nº 157
acontece_ cidades da região promovem eventos de artes, esportes e meio ambiente. Tudo grátis! •p10 exclusivo_a cobertura do
G
culinária_ receitas exclusivas do 7gastronomia por Alex Atala, criadas pelo chef Breno Berdu. Anote! •p8
Caderno 360 Gostoso de ler . Circulação Mensal: 6 mil exemplares Distribuição: • Águas de Santa Bárbara • Areiópolis • Assis • Avaré • Bernardino de Campos • Botucatu • Cândido Mota • Canitar • Cerqueira César • Chavantes • Espírito Santo do Turvo • Fartura • Ibirarema • Ipaussu • Manduri • Óleo • Ourinhos • Palmital • Piraju • Santa Cruz do Rio Pardo • São Manuel • São Pedro do Turvo •Timburi
foto: Flavia Manfrin | 360
Fru.to, o seminário que dá voz aos mais diversos atores da cadeia alimentar realizado em São Paulo •p5
! s i t rá
ANO 14
feveReiRo 2019
Movimentos ambientais defendem rios das barragens Quem vive ou frequenta a região do rio Pardo que nasce em Pardinho e deságua no rio Paranapanema, em Salto grande, sabe da rejeição das populações, autoridades e especialistas em relação à instalação de barragens nos rios Pardo e Paranapanema. Esses rios vêm sendo ameaçados por obras de grandes dimensões desde o início da década, numa luta no mínimo desleal a julgar
pela dificuldade de avanços tanto no campo jurídico, cujos desmandos e burocracias estão permitindo a construçã0 de uma delas, em Águas de Santa Bárbara – questionada judicialmente pelo órgão competente do Ministério Público, o GAEMA, e ainda não julgada –, como no campo político, pois apesar do apoio de prefeitos, vereadores, deputados, empresários, produtores rurais e milhares de eleitores, pro-
jetos de lei em defesa da preservação estão à deriva na ALESP e no Congresso Nacional. Especialistas alertam para o risco que essas barragens, consideradas antiquadas para a finalidade de gerar energia ou mesmo para garantir abastecimento hídrico, pois há alternativas mais modernas para suprir tais demandas, representam. O consenso pede a interrupção dessas obras e projetos. •p9
Pontos Rodoviários: • Cia da Fazenda • Graal Estação Kafé • Orquidário Cyber Café • RodoServ • RodoStar • Varanda do Suco Versão On line: issuu.com/caderno360 facebook/caderno360
concurso
Sua foto na capa do 360
autor: Rdorigo Salaro foto • Corrida de Boia no Rio Pardo - SCRP 10/12
2 • editorial
Hombridade
Característica de quem é destemido, corajoso, honrado, e que age e se comporta de modo í tegro e digno. No sentido figurado, indica a "nobreza da alma" de determinada pessoa, ou seja, a sua louvável altivez e grandeza de índole. imagem: arte sobre foto de Lula Marques publicada no DCM - Diário do Centro do Mundo diariodocentrodomundo.com.br
Nem sempre podemos nos entregar ao conforto da omissão. Nem à isenção de quem fica em cima do muro. Tomar partido, assumir posições, muitas vezes é imperativo. Calar-se diante de situações inadimissíveis pode até ser garantia para manter relações, mas pode colocar em risco a própria existência ou o papel social de uma pessoa. É o que ocorre com jornalistas. A crítica, mesmo num periódico comprometido com boas notícias, é fundamental para se exercer a função de reportar aos demais o que ocorre numa sociedade. Um periódico, seja ele digital, impresso ou eletrônico, mensal, quinzenal, anual até, deve, sempre partir de um olhar crítico sobre o a realidade. O pensamento crítico, ao contrário do que se busca afirmar subliminarmente, através das redes sociais e dos canais on line – que não promovem qualquer triagem de conteúdo a fim de evitar o elevadíssimo índice de mediocridade e banalidade atualmente nas telas –, é essencial para haver um mínimo de evolução numa época. Sem ele, não é possível sair-se bem em lugar nenhum. A não ser que se viva à mercê da sorte. O olhar jornalístico sobre o Brasil atual, nos obriga a admitir que uma nação não pode viver sem um líder e uma equipe capazes de colocar as coisas no melhor rumo, para que não se retroceda, não se navegue em círculos ou se fique à deriva. Em todo o
mundo, todos os povos almejam ampliar de capacidade para estar entre os mais bem estabelecidos do planeta. É esse o movimento de qualquer nação, em qualquer época. Seja no oriente ou no Ocidental, seja de forma tradicionalista ou na base da vanguarda, seja sob um regime comunista ou capitalis-ta… nenhum país dá as costas às competências que podem lhe colocar entre os melhores lugares para se viver. O Brasil, a julgar pelos primeiros 50 dias de um novo governo, eleito pela maioria dos brasileiros que fecharam os olhos e ouvidos para um discurso repleto de dogmas e crenças que colocam a maior parte desses próprios eleitores em situação desfavorável, corre o risco de naufragar no caminho do retrocesso a um ritmo impensável. A sequência de más notícias, capazes de encher de vergonha e preocupação todo brasileiro com um mínimo de conhecimento a respeito das questões que regem e importam à humanidade nos dias atuais e num futuro próximo, é cotidiana e em grande escala. A sucessão de fatos dando conta da incompatibilidade de cargos e competências, sensatez, além de muitas questões de ordem legal e moral, colocam todos os novos membros do governo no mesmo patamar: o da inadequação. Não se trata de assumir aqui um novo comportamento editorial, dando atenção à po-
lítica. Desde o seu lançamento, em dezembro de 2005, este periódico se abstém deste tema. Trata-se, sim, de não deixar de olhar para a realidade alarmante, pois traz um nível de violência e autoritarismo exacerbado, que está diante no nosso nariz, no nosso horizonte. Numa conjuntura como a atual, onde executivos do mais alto nível hierárquico sentem-se à vontade para expor sua indiferença ante à bárbarie cometida opor suas empresas cometem, como vimos no caso da Vale do Rio Doce, responsável pela tragédia que vitimou fatalmente mais de 300 pessoas em Brumadinho, MG, mais do que nunca, informar é preciso. Enquanto quase todos os grandes sites de notícias colocam em suas capas o noticiário lado a lado com fofocas de celebridades, muitos jornais impressos continuam lutando para manter o foco em reportar aos cidadãos aquilo que é sua razão de ser: o que acontece de relevante, seja em seu reduto, seja o seu país, seja no mundo. Naturalmente, é necessário que haja interesse por parte da sociedade em alimentarse da verdadeira informação. E engana-se quem acha que isso é perda de tempo, que ficou fora de moda ou tornou-se desnecessário. Um povo sem base crítica torna-se ignorante da realidade e, por isso, mais suscetível a tomar as decisões erradas e dar os piores passos. A conta da ignorância chega. E costuma ser alta. Nesta edição, com a convicção de que cumprimos nosso objetivo de ampliar a base crítica de pessoas que vivem em pequenas cidades brasileiras, merecedoras da mais ética postura editorial, trazemos informações verdadeiras e isentas, como fazemos há 14 anos, todos os meses.
Aproveite o olhar de nossos colunistas (em ponto de vista), que nos propõem uma reflexão a respeito do aqui e do agora. Aproveite a nova página de literatura, trazendo contos da época em que a riqueza de vocabulário era algo que todos almejavam por entender o quanto ajudam a alcançar a mais elevada compreensão. Este periódico traz ainda uma cobetura exclusiva de um dos eventos mais completos e antenados com as tendências atuais, onde deve imperar a sustentabilidade do planeta, o Seminário Fru.to, que pelo segundo ano reuniu pessoas que se destacam no país e no globo quando o asssunto é o alimento, veja em giro 360. Para completar, temos o Pingo fazendo estripulias, em meninada, e duas receitas maravilhosas, fáceis e exclusivas, cedidas pelo chef Breno Berdun, da equipe do estrelado Grupo D.O.M., do famoso chef Alex Atala, em gastronomia. Como não costuma deixar de ser, o 360 deste mês traz uma questão recorrente, importante para toda a região e ainda sem solução: os projetos de barragens nos rios Pardo e Paranapanema, mostrando por que há tanta gente organizada em movimentos contrários a esses projetos, como vemos em meio ambiente. Com a consciência que estamos vivendo um tempo de grande responsabilidade sobre o rumo das nossas vidas, cidades, Estados e país. E sem perder a capacidade de encarar as preocupações, atribulações, decisões e posicionamentos mantendo o espírito capaz de brincar a mais linda festa popular do planeta, que é o Carnaval, desejo a todos uma boa leitura! Flávia Manfrin editora 360 • 360@caderno360.com.br
3 • literatura
Reprodução de crônicas do livro Contos e Causos, de Wilson Gonçalves, cujo centenário é comemorado em 2019, originalmente publicadas no jornal Debate entre .... e ....
Matar a cobra e mostrar o pau Um chegava de São Paulo à estação Sorocabana de Bernardino de Campos. Fora à capital comprar produtos farmacêuticos, farmacêutico que era. O outro, fazendeiro, chegava no trem dos ertão, que vinha em sentido contrário. Fora ver terras, para comprar, no fim da linha. Assim a coincidência levaram-nos a se encontrar na estação. Velhos conhecidos, ferraram numa conversa de esperar trem. Aguardavam a saída do ramalzinho para Santa Cruz.
mil réis. Onde vai parar isso? E o preço da terra? – fala o outro. – Tiveram a coragem de me pedir por umas matas, quase a conto de réis o alqueire, com documentação duvidosa. Absurdo. O trem corria sacolejante, bitolado pelos trilhos. Vez que outra o maquinista dava apitos, alerta que só o condutor sabia porquê. Agora, outro apito, mais longo, meio insistente. É o anúncio da chegada da composição à estação de Francisco Sodré, em Sodrélia. Pára poucos minutos. Descem alguns passageiros da segunda classe. Novo apito, nova partida.
A Maria Fumaça dá um silvado sem afinação, inciam-se os movimentos dos grandes pistões da antiga locomotiva: vapores escapam sobre pressão das laterais da máquina. Sucessivos resfolegares e o trem se descola aumentando a velocidade paulatinamente.
Os amigos, no vagão da primeira classe, conversam frivolidades, terapia formidável para quem tem cabeça quente.
Nesta altura, os amigos, ambos os dois, ajeitam-se em incômodas oltronas de palhinha da primeira classe e continuam a conversa animadamente: São Paulo está um horror – comenta o farmacêutico, um senhor alto, meia idade, corpulento e corado. – O bonde a quinhentos réis a passagem. Qualquer corridinha de automóvel, cinco
Conversa vai, conversa vem, fala o fazendeiro: Você não vai acreditar, mas é verdade. Detesto mentiras. Sou de matar a cobra e mostrar o pau. Rato, lá na fazenda, está uma praga. Não há como combatê-los. Não sei, inventaram tudo, mas raticida, não. Os ratos, todo mundo sabe, é fonte de transmissão de
doenças. Não bastasse isso, atacam os cereais, o arroz, o milho e outros grãos do paiol, nas tulhas, nos armazens. Um inferno. Não havendo recursos químicos de combate aos danados dos roedores, a solução seria lançar mão do gato, seu inimido natural! Fí-lo. Arranjei gato de todo jeito,a té um angorá, cujo berço de ancestrais foi Ankara, na Turquia. Conversando com um vizinho, alertoume ele que gato angorá é enfeite. E era verdade. O tal bichano passava o dia enrodilhado nas poltronas da casa ou a violinar com o rabo eriçado as pernas das visitas num declarado sinal de amizade. Angorá, dizia o vizinho, come quibe, não come rato. Tem nojo, mas escuta aqui, disse-me ele. Gato de caça é gato de três cores: branco, amarelo e preto. É marca registrada. Inclusive, amanhã, trar-lhe-ei uma gata dessa raça, prenhe, chegadinha. De fato, no dia seguinte, recebo o presente da gata. Levei-a à tulha, onde melhor ficaria agasalhada. Dois ou três dias depois, a gata crious eus lindos
e xpediente O Caderno 360 é uma publicação mensal da eComunicação. Todos os direitos reservados. Tiragem: 6 mil exemplares. Distribuição gratuita. Redação-Colaboradores: Flávia Rocha Manfrin ‹editora, diretora de arte e jornalista responsável | Mtb 21563›,Odette Rocha Manfrin ‹receitas e separação›, André Andrade Santos ‹correspondente SP›. Colunistas: José Mário Rocha de Andrade e Fernanda Lira. Ilustrador: Sabato Visconti. Impressão: Fullgraphics. Artigos assinados são de responsabilidade de seus autores. • Endereço: R. Cel. Julio Marcondes Salgado, 147 — centro — 18900-000 — Santa Cruz do Rio Pardo/SP • F/WHATS: 14 99653.6463. Cartas/publicidade: caderno360_nº157_FEVEREIRO 2019
Os 100 anos do Professor gatinhos, todos pintados. Pensei comigo e meus botões: agora estou feito. Ai da ratalhada! Interessado que estava, passei a vigiar a gata e os filhotes. Logo no primeiro dia, morreu um gatinho. É natural. Numa barrigada nem todas as criaturas são fortes. No segundo dia, outro gatinho morto. No terceiro, no quarto, no quinto. Cada dia morria um gatinho. Nesta altura, pensei: neste mato há coelho. Fui policiar. Escondi-me na tulha e lá fiquei mais de hora observando a gata e o gatinho restante, bem aniquilado. Daqui a pouco começaram a aparecer ratinhos, sim, ratinhos e se aconchegavam junto da gata, fazendo concorrência aos filhotes naturais, os gatinhos. Daí a mortandade. Neste passo, o farmacêutico, homem sério, de pouca prosa, não aguentou: – Mas seu Zorião, tenha a santa paciência. Rato mamar no gato? Essa não! É demais de forte. – Ora, você não acredita? Vamos comigo amanhã lá na fazenda e quero mudar de nome se lá não estiver a gata no quintal e seis ratinhos andando atrás. Eu já disse, mato a cobra mostro o pau.
4 • ponto
de vista
*José Mário Rochade Andrade
embates e Debates
Há um livro infantil que questiona com muita criatividade: o escuro pode ser claro? O quente pode ser frio? O macio pode ser duro? Como tudo é relativo, a resposta é sempre sim. Um dia caiu em minhas mãos uma Revista Superinteressante explicando a origem da palavra Escola, um local clássico para ensinamentos e questionamentos.
sem costuras, discutindo sobre as origens do Universo, da vida, debates de onde saíram os fundamentos da nossa cultura ocidental. Para os trabalhadores que suavam de sol a sol na lavoura, na carpintaria, esses adultos que viviam pelas ruas passeando e conversando viviam no ócio e é esse o significado original da palavra Escola: lugar do ócio. Onde as pessoas refletem e debatem. Debate é uma discussão entre duas, ou mais pessoas, com o objetivo de expor e esclarecer opiniões, ou ideias divergentes, espaço em que pessoas com pontos de vista diferentes possam apresentar os seus argumentos e esclarecer dúvidas. E embate?
Coisa dos gregos da Grécia clássica, 2.500 anos atrás, quando Platão, que fundou sua Academia em homenagem a um de seus alunos, Academus, depois Aristóteles, caminhavam pelas ruas de Atenas com seus alunos adultos, vestindo seus quitons, uma espécie de túnica
Embate vem de encontro violento, choque, duelo, embate entre jogadores. Quando você vai para um embate você vai para vencer, não vai para ouvir o outro. Lembra um livro do Schopenhauer: “Dez maneiras de vencer uma discussão, mesmo sem ter razão”. Ninguém vai
Vivemos em um mundo em questionamentos. Parece que voltamos à infância no tempo dos porquês. Mas... por que? Há uma idade em que para qualquer frase que se diga à criança, a resposta é uma pergunta: Por que?
Matheus 11 VS 28
Ora ação!
* Fernanda Lira
a um embate para esclarecer dúvidas. Você vai para vencer armado de certezas. Em minha infância escutei algumas vezes o professor dizer: “quando um burro fala, o outro abaixa as orelhas”. Era a deixa para fazer silêncio e escutar. Hoje, nesse Brasil intolerante de ouvidos moucos, surdos, em que vivemos, não existe mais o debate, vivemos armados de certezas para o embate e poderíamos substituir a frase do professor: “quando um burro fala, o outro burro só dá coice”. A escola sempre foi um local para refletir e debater e era uma delícia quando o professor fazia uma pausa na matemática, no português e conversava sobre assuntos do Brasil, da vida, do mundo. Um genuíno local do ócio, onde a reflexão e o debate eram livres. A escola ensina o aluno a pensar, a refletir, dá instrumentos para isso, dá formação e não somente conhecimento, cria adultos patriotas, que
amam o seu país porque tiveram liberdade em lidar com a verdade e não com aqueles ensinamentos das antigas aulas de Educação Moral e Cívica que ensinavam a história oficial para, mais tarde, descobrir que aquilo não eram aulas, eram propaganda. Dizer “a verdade vos libertará” vale para a religião, onde há dogmas onde não cabem questionamentos. Nenhum cristão questiona se Jesus é Deus. É Deus e ponto final. Mas as verdades desse nosso mundo... Ah! Que venham os debates pois o “maior inimigo da verdade não são as mentiras, são as convicções” e quem vem armado de verdades, não vem para debates, vem para os embates e é um burro que só dá coices. *médico santa-cruzense radicado em Campinas
Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei."
o Ceo capanga e capenga
CEO. Afinal o isso significa? É uma sigla em inglês que indica o mais alto grau de poder numa organização: Chef Executive Officer (em tradução literal Chefe Executivo), criada para indicar quem dentre tantos chefes de empresas multinacionais, manda mais e está acima de todos hierarquicamente. Como chefes máximos de uma organização, CEOs são pessoas de grande competência. E naturalmente, seus ganhos são proporcionais à sua importância e responsabilidade. Assim como seu prestígio. Soa meio cafona um time de futebol ou uma empresa nacional ter um CEO. Mas a vaidade fala mais alto e é assim que pessoas que poderiam ser o “presidente”, recebem este título. É o caso do Flamengo, o time de futebol carioca que já foi o mais popular do planeta. Também a Vale do Rio Doce, a antiga empresa de mineração estatal, que foi vendida a grupos internacionais, tem o seu CEO, naturalmente. Com tanta organização hierárquica, tanto num clube esportivo quanto numa mineradora munitinacional, é natural que espere-se atitudes exemplares dessas organizações, inclusive no que diz respeito à segurança. Assim como é esperado que seus CEOs saibam portar-se dignamente, assumindo do alto de seu poder, todos os méritos e, naturalmente, responsabilidade sobre aqueles que lhes servem. Não é o que ocorre nesse nosso triste cenário tupiniquim. Em menos de um mês, essas essas
duas organizações foram capazes de ostentar as mais graves trafédias que se possa imaginar, a ponto de configurarem-se assassinatos. Em número proporcional às suas equipes, 10 jovens esportistas no Flamengo e mais de 300 pessoas, em Brumadinho, a maioria funcionários da Vale do Rio Doce, as duas organizações poderiam ter evitado todas essas mortes. Acidente é uma coisa. Tragédia é outra. A tragédia pode pode ser natural, como um grande tsunami, a erupção de um vulcão, um incêndio devido à estiagem, algo imprevisível e inevitável. Mas a tragédia também pode ser provocada por um acidente. Já o acidente, este pode – e deve, segundo a lei – ser evitado. Não podemos agir confrontando as regras de segurança, mesmo em questões que acreditamos sermos capazes de infringir a lei sem causar uma tragédia. Colocar em risco a vida de qualquer outro pessoa transgredindo regras de segurança, é mais que uma grande irresponsabilidade. É crime. E quando resulta em mortes, é crime digno das mais severas punições. Ainda mais quando se trata de organizações tão bem estruturadas e endinheiradas a ponto de ostentarem um CEO. Naturalmente, não significa que o representante máximo deva assumir sozinho todo o fardo do erro de uma organização. Afinal, apesar do título “Executivo”, ele pouco faz. Ele dele-
ga. E seus subordinados diretos, todos, devem assumir a responsabilidade dos resultados, sejam elas bons ou trágicos. Mas, a responsabilidade máxima, naturalmente, recai sobre todo e qualquer manda-chuva. É o ônus do cargo, do poder. No caso de Brumadinho e do Flamengo, a responsabilidade também deve recair sobre as autoridades que permitiram o descumprimento de normas de segurança. De nada vale fiscalizar e emitir laudos de insegurança sem evacuar os locais até que as providências sejam efetivamente tomadas. Prazos para adequação, nesses casos, nunca deveriam existir.
Ocorre que vivemos numa sociedade onde o que menos importa são os outros. E o que mais importa é a nossa própria vaidade. Quando o CEO da Vale do Rio Doce, ao contrário de todos os presentes, manteve-se sentado em memória de todos os mortos que poderiam estar vivos fosse ele um competente Chief Executive Officer, prefiro pensar que em vez da indiferença de quem se sente acima de todos, acometeu-lhe tamanha vergonha e medo das consequências que fraquejou a ponto de não conseguir manter-se sobre as próprias pernas. *jornalista paulistana que adora o interior
5 • giro
360
O que e quanto você come importa mais do que você pensa
O que você come? De onde vem o que você come? Quanto vale o que você come? Quanto você paga pelo que come?
A diversidade de produtos que podemos consumir para nos mantermos vivos e saudáveis parece ser infinita. Assim como a capacidade humana para fazer do que nasce da terra algo delicioso. Seja através do trato culinário ou do processamento industrial, tudo que se busca quando se pensa em alimento é destacar o seu sabor. Em segundo plano, aparece o quanto consumí-los pesa na balança. Acontece que a questão é muito mais abrangente, tanto do ponto de vista dos efeitos do alimento em nossas vidas individuais, quanto no que eles representam como fonte de condição humana para sobreviver, viver, prosperar. Afinal, talvez eles representem o maior volume de negócios em todo o planeta. Pensar o alimento, segundo o Seminário Fru.to - Diálogos do Alimento propõe, é além de tudo ou antes de mais nada, pensar na preservação humana como centro de todo o meio em que vivemos. Seja vislumbrando novos meios de produção agrícola, mais capazes de garantir a qualidade do solo, das águas e do ar e também de resultar em produtos mais saudáveis para nos manter livres de doenças e outros males, seja refletindo a respeito das práticas industriais e seus efeitos, seja, ainda verificando como governos tratam as mais variáveis questões que envolvem o alimento, é em torno da qualidade de vida humana que tudo parece girar. E para que isso se aplique a todos, sem exceção, é preciso ponderar a respeito e mudar. Assumir uma visão que mesmo focada no humano, contempla toda a natureza. Afinal, é dela que advém o nosso pão de cada dia. Um novo olhar para o alimento. O distanciamento humano das lavouras desde
a comunidade indígena por sua importância cultural e pelas relações com o alimento
*
de todo lugar, sendo produzida de modo tão diverso.
foto: Flavia Manfrin | 360
Essas perguntas básicas talvez sejam suficientes para sintetizar a profunda e ampla reflexão que o seminário Fru.to – Diálogos do Alimento –, provoca em cada um que ali coloca olhos e ouvidos abertos. Perguntas simples, porém, complexas. Um paradoxo que vale a pena encararmos, nós, brasileiros, que mesmo vivendo tão próximos aos meios produtivos de alimentos pouca atenção lhes damos. Uma horta, uma estufa, uma criação, uma, duas, três… tantas lavouras. Tão perto e ao mesmo tão distante dos nossos olhos e do nosso entendimento.
Or organizadores e principais *convidados do Fru.to: reverenciando
a infância, num país predominante agrícola, é algo que aparece como alerta. Assim, como a pequena variedade de ingredientes presente em quase todos os alimentos industrializados, capazes de nos fazer muito mal se consumidos em larga escala, o que acaba acontecendo, já que tudo que é processado é feito da mesma coisa, apesar de revestido de texturas e sabores diversos. Em três dias, o Fru.to reuniu masid e 40 pessoas com experiências e origens distintas para falar para um público de 300 convidados, gente que atua no setor de alguma maneira, inclusive na imprensa. Foram 26 apresentações de 15 minutos cada em dois dias e três rodas de conversas no terceiro dia, tudo entremeado pelos melhores coffee breaks e almoços que se possa imaginar, afinal, estavam ali, trabalhando no feriado paulistano de 25/1, além do sábado e domingo, 26 e 27, profissionais das cozinhas do grupo D.O.M., do estrelado chef Alex Atala.
Todos com uma disposição fora do comum, ainda mais para quem trabalha num feriado prolongado numa ação praticamente beneficente, afinal, e ideia ali não era ganhar dinheiro, mas promover uma evolução no modo como tratamos os alimentos, quem os produz e quem os consome. No Brasil e no mundo. De onde ele vem. Para onde ele vai, O que ele causa em mim, em quem produz, no planeta. Quando pensamos no que comemos, se fizermos uma lista, é quase certo que apareçam alimentos vindos de todo lugar. Inclusive de países e povos distantes. Bacalhau, sardinha, azeite, azeitona, salmão… de onde vem o que comemos? E o trigo? O arroz, o feijão? Como trabalham as pessoas que produzem esses alimentos? A soja, o milho, o café? Como cuidam do que plantam? Da alface, da rúcula, do agrião? Como colhem e transportam e por quanto vendem? O tomate, a cebola, o bife, as batatas? Tanta coisa vindo
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Tudo que diz respeito ao alimento parece ser infinito. Inclusive a questão do valor, seja nutricional, material ou cultural. Quanto vale o milho rústico, produzido em pequena escala e sem uso de agrotóxicos? Quanto vale a comida sem veneno? Quanto vale comer o que não faz mal? E quanto nos custa o alimento produzido com ingredientes químicos que pode afetar nossa saúde? Que preço pagamos por produtos que nos engordam? E quanto merece ganhar o produtor? O profissional, tratado como “homem do campo”, que trabalha no risco dos preços variáveis segundo as safra e o clima? Sem qualquer garantia? Quanto merece ganhar o distribuidor? O revendedor, que compra de tudo sem saber se vai vender? E nós? Qual o valor justo? O Fru.to coloca todas essas questões à mostra, para que cada um possa refletir e opiniar e agir por conta própria. Você é convidado a ouvir, pensar e decidir o que come, o que compr, o que produz. Essa liberdade de escolha você faz sem precisar sair da sua casa.
A chef Paola Carosella defendeu a *criação de políticas públicas que proibam o uso de agrotóxicos em excesso, entre outras medidas em benefício da qualidade dos alimentos. Abaixo, o brinde do evento: adubo feito da compostagem das sobras do que foi servido duranta o Fru.to
*
A dieta das classes menos favorecidas também levou ao palco do Fru.to a estudante Ariane Fachinetto, que traçou um cenário bastante distante do anunciado pelo PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), do Ministério da Educação, representado por Juarez Calil Alexandre. “Na escola, uma placa anunciava um cardápio de refeição completa, mas recebíamos bolachas”, informou a jovem que só na adolescência tomou consciência dos seus maus hábitos alimentares, já que em razão da pouca renda, sua mãe comprava apenas arroz, feijão, macarrão e carne, deixando de lado toda a gama de legumes e verduras.
fotos: Flavia Manfrin | 360
Porque inteligentemente, o Fru.to se faz acessível a todos, sem distinção. Todas as palestras estão disponíveis no youtube, de graça, na íntegra. “Assisti a tudo do Fru.to de 2018”, disse Manuela Andrade, que me ajudou na cobertura da edição 2019. (youtu.be/bcVKIKvK46Y) Assim como seus organizadores, profissionais do Instituto ATÁ, organização focada na produção de alimentos brasileiros, dirigida por Atala e por Felipe Ribemboin, fazem um balanço dos principais pontos do Fru.to, este periódico saiu do seminário com uma lista de pautas para esta e próximas edições. E com alguns pontos que nos pareceram mais reincidentes e importantes. Vamos a eles: Desperdício e qualidade de consumo. Entre as 26 palestras e as três rodas de conversas que compuseram seminário de 2019, sem dúvida este foi o tema mais presente. O volume de alimentos produzidos é capaz de suprir as demandas do planeta. Por que,a final, em pleno século 21, tanta gente passa fome? A falta de alimento para tanta gente no planeta está diretamente ligada ao elevado volume de desperdício. E ele ocorre em todo o ciclo de vida de um alimento: no plantio, na colheita, no transporte, na distribuição, na venda, em casa e em todas as cozinhas comerciais. Quer dizer, todas não. Um dos mais aplaudidos participantes do Fru.to 2019 foi o chef britânico Douglas MacMaster, dono do restaurante londrino Silo, onde nada é descartado. Nem alimentos, nem embalagens. O que não segue para compostagem, servindo de nutriente para plantio de itens que ele compra direto do produtor, segue para a reciclagem e retorna na forma de novos utensílios.“O desperdício é algo criado pelo homem”, disse ele, ensinando, com sua própria experiência, que a criatividade pode perfeitamente eliminar todos os descartes de uma cozinha. “No Silo, a ideia é nos prevenirmos dos problemas”, afirmou, elencando que além da compra direta do produtor, procura preparar ali mesmo itens como manteiga, investe em equipa-
mentos de compostagem e cria novos objetos feitos à base de embalagens. Para ele, o lixo é uma criação do homem. “Lixo é lixo quando imaginamos assim”, conclui, provando que podemos ver as coisas de outra maneira, no caso, de forma mais sustentável e eficiente em relação ao respeito ao alimento, a quem produz, a quem consome e ao planeta.
É possível banir os agrotóxicos. A questão em torno do que comemos não se concentra apenas no meio industrial e na mesa dos mais ou menos endinheirados. As matérias-primas também são foco de atenção de quem se dedica à evolução da nossa relação com os alimentos. E não se trata apenas de avaliar a quantidade de agrotóxicos que aplicados nas plantações, muitas vezes sem o controle indicado nas embalagens.
Como você escolhe. O desperdício, também foi o tema do Instituto Akatu, organização que se dedica a promover o consumo consciente e se debruça em pontos como a o modo deprodução de alimentos, o momento da compra, do consumo e naturalmente, o descarte. “A terra tem o suficiente para todos, mas Não para a ganância de todos”, alertou Helio Mattar, presidente do Akatu. Essa definição talvez justifique um dado que também apareceu muitas vezes durante o Fru.to 2019: há mais obesos no planeta do que pessoas passando fome. O que você come. A dieta de cada um, incluindo dos que têm opção de escolha e podem comprar e comer o que quiserem por conta de um poder aquisitivo mais alto aos que se viram com o pouco que ganham, mostra-se equivocada, segundo os especialistas do Fru.to. Daí o elevado índice de obesidade, que se tornou um problema tão grande quanto corriqueiro. A compulsão alimentar, muitas vezes crônica, é nutrida pelo contínuo estímulo a que todos nós somos expostos através da propaganda dos alimentos industrializados, aqueles que pouco ou nada contribuem para a nossa saúde, muitas vezes, o contrário. Afinal, não há publicidade induzindo você a comprar laranja, maçã ou banana. Exemplo deve vir de cima – Numa sociedade materialista onde quem não tem poder de compra busca agir como quem está no topo da pirâmide financeira, fica fácil entender o que a nutricionista e apresentadora Bela Gil quer dizer quando assume para si e para todas as pessoas privilegiadas a responsabilidade de alimentar-se melhor. “Comer é um ato
acesso a boa comida quando toma CocaCola todo dia? Não está”, enfatizou, informando que o México registra um recorde de amputações por diabétes. “A indústria nos oferece uma grande variedade de produtos feitos com os mesmos ingredientes, que em consumo elevado, nos fazem mal: farinha branca, açúcar, óleo e conservantes”, destacou.
político. Não são todas as pessoas que podem escolher o que comem. O que busco é procurar tornar possível que todos possam escolher”, disse, destacando que os privilegiados devem dar o exemplo de consumir alimento saudável. Neste contexto, também é compreensível a preferência dos menos favorecidos por alimentos industrializados, que além de mais baratos, são práticos de se consumir e duram bastante, facilitando a vida de quem tem que trabalhar fora e em casa. Um pensamento lógico que leva pessoas pouco elucidadas a cometer atos que comprometem a sua saúde e a de seus filhos, como mostrou a jornalista e escritora argentina Soledad Barruti, autora do livro “Mal Comidos”. Ao abordar o tema em “a natureza não é capitalista”, Soledad mostrou dados assutadoramente comuns entre pessoas carentes, que são capazes de trocar o leite pelo refrigerante para alimentar até mesmo seus bebês. “Você pensa que está tendo
A presença de alimentos mais saudáveis na nossa dieta e a progressiva substituição por alimentos livres de agrotóxios e produzidos próximo de onde vivemos apareceram com grande força no Fru.to, levando ao público opiniões e posturas de chefs de cozinha famosas, como Paola Carosella e Bel Coelho, francas defensoras de leis que limitem o uso de agrotóxicos, assim como de medidas de incentivo à produção de alimentos orgânicos, que, podem, ao contrário do que se costuma dizer, substituir o sistema de produção ancorado na indústria química. Cooperativismo é a saída. Um dos pontos mais recorrentes do Fru.to concentrou-se nos sistemas de produção e no tratamento dado aos produtores, incluindo a falta de garantia a que são submetidos, o comércio desleal, a concentração do lucro nos intermediários. Ali estiveram representantes de todos os elos da cadeia produtiva, incluindo supermercadistas e atacadistas. Em todos pronuciamentos envolvendo os percalços dos produtores, o cooperativismo apareceu como saída fundamental. “Se os supermercadistas compram de centrais de abastecimento, mas apenas emprestam de produtores locais, devolvendo o que não for vendido, cabe aos produtores se organizarem e negociarem com os compradores de modo cooperado”, afirmou o presidente da APAS (Associação Paulista de Supermercados), Ronaldo dos Santos. Ele debateu o assunto ao lado de
Anita Gutierrez, do CEAGESP, a central de abastecimento paulista, para onde seguem a maior parte dos produtos in natura do país e onde se apura um desperdício de 30% dos alimentos.
Sustentabilidade no campo e na cozinha. A questão da perenidade das culturas e formas de produção, assim como a qualidade das águas, do ar e do solo em que os alimentos são produzidos permearam todas as abordagens e debates do Fru.to 2019. De sofisticadas vitrines de verduras em sua forma mais original, vendidas em supermercados da Alemanha, a pratos produzidos com cascas e talos de legumes que seriam descartados, co-
agricultura sintrópica aplicada em grandes áreas de plantio de soja, feijão e milho (GO). Abaixo, produtos brasieliros produzidos por pequenas comunidades recebem o devido valor através das ações do Instituo ATÁ
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fotos: Flavia Manfrin | 360
Venda antecipada, direta e coletiva. Destaque nas duas edições do Fru.to, o sistema de vendas CSA (Comunidade que Sustenta a Agricultura) aparece como alternativa eficaz pra driblar as desvantagens dos agricultores nos ganhos sobre o que produzem. Em 2018, coube a Rafael Coimbra, jovem publicitário que se valeu desse método japonês para mudar de vida através do projeto Santa Julieta Bio, cuja produção de orgânicos é escoada diretamente para clientes na capital com grande sucesso e diversidade de produção. Este ano, foi a vez da chinesa Shi Yan apresentar os resultados da implantação do CSA no resgate à valorização da vida no campo em seu país. “Esse sistema nos trouxe um rápido crescimento das vendas. Saltamos de 15 para 85 produtores em três anos”, informou Shi, “Hoje somos mais de mil famílias atuando no sistema CSA e mais de 100 produtos vendidos diretamente ao consumidor”, revelou.
Vanda Antoniolli, do Gurpo de Agricultura *Sustentável, apresenta os resultados da
mo ensinaram não apenas chefs que se apresentaram no Fru.to, mas a equipe que produziu os coffee breaks e almoços servidos aos 300 participantes do evento, o aproveitamento e a produção orgânica – ou agroecológica – dos alimentos foi recorrente. “Tudo o que vocês estão comendo aqui seria descartado nas feiras e supermercados que nos doaram esses ingredientes”, informou Alex Atala, apresentando a equipe que valorizou o que seria lixo, transformando em pratos incrivelmente diferenciados e deliciosos, numa conduta condizente com uma cisão sustentável, aplicada na maneira como o alimento é tratado na cozinha. A preocupação com o solo e as águas também foi recorrente, com destaque para a produção de soja em larga em fazendas de Goiás que migraram do sistema convecional para a agricultura sintrópica, sistema originald de produção
resgatado pelo agrônomo Ernest Gotsch, que ganhou notoriedade ao recuperar terras improdutivas e desérticas no inteior da Bahia, onde hoje produz cacau da melhor qualidade. Valorização de produtos locais. Um concenso entre os renomados chefs que participaram do Fru.to, o reconhecimento das qualidade de ingredientes locais de modo a garantir presença nas gôndolas de supermercados e nas listas de compras dos restaurantes foi evidente e cosntante. Não à toa, minhas garrafinhas de Milho de Caipira do Cersão foram facilmente reconhecidas e chamaram a atenção de quem planta e quem cozinha. “Temos dificuldade em encontrar fornecedores de muitas frutas e ingredientes nacionais. Isso sempre nos interessa”, disse Breno Berdu, chef da equipe de Atala que comandou a cozinha do Fru.to. Em troca de um bom pote da nossa
pipoca, ele nos presenteou com duas receita, uma delas feita de restos de mandioca (confira na próxima página). Com tantas novidades e focos em benefício de toda a cadeia de alimentos, os assuntos do Fru.to vão alimentar nossas próximas edições, quando poderemos ir mais fundo em vários dos pontos que aqui ganharam destaque. Aguarde.
Delícias do chef Breno Berdu Flávia Manfrin
difíceis de encontrar. A ideia, segundo ele, é usar nossa pipoca nos eventos do buffet 7gastronomia por Alex Atala, um dos negócios do Grupo D.O.M. que é capitaneado por Berdu. Enquanto ele testa nossa pipoca, um sucesso entre especialistas que presenteamos durante os três dias em que estivemos cobrindo o seminário Fru.to - Diálogos do Alimento, principal assunto desta edição –, nós tratamos de testar uma das receitas abaixo, o bolo de mandioca, que foi servido na edição 2018 do evento e ficou na memória do meu paladar. Solícito, nosso mais novo colaborador de receitas imperdíveis nos presenteou também com um creme vichyssoice, que ainda vamos testar, mas é bem fácil de fazer. Aproveite!
Bolo de Mandioca
Vichyssoise à Brasileira
receita do chef Breno Berdu
receita do chef Breno Berdu
_Ingredientes • 4 xícaras de mandioca crua ralada • 3 ovos • ½ xícara de queijo parmesão ralado • 4 colheres de sopa de manteiga sem sal • 3 colheres de sopa de óleo • 100g de coco ralado • 2 xícaras de açúcar • 200ml de leite de coco • 1 colher de chá de fermento químico em pó _Preparo: Derreta a manteiga cuidando para não escurecer. Junte com os outros ingredientes no liquidificador e bata só até misturar bem, não bata demais pra não perder a crocância. Coloque a massa em forma untada com manteiga. Asse em forno a 170º até cozinhar e dourar. A textura parece com pudim de pão.
_Ingredientes: • 750g de chuchu sem caroço, cortado em cubos • 250g de batata descascada e cortada em cubos • 250g de alho poró lavado e cortado em tiras finas • 1/2 unidade de cebola branca picada grossa • 1litro de água filtrada • 2 colheres de sopa de manteiga sem sal • ¼ xícara de folhas frescas de alfavaca (tipo de manjericão verde) • sal a gosto _Preparo: Em uma panela, aqueça o alho poró e a cebola na manteiga, até ficar transparente (não precisa dourar). Acrescente o chuchu e a batata e cubra com água. Cozinhe em fogo baixo até que tudo esteja bem macio. Coloque ¼ das folhas de alfavaca e desligue o fogo. Espere o caldo ficar morno. Bata o caldo no liquidificador até ficar bem liso. Tempere com sal a gosto. Leve para a geladeira por 24h. Para servir, mexa bem o caldo. Sirva em copos ddecorados com pequenas folhas de alfavaca e pimenta (opcional). * Também é gostoso quente. Neste caso, use canecas.
foto: divulgaçãio 7gastronomia_ Ricardo D’Ângelo
Demorou um ano, mas valeu a pena. As receitas desta edição são simplesmente incríveis: fáceis de fazer, de baixo custo e com um sabor tão elevado, que você vai ganhar muitos elogios. Também não é para menos. O autor é Breno Berdu, um cara acessível apesar de todo o talento e mesmo ocupando um dos postos mais almejados da gastronomia brasileira – integra com destaque a equipe de Alex Atala, o mais famoso e estrelado chef brasileiro. A conquista das receitas, no entanto, não foi sem negociar. Breno levou como “pagamento” a Pipoca Caipira do Cersão, provando que valoriza alimentos nacionais e
foto: divulgaçãio 7gastronomia_ Ricardo D’Ângelo
foto: Flavia Rocha | 360
8 • gastronomia
9 • meio
ambiente
Em tempos de sustentabilidade e reconhecimento das necessidades de preservação de toda e qualquer fonte de água doce, bem como das vantagens econômicas que elas representam em seu estado mais original possível, parece ser desncessário alertar autoridades e governantes a respeito da importância de manter intacto o restou de recursos hídricos originais no país.
Barragens nos rios da região. Por que devemos evitar?
Nesta edição, ouvimos os movimentos que congregam pessoas que se dedicam à questão, tanto no que diz respeito ao rio Pardo, vítima de projetos de barragens gigantes e desproporcionais à sua estrutura, quando ao rio Paranapenema, o mais barrado de todos os rios, que luta para ter o que resta de natural preservado.
foto: Fernando Franco (OAT)
Só que não. As águas limpas e correntes brasileiras continuam à mercê de projetos antiquados e repletos de sinais de que devem ser observados com muita cautela e grande suspeita. Afinal, a ninguém intessam, exceto a políticos e empreiteiras acostumados às vantagens financeiras geradas por programas sempre ligados agenciadores financeiros estatais.
foto: acervo Organização Rio Pardo Vivo
Também as vantagens de uso de novos meios de geração de itens de conforto, como água encanada e luz elétrica, já deveriam constar nas planilhas de todos os gestores públicos.
Nativos e aMeaçados: o Salto do Menegazzo, uma das poucas quedas do rio Pardo em Santa Cruz do Rio Pardo, sob constante ameaça. E as águas corredeiras que ainda restam no rio Paranapanema em Piraju, situações de risco mobilizando toda a região.
“Porque em nossa região não precisamos de mais barragens. Porque os rios são as áreas mais sensíveis do Planeta Terra e não devem ser destruídos. Porque existem alternativas tecnológicas muito mais eficientes e menos destrutivas de geração de energia como a fotovoltaica, eólica, das marés, da biomassa e geotérmica. E, porque a quantidade de energia a ser gerada será ínfima, se comparada com os impactos sociais e ambientais.” Edson Luís Piroli, professor UNESP, pesquisador de bacias hidrográficas e água. “ “Nossa região já deu sua contribuição quando se fala em geração e de energia elétrica, visto que o rio Paranapanema, com 929km de extensão, possui 11 barragens gerando 2.381MW, sendo o rio com mais barragens em todo mundo. O rio Pardo está inserido em uma região extremamente agrícola, onde a proposta de barragens consumira milhares de hectares para alagamento, levando centenas de pequenos produtores rurais a terem suas terras invadidas e perdidas, além de centenas de empregos diretos e indiretos extintos. Essas barragens não trazem nenhuma contrapartida de interesse social, econômico e ambiental para as comunidades ribeirinhas por toda sua extensão.” Luiz Carlos Cavalchuki, técnico ambiental e representante da Organização Rio Pardo Vivo “Porque os danos causados por elas são superiores aos eventuais benefícios. No caso de Piraju, a barragem pretendida no último trecho do Panema traria uma série de prejuízos, tais como: represamento do último trecho de corredeiras do rio; grande desmatamento, possibilitando uma nova epidemia de febre amarela; destruição da floresta municipal das corredeiras, berçário de vegetação nativa e de mais de 300 espécies de pássaros e animais silvestres; destruição da microfauna; destruição dos sítios arqueológicos; destruição do local onde se iniciou o povoa-
mento de Piraju; geração ínfima de empregos e de energia (28MW) para não pagar royalties ao município; comprometimento da condição de estância turística já que o maior atrativo local são as corredeiras; prejuízo político já que habitantes se manifestam contrários à barragem; a barragem de 2002 ainda não cumpriu todas as compensações ambientais devidas; com tanta tecnologia e possibilidades, destruir rios e todas as demais consequências soa como um crime do pior tipo perante a integridade das futuras gerações. Proteger as corredeiras não é só uma questão ambiental. É também uma questão também moral.” Naomi Corcovia, 28, jornalista, assessora de comunicação e integrante do Conselho Fiscal da Organização Ambiental Teyque-pe (OAT) Barragens NÃO porque o prejuízo é grande. Com as barragens, colocamos em risco os trechos vivos de corredeiras, a fauna e flora, os sítios arqueológicos, parques e áreas de preservação, acarretanßdo também danos aos ribeirinhos. Deixamos o rio poluído, com o cessar de seu fluxo, trazendo risco à saúde, aumentando doenças. E ainda ficamos com usinas que na sua maioria, não pagam royalties ao município, não cobrem os prejuízos, não cumprem
muitas das ações assinadas em contrato. E desmistificando, usinas não trazem emprego pra cidade (requer pouca mão de obra, e a maioria dos contratados são de fora) Temos acompanhado as ultimas tragédias dos desastres em barragens. E isso acontece há muito tempo. A negligência, a falta de comunicação, de interesse, que essas empresas, na maioria comprada por estrangeiros (deixando essa situação ainda pior), é cada vez mais preocupante. Não relacionam o impacto de seu funcionamento com a realidade da cidade. Aberturas de comportas são manipuladas sem aviso. Banhistas correm risco de serem levados, e a vida aquática também fica prejudicada, com as comportas abrindo e fechando bruscamente, em época de piracema, os peixes acabam indo para as pedras, dificultam a desova, e muitos morrem. É preciso que a população entenda que nosso maior potencial turístico e econômico são as águas. Elas atraem visitação, lazer e esporte. E as barragem causam danos e sequelas muitas vezes irreparáveis. Além disso, o rio é nosso patrimônio ambiental, histórico e cultural, proteja-o!” Fabiana Basile Dias, naturóloga, do Movimento Panema Livre (MPL)
10 • acontece
Anita Ferreira De Maria – CAIC. Info: 14 99904-0073.
artes_ A turma no museu. Para incentivar jovens a mergulharem no universo dos museus, a prefeitura de Avaré criou o projeto “Minha Classe no Museu”. A ideia simples e eficaz leva sala de aulas inteiras para visitar tanto o Museu Municipal Anita Ferreira De Maria, com acervo histórico cidade e exposições em cartaz, quanto o Memorial Djanira, dedicada à famosa pintora brasileira. As visitas podem ser agendadas entre 2ª e 6ª das 8h às 12h e das 13h às 17, quando estão abertos ao público. Atualmente o Museu Municipal apresenta as mostras do pintor Augusto Esteves, pintor e ceroplasta, e de ministuras de carros Hot Whells. Info: (14) 3732-5057 e 998000182.
esportes_ Compeonato Aquático. Avaré sediará a 1ª Etapa do Campeonato Paulista de Maratonas Aquáticas 2019. A competição está programada para 09/03, a partir das 10h, no Camping Municipal da represa Jurumirim. As provas desta etapa serão de curta distância (2,5 km) e de média distância (5 km), com saída às 11h e 11h10 respectivamente.Grandes nomes da natação estarão presentes no evento. Inscrições e info: www.aquaticapaulista.org.br
artes_Mostra Biscos de Pena, de Augusto Esteves. A exposição reúne de desenho em bico de pena do autor de famosas ilustrações científicas do Brasil, o desenhista, poeta e ceroplasta paranaense Augusto Esteves (1891-1966), que passou sua infância em Avaré. Até 28/2. Visitação de 2ª a 6ª, das 8h-12h e 13h-17h. Museu Municipal Anita Ferreira De Maria Centro Avareense de Integração Cultural (CAIC). artes_Exposição de Carros em Miniatura. Em comemoração aos 50 anos dos famosos Hot Wheels, a mostra organizada com ajuda do colecionador Oswaldo Evangelista Moreira, que tem mais de mil modelos, muitos cedidos para à exposição. Até 28/2. . Visitação de 2ª a 6ª, das 8h-12h e 13h-17h. Museu
cas esportivas. Entre as modalidades constam: voleibol e handebol, natação, basquete, futsal, voleibol adaptado e Pilates. O
foto: divulgação
AVARÉ
400 anos para se decompor e acaba poluindo rios e mares. Enquanto não tem uma lei proibitiva, como já ocorre na capital paulista, Santa Cruz criou uma campanha de conscientização. A ideia é contribuir para a sustentabilidade. Além de alternativas em metal e papelão, o canudinho também pode ser simplesmente eliminado. Aliás, quando você toma algo com canudinho, perde parte do sabor, já que a bebida vai diretamente para o final da língua. Beber diretamente no copo, além de ecológico, é mais gostoso.
projeto é aberto o ano todo e gratuito. Basta ir até o Ginásio de Esportes da cidade. Info: 14 artes_Clube da Luta #03. 3372-7989 ARTES e esportes_ Lual das Batalha de MC's + Pocket Show Corredeiras. Camping com GGG + Participação de artistas m.ambiente_ Sta. Cruz sem atividades ambientais e artístida região. Prêmios: 1 Beat Do canudinho. A exemplo de cas. Programação: 09/3_sáb: Big N 014 + 1 Gravação na Tk muitas cidades do planeta, 14h: chegada de bikes, boias e Faktory + 1 Ttatoo de R$200,00 Santa Cruz prepara uma lei para rafting. 14H30: Yoga. 15h30: do Adauto Pablo + brindes Pon- proibir o do canudinho de plás- Slack line (permanente, e brintocomamoda. Inscrições no tico, um dos mais simples obje- cadeira/competição com premicanal Good Guys Gang. tos descartáveis que surgiu de ação). 16h30: Water line. Palco 27/2_4ª-feira: 19h às 21h na metal e papel “evoluindo”para o aberto durante evento. 17h: pista de Skate. plástico quando ainda não se Show banda La Riveria e Lual tinha ideia do efeito nocivo de (fogueira/ palco aberto pra esportes_Esportes para seus resíduos para o planeta. todos. A prefeitura de Santa Um item descartado muito rapCruz abriu inscrições para práti- idamente, o canudinho leva até
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F: 14 99686-6575 - Sta. Cruz do Rio Pardo todas as artes). 10/3_dom.: café da manhã. 9h30: Trilha beirando o rio. Haverá venda de comida e bebida. *liberado
cooler pro pessoal levar bebida e comida*traga sua caneca/ cuide de seu lixo!. Floresta Municipal das Corredeiras.
11 • meninada
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P i n g o
Pingo, o caçador
Há uma cerca fechando o quintal da casa do Alvinho e animal nenhum entra, isto é, não entra pelo chão, mas... os pássaros... e os mamíferos voadores... Esses pousam em qualquer lugar, mas.. Cuidado com o Pingo que, como qualquer bom cachorro que se preze, é um ótimo caçador. Foi o que aconteceu com um morcego desatento, ou com pouca sorte. Todo mundo sabe que morcegos não são pássaros, são mamíferos que voam e dão de mamar aos seus filhotes. Pingo abateu o morcego que dava um voo rasante no quintal e o abocanhou à noite em pleno voo. Foi um pulo espetacular e, coitado do morcego, caiu
morto na boca do Pingo. Alvinho ficou muito assustado, pois aprendeu na escola que os morcegos podem transmitir uma doença mortal chamada raiva. Felizmente a mãe do Alvinho dá todas as vacinas no Pingo e ele estava protegido contra a raiva. Alvinho ficou tão assustado e com medo do Pingo ficar doente e morrer que falou muito bravo com ele: “nunca mais você irá caçar, entendeu bem, seu Pingo?” Pingo ficou mais assustado ainda, pois caçar era seu instinto e pensou: “Caçar, ou não caçar, eis a questão!”
Diferenças: 1- Detalhe da Patinha. 2- Pedaço da Orelha. 3- Tamanho do rabo. 4- Florzinha de gota. 5- Base do Pingo à esquerda. 6- Patinha inferior direita. 7- Nariz. 8- Patinha do morcego. 9- Língua do morcego. 10- Detalhe da asa. 11-Coleira. 12- Preenchimento do desenho abstrato.
arte: Sabato Visconti | 360