PARQUE URBANO | Larissa Cristina Moreira Ribeiro | UniEVANGÉLICA

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Parque Urbano CadĂŞ o lago que estava aqui? Parque do Lago Seco


issuu.com/cadernostc

Cadernos de TC 2018-1 Expediente Direção do Curso de Arquitetura e Urbanismo Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Corpo Editorial Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Ana Amélia de Paula Moura, M. arq.. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Simone Buiati, E. arq. Coordenação de TCC Rodrigo Santana Alves, M. arq. Orientadores de TCC Ana Amélia de Paula Moura, M. arq. Daniel da Silva Andrade, Dr. arq. Manoel Balbino Carvalho Neto, M. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Detalhamento de Maquete Madalena Bezerra de Souza, E. arq. Volney Rogerio de Lima, E. arq. Seminário de Tecnologia Daniel da Silva Andrade, Dr. arq. Jorge Villavisencio Ordóñez, M. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Seminário de Teoria e Crítica Maíra Teixeira Pereira, Dr. arq. Pedro Henrique Máximo, M. arq Rodrigo Santana Alves, M. arq. Expressão Gráca Madalena Bezerra de Souza, E. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Secretária do Curso Edima Campos Ribeiro de Oliveira (62)3310-6754


Apresentação Este volume faz parte da quinta coleção da revista Cadernos de TC. Uma experiência recente que traz, neste semestre 2018/1, uma versão mais amadurecida dos experimentos nos Ateliês de Projeto Integrado de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo (I, II e III) e demais disciplinas, que acontecem nos últimos três semestres do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Anápolis (UniEVANGÉLICA). Neste volume, como uma síntese que é, encontram-se experiências pedagógicas que ocorrem, no mínimo, em duas instâncias, sendo a primeira, aquela que faz parte da própria estrutura dos Ateliês, objetivando estabelecer uma metodologia clara de projetação, tanto nas mais variadas escalas do urbano, quanto do edifício; e a segunda, que visa estabelecer uma interdisciplinaridade clara com disciplinas que ocorrem ao longo dos três semestres. Os procedimentos metodológicos procuraram evidenciar, por meio do processo, sete elementos vinculados às respostas dadas às demandas da cidade contemporânea: LUGAR, FORMA, PROGRAMA, CIRCULAÇÃO, ESTRUTURA, MATÉRIA e ESPAÇO. No processo, rico em discussões teóricas e projetuais, trabalhou-se tais elementos como layers, o que possibilitou, para cada projeto, um aprimoramento e compreensão do ato de projetar. Para atingir tal objetivo, dois recursos contemporâneos de projeto foram exaustivamente trabalhados. O diagrama gráco como síntese da proposta projetual e proposição dos elementos acima citados, e a maquete diagramática, cuja ênfase permitiu a averiguação das intenções de projeto, a m de atribuir sentido, tanto ao processo,

quanto ao produto nal. A preocupação com a cidade ou rede de cidades, em primeiro plano, reorientou as estratégias projetuais. Tal postura parte de uma compreensão de que a apreensão das escalas e sua problematização constante estabelece o projeto de arquitetura e urbanismo como uma manifestação concreta da crítica às realidades encontradas. Já a segunda instância, diz respeito à interdisciplinaridade do Ateliê Projeto Integrado de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo com as disciplinas que contribuíram para que estes resultados fossem alcançados. Como este Ateliê faz parte do tronco estruturante do curso de projeto, a equipe do Ateliê orientou toda a articulação e relações com outras quatro disciplinas que deram suporte às discussões: Seminários de Teoria e Crítica, Seminários de Tecnologia, Expressão Gráca e Detalhamento de Maquete. Por m e além do mais, como síntese, este volume representa um trabalho conjunto de todos os professores do curso de Arquitetura e Urbanismo, que contribuíram ao longo da formação destes alunos, aqui apresentados em seus projetos de TC. Esta revista, que também é uma maneira de representação e apresentação contemporânea de projetos, intitulada Cadernos de TC, visa, por meio da exposição de partes importantes do processo, pô-lo em discussão para aprimoramento e enriquecimento do método proposto e dos alunos que serão por vocês avaliados. Ana Amélia de Paula Moura Daniel da Silva Andrade Manoel Balbino Carvalho Neto Rodrigo Santana Alves



Cadê o lago que estava aqui? Parque do Lago Seco O lazer humaniza o espaço e traz qualidade de vida, sendo assim o homem dene o que fazer em seu tempo livre e ir ao parque é um bom exemplo. Uma cidade sem parque é um corpo sem alma, que muitas vezes são cartões postais e referências urbanas. O cenário atual dos espaços públicos e livres não condizem com a expectativa dos citadinos, que apenas esperam um lugar que é seu por direito. A transformação pode ocorrer, de forma que aliada ao planejamento, o espaço pode ser melhor e utilizado por todos, dessa forma porque não começar em lugar que me viu crescer. Jaraguá carece de lazer e espaços que atendam às necessidades da população, por isso o parque urbano é de suma importância para suprir a função de lazer, estética e ecológica-ambiental.

Larissa Cristina Moreira Ribeiro Orientador: Rodrigo Santana Alves larissacmr@outlook.com

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P A R Q U E U R B A N O 158

Larissa Cristina Moreira Ribeiro


Área de Intervenção FONTE: www.panoramio.com

Cadê o lago que estava aqui?

Segundo Macedo, um parque urbano é um espaço livre público estruturado por vegetação e dedicado ao lazer da massa urbana, que atende a uma grande diversidade de solicitações de lazer, tanto esportivas quanto culturais (Macedo, 2000). Os parques urbanos apresentam inúmeras funções e contribuem para a sustentabilidade urbana, onde estes espaços oferecem minimização dos problemas das cidades, trazem benefícios para seus habitantes e amenizam as tensões sociais, pois proporcionam um espaço de aproximação do ser humano com a natureza. São de grande importância por vários motivos, onde desempenham funções ligadas à satisfação sensorial e estética, como a diversificação da paisagem, o embelezamento da cidade e a amenização da aridez e da repetição dos prédios, além do atendimento das necessidades de lazer e de recreação, como caminhadas, passeios, brincadeiras e convivência entre moradores, e principalmente a importância da vegetação no meio urbano. Fazendo uma analogia ao corpo humano “cidade sem parque é como um corpo sem alma”, e hoje, com a agitação do dia-a-dia, todos necessitam de momentos de lazer, que está intimamente ligado à qualidade de vida e ao espaço público. Segundo Daroda, o espaço público é um elemento indissociável do espaço urbano, em conjunto com a arquitetura e a natureza, as ruas, praças, parques, etc, formam uma parte real da cidade. O ambiente construído público no espaço urbano é um elemento representativo da cultura, economia e dos valores de um lugar; é parte da identidade e da imagem urbana (DARODA, 2012, p.17). É necessário o planejamento de espaços direcionados ao convívio e sociabilização, onde a população possa desfrutar de equipamentos de esporte e lazer, áreas para caminhadas, integração com a natureza, locais de estudo, segurança, onde estas atividades trazem diferentes benefícios psicológicos, sociais e físicos a saúde dos indivíduos, como, por exemplo, a redução do sedentarismo e amenizar o estresse do cotidiano urbano. Desse modo, o interesse em projetar um parque urbano se deu pelo fato das cidades necessitarem de espaços de lazer que rompam com o universo do cotidiano, pois quando bem estruturado e atrativo, as atividades físicas e o lazer no espaço público se tornam determinantes e fonte de equilíbrio para a qualidade de vida dos citadinos.

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Os parques urbanos são espaços de diversos usos, onde a presença destes na estrutura urbana das grandes cidades é de extrema importância. No Brasil, os processos de produção e planejamento dos parques possuem influência direta com os processos de urbanização e industrialização do país, considerados como elementos chaves, onde a cronologia discorre sobre o histórico e a compreensão da caracterização e da origem dos parques urbanos como espaços de natureza na cidade e para as práticas de lazer e contemplação no meio urbano, sob a análise histórica das principais capitais ou cidades referenciais no período retratado, desde a origem até os dias atuais. Paralelo à história dos parques, seguem também as suas características que com o passar dos anos incorporaram novos elementos, característicos de cada período, onde a arquitetura paisagística pode ser identificada por três grandes linhas: a Linha Eclética (Séc. XIX), a Moderna (Décadas de 30 e 40) e a Linha Contemporânea (Década de 70). A linha Eclética trata o espaço livre dentro de uma visão romântica e idílica, recriava espaços que remetem a paraísos perdidos, campos bucólicos ou jardins de palácios reais, típica da sociedade europeia do século XIX. Os espaços até então criados eram destinados à contemplação e aos passeios, através de caminhos sinuosos e recantos; utilização da água presente em fontes, chafarizes, lagos e espelhos d’água; e uso de vegetação elaborada. Já a linha Moderna, tornou-se uma nova corrente de pensamento, cuja característica marcante era o abandono a qualquer referência do passado, adotava uma forte postura nacionalista, onde a vegetação nativa era sobrevalorizada; as atividades recreativas passaram a ser incorporadas nos parques através da inserção de: playgrounds, áreas de convívio familiar, quadras poliesportivas; bem como as atividades culturais como: museus, anfiteatros e bibliotecas. A linha contemporânea estava relacionada a novos posicionamentos do ponto de vista ecológico e novas organizações para os espaços livres, os quais são permitidos a utilização de antigos ícones do passado, parques que se apresentam com característica pós-moderna, pois elementos do Ecletismo passam a ser reincorporados, bem como influências de ideias desconstrutivistas e simbólicas, advindas de projetos realizados na Europa e nos Estados Unidos, dentre eles, o Parc de La Villete. E finalmente, o parque do século XXI procura recriar as condições naturais dentro da paisagem urbana, transformando estes espaços em locais de sociabilidade e contato com a natureza.

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PARQUE DO IBIRAPUERA, SP Instituído por uma comissão mista (poder público aliado à iniciativa privada). Possui várias áreas para atividade física, ciclovia, 13 quadras e playground, além de edifícios funcionais.

PARQUE DO ANHANGUABAÚ, SP Tratamento urbanístico e paisagístico ao longo do curso hídrico.

1873

CAMPO DE SANTANA, RJ Seguia o padrão anglo-francês largamente utilizado nos parques e jardins modernos de Paris.

1964 1965

FATO HISTÓRICO Final do séc. XXI, houve a inserção da disciplina de urbanismo nas universidades de arquitetura

DITADURA MILITAR

PARQUE DO FLAMENGO (ATERRO), RJ Referência internacional de paisagismo e espaço público de lazer, marca a ruptura definitiva com a estrutura do velho projeto romântico de paisagismo.

PARQUE IPIRANGA, ANÁPOLIS Resultado de compensação ambiental dos danos causados pela implantação da Ferrovia Norte-Sul. Novo cartão postal da cidade, está situado na parte central, no Bairro Jundiaí. Possui lago, pista de caminhada, anfiteatro e quiosques.

HOJE

1954

11920

1950

1822

REAL JARDIM BOTÂNICO Abertura do Real Horto à visitação, mistura do traçado romântico com os grandes eixos clássicos. Nesse período houve a Proclamação da Independência.

FATO HISTÓRICO Intensificação do processo de urbanização, caracterizado pelo êxodo rural e crescimento exponencial dos centros urbanos, e ausência de espaços e equipamentos de lazer.

PARQUE VACA BRAVA, GOIÂNIA Contém um extenso lago e um pequeno bosque com espécie nativa de fauna e flora. Possui uma pista de cooper que o rodeia e por onde caminham centenas de pessoas diariamente.

2010

1910

PARQUE DOM PEDRO II, SP Criado para resolver problemas de drenagem urbana (aterro e saneamento da área da várzea do Carmo).

ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA E SEGREGAÇÃO ESPACIAL Praças e parques não foram planejados e construídos como uma real necessidade social, em sua maioria, eram construídos em bairros nobres e aplicados para multiplicar o consumo e valorizar o solo urbano nesses locais.

1996

1900

FATO HISTÓRICO ... o parque se torna um elemento urbano comum, pois não só as principais capitais o possuem, mas também comunidades de pequeno e médio porte.

PARQUE GUINLE, RJ Concebido originalmente como jardins da residência de Eduardo Guinle, um palacete neoclássico. Em 1940, o parque passou ao governo federal e, em 1943, foi objeto de um plano de urbanização desenvolvido por Lucio Costa, então diretor do SPHAN quem propôs um conjunto de seis edifícios residenciais, jardins denominado de parques-jardim privados.

PARQUE DA CIDADE (SARAH KUBITSCHECK), BRASÍLIA Um dos principais e mais extensos centros de lazer ao ar livre do país.

1990

1940

PARQUE AMÉRICO RENNÉ GIANNETTI, BH Projetado pelo arquiteto paisagista francês, Paul Villon, para ser o maior e mais bonito parque urbano da América Latina.

FATO HISTÓRICO Surgem parques mais exuberantes, com inserção de equipamentos esportivos, edifícios, estádios, passeios e espelhos d’água.

1978

PARQUE TRIANON, SP Vários parques foram criados pela iniciativa privada. O parque surgiu no contexto do processo de urbanização da cidade de São Paulo daquela época (no ano anterior era inaugurada a Avenida Paulista) e permaneceu sob a iniciativa privada até 1924 quando foi doado à prefeitura.

JARDIM RESIDENCIAL, PETRÓPOLIS Criado por Roberto Burle Marx, este jardim acrescenta o verde com diferentes formas e texturas na paisagem das cidades usando harmoniosamente plantas nativas, tropicais e brasileiras, explorando positivamente a biodiversidade do país.

1970

1897

1808

IMPLANTAÇÃO DO REAL HORTO, RJ Área de lazer e cultivo de especiarias da coroa portuguesa. Nesse período também foi a vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil.

PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA

1930

1889 1892

1783

PASSEIO PÚBLICO DO RJ É oficialmente o parque mais antigo do Brasil, possuía um traçado extremamente geométrico e foi inspirado em jardins clássicos franceses.

CARACTERÍSTICAS ATUAIS O culto ao corpo ganha importância; Tendência à preservação de ecossistemas naturais; São temáticos, com destaque para algum fato histórico; Equipamentos diversificados para prática de esportes; A água permanece como um importante elemento representado pelos lagos, nascentes e espelhos d’água.


Parque Ibirapuera, SP FONTE: globoesporte.globo.com

CadĂŞ o lago que estava aqui?

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JARAGUÁ Breve histórico BRASIL

JARAGUÁ DF

GOIÁS GO

3

-0

-15

07

0

GO-42

7

80

BR

3

-15

BR 07 0

JARAGUÁ (Perímetro Urbano)

[f.1]

162

TERRENO

Jaraguá está precisamente no interior do estado de Goiás, à 124km de Goiânia, capital do estado e 223km de Brasília, localizando se no Centro Goiano e estrategicamente ás margens de uma importante rodovia federal, BR-153 (Belém-Brasília), no Vale São Patrício. A cidade se enquadra entre os setenta maiores municípios do estado, ocupando uma área de 1960 quilômetros quadrados de extensão, se posta a 610 metros de altitude acima do nível do mar e seu clima é tropical úmido. O principal rio do município é o Rio das Almas, que banha toda a extensão da sede, possuindo diversos aparentes. Conhecida popularmente como ‘’Capital das Confecções’’, está em franco desenvolvimento pela indústria do setor do vestuário direcionado ao mercado local e regional, tornando a economia do município mais dinâmica, e consolidando como um importante pólo de confecções tanto na região como no Estado de Goiás. A cidade é cortada pela ferrovia NorteSul, que hoje é um importante trecho para a transposição de mercadorias, trazendo expectativas de crescimento para a região, justamente por oferecer maiores possibilidades de escoamento da sua produção. Jaraguá pertence a uma região com potencialidades naturais e turística, onde se encontra uma paisagem belíssima como a Serra de Jaraguá, transformada pela lei nº13247 de 13/01/1998 em Parque Ecológico, algumas festas típicas, construções e casarões históricos, que exalam a arquitetura do período colonial e contam em cada pedaço um pouco da história da cidade. Dada a extensão do município, existem ainda diversos povoados: Alvelândia, Artulândia (as margens da rodovia GO-5), Cruzeirinho, Mirilândia, Monte Castelo, Palestina, Santa Bárbara, Vila Aparecida (Jatobá) e São Geraldo.

[f.2]

[f.3]

[f.4]

Larissa Cristina Moreira Ribeiro


Vista panorâmica de Jaraguá, Go FONTE: www.jaraguago.com.br

A fundação da cidade de Jaraguá-Go se deu na década de 1730 em virtude da exploração aurífera. Existem documentações histórica e de memória, sendo a primeira, apontando o descobrimento das jazidas por negros faiscadores, em 1736; e a segunda, forjada possivelmente no século XX, indicando que as lavras teriam sido descobertas e exploradas em 1731, pelo rico mineiro português Manoel Rodrigues Tomaz, fundador de Pirenópolis. A cidade surgiu com a exploração do ouro no século XVIII como arraial do Córrego de Jaraguá. Posteriormente, tornou-se Vila de Jaraguá, pertencendo ao Julgado de Meia Ponte (nome anterior de Pirenópolis). Por sua localização próxima à estrada que conduzia ao Rio de Janeiro, a localidade era ponto de passagem para diversas direções, que colaborou para a recepção de muitos imigrantes, além de contribuir para o desenvolvimento da vila. Padre Silvestre Álvares da Silva e Manoel Ribeiro de Freitas, quando chegaram ao povoado, ajudaram a firmar os primeiros alicerces que levaram ao desenvolvimento e progresso do município. Posteriormente, o povoado passou a ser denominado como Nossa Senhora da Penha de Jaraguá, vindo a se emancipar para vila e logo em 1882 elevada à categoria de cidade, adotando o nome de Jaraguá. Após o surgimento de outras cidades nos arredores, como Ceres e Rialma, e posteriormente, a construção da nova capital federal (Brasília), houve um impulso no desenvolvimento do município. Meados da década de 40 houve um crescimento urbano significativo devido à produção econômica voltada para a comercialização da produção local. A construção da BR-153 no início do ano de 1960, foi ponto marcante para a expansão urbana de Jaraguá acelerar, a ponto de ocupar um posto de núcleo comercial.

Cadê o lago que estava aqui?

LEGENDAS: [f.1] Localização do macro para o micro. FONTE: Gracação do autor, 2017. [f.2] Vista parcial. FONTE:www.colunaespl anada.blogosfera.uol.c om.br

[f.5]

[f.3] Avenida principal. FONTE:www.jaragua.go. gov.br [f.4] Centro da cidade. FONTE:www.agendagyn .com [f.5]Casa do padre Silvestre. FONTE: Silvio Bragato, 2002.

[f.6]

[f.6] Rua das Flores. FONTE:www.leonardo.pi na.com.br [f.7] Serra de Jaraguá. FONTE:www.jaragua.go. gov.br

[f.7]

[f.8] Largo da Matriz feito em bico de pena. FONTE:www.jaragua.go. gov.br.

[f.8]

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JARAGUÁ

ESPAÇOS PÚBLICOS CONSTRUÍDOS - Praças de pequeno porte; - Praças vinculadas a institução religiosa; - Mirante;

Espaços Públicos

ESPAÇOS COM LAGOS 1. Lago da Passarela da Moda; 2. Lago Quinta do Riantes; PROPOSTAS DE ESPAÇOS PÚBLICOS 3. Parque Urbano e Lago; 4. Centro Poliesportivo; - Lote para praça;

4

1

3

2 Levantamento dos espaços públicos em Jaraguá FONTE: Google Earth e gracação do autor, 2018

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Larissa Cristina Moreira Ribeiro


O que são espaços públicos? Espaços públicos estão relacionados a áreas de convívio e encontro da população, tendo como principal característica o livre acesso. O espaço público de uma cidade é o lugar do lazer, do descanso, da conversa corriqueira, da livre circulação, da troca e, sobretudo, da possibilidade do encontro com o outro. Espaços públicos ainda são representativos da vida urbana que se fazem presentes, e são os únicos lugares onde a vida coletiva, sem distinção de raça e classe social, permanece inalterada. (GATTI, 2013, p. 8) O lazer humaniza o espaço urbano, destacando se que o lazer é definido como algo voluntário, ou seja, o indivíduo que escolhe se deve ou não realizar no seu tempo livre a diversão, o descanso ou entretenimento, após suas obrigações profissionais, segundo descrições de autores como Dumazedier, Camargo, Cavallini e Zacharias. O espaço público possibilita aos cidadãos exercer a liberdade, trocar ideias e opiniões, interagir com outras pessoas e se apropriar temporariamente desses espaços, no entanto, CIDADES DE PEQUENO PORTE, normalmente possuem equipamentos públicos destinados ao lazer em número reduzido e como última “trincheira de gastos” com verbas públicas. Jaraguá apresenta situação insatisfatória em relação ao lazer urbano, por consequência da gestão, pela ausência de sistemas de espaços públicos e de áreas verdes, falta de manutenção das praças e lagos existentes. As praças que compõem o sistema de espaço público da cidade, são intermediários em quantidade e insatisfatórios em qualidade, como a Praça do Coreto (centro da cidade), Praça do Cigano, Praça da Cascata, Praça do Mirante, as praças vinculadas as Igrejas do Rosário e da Matriz, e as demais praças concentradas nos bairros e os lagos, estas possuem um programa simples restrito a bancos de pedra, pequenas quadras poliesportivas, brinquedos manuais, canteiros e árvores, ou seja, espaços públicos sem planejamento e a maioria ausente de um ou outro aspecto citado, além das propostas que não foram concluídas......................................... Os usuários são restritos a utilização do espaço pela ausência de estrutura, equipamento e atividades direcionadas, além do funcionamento de feiras livres em alguns destes espaços em determinados dias da semana, evidenciando uma total ausência de lazer urbano na cidade.

Cadê o lago que estava aqui?

[f.9]

[f.10] LEGENDAS: [f. 9] Praça do Coreto. FONTE: Google Maps. [f. 10] Praça do Cigano. FONTE: Google Maps. [f. 11] Praça do Mirante. FONTE:www.panoramio. com/photo [f. 12] Lago Passarela da Moda. FONTE:www.panoramio. com/photo

[f.11]

[f.12]

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Go ian és ia)

PARQUE

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Argumento e Terreno

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[f. 14]

Área de Intervenção

LEGENDAS: [f. 13] Bairros de Jaraguá. FONTE: Gracação do autor, 2018. [f. 14]Bairros imediatos do terreno. FONTE: Gracação do autor, 2018.

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A temática escolhida se definiu mediante a busca por uma necessidade real da cidade, reconhecendo a ausência de espaços direcionados ao lazer e interação com áreas verdes, de modo que contribuam para o convívio da sociedade. A população jaraguense necessita de lazer urbano, que não está sendo suprido pelos espaços públicos (praças, lagos...) existentes, pela ausência de infra-estrutura que possibilite uma utilização mais efetiva. É preciso gerar um espaço ativo direcionado à cidade, um parque que refletiria a importância da paisagem para o planejamento urbano, tendo a natureza aliada ao lazer e recreação, além de suprir a carência de áreas verdes. A proposta pretende contribuir a importância da recuperação ambiental da área degradada, do objetivo de uso e apropriação do espaço, proporcionando a implantação de infraestrutura verde e lazer (um espaço público aberto), tornando o parque relevante como referência.

A escolha da área de intervenção foi a partir do levantamento de terrenos propícios à implantação de parque urbano, estes deveriam ter características pertinentes e valorização do espaço e da paisagem. Fundamentado nisto, o terreno proposto possui aspectos favoráveis como a localização e potencialidades para a proposta, além de problemas como áreas degradadas sobre as margens do Córrego Monjolo (canalizado ao cortar a área), condições críticas e baixa qualidade de vida, e o total abandono da área pública. Situada na zona central de Jaraguá, a área do presente estudo tem as principais vias de acesso paralelas: Av. Cel. Tubertino Rios, que corta toda extensão da cidade e a Av. Dr. Paulo Alves. O local, atualmente é um espaço aberto, sem projeto urbanístico, motivo de discussão e indagações da população sobre projetos e investimentos gastos na estruturação deste espaço, porém é um importante eixo da cidade pela sua localização.


[f. 15] 28] O terreno para a implantação do projeto do parque configura se em duas quadras, um espaço público abandonado e a outra com lotes particulares. Situadas entre ruas de caráter predominantemente residencial e relevante proximidade com o centro. A ocupação do terreno como espaço público, potencializa este perfil da área como pólo social, porém não está sendo totalmente usufruída, pela falta de manutenção das ruas e calçadas em situações precárias, ainda existe a questão ambiental pela presença do córrego canalizado. O espaço popularmente conhecido como ‘’lago seco’’ pelos moradores, possui fácil acessibilidade para diferentes tipos de mobilidade urbana, onde as ruas lindeiras são movimentadas em determinados dias da semana, como Quarta-feira e Domingo, pela presença de feiras livres no interior da área e no entorno imediato, respectivamente. Esse quadro caracteriza a área como um excelente lugar para suprir a demanda das manifestações culturais da cidade.

O terreno compreende aproximadamente uma área de 130.000m², constituído por áreas pública/privada, que segundo o plano diretor, estão direcionadas à recuperação ambiental e qualificação urbana, o que envolverá reflorestamento, sustentabilidade e lazer na proposta. A área possui vegetação caracterizada por árvores de pequeno e médio porte de tipos variados, maior parte com alta cobertura vegetal e um tipo de solo específico da região. A implantação de um projeto urbanístico de uso público neste local tem potencial para ser um dinamizador social, um ponto de encontro das pessoas e permite conectar os eixos da cidade, ou seja, caracterizar o parque como uma centralidade. O desafio é lidar com as preexistências, aliadas ao programa de necessidades e fluxos da proposta, e principalmente a qualificação do espaço público, para desenvolver o verdadeiro caráter do parque como lugar de convivência.

LEGENDAS: [f.15] Vista panorâmica da cidade. FONTE: Google Earth e gracação do autor, 2018. [f. 16] Vista panorâmica da área de intervenção. FONTE: Arquivo pessoal.

[f. 16] 28]

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PARQUE Mémorias

LEGENDAS: [f.17] Mapa de Jaraguá. FONTE: Prefeitura M u n i c i p a l d e Jaraguá e graficação do autor,2017 . [f.18] Esquema bipolar do traçado urbano inicial do Arraial de Jaraguá. FONTE: AMARAL, 2007, p. 210 [f.19] Traçado das ruas de Jaraguá, feito com fita métrica de porta em porta, no começo do séc. XX. FONTE: Sebastião das Chagas. [f.20] Malha Urbana e aspectos do bairro. FONTE: Google Earth e graficação do autor, 2017. [f.21] Casas ocupando o limite do terreno. FONTE: Arquivo pessoal, 2017.

A forma de utilização da terra e o estabelecimento de uma estrutura fundiária influenciam na conformação das estruturas políticas, econômicas e sociais. É possível supor estreita ligação entre a propriedade da terra, o poder político e a formação da identidade de um povo. Na região de Jaraguá, isto teria sido sedimentado desde os primórdios da instalação do município, no período aurífero, onde sua estrutura fundiária começou a se definir ainda no século XVIII. Os dados disponíveis sobre a ocupação da terra, até meados do século XIX, resumem-se aos obtidos através dos ‘’Registros Paroquiais’’, realizados entre 1856 e 1860, que influenciaram na base da estrutura fundiária existente. As dificuldades para se estabelecer a área precisa dos imóveis eram enormes. Faltavam agrimensores e a medição das terras era um processo muito caro. A malha urbana de Jaraguá é distinta em vários pontos da cidade, formada inicialmente por um processo sem planejamento, de forma natural e assumindo formas conforme a topografia do local. O traçado urbano do setor onde o terreno de estudo está localizado, segue uma ordem de parcela dos lotes, segundo seu arranjo fundiário, que se diferencia da maioria dos bairros do entorno, especificamente não possui uma legislação vigente. O bairro possui uma malha complexa pelo fato da existência de invasões na área do córrego, criando quadras incompletas que influenciaram na disposição dos lotes (alguns compridos e estreitos), formatos peculiares pontiagudos, presença de largos das igrejas nas proximidades e áreas que eram fazendas e foram ocupadas, se integrando ao perímetro urbano.

Arraial de Jaraguá [f.18]

1.Igreja de Nossa Senhora da Penha

[f.19]

1 2

A

B

[f.22] Área de intervenção em 2004 FONTE: Google Earth e graficação do autor, 2018.

[f.20]

Malha Urbana Largo das Igrejas (A)Matriz e do (B)Rosário Invasão: (1)Córrego; (2)Lote da Escola

[f.23] Área de intervenção em 2010. FONTE: Google Earth e graficação do autor, 2018. [f.24] Área de intervenção em 2017. FONTE: Google Earth e graficação do autor, 2018.

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ÁREA INICIAL DO POVOAMENTO DE JARAGUÁ

[f.17]

[f.21]

Larissa Cristina Moreira Ribeiro


2000

2005

2004

2012

2010

2017

Antes de 2000 - Área de intervenção ocupada por fazenda e utilizada para criação de animais (cavalos e outros do tipo), sem vegetação aparente e a presença de residências. 2004 - Área de intervenção sem a execução do lago, mas com proposta para a área pública apresentada pela gestão da cidade, ficando na mesma situação dos anos anteriores, até o inicio das obras, feitas em um longo período (2005-2012). 2005 - Precisamente em abril, com o desenvolver das obras, foi possível perceber os traçados e a real intenção do projeto para o lago, além da arborização do local, mas nada concretizado. 2010 - O lago se encontrava cheio, com algumas obras direcionadas ao suposto parque em andamento. 2012 - A área do parque inacabado se encontrava em péssimas condições, no caso, em processo retrogrado, onde calçadas estavam deterioradas, o deck suspenso pela ausência de água no lago e a retomada do uso para a criação de animais. Atualmente - Uma nova proposta para o parque na área pública está em andamento, contendo um quiosque central (construído), pergolados, parque infantil, equipamentos de ginástica, quadras poliesportivas, pistas de caminhadas, áreas de bosques e a revitalização do lago. Enquanto as obras não saem do papel, o local encontra se subtilizado.

[f.22]

[f.23]

[f.24]

[f.25] LEGENDAS: [f.25] Vista panorâmica do lago seco. FONTE: Arquivo pessoal, 2018. [f.26] Lago cheio. FONTE:www.jaraguanoti cia.com

[f.26]

Cadê o lago que estava aqui?

[f.27]

[f.27] Situação atual do lago seco. FONTE: Arquivo pessoal, 2018.

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AMBIENTE NATURAL

INFRAESTRUTURA

SISTEMA VIÁRIO

Área de intervenção - Mata fechada FONTE: www.panoramio.com e graficação do autor, 2018.

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ENTORNO

OCUPAÇÃO E USO DO SOLO


O estudo do lugar a partir do levantamento de pontos como localização, relação com o centro, entorno, uso e ocupação do solo, sistema viário, infraestrutura urbana, aspectos naturais, problemas e potencialidades, é de suma importância para o profundo conhecimento da área estudada. O levantamento fotográfico, visitas de campo, pesquisas exploratórias e entrevistas representam o primeiro contato com a área, onde surgem relevantes informações que foram transformadas em mapas, diagramas e tabelas ao longo do estudo. Especificamente, a área de intervenção do parque possui informações singulares do lugar de implantação, como: O uso do solo no Centro da cidade se distingue misto entre residências, comércio, serviços e instituições públicas/privadas, porém é importante ressaltar que o terreno possui a Vila Isaura como bairro limítrofe. As residências situadas ao redor do terreno possuem características de casas antigas, algumas delas, as primeiras a se instalarem na região, como exemplo, casarões que ainda existem e foram reformados. As edificações são de até dois pavimentos, porém com predominância de residências de um pavimento, evidenciando um gabarito baixo e uma área bastante adensada até o limite da margem do córrego monjolo. São poucos os lotes vazios e espaços ociosos, porém é evidente o enorme vazio e impacto que a área do parque causa na região, exercendo caráter integrativo e de valorização. A ocupação do solo se distingue, quando próxima da área de preservação e do curso hídrico, onde ocorreu invasão de pessoas de classe média baixa. Moradias irregulares, apesar disso possuem regularização perante a prefeitura, segundo relatos dos moradores. Dessa forma, a ausência de planejamento urbanístico focado em interesses locais e ambientais, e principalmente, a falta do Plano Diretor na cidade, implica diretamente em problemas na região do parque.

LUGAR Definições

Legenda Parque Residencial Comercial Misto Serviços Institucional Patrimônio Subutilizado (Vazio) Espaço público Área verde Mapa de Uso do solo

0 50

150

Mapa de Cheios e Vazios

LEGENDAS: [f.28] Residência próxima ao córrego. FONTE: Arquivo pessoal.

[f.28]

Cadê o lago que estava aqui?

[f.29]

[f.29] Residências próximas ao terreno. FONTE: Arquivo pessoal.

171


A cidade sofre com problemas de mobilidade urbana, como falta de transporte público, ciclovias, estacionamentos adequados e outros, que influenciam diretamente na área. O sistema viário da área de intervenção é composto principalmente por vias coletoras, estas que contornam toda a extensão do parque. As vias limítrofes são caracterizadas pelo intenso fluxo de trânsito na porção nordeste e moderado na porção sudoeste, onde este movimento é decorrente das avenidas e ruas paralelas ao terreno. O intenso tráfego de veículos acontece nas principais avenidas, pela presença de comércios, escolas e praças, além das vias que fazem ligação de um ponto da cidade a outro, sendo estas de grande importância para o município. Os acessos ao parque se dão por várias ruas adjacentes, sendo totalmente permeável aos pedestres e veículos, como opção a Rua 10, R. Rosa do Amante, R. José Gonçalves, R. Rosa de Ouro, R. do Norte, Rua Manoel Marcelino, R. 5 e Rua 6. A infraestrutura do parque pode ser caracterizada como ruim nas proximidades do terreno, que conta com um sistema de iluminação pública insuficiente, tendo alguns relatos de insegurança e invisibilidade durante a noite, o sistema de esgoto precário, caracterizado por bueiros e vários poços de visita de rede de esgoto, além da situação irregular do córrego monjolo. As calçadas, se encontram em maior parte deterioradas, impossibilitando a acessibilidade, que competem com ruas de paralelepípedo existentes na região, sendo um problema pela falta de manutenção. Caminhos alternativos são utilizados para fazer travessias e facilitar a locomoção, sem muito planejamento, usuários andam em meio a mata. A falta de mobiliários urbanos e o descaso da própria população que deposita resíduos sólidos (lixo) nos lotes baldios, são evidentes ao longo dos passeios do parque, que hoje está praticamente subtilizado e esquecido pela gestão da cidade.

Mapa do Sistema Viário

Mapa de Infraestrutura

LEGENDA Via Arterial Via Coletora Via Local Moderado Intenso Muito Intenso 150 0 50

LEGENDA Poste de luz Bueiro e Sarjeta Lixeira pública Telefone público PARE Sinalização PARE Faixa de pedestre 150 0 50

LEGENDAS: [f.30] Bueiro. FONTE: Arquivo pessoal. [f.31] Lixo depositado em lote baldio. FONTE: Arquivo pessoal.

172

[f.30]

[f.31]

Larissa Cristina Moreira Ribeiro


[f.32]

[f.33]

LEGENDAS: [f.32] Área pública vista da feira coberta. FONTE: Arquivo pessoal. [f.33] Rua 10. FONTE: Arquivo pessoal.

[f.34]

[f.35]

[f.34] Rua 5 deteriorada. FONTE: Arquivo pessoal. [f.35] Calçada deteriorada. FONTE: Arquivo pessoal. [f.36] Caminho alternativo. FONTE: Arquivo pessoal.

[f.36]

Cadê o lago que estava aqui?

[f.37]

[f.37] Caminho alternativo em meio ao bosque. FONTE: Arquivo pessoal.

173


LEGENDAS: [f.38] Mata fechada. FONTE: Arquivo pessoal. [f.39] Imagem superior da mata fechada. FONTE: Lucas Araújo, 2018.

O EG O R R OL C O ON J M

A vegetação do local caracteriza se em pequenas massas, tendo espécies nativas como o ipê amarelo, branco e rosa, grandes gameleiras, o flamboyant e outras, também algumas espécies frutíferas, como a mangueira, o coqueiro, jaqueira, pé de cana, goiabeira, cajueiro, tamarindeiro, estas sem planejamento no plantio. O bosque existente em uma das extremidades da área pública gera sombreamento, que não interfere no gabarito local. A pequena massa de vegetação encontrada no leito do córrego, não atende a área destinada á preservação ambiental. A hidrografia é representada pelo Córrego Monjolo, que está a céu aberto na área particular e canalizado na área pública, onde é possível ver as locações das manilhas, algumas deterioradas. Sem cuidados na parte que deveria ser APP, resíduos são depositados pelos próprios moradores e infelizmente lavanderias têxteis liberam efluentes que contaminam a água, uma falta de conscientização e legislação ambiental vigente. A topografia íngreme do local, de aproximadamente 20 metros de desnível, caracteriza a área como fundo de vale. O terreno possui inclinação em direção ao córrego monjolo, onde esse desnível dificulta a mobilidade dos usuários em alguns trechos, que criaram caminhos improvisados no terreno. O desenho do lago atual, exemplifica tentativa falha de um recurso hídrico artificial, que durante muito tempo se encontra seco, isso se deve pela execução incorreta da barragem e outros aspectos. O lago está abandonado e funciona como criadouro de animais. A insolação no parque é considerada direta nos espaços abertos, exceto na região arborizada, que possui temperatura amena, caracterizando microclimas diferenciados em porções distintas do parque. A direção predominante dos ventos possui origem a sudeste e sopra para noroeste.

MANILHA

Mapa de Vegetação e Hidrograa

OESTE

LESTE

LEGENDA Topograa Insolação 150 0 50

Mapa de Topograa e Insolação

487

486

484 485

482 483

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478 477

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474 472 475 473 471

470

150

0 50

469

468

467

466

[f.40] Vista panorâmica do lago seco (frontal). FONTE: Arquivo pessoal. [f.41]. Vista panorâmica do lago seco (lateral)

174

Corte

Larissa Cristina Moreira Ribeiro


[f.38]

[f.39]

[f.40]

[f.41]

CadĂŞ o lago que estava aqui?

175


A estruturação urbana do lugar demonstra uma configuração constituída por áreas pública, privada e verde, que acontecem em distintas quadras, sendo a área pública um espaço abandonado pela gestão da cidade, contendo o lago seco, pista de caminhadas e quadras esportivas sem a mínima manutenção, sendo alvo de críticas da população e de fácil indignação ao ver o consumo de uma enorme fatia de recurso público e sem muitos resultados. A área particular que conflui com o parque é composta por lotes particulares, que excedem a área verde direcionada à recuperação ambiental, ou seja, a inexistência da limitação dos lotes no interior da área é notável, além de residências, esta quadra comporta uma pequena chácara. As áreas verdes representam matas fechadas e Área de Preservação Permanente (APP), segundo o novo plano diretor, situadas ao longo da extensão do lugar de estudo, são importantes pela questão ambiental e sustentável, mas infelizmente a situação é outra, onde o córrego é o mais afetado. O córrego monjolinho segundo relatos de moradores a cerca de vinte anos, tinha seu curso de água natural e limpo, atualmente se encontra menor e totalmente poluído, registros do lugar demonstram a coloração preta e com muitos resíduos, além do mau cheiro, a ausência de mata ciliar e a presença de construções que não respeitaram a distância de trinta metros da margem do córrego, segundo o código florestal brasileiro, ou seja, situação inadequada.

LEGENDAS: [f.42] Situação atual do córrego monjolinho. FONTE: Arquivo pessoal.

[f.42]

[f.44]

LEGENDA ÁREA VERDE ÁREA PÚBLICA ÁREA PRIVADA

[f.45]

[f.43] Vista panoramica da área pública . FONTE: Arquivo pessoal. [f.44] Síntese das áreas pública, privada e verde. FONTE: Google Earth e graficação do autor, 2017. [f.45]Córrego visto pela Rua 10 . FONTE: Arquivo pessoal.

176

[f.43]

Larissa Cristina Moreira Ribeiro


IND

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DESORGANIZAÇÃO ESPACIAL FE CO IRA BE RT A

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[f.47]

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O LAG

FALTA DE LAZER

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ABA N ESPA DONO DO ÇO P ÚBL AUS I CO ÊNCI A DE PAR TICIP GESTÃO ATIV A

[f.46]

DEGRADAÇÃO HIDRI

[f.48]

[f.48] Estrutura em concreto no início da obra. FONTE: Google Earth

Cadê o lago que estava aqui?

177

PA RT LO TE S

[f.47] Nascente do lago no início da obra. FONTE: www.dceueg.blogspot.com.br

[f.49] Barragem do lago seco. FONTE: Arquivo pessoal.

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[f.49]

LEGENDAS: [f.46] Placa da orla do lago. FONTE: www.dceueg.blogspot.com.br

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Cadê o lago que estava aqui? A gestão de Jaraguá possui pendências em relação ás obras públicas, é o caso do lago urbano no centro da cidade, mas que atualmente é conhecido popularmente como lago seco pela sua duradoura situação. O lago já consumiu mais de R$ 1 milhão em investimento público do Governo Federal, Municipal e Estadual, além de ser alvo do Ministério Público e da Justiça, sendo que a alguns anos foi requisitada uma perícia para se ter uma análise detalhada das condições de segurança. O resultado não foi positivo, pois apresentou riscos como rachaduras e rompimento da barreira. Em 2012, ocorreu rachaduras que comprometeram a estrutura do lago, que não suportou a pressão da água e a Prefeitura teve que arcar com os reparos, ou seja, é nítido desde o início das obras que o lago não funcionaria, em relação a estruturação e ao meio ambiente. A situação atual do lago e do córrego é algo preocupante, pois este serve como criadouro de animais (cavalos) e mosquitos na região, ambos estão abandonados e praticamente secos, pela falta de planejamento e legislação. Sendo assim, a revitalização e urbanização da orla do lago, como está na placa, é necessária sair do papel, também a qualificação urbana e o devido uso do espaço público, como um parque, que atenderá necessidades dos usuários em seu tempo livre como lazer, conforto e contato com a natureza.

Relação entre os aspectos internos e externos do parque FONTE: Google Earth e gracação do autor, 2018

178

Legenda GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MEIO AMBIENTE LEGISLAÇÃO USUÁRIOS


FEIRA Coberta

LEGENDAS: [f.50] Feira coberta dia de sexta feira. FONTE: Arquivo pessoal. [f.51]Vista panorâmica do interior da feira coberta. FONTE: Arquivo pessoal. [f.52]Vista panorâmica da área pública e da feira coberta. FONTE: Arquivo pessoal. [f.53]Recorte da imagem da desorganização espacial. FONTE: Google Earth e graficação do autor, 2018 [f.54]Localização das feiras. FONTE: Google Earth e graficação do autor, 2018. [f.55] Feira coberta dia de domingo. FONTE: Arquivo pessoal.

[f.50]

A desorganização espacial na região é outra evidência, onde o desenho da malha urbana é irregular e torna difícil sua compreensão nos locais de invasão por moradores de classe média baixa, residências próximas ao córrego e a escola , e o espaço da feira coberta. As feiras livres de Jaraguá são manifestações culturais comuns, sendo seis feiras por semana, Terça a Domingo, onde a Feira Coberta é a mais conhecida, por sua demanda e funcionamento no domingo. O local é uma área coberta, direcionada ao comércio de produtos da agricultura do município, carnes, vestuários e praça de alimentação. A população de Jaraguá, costuma frequentar fielmente a feira, que além de local de compras, acaba sendo um ponto de encontro e bate papo. Entretanto, a feira está longe de atender de forma aceitável os consumidores e comerciantes que fazem desse comércio seu meio de vida, pela falta de infraestrutura adequada e organização do espaço. O levantamento fotográfico apresenta dois cenários das imediações do parque, o uso da feira no meio da semana e no domingo, onde é possível observar a insuficiência do recinto para a demanda de bancas, que adentram nas ruas contíguas, disputando espaço com veículos e pedestres, ou seja, total desorganização espacial. O número de barracas registradas pela fiscalização da feira, é de aproximadamente 100, que disputam espaço dentro e fora da área coberta.

[f.53]

1 2

LEGENDA

[f.54]

(1)Feira Coberta (2)Feira Descoberta

[f.55]

[f.51]

Banca de temperos. FONTE: Livia Pereira, 2017

[f.52]

Larissa Cristina Moreira Ribeiro


ESCOLA ESTADUAL DIOGENES DE CASTRO RIBEIRO

CPMG - ANTIGO COLÉGIO ESTADUAL SILVIO DE CASTRO RIBEIRO

PREFEITURA MUNICIPAL

BIBLIOTECA MUNICIPAL

Área de intervenção

[f.56] A estruturação urbana também conta com alguns órgãos públicos contíguos, como escolas estaduais e municipais, que atendem estudantes do ensino fundamental e médio. A prefeitura sendo o órgão mais importante da cidade e uma biblioteca utilizada principalmente pelos estudantes, situadas no centro. Moradores, alunos e demais usuários destes espaços sentem a ausência de estrutura do parque, pois convivem dia a dia com a situação atual deplorável, que serviria para atender necessidades de descanso, convívio e lazer. O bairro não possui área de lazer adequada, que seria de grande importância para o bem estar da comunidade e dos alunos das instituições de ensino próximas, que se valem apenas da escola como espaço de interação social pela falta de opção. Assim o parque auxiliaria as instituições com espaços e atividades, como playground e visitas de campo, respectivamente. O parque pode contribuir diretamente com estes órgãos públicos, que de alguma forma atenderia necessidades de distintos usuários, como estudantes, leitores, amantes da natureza, visitantes de outras cidades e demais. Para a cidade, um espaço público desse porte, pode trazer vários benefícios, como a valorização do espaço e especulação imobiliária da região, já que são tantos pontos positivos.

Cadê o lago que estava aqui?

[f.57]

[f.58] LEGENDAS: [f.56] Levantamento dos órgãos públicos. FONTE: Google Earth e graficação do autor, 2018. [f.57] Sede da prefeitura. FONTE: Google Earth [f.58] Biblioteca Municipal. FONTE: Google Earth

[f.59]

[f.59] Escola Estadual Diogenes. FONTE: Google Earth

179


Pista de caminhada FONTE: Arquivo pessoal.

180


A área de intervenção possui grande potencialidade para a proposta de um parque urbano, relacionado a questões: TEMA

POTENCIALIDADES

Situado no centro da cidade, contem relação direta com o Localização uxo gerado nas principais avenidas que fazem conexão de uma região a outra;

Acessos

Vegetação

Hidrograa (Córrego Monjolo) Condições Climáticas Sistema Viário

Ocupação do solo

Resíduos sólidos (lixo)

Contexto Histórico

Gestão [f.60]

Sociais, econômicas, inserção urbana, etc. As diretrizes são mediante esses aspectos para o desenvolvimento da proposta.

PROBLEMAS

ANÁLISE Diretrizes

DIRETRIZES Melhorar ainda mais a relação da área com os bairros limítrofes ao centro;

Presença de avenidas importantes paralelas a área (Av. Cel. Tubertino Rios e Av. Dr Paulo Alves) que oferecem um uxo intenso de pessoas de vários bairros e localidade;

Melhorar a estrutura destas ruas e avenidas, para auxiliar o trânsito, implantação de ciclovias e outros Ruas limitantes ao terreno Rever a malha urbana a s p e c t o s q u e a u x i l i e m n a são livres de conito pelo em alguns pontos que mobilidade urbana; . agenciamento da malha possuem ruas tortuosas urbana, que possibilitam o devido ao decorrente fácil acesso ao local na p a r c e l a m e n t o d o s parte frontal; lotes; Massas de vegetação Ineciência da vegetação Gerar um planejamento para fechada, caracterizadas existente colocada sem o plantio de árvores adequadas e ecientes ao local, levantar em médio e pequeno planejamento; estudo do solo e tipos de plantas, porte, sendo algumas para melhorar a concentração frutiferas; de áreas verdes; I n e x i s t ê n c i a d e m a t a Relocação dos moradores que ciliar próxima ao córrego ocuparam irregularmente a que corta a área de área próxima ao rio, para assim intervenção, além da ocorrer a requalicação da o c u p a ç ã o i r r e g u l a r mata ciliar e as leis acerca do (invasão) de moradores meio ambiente se tornarem neste espaço que deveria vigentes; conter uma preservação; A u x i l i a o m i c r o c l i m a , Encontra se em situação Melhorar a estrutura do córrego, principalmente,6 das quadras irregular (canalizado) e que hoje está a ceú aberto, o contíguas; conciliando com o parque. abandonado; Área com predominância Área extensa que recebe Trabalhar o olhar urbanístico conciliado com o conforto de ventos, que amenizam insolação direta; ambiental; a temperatura local; Precariedade de algumas Melhorar a estrutura das vias; ruas relacionada a pavimentação padrão, em paralelepípedos e em pedras; Ocupação irregular de alguns Rever a ocupação e zoneamento de lotes, onde edicações foram alguns locais do entorno imediato da implantadas e geraram a área de estudo, para facilitar o dia a a u s ê n c i a d e p a s s e i o s dia dos pedestres, até mesmo para adequados, limitando os gerar acessibilidade nos passeios; pedestres; Descarte inadequado de Requalicação da área do córrego, lixos em áreas inapropriadas, onde será possível conciliar ambiente próximas ao córrego, por natural e usuário; própria inegligência dos moradores; Valorizar espaços estrátegicos; Presença de edicações com enorme potencial histórico no entorno, que gera um olhar público para a região; Ausência de práticas e obras Melhorar a estrutura organizacional já levantadas na área; da cidade, especicamente o departamento de obras públicas;

Cadê o lago que estava aqui?

LEGENDAS: [f.60] Quadro diagnostico. FONTE: Arquivo pessoal.

181


A. POTENCIALIDADES: O diagnóstico mostra alguns pontos chaves que ressaltam na região o desenvolvimento da proposta do parque.

A Localização Córrego Gabaritos baixos

. . . . .

Condições climáticas Contexto histórico

[f.61]

LEGENDAS: [f.61] Diagrama de diretrizes e conexões. FONTE: Arquivo pessoal. [f.62] Macrozonas da cidade, segundo o plano diretor. FONTE: Prefeitura Municipal de Jaraguá e graficação do autor, 2018. [f.63] Macrozonas da área de intervenção. FONTE: Google Earth e graficação do autor, 2018.

182

.. .. .. ...

B. PROBLEMÁTICAS: O conjunto de problemas foi levantado a fim de resolver a máximo dos mesmos, em busca de melhoria do espaço.

DIRETRIZES E CONEXÕES

.. .. .. ...

Melhorar a relação centro e cidade Recuperação ambiental Sustentabilidade Restabelecer o contato com a natureza Gerar uso ao espaço público Abertura de vias/acessibilidade Parcelamento do solo Valorizar história do lugar Habitação social

As diretrizes levantadas para a proposta do parque seguem ideias relacionadas ao desenvolvimento do local, melhorar o cenário atual e inovar o espaço e a paisagem. Diretrizes a serem desenvolvidas: 1. Qualificação Urbana; 2. Recuperação Ambiental; 3. Integração natureza e usuários; 4. Potencializar espaços na área e vias lindeiras; 5. Requalificação do ‘’lago seco’’; 6. Espaços para lazer, convivência, recreação e contemplação; 7. Integrar atividade existente no entorno imediato, a Feira Coberta, ao parque; 8. Novo parcelamento dos lotes; Segundo o Plano Diretor de Jaraguá, na área do parque está prevista a qualificação urbana e a recuperação ambiental, por motivos estratégicos, como a apropriação do espaço público e a reconstituição do espaço natural que continham nascentes. A legislação ambiental de acordo com a proposta se tornará vigente ao ponto que obedecerá as normas do novo código florestal, como a Lei Nº 4.771/1965 que estabelece a conservação da mata ciliar, e outras como, limites de uso de propriedades, o respeito a vegetação existente, aos afastamentos e outros. Os cursos de água como o córrego e o lago serão revitalizados, para fluir de forma correta a proteção e recuperação ambiental e o devido uso do espaço público, aliado a qualificação urbana. Sendo assim, é indispensável a questão funcional do espaço público e do reflorestamento na proposta do parque, que envolverá a solução de questões externas, que de alguma forma influenciarão no desenvolvimento do projeto urbanístico e paisagístico.

. . . . .

B Falta de vegetação Poluição

Ausência de educação ambiental Falta de gestão ambiental Ocupação do solo

[f.62] Proteção Ambiental Recuperação Ambiental Prioridade para Ocupação com Moradias Qualicação Urbana Prioridade Investimento Público

[f.63]

Larissa Cristina Moreira Ribeiro


PRA Ç EVE A DE NTO S

O diagnóstico feito a partir das potencialidades e problemáticas, apontam para a resolução de vários pontos da área de intervenção, sendo um deles a desorganização espacial do entorno e o recinto da feira coberta. Desta maneira, a intenção da proposta é transferir o uso das feiras livres para um espaço único e adequado e também integrar os bairros limítrofes, Vila Isaura e Centro. A proposta para seu melhor entendimento é feita por meio de etapas: 1º PASSO: Transferir o uso das feiras para um único espaço no programa do parque, chamada Praça de eventos; 2º PASSO: Desapropriação das casas da invasão e locação para espaço estratégico, por meio do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS); 3º PASSO: Arranjo das quadras para a adequada apropriação das habitações sociais; A desapropriação e conseguinte a habitação social como desfecho, surgiram a partir da necessidade da ocupação irregular por moradores da região. As habitações sociais foram agenciadas próxima ao parque, o que não prejudica a desapropriação, sendo estas direcionadas a atender aproximadamente 45 famílias entre renda média-baixa e média alta, segundo o IBGE. A área de cada habitação é de 70m², tendo o lote de 10m frente e 25m lado, sendo residências simples, conforme o sistema mais utilizado e comum. A proposta visa melhorar o entorno imediato ao parque, reorganizando o espaço de forma a atender o uso da feira e os moradores, sendo uma etapa antecedente ao projeto urbanístico do espaço público, já que a preexistência foi de suma importância para gerar diretrizes tanto internas e externas.

[f.64]

Feiras Ocupação irregular Habitação Social

[f.65]

LEGENDAS: [f.64] Síntese das etapas de organização espacial. FONTE: Graficação do autor, 2018. [f.65] Habitações sociais. FONTE: Arquivo pessoal, 2018.

[f.66]

Cadê o lago que estava aqui?

[ f . 6 6 ] R e l a ç ã o habitações sociais e parque. FONTE: Arquivo pessoal, 2018.

183


FORMULANDO A PROPOSTA

184

Larissa Cristina Moreira Ribeiro


CadĂŞ o lago que estava aqui?

185




[f.71]

ÁREA DE INTERVENÇÃO E ENTORNO IMEDIATO

LEGENDAS: [f.71] Diagrama de processo de projeto. FONTE: Graficação do autor, 2017. [f.72] Maquete do Parque. FONTE: Arquivo pessoal.

188

ÁREAS PÚBLICA/ PRIVADA

O processo da proposta ocorreu por etapas, onde primeiramente foi analisado o entorno e decisões foram tomadas a cerca de resolver algumas adversidades, como o que seria privado e público dentro do espaço estudado, área de preservação permanente e a falta de organização espacial. No segundo momento, a partir da análise dos fluxos existentes, foram traçados dentro do parque possíveis trajetos, revistos ao passo que a proposta se desenvolvia. Estratégicos e bem definidos, direcionaram uma setorização que atenda a posição de cada atividade e as necessidades dos usuários. Áreas verdes, lazer, contemplação e lago, foram a divisão dos setores, posicionados ao longo do parque para melhor compreensão. O programa e a permeabilidade são elementares para a funcionalidade do parque, permitindo diversas opções de caminhos e atividades aos usuários, sendo uma das principais apreensões no projeto.

ANALISE DOS FLUXOS RELEVANTES

[f.72] [f.44]

Larissa Cristina Moreira Ribeiro


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ADEQUAÇÃO DO FLUXO INTERNO (PERMEABILIDADE)

O objetivo do projeto é unir o lazer da população ao uso da feira e a preservação ambiental das áreas verdes, onde foi valorizado o máximo das árvores existentes. O programa possui um equilíbrio de áreas pavimentadas e permeáveis, começando pela praça seca, uma grande conexão entre as quadras, que toma espaço no verde. Na entrada principal localiza se a parte de apoio (administração, informação, sanitários e bebedouros), estes edifícios foram distribuídos em pontos estratégicos. O estacionamento foi zoneado de acordo com a necessidade da área, próximo à feira coberta, que é uma estrutura exuberante que sobressai aos edifícios contíguos, gerando um destaque para sua forma e estrutura, que são hexágonos e alguns ajustados. As áreas de lazer, recreação e descanso representam o playground, academia e quadra poliesportiva. A contemplação é por meio dos quiosques e dos mirantes, que estão situados em eixos visuais estratégicos do parque.

Cadê o lago que estava aqui?

PROPOSTA FINAL

FEIRA COBERTA

PLAYGROUND QUADRA POLIESPORTIVA

QUIOSQUE ACADEMIA

MIRANTE APOIO

ÁREAS VERDES

PISTA DE CAMINHADA

PASSARELA

SETORIZAÇÃO A PARTIR DOS FLUXOS

PRAÇA SECA

R

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F EI

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CICLOVIA LAGO ESTACIONAMENTO 189


LEGENDAS: [f.73] Maquete fĂ­sica. FONTE: Arquivo pessoal.

[f.73]

190

Larissa Cristina Moreira Ribeiro


PROCESSO DE MAQUETE Topograa Entorno Estudo com linhas 1ª Tentativa 2ª Tentativa Projeto Final Recorte em escala maior

Cadê o lago que estava aqui?

O lazer humaniza o espaço urbano e está ligado à qualidade de vida, no qual os espaços públicos como praças e parque são importantes e essenciais no planejamento da cidade. Dessa forma, voltando o olhar para Jaraguá, a existência de um espaço com potencialidades para um parque, geram perspectivas positivas para a área. A área de intervenção se apresenta como espaços público/privado, que foram integrados pelo agenciamento do programa e fluxos, contendo o lago seco e lotes particulares que não foram limitados da área verde, que antigamente possuía nascentes. Sendo assim, a intenção é fazer um parque voltado para o lazer e meio ambiente, ou seja, a integração da natureza e usuários. O entorno foi de suma importância para o desenvolvimento da proposta, por conta da pré-existência, onde muitas decisões ocorreram inicialmente a partir de problemas externos para o desenvolver do próprio parque, como a desorganização da malha viária, a ocupação irregular da área de preservação e vias inexistentes. A solução para estes aspectos foram, respectivamente a organização espacial, onde ocorreram desapropriação e locação, sendo o uso da feira transferido para o interior do parque, a ocupação regular dos usuários por meio do sistema de habitação social, o reflorestamento da área do córrego e a criação de vias que auxiliam o trânsito. A inuência da pré-existencia foi além do entorno, aderida no momento da limitação dos lotes particulares situados no parque, para restrição da área verde, que será recuperada, gerando melhor entendimento da relação público/privado. O sistema de mobilidade no parque se deu a partir das vias limítrofes ao terreno, sendo distribuído por caminhos para os pedestres e trajetos/estacionamento direcionados aos veículos. O agenciamento do uxo foi o ponto chave para a distribuição do programa, logicamente ligado as necessidades prévias do lugar e usuários relacionados ao lazer, gerando assim espaços demarcados por formas e situações estratégicas, como academia ao ar livre, playground, edifícios de apoio, praça seca, quadras poliesportivas, espaços para piquenique, lago, quiosques, áreas verdes, estacionamento e a feira. Portanto, nesse sentido a proposta do parque urbano revela a intenção da recuperação ambiental, presença do lazer e recreação direcionado para os moradores imediatos e toda cidade.

MEMORIAL

Parque Urbano

Justificativo

Antes

Depois

191

192


SITUAÇÃO ATUAL 5

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VEGETAÇÃO EXISTENTE: Angico; Aroeira; Bananeira; Baru; Braquiára (forração); Cajueiro; Cana; Ipê amarelo; Jambo; Maçaranduba; Mangueira; Mata nativa; Oiti; Palmeira imperial; Pau Ferro; Sete copas; Sucupira;

5

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Rua 05

PROGRAMA: A. Feira Coberta; B. Quiosque em construção; C. Lago Seco; D. Barragem; E. Caminhos alternativos; F. Quadras esportivas; G. Lotes particulares; H. Área de Preservação;

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VEGETAÇÃO IMPLANTADA: Agave dragão; Beijo-turco (forração); Flamboyant; Grama batatais (forração); Grama esmeralda (forração); Ipê rosa; Iuca gigante; Quaresmeira;

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PROGRAMA: 1. Praça de Eventos; 2. Estacionamento; 3. Praça Seca; 4. Apoio; 5. Playground; 6. Academia; 7. Quadra Poliesportiva; 8. Quisosque; 9. Mirante; 10. Lago; 11. Ciclovia; 12. Pista de caminhada; 13. Passarela; 14. Área de Preservação;

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PAVIMENTAÇÃO: Bloco de concreto intertravado; Cimento queimado; Concreto tingido;

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MATERIALIDADE: Praça de eventos - Cobertura tensionada pvc e estrutura treliça espacial modular;

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Mirante - madeira (tabuado);

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Implantação Geral Rotação

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PRAÇA DE EVENTOS

ÁREA VERDE

PRAÇA SECA

CICLOVIA


Parque do Lago Seco FONTE: Arquivo Pessoal

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DETALHES

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Construtivos

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LEGENDA: 1. Talude com forração de grama esmeralda; 2. Enrocamento de pedra arrumada; 3. Pequeno lago; 4. Soleira extravasora feita em gabiões; 5. Queda d’água; 6. Saída do vertedouro;

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4

3

Detalhe 1

Talude

Enrocamento em pedra arrumada

O enrocamento é um dispositivo amortecedor formado por estrutura executada, nesse caso em pedra arrumada, para a proteção do talude e canal, e também contra efeitos erosivos ou solapamentos, causados pelo fluxo d'água.

Detalhe do enrocamento

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Detalhe da soleira extravasora

L.N.T. Detalhe 2 Detalhe 1

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Larissa Cristina Moreira Ribeiro


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Detalhe 2

CRISTA TERRAPLENO OU REATERRO

CORPO

TARDOZ

BASE DENTE

FUNDAÇÃO Detalhe da barragem

LEGENDA: A. Muro de arrimo de concreto gravidade; B. Vertedouro; C. Laje; D. Lago;

A barragem do lago é formada por um muro de arrimo mediante o preenchimento de uma fôrma com concreto para retenção da água, possui seção transversal trapezoidal. O vertedouro foi planejado para a passagem do córrego monjolinho, que sai por uma queda em degraus e deságua em um pequeno lago. O mirante foi constituído em dois níveis, sendo 264m o nível do lago, 267m o primeiro nível do deck e 270m (nível da rua) o segundo, onde o acesso se dá por meio de uma escada helicoidal, sustentada por um dos pilaretes de madeira, também fixados os degraus. O guarda-corpo do mirante em eucalipto tratado, a estrutura em toras de eucalipto autoclavado e o assoalho em madeira tipo cumaru. LEGENDAS: [f.74] Recorte do projeto em maquete em escala 1:500. FONTE: Arquivo pessoal.

Detalhe 3

[f.74]

Detalhe 3

Cadê o lago que estava aqui?

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EQUIPAMENTOS Playground e Academia

PLAYGROUND: Gira - Gira

ACADEMIA AO AR LIVRE: Prancha abdome

PLAYGROUND: Gangorra

ACADEMIA AO AR LIVRE: Prancha equilíbrio

ACADEMIA AO AR LIVRE: Barras Paralelas

NOTA: Os equipamentos que compõem o playground e a academia ao ar livre em sua maioria são feitos de madeira de eucalipto autoclavado e partes ferrosas galvanizadas, sendo algumas aplicações em madeira de maçaranduba.

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PLAYGROUND: Casinha + Escorregador

Larissa Cristina Moreira Ribeiro


MOBILIARIO Urbano

Lixeira

Poste de iluminação LED

Torneira

Banco circular

Cadê o lago que estava aqui?

NOTA: A iluminação se caracteriza pela tecnologia Led, que garante eciência por um baixo consumo de energia e alta durabilidade. Os bancos, lixeira e torneira são feitos em madeira de eucalipto tratada.

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Parque do Lago Seco FONTE: Arquivo Pessoal

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CAMARGO, L. O. de L. O que é lazer. São Paulo: Brasiliense, 1989. CAVALLINI, V, R; ZACHARIAS, V. Trabalhando com lazer. São Paulo: Icone, 2007. Código Florestal Brasileiro. Disponível em: <http://saema.com.br/files/Novo%20Codig o%20Florestal.pdf>. Acesso em 28 de Outubro de 2017. CULLEN, Gordon. Paisagem Urbana. Lisboa, Portugal: Edições 70, 2010. DIAS, Fabiano. O desafio do espaço público nas cidades do século XXI. Arquitextos, São Paulo, 06.601, Vitruvius, jun 2005. DUMAZEDIER, J. Lazer e Cultura Popular. São Paulo: Perspectiva, 2000. FRIEDRICH, D. O Parque Linear como instrumento de planejamento e gestão das áreas de fundo de vale urbanas. 2007. 273f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007. Google Earth Pro JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes Paulista, 2011. Jaraguá, Prefeitura Municipal de. Disponivel em: <http://www.jaragua.go.gov.br>. Acesso em 27 de Outubro de 2017. KLIASS, Rosa Grena. Os parques urbanos de São Paulo. São Paulo: Pini, 1993. LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. Tradução: Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 1997. MACEDO, S. S.; SAKATA, F. G. Parques Urbanos no Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003. Noticia, Jaraguá. Disponível em: <http://www.jaraguanoticia.com/tag/lagoseco-de-jaragua>. Acesso em 28 de Outubro de 2017. Panoramio, Google Maps. Disponível em: <https://www.panoramio.com/photo/90593 444>. Acesso em 27 de Outubro de 2017. SCALISE, W. Parques Urbanos – evolução, projeto, funções e uso. Revista Assentamentos Humanos, Marília, v. 4, n. 1, p.17-24, 2002.

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