nº 159
agenda_ Semana de Teatro Umberto Magnani agita Santa Cruz •p10
abRil 2019
culinária_ Receitas do caderno da dona Odette. Para almoço e jantar •p5 da direta se destaca na agricultura orgânica •p6
Caderno 360 Gostoso de ler .
imagem: divuklgação
agro_Sistema de ven-
ANO 14
! s i t Grá
Morro do Gavião atrai turistas de toda a região
Circulação Mensal: 6 mil exemplares Distribuição: • Águas de Santa Bárbara • Areiópolis • Assis • Avaré • Bernardino de Campos • Botucatu • Cândido Mota • Canitar • Cerqueira César • Chavantes • Espírito Santo do Turvo • Fartura • Ibirarema • Ipaussu • Manduri • Óleo • Ourinhos • Palmital • Piraju • Santa Cruz do Rio Pardo • São Manuel • São Pedro do Turvo •Timburi Pontos Rodoviários: • Cia da Fazenda • Graal Estação Kafé • Orquidário Cyber Café • RodoServ • RodoStar • Varanda do Suco Versão On line: issuu.com/caderno360 facebook/caderno360
Um dos pontos turísticos mais visitados da região 360, o Morro do Gavião fica no outro lado da Represa de Chavantes, em Ribeirão Claro, já no Estado do Paraná. A beleza da vista e a facilidade de acesso, aliados aos locais para alimentação e estadia, tornarm o local um dos mais populares em
concurso Sua foto na capa do 360
torno da represa que reúne as cidades de Chavantes, Ipaussu, Timburi, Fartura, Piraju, Carlópolis e Ribeirão Claro.
Gavião permite avistar as ilhas formadas na linda baía onde as as águas do Parnapanema se misturam às do rio Itararé.
Situado na Fazenda São João, estruturada para receber turistas e autoriza a subida ao cume sem necessidade de guia , o Morro do
A caminhada, de menos de uma hora, é tranquila. A altitude não incomoda e a vista é mes deslumbrante,como mostra a foto.
autor: Márcio Cândido de Paula • Morro do Gavião - Represa de Chavantes - SP-PR foto
12/12
3 • editorial
Do latim res, “coisa” Sentido Comum: conjunto das coisas que são, ou seja, uma existência objetiva e constatável.
RealIdade
O assunto é polêmico e trouxe à tona, mais uma vez, a situação de risco que vivemos no Brasil em razão do irresponsável sistema público que autoriza o uso de agrotóxicos em quantidades alarmantes no nosso país – e isso não é de hoje –: dados disponíveis no Ministério da Saúde dão conta da presença de 27 agrotóxicos na água potável de 25% das cidades brasileiras. Esse índice, vale dizer, pode ser ainda maior, já que muitas sequer têm dados a repeito. A questão, que deveria ter ocupado pelo menos duas páginas desta edição, é importante e merece ser vista como um alerta. Afinal, a combinação de tantas substâncias, mesmo em índices toleráveis pela legislação brasileira – que são extremamente superiores aos de países desenvolvidos – pode ser um agravante para a saúdo do brasileiro. Porém, tornou-se impraticável abordar devidamente a questão no exíguo prazo de um dia, já que o fechamento deste periódico devia ocorrer antes da Páscoa. E qual o motivo da pauta emergente ter emperrado? A determinação dos interlocutores em “tirar o seu da reta”, insistindo em discursos vagos e afirmando que a água não está contaminada sem garantir que esses resíduos possam causar algum mal em sua somatória. Esse episódio, que naturalmente investigaremos mais a fundo e poderá aparecer na próxima edição, ilustra uma situação que parece ter se tornado um comportamento corriqueiro no país: a indiferença com a realidade. Por um lado, vemos pessoas, empresas e instituições que parecem ter perdido o pudor de mudar os fatos a seu favor, mostrando-se não apenas indiferentes com a verdade, mas agressivos na defesa de suas mentidas. Por outro, vemos pessoas que poderiam ser impelidas a pensar em soluções para problemas como esse, parecem fortemente inclinados a uma atitude emocional e partidária, mesmo que distante da realidade. Seja como for, em nada isso contribui para a evolução de um país, de uma cidade, de uma comunidade. Encarar os fatos, sejam eles trágicos e complexos ou não, continua sendo o único
caminho que pode nos levar à superação, mesmo em época de fake news. A edição deste mês traz como tema central o universo agro em um modelo bastante promissor, especialmente para quem realmente vive da terra: o produtor rural. E também para o consumidor, que pode ter um alimento mais saudável pelo mesmo valor que paga no mercado, remunerando com qualidade quem realmente tem intenso trabalho e dedicação, veja em AGROnEGóCIO. A edição também traz convida o leitor a ponderar sobre as relações humanas e as posturas diante do mito da beleza, como vemos em POnTO dE vISTA. E destaca eventos culturais, esportivos e ambientais que aparecem na nossa AGEndA.
Ora ação!
E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação.
foto: Flávia Rocha | 360
* Por do sol na represa de Chavantes *
Aproveite também para dar uma conferida nas fotos do famoso Morro do Gavião, para onde 9 entre cada 10 pessoas querem ir passar o tempo livre, em GIRO 360, e as peripécias do Pingo, que está celebrando a Páscoa e o carinho, em MEnInAdA. Para completar, receitas deliciosas e muito fáceis de fazer, em GASTROnOMIA. E a nossa verdadeira vontade de que o mundo seja cada dia melhor e mais parecido com o que Cristo foi há mais de 2000 anos. Feliz Páscoa! Boa leitura! Flávia Manfrin editora 360 • 360@caderno360.com.br
João 5 vs 28
e xpediente
O Caderno 360 é uma publicação mensal da eComunicação. Todos os direitos reservados. Tiragem: 6 mil exemplares. Distribuição gratuita. Redação-Colaboradores: Flávia Rocha Manfrin ‹editora, diretora de arte e jornalista responsável | Mtb 21563›,Odette Rocha Manfrin ‹receitas e separação›, André Andrade Santos ‹correspondente SP›. Colunistas: José Mário Rocha de Andrade e Fernanda Lira. Ilustrador: Sabato Visconti. Impressão: Fullgraphics. Artigos assinados são de responsabilidade de seus autores. • Endereço: R. Cel. Julio Marcondes Salgado, 147 — centro — 18900000 — Santa Cruz do Rio Pardo/SP • F/WHATS: 14 99653.6463 Cartas/publicidade: 360@caderno360.com. br _ 360_nº158_arbil 2019
de vista
*José Mário Rocha de Andrade
“Futebol, religião e política não se discutem” diz o velho ditado, pois começam com bate-papo e terminam com bate-boca. Há 130 anos houve uma epidemia de Febre Amarela em Campinas e, para lá, foram inúmeros médicos da equipe do Dr. Oswaldo Cruz. Um dos jovens médicos teve um romance proibido com uma jovem casada da sociedade campineira, que inspirou um livro: “A Febre que ferve e a Febre que mata”. Quando ferve o coração, não há bate-papo, pois, quando impera a paixão, não existe razão, como ensinou o conselheiro amoroso, Dr. Sigmund Freud: “Ame sem razão, como fazem todos os que amam”. Saudades de 1.977 com o Show de Rádio de Estevam Sangirardi e os personagens do Saint Paul de mon petit coeur em sua mansão Lorde Didu du Murumbi e seu mordomo Archibald servindo champagne e caviar, os palmeirenses Comendador Strufaldi e Noninha, a mascotinha do Palestra, os corinthianos Jóca, que
bate-Papo e bate-boca mandava esquentar os tamborins, Pai Jaú e o Bode Baltazar, além da Nega que trazia a “ampola”. Tudo na Rádio Camanducaia, “se não tem notícia, nóis inventa”. Tempo de muito bate-papo, muita gozação e alegria, mesmo discutindo futebol. O Brasil sempre foi um país de alegria, de muita festa, de piadas e um humor delicioso, de respeito com a diversidade religiosa, política e futebolística e espero que continue assim, muito mais bate-papo que bate-boca, mais caras de sorriso do que caras sisudas, de tom de voz que pede, ao invés de mandar, como bem observou Gilberto Freire, pois o português diz: “Dê-me, faça-me”, jeito autoritário, e o brasileiro, “me dê, me faça”, jeito bom, de pedido, pedindo bate-papo, conversa boa. Se o Brasil estiver pra se tornar esse país de bate-boca, de intolerância, de ouvidos moucos em que as pessoas somente escutam o que
Quer emagrecer? Quem circula pelas cidades do interior já deve ter notado o aumento de clínicas de emagrecimento e estética. Tudo em busca de um corpo mais próximo daquilo que nos é apresentado como perfeito. A propaganda dessas clínicas traz invariavelmente mulheres conhecidas por terem um corpo escultural. Bem montadas, essas empresas atraem o cliente pelo sucesso expresso por uma bela decoração, materiais diversos, uma boa equipe de atendimento e, claro, bons planos de pagamento. A questão aqui não é desqualificar essas empresas. De modo algum. Espera-se que elas sejam realmente capacitadas e qualificadas a cumprir o que prometem. A questão, nesta nossa conversa, é como você se comporta diante de um programa de emagrecimento. Afinal, em tempos de fakes news e distorções explícitas da verdade, ficou difícil confiar em alguém cegamente hoje em dia. Onde quero chegar? No seu cuidado com seu corpo e com sua saúde. No seu controle sobre o que é feito da sua dieta e no quanto você está realmente consciente do que significa encarar um programa de emagrecimento.
A primeira questão – e fique tranquila, elas não são muitas – é avaliar se você está clinicamente em condições de mudar de maneira drástica o seu consumo daquilo que engorda. Carboidratos, açúcares, gorduras. E isso requer uma análise médica, envolvendo também testes laboratoriais. E também uma análise psicológica. Encarar uma jornada que envolve uma mudança brusca no consumo de muitos alimentos pode lhe causar algo chamado abstinência. E como o seu organismo vai reagir a essa falta daquilo que lhe dá energia e prazer é uma incógnita. A sua mente também. Você pode reagir positivamente, assim como ficar com sintomas associados a doenças, como a hipoglicemia, por exemplo. Você pode também ficar deprimido, porque está sentindo falta daquilo que lhe dá energia, como é o caso de açúcar e carboidrato. O segundo ponto recai sobre intervenções no seu organismo. Autorizar a aplicação de substâncias sem ter um profundo conhecimento a respeito é sempre um erro. E apenas um médico vai poder avaliar se você tem condições físicas de se submeter a esses pro-
imagem: ilustração feita com foto Pixabay
4 • ponto
concordam, e rotulam as pessoas por suas posições políticas, religiosas, futebolísticas, seria muito bom que o De Gaulle estivesse certo mesmo e que nosso país voltasse a ser
um país que “não é sério” e ter mais bate-papo do que bate-boca. *médico santa-cruzense radicado em Campinas
* Fernanda Lira cedimentos. Você pode até fazer em clínicas estéticas autorizadas. Mas passar por um clínico a fim de analisar com um especialista as possíveis vantagens e consequências é uma medida preventiva que não deve ser excluída. No afã de resolver insatisfações com o próprio corpo e estimuladas por empresas que se propõem a dar uma guinada na sua auto-estima, você pode acabar se estrepando. Em outras palavras, pode ser fatal. O terceiro ponto é o da troca da força de vontade. Acreditar que ao delegar a essas empresas a tarefa de fazer você emagrecer até ter as medidas dos seus sonhos, em vez de assumir o
comando da sua rotina, passando a fazer exercícios e a mudar seus hábitos alimentares você está cometendo um erro. E as consequências podem ser da mais simples – de em pouco tempo readquirir o peso perdido durante a maratona de dieta e procedimentos estéticos – à depressão de constatar que sozinho você não é capaz de fazer algo que definitivamente lhe colona na linha. Em resumo, ser magro e doente nunca vai deixar você feliz. Muito menos lhe trazer beleza.Porque isso requer saúde, em primeiro lugar. *jornalista paulistana que adora o interior
5 • gastronomia
O outono chegou e com ele a vontade de comer algo que aqueça a vida. E descomplique a produção. nesta edição duas receitas para fazer rapidinho e deixar aquele gosto de quero mais de tão saborosas. A primeira, ótima para agilizar um almoço pra uma, duas ou muitas pessoas.
Caldo de Abóbora & Leite de Coco receita do caderno de Odette Rocha Manfrin
_Ingredientes bolo: • 2 xícaras de abóbora cabotiã em cubos • 200ml de leite de côco • 1 cenoura média • 1 cebola média • 2 dentes de alho graúdos • 1 colher de sopa de açafrão • 1 colher de sopa de gengibre ralado • pimenta a gosto • sal a gosto • um punhado de coentro fresco • 1 colher de azeite
Almoço & Jantar
Poucos ingredientes, ótimo resultado. Feita numa das minhas correrias, com base num prato que minha mãe faz sempre e que já apareceu aqui – o arroz com berinjela – mas ainda mais d façil de fazer. Pode testar sem medo de ficar bastante satisfeito. A segunda, é ideal para o jantar, com um vinho tinto de preferên-
cia. Tirada do caderno de receitas da dona Odette, também ganhou um toque da minha inevitável subversão culinária.Ficou ainda mais saborosa. Lembrando que tudo fica ainda mais gostoso quando se usa ingredientes frescos, não perecíveis bem armazenados e dentro do prazo, e de boa qualidade. Em outras palavras, é melhor comer menos, até porque não engorda, e comer melhor. Pode apostar.
Arroz Árabe fotos: Flávia Rocha | 360
foto: Flávia Rocha | 360
Flávia Manfrin
receita recriada por Flavia Rocha _Ingredientes • arroz branco pronto • azeite • carne moída • alho • cebola • zatar • noz moscada • amêndoas fatiadas • salsinha • berinjela • farinha de trigo, arroz ou amido de milho
_Preparo: Corte os legumes. Numa panela, refogue a cebola e o alho em aze (ou óleo de cozinha). Quando dourar, adicione a cenoura e a bóbora mexendo bem. Tempere com o sal, o açafrão e o gengibre. Quando estiver quase pegando na panela, acrescente água quente e deixe ferver (pode fazerna panela de pressão pra ser mais rápido). Quando a abóbora estiver molinha, tire do fogo e bata no liquidificador. Volte a mistura para a panela e acrescente o _Preparo: Fatie a berinjela e corte em tirinhas. creme de leite. Prove, acerte o tempero e sirva Numa frigideira de fundo grosso, torre as amêndoas cuidando para não queimar. É tudo com um pouco de coentro e torradas.
bem rápido. Retire do fogo e reserve. Na mesma frigideira, coloque a carne sem tempero em fogo alto e mexa para que ela fique selada. Adicione a cachaça (ou outro destilado seco) e coloque fogo para flambar a carne.Enquanto ela pega gosto e cozinha, adicione a cebola e o alho previamente rfogados no azeite até ficarem transparentes. Mexa e deixe secar. Temepre com o zatar, a noz moscada e pimenta a gosto. Prove e acerte o sal. Reserve. Numa panela aquelcida, chapeia a berinjela polvilhando a farinha ou amido. QUando estriver douradinha acrescente a carne. Misture bem e acrescente o arroz. E finalmente as amendôas. Mexa bem, veja se falta sal e sirva polvilhada de salsinha.
6 • agronegócio
CSA: um caminho promissor para o produtor rural
O que você acharia de começar um negócio vendendo tudo que produzir antes mesmo de iniciar a produção? E recebendo antecipado, regularmente? Pois é assim que funciona a CSA – Comunidade Sustenta a Agricultura. O produtor rural estima seus custos de produção (incluindo lucro) e os consumidores rateiam esse custo fazendo pagamentos mensais. Em troca, quando começa a produzir, o agricultor passa a fornecer seus produtos regularmente para esse grupo de consumidores. A produção, geralmente orgânica nesse sistema, é feita com base na sazonalidade, pressuposto básico para quem quer produzir sem usar agrotóxicos. Com essa relação de confiança, o consumidor se torna um co-produtor e elimina-se duas questões importantes: os prejuízos que os agricultores são obrigados a encarar, pois acabam vendendo a preço baixo por conta de atrav-
foto: Sta. Julieta Bio
Sistema de venda direta, a CSA – Comunidade que Sustenta a Agricultura – que funciona em grandes países como Japão, China e Estados Unidos, está levando produtos orgânicos do campo para a mesa do brasileiro,
essadores, e o desperdício de alimentos. Além de melhorar a qualidade de produção pra o agricultor, que trabalha tendo uma renda fixa, a CSA traz grandes vantagens para os consumidores. Primeiro pela qualidade dos alimentos que passam a receber sem ter que pagar mais por isso, segundo porque passam a ter acesso a uma diversidade de produtos, melhorando sua dieta, graças à produção sazonal. Quem também ganha com isso é o meio ambiente, que se mantém constantemente renovado graças à diversidade de produção e à eliminação dos agrotóxicos. Para quem acha que isso pode parecer utopia, uma notícia: a CSA está funcionando muito bem no Brasil desde 2011 e bem perto de nós. É sobre esse sistema, criado nos anos 70 no Japão com o nome de
Teikei, e difundido nos Estados Unidos na década de 80, que profissionais que atuam desta forma no Brasil irão falar no curso “da cultura do preço para a cultura do apreço”, programado para acontecer entre 22 e 26 de maio no bairro demétria, em Botucatu, (veja dados na agenda da página ao lado), onde funciona o Instituto de Biodinâmica e também a primeira unidade de CSA do país. O evento é uma realização da CSA Brasil, uma organização sem fins lucrativos reconhecida pelao Ministério da Agricultura que “constrói e supervisiona projetos agrícolas baseados na comunidade, nos quais os agricultores podem se orientar para garantir um futuro a pequenos empreendimentos agrícolas”, como se pode ler no site www.csabrasil.org.
Ainda nas região 360, é possível identificar no mapa da CSA Brasil, pontos de distribuição em Bauru, Botucatu e Ourinhos, e de produção em Marília e Agudos, além de uma agente articulardor em São Manuel. Um novo olhar para a agricultura – O depoimento de produtores ancorados na CSA causaram grande impacto nas duas edições do Seminário Fru.to – diálogos do Alimentos, promovido pelo Instituo ATÁ, em janeiro de 2018 e 2019, às quais estivemos presentes. na primeira edição, coube ao jovem empresário Rafael Coimbra, contar sua experiência, obtida quase que casualmente, quando buscava um novo norte profissional. Ele abandonou a carreira de publicitário em São Paulo, há seis anos, para iniciar uma produção orgânica na fazenda de sua família. Sem imaginar que
foto: Flávia Rocha | 360
foto: Sta. Julieta Bio
produtos da Sta. Julieta Bio, tirados de hortas orgânicas *ondeÀ esquerda, também é aplicada a agricultura sintrópica (foto à direita). Acima, Shi Yan e nossa assistente durante o Fru,to, Manuela Andrade, quando lhe entregamos uma porção de sementes da Pipoca Caipira do Cersão
*
Proprietário da Santa Julieta Bio, unidade de CSA que funciona em Santa Cruz da Conceição, município de pouco mais de 4 mil habitantes a mais de 200km da capital, Rafael é um entusiasmado produtor de muitos itens que comercializa inclusive na capital, sempre pelo sistema CSA. “O que me encanta neste modelo é que ele fomenta as relações. você se relaciona com quem consome o que você produz, com quem tem os mesmos interesses que você, se relaciona também com o alimento e em
A experiência da China – A CSA apareceu na segunda edição do Fru.to (veja todas as palestras do seminário em vídeos on line através do site que aparece no final destes texto) através do depoimento da doutora Shi Yan, que deixou o meio acadêmico para
colocar em prática seus estudos e reintegrar as pessoas à vida do campo. “não sabia quantas pessoas leriam meus trabalhos, então decidi partir para a prática na fazenda experimental da universidade”. Ela reuniu jovens locais e lá criou a primeira CSA da China, em 2009. “Esse sistema é uma parceria de solidariedade onde os produtores garantem alimentos saudáveis para os consumidores e os consumidores garantem o sustento dos agricultores”, avalia Shi, co-presidente da Rede Internacional CSA (URGEnCI). Atualmente, mais de mil unidades agrícolas funcionam na China por sistemas como o CSA. foto: Sta. Julieta Bio
se tornaria um novo caminho profissional, passou da produção para uso próprio para um sistema comercial e escolheu o CSA porque não queria atuar na agricultura no modo que hoje ainda é convencional. “não queria ser um produtor da monocultura e distante do consumidor. Foi quando conheci o CSA”, diz Coimbra.
como a comida impacta o meio ambiente, pois os produtos são entregues num lugar só, onde as pessoas vão retirar e não há desperdício”, afirma Coimbra. “Este modelo não é a salvação do planeta, mas é um grande aliado”, conclui, citando o economista inglês Ernest F. Schumacher: “natureza não é posse. natureza é relacionamento. A natureza como posse desconecta o agro da cultura.” na opinião do produtor, esse resgate é urgente e acontecerá através da economia colaborativa. “O ser humano é inteligentes e vai se unir para comprar melhor e transformar o impacto negativo que a agricultura e a pecuária causa no meio ambiente em algo positivo”, acredita o publicitário que virou agricultor.
Há muita informação disponível a respeito da CSA na internet, assim como é detalhada a programação do curso que vai acontecer em Botucatu agora em maio. vale a
pena dar atenção se você se interessa em consumir, produzir ou articular a produção de alimentos mais saudáveis, a devida recompensa ao produtor e a eliminação do desperdício, que muitas vezes ele é obrigado a bancar em razão da prática de venda consignada, ainda vigente em muitas localidades, onde os mercados e quitandas devolvem aquilo que não é vendido impedindo que cheguem à mesa do consumidor com qualidade e frescor. Info: fru.to csabrasil.org
8 • giro
360
Morro do Gavião: o ponto turístico mais famoso da região
Apesar do tempo nublado durante a visita e de tudo estar fechado, por era uma *segunda feira, a viagem até o Morro do Gavião tornou-se inesquecível. Partimos de Santa Cruz seguindo até Ribeirão Claro e voltamos por Fartura, o que nos levou à estrada de pedras da foto à dmais ireita. Muito organizada, a Fazenda São João confere segurança a quem se aventura a subir até o cume, o que não é complicado pela formação da montanha. Ao lado, o gavião que nos presenteou com um rasante
*
fotos: Flávia Rocha | 360
Info: 43 99142.1351 • fb/fsj.morrodogaviao
Situado no alto de uma fazenda que se organizou para receber turísticas, o ponto mais alto da região da Represa de Chavantes convida à contemplação e ao lazer na medida certa do esforço físico. As imagens falam por si.
9 • agenda
ESPORTES AVARÉ I 25/5_9h: 1ª Copa SEME Avaré de Judô – inter-regional da temporada 2019. Uma parceria da prefeitura de Avaré com a Federação Paulista de Judô (FPJ), o evento deverá reunir mais de 300 atletas de todo o estado, nas categorias masculina e feminina, com idade mínima de 5 anos. Ginásio Kim Negrão. A entrada é gratuita, mas serão aceitas doações de 1kg de alimento não perecível. GRÁTIS!
AGRO/ECO BOTUCATU I 22 A 27/04_ 8h_ 17h: Curso de CSA [Consumidor Sustenta a Agricultura]. Com o tema do “Da cultura do preço para a cultura do apreço", vai ensinar como estruturar um grupo para atuar no sistema de produção de alimentos orâanicos com venda antecipada direto ao consumidor. Bairro Demétria. Info/Inscrições: www.csabrasil.org
novos métodos para se manter e conquistar mercado; como se relacionar com os clientes, colaboSANTA CRUZ radores e mercado; como competir no mundo DigiI 30/4_19h às 23h: tal. O palestrante é espePalestra “Reinventancialista em empreendedo e inovando o seu negócio”. Com João Ke- dorismo, startups, marpler, abordará a inovação keting e vendas; escritor, como ferramenta de autor e coautor de vários gestão e transformação livros. ACE-Sta Cruz. empresarial. Tópicos do Inscrições: 3332.5900. evento: Como inovar; as Não será cobrado ingresnovas estratégias para so, mas aceita-se 1 kg de reinventar seu negócio; os alimento não perecível. GRÁTIS!
NEGÓCIOS
/ • drops Avaré_ Veterinário Municipal O município oferece atendimento veterinário gratuito atraves da Clínica Veterinária Municipal, que funciona no bairro Jardim Paraíso e atende animais de pequeno porte, como cães e gatos. Além da castração, há atendimento clínico e agendamento de cirurgias quando necessário. Em 2018, foram realizadas 2700 castrações e 2000 atendimentos. As consultas são feitas diariamente por uma veterinária das 7h30 às 11h30. Rua Seme Jubran, nº 980, no Jardim Paraíso. Info: 3731-0631.
10 • literatura
Reprodução de crônicas do livro Contos e Causos, de Wilson Gonçalves, cujo centenário é comemorado em 2019, originalmente publicadas no jornal Debate
O Boticário Botica era o nome antigo que se dava ao estabelecimento que preparava e vendia medicamentos humanos: a farmácia de hoje. Ali se aviavam agressivos purgantes de jalaca, emplastros se semente de mostarda macerada em almofariz de bronze, aplicáveis em furúnculos e panarícios emperrados, xaropes de caraguatá, limão-bravo eficazes em bronquites. As boticas, as prateleiras, raramente continham remédios com a bonita roupagem dos laboratórios, rotulagem vistosa, sugestiva. Tudo, o quase tudo originava-se da receitas médicas onde os clínicos declinavam, em letras ilegíveis, as drogas que iriam compor o remédio. nas vetustas prateleiras se apinhavam potes de louça, de vidros, amarelados para filtrar raios solares, cheios de drogas e unguentos. Raízes, sementes, certas flores secas guardavam-se em latas cujo manuseio diário e a ação do tempo se incumbiam de escurecer. O vasilhame, bem rotulado, continha em lugar visível o nome vulgar do seu conteúdo acompanhado, entre parênteses, do nome científico. Por exemplo: ervadoce, logo na frente, presilhado em parênteses “Pimpinella anisium”; erva de bicho, “Polygonun antihaemorroidale”. Porrete na cura ou refresco dos incômodos hemorroidais; puaia, “especuacuenha”, vomitório aplicado contra certos envenenamentos. Puaia, agora em virtude de fenômenos semânticos, que dinamizam a língua, passou a ter o significado de “chato”, “peroba”. Coisas da língua. Minha alegre a buliçosa infância passei em Irapé. distrito da Paz de Xavantes, oriundo do Sítio Guarantã, na beira do Paranapanema. Minha casa avizinhava-
se de uma botica. A botica pertencia ao velho boticário matogrossense “Seu Adhemar” – com “h”. Boticário cinco estrelas, conhecedor profundo da ciência de Hipócrates. O cabedal de conhecimentos que possuía, Seu Adhemar adquiriu-o em cuidadosas e cotidianas leituras do “Chermoviz”, o notável dicionário de medicina popular e das ciências assessórias para o uso das famílias, elaborado por Pedro Luis napoleão Chermoviz, doutor em medicina, cavaleiro da Ordem de Cristo, oficial da Ordem da Rosa no Brasil. Esse Alcorão da medicina, onde Seu Adhemar bebericava ciência médica, soube mais tarde, fora editado em Paris, 5ª edição, no ano da graça de 1878. O “Chermoviz” cuidava, atenciosamente, de doenças, seus sintomas, terapêutica, cuidados essenciais à cura dos males e informações variadas. Seu Adhemar constituiu-se num belo escapulário, como já fora dito. Mas a par da notável sabedoria, fruto de anos e anos de aplicação à medicina prática, o velho farmacopola tornara-se irritadiço, neurastênico, azedo demais. Assim, os fregueses, tratavam-os Seu Adhemar com casca e tudo, como se diz. Uma lástima, para não dizer uma pena. Meus pais, conhecendo a ranzinzisse do farmacêutico e o filho que tinham, proibiram-me, peremptoriamente, de sapear a botica, de rodear a farmácia, para evitar problemas. Mas a incontrolável curiosidade infantil, vez que outra, mesmo de longe, me levava a observar o que passava no estabelecimento. Foi assim que num dia, meio à socapa, aguçada a curiosidade, passei a ver e ou-
Os 100 anos do Professor Terminado o trabalho, tão logo a primeira criança se retira, pergunta à segunda: – E você, o que quer? “Seu Adhemar, a mãe mandou buscar 200 reis de ervadoce pra fazê chá pro Chico que tá com caganera. É pra marcá na conta do pai.
vir uns moleques que entravam na botica e se acercaram do balcão. Que seria? Percebi, perfeitamente, mesmo afastado, quando o velho boticário, seco como riacho do nordeste, pergunta a um dos freguesitos: – você aí moleque, que quer? – A pergunta endereçada com o o habitual mau humor assustou o menino, que timidamente, respondeu: – Seu Adhemar, a mãe mandou buscar 200 réis de erva-doce pra ponhá no bolo de fubá que vai fazer pra vó! Seu Adhemar, com aquela disposição de gente idosa, arrastando os chinelões de couro, apanha com certa dificuldade alta escada dobradiça, resmungando baixo, várias vezes, “Pimpinella asinum”, “Pimpinella asinum”, e abrindo as pernas da escada de fronte a uma lata, lá no alto da prateleira onde se deveria ler, por certo, o nome esquisito da erva. Com vagarosidade, sobe alguns degraus, apanha a vasilha encardida pela pátina do uso, desce e vai atender o menino. Embala o vegetal, recebe os cobres e procura colocar a lata e a escada nos respectivos lugares.
O boticário, como não poderia ser diferente, ficou uma fera, mas atendeu ao pedido refazendo toda a custosa operação. Antes, porém, de arrumar tudo no lugar, como fizera antes, interpela, áspero, o terceiro freguês: – Olha moleque, se você quer, também 200 reis de ervadoce para a mãe enfiar onde ela vem entender, vá dizendo logo, antes que eu guarde a lata e a escada! O menininho, coitado, intimidado, apenas respondeu: “Tá.” nada mais. Seu Adhemar, denunciando cansaço, repete toda a operação: fecha a lata, sobe na escada, recoloca a erva-doce no vazio da prateleira, desde, recoloca a escada no lugar. Então, se aproxima do terceiro garoto e pergunta acremente: – Então, moleque, que você quer, vá dizendo logo que eu tenho mais o que fazer. “Seu Adhemar, a mãe mandou buscar 500 reis de erva-doce pra… não terminou a frase, o pedido. Levou um cascudo no alto do piolho e um solene “puxa pra fora seu cachorrinho”, que até hoje, passados vários lustros, ecoa nos meus ouvidos, como aquele ronco de mar contido nos grandes caramujos marinhos quando os encostamos aos ouvidos.
11 • meninada
P i n g o
Um silêncio perturbador
artes: Sabato Visconti | 360
O pai do Alvinho chegou do trabalho, abriu a porta da casa e ficou mudo, parado, petrificado. Nunca havia sido assim: um silêncio assustador. Cadê o latido do Pingo, as músicas do Alvinho, os passos da mãe do Alvinho, até os pássaros estavam mudos. Assim que se recuperou, deu passos, pé ante pé para não perturbar o silêncio perturbador, entrou no corredor, mais alguns passos e chegou à porta do quarto do Alvinho. Virou a cabeça e, entre assustado e aliviado, viu Pingo no chão de barriga pra cima, Alvinho na
cama de barriga pra cima e a mãe de Alvinho sentada no chão afagando a barriga dos dois. Alvinho e Pingo deveriam estar sonhando, longe dali, deliciando-se do carinho e tudo o que o pai do Alvinho conseguiu fazer foi abrir um sorriso de alegria e felicidade e surpresa, pois foi a primeira vez que viu Pingo feliz sem estar latindo. Ficou com vontade de fazer uma arte e latir: Au! Au! Mas desistiu, o silêncio ali era de muita paz!
Ache as 12 diferenças
1- Nariz do Pingo. 2- “Olho” do ovo à esquerda do Pingo. 3- Língua do Pingo. 4Sombra do ovo onde o Pingo está. 5- Ovo à direita no alto. 6- Detalhe da orelha. 7- Detalhe da decoração da tampa do ovo onde o Pingo está. 8Tamanho do ovo à direita. 9- Detalhe à direita do ovo do Pingo. 10- Cor das orelhas. 11- Grama sob o Pingo à esquerda. 12- Linha à esquerda do Pingo.