Parque Linear 120
Parque
issuu.com/cadernostc
Cadernos de TC 2017-1
Expediente
Direção do Curso de Arquitetura e Urbanismo Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Corpo Editorial Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Ana Amélia de Paula Moura, M. arq. Maryana de Souza Pinto, M. arq. Pedro Henrique Máximo, M. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Simone Buiati, E. arq. Coordenação de TCC Rodrigo Santana Alves, M. arq. Orientadores de TCC Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Maryana de Souza Pinto, M. arq. Pedro Henrique Máximo, M. arq. Maquete Volney Rogerio de Lima, E. arq. Seminário de Tecnologia Jorge Villavisencio Ordóñez, M. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Seminário de Teoria e História Ana Amélia de Paula Moura, M. arq. Anderson Ferreira da Silva Jorge, M. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Expressão Gráca Madalena Bezerra de Souza, e. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Secretária do Curso Edima Campos Ribeiro de Oliveira (62)3310-6754
Apresentação Este volume faz parte da quarta coleção da revista Cadernos de TC. Uma experiência recente que traz, neste semestre 2017/1, uma versão mais amadurecida dos experimentos nos Ateliês de Projeto Integrado de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo (I, II e III) e demais disciplinas, que acontecem nos últimos três semestres do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Anápolis (UniEVANGÉLICA). Neste volume, como uma síntese que é, encontram-se experiências pedagógicas que ocorrem, no mínimo, em duas instâncias, sendo a primeira, aquela que faz parte da própria estrutura dos Ateliês, objetivando estabelecer uma metodologia clara de projetação, tanto nas mais variadas escalas do urbano, quanto do edifício; e a segunda, que visa estabelecer uma interdisciplinaridade clara com disciplinas que ocorrem ao longo dos três semestres. Os procedimentos metodológicos procuraram evidenciar, por meio do processo, sete elementos vinculados às respostas dadas às demandas da cidade contemporânea: LUGAR, FORMA, PROGRAMA, CIRCULAÇÃO, ESTRUTURA, MATÉRIA e ESPAÇO. No processo, rico em discussões teóricas e projetuais, trabalhou-se tais elementos como layers, o que possibilitou, para cada projeto, um aprimoramento e compreensão do ato de projetar. Para atingir tal objetivo, dois recursos contemporâneos de projeto foram exaustivamente trabalhados. O diagrama gráco como síntese da proposta projetual e proposição dos elementos acima citados, e a maquete diagramática, cuja ênfase permitiu a averiguação das intenções de projeto, a m de atribuir sentido, tanto ao processo, quanto ao produto nal. A preocupação com a cidade ou rede de cidades, em primeiro plano, reorientou as estratégias projetuais. Tal postura parte de uma compreensão de que a apreensão das escalas e sua problematização constante estabelece o projeto de arquitetura e urbanismo como uma manifestação concreta da crítica às realidades encontradas. Já a segunda instância, diz respeito à interdisciplinaridade do Ateliê Projeto Integrado de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo com as disciplinas que contribuíram para que estes resultados fossem alcançados. Como este Ateliê faz parte do tronco estruturante do curso de projeto, a equipe do Ateliê orientou toda a articulação e relações com outras quatro disciplinas que deram suporte às discussões: Seminários de Teoria e Crítica, Seminários de Tecnologia, Expressão Gráca e Detalhamento de Maquete. Por m e além do mais, como síntese, este volume representa um trabalho conjunto de todos os professores do curso de Arquitetura e Urbanismo, que contribuíram ao longo da formação destes alunos, aqui apresentados em seus projetos de TC. Esta revista, que também é uma maneira de representação e apresentação contemporânea de projetos, intitulada Cadernos de TC, visa, por meio da exposição de partes importantes do processo, pô-lo em discussão para aprimoramento e enriquecimento do método proposto e dos alunos que serão por vocês avaliados. Alexandre Ribeiro Gonçalves Maryana de Souza Pinto Pedro Henrique Máximo
Diante à atual realidade enfrentada nos dias de hoje, torna-se cada vez mais extinto a valorização do espaço público e utilização do mesmo. E para que isso ocorra, requer um espaço atrativo e de qualidade para ser frequentado e convidativo ao olhos dos usuários. A intervenção nas margens do córrego localizado na cidade de Goianésia, estará promovendo um parque linear com fundamento de devolver o espaço público de preservação ambiental aos moradores am de resgatar a memória do córrego, juntamente com a história que carrega e importância para a cidade.
Parque Linear Calção de Couro - Goianésia, GO
Franciele Modesto Barcelos Orientador: Maryana de Souza Pinto
Porque intervir?
‘’As cidades são locais onde as pessoas encontram para trocar ideias, comprar e vender, ou simplesmente relaxar e se divertir. O domínio público de uma cidade suas ruas, praças e parques - é o palco catalisador dessas atividades.’’ (Richard Rogers, 2012, p.XI) Baseado nisso, para que uma cidade ofereça melhor qualidade de vida, é necessário repensar nos espaços públicos os incluindo no planejamento urbano. Todos devem ter a possibilidade de ver uma árvore de sua janela, ou sentar-se em banco de praça, perto da sua casa, com espaços para crianças, ou de caminhar até um parque em dez minutos. Embora seja diferente de grandes cidades, as cidades de pequeno porte como desse caso, não enfrentam problemas maiores de urbanização, como o intenso tráfego de veículos e a dimensão humana, que por décadas, tem sido um tópico esquecido e tratado esmo, enquanto várias outras questões ganham mais força. E que diante desse cenário, deram cada vez menos prioridades aos espaços públicos, às áreas de pedestres e ao papel do espaço urbano como encontro dos moradores da cidade. Porém, mesmo que tais problemas não se aplicam às cidades pequenas por ser em uma escala bem menor, não deixa de ser insuciente e precário os usos dos espaços públicos e um bem necessário nessas cidades. É perceptível que em cidades nessa escala, acabaPois como já dito, todos devem ter a possibilidade de usufruir de espaços públicos e que atenda a todos.
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Sendo assim, o seguinte trabalho apresenta o projeto de um parque linear na cidade de Goianésia, às margens do Córrego Calção de Couro, que se integra relevantemente com a cidade, oferecendo aos moradores a possibilidade de usufruir de um espaço público de qualidade e possa conectar o homem ao meio ambiente. Inserindo, assim, o córrego no cenário urbano da cidade visado como fator crucial. Pois, por mais que a área seja de caráter ambiental, diante da marcha crescente de desenvolvimento da cidade, resultou na degradação do meio, transformando o córrego em alvo de esquecimento e rejeição. Mesmo oferecendo regiões com alto índice de potencialidade, o córrego não oferece nenhuma função em determinados trechos, além de seguir seu próprio curso. E quando córregos e rios deveriam ser vistos como um elemento estratégico para o meio urbano, geralmente acabam se tornando um problema, sendo inutilizado e destino para entulhos, ou uma avenida marginal em suas margens. Contudo, o projeto desse parque linear soluciona questões como essa na cidade de Goianésia, mas am de proporcionar oportunidades de encontro e espaços de vivência de permanência nas relações cotidianas, o que de fato é precário no local. Estará também recuperando a imagem do córrego ressaltando a preservação ambiental na paisagem urbana, estruturando esse espaço de modo que faça a cidade estimular e oferecer atividades diversas.
Franciele Nome Modesto do estudante Barcelos
1. Título
1.1. Título
Parque Calção de Couro Intervenção Título doLinear trabalho nas margens do Córrego Calção de Couro
109
1. Título NOTAS: [1] Escrever o conteúdo aqui
1.1. Título
Corpo do Texto ...
Corpo do Texto ...
[f.1]
LEGENDAS: [f.1] Para guras, que incluem grácos, fotograas, imagens, croquis, mapas, diagramas e etc. [t.1] Para tabelas
110
Franciele Modesto Barcelos
1. Título
1.1. Título
Corpo do Texto ...
Corpo do Texto ...
NOTA: 29 das 30 cidades com mais geração de empregos estão no interior do país. Disponível em: <http://economia.uol .com.br/empregos-ec a r r e iras/noticias/redacao /2015/10/20/29-das30-cidades-commais-geracao-deempregos-estao-nointerior-do-pais.htm>.
LEGENDAS: [f.1] Vista da cidade de Goianésia. Fonte: LEGENDAS: https://www.faceboo [f.1] Para guras, que k.com/euamogoiane incluem grácos, sia/ fotograas, imagens,
[f.2]
[f.4]
croquis, mapas, [f.2] e [f.3] Imagens diagramas e etc. da Usina Jalles Machado S/A. Para Fonte: www.jal[t.1] tabelas lesmachado.com/ri/ [f.4] Imagem do plantio do Grupo Otávio Lage. Fonte: http://www.otaviolag e.com.br/novosite/n e g o c i o s agricultura.php
[f.3]
Parque Linear Calção de Couro
[f.5]
[f.5] Imagem da empresa alimentícia Goialli. Fonte: <http://www.goialli.c om.br/site/empresa.p hp>.
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Referencial Histórico Parques Urbanos
LEGENDAS: [f.6] Cidades industriais européias criaram condições insalubres para seus habitantes. Imagem: Pintura do artista impressionista, o francês Camille Pissarro (1830-1903). F o n t e : <https://jonashenriqu e l i m a . w o r d p r e s s.com/2011/10/02/co mo-surgiram-osprimeiros-parquesurbanos/>. 112
‘’ A origem dos parques se fundamenta em dois pontos primordiais e norteadores: a urbanização e a industrialização dos países. O Processo de Urbanização se deu primeiramente na Europa e nos Estados Unidos; segundo Martins Júnior (2007), essa manifestação se deu com o surgimento das grandes cidades e das metrópoles, baseado primeiramente na industrialização e depois no êxodo rural. “O termo “urbanização” designa, tecnicamente, o fenômeno pelo qual a população urbana cresce em proporção superior à população rural.” (MARTINS JÚNIOR, 2007, p. 37) ‘’É no final do século XVII com o aumento da insalubridade nas cidades européias e com os primórdios da Revolução Industrial que surgiram filosofias favoráveis ao surgimento de novas relações da natureza com a sociedade, diminuindo o teor antropocêntrico dominante até aquele momento. Conforme Silva, “a cidade era o berço da poluição, do ar e sonora, e dos maus costumes, e o campo passou a ser um local desejado, uma vez que possuía ar fresco e tranquilidade. Por isso, há o surgimento da valorização do campo e das áreas verdes no urbano […]” (SILVA, 2003, p. 45). Essa procura pelo verde, intimamente relacionada com a presença das poluições urbanas levou a necessidade da conservação de elementos naturais dentro do espaço urbano, com a função de melhorar a qualidade de vida urbana.’’(Como surgiram os primeiros parques urbanos? Outubro, 2011. Disponível em: www.jonashenriquelima.wordpress.com) Sendo assim, no Brasil, o surgimento dos primeiros grandes parques ocorreu após a chegada da família real portuguesa, sendo inicialmente bastante elitizados. O estilo, em questão de estética e estrutura, se baseava nos modelos dos parque norte americano e europeu, mas com necessidades distintas. Porém, enquanto nos EUA e na Europa os parques surgem com o fundamento de atender as necessidades da massa urbana, no Brasil isso ocorre para ser “figura complementar ao cenário das elites emergentes, que controlavam a Nação e procuravam construir uma configuração urbana compatível aos modelos ingleses e franceses” (BOVO, 2008, p. 75).
Parques Lineares
‘’Os Parques Lineares são obras estruturadoras de programas ambientais em áreas urbanas, sendo muito utilizados como instrumento de planejamento e gestão de áreas degradadas, buscando conciliar tanto os aspectos urbanos e ambientais como as exigências da legislação e a realidade existente. Eles se constituem de áreas lineares destinadas tanto à conservação como à preservação dos recursos naturais, tendo como principal característica a capacidade de interligar fragmentos de vegetação e outros elementos encontrados em uma paisagem, assim como os corredores ecológicos. Porém, neste tipo de parque têm-se a agregação de funções de uso humano, expressas principalmente por atividades de lazer, cultura e rotas de locomoção não motorizada, como ciclovias e caminhos de pedestres.’’(Artigo: Paque lineares - Soluções para cidades) Contudo, os parque lineares na maioria das vezes, são visto como intervenções afim de solucionar problemas ambientais, promovendo preservação, recuperação e proteção de alguma área. Logo os parques lineares podem estar classificados nas seguintes categorias: 1.Parte de programas ambientais, ao longo de rios e lagos; 2. Espaços recreacionais, ao longo de trilhas ou estradas abandonadas; 3. Corredores naturais, ao longo de rios ou divisores de águas, possibilitando a migração de espécies, estudos da natureza e percursos a pé; 4. Rotas cênicas ou históricas, ao longo de estradas, rodovias, rios ou lagos; 5. Redes de parques, em fundos de vales ou pela sua união com outros espaços abertos, criando infraestruturas verdes alternativas. ‘’Um parque linear pode contribuir para a melhoria do microclima urbano, em termos de qualidade do ar, balanço da umidade e captura de poeira e gases. Podem também constituir zonas de tampão, com potencial para melhorar o ambiente urbano em áreas industriais ou altamente urbanizadas e servir como zona de atividades recreativas e culturais, ainda com foco na conservação e preservação da natureza. Sua implantação, entretanto, pode enfrentar alguns desafios, como a necessidade de fazer desapropriações e realocações, que podem encarecer seu custo. Além disso, por se tratar de um equipamento público de lazer, ele depende de serviços de gestão e manutenção periódica para garantir seu pleno e seguro funcionamento, sendo também de extrema importância a aceitação e o envolvimento da população para que se evitem depredações. Outros aspectos de projeto como acessibilidade, segurança e iluminação devem ser considerados.’’ (Artigo: Água em Ambientes Urbanos Parques Lineares).
[f.6] Franciele Modesto Barcelos
Rios e Cidades
Qual a relação?
[f.7] ‘’O rio é uma referência de lugar e de espaço, integra a identidade de um povo. Quando ele está perdido, como nosso caso, é uma ausência importante [...] Há quem cruze o tiête quatro vezes ao dia sem se dar conta.’’ (Odette Seabra, 2009 citado por Maria Cecília Barbieri) Como o córrego é o aspecto relevante no projeto do parque linear, é necessário compreender a importância deste com relação a cidade e em termos ambientais. Na visão de Maria Cecília, os rios urbanos, que já vinham passando por grandes transformações, têm sua condição deterioração agravada pela precariedade do saneamento básico, pela crescente poluição ambiental, pelas alterações da condição hidrológica e morfológica, bem como pela ocupação irregular em suas margens. Mas por outro lado, em todo o mundo, ao longo do tempo, grande parte dos cursos d’água que se localizam em meio urbano sofreu um processo de degradação contínua, sendo vítima de rejeição e esquecimento, o que é reflexo também da evolução e urbanização, conseguindo anular a importância dos rios, e sendo lembrado apenas quando se refere a mau cheiro, obstáculo à circulação e ameaça de inundações. ‘’Dificilmente encontramos nas nossas cidades um rio urbano que não tenha sido transformado em uma avenida marginal, canalizado e ladeado por vias carroçáveis, trazendo consigo todas consequências desastrosas, principalmente a poluição das suas águas [...]’’ (Maria Cecília, 2010, p.11) Desde então, a preocupação com as questões ambientais vendo sendo cada vez mais levada a tona, a partir do final da década de 1960, com movimentos e conferências mundiais sobre meio ambiente promovidas. Parque Linear Calção de Couro
É importante lembrar portanto, que a conscientização da população quanto a preservação, conservação e recuperação do curso d’água, é um fator relevante de valorização e envolvimento para se desenvolver bons resultados. ‘’No Brasil, de modo geral, a relação harmoniosa de encontro da população com o rio ocorreu até a metade do século XX, quando, então ampliaram-se os conflitos entre desenvolvimento, sociedade e meio físico. E a poluição e a dificuldade de acesso às áreas ribeirinhas foram expulsando para longe das várzeas a prática de esportes e lazer.’’ (Maria Cecília, 2010, p.36). O rio, acima de tudo, contribui com a formação da paisagem natural e cultural, atua como coadjuvante influenciando na topografia, solo, modelagem do relevo e vegetação. Ele tem a oferece muito mais que água, e visualizar a paisagem urbana por meio de sua bacia hidrográfica propicia um entendimento mais generoso e abrangente do território. Uma vez que, a leitura da paisagem, no entanto, tem se tornando cada vez menos decifrável, pelas transformações que ao longo do tempo sofre o desenho do processo de expansão. As cidades foram modificando seu sítio, vencendo os obstáculos geográficos de acordo com suas conveniências. Nesse parâmetro, é possível perceber que frequentemente, os projetos de recuperação de rios urbanos apresentam um potencial de melhoria urbana, ocasionando e influenciando em funções sociais ao longo e no entorno dos cursos d’água. Por isso, é necessário compreender essa dinâmica num todo, incluindo todos os elementos que contribuem para a formação e composição da paisagem urbana, uma vez que os rios desempenham importante papel nesse cenário.
NOTA: Dados retirados do livro ‘’Rios e Cidades R u p t u r a e Reconciliação", Maria Cecília (2010). LEGENDA: [f.7] Desenho artístico - criação de ciclovias e pistas de pedestres ao longo do rio. Fonte:‘’Rios e Cidades - Ruptura e Reconciliação" p. 171, Maria Cecília (2010). 113
NOTAS: Estudo de caso Projeto Beira-Rio retirado do livro ‘’Rios e Cidades - Ruptura e Reconciliação", Maria Cecília (2010).
O Projeto Beira-Rio Piracicaba - São Paulo/ SP
[f.8]
[f.9]
LEGENDAS: [f.8]Foto aérea do trecho urbano do rio Piracicaba e entorno, 2000. [f.9] Criação de vias de pedestre, com piso drenante, em área lindeira ao leito do rio, em substituição de palafitas.
[f.10]
[f.10] Substituição de estruturas e, avanco sobre a margem por superfícies alternadamente compostas por deques de madeira e jardins. [f.11] Vista da Rua do Porto com acessos à m a r g e m d o r i o Piracicaba. . Fonte: Rios e Cidades, R u p t u r a e Reconciliação. Maria Cecília, 2010.
114
‘’O Projeto Beira-Rio é um programa de requalificação ambiental e urbanística desenvolvido e implementado pela Prefeitura do Município de Piracicaba, iniciado em 2001. Considerado um exemplo pioneiro de recuperação de rio urbano no Brasil, o programa tem como foco a orla urbana do rio Piracicaba e sua articulação com o tecido urbano.’’ (Maria Cecília, p. 184, 2010). No entanto, para o resultado do projeto Beira-Rio foi necessário a elaboração de um diagnóstico, levantando questões da relação rio-cidade, e que mais tarde evoluiu para Plano de Ação Estruturador Projeto Beira-Rio (PAE), que integrava o Plano Diretor do rio Piracicaba e sua orla, visando à definições de diretrizes gerais das ações concretas a serem implementadas. Logo, ao longo de 2002 e 2003, foi desenvolvido o projeto e implantação da Etapa 1 de Intervenção do Projeto BeiraRio: a requalificação da Rua do Porto. Em seguida, o próximo passo foi a Etapa 2, intervenção que foi determinada pela intensa mobilização da sociedade civil, que pressionava pela continuidade dos projetos e implementação das obras. A cidade de Piracicaba, situada às margens do rio Piracicaba, se desenvolveu chegando à uma população no total de 328 mil habitantes, constituindo, portanto, numa cidade média, preservando de certa forma as margens do rio e o traçado do seu curso original. É necessário ressaltar que nesse caso estudado, o rio e seus afluentes sofrem questões sobre a poluição desde aos anos de 1980, portanto, isso reflete na significativa atuação em prol da melhoria da qualidade ambiental do rio, visando à sustentabilidade ambiental, econômica e cultural, cujo principal meta é o equilíbrio da relação rio-cidade. Pois, com a industrialização, a cidade voltou as costas para os rios e passou a valorizar o sistema viário fazendo dos rios seus canais de esgoto e depreciando suas margens, tornando-as insalubres e degradando sua paisagem.
[f.11]
Franciele Modesto Barcelos
O modelo de desenvolvimento urbano de Piracicaba seguiu os parâmetros urbanísticos dos grandes centros urbanos brasileiros, onde mais tarde, retificaram, canalizaram e tubularam a maior parte dos cursos d’água. Desde então, o rio de Piracicaba teve seu fluxo alterado na década de 1960, sofrendo ainda graves consequências em sua cadeia ecológica, além de prejudicar o abastecimento dos aquíferos, que tem contribuição da poluição hídrica. A economia da cidade de Piracicaba é predominante atividades como a indústria canavieira de produção de álcool e a indústria metalúrgica, sendo grande fonte gerador de empregos, o que se assemelha muito à cidade de Goianésia. E a principal área de expansão de turismo em Piracicaba situa-se ao longo do rio. Entretanto, o projeto Beira-Rio foi uma iniciativa da Prefeitura Municipal com participação da sociedade civil e que o projeto em si tinha os determinados objetivos: Ÿ Recuperar a qualidade da água; Ÿ Preservar o cinturão meândrico; Ÿ Reestruturar o tecido urbano; Ÿ Incentivar o rio como caminho; Ÿ Conservar a paisagem; Ÿ Conectar o cidadão ao rio. Tais objetivos onde a maioria também se aplica ao projeto que será implantado em Goianésia, que mesmo numa escala menor, não deixa de merecer uma intervenção que ofereça qualidade urbana e integração dos moradores com o córrego.
Dentre as propostas dessa Etapa 1, em implantação valorizam o ambiente urbano e sua relação com o rio, promovendo: execução de trilha permeável às margens do rio; novo desenho e pavimento do calçadão; construção de novos deques, em madeira reorestada e tratada; construção de arquibancada de madeira e de vestiários para o campo de futebol existente; construção de dois blocos de sanitários públicos, luminárias visando à iluminação funcional e cênica,entre outras. Além dessas duas etapas concluídas, recentemente, a Prefeitura de Piracicaba, juntamente com o Departamento de São Paulo do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-SP), promove o Concurso Nacional Parque do Mirante de Piracicaba, que tem como objetivo selecionar projetos para a requalicação de um importante espaço público da cidade - o Parque do Mirante -, patrimônio natural, histórico, cultural e turístico do município. O concurso teve o julgamento em 2014, selecionando os três primeiros lugares que melhor atendia os critérios exigidos. O concurso teve a intenção, primeiramente, abrir a oportunidade de participação da sociedade e de prossionais de arquitetura e de urbanismo de todo o Brasil em projeto signicativo para a cidade de Piracicaba, ampliando as possibilidades de propostas criativas e inovadoras que requaliquem esse relevante espaço às margens do rio que recebe o mesmo nome da cidade. Fora a participação dos prossionais envolvidos no projeto, a Prefeitura também incentiva toda a sociedade participar, enviando ideias e sugestões sobre o que julgam ser importante para esse processo.
NOTAS: [1]Premiados – Concurso – Parque do Mirante – Piracicaba – SP. (ConcursosdeProjeto.org). Acesso em: <https://concursosde p r o j e t o.org/2015/01/13/pre miados-concursoparque-do-miranteem-piracicaba-sp/>.
[2]Concurso Nacional Parque do Mirante de Piracicaba. (Archdaily). Acesso em:< http://www.archdaily .com.br/br/755067/c oncurso-nacionalparque-do-mirantede-piracicaba>. LEGENDAS: [f.12] Imagem do 1º lugar do concurso Parque do Mirante. [f.13] Imagem do 2º lugar do concurso Parque do Mirante. [f.14] Imagem do 3º lugar do concurso Parque do Mirante. F o n t e : https://concursosdep r o j e t o.org/2015/01/13/pre miados-concursoparque-do-miranteem-piracicaba-sp/
[f.13]
[f.12] Parque Linear Calção de Couro
[f.14] 115
1. Título NOTAS: [1] Escrever o conteúdo aqui
1.1. Título
Corpo do Texto ...
Corpo do Texto ...
[f.15]
LEGENDAS: [f.1] Para guras, que incluem grácos, fotograas, imagens, NOTAS: c r o q u levantados i s , m a p a sa, Dados diagramas e etc. partir de referência bibliográca: [t.1] [ 1 ]Para C atabelas d e r n o s Brasileiros de Arquitetura (Paisagismo) - Volume 5. [2]Goianésia, seu povo, sua história. 2000. LEGENDAS: [f.15]Vista de Goianésia. F o n t e : <http://goiasdenorte a s u l .com.br/programa_g oianésia_3> 116 120
Franciele Modesto Barcelos
1. Título
1.1. Título
Corpo do Texto ...
Corpo do Texto ...
NOTAS: [1] Escrever o conteúdo aqui
LEGENDAS: [f.1] Para guras, que incluem grácos, [f.16] fotograas, imagens, croquis, mapas, diagramas e etc. [t.1] Para tabelas
LEGENDA: [f.16] Mapa de Goianésia com relação aos municípios vizinhos. Fonte: Prefeitura de Goianésia modicado pelo autor do projeto. Parque Linear Calção de Couro
117
[f.17] [f.18]
[f.19]
LEGENDAS: [f.17] [f.18] [f.20] Imagens que mostra o traçado urbano de Goianésia. F o n t e : <https://www.facebo o k .com/euamogoianesi a/> [f.19] Imagem do traçado urbano de Belo Horizonte. Fonte: <belohorizonte.mg.gov.br/sites/be l o h o r i z o nte.pbh.gov.br/les/an exos/belotur/mapab h.pdf>. 118
[f.20] Franciele Modesto Barcelos
LEGENDA: [f.21] Mapa do traçado original de Goianésia proposto por Laurentino Martins. [f.22] Mapa de Goianésia que mostra a sua expansão e divisão dos bairros. Fonte: Prefeitura de Goianésia. [f.21]
[f.22] 100 50
Parque Linear Calção de Couro
200
119
[f.24]
[f.23] [f.25]
LEGENDAS: [f.23] Mapa das áreas p ú b l i c a s e m Goianésia. Fonte: Autor do projeto. [f.24] Praça da Matriz.
[f.26]
[f.25] Parque Municipal Otávio Lage. (Lagoa Princesa do Vale) [f.26] Praça Dimas Carrilho. [f.27] Praça Bom Jesus. Fonte: Franciele Modesto. (Março, 2016) 120
[f.27] Franciele Modesto Barcelos
[f.28]
LEGENDA: [f.28] Trecho do Córrego Calção de Couro. [f.29]
[f.30] Parque Linear Calção de Couro
[f.31]
[f.32]
[f.33]
[f.29][f.30][f.31][f.32] [f.33] Imagens do parque já existente na área de intervenção. Fonte: Franciele Modesto. (Março, 2016) 121
Relato da moradora Saruhy Vicentini Lobo (77), residente próximo ao Córrego Calção de Couro
122
Franciele Modesto Barcelos
Parque Linear Calção de Couro
123
LEGENDAS: [f.34] Mapa de zona de ocupação. adaptado Fonte: Prefeitura de Goianésia adaptado pelo autor do projeto.
[f.34]
124
Franciele Modesto Barcelos
Uso e Ocupação do Solo Tipologia Construída
De acordo com o levantamento feito, foi possível perceber que o entorno da área estudada, tem seu uso em sua grande maioria residencial, possuindo apenas comércios locais mas que não interferem na economia da cidade. Ainda existe uma pequena parcela de serviços e comércios do setor central que apresenta em maior relevância devido ser o centro da cidade que é onde acontece todo uxo comercial e por ser uma zona mais adensada. Com relação ao gabarito, a altura das edicações é predominante a altura de 1 pavimento, e devido a cidade não ser propícia a verticalização, pode chegar até no máximo 3 pavimentos na área de intervenção.
[f.35]
[f.36]
N
[f.37]
LEGENDAS: [f.35] [f.36] [f.37] Imagens da tipologia construtiva do entorno da área. Fonte: Franciele Modesto. (Setembro, 2016) [f.38] Mapa de ocupação do solo adaptado. Fonte: Prefeitura de Goianésia adaptado pelo autor do projeto.
Parque Linear Calção de Couro
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Vias que acessam
[f.39]
LEGENDA: [f.39]Mapa de Hierarquia ViĂĄria. Fonte: Prefeitura de GoianĂŠsia.
126
Franciele Modesto Barcelos
Córrego Portal
[f.40]
[f.42]
[f.41]
[f.43] Parque Linear Calção de Couro
[f.44]
LEGENDAS: [f.40] Mapa de vegetação e hidrogaa. [f.41] Mapa de topograa. Fonte: Franciele Modesto. [f.42] Imagem do Córrego Portal. F o n t e : <https://www.faceboo k.com/euamogoianesi a/>. [f.43][f.44][f.45] Imagens da vegetação na área de intervenção. Fonte: Franciele Modesto. (Março,2016)
[f.45] 127
Perl Socieconômico Usuários
Evolução Populacional A população do município de Goianésia tem se expandido progressivamente, e teve esse índice impulsionado principalmente por volta do ano de 1980 após a fundação de uma das agroindústrias responsável por grande parte da economia local, e que contribuiu para a vinda de várias pessoas à procura de emprego.
60.000
45.000
30.000
15.000
0 1992
1996
2000
2004
49,5%
50,5%
2008
Homens
Faixa Etária (Em anos)
40%
20%
0%
0 a 14 anos
Mulheres
60%
15 a 59 anos
80%
100%
60 anos ou mais
100 ou mais... 95 a 99 anos 90 a 94 anos 85 a 89 anos 80 a 84 anos 75 a 79 anos 70 a 74 anos 65 a 69 anos 60 a 64 anos 55 a 59 anos 50 a 54 anos 45 a 49 anos 40 a 44 anos 35 a 39 anos 30 a 34 anos 25 a 29 anos 20 a 24 anos 15 a 19 anos 10 a 14 anos 5 a 9 anos 0 a 4 anos
6%
4,5%
3%
1,5%
Homens (Percentual da População)
128
0%
1,5%
3%
4,5%
Mulheres (Percentual da População)
Franciele Modesto Barcelos
6%
Em grande maioria, a população se apresenta residente na zona urbana, possuindo uma pequena porcentagem na zona rural e dependente das atividades rurais. Rural
População Residente
Urbana
60.000 45.000 30.000
Total
15.000
Homens Mulheres
0
Rendimento Domiciliar (Per Capita)
A renda domiciliar dos usuários, é predominantemente de 1/2 a 1 salário mínimo. Até 1/2 salário mínimo De 1/2 a 1 salário mínimo De 1 a 2 salários mínimos
0
20
40
60
Produto Interno Bruto (PIB) 400.000
300.000
80
100
De 2 a 5 salários mínimos Mais de 5 salários mínimos
Além das atividades agropecuárias e industriais existentes, o município conta a prestação de serviços, que se estabelece fortemente como um contribuinte no PIB da região.
200.000
Agropecuária Indústrias
100.000
Serviços
0
Número de escolas (Por nível)
40 30 20 10 0
Parque Linear Calção de Couro
No quesito educação, o número de escolas é relevante, sendo escasso apenas no nível do ensino médio. Contando com 22 no pré-escolar, 34 fundamental e somente 6 no ensino médio. Apesar da saída de vários jovens para outras cidade no ensino médio, já no ensino superior a cidade tem expandido seu polo universitário, contando atualmente com 4 faculdades que oferecem diversos cursos e tem atraído cada vez mais estudantes de cidades vizinhas e até de outros estados. Pré-escolar
Fundamental
Médio
NOTAS: Todos os dados levantados pelo IBGE, com referência o ano de 2010.
129
Quadro Síntese
Diretrizes: FRAGILIDADES - Ausência de área de lazer e atrativos na cidade;
Em suma, as diretrizes se baseiam no fundamento de preservar e recuperar essa área de proteção ambiental, visando a requalificação nas márgens do córrego Calção de Couro. Logo, para concretização disso, as propostas são: Ÿ
- Áreas degradadas; - Mobiliário precário;
Ÿ Ÿ Ÿ
- Pouco frenquentado; - Estímulo para marginalidade;
Ÿ
- Iluminação precária; Ÿ
- Infra-estrutura precária;
Ÿ
- Áreas não consolidadas; - Importância do córrego não ressaltada; - Despejo de entulhos e animais mortos no córrego pelos próprios moradores;
Ÿ
Ÿ Ÿ
- Ausência de zelo pela prefeitura e moradores;
Ÿ
Urbanização de todo curso do córrego; Recuperação áreas degradadas; Recomposição da vegetação; Desenvolver um parque linear que possa atender toda a cidade e oferecer um espaço de qualidade com variados usos; Propor um centro comunitário com atividades voltadas para a população; Possibilitar o acesso público seguro; Propor um aumento no percentual de permeabilidade do solo das residências mais próximas do leito do córrego; Desenvolvimento de atividades comerciais como feiras, praça de alimentação; Criar passagens para pedestres que facilitam o acesso; Criar mobiliários atrativos; Resgatar o espaço público.
Objetivos: Ÿ
POTENCIALIDADES - Localização acessível;
Ÿ Ÿ Ÿ
- Existência de vegetação em alta relevância e de variados tipo;
Ÿ
- Existência de drenagem pluvial;
Ÿ
- Topografia;
Ÿ Ÿ Ÿ
130
Proteger a mata ciliar existente; Incentivar valorização das áreas menos adensadas; Tornar o lugar mais atrativo e mais frequentado; Amenizar a marginalidade; Conduzir a preservação das áreas verdes com o aumento da permeabilidade do solo; Promover o resgate histórico do córrego; Reforçar a beleza natural do córrego; Promover a conscientização de seu potencial ambiental; Promover um espaço de permanência agradével.
Franciele Modesto Barcelos
Setorização 1. Título NOTAS: [1] Escrever o conteúdo aqui
1.1. Título
Corpo do Texto ...
Área destinada para lazer, esporte, descanso e atividades comerciais para consequentemente, conduzir o aumento de uxo de pessoas por ser uma zona menos adensada. E pela existência de uma via regional nesse trecho, será proposto uma passarela que possa conectar o espaço e facilitar o acesso do pedestre. Terá também a implantação de um edifício de caráter social. Tendo próximo uma pista de aeroporto, essa área será destinada apenas ao aumento de área verde LEGENDAS: com a recomposição da mata ciliar. [f.1] Para guras, que
incluem grácos, fotograas, imagens, croquis, mapas, diagramas e etc.
Corpo do Texto ...
Área consolidada e única que sofreu intervenção, já existindo áreas esportivas, descanso e lazer, mas de infraestrutura precária. Logo, será feito uma nova requalicação seguindo a linguagem de todo o parque linear, melhorando a qualidade do local. Área destinada para lazer, descanso e esporte, usando a favor toda arborização existente, como em todo o curso do córrego. De acordo com a conguração atual dessa área, será proposto passeios com descanso e pontes que acessam, oferecendo também lazer e esporte.
[t.1] Para tabelas
120
Parque Linear Calção de Couro
131
Área Especíca de Intervenção Qual a relevância? Corpo do Texto ...
[f.46]
LEGENDAS: [f.46] Vista do córrego. [f.47][f.48][f.49][f.50] [f.51][f.52] Imagens de intervenções inacabadas sofrida na área do projeto. Fonte: Franciele Modesto. (Abril, 2017)
De acordo com todo o estudo e dados levantados da área estudada, foi possível chegar numa área especíca para detalhamento projetual. Embora tenha diretrizes em todo curso do córrego, a área especíca desperta interesse devido o local ser um espaço de grande potencial e com alto índice de expansão e adensamento. Vale lembrar que durante muito tempo sempre houve intenções de urbanização para o córrego, mas que nunca tiveram um resultado com êxito. As intervenções são pontuais e quase nunca concluídas, (como mostradas nas imagens ao lado) vendo toda essa área fragmentada na cidade, e
não como um todo, como apresento nesse trabalho. Entretanto, por trás de todo esse caso, sempre está envolvido questões políticas que acabam impossibilitando o resultado do projeto, ou muitas vezes não dando prioridade pra tal quesito. Até porque no Brasil é quase inexistente referências de parques urbanos nessa escala em cidades pequenas como meu objeto de estudo. Pois na maioria das vezes um parque urbano é construído para solucionar problemas em grandes cidades, e não visto como bem necessário às cidades seja ela em que escala.
[f.48] [f.50]
[f.47] 132
[f.49]
[f.51]
[f.52]
Franciele Modesto Barcelos
Lazer
Estar
PROGRAMA Esporte
Educação
Am de promover melhorias para a cidade e resgatar a história do córrego, o projeto de um parque linear terá o objetivo de solucionar questões urbanísticas, paisagísticas e ambientais oferecendo um espaço público de qualidade, como já ressaltado. Contudo, levando em consideração a relação do meio ambiente inserido no meio urbano, tem ainda a nalidade de incentivar esse contato com o meio ambiente e interação entre as pessoas. O córrego passa muitas vezes despercebido pelos moradores e
Parque Linear Calção de Couro
desconectado do núcleo urbano, mesmo sendo evidenciado pela sua demasiada vegetação. Logo, o conceito projetual se baseia na
preservação
ambiental.
Em suma, com base no levantamento realizado com os moradores locais, é perceptível a demanda da criação de um espaço público em que as pessoas possam caminhar, levar suas crianças para brincarem e usufruir de um espaço estruturado e bem pensado, o que é precário na cidade.
PROJETO
120 133
Franciele Modesto Barcelos
O projeto consiste na percepção de criar um espaço, sendo acessível a todos de modo que garanta a preservação ambiental e o córrego seja o elemento estruturador. Que o córrego além de embelezar a paisagem urbana seja visto como um aspecto positivo, e não como uma barreira física. Tomando como base nisso, foi preciso levar em conta os usuários que vão utilizar desse projeto, e como se classica as pessoas que se habitam no entorno, pois, o objetivo é antes de mais nada, dar usos pertinentes ao parque e que possa atender todos moradores, exclusivamente àqueles que habitam nesse entorno e tem contato direto com o mesmo. E sendo um espaço que se encontra em alto índice de expansão, o que foi um fator relevante para escolha do local de implantação do projeto, o parque estará contribuindo para a valorização da área e sendo mais um motivo para atração de pessoas nessa região. Outro quesito a ser ressaltado no projeto é a priorização do pedestre, e para facilitar o acesso, foi proposto uma passarela que possa conectar os dois lados do parque que se divide pela Av. Contorno, que é uma via de intenso uxo do cidade. O parque oferece ainda um Centro Comunitário e de Educação Ambiental que remete a história do córrego, e para que possa ser realizados atividades voltadas para a educação ambiental, conscientização das pessoas e outras atividades a ser desenvolvidas como exposições, palestras e um local de estudo, pensado no entanto, para atender universitários que frequentemente mudam para a cidade. Tendo todos esses critérios levantados, foi possível chegar no resultado do projeto aplicando o programa que possa melhor atender os usuários, trazendo sensações de conforto e comodidade.
Porque Calção de Couro? ‘’ [...] História, estória ou lenda do Calção de Couro: A onça pintada, marca registrada das matas brasileiras, encontrava neste ambiente seu habitat predileto. Com sua pele pintada sentia-se plenamente camuada em meio à vegetação densa, em busca da presa que era facilmente apanhada. Por sua vez, um de viajantes, homens bravos que não temem o inusitado das brenhas, avança com suas montarias em meio às matas tão pouco exploradas. A viagem é longa, o tempo não conta, pois os homens de então não eram escravos de relógios ou calendários. Apeiam-se de suas montarias, acampam-se às margens de um regato aprazível e ali permanecem alguns dias, reabastecendo as forças para prosseguir viagem rumo à tradicional festa do Divino na velha e história Meia Ponte. Cansados, dirigem-se à margem do córrego para mitigar a sede. Ao passarem por uma clareira, oh! surpresa terrível! Bem diante dos seus olhos, jazem os restos do companheiro, os sobejos que a pintada, já farta deixou ali. E junto aos restos daquele corpo, estava o calção de couro usado para proteção contra a aspereza da mata. Assim nasceu o nome Calção de Couro que separa em duas partes a Goianésia tão querida.’’ Usleína de Oliveira Mota (Goianésia, seu povo, sua História, 2000)
Parque Linear Calção de Couro
136
Implantação
14
7 6
4
8
3
5 2 1
14 2
LEGENDA:
5
Ciclovia
1
Playground
6
Edifício
2
Praça
7
Passarela de conexão
3
Deck de Contemplação
8
Pista de Caminhada
4
Pista de Skate
9
Arquibancada
Franciele Modesto Barcelos
N
12
13
9
10 11
10
Passarela
Arborização existente
Ipê amarelo
11
Praça Seca
12
Jardim de Contemplação
13
Quadras Poliesportivas
Bambu gigante Jatoba
Paineira rosa
Ipê branco
14
Estacionamento
Pau ferro
Sibipiruna
Espatódea
Parque Linear Calção de Couro
Franciele Modesto Barcelos
Pista de Skate e Ciclovia
Parque Linear Calção de Couro
138
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Parque Linear Calção de Couro
Playground O Playground é proposto pra atender crianças a partir de 3 anos de idade, tendo um espaço aconchegante e segura para diferentes faixas etárias. Além dos brinquedos atrativos, o uso de cores utilizado remete aos tons aplicados no paisagismo do projeto. Na pavimentação será utilizado concreto, madeira de demolição e areia.
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Parque Linear Calção de Couro
1
4 2 3
O EDIFÍCIO O edifício, como já descrito, é um espaço com um programa livre e que pode ser de múltiplos usos com atividades voltadas a toda comunidade, desde exposição à palestra sobre educação ambiental. Além de ter um espaço sobre a memória e história do córrego. E para melhor adequação, o edifício foi implantado abaixo da passarela, o que permite um acesso direto até ela. E para isso foi necessário fazer um recorte no terreno, gerando assim um pé direito duplo com uma altura máxima de 8 metros. Proporciona ainda uma vista de contemplação voltada para o córrego.
Parque Linear Calção de Couro
Legenda: 1
Iluminação com lâmpadas LED
2
Piso de cimento queimado
3
Revestimento de pedra
3
Placa de concreto
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2
1
3 6
4
5
7
Legenda: 1
Administração
6
Bebedouros
2
DML
7
Área de Exposição
3
Copa
5
Mezanino
4
Sanitários
Piso de painéis de concreto Viga metálica da passarela Guarda corpo de vidro 20mm
Viga de concreto da passarela
Viga metálica Fixamento do guardacorpo Brize de alumínio perl G 100mm Pano de vidro Temperado20 mm Estrutura de alumínio xação do pano de vidro Pilar circular de concreto armado Viga de concreto da rampa Viga de concreto do mezanino Solo compactado Fundação de concreto sapata corrida
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Pintura epoxi auto nivelante Manta hipermeabilizante Contrapiso de concreto
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Parque Linear Calção de Couro
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Área de Contemplação Área destinada à descanso com arquibancadas e contemplação do córrego através da passarela proposta. Um espaço que garante sombra e tranquilidade, e ainda conta com uma pista de caminhada que percorre em volta do córrego, proporcionando uma maior proximidade com o mesmo. Foi utilizado na pavimentação concreto colorido para os percursos, e pavimentação de manta asfáltica para a pista de caminhada.
Parque Linear Calção de Couro
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Parque Linear Calção de Couro
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Pergolado de madeira eucalipto tratado
Jardim de Contemplação Pavimentação em concreto
Pavimentação em concreto colorido
Parque Linear Calção de Couro
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Parque Linear Calção de Couro
Paisagismo A vegetação trabalhada no projeto pode ser classicada em variadas categorias tais como: Gramado, árvores, arbustos, palmeiras, ores, folhagens, forrações e trepadeiras. Todas contribuindo e enriquecendo a proposta paisagística do projeto, colaborando ainda com a proteção contra ventos fortes, absorção de parte dos raios solares, sombreamento, ambientação para os pássaros.Vale lembrar que no âmbito de vegetação é possível destacar três níveis de paisagem, sendo: 1º-Bosque Preservado (APP) 2º- Bosque de Recomposição (replantio) 3º-Jardim de Contemplação (nova vegetação proposta) No primeiro nível, o Bosque Preservado é composto pela mata já existente (Área de Preservação Ambiental), que se aplica tanto à mata ciliar quanto a que foi plantada ao longo do tempo, sendo caracterizada assim, por uma mata mais densa. No segundo nível, será a recomposição com novas espécies nas áreas que se encontra mais escassa e prejudicada e favoreça os usos do próprio parque. Já no terceiro nível de Jardim de Contemplação, será a implantação de novas plantas que darão cor e vida no projeto, além de embelezar o lugar.
Nota: Dados levantados do site: <http://www.jardineir o.net/>.
150 120
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Franciele Modesto Barcelos
Descrição das Espécies Espatódea (Spathodea campanulata) Categoria: Árvores, Árvores Ornamentais Altura: acima de 12 metros
Palmeira-imperial (Roystonea oleracea) Categoria: Árvore, Palmeiras Altura: acima de 12 metros
Jacarandá-mimoso Jacaranda mimosaefolia Categoria: Árvores, Árvores Ornamentais Altura: acima de 12 metros
Bambu-gigante (Dendrocalamus giganteus) Nomes Populares: Categoria: Arbustos Altura: Até 36 metros
Paineira-rosa (Ceiba speciosa) Categoria: Árvores, Árvores Ornamentais Altura: acima de 12 metros
Clúsia (Clusia uminensis) Categoria: Arbustos Altura: Até 4,70 metros
Ipê-amarelo (Tabebuia chrysotricha) Categoria: Árvores, Árvores Ornamentais Altura: acima de 12 metros
Espirradeira-rosa (Nerium oleander) Categoria: Arbustos Altura: 2.4 a 3.0 metros
Sibipiruna (Caesalpinia pluviosa) Categoria: Árvores, Árvores Ornamentais Altura: acima de 12 metros
Dracena-vermelha (Cordyline terminalis) Nomes Populares: Categoria: Arbustos, Folhagens Altura: Até1,80 metros
Ipê-branco (Tabebuia roseo-alba) Categoria: Árvores, Árvores Ornamentais Altura: acima de 12 metros
Cróton (Codiaeum variegatum) Categoria: Arbustos Altura: Até 3 metros
Pau-ferro (Caesalpinia leiostachya) Categoria: Árvores, Árvores Ornamentais, Medicinal Altura: acima de 12 metros
Bela-emília (Plumbago auriculata) Categoria: Arbustos Altura: Até 3 metros
Árvore-samambaia (Filicium decipiens) Categoria: Árvores, Árvores Ornamentais Altura: Até 6 metros
Sete-léguas (Podranea ricasoliana) Categoria:Trepadeiras Altura: Até 12 metros
Grama-batatais (Paspalum notatum) Categoria: Gramados Altura: menos de 15 cm
Capim-do-texas (Pennisetum setaceum) Categoria: Folhagens, Forrações Altura: Até 1,50 metro
Grama-amendoim (Arachis repens) Categoria: Forrações Altura: Até 30 cm
Congéia Congea tomentosa Categoria: Arbustos Altura: Até 6 metros
Hemerocális (Hemerocallis x hybrida) Categoria: Bulbosas, Flores Perenes Altura: Até 1 metro
Junco (Juncus effusus) Nomes Populares: Categoria: Plantas Aquáticas Altura: Até 1,20 metro
Agapantus (Agapanthus africanus) Categoria: Flores Perenes Altura: Até 1 metro
Papiro-brasileiro (Cyperus giganteus) Categoria: Plantas Aquáticas, Plantas Palustres Altura: Até 3 metros
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Detalhamento Mobiliário Bancos de alvenaria e c o n c r e t o c o m iluminação embutida de LED.
Balanço com estrutura curva de ferro maciço assentos de madeira corda de nylon e fundação de concreto.
152
Lixeira de ferro e chapa metálica.
Mesa e cadeiras xo de madeira com estrutura de ferro.
Franciele Modesto Barcelos
Poste com estrutura de ferro e fundação de concreto e chapa metálica.
Módulo de concreto pigmentado moldado in loco.
Parque Linear Calção de Couro
Gira-gira todo de ferro e chapa metálica.
Escorregador volume de concreto moldado com estrutura de ferro e chapa metálica.
153
Referências GORSKI, Maria Cecília. Rios e cidades: Ruptura e Reconciliação. São Paulo: Editoraenac São Paulo, 2010. PANERAI,Phillipe. Análise Urbana. Brasília,DF: Editora UnB, 2006. JACOBS, Jane. Morte e Vida de Grandes Cidades. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011. LYNCH, Kevin. A lmagem da Cidade. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011 GEHL, Jan. Cidade Para Pessoas. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011 CULLEN, Gordon. Paisagem Urbana. CIDADE: Edições 70, 2006 WALL,Ed;WATERMAN,Tim. Desenho Urbano. Porto Alegre: Bookman, 2012
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Franciele Modesto Barcelos
GODINHO, Ana Maria; CARVALHO, José; CÔRREA, Maria Ivony; MOTA, Usleína. Goianésia: seu, sua história. Goianésia, 2000. Como surgiram os primeiros parques urbanos? Disponível em:<https://jonashenriquelima.wordpress.com/2011/10/02/como-surgiram-os-primeirosparques-urbanos/>. Acesso: Abril de 2016. Premiados concurso Parque do Mirante em Piracicaba. Disponível em:<https://concursosdeprojeto.org/2015/01/13/premiados-concurso-parque-do-miranteem-piracicaba-sp/. Acesso em: Maio de 2017. Concurso nacional Parque do Mirante de Piracicaba. Disponível em:<http://www.archdaily.com.br/br/755067/concurso-nacional-parque-do-mirante-depiracicaba>. Acesso em: Maio de 2017..
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