Jornal 360
acontece_Como agir para se defender do assalto virtual, que nos leva a reagir sem pensar diante do telefone •p3
nº175
gastronomia_As receitas de pais que adoram cozinhar para a família e não fazem conta de receber elogios •p6
A relação entre pai e filho é a mais valiosa herança “Lembro de me sentir afortunado ao capturar este momento lindo entre meu sobrinho e sobrinho-neto e afilhado.” Tom Schubert. Ator e fotógrafo brasileiro radicado nos Estados Unidos. Em viagem ao Brasil, registrou o sublime momento entre Lucas Born Pureza e o filho Felipe.
•p8 360_Circulação Mensal: 2 mil exemplares [desde abril/2020, devido à pandemia]. Distribuição: • Águas de Santa Bárbara •Areiópolis • Assis • Avaré • Bernardino de Campos • Botucatu • Cândido Mota • Canitar • Cerqueira César • Chavantes • Espírito Santo do Turvo • Fartura • Ibirarema • Ipaussu • Manduri • Óleo • Ourinhos • Palmital • Pardinho • Piraju • Santa Cruz do Rio Pardo • São Manuel • São Pedro do Turvo •Timburi Pontos Rodoviários: • Graal Estação Kafé • RodoServ • RodoStar Versão On line: www.jornal360.com
foto: Tom Schubert Pictures
temos mais facilidade para consumir do que para poupar e como reverter esses hábitos •p12
ANO 15 imagem: pixabay.com
exclusivo_Porque
Agosto/20
! s i t á Gr
2 • editorial
A palavra deriva do latim oriens,entis, "parte do céu em que nasce o sol". Orientação significa, entre outras coisas, ato ou efeito de orientar-se, de direcionar-se.
Orientação
Não se trata de uma tarefa fácil. Muito pelo contrário. Muitos sequer conseguem exercê-la, mesmo diante do imenso amor que todo coração de pai é capaz de sentir. Não cabe aqui julgar os pais que não dão conta do recado. Cabe é reconhecer a grande maioria de homens que, muito menos preparados para cuidar de uma pessoa do que a mulher, criada para ser mãe e proteger seus filhos desde a infância. Aos meninos, culturalmente, é ensinada a tarefa de prover. E ensinar. Dar rumo aos filhos, levando-os pelas mãos até que possam seguir seus próprios passos. Essa grande responsabilidade de orientar traz ainda um campo que é desafiador para quem cuida e provê: a linha tênue entre orientar e comandar. Aos filhos, não cabe a segunda alternativa, afinal, é papel paterno ensiná-los, com o próprio exemplo, a serem capazes de tomar conta da própria vida. Esta edição está repleta de orientações. A começar pelas receitas de pais que encontram na culinária a oportunidade de alimentar seus filhos, como vemos em GASTRONOMIA. A orientação também aparece em duas outras seções ancoradas no Dia dos Pais, celebrado no mês de agosto. Em BEM VIVER, temos a composição fotográfica enviada por uma de nossas leitoras, Nayra Corrêa de Moraes Passos, que, ao contrário de muita gente, não deixa de registrar a figura paterna em suas celebrações e junto de seus filhos, num emocionante reconhecimento à tarefa do pai, precocemente viúvo, que passou a vida se dedicando a criar sozinho seus três filhos. A orientação também é a tônica da relação de três jovens que nos contam em AGRONEGÓCIO como é trabalhar diretamente com o pai depois de ter se graduado no universo acadêmico.
imagem: Dreamstimefree
Quantas vezes a figura do pai é representada por um homem conduzindo uma criança pela mão? Essa cena que tão bem exprime a missão paterna revela se não a mais importante,talvez a mais presente atitude do pai na vida de seus filhos: orientálo, a fim de que ele possa um dia tomar seu caminho com segurança.
É também com base em uma boa orientação que conseguimos alcançar nossos mais distantes objetivos materiais quando precisamos economizar o pouco que temos para conseguir ter mais tranquilidade para os dias de hoje e amanhã, como nos mostra a reportagem que aparece em COMPORTAMENTO, que nos trouxe a oportunidade de sermos orientados por dois grandes especialistas em economia e consumo. Para completar a edição, nossa PONTO DE VISTA traz uma receita criada há séculos, que de certa forma também homenageia nossos pais, ensinada por nosso colunista José Mário Rocha de Andrade. Aproveite também a seção meninada, com história e passatemos que republicamos em razão da oportunidade e do imprevisto. A reportagem também nos contempla com uma importante orientação que serve a todos e principalmente aos idosos, vítimas mais frequentes dos assaltos virtuais, como vemos em aCONTECE. Para encerrar, vale lembrar do quanto continua sendo muito importante seguir à risca as orientações dos agentes de saúde a respeito da necessidade de nos mantermos isolados, distantes fisicamente e usando máscaras toda vez que for necessário sair de casa. A epidemia não acabou. Cuide-se bem e boa leitura! Flávia Rocha Manfrin editora c/w: 14 99846-0732 360@jornal360.com
Povérbios 1 Vs 8-9
Ora ação!
“Ouça, meu filho, a instrução de seu pai e não despreze o ensino de sua mãe. Eles serão um enfeite para a sua cabeça, um adorno para o seu pescoço.”
Código de Ética do Jornalismo
Artigo 9º
É dever do jornalista: – Divulgar todos os fatos que sejam de interesse público; – Defender o livre exercício da profissão; – Lutar pela liberdade de pensamento e expressão;
e xpediente O jornal 360 é uma publicação mensal da eComunicação. Todos os direitos reservados. Tiragem: 2 mil exemplares. Distribuição gratuita. Redação-Colaboradores: Flávia Rocha Manfrin ‹editora, diretora de arte e jornalista responsável | Mtb 21563›, André Andrade Santos e Paola Pegorer Manfrim ‹colaboradores eventuais›, José Mário Rocha de Andrade e Fernanda Lira ‹colunistas›, Sabato Visconti ‹ilustrador› e Odette Rocha Manfrin ‹receitas e separação› Impressão: Fullgraphics. Artigos assinados são de responsabilidade de seus autores. Endereço: R. Cel. Julio Marcondes Salgado, 147 — centro — 18900-007 — Santa Cruz do Rio Pardo/SP • contato: 360@jornal360.com • cel/whats: +55 14 99846-0732 • 360_nº175/agosto2020 _ www.jornal360.com
3 • acontece
Foram dois assaltos virtuais na minha família em menos de seis meses. No primeiro, minha mãe, então com 88 anos, ficou mais de cinco horas refém de bandidos inescrupulosos. Cínicos e desumanos, conseguiram tirar dela todas as informações sobre sua segurança bancária, quanto tinha de dinheiro em casa e as joias que estava usando. Também a obrigaram a fazer café, pois estariam chegando para pegar o que ela tinha que lhes entregar: cartão do banco com senha, joias e dinheiro. A violência à qual minha mãe foi submetida quando se encontrava na companhia de uma auxiliar de enfermagem, que juntamente com ela foi torturada psicologicamente, o que, no caso da jovem, durou mais de sete horas, começou às 3h00 da madrugada. Eram pouco mais de 8h00 quando apareci na porta de sua casa e a vi ao telefone. Ela estava completamente transtornada, pois acreditava que eu estava refém dos bandidos. A minha reação, infelizmente, foi tão emocional quanto a dela: espantei os bandidos com meus gritos ofensivos à violência que estavam praticando. Ligações ao banco, à polícia, à família da jovem enfermeira, para as irmãs. Corrida até à delegacia, calmante para a mãe. Depoimentos e a mais tensa espera por notícias da jovem que saiu pouco antes de eu chegar com o cartão do banco e as joias. Depois de tranferir o que o caixa eletrônico permitia para uma conta do bandido e sacar a quantia também autorizada pelo banco, ela seguiu com o dinheiro que minha mãe tinha em casa para a lotérica, onde fez mais dois depósitos. Todos para agências Bradesco e CEF do Rio de Janeiro. Passou o resto do tempo percorrendo joalherias na vã tentativa de vender as joias. Controlada pelo celular, era ameçada de morte e estupro, garantindo estar sendo vigiada por motoristas ocupando carros e motos. Tudo à distância, exceto a violência. A polícia pouco fez. Com a tranquilidade de quem lida com casos semelhantes todos os dias, foi quase cínica na sua calma. Mesmo
uNão atenda ligação no celular que não tenha número identificado. uNão atenda telefone fixo após as 21h. Avise parentes para usarem o celular para falar com você. uNão atenda ligações de números que você não tem na agenda cujo prefixo que não seja da sua cidade. uEm casos de ligações dizendo ser parente precisando de ajuda, chame-o por um nome que não seja o de um familar ou ligue para outro parente para se certificar.
imagem: Dreamstimefree
A violência à distância invade a nossa casa
Como agir num assalto virtual
com o desaparecimento da jovem, que só deu notícias quando, desesperada por não conseguir vender as joias, arriscou entrar numa unidade de moto-taxi e fugiu até a sua casa, de onde ligou apavorada para a irmã, que também estava na delegacia. Coube a mim ir aos bancos documentar o caso. Ir à lotérica levantar os horários e dados das contas dos depósitos. A Polícia Civil fez apenas um Boletim de Ocorrência, primeiro com o depoimento de minha mãe, depois com o da jovem enfermeira, a quem chegou a acusar de possível cúmplice da ação, enquanto estava desaparecida. Nunca tivemos qualquer retorno a respeito de uma esperada busca pelos responsáveis, os correntistas das contas do Bradesco e da CEF, que ficaram com o dinheiro. Esse caso, que dista tanto da linha editorial deste jornal, está sendo publicado por uma razão muito simples: são os aposentados as principais vítimas de assaltos virtuais. É na calada da noite, quando estão desprotegidos da companhia dos filhos, que os bandidos agem, certos que são da facilidade desssas pessoas obterem empréstimos on line com toda a facilidade que as linhas de crédito para pensionistas oferecem, afinal representam risco zero para os bancos. Essa violência, à qual muitos julgam estarem blindados por saberem do que se trata, faz muito mais vítimas do que se por imaginar. Mesmo pessoas sensatas e esclarecidas, caem nessa armadilha ardilosa, que segue acontecendo pela ineficiência de nossos sistemas de segurança pública. “Os bandidos estão ligando de Bangu 1 ou 2”, garantiu o policial quando estávamos na delegacia, admitindo saber a origem dos assaltos. Ficou só nisso. Para ele, para o delegado de plantão, para toda a corporação carcerária, isso é algo corriqueiro, banal. Só que não.
uEm casos de choros e gritos, duvide. Peça para que a vítima informe o dia do aniversário dela, nome completo e se for solteira, o nome do marido (que ela não tem). Há menos de um mês, mais uma mulher da minha família foi vítima da mesma violência. O assalto virtual, neste caso, não lhe tirou um centavo do banco. O prejuízo foi imensuravelmente maior. Tiraram-lhe a vida, pois ela não resistiu ao suposto rapto da filha, teve um enfarto e faleceu. A responsabilidade por esse crime não é apenas dos bandidos de Bangu 1 ou 2. É da Segurança Pública, gerida pelos Estados. A mesma para a qual corremos buscando proteção. E que nos trata com muita indiferença. Minha querida tia é mais do que uma vítima, mas uma mártir por acreditar nas pessoas.
uNão informe se tem dinheiro em casa. O assalto virtual só acontece por intermédio de depósitos e transferências bancárias. uDiga que o cartão do banco está com seu filho. uPeça para seu banco limitar o valor de transferência bancária em saques eletrônicos para contas não cadastradas e cancelar a autorização automática para contratação de empréstimos.
4 • ponto
de vista
*José Mário Rocha de Andrade
Cozinhando o Galo fotos: acervo pessoal josé Mario Rocha de Andrade
O galo somente vai para a panela depois de velho. Carne dura, demora um tempo enorme para cozinhar até amolecer. Por isso, “cozinhar o galo” significa ficar enrolando, demorando para resolver alguma coisa. Mas hoje, o personagem da história é um galo francês que, obviamente, também foi para a panela. Os eventos que envolvem o preparo do Cock au Vin (galo ao vinho, em francês) são tão irresistivelmente apetitosos quanto o prato. A começar pelos personagens e por tornar-se um prato sofisticado da culinária francesa tendo o galo de carne dura como o ingrediente principal. Conta a história que no século I a.C., depois de muitas batalhas, Júlio César conquistou a Gália (território na Europa onde hoje temos a França, o norte da Itália e a Bélgica). Ao ser convidado para jantar com o imperador que o tinha derrotado, o chefe dos gauleses, Vercingetórix, enviou-lhe um galo de briga como presente. Provocado, Júlio César pediu que o galo fosse cozido em vinho, um símbolo de poder dos romanos e, certamente, esse primeiro “Cock au Vin” não foi nada saboroso para o gaulês. Assim foi criado o prato saborosíssimo e barato para os franceses, pois lá o vinho e o galo velho cabem no bolso de todos. Não haverá graça, muito menos charme ou glamour nessa história se não utilizarmos os termos com que os grandes Chefs comandam suas sofisticadas cozinhas: há que se marinar o frango (deixamos o galo duro para os franceses): 3 coxas e 3 sobrecoxas com suas peles. Temperar com sal e pimenta do reino a gosto. Em uma tigela, bowl para quem gosta de falar assim, coloque os pedaços de frango, 4 cenouras cortadas em fatias de 1cm cada, uma cebola cortada em 8, dois ramos de salsão cortado em pedaços de 5 cm cada, 3 dentes de alho amassados, 50ml de conhaque e 1 litro de vinho tinto. Feche com tampa, ou cubra com filme de PVC, e deixe passar a noite na geladeira.
Em uma panela, derreta a manteiga e sele 8 pequenas cebolas bolinhas e 200gr de cogumelos Paris (frescos) cortados ao meio. Reserve. Na mesma panela coloque 100 gramas de bacon magro em pedaços. Seque o frango marinado em papel toalha e sele-o na panela com o bacon. Quando ambos os lados estiverem bem dourados, polvilhe farinha de trigo sobre o frango na panela e mexa com uma colher. Isso fará com que o caldo final engrosse um pouco. Esse processo chama-se sangê na culinária francesa. Coloque na panela todo o vinho e também o mirepoix, onde o frango foi marinado. Deixe cozinhar em fogo baixo durante uma hora. Adicione as cebolas bolinhas, os cogumelos selados e o bouquet garni (ramalhete de cheiros, feito com ramos frescos de louro, salsinha, tomilho, sálvia e alecrim) e deixe cozinhar mais 20 minutos. Se necessário adicione um pouco de água. De tempos em tempos mexa para não grudar no fundo da panela. Agora é se deliciar, um prato saborosíssimo! Meu amigo Clélio tem duas filhas, nenhum filho e gosta de brincar: “Em casa onde o galo é bom, basta um”. Brincadeiras à parte, contando histórias de Galo com o Dia dos Pais se aproximando, há um sentimento de amor e agradecimento à família que invade e mistura-se ao exemplo da figura paterna, à vontade de dizer, obrigado pai, pelo amor, pelo exemplo e, bom apetite! Observações: O Cock au Vin pode ser feito com vinho branco Riesling e peito de frango. Há um princípio que nos diz para bebermos na refeição o mesmo vinho utilizado na preparação do prato, mas, em nosso país o vinho é um pouco caro para isso.
No século XVIII, o cozinheiro do duque LévisMirepoix criou a base para diversos molhos: cebola, salsão e cenoura e consagrou o nome do duque. Mirepoix significa essa base. Marinado o frango, no dia seguinte é hora de praticar um dos fundamentos da culinária
francesa: o “mise en place”. Todos os ingredientes são colocados limpos, cortados, na quantidade certa, cada um em uma pequena tigela e na sequência a serem utilizados. Cada um em seu lugar é como podemos explicar o “mise en place”.
Agradeço à Nilza pelos ensinamentos sobre os termos e práticas da cozinha francesa.
9.63,9666363,33,3,3,333333,
6 • gastronomia
Pratos feitos por pais que são super chefs foto: Dreamstime.com
*Flávia Manfrin
Geralmente afeitos a cozinhar como distração e diversão, muitos homens se revelam cozinheiros de mão cheia quando o assunto é cozinhar para os filhos. Nesta edição, pedimos a três cozinheiros que são famosos por preparar pratos incríveis para ilustrar a edição que pretende homenagear todos os pais. Além de ótimas receitas, explicadas com capricho, trazemos também o testemunho de seus filhos, que atestam que cada uma delas vale a pena. Bom apetite!
Camarão à moda Thai receita de Erik Manfrim
_Ingredientes do molho de pimenta: •• 8 pimentas dedo de moça cortadas no meio no comprimento • 4 colheres sopa de açúcar • 6 dentes de alho inteiros • 2 cebolas cortadas em cruz • 4 colheres sopa de shoyo • 3 colheres sopa de óleo _Preparo do molho de pimenta: oloque em uma frigideira funda a pimenta, a cebola, o alho
e refogue por 10 minutos até murchar. Junte o açúcar, o shoyo e mexa até dissolver o açúcar. Retire e bata no liquidificador com o óleo até obter uma pasta.
foto: Paola Manfrim
_Ingredientes do prato: • 500g de camarão médio ou grande sem casca • 2 colheres sopa molho apimentado doce • 4 colheres sopa molho de peixe • 2 colheres sopa alho picado • 2 colheres sopa gengibre picado • 200ml leite de coco • 2 colheres sopa óleo (soja, milho, gergelim) • 1xícara cebolinha cortada em tiras finas (de 5cm mais ou menos) • 1/4 xícara de amendoim torrado
_Ingredientes do molho de pimenta: • 4 colheres sopa açúcar mascavo • 6 colheres sopa de shoyo • 200 ml de água • 10 filezinhos de anchovas salgado _Preparo do molho de peixe: Pique as anchovas e leve à frigideira junto com o açúcar . Começando a derreter o açúcar, junte o shoyo. Mexa até a anchova desmanchar bem. Juntar a água e mexer bem. _Preparo do prato: Aqueça o óleo e doure o camarão rapidamente. Junte o alho e o gengibre e mexa por um minuto. Junte os dois molhos e mexa até secar um pouco. Junte o leite de coco e depois o amendoim. Mexa. Por último, junte a cebolinha e sirva. Bom com arroz Jasmim ou se não tiver com arroz branco feito meio papa.
“Meu pai cozinha muito bem, mas como ele mesmo diz, não é daqueles que sempre nutriu amor pela cozinha ou que ajudava a mãe dele nos almoços de domingo. Aprendeu "na marra", depois de casar. Também não é daqueles que “cozinha a olho”. É metódico, segue as receitas de maneira precisa. Mas independente dos motivos que o trouxeram até aqui e dos métodos que utiliza, o que valorizo é o carinho colocado em cada receita executada, os momentos em família que acompanham as refeições e perceber que cada prato consegue traduzir o cuidado que ele tem conosco. Ah, além de tudo isso, ele se tornou um cozinheiro de mão cheia!”
Avaliação de Priscila, filha do Erik:
_Ingredientes: • 1 kg arroz arbóreo; • 1,5 kg de bacalhau dessalgado • 5 sachês de caldo seco de legumes Sazon • pimenta do reino a gosto • 2 alho poró (separar as folhas do caule, picar o caule em rodelas e as folhas em tiras com 2mm • 2 cebolas médias (picar em rodelas médias e cortá-las em 2 semi circunferências) • 300 ml de bom vinho branco • 150 ml de azeite de oliva (não precisa ser extra virgem porque vamos fritar) • 600 ml de creme de leite fresco • 2 caixinhas de tomate cereja • 2,5litros de água fervendo • 1 xícara de legumes (o que houver disponível) __Preparo: Colocar o azeite em uma panela grande, esperar aquecer em fogo alto. Fritar as cebolas sem
Rabada Suculenta receita de Régis Couto Rosa _Ingredientes: • 1,5kg de rabo bovino• 1 colher de azeite • 1 cebola média picada • 3 dentes de alho amassados • sal e pimenta a gosto • 1/2 copo de vinho branco seco • água quente
dourar para não queimar. Colocar as rodelas do alho poró e fritar pouco, não queimar. Refogar o arroz mexendo para não queimar; em seguida colocar o vinho aos poucos para não levantar fervor e deglaçar, mexendo sempre. Importante: neste ponto você precisa resolver se quer o arroz com mais gosto do bacalhau, pois se fritar o bacalhau vai selar e o sabor não passa tanto ao arroz, porém fica fritinho, mas se prefere bastante sabor de bacalhau, não frite, coloque junto com a água. Colocar água quente até cobrir o arroz, em seguida colocar os saches de caldo seco de legumes e pimenta do reino moída na hora. Mexer sempre em sentido horário, na extensão inteira da panela, colocando água sempre que ressecar, até colocar toda água. Colocar as folhas picadas do alho poró para cozinhar com o arroz. Quando sentir o arroz “al dente”, coloque o creme de leite e mexa sem parar até deixá-lo com menos líquido, mas nunca deixar seco. Então coloque o tomate e mexa para distribui-lo bem,. Desligue o fogo e tampe a panela. Cubra a panela com um pano grosso e descanse por 10 minutos. Está pronto pra servir.
Novidade: Frutap lança manteiga
Avaliação de Gabriela, filha do Régis:
“Recentemente as pessoas passaram a falar mais sobre o papel dos homens no cuidado com a família e com lar, atribuição que historicamente foi delegada às mulheres. Nesse aspecto, o meu pai sempre foi um homem de vanguarda! Arrumava a casa, estudava com os filhos e, claro, cozinhava muito! Fazendeiro, me ensinou a ver os encantos e os sabores dos frutos que a terra dá. Tenho forte em mim a lembrança de um pai maravilhado colhendo verduras e temperos na horta para depois transformá-los em magia. Uma alquimia pura! Cozinheiro de mão cheia, posso dizer, sem exagero, que meu pai nunca levou à mesa um prato mal temperado. E assim, ele nutriu seus três filhos não só da melhor comida, mas também do melhor amor.”
_Preparo: Limpe a carne retirando o excesso de gordura. Lave bem usando água e vinagre. Aqueça uma panela, adicione o azeite e refogue metade da cebola e o alho até dourar. Acrescente então a carne e vá dourando Aproveite para adicionar o sal e a pimentar. Adicione então o vinho e vá cozinhando pingando água. Pode acontecer da carne estar mais macia e você conseguirá terminar o prato dessa forma, pingando água e mexendo para não grudar na panela. Caso perceba que ela se mantém dura, coloque na panela de pressão com água até cobrir por uns 15 a 20 minutos. Retire da pressão e volte para a panela inicial até chegar no ponto certo de maciez. Sirva com folhas verdes, como agrião ou rúcula, e uma deliciosa polenta.
A rabada da foto é do chef Fernando Xavier _ instagram.com/jantarinusitado_Franca/SP
A Frutap, conhecida fábricante de iogurtes e bebidas lácteas de Bernardino de Campos, acaba de entrar no mercado de manteigas de alta qualidade. Produzidas em fazenda própria, a manteiga Fazenda Boa Esperança pode ser encontrada em embalagens de 200g e 500g nas versões com e sem sal. A julgar pela qualidade que a empresa imprime em tudo que faz, só podia ser deliciosa.
foto: Adline Manfrin
receita de Hugo Yoneda
“Eu aprendi e continuo aprendendo a cozinhar com o meu pai. Desde os dias de criança, perto da churrasqueira, até o presente nos finais de semana e feriados em que cozinhamos juntos. Cozinhar é um ato de carinho e dedicação onde você coloca o seu melhor para a família e os amigos. Hoje tenho a sorte, devido a infelicidade da pandemia que nos cerca, de passar meses convivendo diariamente com os meus pais, minha avó, minha mulher e os meus filhos. Tem sido uma experiência única entre quatro gerações onde celebramos a vida e compartilhamos as refeições que muitas vezes preparamos juntos.“
foto: Uantar Inusitado
Risoto de Bacalhau e Alho Poró
foto: Rosa Quaglaito
Avaliação de Luigi, filho do Hugo:
8 • bem
viver
Ter um pai presente fa A maior herança que trago de meu pai, entre tantos ensinamentos, foi a do aconchego e da doação. Ele nunca me negou seu colo, nem seu abraço e muito menos seu tempo de leitura. Também se desdobrava para garantir que suas filhas tivessem uma vida confortável e segura. Era um protetor nato que, mais do que tudo, nos ensinou a ter fé e amor a Deus. Mas, e os outros pais? Lancei essa pergunta numa rede social e recebi o depoi-
mento emocionante de uma filha entusiasmada com a ideia de homenagear seu pai. Nayra Corrêa de Moraes Passos, tem 41 anos. Casada, é mãe de dois meninos. E se debulhou em amor para falar de seu pai, que a criou sozinho. “Se eu fosse escritora, faria um livro da história do meu pai com seus filhos”, define Nayra. Ela nos conta que o pai, Valdemar Corrêa de Moraes, ficou ficou viúvo aos 43 anos, com três filhos para criar. “Minha irmã Regina tinha 11 anos, o Márcio 9 e eu apenas 7 anos. Quando Deus levou minha mãe, meu pai sentou e conversou com a gente. Ele prometeu cuidar de nós em primeiro lugar
ffotos: acervo pessoal Nayra Moraes Passos
Dia dos Pais. Como não parar para uma reflexão a respeito desse figura que ao mesmo tempo que nos traz segurança nos assusta por sua autoridade?
e nunca colocar outra pessoa no lugar da nossa mãe”, conta Nayra. Segundo ela, a promessa foi cumprida. “Posso dizer com muito orgulho que ele é um pai exemplar”, atesta a filha caçula de Valdemar. “Hoje sou mãe de dois meninos e posso imaginar o quanto foi árduo para meu pai criar nós três sozinho, com muita honestidade e sem reclamar. Andou de carro velho mesmo tendo condições para nos permitir estudar da melhor forma e até hoje nos ajuda. Um pai que não sabia fritar um ovo e por causa do destino hoje cozinha como um chef de cozinha, um pai que defende seus filhos, quando estão com razão, como se fosse uma onça. Meu sonho é um dia conseguir ter a sua força. Eu o amo muito e sou muito grata por tudo que fez por nós”, declara Nayra.
A santa-cruzense que reside em Londrina, conta que sempre sonhou se casar com alguém que fosse um pai tão presente quanto o seu. E aconteceu”, diz, referindo-se ao marido Reginaldo. “O Dado é aquele pai que dá banho, troca fraldas, passa a noite em claro esperando a febre baixar, levanta de madrugada para fazer mamadeira, dá colo, dá carinho, brinca muito, educa, faz tarefas, dá broncas se for preciso for… tudo que meu pai sempre fez por nós”, conta Nayra. “Infelizmente muitos pais não fazem nada disso. Mas Deus me presenteou com essa oportunidade de mais uma vez ter um belo exemplo de pai na minha vida”, conclui. O afeto de Nayra pelo pai pode ser visto em sua rede social, repleta de fotos dele com sua família. Aí estão algumas delas.
z toda a diferença na vida
* Nayra registra os pais da sua vida em momentos com os filhos.
Acima, Dado com o caçula. À direita, a família reunida, como fazem sempre que possível, pois o pai dela transmitiu um forte vínculo entre os filhos. No alto à direita, o pai de Nayra com os netos *
10 • agronegócio
A agricultura é uma das atividades onde a herança de terras e sistemas produtivos é muito intensa. Nesta edição, em que celebramos o Dia dos Pais, conversamos com filhos que estão sendo desafiados a ocupar uma posição de responsabilidade nas empresas chefiadas por seus pais
A agricultura, entre pais e filhos
Historicamente, a produção agrícola se mantém atrelada ao trabalho familiar. Uma tradição que passa de pai para filhos, que herdam a terra e também uma profissão. Apesar de muitos abandonarem o campo da agricultura e da pecuária, há jovens que, mesmo podendo escolher uma outra profissão ou atividade profissional,optam por trabalhar com seus pais no agronegócio. Mateus Biazoti Ferrari é um deles. Aos 21 anos, o estudante de agronomia da ESALQ, unidade de agronomia da USP situada em Piracicaba, trabalha desde os 15 anos com o pai, o agro-empresário Rogério Ferrari. “Somos descendentes de italianos que vieram para o Brasil para trabalhar e produzir. Sou a quarta geração de produtores brasileiros. É um legado dos meus avôs e do meu pai, de muito amor à terra, à produção”, afirma Mateus, que já responde pela condução da Romalure, empresa que concentra uma grande e diversificada produção de grãos. O veterinário Pedro Henrique Rocha Pegorer, tem 31 anos e há oito trabalha com seu pai. “Assim que me formei, em 2012, trabalhei por quatro anos com pecuária para o meu pai e em 2017 ingressei na empresa da família, exercendo um cargo administrativo”, conta Pedro, referindo-se à Cerealista Solimã, uma das maiores em toda a região, com unidades em Santa Cruz do Rio Pardo, Piraju e Cerqueira César. Com uma experiência mais recente, Letícia Zaia Maximiano de Souza, estudou Administração de Empresas na GV (Fundação Getúlio Vargas), cujo diploma abre portas em qualquer empresa da grande São Paulo. Depois de algumas experiências na capital, Letícia retornou para Santa Cruz do Rio Pardo e está trabalhando com o pai, Vanderlei de Souza, na administração das fazendas da Brasília Alimentos e da fazenda de seu avô, o agro-
muito suor”, avalia Mateus, que fala no plural porque a mãe, Renata Ferrari, também atua na empresa. Para Pedro, é ao mesmo tempo desafiador e motivador. “Nesses anos todos tenho aprendido muito, todos os dias, acredito ser essa a grande vantagem. Poder produzir e progredir com o exemplo de homem e ser humano que sempre tive. A responsabilidade é grande. Minha geração tem o dever de progredir nos negócios que meu pai e meus tios realizaram ao longo dos anos. Essa é minha missão,” avalia. Letícia explica que sua experiência ainda é recente, mas está satisfeita. “Estou gostando bastante. Acho que a principal vantagem é a abertura que tenho com ele e a facilidade para trofoto: acervo pessoal car ideias, independente do horário. * “Meu pai é um homem batalhador e visionário, que nunca desistiu dos Somos bem parecidos e conseguimos acrescentar bastante um ao outro. O seus ideais e de seus sonhos, sempre com muita humildade.” principal desafio é não ultrapassar o Pedro sobre Antonio * limite, independente da divergência, respeitar o papel dele, porque ele está empresário Hélio Zaia. “Aconteceu naturalmente. Eu tocando as fazendas há muitos anos. Então procuro ser quis voltar para Santa Cruz e comecei a trabalhar com cuidadosa nas minhas opiniões, respeitar a autoridade meu pai”, informa a jovem de 25 anos, que há 10 meses dele de pai e de chefe”, pondera. tem se dividido entre a cidade e viagens ao Mato Grosso, ao lado do pai, cuidando do negócio familiar. Nível de exigência – Ser chefiado pelo próprio nem sempre significa mais cobranças, mas há uma grande Liberdade de escolha – Nenhum desses profissionais chance disso acontecer. “Se um funcionário faz oito coido agronegócio sentiu-se pressionado a escolher o cami- sas certas e duas erradas, vai ganhar elogios, do tipo, ele nho dos pais. “Em casa meus pais nunca interferiram na acertou mais do que errou. Agora o filho tem que ser escolha da vida profissional dos filhos”, garante Pedro, que também faz muito sucesso como cantor sertanejo da dupla Pedro e Yuri. “Desde criança tive muita afinidade com o campo e tenho paixão por gado. Sempre que podia, meu pai me levava para o sítio e eu participava das lidas com gado”, lembra. “Apesar de não terem interferido nas minhas escolhas, acredito que herdei esse gosto pelo campo do meu pai”, acredita Pedro que foi incentivado pelo meu pai, o agro-empresário Antonio Roberto Pegorer, a fazer um MBA em gestão empresarial. Letícia nos conta que não pensava em seguir os passos do pai. “Minha formação não é diretamente ligada ao agronegócio, então não teve uma influência do meu pai. Segui as minhas características de personalidade. Comecei a trabalhar em São Paulo, mas não estava feliz. Então vim para Santa Cruz e comecei a trabalhar com meu pai na administração das fazendas”, explica. Vantagens e desvantagens – Naturalmente, procuro saber como é trabalhar sob a liderança do pai. “Como tudo na vida, trabalhar com os pais tem ônus e bônus. As vantagens são a liberdade para trocar ideias e também algumas flexibilidades na forma de trabalho. Por outro lado, traz muita responsabilidade, pois ele conquistaram tudo por mérito deles. Então a carga de responsabilidade é bem grande para levar adiante a história deles, porque foi tudo feito com muito carinho, muito esforço,
lia inteira, tem um jeito diferente de lidar”, revela. Segundo ela, o pai também a ensina a ter cautelosa nos negócios. “Sou um pouco mais impulsiva e ele tem me ensinado que tem que ir aos poucos, não dar passos maior do que a perna e ter mais certeza antes de agir”, diz. Pedro diz que o maior aprendizado é a persistência. “Acreditar e correr atrás do que se almeja com muita fé, trabalho, honestidade e dedicação.” Contribuição da nova geração – Os filhos de pais tão experientes e capazes não se sentem acuados em, dar sua contribuição ao trabalho paterno, mostrando que, se antigamente o diálogo era algo difícil entre gerações, hoje é uma prática comum, os mais jovens possam efetivamente contribuir para o negócio familiar. “Meu pai é um cara muito foto: acervo pessoal aberto”, diz Mateus, que avaliar que o planeja- foto: Flavia Rocha | 360 “Meu pai sempre está em busca de informação para mento e controle dos números sejam a sua mais * * “Meu pai ama tudo que faz e acorda cedo com vontade se atualizar a respeito do negócio. Está sempre disde sair e trabalhar. Em qualquer circunstância, nunca vi evidente contribuição ao negócio. “Meu pai é um posto a aprender e se informar. Acho isso muito legal.” cara que não se atém muito a planejar e calcular. meu pai desanimado. Ele está sempre disposto a fazer Letícia, sobre Vanderlei * aquilo que ama.” Mateus, sobre Rogério * Ele é arrojado, vai fazendo as coisas de modo mais espontâneo e tudo sai bem perfeito, mas eu gosto mais de medir o desempenho. Levei esse conceito para a fazenda porque medir é importante para 10/10. Acho que pela liberdade e por ser um negócio noscom tranquilidade, alegria e facilidade. E também o fato tomar decisões. Permite vermos se podemos econo- de ele ser muito racional, resolver tudo através da razão, so”, diverte-se Mateus. mizar, se podemos dar um passo à frente, ajuda a avaliar não se deixar abalar pelo emocional”, diz. Pedro concorda. “A cobrança com certeza é em dobro. E o desempenho de tudo”, avalia Mateus é assim que tem que ser. Isso me fez amadurecer muito Letícia gostaria de ter herdar a determinação e eficiência nos negócios e como pessoa”, acredita. Letícia diz que o “Acho que minha maior contribuição é introduzir o má- do pai, além da curiosidade que o estimula a estar estar pai é mais tolerante com ela. “Ele é exigente, cobra o que ximo possível de tecnologia para simplificar o gerencia- sempre buscando aprender coisas novas sobre tudo. precisa ser feito, mas acho que me poupa mais, talvez por mento das fazendas, propor ferramentas que facilitem ser um ambiente majoritariamente masculino,”. afirma. essa gestão. Estou conseguindo agregar bastante nesse Entre pai e filho – Para concluir nossa conversa, peraspecto. A reação do meu pai às minhas ideias é meio gunto se trabalhar subordinado ao pai interfere na reHerdando conhecimento – Nossos entrevistados misto. Da mesma forma que ele gosta de aprender coisas lação familiar. E todos avaliam que, ao contrário do que são conscientes do quanto aprendem com seus pais. novas, ele é um pouco conservador. É aberto, desde que se possa imaginar, ajuda bastante. “Quando há respeito “Entre tantos ensinamentos, eu destacaria fazer a coisa você prove que sua ideia é melhor do que o jeito tradi- mútuo, não há problema algum”, garante Pedro. certa, não prejudicar ninguém e também o lado técnico, cional de fazer as coisas. Então preciso mostrar na prátipois meu pai nunca teve medo de trazer a tecnologia para ca como as mudanças vão facilitar a gestão do negócio”, Mateus acredita que a relação com o pai é ainda melhor. a lavoura. Ele não tem medo de ser pioneiro. É um explica Letícia. “Acho que ajuda muito. Na hora de sentar e tomar uma legado dele: “sai na frente, porque quem chega primeiro cerveja temos mais assuntos. Além disso o convívio perResolvendo conflitos – Toda relação profissional, mite nos conhecermos melhor”, afirma Mateus. bebe água limpa”, conta Mateus. tem momentos em que não se chega a um consenso e Letícia também está aprendendo muito com seu pai. cabe ao chefe dar a última palavra. Quisemos saber como Apesar de ter uma experiência ainda recente, Letícia já “Como não tenho formação do agronegócio estou apren- é ter que acatar a decisão do próprio pai no ambiente de tem uma opinião a respeito. “Por enquanto acho que tem dendo tudo com ele. A minha formação me deu uma traballho. “Acho que de certa forma é um pouco mais ajudado. A gente se dá bem, somos muito parecidos de ideia mais racional das coisas, de custos, produtividade. difícil, porque todo mundo tem medo do chefe. Mas um jeito positivo. Acho que trabalhar juntos tem nos E quando se fala em pecuária, em funcionários que sendo seu pai, você sabe que não vai ser mandado em- aproximado ainda mais”, conclui. vivem no campo, cuidando do patrimônio de uma famí- bora, então você enfrenta mais”, avalia Mateus. Pedro reconhece que os conflitos são inevitáveis. “Algumas vezes há divergência de pensamentos, porém, no final, sempre chegamos a um consenso”, garante. Ele explica que toda inovação ou mudança gera um estresse, e tem que se respeitar o tempo de adaptação para tudo. “É preciso muita conversa. Tem que colocar tudo na balança para chegar à melhor decisão para a empresa”, diz, acrescentando que quando não há um consenso, a última palavra é do seu pai. “Sempre respeitei muito isso.” Letícia acredita que seu pai é mais tolerante por ser sua filha. “Acho que ele me poupa mais. E para mim, é mais fácil acatar as decisões dele porque além do negócio, eu tenho um respeito por ele. É alguém que conheço bem e admiro”, avalia. Talento a ser herdado – É notória a consciência da nova geração a respeito da capacidade do patriarca para gerir o agronegócio. Questionados sobre quais talentos que gostariam de ter herdado de seus pais, a resposta é pronta e rápida. “Eu queria ter a visão para negócios que ele tem. Sempre olhando para o futuro, sempre pensando em prosperar”, diz Pedro Pegorer. Mateus Ferrari destaca o espírito de luta do pai. “Ele tem muitos talentos, mas o mais queria ter é manter a disposição mesmo diante das adversidades, encarar tudo
12 • comportamento
Por que mesmo ganhando pouco algumas pessoas conseguem comprar bens duráveis, como carros, casas e terrenos, enquanto tantas outras, mesmo ganhando mais, ficam com saldo devedor no final do mês?
O desafio de poupar
ganhando pouco em meio a tantas ofertas de consumo
A pandemia nos trouxe de volta a importância de ter uma reserva financeira. Poupar é um velha meta que saiu de cena porque nem sempre temos dinheiro sobrando e também pelas infinitas ofertas de consumo com as quais nos deparamos mesmo sem sair de casa, através das redes sociais que permanecem ativas dia e noite na nossa vida. Quem perdeu o emprego, teve seu negócio fechado ou teve a renda mensal afetada, certamente sentiu falta de ter de onde tirar dinheiro para não se sentir com a corda no pescoço neste período tão imprevisível quanto demorado, afinal, lá se vão mais de quatro meses. Para saber por que gastamos em vez de poupar, entrevistei dois especialistas: Alex Agostini, professor universitário e economista-chefe da Austin Rating, empresa que analisa riscos de créditos*, e Vera Rita de Mello Ferreira, psicanalista e doutora em Psicologia Econômica, criadora do Vértice – Instituto de Psicologia Econômica e Ciências Comportamentais, considerada a maior conhecedora de Economia de Consumo do país. Com diferentes abordagens, os dois especialistas foram unânimes em dizer que para o brasileiro é mesmo muito desafiador guardar dinheiro. Por várias razões. A primeira, porque temos uma distribuição de renda muito desigual, que coloca a grande maioria de milhões de pessoas que vivem no país ocupadas em conseguir sobreviver com uma renda insuficiente para suas necessidades básicas. Diante do argumento de que há pessoas que mesmo ganhando menos de um salário mínimo, se endividam na compra de um iPhone último modelo, entra em cena a questão emocional. Tanto o economista quanto a doutora em comportamento de consumo destacam que, quando consegue ter uma renda extra, o brasileiro procura se recompensar da sua condição de desigualdade, comprando algo que ilusoriamente o coloque no mesmo nível das pessoas endinheiradas. “Todas as nossas decisões são emocionais. A emoção é mais poderosa do que a lógica, do que a ponderação. Porque ela está presente há muito mais tempo do que a razão ao longo do desenvolvimento da espécie humana”,
imagens: pixabay.com
explica Vera. “Originalmente homem era movido às necessidades de sobrevivência. Ele agia para obter alimento, guardar energia e se proteger das ameaças da natureza e dos predadores. Esses são impulsos naturais do homem. E ainda temos esses impulsos extremamente fortes. A gente não quer gastar energia, por isso temos a inércia, a procrastinação. A gente não quer perder nada. Nossa aversão à perda é muito grande. Inclusive isso nos faz engordar. E há um foco no presente. A gente quer um alívio à pressão, à tensão, o mais rápido possível”, esclarece Vera. A longevidade do homem atual também aparece como fator no nosso comportamento de consumo, segundo Vera. “Até a metade do século passado, a expectativa de vida do brasileiro era de 45 anos. Eram poucos os que se aposentavam. Hoje gira em torno de 73 anos. Então, a visão de médio e longo prazo teve que entrar no radar do brasileiro, mas ainda não está incorporada”, afirma. Paralelamente a esse cenário emocional, temos que considerar também a grande mudança no mercado finan-
ceiro e de capitais. Fomos ensinados que para juntar dinheiro para a casa própria, o carro, os estudos, as viagens, entre outros sonhos que nos trazem realizações perenes, devíamos poupar. E já faz décadas que a caderneta de poupança caiu em desuso. Hoje, quando se pensa em juntar dinheiro, a palavra de ordem é investir. E isso nos assusta, porque é preciso conhecer as opções e ingressar num universo de informações às quais não estamos acostumados. Também tendemos a pensar que investir requer ter muito dinheiro sobrando. E isso é um erro, como explica o econmista da Austin. “São muitas alternativas de investimento. E muitas delas podem ser feitas a partir de R$ 100,00”, diz Agostini. Ele explica, no entanto que antes de pensar onde investir o dinheiro, é preciso saber para que se quer poupar. “Investir só para ver o dinheiro aumentar não deve ser o seu objetivo, pois aí você está tendo uma relação de obsessão com o dinheiro. Ele existe para nos proporcionar confortos e realização de sonhos”, afirma o economista. Definido o objetivo, há que se avaliar qual o valor e por quanto tempo você terá que economizar dinheiro para investir. Esse talvez seja o maior desafio, pois, com uma renda mensal baixa, será preciso conter o impulso de compra, algo hoje muito mais fácil não só por conta da nossa natureza, mas graças aos crediários e aos canais online que nos enchem de ofertas diárias. “Somos movidos pelo que chamamos de desejo. Que é essa sensação permanente de falta, de inquietude que nos move, que é
O problema, segundo ela, é não se dar conta de dois aspectos: “O primeiro é que o desejo é inconsciente. A gente não sabe o que deseja. A gente sabe o que está a fim, acha que quer algo, mas não tem muita certeza. O segundo ponto é que o desejo nunca será plenamente satisfeito. A pessoa sempre vai voltar a ter desejos. É isso o que nos mantém vivos”, diz a doutora. Nesse sentido, o consumo funciona como uma maneira aparentemente fácil de nos satisfazer. “Comprar é uma maneira ilusoriamente simples de satisfazer nossos desejos. É simples porque todo mundo sabe fazer isso. Você vai lá, escolhe, compra, paga. E é ilusório porque logo você vai estar pronto para uma nova busca. Então sempre estaremos preparados para comprar”, explica Vera. Segundo ela, aliado a isso, existe o marketing, a ferramenta de negócios que trabalha para despertar o desejo de compra no consumidor. “Vivemos numa sociedade de consumo e o marketing vem nos dizer o que nem sabemos que queremos (e se queremos). Somos induzidos a comprar. Então não é algo que depende apenas da nossa força de vontade, de autocontrole, disciplina e determinação das pessoas. Muitas vezes elas têm tudo isso, mas acabam comprando. Porque o que faz com que a pessoa consuma menos é se expor menos às ofertas de consumo”, ensina Vera. Diante desse cenário, onde consumir é algo fácil e investir parece ser tão complicado, elencamos uma lista de medidas para ajudar você a juntar dinheiro com vistas a realizar desejos mais produtivos, que possam trazer meios de você melhorar seu padrão de vida, seja comprando um carro, uma casa própria, podendo estudar e qualificar-se para obter melhores ganhos, ter uma aposentadoria mais tranquila, ou estar preparado para um imprevisto, como a pandemia.
Como evitar o consumo:
a Evite se expor às campanhas de marketing e facilidades de compra. Descadastre seu email de sites de vendas. E se comprar deles, não autorize envio de ofertas. a Pare de seguir contas nas redes sociais que vendem produtos. Expor-se a ofertas de vendas enquanto checa as postagens dos amigos pode facilmente nos levar a comprar sem necessidade e até mesmo sem vontade. a Quando realmente quiser comprar algo, espere alguns dias. Além de surgirem ofertas mais em conta, talvez você já tenha deixado de desejar aquela compra. a Evite deixar o cartão de crédito cadastrado em sites de vendas, onde em apenas um clic você faz a compra. a Desabilite aplicativos de sites de compra do celular. a Assim como a internet registra suas pesquisas de consumo, enviando suecssivamente ofertas daquele produto, o mesmo tende a ocorrer se você pesquisar sobre alternativas de investimento. Isso vai ajudar você a ser abordado por alternativas de poupar em vez de gastar. a Quando decidir gastar em uma festa, por exemplo, pondere se o valor a ser gasto poderia proporcionar uma outra satisfação que possa contribuir para melhorar seu padrão de vida de maneira mais consistente: uma viagem de intercâmbio, um curso, um bem mais durável, uma entrada num imóvel. Mudar o objeto do seu desejo pode ser um exercício para não gastar com o que lhe deixa com dívidas e rapidamente insatisfeita. Essa regra vale também para gastos com festas infantis, que podem, por exemplo, ser divididos em duas partes: para uma festa mais simples e criativa e outra para um plano de previdência privada para seu filho, por exemplo.
ffotos: acervo pessoal Vera Rita de Mello Ferreira
a Antes de ir ao supermercado, veja quais produtos você comprou e acabaram não sendo consumidos. Faça uma lista mais condizente com seus hábitos e evite ir com fome. É uma armadilha natural para voltar com o carrinho cheio de guloseimas que você não planejava comprar.
Vera Rita de Mello Ferreira é psicanalista a doutora em psicologia econômica, autoria de vários livros sobre o assunto. Pioneira no Brasil, dirige o Vertice PSI Instituto,ministra cursos e colabora com os principais jornais do país, mantendo ainda canais on line onde você pode aprender muito sobre consumo e conomia. https://valorinveste.globo.com/blogs/verarita-de-mello-ferreira/ http://www.verticepsi.com.br/ https://youtu.be/sm3MWW5z_k0
ffotos: acervo pessoal Alex Agostini
imagens: pixabay.com
muito importante porque nos faz sair da cama todos os dias”, diz Vera Rita Ferreira.
Agora que você sabe que o impulso de comprar faz parte da nossa natureza, como forma de satisfazer facilmente nossos desejos, procure refletir um pouco mais antes de fazer qualquer compra. Lembre-se que o valor dessa compra imediata pode ser investido para comprar algo que você deseja ainda mais e requer mais dinheiro.
Alex Agostini é economista-chefe da Austin Rating, que vem a seuma agência independente que classifica a capacidade de empresas, governos e países de pagar suas dívidas. Essa classificação serve de referência para as instituições financeiras avaliarem o risco de emprestar dinheiro para empresas e governos. . Professor universitário, ele é uma fonte segura para jornalistas do setor de economia e finanças. Muito acessível,ele também pode ser encontrado em canais on line. Pesquise seu nome e vai encontrar muita coisa. https://www.austin.com.br/
Lembre-se que para a maioria das pessoas, poupar não é apenas um hábito. Primeiro porque depende da condição financeira de cada um. Há, no entanto, casos de pessoas que conseguem poupar mesmo ganhando pouco. Então, com esforço, você pode chegar lá. Ou seja: se comprar é algo natural, poupar não é. Ter essa consciência ajuda bastante. E como todo desafio, quando conseguimos alcançar, além do dinheiro, teremos a satisfação de termos superado nossa dificuldade natural. Essa vitória vai alimentar o seu inconsciente também. Agostini destaca que que o primeiro passo é definir um objetivo para poupar. É a partir daí que você vai poder avaliar qual o melhor investimento. As opções são muitas. As pessoas hoje investem em fundos de investimentos, que se apresentam em diversas modalidades, com riscos proporcionais a mais ou menos ganhos. Há também previdência privada. Mas tudo vai depender para quê você quer o dinheiro. O terceiro passo e colocar no papel é quanto você vai precisar economizar para investir, por quanto tempo precisará investir para alcançar seu objetivo e quais os riscos você corre de perder dinheiro. A liquidez também aparece aqui: há investimentos que são de longo prazo. Ou seja, numa situação imprevista, você pode perder os ganhos caso decida resgatar o valor investido antes do prazo previsto em contrato. Também a credibilidade do agente financeiro que vai administrar o seu dinheiro é muito importante. Isso tudo, para quem não é do ramo e pouco entende de números, pode gerar muita incerteza. E é aí que reside uma outra dica preciosa do nosso entrevistado: informe-se antes de investir. E informação, hoje em dia está muito acessível.
Agostini destaca que mesmo sem sair de casa é possível ter acesso a informações de qualidade, inclusive levar suas dúvidas a especialistas, como ocorre em canais do Youtube e nas redes sociais. Isso não quer dizer que você deva delegar o seu investimento a quem não conhece. Uma consulta à agência do banco também é uma medida a ser tomada. Atualmente, os bancos mantêm agentes de investimento para esclarecer todas as dúvidas dos clientes. “Lembre-se que os profissionais que estão lá para dar orientação têm metas a cumprir. Então leia todo o material das alternativas de investimento que são oferecidas. Veja quais os riscos, quanto tempo o dinheiro tem que ficar
aplicado, qual a segurança que a instituição financeira que vai operar seu dinheiro oferece”, alerta Agostini, destacando que mesmo pessoas que se informam profundamente antes de investir correm o risco de ter perdas. Agora, se você não quer correr risco algum, opte por fundos de renda fixa, que você já sabe quanto vai render, para atingir objetivos de curto e médio prazos. E caso esteja pensando, por exemplo, na sua aposentadoria ou na faculdade do filho que ainda está na primeira infância, considere a Previdência Privada. O assunto é complexo para apenas esta edição. Aproveite para nos enviar suas perguntas: 360@jornal360.com
imagens: pixabay.com
Como juntar dinheiro:
15 • meninada
Fazendo chover
arte: Sabato Visconti
Quando Alvinho gostava do que estudava seus olhos brilhavam. Ele corria feliz pra contar ao Pingo o que havia aprendido e também suas conclusões. “Havia um tempo, Pingo, em que não havia internet, computador, nem telefone. Usava-se sinais com espelhos, mensagens levadas por pomboscorreios e ainda tinham uma comunicação que não temos mais, Pingo. Para se comunicar, os índios usavam sinais de fumaça e tambores. Quando não chovia por muito tempo os índios se comunicavam com as nuvens. Eles as convidavam para participar da música, dançavam, tocavam tambores esperando resposta dos céus. Tambor daqui, tambor de lá, trovões, raios e muita água. Não há computador que se comunique com a Natureza, Pingo, mas talvez, quem sabe, com tanto tempo sem chover ela esteja tentando se comunicar com a gente. Pingo levantou as orelhas, latiu alto três vezes e os dois escutaram o som de um trovão vindo de muito longe.Assustados ficaram ali parados, olhando um para o outro.
R E S P O S TA S : _Verduras: agrião, alho-poró, brócolis, chicória, coentro, couve, couve-flor, escarola, espinafre e rúcula.Frutas: No mês de agosto, dê preferência para banana, caju, carambola, kiwi, laranja, maçã, mamão, mexerica e morango.
* republicação de Pingo da ed. 99 (abr14) e passatempo do 360_ed.115 (ago2015)
Agosto é Mês de...
Você sabe o que é sazonalidade? É quando algo tem mais evidência em alguma época do ano. No caso de alimentos, é quando são mais fáceis de achar e, por isso, mais baratos. Encontre no diagrama 10 verduras e 9 frutas típicas do mês de agosto. Mas antes, classifique cada uma delas usando F para Frutas e V para verduras. * Fonte: MDA (Ministério do Desenvolviemtno Agrário)
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AGRIÃO = ALHO-PORÓ = BANANA = BRÓCOLIS = CAJU = CARAMBOLA = CHICÓRIA = COENTRO = COUVE = COUVE-FLOR = EXCAROLA = ESPINAFRE = KIWI = LARANJA = MAÇÃ = MAMÃO = MEXERICA = MORANGO = RÚCULA =
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Gostoso de Ler..