode faltar em muitas das pescarias organizadas na cidade, ele recriou colaboração: José zanette num almoço que tive a sorte de comparecer, o delicioso, delicado e inesquecível churrasquinho de lombo do Bar Churrasco de lombo de porco do Zequinha. Que aqui aparece ao lado da tradicional _Ingredientes: salada de cebola que ele servia para acompanhar a • 1 ou 2kg de lombo de suíno carne magra suína cortada em longas tiras, não muito • 2 colheres de sal batido com alho largas, que eram onduladas num espeto sobre a brasa • molho de piementa vermelha sem exagero • suco de 2 ou 3 limões rosa (de preferência) na medida de uma boa churrascaria. Filha de outro churrasqueiro que adora uma Brahma gelada (disso ele não esquece e sempre aceita quando lhe servem), lembrei-no ato do sabor que tanto experimentei na infância. A salada, trago da cozinha de minha mãe, que sempre a preparou quando meu pai pilotava a churrasqueira da família e incluía o mesmo lombinho do Zequinha no cardápio. Tudo muito simples. A questão é na base do corte da carne, temperos e na água com açúcar, no caso da salada de cebolas .Para completar, pão francês fresquinho, ou requentado no espeto. A dica, pra quem gosta dele bem leve, é o pão da Padaria Jardim, entre o centro e o Bosque dos eucaliptos (Sta. Cruz). inclusive tem versão mini. e descongela muito bem à temperatura ambiente, dispensando o uso do forno.
• suco de 1 laranja _Preparo: Corte o lombo no comprimento em partes com cerca de 12cm (altura de um copo americano). Pegue cada um desses pedaços e fatie desenrolando, transformando o grosso naco em um longo bife de menos de 2 cm de espessura. Passe o sal temperado com a pimenta e o alho nos bifes. Esprema sobre eles o suco do limão e da laranja. Deixe decansando em geladeira por uma hora ou mais. Na hora de assar, use um espeto e vá perfurando o lombo a cada 5 ou 6 cm. Não encolha muito a carte, nem estique demais. Deixe ondulado pra assar tudo por igual. Com uso de carvão, faça uma brasa bem forte (sem labaredas) numa churrasqueira e coloque o espeto numa altura de cerca de 20 a 30cm da brasa. Vire quando começar a chamuscar as bordas da carne (fica bem escurinho), com o cuidado de não deixar queimar.
Dica: sobrou carne
Asse do mesmo jeito do do churrasco. Numa chapa e outro lado. Sirva com o ferro, grelhei o lombo com pão aquecido em outro fatias de batatas cozidas, espeto e a salada fria manga e abacaxi. Servi acomde cebolas. Salada de Cebolas panhado de farofa, arroz e _Ingredientes: salada. Ficou divino. • 2 cebolas grandes • 3 ou 4 colheres de azeite puro • 2 colheres de sopa de açúcar • 1 pitada de orégano •1 pitada generosa de sal • 1 colher de sopa de vinagre _Preparo: Numa tigela, coloque a água e o açúçar. Mexa. Descasque e corte as cebolas, em fatias finas. Desfaça os anéis na água com o açúcar. Deixe por uns 20 minutos para tirar a acidez da cebola (que arde e interfere no hálito). Escorra a cebola e tempere com os demais ingredientes. Deixe na geladeira enquanto prepara os espetos para irem ao fogo.
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• giro 360_acontece
FOLIA de Reis se consagra no calendário de Santa Cruz Festa linda, pautada em tradições mantidas pelo povo da roça, gente que se divide entre a produção agrícola, em sítios e fazendas, e a vida na cidade, a Folia de Reis está linda, alegre e ultra colorida em Santa Cruz do Rio Pardo. Seja pelas cores da natureza a abrigar a festa marcada pela religiosidade e fraternidade, seja nas cores dos trajes típicos e decoração de mastros e altares, tudo é cor. Além do encontro de bandeiras, a festa segue com missa, um verdadeiro banquete para todos, sem qualquer exclusão, e, ainda um animado baile que segue até a noite. A série de eventos termina no dia 14/2, não perca.
FOLIA DE REIS: dia 14/2 Bairro 3 Ilhas_10h: fotos: Flavia Rocha | 360
•10h: Encontro de Bandeiras, 11h: missa 12h: almoço gratuito. A festa segue até a noite: shows de música, apresentação de 10 folias da região jantar e baile. Venda de bebidas e sorvetes no local.
Fotos das 3 Festas *estarão na fanpage do Caderno 360 até 20/2
A linda, divertida e inusitada competição de boias pelo rio Pardo, que Santa Cruz realizada há 28 anos, podem deixar de existir na cidade de Águas de Santa Bárbara, onde obras de um projeto de barragem para geração de energia avançam apesar do questionamento do Ministério Público junto à Cetesb. Enquanto o pedido para que a Cetesb reveja falhas no projeto tramita nas instâncias cabíveis, milhares de árvores nativas da mata ciliar das margens do rio estão sendo derrubadas, como infelizmente mostra a foto que contrasta a riqueza, alegria e integração do rio com a comunidade, durante a corrida. O rio Pardo, vale dizer, é o provedor hídrico tanto das cidades torno de toda a sua extenção, como da imensa área agrícola que compõe a região. A situação alarmante está sendo levantada pela Rio Pardo Vivo, entidade criada para preservar o rio Pardo e que vem lutando para impedir a construção das centrais hidrelétricas, todas, consideradas por estudiosos projetos antiquados, que consomem alto investimento de dinheiro público e afetarão toda a produção rural e o clima da região por causa do enorme desmatamento que representam. E a troco de um volume muito baixo de geração de energia. Em tempos de racionamento de água, provocado exatamente pela destruição de mata ciliar nos rios que abastecem a capital, faz-se urgente conter a ação de empreiteiras que só visam lucros à custa daquilo que é irreversível, a destruição da natureza. Faz-se urgente um apelo às autoridades municipais e estaduais sobre o caso: SOS!
fotos: Marcos Zanette
RIO Pardo ganha festa em Sta. Cruz e pede socorro
foto: Flavia Rocha | 360
• meio ambiente _ acontece
rri pardo vivo
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A foto ao lado, à esquerda, mostra a devastação que já está sendo feita às margens do rio Pardo em Águas de Santa Bárbara. A obra precisa ser detida e o projeto revisto sob pena de grande impacto em todo o trajeto do rio até desaguarda no Paranapanema, em Salto grande. Nas demais imagens, o Rio Pardo em dia de aventura e festa, num dos melhores passeios turísticos da região. Ajude a salvar o rio Pardo: riopardovivo.org
Cada uma à sua maneira, as cidades de circulação do 360 promovem Carnaval Grátis para toda a comunidade. São festas temáticas, tradicionais, modernas, peculiares… movidas aos mais diversos ritmos carnavalescos – samba enredo, marchinhas, axé e outros – para agradar a gente de todo o tipo e idade. Com datas e festas diversificadas dá para circular pela região e aproveitar de tudo um pouco! ÁGUAs De stA BÁRBARA Cidade onde se toma banho em águas termais de rara qualidade terapêutica, Santa Bárbara promove seu carnaval no recinto de Festas Joceli Bacri 13 a 17/2_ 20h: 2 bandas. Tenda eletrônica e praça de alimentação 14 a 17/2_16h: Matinês AVARÉ Na cidade ou na represa, a Folia de Momo de Avaré deve trair milhares de turistas no Largop São João, centro da cidade, onde a festa é movida ao som das tradicionais marchinhas, e no Balneário Costa Azul, às margens da Represa Jurumirim. 14 a 17/2_20h à meia noite: carnaval no Largo S. João 14 e 17/2_ 16h: Matinês no Largo S. João 14 a 17/2_ 10h às 15h: Folia com DJ no Balneário Costa Azul 14 a 17/2_ 15h às 19h: Banda ao Vivo no Balneário Costa Azul Atividades: foliões e os turistas poderão participar de diversas atividades, como jogos de vôlei de praia, futebol de areia e jogos de mesa (dama, xadrez, pingue pongue). Info: (14) 3711.2500 BotUCAtU Seguindo a tradição de Momo, Botucatu faz seu desfile na rua Amando de Barros com quatro escolas de samba e blocos carnavalesvos. 15 e 17/2_ 19h30: Desfile das escolas de samba Nenê de Vila Mariana, Gente Unida da Vila Maria, Acadêmicos do Beira Rio e Acadêmicos do Império e
de blocos carnavalescos. 14, 15 e 16/2 _ 19h: Atrações nos bairros da Mina (Centro de Esportes e Lazer) e do Rio Bonito, onde haverá o tradicional Desfile dos Blocos. 15/2_16h: Matinês no Centro de Esportes e Lazer do bairro da Mina (em frente ao lago) 14 e15/2_ 18h: Bairro Cesar Neto/Anhumas_ Baile Carnavalesco no Salão de Festas da Igreja de Anhumas CHAVAntes Com direito a desfile de escola de samba e DJ discotecando marchinhas de salão e samba de raiz, Chavantes faz a festa de carnaval da cidade na rua Altino Arantes, centro. 14, 15 e 16/02_ 21h: carnaval de rua 15/2_16h: Matinê Info: (14) 3342-9200 FARtURA Com desfile de Blocos e shows, Fartura promete encantar a todos com festas nos quatro dias de folia. 14/2_ 21h às 03h: Desfile dos Blocos, show com Bentão e DJ Tuc (ambiente 2) 15/02_ 22h às 02h: Show com a Banda Ensaio Acústico e DJ Tuc (ambiente 2) 16/02_ 21h às 03h: Desfile dos Blocos, show com a Banda Leve Impressão e DJ Tuc (ambiente 2) 17/02_ 21h às 23h: Resultado dos Blocos lIns A cidade promove o seu 8º Carnaval de Rua com direito a desfiles escolas de samba. E
ainda promove bailes noturnos e matinês na Casa da Cultura. 14 a 16/2_ 20h30: carnaval de rua com desfile das escolas de samba de Lins 14 a 16/2_23h: Baile de Carnaval na Casa da Cultura 15 e 17/2_15h: Matinês na Casa da Cultura oURInHos Ourinhos promove a Festa do no Clube Ferroviário sob a animação do Grupo Tô no Meio, Praça Onze (Samba & Botequim), Juliane Spina e Cordão do Lalá, e Borogodó do Samba. Com início na parte da tarde, o local terá praça de alimentação. 14 a 16/2_17h: festa com grupos de samba 15 e 17/2_15h: festa com grupos de samba PIRAJU Concentrado na Praça Ataliba Leonel, o Carnaval de Piraju 2015 terá mistura de ritmos, com direito às músicas carnavalescas, shows ao vivo, DJs e micaretas sertanejas. 13/2_ 20h: Dj _23h: Banda Dona Benta 14/2_ 17h: Bloco do Valêncio (Coreto da praça) _18h: Marchinhas (rua do Comércio) _20H:Dj _21h: Micareta Sertaneja “Kaik e Alessandro” _23h: Banda Dona Benta 15/2_ 16h: matinê com Banda Dona Benta _20h: Dj _23h: Banda Dona Benta 16/2_ 20h: Dj _ 21h: Micareta Sertaneja “Kaik e Alessandro” 23h: Banda Dona Benta 17/2_ 16h: Matinê com Banda Dona Benta
agenda CARNAVAL
s tA CRUZ Do RIo PARDo A cidade promove seu carnaval popular com direito a desfile de Blocos no centro da cidade, show na Praça Dep. Leônidas Camarinha, matinês e bailes no Recinto José Rosso (Expopardo). Além das atrações públicas (grátis), Sta. Cruz tem o famoso Carnaval do Icaiçara Clube, com seu capricho na decoração, banda e o serviço de Bar do Barrica. 13, 14, 15 e 16/2_23h: Baile de Carnaval na Expopardo 15 e 17/2_ 14h: Matinês na Expopardo 14/2_20h: desfile dos Blocos Acogelc e Unidos do São José (da Av. Tiradentes até a praça de. Leônidas Camarinha) 15/02_20h: blocos Acadêmicos da Estação e Acogelc 16/02_20h: Unidos do São José e Acadêmicos da Estação 14 e 16/02_20h: Show com Borogodó do Samba na Praça Dep. Leônidas Camarinha 15/02_20h: Acogelc na praça Info: (14) 3372-1227 ICAIÇARA ClUBe 14 e 16/2_ 23h: Baile nos salões do Clube com decoração tropical, sorvetes, águas de coco e muito mais. Prêmios para blocos, fantasias e foliões. 15_15h: Matinê com a Banda. Info: 14 3372.1470 sÃo PeDRo Do tURVo O ritmo baiano do Axé Music dá o tom na Loka Folia, que acontece no Centro de Lazer. 14 a 16/2_23h: Baile com Banda Hemisfério Sul 15 e 17/2_15h: Matinês Info: 14 99891.2082
DIVUlGUe seU eVento AqUI! grátis! agenda@caderno360.com.br
P i n g o
A alegria dos contrastes
Saudades, muitas saudades do Alvinho. Todo fim de férias é assim, lembrou-se Pingo, que se sentia sem vida, sem ânimo. Olhou para um lado, viu Madona amuada num canto. Olhou para o outro, Mel, em pleno verão, enrolava-se, mudo. Bidu caminhava de orelhas baixas, olhos baixos, rabo baixo. Pingo foi dormir triste, porque estava triste, porque o mundo estava triste. Acordou com o ranger da porta, acordou com mil latidos, sabia que era Alvinho chegando, latiu também. Latiu, pulou, rolou com Alvinho pelo chão, fez muita, muita festa e saiu pra olhar o mundo. O dourado do sol estava mais forte, o azul do céu mais fundo, o verde tinha muitos verdes, as flores perfumavam, davam cor e Madona, Mel e Bidu estavam todos com as orelhas em pé, os olhos brilhando, os rabos abanando, contagiando o mundo de alegria. As férias terminaram, todos voltaram e Pingo, observador que é, pensou: Não há alegria maior do que a dada pelos contrastes. Latiu gostoso, alto, muitas vezes e sentiu-se em um coral, pois todos os cachorros latiam juntos. Au! Au! Au
arte: Sabato Visconti | 360
11 • meninada
12 • papo
• esportes
cabeça
• Música
O esporte da bola OVAL
*Priscila Manfrim
Fala, galera! Depois de não estar presente na edição de Janeiro do 360 (devido àquela moleza pós-réveillon), nossa coluna volta com tudo, com o intuito de ao longo desse 2015 trazer à vocês, queridos leitores, muita coisa bacana que acontece no mundo dos esportes. Por falar em coisa bacana, o maior evento esportivo do ano nos eUA acabou de rolar por lá: o SUPeRBoWl. Talvez você não tenha ideia do que se trata, pois explico: o Superbowl é a final da NFl (National Football league ou liga Nacional de Futebol Americano), onde o vencedor sagra-se campeão da temporada. Porém, é um evento de dimensões colossais, que vão muito além de uma final de campeonato – nesta edição, Katy Perry comandou o show no intervalo. o domingo de Superbowl é o equivalente à uma final de Copa do Mundo para nós, o país para, amigos e famílias se reúnem e comemoram. em uma leitura curiosa, descobri que a venda de antiácidos nos eUA aumenta em 20% na segunda-feira seguinte ao Superbowl. Neste ano, o New england Patriots (que aqui no Brasil ainda é mais conhecido por ser o time do marido da gisele Bündchen) se sagrou campeão pela 4a vez – o maior campeão é o Pittsburgh Steelers com 6 conquistas.
*Tiago Cachoni
Nosso artesão do POP Conheço razoavelmente o futebol americano, assisto aos domingos à noite quando estou “zapeando canais” e sei das regras básicas. Há alguns anos não perco o Superbowl, já que além das proporções do evento, os jogos são sempre eletrizantes até o final – este ano mesmo, foi de ficar sem fôlego até o último lance. Assim como eu, os brasileiros estão cada vez mais interessados pelo esporte da bola oval, a audiência da Tv aumentou 800% nos últimos 3 anos, e a tendência é que continue crescendo. Ao pesquisar um pouco mais sobre o esporte, fica fácil entender porque os americanos são tão apaixonados pelo “Football”, que curiosamente, se joga muito mais com as mãos do que com os pés.
*apaixonada por esportes que, recentemente colocou o “American Football” em sua longa lista de interesses
Corrida de BOIA Resultados A 28ª Corrida de Boia de santa Cruz do Rio Pardo, realizada em 25/2 foi um sucesso. Céu de brigadeiro, cerca de 300 participantes, entre os quais 40 mulheres disputando as medalhas femininas, fora as que integraram equipes mistas, a festa no Rio Pardo trouxe à cena os ve-lhos vencedores,lamosão(veteranos) e Covolan (Adulto Masc.). Maria Vitória(Adulto Fem.), Dyenifer Moura (Mirim Fem.), Rafael souza (Mirim Masc.) e a equipe os Cordeirostambém ficaram em primeiro lugar, ganhando trofeus e prêmios em dinheiro. Realizada pela sercretaria de esportesdo município, o evento teve apoio da special Dog, supermercado são sebastiãoe Caderno 360. E supervisão nota 10 da equipe do Corpo de Bombeiros da cidade.
Um dos primeiros discos que coloquei as mãos neste 2015 foi “luiz Maurício”, 20° disco de inéditas da longa carreira de lulu Santos. lançado em meados do ano passado, o álbum é mais uma boa peça na carreira do músico carioca, exímio guitarrista e artesão máximo do nosso pop. Detentor de um caminhão de hits (experimente ir a um show de lulu e verá que sabe cantar todas as músicas), lulu entrou num caminho meio errático após o estrondoso sucesso de seu Acústico MTV, de 2000. De lá para cá, foram cinco discos de inéditas – Programa (2002), Bugalu (2003), letra & Música (2005), longplay (2007) e Singular (2009) –, um segundo Acústico MTV (2010) e um projeto só com regravações de canções da dupla Roberto e erasmo Carlos (2013). Discos que passaram batidos, apesar de nenhum ser ruim, com poucos hits e pouca repercussão, atualmente esquecidos pelo próprio artista. este novo “luiz Maurício” parece se
guir pelo mesmo caminho, o que é uma pena. lançado de maneira discreta, não emplacou nenhum hit até agora (ao menos que eu tenha percebido), e lulu mais uma vez não parece muito preocupado em promovê-lo. o álbum, de belo projeto gráfico (a capa traz uma foto antiga, de lulu criança, na companhia de sua mãe), abre com uma versão remixada de “luiz Maurício” (mais um capítulo da velha parceria com o DJ Memê), pop pegajoso típico do carioca, com letra que dá uma cutucada em seus colegas oitentistas que abraçaram a nova onda conservadora (“não entendo de política / não tive educação / o que não quer dizer que vá confundir fato com boato”). “SDV (Segue de Volta?)”, parceria com Dadi (que já fez parte dos Novos Baianos e do Barão Vermelho), incomoda pela mania de querer fazer graça com redes sociais (facebook, twitter). “Michê (Chega de longe Bis)” traz a voz inconfundível de Mr. Catra. “Sócio do Amor” é candidata a hit, juntando-se às pops “Torpedo” e “Fogo Amigo”. É bastante improvável que isto aconteça, mas seria muito saudável que lulu Santos conseguisse garimpar um espaço neste mar de neosertanejo brega que assola nossas paradas de sucesso. estou aqui na torcida.
*músico que, vencido o preconceito adolescente e burro, passou a colecionar todos os discos do Lulu Santos
360_ Onde IR!
R e s tA U R A n t e s BeRnARDIno Donana_Peixes, risotos, massas. 3ª/sab: 18h_ 22h dom: 12h_15h | F: 14 3346.1888 IPAUssU Harpo's_Cozinha contemporânea caprichada de alto padrão em ambiente agradável e ótimo atendimneto. 6ª e sab: 19h_ 0h dom: 11h30_14h | F: 14 99853.0904 oURInHos la Parrilla_ Comida argentina. 3ª/sab: 11h_ 16h |19h dom: 11h _16h | F.: 14 3324.9075 sushi Ventura_Comida japonesa deliciosa. | 3ª a dom:19h_0h | F:14 98114.8015 PIRAJU Pirabar_ Almoço e casa noturna à beira do Paranapanema. 3ª a dom. |F: 14 3351.4387 taças e Cachaças_ Cachaças, petiscos, pratos. Atendimento Nota 10! 2ª_6ª: 18h | sab/dom: 10h | F: 14 3351.0811 stA. BÁRBARA nossa Chácara_Buffet de prratos quentes e saladas . Ligue antes de ir. Local bucólico dentro da cidade. 5ª a dom. | F: 14 3765.1545
stA. CRUZ Pizzaria Alcatéia_Pizzas crocantes, massas, carnes, peixes e saladas . 3ªdom. 19h _23h. F: 14 3372.2731 Rancho do Peixe_ Cozinha caseira caprichada. 2ª/dom. 8h30_14h30_ 2ª/sab. 17h30_ 0h. | F: 14 3372.4828 s. PeDRo Do tURVo Restaurante Rosinha _ Deliciosa comida caseira. 2ª a sáb: 11h30 às 15h | F: 14 3377.141 Pizzaria Camiloti _ De dia lanchonete e padaria. De 5a. a dom. Pizzaria | F: 14 3377.1113
B A Re s e l A n C He s
Bar do Celsão _ Drinks, assados, porções. 2º sáb. mês festa de rock. 22h às 4h | F: 14 998.352630 Casa da esfiha_Mais de 70 opções . | F: 14 3372.2915 espetinho Pilão e Cocho_Espetinhos, porções e acompanhamentos . 2ª a 6ª: 17h à 1h, sáb.: 11h à 1h e dom.: 16h à 1h | F: 14 3373.1041 london Chopp_Peetiscos, refeições e as mais variadas cervejas e drinks. • 3ª a 5ª (18h-0h), 6ª a dom. (17h2h30), almoço dom. (11h-15h). F: 14 3372.8677 nina lanches_ Tradição em lanches. Todo dia 18h_0h | F: 14 3372.6555 Posto 53 Crep's Bar_Crepes doces e salgados, petiscos e drinks variados. • 4ª a dom. (18h-0h | F: 14 3372.5656 treiler dos Amigos_Lanches e porções. Fecha às 3ªs-feiras. 18h30 à
0h30 | F: 14 3372.9297
oUtRos stA. CRUZ Frutaria do Baiano_ Frutas selecionadas. R. Mal. Bittencourt c/ R. Benjamin Constant 8h_ 23h. sorveteria União_ Sorvete artesanal e com ingredientes naturais. Todo dia 9h_23h | F: 14 3372.3644
sP 352 ‹o. qUAGlIAto› Restaurante Cruzadão _ Km 16: Restaurante 24h | F: 14 3372.1353. orquidário Restaurante Café_ Km 14: Lanches, sucos, refeições, orquidário. Todo dia 7h_19h | F: 14 99782.0043 Varanda do suco_Km 27,5: Refeições, sucos, salgados e doces. Todo dia. 9h_19h | F: 14 98125.3433 s. CRUZ-s—PeDRo Pesqueiro Paulo Andrade ; Peixes
frescos, aves e assados ‹ encomenda›. F: 14 99706.6518 IPAUssU—BAURU sP 225 ‹enG. JoÃo BAPtIstA Rennó› Paloma Graal Km 309 Praça de alimentação, loja, padaria e cafeteria. 24h | F: 14 3332.1033 Graal estação Kafé_Km 316: Museu , antiguidades, comida caipira. 24h | Maria Fumaça! F: 14 3372.1353 _24h | F: 14 3324.6319
Ro D oV IA s PIRAJU—oURInHos | sP 270 ‹RAPoso tAVARes› Cia. da Fazenda_Km 334: Lanches e refeições, pratos levando palmito. | F: 14 3346.1175
• LAZER • FESTAS
oURInHos—s.CRUZ
•IMÓVEIS_CONSTRuçãO
AVARÉ Di-Ferentti_Comida típica mexicana e outras gostosuras | 3ª a 6ª: 17h_0h sáb.:11h_1h30 - dom: 17h_23h | F: 14 3733.2928 BeRnARDIno Pastelaria Bagdá_ Me-lhor pastel da região 360. 2ª a sab. hor. cmercial. PIRAJU Adrenalina’s_ Tilápia no alho deliciosa. ötimo Atendimento. 2ª a sab. após 17h | F: 14 3351.3370 stA. CRUZ Bar da neusa ( sodrélia)_ Todo dia 8h_ 20h ou até o último cliente.
• SERVIçOS • AgR0_AMBIENTAL
• VAgAS_EMPREgOS
Estágio
Reciclagem Carvalho Souza Reciclagem Retirada de Descartes • • F: 14 99706.2655 Sta. Cruz do Rio Pardo
remuner ado
• jornalismo • publicidade • design gráfico Venha aprender diagramar jornais, fazer produção editorial,criar propagandas e tratar imagens. Carga horária compatível comhorários de estudos!
contato: 360@caderno360.com.br
14 • bem
viver
Daqui eu não saio! Daqui ninguém me tira!
arte: Franco Catalano Nardo | 360
*José Mário Rocha de Andrade
Meu irmão, o Dito, insistiu: “Estando em Bogotá, Colômbia, não deixe de visitar o Museu do Ouro. É fascinante, rico e fala sobre nós, os sul-americanos”. O Dito é um atento observador da vida, das pessoas, da natureza e seus frutos. Quando ele se encanta, segui-lo é preciso. É promessa de uma viagem na viagem, é ir ao encontro da alma do lugar. Dizer que o Museu do Ouro é rico é a cara da ironia e humor dos Andrades. Papai diria que há picardia na frase. Para ele, picardia era uma safadeza com elegância, um acorda aí, um chamamento para uma conversa antenada e esperta. Marê, prima querida e Andrade da gema, provoca: “Miami é a praia mais segura do Brasil. Você é brasileira? Ah! Vocês são muito ricos, cumprimentam os raros americanos de lá”. Picardia pura. Nós, os moleques da Santa Cruz na década de 60, éramos bons nisso. Tínhamos perguntas prontas para falar, por exemplo, de arte: “Você pinta como eu pinto? Eu não! O seu é brocha.” A picardia pode ser um antídoto a resgatar ermitões enfeitiçados das cavernas high tech do alheamento, mais conhecidas como smartphones. Talvez o Dito tenha usado o adjetivo rico como o fazem os povos de língua espanhola para algo que é mais que simplesmente bom, ou ótimo, é rico. Vale para um pensamento,
uma comida, um trabalho. Rico é o 360. Rica é a Flávia que o criou e produz cada edição com raro amor. O Dito disse mais: “O Museu do Ouro não deve nada aos melhores museus da Europa”. Em 1.500 a.C. os povos da América do Sul já trabalhavam com metais como o ouro e o cobre e os utilizavam na agricultura, na caça, moldavam joias e objetos sagrados. A viagem no Museu nos leva às técnicas de extração, a transpor a Cordilheira dos Andes, aos povos, a um sem número de peças habilmente trabalhadas em ouro. No fim, o encanto, o encontro com antepassados, uma identificação, muita emoção e, apesar do rico, da modernidade e sofisticação, uma ausência que o diferencia radicalmente dos melhores museus da Europa. Lembro-me da voz indignada do Dito voltando de uma viagem a Portugal: “É muito ouro. Ouro demais por lá. Ouro brasileiro. Chega a dar raiva. Levaram muito ouro daqui”. É isso o que não há nos museus daqui. Butim. Cadê os tesouros, as paredes, as colunas, os quadros gregos, egípcios, assírios, persas que ocupam salas e mais salas dos museus de Londres, Paris, Berlim? O Museu Nacional no Rio de Janeiro exibe dinossauros brasileiros, objetos, artes brasileiras. São assim os museus sul-americanos. Não exibem tesouros de outros povos, cobiçados e tomados como espólio de guerra.
Não fizemos isso. Nos museus europeus há picardia ao extremo. Elegância e glamour na safadeza e ganância dos conquistadores. A elite dos países em desenvolvimento se maravilha com o dourado de quem os espoliou e se morde em desdém com o atraso do seu país, do seu povo, do que restou dos índios dizimados, dos negros traficados, com os pobres que aspiram ascender degraus sociais em seus países. As sementes irão germinar, lançar raízes e dar frutos na terra onde forem lançadas. Aqui nascemos e crescemos fortes. Aqui moram brasileiros e gringos. Nosso país, que recebe e acolhe outros povos, exibe ao mundo os braços abertos do Cristo Redentor sobre a Guanabara, símbolo de boas vindas à natureza maravilhosa, à alegria do povo. É triste observar pais, muitos deles formados nas melhores Universidades do Brasil, as públicas, depreciarem a terra que os nutriu e instigarem seus filhos a lançar suas sementes nas terras dos povos que
tomaram ouro mundo afora e hoje rejeitam imigrantes das terras por eles espoliadas. O sentimento de pertencer a um lugar é construído. Meu filho não rejeita nada do bom feito lá, e sente orgulho do bom feito cá. O ar que respiro lá, eu não respiro como cá. “As aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá”. Picardia é bom e faz bem pra ser cantada e provocar. Há hoje muitos brasileiros ricos voando pra lá. Quanto pra ver, aprender e se deliciar. Aqui, uma terra de gente pelada e sem pudor. Foi assim que nos descobriram. É assim que eles ainda nos vêm, e é assim, sem pudor, que viajamos e aproveitamos tudo o que de bom eles têm. Sempre chegando de alguma viagem, picardia na alma, eu ouço o Dito e canto junto: “Daqui eu não saio, daqui ninguém me tira”. Uma pergunta: brasileiro rico é pleonasmo, ilusão, ou picardia? *médico santa-cruzense radicado em Campina | zemario@caderno360.com.br
ExplorE a sua bElEza Nova Coluna pra Você!
Aos 14 …anos por Paola Pegorer Manfrim
A Flávia criou essa coluna com base na experiência cinquentona dela. E este mês, me chamou pra falar de cuidados de beleza na "tenra idade" dos 14 anos.... Pra falar a verdade eu nunca fui daquelas meninas que tem uma necessaire (quase profissional) com muitos produtos pra beleza. Sempre gostei mais de ter coisas simples que uso no dia-a-dia, mas de um tempo pra cá descobri vários produtos que hoje não consigo mais ficar sem:
rápido e prático também). Spray facial: eu adoro e levo pra todo lugar, tenho um spray da Evian (que se acha em farmácia). Sempre passo depois de toda a maquiagem e antes. lápis de olho marrom: depois de descobrir o lápis marrom nunca mais usei o preto hahaha Acho que fica mais natural pra usar no dia-a-dia. iluminador:nunca tinha usado, mas aí vi uma amiga usando e hoje nunca fico sem, passo no canto da pálpebra e abaixo da sobrancelha.
moda, suas criações, histórias e artistas. Sem aprisionamentos, sem fashionismo. Apenas com uma vontade solta de estar bem, feliz e segura do meu traje.
Babados, misturas de cores e texturas. To fora. Claro que muita gente consegue acertar aqui e ali. Mas aos 50, quando mais discreta, na minha opinião, nelhor.
Onde pesquisar: Quanto mais penso no que gosto de vestir, mais me vem um nome à mente: gloria Coelho. Claro que muitos outros estilistas e grifes fizeram e fazem minha cabeça - Zoomp de Renato Kherlakian, Huis Clo, Osklen, Maria Bonita, Forum, na época do Tufi Duek, Mareu Nitcke (agora na Alpargatas, comandando roupas da Havaianas, conheçam!), Reinaldo lourenço. Mas as roupas da g sempre acabavam ganhando um ponto a mais. Ou muitos deles.
Bom, é isso gente... Foi a primeira vez que escrevo a coluna de beleza pro jornal e eu espero que alguma das dicas dos produtos ajude!!! Hahaha…
Aos 50 …anos por Flávia Manfrin
Já abordei aqui o que faço em termos de cuidados com a pele, estilo de maquiagem e vida. Cuidados com cabelos (brancos!) e tal. Muito bem, pele cuidada, cabelos arrumados, astral em dia, o que vai por cima? ROupas! Há tempos descobri-me básica e fascinadas por cortes mais retos, estruturas geométricas e tudo que traga uma boa dose de simplicidade, elegência e conforto.
Sabonete facial: uso um da Nívea pra peles mistas e oleosas toda vez antes de me maquiar ou mesmo quando acordo e antes de dormir... Acho que deixar a pele limpinha é o mais importante né? Tanto pra maquiagem ficar mais legal, quanto pro controle da oleosidade e de cravinhos e espinhas. Demaquilante:sempre uso porque assim a maquigem sai facinho e não fica nenhum restinho. Corretivo: uso todo dia pra cobrir as marquinhas e as espinhas. E o bom é que fica mais leve e natural do que usar uma base (e é bem mais
mas há que saber brilhar sem perder a elagância e, até, a classe. Nada de muito curtos (a não ser em situação de total descontração e lazer.
Essa empatia com o simples e chic sempre me garantiu evitar algo que acontece com muita gente: errar feio no traje. A dica é: entre cores berrantes e neutras. As segundas. Entre retos, evasês ou franzidos, os primeiros. Entre lisos e estampas… nem preciso falar, né? Se for pra misturar cores, listras, xadrezes e desenhos geométricos sempre garantem mais acerto que florais e rendados. Aliás, renda, tem que ser daquelas. E na medida. Desculpe quem adora um brocado,
isso não significa que não se pode ousar. Ah, isso se pode sempre. Ainda mais aos 50 com estampa de 35, 40, que é o que dizem. E com ume stilo de vida alegre, dinâmico e moderno. Neste caso, com ou sem dinheiro, me valho de algo que nunca sai de moda: bom senso, bom gosto e muitos, muitos olhares sobre à
Agora, se não dá pra ter gloria, nem os outros. Sem problemas. Adoro os básicos mais básicos da Hering (que perdeu a qualidade, diga-se) e ando me entendendo com roupas indianas, que fazem juz ao meu jeito meio riponga de viver atualmente. Principalmente pelo algodão e pelos delicados bordados. Elas me dão a impressão de que, velhinha, poderei viver como os gregos, enrolada em panos macios e perfumados. Ops, fui longe agora!