Circuito Cultural Paulista continua a garantir ótimos espetáculos para toda a região. Grátis! •p6
agronegócio_ A horta da escola agrícola Etec de Cerqueira César produz orgânicos há quase de 10 anos •p5
culinária_bolinho de couve-flor para comer sem culpa e com muito prazer. Acredite! •p6
foto: divulgação _ Circuito Cultural Paulista _ Gabriel Wickbold
cultura_ O
Grátis! pegue & leve
nº 1 24 maio 2016
Quando um homem ama sua terra ele se torna eterno
Caderno 360 Gostoso de ler . ANO 11
Distribuição: • Águas de Santa Bárbara • Assis • Areiópolis • Avaré • Bernardino de Campos • Botucatu • Cândido Mota • Canitar • Chavantes • Cerqueira César • Espírito Santo do Turvo • Fartura • Ibirarema • Ipaussu • Lins • Manduri • Óleo • Ourinhos • Palmital • Piraju • Sta Cruz do Rio Pardo • São Manuel • São Pedro do Turvo • Tatuí •Timburi
foto: Flavia Rocha | 360
Circulação Mensal: 8 mil exemplares
Pontos Rodoviários: • Cia. da Fazenda • Graal Estação Kafé • Orquidário Rest. Café • Rodoserv • RodoStar • Varanda do Suco On line: issuu.com/caderno360 facebook/caderno360
Não será apenas como um ator consagrado, de grande talento, respeitado e aclamado por todo o meio no seu país que Umberto Mag-
nani Netto, o Bertinho, será lembrado. Sua história de amor com sua cidade natal, Santa Cruz do Rio Pardo, faz dele o cidadão mais
ilustre que uma terra pode almejar conceber. Filho que honrou e exaltou sua cidade, cuidando dela como sua maior riqueza. •p7
2 • editorial Prazer. Não sou capaz de fazer este periódico sem sentir isso. Chego a pensar que em mesmo o amor é capaz de nos mover tanto quanto o prazer. Prazer de ser, prazer de estar. Há também o prazer de ter. Neste caso, por mais burguesa tenha sido minha vida, nada me dá mais prazer do que ter verdadeiros amigos. Gente, aliás, sempre foi o alicerce do meu prazer e deste trabalho. Falar para as pessoas, narrar para elas situações verdadeiras, visões e opiniões que valem a pena ser conhecidas, é para mim fonte de um prazer inenarrável. Imenso e profundo, para dizer o mínimo. Intenso e leve, para completar. E alegre também. Fazer cada edição do 360, por mais tenha que penar, sempre traz esse prazer forte e vigoroso, capaz de garantir a próxima, a próxima e a próxima edição.
vida – na arte e na valorização da obra do homem é sem dúvida um templo do prazer de ser e estar. E de ter também, num diferente caminho de consumo, onde já espaço para a saúde de ingredientes mais saudáveis, para o aproveitamento de objetos interessantes e para a arte. Arte, aquela da qual nos aproveitamos como público, que nos dá o prazer de apreciar e conviver. Acácio Pereira e Alexandre Stefani, artistas que iniciam o processo de integração das artes plásticas no cotidiano de um lugar onde se come, bebe, aprender, compra e se diverte, não deixam dúvidas quanto à sua arte para na pintura e na escultura, respectivamente. Observar suas obras é mergulhar no desconhecido e sedutor universo da magia, da beleza, da criação. E do imaginário e abstrato também.
Ao pesquisar as anteriores, em busca de imagens do meu querido amigo e companheiro de luta pela cidade e pela nossa natureza, mestre e ídolo do ser e estar Umberto Magnani, me deparei com fases e estruturas interessantes deste caderno 360 variedades dedicado às pessoas que vivem em pequenas cidades do interior.
A frase que ilustra esta página talvez sintetize o que Umberto nos provou ser mais importante na vida. Nosso aplauso para ele será eterno e repleto do prazer de vê-lo em cena, na vida e no palco. De pé, com vigor e muito prazer: Bravo, Umberto! Bravíssimo!!!
A correria de cada dia, que nos obriga a correr em busca de moeda para que a vida flua com responsabilidade, serenidade e dignidade, me impediu, como tem feito há tempos, de mergulhar calmamente nesse universo de dados e arte que se formou em 10 anos. Textos, ilustrações, fotos, design, muitas coisa para ver, revisitar. Essa mesma correria, porém, trouxe um prazer extra, que o leitor vai poder acompanhar nas próximas edições, já que é com uma parceria que o empreendimento leva a assinatura 360: a experiência de estar. Estar em casa, estar em meio à arte – música, escultura, pintura –, estar na rua, estar produzindo, estar bem. O Giro 360, um centro de negócios ancorado na alimentação – cozinha experimental e alimentos gostosos e saudáveis para sua
pazes de olhar a todos. Um exemplo de existência onde o prazer de ser e estar era visível, tanto na arte que produzia, quanto na terra onde foi criado, quanto no contato com cada um de nós. É a ele que dedicamos esta singela edição. Econômica em páginas e em tempo de produção, face aos novos projetos em tempos bicudos, mas repleta do prazer de ter conhecido e assistido a esse ser.
A arte que que nos atinge e nos transforma. Como nos mostrou ser capaz o cidadão que demonstrava o maior prazer em ser e estar na sua terra que já se ouviu falar, Bertinho Magnani, que agora é pura luz. Azul, no meu entender, qual o nosso majestoso céu santa-cruzense, qual seus incríveis olhos que sempre se mostraram ca-
Para completar a edição, o prazer de uma apagada couve flor ou de uma maçã, graças aos temperos e à criatividade que tratamos de reproduzir antes de partilhar, em gastronomia. As estripulias de Pingo, em meninada; as colunas dos jovens Shai e André, em papo cabeça; a agenda, com destaque para o Circuito Cultural Paulista; e alimentos orgânicos produzidos na horta da escola agrícola de Cerqueira César, em agronegócio. Boa leitura! Flávia Rocha Manfrin diretora-editora 360 • 360@caderno360.com.br
3 • bem
viver
José Mário Rocha de Andrade
O lugar onde tudo se conserta
Foi uma viagem ao passado, à Sta. Cruz dos anos 60. Encontrar aqueles carros americanos enormes de cores vivas brilhantes rodando orgulhosos com seus rabos de peixe imponentes e exibidos, os para-choques cromados reluzindo, carros conversíveis, um, mais um, infinitos passando alegres, lindos, extrovertidos, sem pressa, mostrando seu interior multicolor desenhado com charme, ostentando glamour, querendo aparecer, se mostrar, um contraste chocante com nossos carros modernos opacos de cores tímidas, inibidas, introvertidas, prata, chumbo, branco, preto, os tais tons pastéis querendo passar despercebidos, fechados em si, de interior invisível, velozes, querendo passar rápidos, desaparecer.
Alguém disse à minha esposa: quando for a Cuba, não se esqueça de usar batom vermelho. Um amigo me confidenciou: as mulheres de Cuba não são bonitas, mas dá vontade de namorar todas. Respira-se ali a sensualidade caribenha, a malemolência dos trópicos a seduzir ao som da deliciosa música que convida ao movimento, a dançar, à comunhão entre pessoas e a natureza. O conquistador espanhol gostava de namorar as nativas, as negras, e Cuba é essa mescla, contava o cubano enquanto dirigia seu Bel Air 55 conversível vermelho vivo brilhante branco e cromado com o ar marinho batendo em nossos rostos sob o céu azul e o sol que dá vida às cores e traz o calor bom. O conquistador português também gostava de namorar as nativas, as negras, e o Brasil também é essa mescla, disse eu procurando semelhanças. O conquistador inglês não gostava de namorar as nativas, as negras, e Austrália, Estados Unidos não são essa mescla, concordamos na boa conversa de que tanto o cubano gosta. Com suas cores vibrantes, seu povo alegre gosta de conversar,
Marcos 12 Vs: 31
foto: pesquisa Google
A Santa Cruz da minha infância chegou à memória com pessoas sentadas em cadeiras nas varandas, nas calçadas, em noites que nos pedem para sair. Via pessoas a caminhar e conversar em frente às casas abertas com seus jardins voltados para fora até que passava um desses carros exibidos de cores vivas, maravilhosos a desfilar e encantar na terra natal do Bertinho Magnani.
Ora, Ação!
mostrar a Havana deslumbrante construída antes da Revolução. É magia pura, arte, requinte e amor no melhor do ser humano. Mas há ali uma tristeza enorme. Desde a Revolução de Fidel Castro, desde 1960, nada se constrói, nada se compra em Cuba e muito se deteriora. Dói passear por construções maravilhosas em estado de decomposição. Não há dinheiro em Cuba. É estranho para nós, criados em uma sociedade capitalista, imaginar um país onde nada se mede com dinheiro. O valor não está na moeda. Há saúde, há educação, há moradia, os índices de mortalidade infantil, de escolaridade, de analfabetismo são todos melhores que os dos Estados Unidos, o país mais rico do mundo. Não há luxo, não há o que comprar, não há peças de reposição. Em Cuba tudo se conserta, não há outra maneira. _(continua no próximo 360) *médico santa-cruzense radicado em Campinas
e xpediente Caderno 360 é uma publicação mensal da eComunicação. Todos os direitos reservados. Tiragem: 8 mil exemplares. Distribuição gratuita. Redação-Colaboradores: Flávia Rocha Manfrin ‹editora, diretora de arte e jornalista responsável | Mtb 21563›,Odette Rocha Manfrin ‹receitas e separação›, André Andrade Santos ‹correspon-dente SP›, Paola Pegorer ‹repórter especial›. Colunistas: José Mário Rocha de Andrade, Priscila Manfrim, Fernanda Lira, Shai Oliva Alon e Adi Leite. Ilustradores: Franco Catalano Nardo, Waldomiro Neto e Sabato Visconti. Impressão: Fullgraphics. Artigos assinados não expressam necessariamente a opinião desta publicação. • Endereço: R. Cel.Julio Marcondes Salgado, 147/fundos — centro — cep 18900-000 — Santa Cruz do Rio Pardo/SP • Cartas/publicidade: 360@caderno360.com.br • F: 14 3372.3548 _14 99653.6463. 360_nº123_maio/2016
“Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que este.”
4 • ponto
de vista _ agenda cultural
Epetáculos da melhor qualidade Teatro infantil e adulto, circo, música e dança imperdíveis. Aproveite essa programação diferenciada, Grátis!
Tristes tempos pós-modernos Já abordada neste periódico, tiro da memória uma palestra sobre o Tempo Zero, fruto da modernidade, que nos trazia o desafio de sermos consistentes em nossas crenças, verdades e posturas para não ser desmascarado pelo efeito da tecnologia e da globalização dos tempos futuros. Professada por um especialista em marketing, a conversa nos indicava que tudo que somos estaria à mostra, sem tempo para ocultarmos ou disfarçarmos nossos defeitos. Ou seja, não dava mais para fingir ser bacana. Ou você agia como tal ou, nos novos tempos, seria desmascarado. Passados mais de 20 anos, vemos todo mundo hiper exposto e, infelizmente, a verdade que apareceria no mundo globalizado cedeu às investidas das máscaras cotidianas, rotativas que estampam tudo e todos, num carnaval de imagens falsas, pouco confiáveis ou apenas duvidosas. O afã por expor a si e a seus afetos de cada um tirou a importância dos fatos, atropelados por postagens sem fim de muito a dizer absolutamente nada. As redes sociais transformaram todo cidadão em personagem de “Caras”, numa alusão à publicação que cumpriu a tarefa mundial de disseminar forte e eficientemente o conceito de “celebridade”, onde mais importante que as obras e realizações de seus entrevistados era mostrá-los em casa, no quarto, no banho, no café da manhã, numa condição superficial e fútil de ser. A moda pegou e as pessoas comuns se sentem hoje satisfeitas em expor seus álbuns de festas e cenas em restaurantes nas redes sociais, festejando cada curtida ou comentário que recebem, numa triste ilusão de que têm alguma importância no mundo. O meio político, ávido por artimanhas, não escapou dos novos tempos. E com isso
agenda
arte: Franco Catalano Nardo | 360
* Fernanda Lira
vemos todo mundo mostrando tudo a toda hora. Inclusive personagens do comando do nosso país, do executivo, do legislativo e do judiciário. A mídia, que hoje parece ser outra coisa que não o jornalismo, aderiu à falta de qualquer pudor, assim como os internautas, e passou a publicar tudo o que lhe cai às mãos, sem o compromisso jornalístico da checagem dos fatos, liberando de vez as “barrigas”(como eram chamados os erros de informação na imprensa de outrora) e também os frutos de sua imaginação, criando cenários e valendose de termos hipotéticos em suas manchetes. “A conversa SUGERE que ...” em letras garrafais a estampar um dos maiores jornais do país é algo impensável numa escola digna de formar um jornalista. Seja como for, tá todo mundo exposto. Políticos, juízes, empresários e a própria imprensa. É certo que infelizmente, dada a pouca credibilidade que tomou conta da mídia e à preguiça de ler dos cidadãos mal alfabetizados, que pouco compreendem de textos, ainda mais dos que trazem articulações, o que funciona mesmo é o velho telefone sem fio, aquele que começa com “o limão queimou sua mão” e termina com “meu irmão comeu sua mãe. *jornalista paulistana que adora inteior
MAIO _junho
> avaré ¨Artes Plásticas: 2ª Exposição de Cerâmica. Homenagem à artista Maria Helena Furlan com trabalhos dela e de Rosangela de Oliveira, Bia Monteiro, Vivi Faria, Malu Faria, Marco A. Camargo e Xavier de Lima 20/05_16h. a partir de 20/5. Casa de Artes de Artesanato Floriza S. Fernandes ¨ Artes cênicas: Oficinas de história da arte e do teatro. Com a atriz avareense Dani Cor-
rêa. Interessados devem comparecer na Biblioteca Professor Francisco Rodrigues dos Santos, local das atividades. 28/5_9h30. Info: (14) 3711.2500 ramal 213 > bOtuCatu ¨Música e teatro: virada Cultural Paulista. Evento anual c/ espetáculos por 24 horas. Teatro Municipal 14/5: 18h30: Uma Arriscada Trama de Picadeiro e Asfalto, 20h30: Os remédios para o Amor - Quadrilha de Teatro
Notívagos Burlescos, 22h: Se fosse fácil não teria graça, 15/5: 2h(da manhã): Macbeth Decapitado, 11h: Poetinha Camará, 14h30: Orquestra Sinfônica Botucatu, 16h30: A bela e a Fera. Teatro Municipal – área externa15/5: 11h, 11h30, 13h30 e 14h: 13 Gotas (Projeto BuZum) > santa Cruz ¨Música e artesanato: Coreto em Canto. Show da Mama Vodoo, c/ Aline e Caiã Zanotto, Luis Henrique e Francinni Soret.
¨Circo: Circus.br. Com a Cia. Mimicalado. Homenagem aos circos itinerantes que se apresentam em cidades do interior do país. Com artistas que viajaram o mundo em diferentes companhias levando a linguagem universal do circo. 70 min. | Livre • bOtuCatu: 20/05_15h. Praça Rubião Júnior
¨Teatro: Pessoas sublimes. Doresdei é assassinada na, zona sul de São Paulo. Assim começa o espetáculo. Estamos falando do tempo “porque a maiorparte do tempo você não existiu e esteve morto”. 110 min. | 16 anos • Piraju:20/5_20h.Centro Conv. Dr. Richardison Louzada • OurInHOs: 21/5_20h30. Teatro Municipal Miguel Cury
¨Infantil: Pedro e o Lobo. A companhia lança mão de uma ação dinâmica e precisa das atrizes, com recursos do teatro físico e da comicidade. Com máscaras e adereços, elas imprimem um ritmo de aventura ao espetáculo, transformando a história em uma espécie de jogo. 53 min. | Livre • sta. Cruz: 22/5_17h. Palácio da Cultura Umberto Magnani
¨Dança: O Frevo é teu? Com Flaira Ferro. Teatro e dança em um solo interativo questionando a relação do povo com a dança popular. 50 Min. | Livre • s. ManuEL: 22/5 _ 21h Praça Dr.Pereira de Rezende
¨Música: baile dos Werneck. Com Marcio Werneck e banda. Homenagem aos ícones da
música dançante brasileira, numa releitura de grooves e do som dos grandes músicos internacionais do gênero, resgata o universo do funk, samba e soul brasileiros. Os músicos convidam todos para cair na dançal. 80 min. | Livre • sta. Cruz: 10/6_20h30 Palácio Cult. Umberto Magnani
¨Música: Maria Gadú. O show traz os maiores sucessos da artista e o repertório de “Guelã”, indicado ao Grammy Latino na categoria “Melhor Álbum de Música Popular Brasileira”. 90 min. | Livre • Ourinhos: 09/6_ 20h Recinto da FAPI • assIs: 10/6_21h Praça Walter Mansolellio • LIns: 11/6_ 20h30 Praça Joaquim Piza
5 • agronegócio
_ meio ambiente
ETEC de Cerqueira Cesar ensina com horta orgânica animais. “A produção orgânica não permite uso de produtos sintéticos. Você pode usar produtos químicos desde que sejam naturais, como a calda de pimenta, de sabão. Também a Santa Bárbara, que é uma planta inseticida, e esterco para fazer bio-fertilizantes. Fazemos caldas fito-protetoras, como o sulfato de cobre e o enxofre natural, são caldas fungicidas naturais. Apenas de fumo é proibido”, ensina. “Além disso respeitamos a sazonalidade. Não ficamos tentando produzir a cultura fora de época pois ficam mais suscetíveis às doenças”, inclui.
Projeto iniciado há cerca de 10 anos transformou a horta da escola agrícola em produtora de verduras livres de adubos e defensivos químicos sintéticos, reintroduzindo práticas anteriores à Revolução Verde, instaurada nos Estados Unidos e na Europa na década de 50 do século passado para aumentar a produção agrícola mundial tendo como base a indústrialização de fertilizantes e defensivos agrícolas, que trouxe consigo a inevitável presença de componentes tóxicos nos alimentos
foto: acervo Etec Cerqueria César
O agrônomo destaca que a agricultura orgânica baseia-se no fato de que a planta bem nutrida dificilmente fica doente. “Nosso único item do sistema convencional são as sementes. Principalmente para hortaliças, o mercado ainda é carente de oferta, porque é um pouco mais complicada”, diz.
Uma Kombi repleta de verduras graúdas, de um verde intenso e vistoso chama atenção de quem vai à Feira de Orgânicos de Avaré. A identificação logo permite entender que trata-se de uma sobra do que não é usado pela cozinha e pelos alunos, professores e profissionais que trabalham na escola agrícola de Cerqueira César. A melhor surpresa é saber que a horta que vende produtos sem uso de adubos e defensivos químicos, os temidos agrotóxicos, já soma quase 10 anos. Quem nos conta a história da horta é o professor Paulo Sérgio Beraldod e Moraes, da Etec Prefeito José Esteves, que responde pela horta da escola. “O projeto começou por volta de 2008, com os agrônomos Sérgio Augusto Faria (Guto) e Maria Cristina Marques, que hoje atuam na CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral) em Avaré e no Instituto Federal, respectivamente. A ideia inicial era desenvolver agro orgânica dentro das Etecs com o objetivo de obtermos certificação. Houve entraves que nos fizeram desistir da certificação, mas não de produzir sem uso de agrotóxicos. Já são quase 10 anos de produção, só de produtos naturais”, conta Beraldo, referindo-se ao projeto proposto para as Etecs com unidade agrícola na época. como é feita – Segundo o professor, a escola trabalha com resíduos vegetais e
O plantio de mudas de difentes *tipos no mesmo canteiro contribui para que a horta fique livre de pragas e doenças. O resultado é visível: verduras mais saudáveis e mais resistentes, que duram mais para o consumidor
*
Para quem quer criar sua própria horta orgânica, o professor Beraldo orienta a começar pelo solo. É preciso fazer uma coleta chamada amostra composta, tirando vários pontos de terra, tanto da parte mais superficial quanto mais profunda. “Com uns 300ml de solo do terreno, encaminhase para laboratórios através das Casas de Agricultura da cidade. Aí se obtém uma análise de micro e de macro ambiente, que vai permitir que se faça a correção do solo antes do plantio”, orienta lembrando que esse material tem que ser coletado com instrumentos limpos, inclusive sem resíduos de sabão. Colocado em sacos limpos para evitar distorções nos resultados. A correção do solo é feita com itens naturais. “A produção orgânica exige uma situação mais natural. Inclusive com um pouco de planta daninha, como tiririca, caruru. Depois que a planta está com desenvolvimento mais avançado, do meio para a frente, deixamos as plantas daninhas crescerem porque ajudam a manter uma condição ambiente. Também usamos para fazer palhada”, indica o professor. Segundo ele, as plantas ficam mais protegidas de pragas com o sistema de consórcio, onde se planta dois tipos de cultura no mesmo canteiro, além de rotação de culturas. “Muitas doenças acontecem devido à monocultura. Quando você diversifica, como na horta que tem 12 ou 13 culturas na mesma época e ainda as plantas daninhas, o nível populacional das pragas é mais baixo”, garante.
receita que deu certo – Apesar da resistência inicial que todo processo de mudança acaba causando, como bem lembraram Beraldo e Guto (cujas informaçãoes e dicas devem aparecer na próxima ediçã0), a horta da Etec de Cerqueira é uma consolidada prática de agricultura orgânica. “Temos uma área de 5 mil m2 de produção de alface (2 tipos), repolho, brócolis, couveflor, cenoura, beterraba, chuchu, pimenta, mandioca. A qualidade dos produtos é normal, sem grandes problemas de doenças, a dificuldade é com o controle de plantas daninhas. Aqui é uma escola, então, vamos tirando até a planta se desenvolver e depois deixamos. Fazemos capina manual, para
não danificar a cultura”, conta Beraldo. A rodução excedente é comercializada na quitanda da escola, para a comunidade escolar (alunos, pais de alunos, professores, funcionários), na Feira da Lua da cidade, às sextas-feiras, e agora também na Feira de Orgânicos de Avaré.
Onde comprar orgânicos na região BB CERQUEIRA CESAR_Feira da Lua -
BSANTA CRUZ_Giro 360. R. Conselheiro
produtos da Etec Prefeito José Esteves • 6ª-feira [16h/22h] - Av. José J. Esteves g 14 3714-6175 (Etec)
g14 996.536463 e 14 3372.2534
BAVARÉ_ Feira de Orgânicos • Pátio da CATI (R. Santa Catarina, 1901 – centro) • 34a-feira das 8h às 12h
Antonio Prado, 169 - centro.
BBOTUCATU_Bioloja • Sítio Bahia Bairro Demétria • Rod. Gastão Dal Farra, km 4 g14 3882-2753 - 14 78116842 (Nextel)
• gastronomia
Quitutes mais saudáveis Desde que abrimos o Giro 360, uma mistura de lazer e local de negócios onde funciona uma cozinha improvisada para servir a qualquer hora os apetites mais diversos, estamos em busca de quitutes com base em ingredientes saudáveis. E em menos de um mês já descobrimos o quanto é possível agradar os por Flávia Manfrin clientes com opções mais saudáveis de quitutes tradicionalmente mais calóricos e gordurosos, como os aperitivos e sobremesas. Nesta edição, apresentamos dois experimentos que agradaram bastante os primeiros a conferir o novo empreendimento de Sta. Cruz: croquetes de legumes, no caso couve-flor e brócolis. E maçã com calda de chocolate amargo com sorvete de creme, apresentada de forma coletiva. Só pra dar encerrar o jantar com um sabor doce.
Croquetes de couve-flor & brócolis
Maçãs com calda de chocolate e sorvete
receita da internet adapatad no Giro 360
receita de Flávia Manfrin para o Giro 360
_Ingredientes: • 1 couve flor sem os talos • 1 pacotinho de queijo ralado • 1 pequena porção de queijo gruyere ralado • 1 ovo • 1/2 cebola ralada ou batidinha • pires de cebolinha picadinha • 50g de farinha de rosca • amido de milho • 1 colher de azeite (caso faça assado) • sal a gosto • pimenta a gosto Preparo: Cozinhe a couve-flor e os outros legumes que queira misturar. Amasse com um garfo ou pique muito miudinho. Se preferir, use o espremedor de batatas. Adicione o sal, o ovo a cebolinha e a pimenta. Mexa. Adicione os queijos e a farinha de rosca. Mexa bem e forme os croquetes no formato que preferir. Use o azeite para pincelar, caso opte por fazer assado. E forre q forma com papel manteiga. Asse em forno 200• até dourar. Caso prefira fritar, esquente o óleo el fogo alto, polvinhe os croquetes com um pouquinho de amido e frite. Aocmpanhe com molhos da sua preferência. Nós usamos o tarê e o de pimenta vermelha bhut jolokia
_Ingredientes massa: • 1 maça cortada em fatias • 2 colheres de conhaque • 1 pitada de canela em pó • 1/2 barra de chocolate amargo (70% cacau) • 1/2 xícara de leite • 1/2 xícara de creme de leite • sorvete de creme Preparo calda: • derreta do chocolate e misture o creme de leite. Reserve Preparo: Numa panela quente salteie as maçãs e quando começarem a grudar adicione o conhaque e flambe (coloque fogo). Adicione então a canela, o leite e a calda de chocolate. Deixe reduzir um pouco até ficar cremoso. Sirva acompanhado de sorvete de creme.
fotos: Giro 360 _ divulgação
foto: Flavia Rocha | 360
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• cidadania
E o azul da nossa cidade ficou ainda mais intenso
foto: Flavia Rocha | 360
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* Foto produzida no momento em que Santa Cruz despediu-se de seu melhor cidadão * Bastava uma oportunidade para Umberto Magnani Netto, o grande ator conhecido em sua terra natal como Bertinho, fazer Santa Cruz do Rio Pardo e seus personagens antológicos ficarem conhecidos em outras bandas. Quando não, ele dava um jeito de falar daquela que talvez tenha sido a sua maior paixão: a terra onde nasceu. Fosse na televisão, no teatro ou no cinema, onde o ator consagrado por seu talento e por sua atividade no meio artístico, viveu profissionalmente até o último instante de vida, lá estava sua cidade, sempre linda e pontuada com destaque no cenário que ele traçava no imaginário das pessoas. Umberto foi um cidadão exemplar. Não apenas por fazer questão de levar para onde quer que fosse o nome e o orgulho que sentia por sua terra, a pequena Santa Cruz do Rio Pardo, “joia da Sorocabana” e “final da Castello Branco”, como é co-
nhecida. Ele fez questão de manter seu vínculo com a cidade e com sua gente. A ponto não apenas de tecer esforços para apresentar para seus consterrâneos a sua arte, como ainda para melhorar a cidade e conscientizar as pessoas da sua importância em mantê-la em plenas condições de preservação e progresso. Ele poderia ter optado por manter-se no confortável papel de embaixador da cidade para momentos de glórias e sucessos, mas preferiu exercer sua cidadania trabalhando por causas das quais nunca se esquivou, muito pelo contrário. Fazia questão de participar e posicionar-se a favor da cidade, como ficou notório na luta pela preservação do Rio Pardo. Não à toa, o teatro da cidade ganhou o nome de Palácio da Cultura Umberto Magnani Netto. Além da magnitude de sua trajetória profissional no meio artís-
tico, ele se esmerou em trazer para a cidade os mais capacitados profissionais para transformar o velho cinema no espaço cultural que hoje abriga todos os espetáculos que por aqui aportam. Também não negou aos conterrâneos a chance de tentar a vida na arte, abrindo portas para que aspirantes ao universo das artes cênicas e da dança pudessem ter uma oportunidade de aprendizado e de também brilhar em cena. Sua presença na velha terra natal era corriqueira. Com endereço fixo para abrigar toda a família e amigos, ele sempre escapava para a cidade quando podia. Vinha para o ficar o tempo que fosse possível. Circulava por todos os lugares com seu sorriso largo e o coração aberto, sempre pronto para conversar com quem quer que fosse. Sabia ouvir, sabia agradar, sabia experimentar as velhas e novas tradições do reduto caipira e
provinciano sem causar qualquer constrangimento aos que, ao contrário dele, pouco conheciam do mundo. Estar com ele era estar com um ser claramente mais iluminado, que desprendia sua luz à toda a volta, causando um conforto e ampliando o campo de visão de todos que se permitiam. Este jornal teve a grata satisfação de ter Umberto como mentor, leitor, assunto. Esta editora teve a honra de ser sua amiga, a oportunidade de trabalhar com ele em algumas ocasiões e a satisfação de militar ao seu lado em defesa do rio Pardo. De todos os momentos, uma graça. De todas as graças, um riso. De todo o riso, o incrível amor por sua terra. Não à toa, o céu de Santa Cruz do Rio Pardo ficou ainda mais azul. Umberto Magnani agora paira sobre nós com seu olhar doce, amável, complacente e zeloso, todo azul lápis de cor.
ATÉ A PRÓXIMA GRANDE VIAGEM, MEU AMIGO! Carol Fioratti - autora e diretora da série A Grande Viagem
O rosto de Magnani sempre me foi familiar. Como muitos brasileiros, cresci vendo Umberto dar vida a tantos personagens no cinema e na TV. Entretanto, foi quando decidi estudar teatro que nossos caminhos se cruzaram pela primeira vez. Fui convidada para fazer uma leitura dramática e lá estava ele, o ator convidado, tão paciente com aqueles estudantes que mergulhavam pela primeira vez
foto: divulgação Aurora Filmes
Tem pessoas que vêm para essa terra para serem mestres. Passam pelo mundo com a missão de ensinar. Umberto Magnani é uma dessas almas especiais. Não ensinava apenas a arte da interpretação, ensinava a arte de viver.
nas artes cênicas. Lembro-me dos seus olhos azuis olhando fundo nos meus enquanto líamos o texto. Lembro-me da gratidão que senti pela troca com um ator tão generoso. Alguns anos se passaram e eu não me tornei uma atriz, se-
gui a carreira de cineasta e roteirista. Criei uma série inspirada no meu avô, “A Grande Viagem”. E desde que viabilizamos a produção, não conseguia pensar em outra pessoa para o papel principal que não fosse o Umberto.
Insisti! Insisti muito para que desse certo essa parceria. E graças às mágicas da vida, muitas coincidências entre a história da série e a história de vida do Umberto fizeram com que ele embarcasse com a gente nessa jornada. Desde então ganhei dele o carinhoso apelido de Bruxinha. Na triste semana em que ele nos deixou, ouvi diversos diretores, teledramaturgos, atores, comentarem o quão especial era compartilhar um set ou um palco com o “Bertinho”. Eu tive o privilegio dessa experiência. Umberto, um homem com o dom de tocar a alma das pessoas, de transformar seu público pela honestidade de suas interpretações, de transformar colegas, parceiros e amigos, pela sua
Edson Pirolli _ acadêmico da UNESP especialista na questão ambiental do Rio Pardo Conheci o Umberto pessoalmente nas atividades realizadas em defesa do rio Pardo, contra a construção das PCHs. Já o conhecia da televisão, mas sequer imaginava que uma pessoa como ele, conhecida nacionalmente, participante do mundo de artistas e celebridades, pudesse ter o compromisso que tinha com um rio, com a natureza e com a sociedade de um município e de uma região do interior. Ele, com todo seu carisma, sabia como deixar claro para todos os participantes das audiências públicas relativas às hidrelétricas, a importância do rio Pardo na história das pessoas e para a natureza regional. Demonstrava a partir de toda sua sensibilidade e capacidade de interpretação daquilo que não é visível para os olhos, o quanto um rio corrente pode ser importante
para uma comunidade. E, a partir deste apoio e das ideias lúcidas trazidas por ele, conseguimos obter importantes vitórias contra a destruição de um rio que nada agregaria à comunidade e à sociedade regional ou ao patrimônio natural da bacia do rio Pardo. Então, desde aquele momento passei a admirá-lo ainda mais como pessoa, mais do que já o admirava como um ator consagrado. Atualmente, mesmo sem ser muito apegado a novelas, acompanhava seu trabalho, pois estava maravilhoso. No papel de Padre Romão, estava no ápice de uma carreira completa e muito bonita. Quis o destino que nos deixasse. E isso causou uma grande dor para todos. Uma sensação de que foi embora
cedo, de que ainda tinha muito mais para nos dar e mostrar. Mas, por outro lado, fica a certeza de que ele marcou sua passagem na vida de uma maneira indelével, muito intensa, com seus exemplos, com sua história, com a família que formou e com suas lutas. Para os moradores da bacia do rio Pardo, ele marcou ainda mais! Pois se as águas desse rio ainda são correntes, e se a comunidade ainda pode acessá-lo e nele desenvolver suas atividades tanto produtivas como de lazer, muito é devido à posição firme e às ideias claras que ele colocava nas reuniões em defesa do rio. Umberto muito obrigado por tudo que nos mostraste e ensinaste! Agora você não será mais visível para os nossos olhos. Mas estará para sempre em nossos corações!
foto: Flavia Rocha | 360
Umberto Magnani: o rio que passou em nossas vidas
alegria e generosidade. Eu saí do processo de filmagem de “A Grande Viagem”, uma pessoa diferente, uma pessoa melhor, e devo muito ao Umberto. De todas as artes que ele me ensinou a mais importante foi a da generosidade. Umberto era um artista da vida. Dominava a arte de contar histórias, a arte da alegria, a arte de emocionar, a arte de compartilhar generosidade. Vamos celebrar a vida desse grande ator, desse pai, marido, avô que amava sua família, desse colega alegre que
encantava seus parceiros, desse nativo de Santa Cruz do Rio Pardo apaixonado pela sua cidade, desse contador de histórias fictícias e reais, desse amigo raro e generoso, desse homem que veio a terra com a missão de ser mestre! Obrigada, Umberto! Faça uma boa viagem. Sua bruxinha, sentirá muito a sua falta! Guardo você na minha caixinha de memória, na minha arca de tesouros, junto com minhas maiores relíquias. Uma caixinha que permanecerá destrancada para eu poder resgatar sempre sua sabedoria e amizade.
Lição de cidadania Fragmentos extraídos de entrevista concedida por Umberto Magnani ao Caderno 360 em 2006, sobre a profissão de ator: “ Para ser ator é pré-requisito ser um cidadão consciente.” “ Acho que nunca fiquei mais de dois meses sem vir a Santa Cruz. O hábito é ao menos uma vez por mês.” “ É uma profissão de renúncias. Pode acontecer o que for, você tem que trabalhar, fazer o espetáculo, respeitar as pessoas que saíram de casa para ir ao teatro.” “ O poder público se desobrigou do incentivo às artes por meio das leis de incentivo, que não são obrigatórias.” “ Quando estava na escola (EAD) queria ir para o teatro Arena, que é um marco divisório no teatro brasileiro. Era 1968 e isso ajudou a complementar minha visão poliítica. Isso me fez entender melhor a minha profissão e a função do ator na sociedade. Você trabalha com o poder de levar o público a refletir a respeito das coisas.” “ Eu tenho consciência que o teatro me ajudou mais do que ajudei o teatro.” “ Não tem nada pior do que não entender uma obra. Tem que ser honesto para assumir isso e ir atrás do entendimento e, aí sim, passar para o público.” “ Fiquei com medo e inseguro no início. É uma insegurança que persiste até hoje porque é difícil ser ator. Você trabalha com muita reflexão e várias incertezas. Sempre tem uma peça nova e você está lá sozinho com uma plateia à sua frente. Claro que hoje a gente sabe como faz, mas o risco é constante. Sempre fugi da acomodação.” “ Não quero envelhecer como ator. Quero acompanhar as novas fórmulas, métodos, incorporar a vanguarda que há no mundo. Não sou daquele papo de “no meu tempo”.” “ Eu nunca abandonei um trabalho e muitas vezes o fim de um não coincide com o início do próximo. Você chega a ficar, 2, 3 meses sem trabalho. Tem que estar antenado com as mudanças e com o que há por vir a ser. Por exemplo, as questões ambientais podem suscitar textos que prevejam novas realidades no Brasil. Por isso é preciso estar informado. Isso nos torna cidadãos pensantes, que levam o pensar aos palcos, como se leva para a literatura, a música. Isso nos obriga a ser pensantes todo o tempo.” “ Acho possível e necessário conviver com pessoas de outra atividade profissional, porque é uma oportunidade de você acompanhar as evoluções e retrocessos da realidade.” “ Nunca fumei em cena. Isso acaba sendo uma prisão. Às vezes você quer fazer algo e não pode, por causa do reconhecimento público. É uma responsabilidade que se tem que ter.” “ O código que orienta o ator é o mesmo que orienta as outras profissões.
O mesmo dos gregos quando faziam as tragédias. O herói grego nunca se dava mal por um grave defeito, mas por excesso de virtude. Édipo é um exemplo.”
“ Não existem papéis menores, existem atores menores. Isso se aprende na escola ou com o amadurecimento. No teatro sou protagonista, na TV faço papéis secundários. O que devemos é fazer o papel de coadjuvante como se fosse um protagonista, por respeito ao público.”
“ Santa Cruz é uma paixão mesmo. Devo a ela o que consegui na profissão.
Ela me formou bem. Na minha classe da escola tinha filho de alfaiate, do rico empresário, o pessoal do “caixa” que não tinha sapatos, o negro, o branco, o japonês. Fazíamos tudo juntos, nunca me preocupei com diferenças, não vivi preconceitos. Em São Paulo, percebi que as pessoas não eram assim. Vi que eu era diferente, e para melhor. Isso me ajudou a ser ator, porque vivo sem barreiras para criar um personagem. Ainda sinto o mesmo frio na barriga, aquela ansiedade, quando estou pra vir para cá. Como um adolescente que vai encontrar a namorada.”
“ A intimidade com o rio Pardo, desde criança, criou um respeito recíproco. É um privilégio ter um rio despoluído passando dentro da cidade.”
Cenas do cidadão e artista Umberto Magnani, a partir do alto: feliz com a equipe da Aurora Filmes e da Special Dog, produtora e patrocinadora da série inédita “A Grande Viagem” em apresentação da sério para o povo da cidade; em sua incansável defesa pelo rio Pardo em reunião comunitária na Câmara de Vereadores de Sta. Cruz; durante debate com empreiteira na FAPI_Ourinhos; em reunião com presidente e técnicos da Cetesb, em São Paulo; durante evento no Colégio Camões,em Sta. Cruz, assumindo, emocionado, sua postura contra as hidrelétricas; e no último personagem, na TV Globo, um sujeito conciliador, defensor de um rio, franciscano. _fotos (exceto a da novela) : Flávia Rocha | 360
• Música
O Sol Há de Brilhar Mais Uma Vez Finalmente volto ao Brasil, calorosamente recebido por um clima quente que mais que rapidamente se torna um frio avassalador, com pouco tempo em mãos, mas cheio de recomendações e novas descobertas.
“Perto, tão perto do oásis no deserto Longe, tão longe de ir lá hoje Mora, demora O que é bom nunca é pra agora Quem me dera ir daqui pra fora.” Vida de Estrada, Diabo Na Cruz
Do antigo império Português trouxe comigo, além de boas garrafas de vinho do Porto e da tradicional Ginjinha, os sucessos contagiantes da excelente banda lusitana, Diabo Na Cruz. Prestigiando saudosistas tradições orais, musicais e instrumentais ao lado de elementos modernos da música indie, a Diabo Na Cruz, formada por Jorge Cruz em 2008, consegue reviver as antigas raízes da cultura Portuguesa e agradar ambos aos jovens e aos mais experientes ouvidos. Rock'n'roll tradicional da mais alta qualidade, com gostinho de novidade e sabor de bacalhau. Dito isso, minha metade jovem, sempre em busca da inovação, encontra-se ansiosa para escutar inteiramente ao novo CD, The Mountain Will Fall, do sempre refrescante e curioso produtor de Hip-Hop, DJ SHADOW. Sua primeira revelação, "Nobody Speak" - uma faixa inédita e bombástica, em conjunto com o supergrupo de rap, Run The Jewels - já está praticamente baixada em minha mente de tanto repetí-la com entusiasmo no youtube. Para os que desconhecem, é imprenscendivel constar que, apesar do ordinário nome artístico, DJ Shadow é um dos mais interessantes produtores do cenário musical contemporâneo, realizando parcerias musicais com Radiohead, Massive Attack, Beastie Boys e até mesmo um clipe com o incrível diretor de cinema, Wong Kar Wai. Finalmente fincando o pé no Brasil, ainda mantendo aquele outro pé na tradição, aproveito para elogiar o lindo album de Romulo Fróes, "Rei Vadio" (SESC), feito em homenagem à obra do mestre Nelson Cavaquinho. Com participações especiais de Criolo
• Cinema
Capitão América: um novo horizonte para a Marvel ONerdladoda *André Andrade Santos | correspondente 360
*Shai Oliva Alon
(que imita a voz única do grande sambista), Dona Inah e Ná Ozzetti, o disco permanece fiel à direção musical neo-MPB que Fróes tem construído junto com o parceiro Kiko Dinucci no último trabalho de Elza Soares (Mulher do Fim do Mundo, comentado na edição de dezembro) e em seu conjunto, Passo Torto. Apesar da voz límpida do cantor, os arranjos e a mixagem musical conseguem honrar o peculiar e perturbante espirito torto e angustiado de Nelson, deixando leves arrepios de prazer e tormento.
“Quando eu passoPerto das flores Quase elas dizem assim: Vai que amanhã enfeitaremos o seu fim.”
Força 6
Abril: Guerra Civil. Meu ingresso estava comprado desde o início da pré-venda e, para minha surpresa, ir ao cinema não foi fácil. Poucos dias antes de sentar na frente da telona, descobri que es-
O resultado é uma divisão entre os heróis, divididos entre o Time Capitão América (com Falcão, Homem Formiga, Gavião Arqueiro, Soldado In-
tava com DENGUE. Caro leitor, se você faz sua parte contra a dengue, meus parabéns. Se ainda não fez, por favor, trate de sumir com focos do mosquito porque essa doença é difícil. As dores no corpo são insanas e a sensação de que sua cabeça vai explodir a qualquer momento é constante. Nada legal.
vernal, Feiticeira Escarlate) e o Time Homem de Ferro (com Viúva Negra, Visão, Máquina de Combate, Pantera Negra e Homem Aranha). Stark se coloca ao lado do governo e passa a caçar seus companheiros que não aceitam as regras. Está declarada a Guerra Civil.
Como sou teimoso, fui ao cinema com dores e tudo. Mal podia virar os olhos para o lado que a dor característica da dengue vinha. Mas assisti ao filme todo minimizando meus movimentos. E que espetáculo eu pude presenciar.
Enquanto amizades são postas a prova, a Marvel nos apresenta dois novos elementos à mistura: o Pantera Negra, interpretado maestralmente por Chadwick Boseman, e mais um Homem Aranha, dessa vez, pelas mãos do jovem Tom Holland. Garanto a vocês que a nova encarnação do Amigão da Vizinhança fará vocês esquecerem as anteriores: é o Aranha definitivo.
foto: pesquisa Google
cabeça
foto: acervo pessoal Shai Oliva
10 • papo
"Eu e as Flores", Nelson Cavaquinho, na voz de Criolo e Romulo Fróes
O sambista afinal encontrou as flores e também seu fim, porém a sua obra permanece na imortalidade. E é com esse tema que eu decido celebrar o final desta coluna, recomendando o novo anime da Netflix, chamado AJIN, cujo foco é justamente a imortalidade. AJIN, uma impressionante e bem trabalhada animação japonesa de ficção científica, apresenta um futuro próximo no qual alguns poucos indivíduos descobrem que são incapazes de morrer. Estes indivíduos, conhecidos como Ajins, são descriminados como não-humanos, caçados e feitos de cobaias para experimentos científicos, até decidirem se revoltar. Polêmico, repleto de ação e com uma narrativa tão envolvente que paralisa, AJIN promete seguir o caminho do tão aclamado Death Note e se tornar o próximo grande anime popular para adultos. Por fim, os fãs do seriado Game of Thrones também comemoram a imortalidade. Junto com a volta do inverno, retorna a sexta temporada ao lado da presença heroica e querida de um tal João da Neve, para alegria da galera. O verão vai embora e eu fico com o Nelson.
“O sol dá de brilhar mais uma vez...”
*tradutor, estudante de cinema e músico independente, roga adeus ao verão enquanto se proteje do típico frio de Curitiba, cantando esperançosamente as letras de Nelson Cavaquinho
Guerra Civil é o maior acerto da Marvel. Mesmo com sinais de desgaste em Vingadores 2, a Casa das Ideias abre com tudo sua nova fase. Temos aqui quase todos os Vingadores reunidos (sem Hulk e Thor, por aí na Galáxia). A premissa: por todo o globo, heróis tem causados danos catastróficos (todo filme tem prédios caindo) e as baixas em civis preocupam os governos do mundo. Os impactos da ação descontrolada de super-humanos é o posto em cheque e a ONU intervém propondo uma legislação que limita quando os heróis deverão agir.
No geral, Guerra Civil vale cada centavo do ingresso. Pura diversão, com cenas de ação brilhantemente dirigidas pelos Irmãos Russo. O filme fecha com uma mudança profunda no Universo Marvel, e que nós teremos que aguardar para ver o desfecho em Vingadores: Guerra Infinita. Mês que vem, vamos com X-Men!
11 • meninada
TravaLínguas
Alvinho só P Esse não é bem um trava-línguas, pensou, está pensava i mais para um nó no cérebro. “Sabia que a mãe do nisso e fisabiá não sabia que o sabiá sabia assobiar”? Pronto, cava horas n já estou pronto para um trava-línguas difícil: a treinar g os trava- o “Três tigres tristes para três pratos de trigo. línguas: Três pratos de trigo para três “No vaso tigres tristes”. Descanso, destinha uma canso: “O doce perguntou pro aranha e doce, qual é o doce mais doce uma rã. que o doce de batata-doce? O arte: Sabato A rã arranha a doce respondeu pro doce, que o Visconti | 360 aranha. A aranha ardoce mais doce que o doce de ranha a rã”. batata-doce é o doce de doce de Em algum lugar leu que a língua tem o batata-doce”. Agora sim, vamos para o mais difícil de músculo mais forte do corpo. Pois agora há de ser o todos: “Um ninho de mafagafos, tinha sete mafagafimais rápido também e seguia: nhos. Quem desmafagar esses mafagafinhos bom des“Porco crespo e toco preto. Toco preto e porco crespo”. magafigador será”. Uau! Uau! Tô ficando bom! Au! Au! Latiu Pingo em resposta e pensou: Uau, uau? Cada flor do diagrama Quando a língua começava a travar, procurava uma mais Alvinho deve estar treinando a língua dos cachorros. Diz o Ditado: corresponde a uma letra. fácil: “O tempo perguntou ao tempo, quanto tempo o Decifre os três ditados populares que tempo tem? O tempo respondeu ao tempo, que não ensinam conceitos de Persistência, Consequência e Bondade. tinha tempo de ver quanto tempo o tempo tem”. W g u a m o l e e m
p e d r t a n t a t y q o a p r c o m e o b e o l h a r
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