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O “Toca Raul” encontrou seu espaço no interior de SP
A disposição de um casal em reunir amigos ao som do rock and roll deu origem a um evento anual que já é aguardado pelo público de toda a região, especialmente os que adoram ouvir uma do imortal Raul Seixas, que empresta seu nome aos festival
À frente da produção, o casal Fran e Valmir Caverna (respectivamente Francielli de Oliveira e Valmir Henrique Rodrigues), nos contam com exclusividade sobre a trajetória e a programação 2024 do Raul Rock Reunion
360: Como surgiu o RRR?
O Raul Rock Reunion surgiu de forma inusitada, com a realização de alguns churrascos em casa reunindo os amigos. Com o passar dos meses, esse grupo foi aumentando e entre uma conversa e outra, decidimos então nos reunir na praça Carlos Queiroz. Foi ali que tudo começou.
360: Quando foi?
Dia 21 de Agosto de 2015. Aniversário de morte de Raul Seixas. Fazia 26 anos, naquele momento.
360: Desde então, o que mudou?
Tudo mudou. Antes era apenas um encontro de amigos e hoje o Raul Rock Reunion é um festival. Antes pedíamos para os amigos, que tocavam algum instrumento musical, para levarem o violão na praça, e hoje vamos ter Ratos de Porão no palco, além de outras bandas.
360: O propósito continua o mesmo?
Sim, nosso propósito continua o mesmo: “reunir os amigos”. A única coisa que mudou foi que o Raul Rock Reunion nos proporcionou criarmos novas amizades e para nós isso é uma honra.
360: O evento se tornou também um negócio, certo? Vocês se dedicam a ele com exclusividade ou têm outro trabalho paralelo?
Hoje o Raul Rock Reunion é uma empresa. Gostaríamos muito de nos dedicar 100% a ela, mas ainda não temos essa condição. Nós trabalhamos no ramo da reciclagem e é de lá que tiramos nosso sustento.
360: Vocês imaginavam entrar pra esse mercado do entretenimento?
Nunca imaginamos isso. O “RAUL...” era pra ser simples, “um simples encontro”, mas, a simplicidade atraiu um público que se multiplicou e cresceu. E, ao se expandir, começou a pedir mais. Isso foi nos consumindo, envolvendo, e a brincadeira foi ficando séria e aqui estamos. O evento entrou para o calendário cultural da cidade, acontece todo ano, e nós somos empresários do mundo do eventos.
360: Como avaliam o ramo de eventos e quais os atributos do RRR para as empresas?
Eventos culturais agrupam públicos diversos, que se misturam, criando um círculo cultural, uma “magia cultural”. Pessoas de várias partes da região comparecem e se multiplicam a cada ano. Para as empresas patrocinadoras, oferecemos espaços para estandes, telões de Led HD, agradecimentos no palco ao vivo e, é claro, o mais valioso para nós, que é a presença do público físico e o virtual, que pode estar em qualquer ponto do mundo e que nos alcança através das redes sociais. Desta forma, as empresas patrocinadoras, que são muito importantes em qualquer evento, têm a possibilidade de estar mais próximas ao seu consumidor, formando novos consumidores e gerando novas opiniões quanto aos seus produtos e/ou serviços. Por estarem em um evento cultural, o contato com o consumidor se dá de forma mais direta, agregando valor às marcas.
360: Qual apoio vocês têm atualmente?
Hoje o nosso maior apoio é o da Prefeitura Municipal, que neste último governo fez muito pela cultura como num todo, favorecendo o município, que cresceu consideravelmente na região, culturalmente falando. Também temos apoio de algumas empresas do município, que são parceiras do projeto “Raul Rock Reunion”. Em especial a Solito Alimentos, que está junto conosco desde o princípio e hoje essa parceria aumentou com a sua nova linha de produtos petfood.
E também temos o apoio da indústria, do comércio e de pessoas físicas de Santa Cruz e região, que nos apoiam com recursos, produtos e serviços. E em nome do festival “Raul Rock Reunion”, agradecemos imensamente a todos.
360: Qual o público do RRR?
O público do Raul Rock Reunion é um público misto, bem diversificado. Costumamos dizer que a idade do público pode variar de 0 a 100 anos e todos serão bem-vindos.
360: Vocês têm filhos. Eles também curtem o som que vocês trazem pro evento?
Temos três filhos: Gustavo com 23 anos, Alexandre, 16 anos e a Agnes com 9 anos, e todos criados no mundo Rock'Roll. Sim, ensinamos o caminho da música para eles, mas, não os forçamos a nos seguirem, caso não queiram. A escolha é deles. Uma das razões para a criação do “Raul Rock Reunion” foi para que eles pudessem ter mais um evento bom dentro de casa, na cidade. Onde poderiam reunir os amigos também, mais de uma vez no ano, em um festival sócio-cultural bacana.
360: Você poderia traçar um paralelo entre o RRR e o RRP (Rock Rio Pardo)?
O Rock Rio Pardo é o irmão mais velho do “Raul Rock Reunion”. Que nos ensina a cada ano que passa. O “Raul...” ainda é uma criança em desenvolvimento, que olha para o irmão mais velho e sonha em um dia ser tão grande quanto é seu irmão. Como dizia nosso grande amigo Marcio “Pegajoso”, em parceria com nosso outro grande amigo Marcos Zanette: “o Rock Rio Pardo é o Natal para nós!!”.
360: Pensam em levar o RRR a outros lugares?
Sim! Algumas prefeituras da região já nos procuraram com o interesse em realizar o “Raul Rock Reunion” em seus territórios, mas ainda pode ser cedo para sairmos pela região. Por outro lado, é bom ver o interesse pelo nosso trabalho. Levamos isso como um reconhecimento.
360: Por que Raul Seixas inspira vocês?
Raul Santos Seixas, esse garoto maravilhoso que influenciou a tantos pelo mundo, também nos influenciou. Seu trabalho, suas histórias, suas letras e músicas, suas viagens psicodélicas, o deslumbrante material deixado por Raul Seixas é o que nos inspira. Raul foi um jovem curioso e esperto, aprendeu as lições que lhe passavam, reescreveu livros de séculos passados, resolveu as equações que ninguém sabia, teve uma vitrola para ouvir músicas e ai nasceu o compositor, que formou parceria com outros malucos como ele, sendo o mais conhecido, o Paulo Coelho. O cara chamado Raul Seixas não tinha medo de ser feliz e não se importava com a opinião alheia... Assim como nós, o “Casal Caverna's”.
360: Ele está sempre na programação do evento de alguma forma?
Certamente que sim, mas o “Raul Rock Reunion” não é um show do Raul Seixas. É um show para o Raul Seixas, que foi um roqueiro brasileiro, o pai do Rock Nacional, que curtia músicas de Rock’n’Roll e cantava as suas próprias musicas também. Daí o nome: “Raul Rock Reunion”, uma reunião de todos os gêneros, culturas etc. Onde tudo se toca e todos tocam Raul, porque aqui pode gritar “Toca Raullllll!!! Rs....
360: Quais a satisfação e os desafios de produzir eventos de música?
Satisfação é a de subir no palco e ver tudo acontecendo, sentir a energia do ambiente, a alegria do público e de encerrarmos com todos satisfeitos e felizes por participarem de mais um “Rock Raul Reunion”. O desafio é sempre o mesmo: o de produzir a próxima edição do evento, pois o show deve continuar (show must go on).
360: A entrada é grauita e benemerente?
Sim. Desde o princípio do projeto, tivemos essa preocupação em ajudar alguma entidade, semelhante ao que o Rock Rio Pardo faz. Até o momento trabalhamos, atendendo somente a Rede de Combate ao Câncer da cidade. Este ano estaremos atendendo o programa de inclusão alimentar Vaquinha do Alimento. Infelizmente, nunca conseguimos uma doação significativa, mas se cada um que chegar no evento para curtir o shows de graça trouxer apenas 1 litro de leite ou 1 kg de alimento não perecível, certamente faremos a alegria de muitas pessoas.
Info: Raul Rock Reunion 2024
09/11/24 a partir das 15h na Expopardo
Programação, por Casal Caverna’s:
METALCORE_ Ourinhos: som mais rápido e pesado, fiel ao METALCORE de bandas conhecidas do público Rock mais apurado e agressivo. Onde também teremos uma Raul Seixas no ritmo da banda.
MAD MAX_ Avaré: clássicos do rock nos estilos HARD, METAL, ROCK. E, claro, também apresentarão versão de uma ou mais musicas do Raul na leitura HARD.
RUBY WOO_ Tatuí: quatro Pin-Ups no palco do “RAUL...” tocando o empoderamento feminino com muito Rock’n’Roll de raiz e leitura de Raul Seixas no estilo RockaBilly.
ZENILTONS_ Ribeirão Preto: banda “Raimundos Tribute” . Vai ter até Raul Seixas na leitura Raimundos.
HELL HAZE_ Santa Cruz do Rio Pardo: Banda Metal que apresenta os clássicos do poderoso Trash Metal. E como não poderia ser diferente das demais, também fará suas leituras metal de Raul Seixas.
RATOS DE PORÃO_São Paulo: banda Punk Crossover com mais de 40 anos na estrada, mais de 15 álbuns lançados, alguns gravados na Alemanha. Já fez turnê por váriospaíses e se apresentou em várioslocais interessantes, como o Lendário bar punk CBGB-UMFUG, em Nova York/ USA.
Agora é a vez de Santa Cruz do Rio Pardo receber a banda no palco do “Raul Rock Reunion”. Mas, a Ratos de Porão vai tocar Raul? Bom... Aí vai depender de um monte de fatores, que estão fora da nossa alçada. Mas, vocês sabem: no “Raul Rock Reunion” pode gritar à vontade: “TOCA RAUUULLLL!!”
A origem do “Toca Raul”
Já virou regra. Em todo show de música, seja qual for o estilo e ambiente alguém brada, estrondosa ou timidamente: Toca Raul! De onde vem essa mania que se ouve em todo lugar?
Na opinião do historiador musical Tiago Cachoni, vocalista da Banda Landau 69, ninguém consegue dizer a origem, mas gritar “Toca Raul” é um bordão comparável a um “Vai Corintia” (ele é são-paulino), que chega a extrapolar o desejo de ouvir uma música do cantor e compositor, um dos mais aclamado do país, mas que morreu quase esquecido. “É um bordão que faz jus ao legado dele”, defende Cachoni.
O historiador destaca que Raul Seixas foi um “cara único, um mito que não se associa a nenhum movimento musical e que foi estereotipado como maluco beleza, doidão, quando na verdade deixou uma obra muito rica em música e poesia, passeando por ritmos como baião, bolero, xaxado, baião, samba e rock, naturalmente. “Ele passou por todos os ritmos possíveis e imagináveis,
Segundo Cachoni, a obra do músico, compositor e produtor baiano também consegue agradar a todo tipo de gente, seja qual for a idade ou gosto musical. E chama a atenção para o fato do “Toca Raul” irritar muitas bandas enquanto outras acabam aproveitando para reverenciar e ressignificar o grito, como Zeca Baleiro, que compôs uma música com esse título, e a banda satírica Pedra Letícia, que tem a “Eu não toco Raul”.
teve uma produção de altos e baixos, uma carreira relativamente breve e terminou proscrito, não aparecia em lugar algum”, relata Cachoni, destacando que no final da vida, viveu um resgate através de uma turnê produzida pelo também músico Marcelo Nova, que resultou no último disco do cantor, Panela do Diabo, lançado no ano de sua morte (1989), quando tinha 44 anos.
Segundo Cachoni, a obra do músico, compositor e produtor baiano também consegue agradar a todo tipo de gente, seja qual for a idade ou gosto musical. E chama a atenção para o fato do “Toca Raul” irritar muitas bandas enquanto outras acabam aproveitando para reverenciar e ressignificar o grito, como Zeca Baleiro, que compôs uma música com esse título, e a banda satírica Pedra Letícia, que tem a “Eu não toco Raul”.
Cachoni conta também que nem sempre atende ao pedido “Toca Raul” nos shows da Landau 69. Não por falta de disposição, mas de ensaio mesmo, o que ele admite ser um erro.