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Adversários, sim. Inimigos, não!

Recentemente a morte do grande Roberto Dinamite, me chamou a atenção quanto à frase tema dessa reflexão. Vivi os anos 80 tanto musicalmente, quanto em relação aos esportes. Ídolos dessa década no futebol eram muitos. Posso citar sem sombra de dúvidas alguns nomes: Sócrates, Falcão, Leão, Júnior, Cerezo, Careca, Eder, Oscar.... Dentre outros.

Porém, no Rio de Janeiro, havia uma disputa muito acirrada e focada em dois nomes que foram muito grandes e expressivos no cenário esportivo mundial: Roberto Dinamite e Zico, Vasco e Flamengo. Disputas incríveis de campeonatos, artilharias, popularidade...Cada jogo, uma guerra, jogada dentro das quatro linhas.

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Na verdade, fora das quatro linhas, havia uma amizade e um respeito mútuo entre os ídolos...

No jogo de despedida de Roberto Dinamite, Zico, jogou ao lado do seu maior rival, vestindo a camisa do time dele, o Vasco, algo provavelmente inédito, que demonstrou um respeito ao esporte, às diferenças e dando uma lição de que o espírito de luta pelos seus ideais, seu clube, não podem e não devem se sobrepor à quaisquer respeito ao seu semelhante... Que linda lição. o comportamento das pessoas era diferente. Errar era mais confortável e menos culposo. Você cometia um erro, assumia e pe-dia desculpas. Tudo certo. Hoje não se erra mais, os culpados são sempre os outros. Que alegria eu tenho quando alguém assume um erro. É um negócio raro. É bonito.

Por isso, são ídolos, respeitados, aclamados e amados por todos.

Fica a dica: “Quando o jogo de xadrez acaba, o peão e o rei vão para a mesma caixinha”.

Era mais fácil conversar porque existia escuta dos dois lados. Hoje, os cérebros estão cimentados em concreto. Argumentos válidos são desprezados como pecados. Como eu fico feliz quando um bom argumento me faz mudar de ideia! Que êxtase es- cutar alguém dizer: “Obrigado, eu estava errado. Você me ajudou a mudar de opinião.” A dúvida era aceitável. Hoje todo mundo tem opinião formada sobre física quântica, geologia e filosofia iluminista. Ninguém assume a própria ignorância. Tem opinião pra tudo, chutada pra todo lado. Quem fala inglês conhece a expressão quase intraduzível “Ignorance is Bliss.” Quer dizer mais ou menos que existe alegramento em desconhecer. Os jecas tatus que o digam! Eu venho experimentando dizer: “Sinto muito, não entendo desse assunto, vou pesquisar.”

Recentemente li numa mídia social uma sábia usuária dizer: “Não existe vergonha em errar, apenas em se recusar a aprender.” Uma coisa linda dessas me faz lembrar que as ferramentas não são nem boas nem más. Depende do jeito que a gente usa.

* Ator, diretor e escritor

*Flávia Rocha Manfrin

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