jornal360_ed.171_abr20

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nº171

cidadania_ Conheça a VAL, programa de inclusão alimentar que pode ser implantado em sua comunidade •p8 bolos do livro de receitas da ti Dalva, interpretados por suas •p6 três filhas quituteiras

ambiental_ O cenário atual evidencia os a necessidade de mudarmos os padrões de produção e consumo •p14

Circulação Mensal: 6 mil exemplares

Um microscópico ser se infiltrou no ano 20 do século 21 causando uma avassaladora mudança de vida nos mais diversos pontos do planeta.

conta do cenário a partir de meados do mês de março e deve permanecer ditando as regras de comportamento e consumo até meados de junho, quando finalmente está previsto o No Brasil, o Coronavírus, causador início de sua decadência como proda Covid-19, doença com um índice motor de uma epidemia sem precede transmissão alarmante, tomou dentes na vida moderna.

Distribuição: • Águas de Santa Bárbara • Areiópolis • Assis • Avaré • Bernardino de Campos • Botucatu • Cândido Mota • Canitar • Cerqueira César • Chavantes • Espírito Santo do Turvo • Fartura • Ibirarema • Ipaussu • Manduri • Óleo • Ourinhos • Palmital • Piraju • Santa Cruz do Rio Pardo • São Manuel • São Pedro do Turvo •Timburi Pontos Rodoviários: • Graal Estação Kafé

• Varanda do Suco Versão On line:

Imagem de Mystic Art Design por Pixabay

• Orquidário Cyber Café • RodoStar

ABRIL 2020 ANO 15

! s i t á Gr

Como estamos enfrentando o desafio que iguala a todos

Caderno 360 Gostoso de ler.

• RodoServ

imagem: Vaquinha do Alimneto 2020

gastronomia_Deliciosos

Neste cenário inesperado, onde o isolamento social é determinante, o habitual consumo desenfreado precisou ser substituído por compras de remotas de itens de primeira necessidade e vida caseira, sem festas e eventos. E também sem os elevados índices de poluição atmosférica. •p10


2 • editorial

Saúde

Do latim salu, significa salvação, conservação da vida. No nosso dicionário, estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e seu ambiente; estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar; força física; robustez, vigor, energia. Quando a gente brinda a gente deseja Saúde! É o que desejamos a alguém ou a pessoas que festejamos. A gente também diz: “saúde!” Quando alguém espirra. Essa situação de epidemia que estamos vivendo, traz como grande lição algo que repetimos desde que tomamos consciência a respeito das coisas: a saúde é mais importante do que tudo. O segundo ponto que a situação nos obriga a pensar é no quanto somos todos iguais. Sim, porque não adianta você ter uma condição financeira, cultural ou de poder acima dos outros numa epidemia. Todos, sem exceção, podem se contaminar. E pra todos, sem exceção, uma doença que chega a ser intratável, pode ser fatal.

foto: Deborah Epelmann

quarentena que deve durar mais de 90 dias. Veja em nossas seções de ACONTECE e BEM ESTAR. O efeito mundial do coronavírus também aparece em mEIO AMBIENTE, onde o especialista prof.dr. Edson Piroli traz um ampla reflexão a respeito das causas e dos efeitos que a epidemia está causando no planeta Terra.

* Com níveis muito mais baixos de poluição por causa

do isolamento social, São Paulo também tem o céu repleto de cores, como acontece no interior *

A epidemia que estamos enfrentando no Brasil ainda é praticamente embrionária. Em muitos outros países ela chegou mais cedo, fez e continua fazendo estragos que provam que não se trata de uma simples gripe. Ou de algo fácil de lidar. Fosse assim, não estaríamos em casa, nos reinventando e aprendendo a viver com uma distância física e social a qual não estamos nem um pouco acostumados. Viver o dia a dia sem um beijo, um abraço, um aperto de mão. Sem um café entre amigos, uma roda de conversa, não é nada fácil para o brasileiro. Enquanto vamos lidando com uma situação que pode ser menos grave por já termos modelos de boas e más práticas ao redor do mundo, basta avaliar como China, Itália e Estados Unidos lidaram com a epidemia para não cometer os mesmos erros, assim como buscar em outras partes do mundo providências que se mostraram efetivas, como o uso constante de máscaras em Hong Kong, por exemplo, somos desafiados a lidar com novos desafios. Um deles, a subsistência. Afinal somos um povo majoritariamente pobre. Bem pobre. E neste ponto, também estão no mesmo patamar, sejam os mais ou os menos afortunados financeiramente. Explico: de nada adianta os defensores aguerridos em se priorizar o mercado, a economia, abrindo mão do controle epidêmico para restabelecer o consumo se não tivermos pessoas saudáveis trabalhando. O colapso do sistema de saúde será letal para uma sociedade que quer

Também com foco no assunto, como não poderia deixar de ser, nossos colunistas colocam suas ideias em PONTO DE VISTa, enquanto o Pingo cumpre a quarentena de máscara, em MENINADA.

não apenas se manter competitiva, mas em desenvolvimento. O mesmo se aplica à pressão feita por uma parcela do empresariado que, acostumada a colocar seus interesses financeiros acima de tudo e de todos (esse é o Deus a quem se referem e não o religioso), ameaça com demissões em massa o sistema de controle epidemiológico, que determina que todos devam ficar em casa.

A edição também traz o efeito moral e fraterno de uma época em que todos são obrigados a agir individualmente pensando no coletivo, com a apresentação da Vaquinha do Alimento, um programa de inclusão alimentar que tem se mostrado eficaz e promoveu uma ação de dupla ajuda comunitária com uma campanha de Páscoa, como aparece em CIDADANIA.

Ora, sem empregados, essas empresas não existem. Sem pessoas empregadas não há consumo. Ainda mais numa realidade onde os verdadeiramente endinheirados e até mesmo a classe média gasta suas reservas em terras do Tio Sam onde tudo, mesmo com o dólar acima de R$5,00 é mais barato. E também mais divertido, na visão deles.

A edição, traz em GASTRONOMIA, a leveza de nossas receitas, desta vez realizadas por três irmãs que provam que levar adiante um talento familiar, é além de gostoso, um modo de se manter sempre unido.

Deixando de lado os previsíveis defensores do dinheiro a qualquer custo, mesmo que seja o da morte de milhares de pessoas, temos a maioria dos governantes, autoridades e da população consciente de que mais importante do que tudo agora – e sempre – é preservar a vida. E isso implica ficar em casa. Implica também adotar novas práticas produtivas, principalmente quando se tem a missão de produzir e comercializar produtos de primeira necessidade. Nesta edição, feita totalmente por contato telefônico e virtual, trazemos exemplos de adaptação ao cenário atual. Da indústria alimentícia, à festa de aniversário, vamos contar como empresas, pessoas, e instituições estão lidando com a

Ciente de que também cabe a este veículo comunicação buscar alternativas para chegar a todos os leitores sem colocar ninguém em risco de contaminação, nem mesmo esta editora, e também da necessária compensação aos nossos anunciantes diante de uma diminuição significativa na nossa tiragem impressa, já que serão poucos os pontos de distribuição a receberem pessoas – e de forma restrita, como supermercados e farmácias – esta edição marca o lançamento de um novo canal virtual do 360. Conheça o nosso site. E veja como continuamos dispostos e capazes de inovar quando o assunto é informação e respeito ao leitor. Boa leitura! Flávia Rocha Manfrin editora | 360@jornal360.com c/w: 14 99846-0732

Jeremias 8 Vs 7

Ora ação!

Até a cegonha no céu conhece os seus tempos determinados; e a rola, e o grou e a andorinha observam o tempo da sua arribação; mas o meu povo não conhece o juízo do Senhor.”

Código de Ética do Jornalismo

Artigo 4º

A apresentação de informações pelas instituições públicas, privadas e particulares, cujas atividades produzam efeito na vida em sociedade, é uma obrigação social..

e xpediente O jornal 360 é uma publicação mensal da eComunicação. Todos os direitos reservados. Tiragem: 6 mil exemplares. Distribuição gratuita. Redação-Colaboradores: Flávia Rocha Manfrin ‹editora, diretora de arte e jornalista responsável | Mtb 21563›, André Andrade Santos ‹correspondente SP›, José Mário Rocha de Andrade e Fernanda Lira ‹colunistas›, Sabato Visconti ‹lustrador› e ,Odette Rocha Manfrin ‹receitas e separação› Impressão: Fullgraphics. Artigos assinados são de responsabilidade de seus autores. • Endereço: R. Cel. Julio Marcondes Salgado, 147 — centro — 18900-000 — Santa Cruz do Rio Pardo/SP • contato: 360@jornal360.com • cel/whats: +55 14 99846-0732 • 360_nº171/abril2020



de vista

*José Mário Rocha de Andrade

Um lugar seguro

“Que frio horrível faz nessa cidade”, queixavase frau Greta enquanto dava aula de alemão em São Paulo. Mas, professora, a senhora sempre morou em Berlin e lá o frio é muito pior, retruquei. “Não é não! Lá, dentro das casas é muito gostoso, quentinho, ficamos de camiseta, mesmo quando lá fora neva e faz muito frio”. “Mas, por que, no Brasil, vocês constroem muros em frente às suas casas?”, perguntava inconformado Dr. Little em Montreal, Canadá. É que lá existe o problema da segurança, Dr. Little, eu tentava explicar um pouco envergonhado. Na história “Os Três Porquinhos” aprendemos que nossa casa deve ser um lugar seguro, resistente aos maiores ventos, afinal, é ali que iremos morar com nossa família. Lembro-me de papai ensinando: “enquanto você não for

dono da sua própria casa você não estará seguro”. Em meu casamento, o padre Fernando rezou: “Pedro, tu és pedra e sobre essa pedra edificarei minha igreja. Assim deve ser o casamento, construído sobre uma base sólida.” No momento, vivemos em uma pandemia causada pela covid-19. O mundo mudou. Quem demorar a aceitar, insistir em viver no mundo de 2019, sairá mais fraco, menos capaz de enfrentar o mundo novo, pós pandemia. É bom ter em mente que, na Teoria da Evolução das Espécies de Charles Darwin, em tempo de grandes catástrofes, não são os mais fortes que sobrevivem, mas os com maior capacidade de adaptação. A necessária informação que recebemos agora dos virologistas, infectologistas, epidemiologistas, da ciência em resumo, chega contaminada com a necessidade de falar e

imagem: Pixabay

4 • ponto

falar e falar de pessoas que não se contêm e falam do que não sabem, muito mais prejudiciais quando temperadas com ódio. O que precisamos, mais do que nunca, é seguir o ensinamento fácil de falar, dificílimo de praticar: “Ama o próximo como a ti mesmo”, como ensinou Jesus. Não há espaço para ódio, disputas, egoísmo. O ódio enfraquece e o que precisamos agora é unir forças. Nossa casa, de repente, expandiu-se, rompeu fronteiras, ocupou todo um país, um continente, o planeta e somente voltará a ser o nos-so lugar seguro quando essa segurança existir para todos. Precisamos seguir o líder e esse líder, no momento, chama-se ciência, que somente irá atingir seu objetivo, como sempre, sem ódio,

praticada com inteligência, amor, principalmente união. O dilúvio, que poupou somente os bons, não resolveu. O ser humano é o mesmo de antes, mas, quem sabe, teremos um Planeta Terra pós pandemia um pouco mais solidário, melhor, ou, como conta a história, dominado por uma elite formada pelos que tiveram uma maior capacidade de adaptação. Quem viver verá! *médico santa-cruzense radicado em Campinas

Será o fim da sociedade de consumo?! * Fernanda Lira

Hoje, tanto faz o carro que você tem. Ou o plano de saúde que você pode pagar. As roupas que vocês veste ou os makes exagerados que você aprendeu a fazer, transfigurando sua beleza, como se ela não existisse sem uma camada exagerada de pancake. Hoje está todo mundo em pé de igualdade. Ou melhor, quem tem mais saúde, mais resistência física, está em melhores condições. Também está em vantagem quem mora isolado. Quem trabalha no campo, sem precisar parar sua atividade.

De resto, estamos todos no mesmo lado, acuados por um serzinho que se multiplica exageradamente, transformando seus piores efeitos sobre nosso organismo em números assustadores de mortos. São mais de 600 mil pessoas doentes no país que se julga o mais poderoso e bem sucedido do mundo, os Estados Unidos, onde o número de mortos pelo Covid 19 em 24h bateu recorde mundial, no último dia 15/4 (fonte Hopkins Hospital). Quem em sã consciência (nem vou falar dos aloprados brasileiros liderados por um presidente insano) quer ostentar um título desses? Passar tamanha vergonha a respeito da sua capacidade de enfrentar um minúsculo ser invisível?

imagem: Dreamstime

Precisou um ser minúsculo,microscópicos, desprovido de qualquer vaidade ou imponência, que caiu de para-quedas entre os humanos, para colocar em xeque o que no fundo nós todos sempre soubemos: o consumo não nos eleva, não nos torna superiores e capazes. Ao contrário, ele nos faz de tolos.

Os números de casos no Brasil na mesma data em que o Tio Sam atinge o maior número de mortos por coronavírus do planeta, é infinitamente menor segundo o Ministério da Saúde. São cerca de 28 mil infectados. O mesmo número de pessoas que morreram pela doença nos EUA. São mais de 1700 óbitos no Brasil desde 26 de fevereiro, menos do que foi registrado lá num único dia.

Isso significa que estamos apenas no início da epidemia. Conter esses números depende de cada um de nós, de nossos governantes e todos nós juntos. Crises econômicas sempre existiram e sempre existirão. Ninguém precisa morrer por causa delas. É melhor perder o emprego do que a vida. E temos aí os altos salários e gastos do Congresso Nacional e do nosso Judiciário para serem minimizados em benefício de todo o povo brasileiro para fechar as contas. Pronto. Falei! *jornalista paulistana que adora o interior


news

Informativo mensal • edição 05_out2019 • especial para o 360 Reportagem/Edição:

Ro s e Pime n t e l

UNIFIO, Nova Alcântara e Usina São Luiz produzem álcool 70º para doação Numa iniciativa conjunta, o Centro Universitário UNIFIO, Usina São Luiz e a Incorporadora Nova Alcântara forneceram refis de Álcool 70° para a população de Ourinhos e região. Foram distribuídos mais de 5.200 frascos de álcool com 250 ml, gratuitamente, no plantão de vendas da Nova Alcântara e na Farmácia Universitária UNIFIO. As empresas também doaram 2 mil frascos de 500ml para as Santa Casas e postos de Saúde de Ourinhos e Santa Cruz do Rio Pardo. A parceria foi idealizada por um dos diretores da Nova Alcantara, Rafael Lopes e o industrial Roque Quagliato, um dos diretores da Usina São Luiz e presidente da Fundação Educacional Miguel Mofarrej (FEMM), mantenedora da UNIFIO. “Em uma situação preocupante como esta, temos que fazer o possível e impossível para contribuir com a população. Logo que soubemos da escassez do produto, corremos muito e conseguimos viabilizar esse programa em parceria com

UNIFIO e Usina São Luiz. Iniciamos com a distribuição de 7.200 frascos, que conseguimos embalagem a pronta entrega, mas estendemos essa quantidade”, diz Rafael Lopes.

Nova Alcântara, na Avenida Jacinto Ferreira de Sá (em frente à FAPI) e também na Farmácia Universitária UNIFIO que fica na Rodovia Transbrasiliana (BR-153), Km 338.

“Num momento como o que estamos vivendo, é fundamental que cada um faça a sua parte em apoio à grande mobilização nacional que se formou para a preservação da vida das pessoas. A Usina São Luiz como produtora de álcool não poderia deixar de contribuir com o produto e a Farmácia Universitária UNIFIO, por sua vez, com capacidade técnica e recursos tecnológicos, autorizada para atuar junto à comunidade, e os conhecimentos e experiência de seus professores e profissionais que integram nossa comunidade acadêmica está em consonância com o compromisso social da FEMM que sempre procurou estar presente e participando de ações em prol da comunidade local e regional”, disse o industrial Roque Quagliato.

O reitor Murilo Ángeli dos Santos explicou que a Usina São Luiz fez a doação do álcool, a Incorporadora Nova Alcântara forneceu os frascos e etiquetas e a Farmácia Universitária UNIFIO disponibilizou todos os seus recursos técnicos e profissionais para o preparo do produto e seu envasamento. Ele destacou a atuação dos professores da Farmácia Universitária e do curso de graduação em Farmácia nesta ação de grande relevância social. “Esta parceria representa o esforço conjunto e solidário da nossa comunidade acadêmica e de duas importantes empresas ourinhenses, em apoio e colaboração à mobilização nacional para o combate ao COVID-19”, afirmou o reitor.

Os refis ficaram à disposição da população no plantão de vendas da

O Prof.Dr. Luciano Gatti, coordenador do Curso de Biomedicina UNIFIO: biomédicos são importantes no combate ao Covid-19 mapeou o genoma do coronavírus de uma amostra de um paciente”. Além da pesquisa, ele ressalta

“não importa a forma que o álcool se apresenta, líquida ou em gel, para ter uma ação antimicrobiana e combater o Coronavírus” e destacou que “importante é que ele esteja entre 60% e 70% na composição”.

Não há diferença quanto à eficácia da forma líquida em relação a forma em gel. O uso do álcool 70º na forma líquida pode ser útil tanto para limpeza das mãos como também de superfícies”. Ele ressalta ainda que

O presidente da Santa Casa de Ourinhos, industrial Celso Zanuto, agradeceu a parceria e afirmou que toda colaboração é bem-vinda neste momento, salientando que um dos maiores problemas encontrados pelo hospital atualmente são os frascos adequados para o armazenamento do álcool, que vieram em boa hora.

O professor José Lúcio Pádua Gemeinder, responsável pela execução do projeto, “o álcool 70º será disponibilizado na forma líquida.

Biomédicos são importantes no trato a epidemias como o surto de coronavírus O coordenador do Curso de Biomedicina UNIFIO, Prof. Dr. Luciano Gatti (Doutor em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Federal de São Paulo), e membro da Comissão Consultiva Docente para a tomada de decisões em relação ao COVID-19 no UNIFIO, destaca que o biomédico por sua formação é possuidor de um perfil profissional privilegiado para atuar em situações de emergência em saúde pública de importância nacional e internacional, tanto na pesquisa básica quanto nos serviços de diagnóstico e terapêutica. “O Biomédico é um cientista por excelência, atuando em áreas como Genética e Biologia Molecular, entre outras. Um exemplo é a grande contribuição da Biomédica e Pesquisadora Dra. Jaqueline Goes de Jesus, cientista brasileira que

Farmácia UNIFIO colaborando para o combate ao Coronavírus em parceria com a Nova Alcântara e a Usina São Luiz: álcool gel 70º

que o biomédico atua no desenvolvimento de novas tecnologias diagnósticas, como é o caso da Dra. Ticia-

Profissionais da Farmácia UNIFIO lembrando a todos sobre a importância do isolamento social no combate ao Coronavírus ne Henriques Santa Rita, pesquisadora de um grande Laboratório nacional que desenvolveu ensaio para detecção do SARS Coronavírus 2, utilizando técnicas de Biologia Molecular em plataforma automatizada. Gatti observa que exemplos como esses evidenciam a importância do biomédico em diferentes surtos e em questão ao combate ao COVID19. “Em meio à pandemia, nós biomédicos, somos importantes nessa batalha contra o SARS-CoV-2, atuando nas pesquisas científicas, com desenvolvimento de novas tecnologias de diagnóstico, fármacos, vacinas, atuamos no diagnóstico laboratorial, molecular, diagnóstico por imagem, saúde pública,epidemiologia”. O Centro Universitário UNIFIO, através da Reitoria e do seu corpo docente, está envidando todos os

seus esforços na continuidade da rotina acadêmica, utilizando suas tecnologias e ferramentas digitais, disponibilizadas pelo Núcleo Tecnológico de Educação Aberta (NTEA), para administrar aulas e atividades on line aos alunos de todos os cursos. Consciente de sua responsabilidade social, a atuação UNIFIO vai além, participando das ações comunitárias em prol do combate ao coronavírus, através de parceria com a Usina São Luiz e a Incorporadora Imobiliária Nova Alcântara, com a distribuição de álcool 70° para hospitais, unidades de saúde, entidades e população. O Centro Universitário UNIFIO também utiliza suas redes sociais para divulgar informações e transmitir orientações sobre a prevenção e combate ao coronavírus.


6 • gastronomia

Receitas do caderno da tia Dalva Rocha

*Flávia Manfrin

tima, Rita e Ana Rosa mandam muito bem na hora de fazer delícias culinárias. Foram elas que prepararam as duas receitas desta edição. As duas merecem ser servidas acompanhadas de um outro hábito da família Rocha, bastante comum, aliás: comer uma delícia ainda com a temperatura do forno acompanhada de um forte cafézinho e uma boa conversa.

Rocambole de Goiabada

Bolo de Laranja & Banana

receita de Joana Almeida Rocha execução: Ana Rosa R. de Andrade

Receita de Dalva Rocha de Andrade execução: Fátima R. Andrade do Carmo

_Ingredientes: • 4 ovos • 1 xícara de açúcar • 1,25 xícara de farinha de trigo • 1/2 copo de água morna • 1 colher de fermento em pó + • 1 xícara de goiabada, preferencialemnte caseira • 1 cálice de vinho licoroso

_Ingredientes cobertura: • 12 bananas nanicas fatiadas em rodelas • 2 xícaras de açúcar • 1 colher de sobremesa de manteiga _Ingredientes bolo: • 4 ovos • 3 colheres de sopa de manteiga • 2,5 xícaras de açúcar • 1 xícara de maisena • 2 xícaras de rainha de trigo • 1 copo de suco de laranja • 1 colher de fermento em pó

fotos: Flvia Rocha • 360

Flávia Rocha | 360

_Preparo: Bata as claras em neve e reserve. Bata as gemas com o açúcar até ficar bem homogêneo. Acrescente a água morna e aos poucos a farinha e por último o fermento. Desligue a btedeira e misture as claras em neve com delicadeza. use uma assadeira bem fininha para o bolo ter no máximo 3 a 4 cm de altura. Caso não tenha, asse numa forma grande o suficiente para a massa ficar bem fina, para poder enrolar. Asse em forno pre aquecido a 180º. Enquanto o bolo assa, aqueça a goibada com um cálice de vinho licoroso ou vinho do Porto. Desenforme o bolo sobre sobre um pano de prato limpo polvilhado de açúcar (eu bato o cristal no liquidificador para ficar bem fininho). Cubra a massa com uma boa camada da goiabada aquecida. Vá enrolando com a ajuda do pano. Pronto. É só fatiar e servir!

Bolo Fatias de Anjo

_Ingredientes: • 2 tabletes de manteiga • 3 ovos • 2 xícaras de açúcar • 3 xícaras de farinha de trigo • 1colher de fermento _Preparo: Bata tudo com uma batedeira. Asse em forno pré aquecido a 180º. Quando desenformar, polvilhe açúcar para decorar. É um bolo muito leve e delicado.

Foto : Google

Receita de Dalva Rocha de Andrade execução: Rita de Cássia R. de Andrade

_Preparo: Na própria forma do bolo, faça o caramelo derretendo o açúcar e a manteiga. Cubra com as bananas e reserve (você pode fazer com outras frutas, se quiser, como maçã, por exemplo). Bata as claras em neve e reserve. Em seguida, bata bem a manteiga com o açúcar e as 4 gemas. Vá acrescentando depois o suco de laranja, a farinha de trigo (ou de arroz) e a maisena. E por último o fermento. Desligue a batedeira e acrescente as claras em neve, misturando delicadamente. Asse em forno pré aquecido a 180º. Desenforme ainda quente.

foto: Fátima R. Andrade Carmo

Tia Dalva amava descobrir novas combinações de sabor. Era não apenas uma grande quituteira. Esse era também o seu hobby. Do seu caderno podemos tirar receitas das mais diversas origens. Das mais antigas, aprendidas com a vó Joana, que fazia tudo gostoso, às mais inovadoras que ela replicava de programas da TV e da internet. Tia Dalva fez escola. As três filhas, Fá-


7 • meninada

A quarentena do Pingo Alvinho pega a coleira e sai para passear com Pingo que ainda não entendeu: O QUE É QUE ESTÁ ACONTECENDO? Uma volta minúscula, suficiente para fazer xixi e cocô e estão voltando para casa. Patas limpas com álcool gel, Alvinho troca o tênis e ninguém sai de casa.

ato ab s: S te ar

Estamos em quarentena, Pingo, tenta explicar Alvinho e senta-se à mesa para fazer a lição de casa. Pingo não entende e gosta menos ainda. Percebe que estão todos preocupados, faz tempo que não ouve uma gargalhada, Alvinho brinca pouco e, apesar de não entender, Pingo fica quieto também. Sabe que um dia isso passará e voltará a brincar e latir feliz com todo mundo: Au! Au!

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Ache no diagrama as palavras em destaque no texto e descubra qual a melhor atitude para evitar o coronavírus

Todo mundo já sabe o perigo que o coronavírus representa. Então, o melhor remédio é se prevenir. Pra começar, evite sair de casa e o agrupamento de pessoas, pois isso aumentar o risco de contaminação. Lave as mãos muitas vezes com água e sabão. Quando isso não for possível, use álcool gel 70°. Dilua uma tampa de água sanitária por litro de água para esterilizar tudo. Limpe a casa com um pano úmido usando essa mistura que também serve para desinfetar sapatos, bolsas, sacolas e compras, incluindo alimentos. Caso tenha que sair de casa, use máscara. Caso tenha que usar caixas eletrônicos, mexer em dinheiro ou fazer compras, use luvas descartáveis. Deixe sua casa arejada, com as janelas abertas. Mantenha distância das pessoas de pelo menos um metro e meio. E use máscara se houver muitas pessoas na sua casa. Aproveite o período de isolamento para dormir bem, se distrair, estudar, tomar sol e manter sua saúde em dia. Caso apresente sintomas parecidos com gripe, tosse seca, febre e fadiga, peça que alguém chame um médico ou avise uma unidade de saúde. Enquanto isso, fique isolado num quarto ventilado. A epidemia ainda vai demorar um tempo para passar, nem sempre tem cura, nem vacina contra essa doença . Então tome todo cuidado porque o mais importante agora evitar contato com o vírus. Isso vale para pessoas de qualquer idade. Tomando todos esses cuidados, vamos superar sem medo e garantir a vida das pessoas que amamos.

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8 • cidadania

*Flávia Manfrin

Uma Páscoa de verdade aconteceu na minha cidade

No domingo de Páscoa de 2019, segui mais uma vez para o café da manhã dominical da Vila Divineia, um bairro da minha pequena Santa Cruz do Rio Pardo carente de apoio social. Assim como vinha fazendo todas as semanas desde o final de novembro de 2018, estava dando um apoio ao evento comunitário do bairro, levando leite (tipo A e pasteurizado) e alimentos como pão de queijo, brioches e frutas (estas, incluídas no cardápio a partir de maio do mesmo ano). Naquele domingo, fui pessoalmente acompanhar o café, levando 100 ovos de páscoa diminutos, ocos, de menos de 30g, que custaram R$ 1,00 cada e consumiram R$ 100,00 do orçamento de R$ 200,00 semanais que eu tinha naquela época – atualmente coletamos R$ 350,00 por semana em doações e nossa ação transformou-se numa merenda, distribuída aos sábados para crianças e adolescentes. Eu estava feliz de ter conseguido aqueles ovos. Ao chegar lá, havia mais de 100 crianças, contrariando o número médio de frequência, que girava entre 50 a 70 pessoas, entre crianças e adolescentes. Tratei de conseguir mais algumas unidades. Até que apareceu um grupo de torcedores do Palmeiras com bombons para as crianças. Juntamos tudo e distribuímos da maneira mais equitativa possível para todos. Eu devia ficar feliz, mas não. Nunca vou esquecer a expectativa das crianças à espera do chocolate de Páscoa, que foi entregue no encerramento do café. Elas fizeram fila e vieram pegar sua porção com um grande entusiasmo e vontade. Aquilo doeu muito. Afinal, estavam recebendo muito, mas muito pouco. Muito, mas muito menos do que a maioria das crianças da cidade. Sim, porque ao contrário de grande parte deste país, nossa cidade tem uma boa renda per capta, também bem distribuída. Eles, enfim, estavam recebendo muito, mas muito menos, do que um criança espera e deseja na Páscoa, a festa que se transformou num delicioso exagero em consumo de chocolate. Voltei para casa pensando que aquilo não iria se repetir. Porém, a rotina do meu trabalho com o jornal (faço quase tudo deste 360) e com as doações semanais da VAL, a nossa Vaquinha do Alimento, programa que criei e coordeno há cerca de um ano e meio, tiraram do meu horizonte essa questão da Páscoa das Crianças. Até que chegou março de 2020 e com ele, o isolamento social provocado pela epidemia do coronavírus. Ajudar, ajudando – Na nossa cidade, existe a Chocolataria Frei Chico. Ela surgiu há mais de 30 anos, exatamente da vontade do saudoso padre dominicano Francisco Pessutto e de seus auxiliares na condução de duas entidades assistenciais da cidade – a Creche São José e a Casa de Acolhimento Adelina Aloe – em presentear as crianças com de chocolates na Páscoa. Caros como costumam ser os ovos de Páscoa, eles aprenderam a fazer artesanalmente, para poder contemplar cada criança que atendiam naquela época. Deu tão certo que a novidade ganhou fama. E os ovos de chocolate Frei Chico passaram a ser vendidos, transformando-se na principal fonte de renda das entidades. Como já reportamos em nossas edições anteriores, a Chocolataria Frei Chico produz milhares de ovos, feitos com mais de uma dezena de toneladas de chocolates por ano. Com a chegada da epidemia e a necessidade do isolamento, ela precisou fechar suas portas e, a exemplo de todo o comércio, vender seus produtos através de en-

comendas e delivery. Como todo o comércio, a entidade se viu diante de uma possível queda brusca e de grandes proporções em suas vendas. E isso me fez querer ajudar. Assim como a Vaquinha do Alimento nasceu rapidamente da vontade de ajudar pessoas – conheça a história a seguir, também a campanha VAL de Páscoa foi lançada em questão de dois dias. E em quatro já tinha atingido nossa meta: comprar 120 ovos da Chocolataria Frei Chico com o peso mínimo de 300g. A mecânica da campanha se deu 100% on line. Com a ajuda de três voluntárias e dos 80 doadores regulares da Vaquinha do Alimento, espalhamos flyers virtuais pedindo ajuda para a compra dos ovos, com o valor mínimo também equivalente à trimestralidade da Val: R$ 50,00. O grande diferencial da campanha é que ela não iria beneficiar apenas a Chocolataria Frei Chico, onde compramos um total de 204 ovos de páscoa recheados com bombons, sendo 190 de 300g e 14 de 200g, num total de R$ 5.621,20. A campanha beneficiou também as crianças que atendemos semanalmente na VAL e ainda muitas outras, já que foram 204 ovos. Com a compra feita, às vésperas da Páscoa, o resultado da campanha ultrapassou o custos dos ovos, chegando a R$ 6.200,00. O excedente foi usado para comprar assados para seis entidades, entre elas o Lar Adelina Aloe e o Lar da Criança, que juntos somam cerca de 43 crianças e já ganham ovos de Páscoa do Frei Chico. Ainda sobrou um pequeno valor, que usamos na nossa compra de itens da Val, que durante essa época de quarentena, deixou de ser semanal para prover 60 famílias com kits de alimentos e itens de higiene e limpeza. Moral da história – Essa experiência preencheu os

meus dias de isolamento de uma felicidade que poucas vezes experimentei de maneira tão intensa e duradoura. Não tive a honra de entregar nenhum desses itens, pois estou convicta em meu isolamento já que tenho 55 anos e uma imunidade que não anda no melhor dos níveis. Mas acompanhei remotamente a alegria das crianças e adolescentes em receber um ovo digno da expectativa que todos têm quando chega a Páscoa. Ou seja, de maneira indireta e sem tê-la como meta, eu acabei realizando a minha determinação de proporcionar uma Páscoa mais digna às crianças e muito mais pessoas. O leitor poderá pensar que trata-se de uma data comercial. Que ovos de chocolate custam muito mais caro do que tabletes. É verdade. Mas não fui eu quem inventei isso tudo. E não há nada mais justo e digno do que todas as crianças poderem viver esse momento com a mesma qualidade que todas as outras. Ainda mais quando essa fartura serve de sustento para uma entidade. Páscoa é doação – Essa campanha trouxe para o campo da realidade a essência da Páscoa. Afinal, foi na Páscoa que o Cristo se doou por todos nós. Além de mim e das pessoas que me ajudaram voluntariamente nessa campanha, outras 67 pessoas, que fizeram as doações, puderam experimentar o verdadeiro sentido da Páscoa, pois conseguimos transforma essa data de maneira inclusiva para mais de 330 pessoas. O retorno que tive desses doadores foi extraordinário, pois sentiram o quanto sua decisão em doar um ovo de Páscoa trouxe alegria não só para quem os recebeu, mas para todos que doaram e trabalharam por isso. Passar em meio a essa emoção um domingo de Páscoa isolada de minha família, como foi meu, não poderia ter sido mais perfeito.


“A Vaquinha do Alimento me mostrou uma realidade de Santa Cruz que eu nunca tinha tido contato, muito mais humilde e carente do que eu imaginava e que precisa de ajuda. Também me mostrou que através dela podemos ensinar muitas coisas para as crianças e que forças unidas conseguem chegar tão longe quanto quisermos.”

Conheça a Vaquinha do Alimento

Letícia Zaia Maximiano Souza, voluntária e administradora

“Quando estamos entregando os alimentos para as crianças, cada olhar delas, os gestos de carinho, abraços, só me fazem pensar na importância da VAL e na sorte que temos de poder estar ali contribuindo. A principal descoberta é enxergar uma realidade diferente, que apesar de tão próxima, muitas vezes, nos recusamos a ver. Não temos noção da quantidade de crianças que têm fome, enquanto comemos no mínimo quatro vezes ao dia.” Carolina Yoneda, voluntária e produtora

“Eu acompanhei o programa pelo Instagram e achei a ideia legal, além de ter uma rotatividade nas doações, podendo envolver mais doadores. Também é legal ajudar pessoas da minha cidade. O valor é pequeno, não faz falta visto que às vezes gastamos mais com restaurantes, bares e viagens. Não custa segurar um pouco do conforto e lazer para dar o mínimo para quem não tem nada disso.” Alfredo Guedes, doador, participou também da distribuição de alimentos no domingo de Páscoa

“Me traz uma profunda satisfação pessoal poder ajudar! Tenho certeza que, além do alimento e da alegria que o projeto gera a essas crianças, a VAL está levando muito mais, como a esperança de um futuro melhor e a consciência da ajuda, empatia e humanidade para com o próximo, algo em falta nos tempos atuais e que é essencial para a convivência em sociedade. Não estamos gerando esperança somente a eles, mas para nós todos!” Thomas Faibicher, doador

Soube da campanha de Páscoa através da Maritê Guimarães. Agradeço muito a ela por isso. Resolvi ajudar pela forma idônea que estava sendo apresentada, pelas entidades envolvidas e também pela credibilidade da Maritê. Sei que ela não ia me mandar algo que não fosse sério. Acabei também entrando para o grupo de doadores da VAL e estou muito feliz e grato por isso.” Juninho da JM9 construtora, doador de Ourinhos

A Vaquinha do Alimento é um programa de inclusão alimentar criado em novembro de 2018 para levar alimentos saudáveis para crianças de um bairro carente de Santa Cruz do Rio Pardo, a Vila Divineia. Com um mecânica bastante simples e fácil de praticar, foram criados grupos de 12 doadores que se revezam na doação de R$ 50,00 por semana, o que significa que a doação é apenas trimestral. Sem pesar no bolso das pessoas, esse sistema também facilita o trabalho de coletar as doações, feitas por transferência bancária para quem prefere ou mora em outras cidades – a Vaquinha do Alimento tem doadores até na Irlanda e nos Estados Unidos –, doação em dinheiro ou compra direta no supermercado onde o doador tem conta. Nascida com três grupos de doadores, ou seja, com um orçamento semanal de R$ 150,00 destinados à compra de leite tipo A, pães de queijo, brioches e iogurte para cerca de 100 crianças, atualmente a VAL, como é chamada, possui sete grupos de doadores, num total de 84 pessoas, além de contar com três voluntários que ajudam nas compras e distribuição dos alimentos e doadores anuais, que concentram o valor de R$ 200,00 numa única doação, geralmente programada para a Festa de Reis, quando as crianças ganham alimentos especiais. Tem ainda uma doadora master, que contribui mensalmente e cujas doações ajudam na compra de itens como geladeira (usada), pratos e canecas. Completa o time a idealizadora e coordenadora do projeto.

A solicitação das doações e a divulgação dos cupons de compras e das fotos da distribuição são feitas pelo whatsapp, principal canal de comunicação do programa. O público em geral pode acompanhar as ações da VAL pelo facebook, na fanpage Vaquinha do Alimento. Atualmente o grupo está fechado, mas quando por alguma razão um doador interrompe as doações, a VAL divulga a vaga ou inclui quem esteja na lista de espera. O sistema de doaçlões e gastro é controlado por uma planilha, aferido por uma das voluntárias e divulgado para os doadores. A transparência, eficiência e facilidade de implantar e manter a Vaquinha do Alimento funcionando, bem como a determinação em incluir na dieta das merendas semanais leite de saquinho tipo A, um ou dois itens de panificação, suco ou iogurte e frutas são as principais diretrizes do programa que já contabiliza mais de 70 semanas ininterruptas de atividade. Entre ações semanais e campanhas, a VAL já doou mais de R$ 20 mil em alimentos para crianças e adolescentes da cidade no período de cerca de 18 meses de atividades.


10 • acontece

fotos enviadas pelas próprias empresas a pedido do 360

Empresas, instituições e autônomos Todos empenhados em salvar vidas

* As indústrias de alimentos de Santa Cruz mantêm sua produção para atender à demanda de mercado tomando todas as medidas possíveis para conter a epidemia e proteger seus colaboradores, equipes de vendas, clientes e consumidores. Acima, faixa na São João Alimentos e EPIs na Santa Massa. Abaixo colaborador da usa máscara na Guacira Alimentos *

E eis que de repente, do dia pra noite, tudo mudou. Escolas interromperam as aulas. O comércio fechou para atendimento direto ao público. As empresas tiveram que mudar procedimentos, autorizar o home office – como se chama o trabalho que você faz de casa – e na medida do possível dar férias coletivas a seus colaboradores. Os profissionais autônomos tiveram que estacionar o carro na garagem e concentrar o contato com clientes através do universo virtual: o whatsapp e o telefone. Tudo isso logo após o carnaval e as férias de verão, quando o ano realmente começa no Brasil. Dia após dia, as ruas foram ficando mais desertas. E apenas o comércio dedicado a itens de primeira necessidade, basicamente farmácias, supermercados, padarias e mercearias, permaneceram abertos, além de postos de combustíveis e todo o sistema de atendimento bancário e correio, que passaram a receber clientes em horários reduzidos. O consumo, principal agente do mundo moderno e capitalista, com seus incontáveis produtos último tipo, que antecedem nossas próprias necessidades, foi estancado. Tanto por conta do fechamento do comércio, como pela redução da renda da maioria das pessoas. Diante desse cenário improvável numa realidade onde a tecnologia cria soluções antes mesmo de termos que lidar com os problemas, ainda um agente se instalou com todas as suas habilidades no cenário mundial: o medo. Afinal, ninguém em sã consciência quer sucumbir a um vírus que pode ser fatal e que tem um índice de transmissão muito maior que as últimas doenças contagiosas que tivemos que lidar desde a metade do século passado.

Com uma expectativa de longa pausa em suas atividades cotidianas, incluindo trabalho, consumo e, importante destacar, convivência, cidades, países e continentes inteiros estão tendo que se reinventar. Na nossa região, sob a eficiente tutela do governo do Estado de São Paulo, as cidades se recolheram buscando minimizar a curva epidêmica que está em franco crescimento e deverá atingr seu ápice em meados de maio. A previsão, segundos dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) e do Ministério da Saúde é de que no Brasil o surto do coronavírus só comece a apresentar queda em junho. Até, o desafio de cada cidadão e da-queles que lidam com um contingente de pessoas, como empresários, reitores, comerciantes e governantes, é minimizar ao máximo a incidência da doença que nem sempre tem cura e se espalha feito fogo em pólvora. Para saber como as pessoas estão lidando com a situação, o 360 ouviu pessoas de diversos setores, naturalmente, sempre através de contato virtual. E usando fotos enviadas pelos entrevistados. Importante no cenário de Santa Cruz do Rio Pardo, onde estamos sediados, o setor de alimentos mostrou desenvoltura para lidar com a situação e continuar abastecendo o país com seus produtos.

série de medidas, como uso de EPIs (equipamentos de proteção individual) especiais, horários de ocupação de áreas coletivas, como refeitórios, avisos de cuidados necessários, sinalização de distâncias entre pessoas, reforçar o uso de álcool gel, que já era feito, passar a usar máscaras, entre outros. Na Santa Massa, por exemplo, a temperatura dos colaboradores é medida diariamente, logo na entrada para o trabalho.

Alimentos continuam em produção – Produtoras de itens de primeira necessidade, as indústrias de alimentos de Santa Cruz se mantêm produzindo para garantir o abastecimento de seus clientes e da população. O desafio, no entanto, é grande. A primeira tarefa foi adotar muitas medidas para garantir que o convívio na área de produção não coloque seus colaboradores em risco de contaminação, o que significa tomar uma

Treinamento, home office e férias coletivas – Como primeiras medidas, todas as empresas promoveram treinamento intensivo das áreas produtivas, que precisam se manter a postos. E foi dada férias coletivas aos que eram passíveis de cumpri-las sem que a empresa deixe de abastecer o mercado. Na Guacira Aliºmentos, o sistema de rodízio de horários foi adotado para diminuir a concentração de colaboradores.


As áreas administrativas adoram o sistema de home office. Na São João Alimentos, uma grande faixa na área externa da empresa para alertar também toda a população de entorno, da necessidade de cuidados com o coronavírus. As empresas também trataram de promover o treinamento de suas equipes e externas, já que continuam fazendo a distribuição de alimentos. Motoristas e auxiliares usam máscaras, luvas e fazem toda a higienização necessária entre uma entrega e outra. Vendas por telefone e solidariedade – As áreas de vendas também foram orientadas a atuar exclusivamente por telefone e whatsapp nesta fase de isolamento social. Na Special Dog, quando há a necessidade do vendedor visitar um cliente, é orientado a evitar cumprimentos, usar máscaras e luvas. A empresa distribuiu 10 mil máscaras de tecido para sua equipe de logística, para que todos tenham unidades suficientes para troca a cada duas horas.

* Abaixo à esquerda, a funcionária da ACE-Santa Cruz

presta atendimento ao associado usando máscara de proteção. Abaixo, a equipe da Stoke organiza kits, vende por telefone e entrega na casa do cliente *

fotos enviadas pelas próprias empresas a pedido do 360

Solidariedade em alta – Cientes de sua condição favorável num cenário de risco e queda de vendas em

Acostumada a rodar milhares de quilômetros todos os meses para tirar pedidos de seus clientes, a representante comercial Aldine Rocha Manfrin está há mais de um mês fazendo todo o trabalho em casa. “Faço tudo por telefone ou whatsapp”, diz ela, que também teve que lidar com uma queda no volume de pedidos dos clientes e procura analisar a capacidade de pagamento de quem continua comprando. “O fato de ter um bom relacionamento com os clientes tem ajudado muito a fazer o atendimento à distância”, afirma a vendedora que atende lojas de alimentos para pets, que continuam sendo autorizados a manter as portas abertas. “Todo mundo está se adaptando. Em cidades menores, atendem os clientes na loja, com todos os cuidados. Aqui em Franca, estão usando bastante o sistema de entregas. E tem cliente que levou o atendimento para a porta da loja”, conta Aldine. Para ela, a qualidade do relacionamento é a principal ferramenta para continuar trabalhando e conseguir manter as vendas nos próximos meses. “Contatei todos os clientes não falamos só de vendas, mas também da vida”, ensina a representante comercial da Special Dog.

geral, as empresas do setor de alimentos de Santa Cruz se ocupam em abastecer o mercado sem ter qualquer garantia da futura liquidez de seus clientes. A confiança e o espírito solidário são a tônica das linhas de condutas que estão adotando. Elas também não deixam de contribuir com a comunidade, seja através de doações de recursos, caso da Santa Massa, que contribuiu para a campanha da Santa Casa da cidade, seja distribuindo produtos e itens de segurança, como fez a Special Dog com a produção de máscaras para serem distribuídas à comunidade, um trabalho realizado pela área de corte e costura de seu Centro Cultural, cujas demais atividades foram suspensas. O comércio de portas fechadas – No comércio, onde o isolamento determina o atendimento exclusivamente por delivery, a situação apresenta mais impacto. “Registramos uma queda de 70% das vendas depois que fechamos a loja, justamente na época da Páscoa, período importante para nossos resultados”, afirma Eliana Almeida Mello Mendonça, proprietária da Stoke, uma grande loja de Santa Cruz que vende roupas, artigos de armarinho, brinquedos, materiais escolares e de escritórios, itens de decoração e presentes em geral. Para driblar a situação, ela se valeu de sua reserva financeira, deu férias a uma parte dos colaboradores e intensificou a comunicação on line, oferecendo kits de diversos tipos para quem está confinado em casa. “Não cobramos taxa de entrega e nos prontificamos e levar tudo que o cliente precisa”, diz a lojista que procura se valer dos produtos em estoque para atender os clientes, o que não é pouca coisa para quem conhece a loja. “Agora vamos focar o Dia das Mães, tanto com itens para se produzir em casa quanto presentes em geral”, afirma.

Para Arthur Araujo, presidente da Associação Comercial e Empresarial de de Santa Cruz do Rio Pardo, a situação traz o desafio de ter que lidar com algo sem precedentes e sem diretrizes a serem seguidas. A entidade que dá suporte ao comércio da cidade, tomou várias medidas logo após o fechamento do comércio, como isenção das mensalidades dos associados por dois meses, o atendimento com hora marcada e o desenvolvimentos de um sistema de e-commerce pra abrigar todos os lojistas em um única plataforma de venda, que está em desenvolvimento. “Estamos nos mantendo atentos a todas as medidas que estão sendo tomadas pelas autoridades sanitárias e divulgando as informações de apoio aos nossos associados”, diz Araujo, dono de uma grande loja de brinquedos e produtos para casa, atualmente fechada. “A união é necessária em todos os segmentos”, avalia. Ensino à distância e férias antecipadas – Não apenas nas empresas a antecipação das férias tem sido uma importante solução. Diante do prolongamento da quarentena, que deve durar mais de 60 dias, escolas, como o Colégio Santo Antonio, em Ourinhos, resolveram antecipar as férias de julho. Já a Unifio, centro universitário de Ourinhos, adotou o sistema de ensino à distância, suspendeu todos os eventos acadêmicos e o uso dos auditórios. Ciente da necessidade de manter uma estrutura mínima funcionado, como a biblioteca e os laboratório, tomando todas as medidas sanitárias determinadas pelas autoridades de saúde, a Unifio tratou de migrar seus 21 cursos para o ambiente virtual. “A partir de 23/03, apoiados em Portaria do Ministério da Educação e para não prejudicar o semestre letivo dos estudantes, iniciamos nossas aulas para o Ambiente

Conhecer, espaço virtual em que alunos e professores seguem com suas atividades acadêmicas”, conta o reitor da Unifio, Murilo Ángeli dos Santos. “Tudo foi feito em tempo recorde, em uma operação de guerra capitaneada pela equipe do nosso Núcleo Tecnológico de Educação Aberta”, explica.


manidade e nos torna mais fortes que qualquer pandemia mundial”, conclui. Mudanças de hábitos e aprendizado – Não apenas medidas práticas de segurança e higiene, intensificadas por empresas, comércios, profissionais liberais e a população em geral devem se tornar uma constante no breve futuro, após a epidemia. Muitas lições já estão sendo tiradas da triste realidade mundial. A importância da solidariedade, a união entre vários setores pelo bem comum, o respeito aos limites da natureza como fonte de energia vital para a saúde humana e a reflexão sobre nossos hábitos de consumo, nossas jornadas de trabalho e o tempo dedicado ao convívio familiar são algumas delas.

Os desafios, segundo ele, não param por aí. “Dependemos muito do pagamento das mensalidades e sabemos que, com o período isolamento social, algumas famílias enfrentarão dificuldades econômicas e poderemos ter inadimplência. Isso nos preocupa muito, especialmente se o período de isolamento precisar ser muito longo”, avalia Santos. “Não podemos parar. Sabemos da importância social da instituição para as regiões do sudoeste paulista e do norte paranaense. Nosso papel nesse cenário de pandemia é essencial e seguiremos com todas as medidas de segurança e muito confiantes”, diz o reitor da Unifio. Para ele, essa situação mostra a importância da solidariedade. “Agir de forma solidária em parceria com empresas é fundamental para a hu-

A postura mais solidária com o outros veio para ficar, na opinião da assistente de marketing e vendas da São João Alimentos, Isadora Manfrin Pegorer Nicolau. “Estamos tendo disposição para suprir a ausência dos cole-

fotos enviadas pelas próprias empresas a pedido do 360

Segundo Santos, superado para superar esse desafio, a Unifio precisou fazer investimentos imprevistos em tecnologia, especialmente em equipamentos e espaço em servidores. O centro universitário também se debruçou em ações comunitárias. “Ampliar nossas atividades de extensão com parcerias para fabricação de álcool 70° para distribuição gratuita em hospitais, postos de saúde, asilos e sociedade em geral; produção de máscaras de proteção individual para distribuição gratuita para equipes de saúde; projeto de fabricação de respirador mecânico para pacientes infectados; entre muitos outros”, informa o reitor da Unifio.

Nossos entrevistados, também admitem estarem aprendendo muito com tudo isso. “A maior lição é que, através da responsabilidade individual de cada um, podemos gerar um impacto muito grande no bem-estar coletivo. Além disso, percebemos um espírito de solidariedade crescendo na sociedade”, acredita Priscila Manfrim, gerente administrativa da Special Dog.

gas que estão no caso grupo de risco, assumindo mais trabalho com alegria e sem, com isso, demonstrar que a pessoa ausente não fará falta”, afirma Isadora. Para Fernando Alexandre Pereira, diretor de operações da Santa Massa, o isolamento social promove um novo olhar sobre a convivência familiar. “Estamos sendo obrigados permanecer mais tempo em casa, com nossas famílias, e podendo dedicar mais tempo a atividades entre filhos e pais, que no ritmo às vezes frenético de nossas vidas, não tínhamos o hábito de realizar. Ou seja, dar mais tempo àquilo que realmente é importante em nossas vidas é algo que gostaria que se tornasse um hábito após a pandemia”, afirma o empresário. Para Mario Pegorer, estamos também vivendo um momento histórico. “Vivenciar um cenário de “guerra” como este é uma experiência ímpar. É muito difícil mencionar todas as lições que vamos tirar desse período neste momento que ainda estamos vivenciando tudo isso. O fato é que haverá provavelmente mudanças de hábitos, costumes e principalmente na consciência da população mundial quanto à higiene, limpeza e principalmente impactará a forma de comércio e trabalho. Ainda é cedo para concluir, mas logo teremos muitas histórias para contar”, avalia o diretor da Guacira.

* Acima, profissionais da Special Dog respeitam marcas de distanciamento na fila para o refeitório. Abaixo, Aldine Manfrim, fazendo vendas por telefone e o uso de máscaras na entrega de produtos obtidos através de trote solidário, da Unifio *


13 • bem

viver

Aniversário virtual garante festa divertida durante quarentena “Lives” de música, de ginástica, de receitas. A internet está a mil, com as pessoas tentando preencher o vácuo que o isolamento social estabeleceu há um mês entre todos nós. Se antes do coronavírus todo mundo já vivia plugado na telinha do celular, agora está todo mundo querendo entrar nesse universo para espantar a solidão. A santa-cruzense Ana Rosa Rocha de Andrade é uma delas. No último dia 9 de abril, ela fez aniversário. E celebrou como gosta: em meio a quitutes, boa bebida, uma mesa decorada e as pessoas que ela mais ama. E sem interromper a quarentena. Ana fez sua primeira festa On line, com direito a delivery de bolo para os convidados. Festa on line com delivery de bolo – A ideia de festejar em ambiente virtual partiu dos filhos da aniversariante, que estão cumprindo o isolamento em São Paulo, onde moram. Com uma ferramenta simples, o Hangout – que você baixa gratuitamente e permite que até 10 celulares se conectem simultaneamente –, eles agendaram um horário e enviaram um link para os convidados através do whatsapp. Na hora marcada, bastava acessar o link, baixar o aplicativo e participar da festa. Todos eram vistos em uma telinha menor, no rodapé, enquanto quem falava (mais alto, quando eram váriaspessoas se atropelando) encampava a tela maior do celular.

Cada um em sua casa, as pessoas pegaram suas bebidas preferidas, as crianças ganharam refrescos e todos brindaram a aniversariante. Pela telinha, ela mostrava a roupa nova que comprou pra festa e a mesa farta em bolo, doces e salgados, decorada com flores e velas. E balões festivos também. “Eu me senti o dia todo feliz em fazer as guloseimas. A festa foi deliciosa vendo todos por vídeo falando ao mesmo tempo. O parabéns foi uma bagunça, cada um cantando de uma maneira. Amei! A distância não diminui o amor, ele só aumenta”, acredita Ana Rosa.

Após o evento on line, que reuniu cerca de 20 pessoas, já que muitos estavam em família usando o celular, os convidados que moram na mesma cidade foram, um a um, pegar o “bolo-delivery”, que veio acompanhado de docinhos e salgados. E, no caso das crianças, de uma linda bexiga de aniversário. “Quando cada um veio buscar foi muito divertido. Minha sobrinha veio de máscara. Eu me senti realizada porque somos uma família festeira. Fui dormi feliz”, garante Ana Rosa. Seguramente, esse foi um aniversário que ela nunca vai esquecer.


14 • meio

ambiente

Quarentena, meio ambiente e uma nova era se aproximando * Edson Luís Piroli Imagens de satélite das regiões mais impactadas pela pandemia do Covid-19 no mundo, mostram mudanças ambientais significativas após a implementação de quarentenas. Dentre as mudanças observadas, destacam-se a redução da poluição atmosférica na região de Wuhan, na China, onde se iniciou a pandemia, assim como na Índia, país que, em 2019, teve 21 das 30 cidades mais poluídas do mundo.

Na Itália, dados do satélite Copernicus Sentinel-5p da ESA revelam que as concentrações de dióxido de nitrogênio na atmosfera também reduziram de forma acentuada nos meses de fevereiro e março, principalmente no norte do país, que é mais industrializado e que foi muito afetado pelo Covid-19. Mas lá as mudanças observadas não foram somente relativas ao ar. Em Veneza, a imposição da quarentena obrigatória, além de reduzir o trânsito de automóveis e aviões, também diminuiu o número de barcos pelos canais da cidade. E sem a grande circulação de gôndolas e turistas, as águas dos canais ficaram mais claras e os moradores puderam ver cardumes de peixes, cisnes e até golfinhos nadando pela primeira vez em muitos anos.

Imagem : Dreamstime

Na cidade de São Paulo, após duas semanas de quarentena foram registradas em todas as 29 estações de monitoramento da CETESB, qualidade do ar boa para os poluentes primários (aqueles emitidos diretamente pelas fontes poluidoras). A CETESB informou que além do menor número de veículos em circulação, as condições mais livres do trânsito e a ausência de engarrafamentos também contribuem para uma menor emissão de poluentes.

dos estragos que está causando na saúde das pessoas, e, principalmente do pânico espalhado por pessoas, grupos e países que potencializam os riscos para se beneficiar a curto, médio e longo prazo da situação, em termos financeiros e políticos.

de emissão de poluentes na cidade. Como uma grande parte deles deixou de circular, fica clara a diminuição de poluentes primários como o monóxido de carbono (emitido principalmente pelos carros) e os óxidos de nitrogênio (emitidos sobretudo por veículos a diesel), que pode ser confirmada nos dados atmosféricos”.

Na Índia, um dos países mais poluídos do mundo, e onde em Nova Delhi foi declarada emergência de saúde pública devido aos perigosos níveis de poluição em novembro de 2019, um representante da organização ambientalista Care for Aid disse à CNN que “não via um céu tão azul em Delhi há uma década”.

Ainda no Brasil, a pesquisadora Adriana Wilken, do CEFET-MG, explicou em entrevista ao jornal Estado de Minas que “menos combustíveis fósseis estão sendo queimados nos fornos das indústrias e nos tanques de combustão dos veículos, daí a redução dos poluentes gerados nesses processos emitidos para a atmosfera”. Aponta que essas substâncias são responsáveis pelo agravamento de problemas de saúde e de danos ambientais. Poluentes como monóxido e dióxido de carbono, dióxido de enxofre, dióxido de nitrogênio e os hidrocarbonetos liberados pelos veículos, podem causar doenças em pessoas expostas a eles, principalmente doenças respiratórias. Dependendo do tempo de exposição e das condições meteorológicas desfavoráveis, podem causar até mortes.

No Brasil, em São Paulo, a professora do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP), que analisou os dados da Cetesb a pedido da Agência FAPESP, Maria de Fátima Andrade, disse que “Há menos ruído, consegue-se ouvir mais os passarinhos e também há menos poluição. Esse céu mais limpo que pode ser notado em São Paulo é resultado da redução na circulação de veículos, a principal fonte

Neste contexto, com muitos países enfrentando a crise global causada pela doença que se disseminou rapidamente, atingindo ricos e pobres, cultos ou nem tanto, conscientes ambientais ou não, surge a oportunidade de uma reflexão sobre o modelo de desenvolvimento adotado pela humanidade e das consequências deste em momentos em que a situação foge do controle.

Não se trata aqui de propor a mudança do sistema econômico global ou de interferir nos rumos políticos ou ideológicos dos países. Mas, sim de pensar na necessidade de uma análise profunda sobre os benefícios e prejuízos da forma com que a sociedade global escolheu viver. Em consequência da poluição, a OMS diz que no planeta, ocorrem anualmente, 4,2 milhões de mortes prematuras. Ou seja, muitas mais do que as causadas pelo Covid-19 até o momento (88.982 até as 9h do dia 09/04/2020, de acordo com o jornal El País). Neste conjunto de mortes estão contabilizadas doenças cerebrovasculares, pulmonares, respiratórias, além de câncer de pulmão, traqueia e brônquios. O Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil informa que gastou com internações relacionadas a esses problemas no ano de 2018 mais de R$ 1,3 bilhão. Ou seja, as perdas em função do modelo de “desenvolvimento” adotado em nível global, sobretudo em vidas de pessoas, superam anualmente em muito, pelo menos até o momento, as perdas decorrentes da pandemia do Covid-19. Há que se considerar ainda que a própria pandemia é reflexo deste modelo. Mas é a pandemia que ganha espaços, quase que exclusivos na mídia internacional atualmente. A partir dessa afirmação alguém pode dizer que as perdas financeiras e a crise econômica consequentes da pandemia são das maiores da história. Sim. Porém, estas perdas estão ocorrendo em parte, mais em função do medo do vírus do que

Isto não quer dizer que as pessoas não devam, individualmente, tomar todos os cuidados de higiene e de postura social neste período, onde todos, correm sim, riscos. Mas, há que se considerar que estes cuidados deveriam ser constantes temporalmente e não somente em épocas de risco de contaminação mais severas. Até porque o coronavírus não é o único que pode causar problemas à saúde. Há um leque gigantesco de vírus, bactérias e outros micro-organismos que causam doenças e mortes de pessoas em número considerável pelo mundo afora, constantemente. A dengue tinha no mês de março de 2020 em Ourinhos, SP, mais de 330 casos, enquanto não haviam sido confirmados nenhum de Covid-19. E é uma doença com forte conteúdo ambiental, além de cultural, que também pode matar. Estas breves reflexões indicam que nosso estilo de vida, a partir principalmente da ótica ambiental, está muito deteriorado. O surgimento de um vírus, em um país do lado oposto do planeta, que tem aspectos culturais bastante distintos dos brasileiros, é capaz de atingir nosso dia a dia e de colocar em risco pessoas de todo globo em pouco tempo. Indica que as pessoas estão cada vez mais conectadas entre si, mesmo que nem falem a mesma língua ou compartilhem dos mesmos valores e princípios. Mas, indica sobretudo os níveis alarmantes que este modelo de vida impacta no ambiente e nas pessoas. Alguns dias de redução da atividade econômica levaram a mudanças significativas no ar, na água, nos solos e na fauna, tanto aquática quanto terrestre. Fazendo com que o céu ficasse mais azul em algumas regiões, águas mais límpidas em outras, fazendo com que peixes pudessem voltar a ser vistos e que pássaros pudessem ser ouvidos em grandes cidades. Ao mesmo tempo, pessoas cantaram em ja-nelas, famílias se reuniram novamente, pais puderam ficar mais tempo com os filhos e até participarem de suas tarefas escolares. Claro que a redução da atividade econômica e a suspensão de algumas atividades


Imagem : Dreamstime

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15 • drops

* Enquanto é obrigada a ficar em casa para evitar que uma tragédia se anuncie de

maneira descontrolada, a população mundial é impelida a refletir sobre seus hábitos e sistemas de produção que comprometem o equilíbrio do meio ambiente *

em países em quarentena também traz prejuízos financeiros e expõe de maneira explícita a desigualdade existente entre pessoas e as fraquezas do sistema, que não consegue distribuir a todos a riqueza que gera e que mantém vastos contingentes de pessoas à margem do “desenvolvimento” em condições precárias. Claro que as disputas entre países, clareia relações e expõe a dependência que a globalização trouxe, sobretudo aos mais atrasados, pois em alguns casos, remédios não podem ser fabricados porque alguns dos componentes precisam ser importados de países localizados no outro lado do mundo. Da mesma maneira, equipamentos médicos e hospitalares precisam de peças que não são fabricadas no país onde são necessários. Situações como estas devem acender o alerta de governantes e cidadãos para os riscos do modelo, que coloca grandes nações sob a dependência de outras, de maneira muito mais séria do que aquelas dependências já tradicionais do petróleo e de alguns tipos de alimentos e de produtos industrializados. Assim, a crise pela qual estamos passando além de causar transtornos, medo, riscos e prejuízos, também demonstra o quão o sistema de produção em massa e a busca de lucro extrema, têm nos colocado em cheque. Tanto em termos sociais, como econômicos e sobretudo ambientais. Desta forma, espera-se que este período e todas suas consequências nos deixem pelo menos a lição de que não somos donos

de verdade nem sequer de nossa própria vida, que no contexto atual, pode depender de hábitos alimentares ou culturais, de pessoas que jamais conheceremos pessoalmente ou de decisões tomadas por políticos que vivem do outro lado do mundo. E, portanto, precisamos voltar a viver de maneira mais sóbria e comprometida com nossos semelhantes e próxima do ambiente onde vivemos. Precisamos aprender que a acumulação descontrolada de dinheiro, por apenas alguns (que muitas vezes sequer conhecem os países que deterioram), a partir da exploração extrema das águas, solos, biodiversidade, recursos minerais e vidas humanas, além de não trazer felicidade aos primeiros os coloca em risco constante e condena a população humana e o planeta Terra a um fim trágico que se aproxima, talvez em velocidade muito superior à pensada pelos nossos “líderes globais”. Mas quero crer que esse destino ainda pode ser evitado. Basta que a população escolha líderes comprometidos com novos hábitos, posturas e princípios, e que essa possibilidade de escolha se espalhe por todos os povos da Terra. Assim, poderemos nos voltar ao que está próximo, é belo e saudável; e a valorizar a vida, o planeta, a natureza e as pessoas. Partindo daquelas próximas e em uma nova onda, alcançando todas as demais. *engenheiro florestal, livres docente e professora da UNESP - Ourinhos, membro do movimento pelo Rio Pardo Vivo

Governo paulista estende isolamento

Prefeituras mantêm foco no combate à epidema

Ciente da eficácia do isolamento para combater a epidemia do Coronavírus, o governo do Estado de São Paulo determinou que a quarentena se estenda até o dia 10 de maio. A decisão vai de encontro com as premissas mundiais de saúde e coloca do governador João Dória numa posição digna de um estadista. Ou seja, mesmo defendendo o livre mercado – ele é notadamente um político de direita – o governador está sendo capaz de entender seu papel como representante da população paulista. E sai em sua defesa. Com isso, tem tudo para controlar a curva epidêmica em seu período mais crítico, previsto para o início de maio.

Enquanto o governo federal insiste em contrariar as determinações do próprio Ministério da Saúde, governadores e prefeitos buscam agir para controlar a incidência do Coronavírus. Seguindo as determinações do Ministério da saúde de do governo do Estado de São Paulo, os municípios da região tomam medidas preventivas a fim de controlar o aumento de casos de Covid-19.

Cidades criam plataformas para o comércio

Em Avaré e Santa Cruz do Rio Pardo, a divulgação das ações de controle são constantes, com boletins diários e atendimento a perguntas e sugestões. À medida que novas situações de risco se apresentam, as medidas vão sendo criadas e divulgadas à população.

Enquanto a ACE-Santa Cruz trata de criar uma plataforma de vendas virtuais para seus associados, que deverá ser disponibilizada em breve, a prefeitura de Palmital usou o próprio site para lançar a plataforma “Não para Palmital”, onde os comerciantes postam seus itens de vendas e contatos por whatsapp. Vale pena conferir em palmital.sp.gov.br/naopara/

Para controlar a circulação de pessoas em áreas de atendimento eletrônico de agências bancárias e lotéricas, a prefeitura de Santa Cruz pintou marcas nas calçadas, indicando o distanciamento necessário. Já a prefeitura de Avaré destacou seguranças na área externa desses locais, para garantir que as pessoas faça filas com o distanciamento necessário.

A ação em Avaré foi tomada em acordo da prefeitura com as instituições bancárias e financeiras, que se comprometeram a O isolamento social trouxe uma notável disponibilizar álcool gel para que usuários mudança no cenário das cidades mais po- possam higienizar as mãos após a utilização dos terminais luídas do planeta. Em São de autoatendimenPaulo, a redução dos poluto. As agências deentes gerados por automóvem ainda fornecer veis, já permite que o enmáscaras e luvas a tardecer seja contemplado funcionário. Apesar pela população, desacostudessas medidas, a mada com a beleza de um secretaria de saúde céu limpo, como é comum do município desnas cidades do interior. O taca que o ideal é fenômeno é ainda maior que as pessoas em Nova Delhi, na Índia, evitem ao máximo onde estão as cidades mais circular pela cidade. poluídas do mundo. Céu de brigadeiro

Imagem : divulgação PMAvaré



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