Uma Casa. Um museu. Uma Memória | Paolla L. Barbosa Nogueira | UniEVANGÉLICA

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Casa de Ofícios

Uma Casa. Um Museu. Uma Memória Pirenópolis - GO


issuu.com/cadernostc

Cadernos de TC 2019-1 Expediente

Direção do Curso de Arquitetura e Urbanismo Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Corpo Editorial Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Simone Buiati, M. arq. Coordenação de TCC Rodrigo Santana Alves, M. arq. Orientadores de TCC Maíra Teixeira Pereira, Dr. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Simone Buiate Brandão, M. arq. Detalhamento de Maquete Volney Rogerio de Lima, E. arq. Seminário de Tecnologia Daniel da Silva Andrade, Dr. arq. Jorge Villavisencio Ordóñez, M. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Seminário de Teoria e Crítica Ana Amélia de Paula Moura, M. arq. Maíra Teixeira Pereira, Dr. arq. Pedro Henrique Máximo, M. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Expressão Gráfica Madalena Bezerra de Souza, E. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Anderson Ferreira de Sousa M. arq. Secretária do Curso Edima Campos Ribeiro de Oliveira (62)3310-6754


Apresentação Este volume faz parte da quinta coleção da revista Cadernos de TC. Uma experiência recente que traz, neste semestre 2018/2, uma versão mais amadurecida dos experimentos nos Ateliês de Projeto Integrado de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo (I, II e III) e demais disciplinas, que acontecem nos últimos três semestres do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Anápolis (UniEVANGÉLICA). Neste volume, como uma síntese que é, encontram-se experiências pedagógicas que ocorrem, no mínimo, em duas instâncias, sendo a primeira, aquela que faz parte da própria estrutura dos Ateliês, objetivando estabelecer uma metodologia clara de projetação, tanto nas mais variadas escalas do urbano, quanto do edifício; e a segunda, que visa estabelecer uma interdisciplinaridade clara com disciplinas que ocorrem ao longo dos três semestres. Os procedimentos metodológicos procuraram evidenciar, por meio do processo, sete elementos vinculados às respostas dadas às demandas da cidade contemporânea: LUGAR, FORMA, PROGRAMA, CIRCULAÇÃO, ESTRUTURA, MATÉRIA e ESPAÇO. No processo, rico em discussões teóricas e projetuais, trabalhou-se tais elementos como layers, o que possibilitou, para cada projeto, um aprimoramento e compreensão do ato de projetar. Para atingir tal objetivo, dois recursos contemporâneos de projeto foram exaustivamente trabalhados. O diagrama gráfico como síntese da proposta projetual e proposição dos elementos acima citados, e a maquete diagramática, cuja ênfase permitiu a averiguação das intenções de projeto, a fim de atribuir sentido, tanto ao processo, quanto ao produto final.

A preocupação com a cidade ou rede de cidades, em primeiro plano, reorientou as estratégias projetuais. Tal postura parte de uma compreensão de que a apreensão das escalas e sua problematização constante estabelece o projeto de arquitetura e urbanismo como uma manifestação concreta da crítica às realidades encontradas. Já a segunda instância, diz respeito à interdisciplinaridade do Ateliê Projeto Integrado de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo com as disciplinas que contribuíram para que estes resultados fossem alcançados. Como este Ateliê faz parte do tronco estruturante do curso de projeto, a equipe do Ateliê orientou toda a articulação e relações com outras quatro disciplinas que deram suporte às discussões: Seminários de Teoria e Crítica, Seminários de Tecnologia, Expressão Gráfica e Detalhamento de Maquete. Por fim e além do mais, como síntese, este volume representa um trabalho conjunto de todos os professores do curso de Arquitetura e Urbanismo, que contribuíram ao longo da formação destes alunos, aqui apresentados em seus projetos de TC. Esta revista, que também é uma maneira de representação e apresentação contemporânea de projetos, intitulada Cadernos de TC, visa, por meio da exposição de partes importantes do processo, pô-lo em discussão para aprimoramento e enriquecimento do método proposto e dos alunos que serão por vocês avaliados.

Maíra Teixeira Pereira, Dr. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Simone Buiate Brandão, M. arq.



UMA CASA. UM MUSEU UMA MEMÓRIA O que torna o lugar aquilo que ele é, é sua identidade. A identidade é a essência, é a alma. Esse projeto nasceu da identidade de Pirenópolis - GO. Foi a junção de diversas histórias individuais, que constroem uma história coletiva, a história de um povo que não deixou o tempo levar a essência. Conservar a história e incentivar a cultura local são os dois eixos norteadores desse projeto, uma Casa de Ofícios que liga dois momentos de Pirenópolis, o Ontem e o Hoje, uma troca de conhecimento que seja constante e espontânea, um lugar que suscite a vontade de cuidar daquilo que torna Pirenópolis aquilo que é. Um terreno que possui uma pré-existencia, como se dissesse: aqui coexistem o passado e o presente, e que se localiza entre o Centro Histórico e o Entorno, que faz com que o edifício seja exatamente o que ele se propõe a ser, a ligação entre o que era e o que é, porque não existem barreiras quando o assunto é conhecimento.

Paolla L. Barbosa Nogueira Orientadora: Maíra Teixeira




PREFÁCIO PRELÚDIO EPÍTOME: PIRENÓPOLIS PRÓLOGO


PRELÚDIO Existe uma palavra no vocabulário que é muito utilizada, mas pouco percebida, embora seja o que compõe uma sociedade, esta palavra é Cotidiano. Cotidiano, segundo o dicionário (2018, pag.15) é: [...] 1- Aquilo que acontece todos os dias. Particular do dia a dia. Diário. Que não é extraordinário; comum ou banal Reunião dos atos habituais e permanentes que uma pessoa desenvolve no decorrer do seu dia; dia a dia. (AURÉLIO, dicionário,

2018.)

Talvez, só talvez, essa seja uma definição incompleta. Cotidiano é também, um conjunto desses atos habituais, particulares, que se desenvolvem no dia a dia, mas que tornam determinada população, determinada pessoa, em algo ímpar. Comum, que deixa de ser comum. Duas pessoas podem ter o mesmo cotidiano, mas dificilmente reagiriam à determinadas situações da mesma forma. Assim como várias cidades podem ter o mesmo perfil, mas

Uma Casa. Um Museu. Uma Memória

dificilmente possuem idênticas particularidades. Este trabalho pretende contar uma história; uma história que é a junção de muitas histórias. De famílias, do cotidiano dessas famílias e como cada história dessas é inicialmente comum, porém ímpar quando se torna o todo. A história do ourives, da costureira, do escultor, do pai, da mãe e do filho. A história de como o cotidiano se tornou Pirenópolis. Pirenópolis é uma cidade pequena, como qualquer outra cidade pequena, com cerca de 30 mil habitantes. É uma cidade histórica, como qualquer outra cidade histórica, do período do ouro com casario datado de 1727, como tombado patrimônio material do Brasil. É uma cidade bonita como qualquer outra cidade bonita, possui atrativos naturais, tais como diversas cachoeiras e atrativos culturais com inúmeras festividades. E é uma cidade comum, porém, não é como toda cidade comum. Não é toda cidade que tem a Dona Odelândia, de 68 anos, que há mais de 40 costura e borda as roupas dos Cavaleiros da Festa do Divino Espírito Santo e que secretamente declarou a esta autora que só o fez no princípio por ter um (em suas 11


próprias palavras) “marido teimoso”, que bateu o pé e decidiu correr cavalhada. Essa história é só dela, e ela só é de Pirenópolis. Provavelmente existem outras Donas Odelândias que saibam costurar e bordar, mas essas mãos são as dela e ela com as mãos dela costura um pouco a cada dia, juntamente com o seu Augusto que molda, o Dagmauro que esculpe, o pequeno Samuel que toca e seu pai José que canta, a identidade de Pirenópolis. Eles doam seu cotidiano, doam seu dia a dia, porque doam seus saberes. Preciosos saberes. Porque o que interessa de fato à este trabalho não é a consequência, é o fazer. Não é o fim, é meio. Não é o objeto, é o modo de fazer. É a memória. A memória de uma pessoa, de uma família, de uma casa, de uma cidade. Uma vez que se entende a importância dos saberes na construção da identidade dessa cidade, é praticamente impossível ignorá-los. A relação que cada um tem com o espaço onde vive é o que faz tudo isso acontecer. Qual afirmação estaria mais correta: “Eu sou como sou, porque moro onde moro.” ou “O lugar onde moro é como é, porque eu sou como sou.”? Por vezes é mais fácil acreditar na primeira, afinal ela não

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deixa de ser verdadeira, somos constantemente mudados pelo meio em que vivemos, entretanto isso tem mais relação com as pessoas que vivem no mesmo meio que o seu; Mas se não fosse os bordados da Dona Odelândia, as músicas do José, se não fossem as pessoas que moram em Pirenópolis, muito provavelmente este trabalho não mais seria sobre Pirenópolis, porque aqui se trata da identidade de um povo, uma identidade coletiva, que só pode resultar de uma combinação de identidades indiviuais. Se assim não fosse... este trabalho não mais seria. Preservar esses saberes e de alguma forma suscitar a vontade de conhecer mais sobre patrimônio é o interesse principal do tema deste trabalho de conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Anápolis UniEvangélica. Uma Casa de Ofícios, que abrigue conhecimento e passe adiante, que garanta a continuidade e seja berço da cultura, do patrimônio, dos saberes e da história. A celebração das permanências. Tudo isso em forma de Arquitetura. “Quando o ritual show, aproxima-se de evitemos esse desastre nosso povo.” (PINA, Pompeu, 2013)

torna-se seu fim, para o Braz W.

Paolla L. B. Nogueira


EPÍTOME : PIRENÓPOLIS Em uma região do interior do Estado de Goiás, onde encontravam-se índios caiapós, nômades e caçadores, existia um povoado pequeno, chamado Meia Ponte. Bartolomeu Bueno da Silva, o “Anhanguera”, que na época estava em busca de ouro e estabelecido em Vila Boa de Goiás (Cidade de Goiás) começou a explorar sítios próximos, até chegar em minas auríferas, localizadas no Rio das Almas, o ouro encontrado em Meia Ponte era do tipo aluvião¹. Com a instalação dos bandeirantes, pela recente descoberta, logo a região tornou-se um arraial. Batizada Minas de Nossa Senhora do Rosário de Meia Ponte. Inicialmente a localidade cresceu com a vinda de pessoas interessadas em explorar o minério, jazida abundante no leito do Rio das Almas. Em 1728 é iniciada a contrução da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, na época, a maior igreja construída no Centro-oeste brasileiro. A exploração do ouro: Apogeu e Decadência Em 1750 o ouro atinge seu potencial máximo, impulsionando o crescimento urbano e populacional e então tem -se a construção de quatro novas igrejas :

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Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (igreja da comunidade negra), em 1747, era considerada a mais ornada – 7 altares belissimamente cinzelados – extinta. Igreja Nossa Senhora do Carmo: Igreja particular construída por Antônio Rodrigues Frota em 1750. Nosso Senhor do Bonfim: Igreja particular construída por Antônio José Campos em 1754. Igreja Nossa Senhora da Boa Morte da Lapa: Igreja da população mestiça construída em 1760 – extinta. A decadência chega em 1800, e a necessidade de uma nova estratégia econômica para a cidade faz-se necessária. Comendador Joaquim Alves (1770 1851), homem empreendedor, propõe um fortalecimento da agricultura e comércio, construindo engenho, plantando algodão, cana e mandioca e montando comércio tropeiro. Outro empreendimento relevante foi o Engenho São Joaquim (Fazenda Babilônia), construída em 1800, principal atividade: Agricultura e comércio de algodão e cana de açúcar. Comércio tropeiro (mulas). É esse mesmo homem, que em 1830 funda o primeiro jornal do estado, o Matuti

¹ Ouro de Aluvião: O ouro brasileiro era encontrado no barranco das margens dos rios ou em seu leito. Recebe essa denominação porque se misturava a outras substancias como: argila, areia; acumuladas pela erosão. A exploração do ouro de aluvião dispensava o trabalho de prospecção, sondagem; profunda.

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MUITA HISTÓRIA JÁ ESCRITA...

Isolamento e mudança de rotas e Evolução Urbana Com a mudança das rotas comerciais para Anápolis, a cidade se vê economicamente isolada, muda de nome em busca de se tornar um centro urbano cultural, local de reuniões, festas e espetáculos. É nesse momento que as produções artesanais da população local começa a ser de

1590-93 AS PRIMEIRAS EXPEDIÇÕES PARA O INTERIOR

1819 INTRODUZIDO OS FESTEJOS DO DIVINO ESPÍRITO SANTO

1892 COMISSÃO CRULS

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1720 FUNDAÇÃO DE GOIÁS

1826 AS CAVALHADAS

1930 GOIÂNIA : AQUECIMENTO NA ECONOMIA PELA EXPLORAÇÃO DO QUARTZITO-MICÁCEO

suma importância para o sustento da economia da região. Tornando-se também atrativo turístico, como peças artísticas. Em 1890 de Meia Ponte a cidade passa a chamar-se Pirenópolis, a cidade dos Pireneus. Com a Comissão Cruls, Comissão Exploradora do Planalto Central,14 sediada em Pirenópolis é redigido um extenso relatório sobre a região. 1899 traz a construção do Theatro de Pirenópolis, e posteriormente, em 1924, é ele que trás energia elétrica à cidade. A construção de Goiânia (1930-1934) propiciou um ligeiro aquecimento na economia local com a exploração do quartzito-micáceo (Pedra de Pirenópolis). A inauguração de Brasília em 1960 acelerou a urbanização regional e o crescimento populacional e gerou uma forte demanda por turismo, entendido como ato de viajar para entretenimento, lazer e contemplação das paisagens. Esse fenômeno movimentou a economia local e aqueceu o mercado imobiliário deslocando os moradores do centro histórico para áreas periféricas. Até os dias atuais a cidade de Pirenópolis mantém a característica de ser destino Turístico, sendo atrativo para diversos ramos de lazer. O foco no público, muitas vezes, tira a atenção do que o atrai, a população e seus saberes.

1727 SURGIMENTO DA VILA DE NOSSA SENHO[f.3] RA DE MEIA PONTE

1830 FUNDAÇÃO DO JORNAL MATUTINA MEIAPONTENSE O PRIMEIRO DO ESTADO

1960 BRASÍLIA : CRESCIMENTO POPULACIONAL E FOMENTAÇÃO DO TURISMO

1750 O APOGEU DO OURO

1800 A DECADÊNCIA DAS MINAS

1851

1890

FALÊNCIA URBANA

PIRENÓPOLIS A CIDADE DOS PIRENEUS

1990

2010

O TOMBAMENTO

O REGISTRO

Paolla L. B. Nogueira

MUITA HISTÓRIA A SER ESCRITA...

na MeyaPontense, que servia de Publicação Oficial para a Província de Goiás e Mato Grosso. Circulou de 5 de março de 1830 a 24 de maio de 1834, totalizando 526 edições. Em 1819, é introduzido na região os festejos em louvor ao Divino Espírito Santo. Posteriormente, em 1826, trazido pelo Padre Manoel Antônio da Luz, as Cavalhadas. Já 1851 com a morte do Comendador a agricultura e o comércio tropeiro foram gradativamente perdendo forças, fazendo com que alguns comerciantes e jovens locais mudassem para o povoado de Santana das Antas, futuramente Anápolis, de local plano de mais fácil acesso e que se encontrava em maior crescimento industrial e populacional. Com isso as rotas comerciais foram transferidas e Meia Ponte foi isolada.


PIRENÓPOLIS Paolla L. B. Nogueira

COCALZINHO

BRASÍLIA 160 KM

CIDADE DE GOIÁS

ANÁPOLIS 60 KM

GOIÂNIA 120 KM

Uma Casa. Um Museu. Uma Memória

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PRÓLOGO Manfredi (2002) esclarece que os humanos, ao longo dos tempos, valendo-se dos recursos de que dispunham nos diversos ambientes terrestres, desenvolviam artefatos com maestria, arte e praticidade, e os saberes eram passados de geração para geração. Ainda de acordo com Manfredi (2002, p.37) “[...] tais meios e instrumentos encontravam-se à disposição de todos e as técnicas eram dominadas por qualquer um que queria ter acesso a elas”. O modelo atual das Escuelas Taller Y Casas de Oficios Talleres de Empleo surgiu,na Espanha, em Aguilar de Campoo, idealizado pelo Arquiteto José Maria Pérez González, em 1985. As Escuelas Taller e Casas de Ofício-Talleres de Empleo, são programas públicos do governo da Espanha para a formação profissional, destinados a pessoas com menos de 25 anos de idade que estejam desempregadas. O objetivo é facilitar o acesso aos empregos mediante formação em um curso técnico profissionalizante. Em 1992, com a celebração do 5º centenário do descobrimento da América, o Programa foi trazido para a América do Sul e para a América Central pela Agencia Espanhola de Cooperação Internacional-

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–AECI, quando foram instaladas 28 escolas, sendo uma delas no Brasil: a Oficina Escola de João Pessoa (Pb). Rocío Serrano Cañas, da Universidade Estadual da Paraíba, UEPB, no artigo “O princípio formativo do aprender fazendo no Programa de Oficinas-Escola” diz que: “[...] A filosofia formativa que define a Oficina-Escola de João Pessoa e, em geral, o programa das Oficinas-Escola, na Espanha e na Ibero-América, está fundamentada no princípio de “aprender fazendo”. Os idealizadores da modalidade formativa das Oficinas-Escola retomaram e revalorizaram um princípio formativo reconhecido pela tradição dos ofícios. Partiram do senso do que é comum e da observação dos problemas concretos que sua realidade apresentava para elaborar uma proposta que deveria possibilitar o resgate, por um lado, de jovens em situação de fracasso escolar e desemprego, e por outro lado, de antigos mestres de ofícios que tinham perdido seu valor cultural e educativo diante de um mundo altamente mecanizado e industrializado, além de pretender ser um instrumento para cuidar e preservar o patrimônio arquitetônico esquecido.”

Paolla L. B. Nogueira


Ainda de acordo com Rocío, essa proposta formativa de oficinas-escola possui então um caráter patrimonial pressupondo a herança de uma prática antiga, dentro dos grêmios e corporações medievais, pela qual se contemplava o aprendizado através de um ofício junto a um mestre que guiava o aprendiz. [Rocío, p.110]“O princípio de “aprender fazendo” estava inserido dentro de uma tradição que, no caso da Península, tinha sido conformada na Idade Média, por meio dos ofícios que foram estruturando os distintos grêmios ou corporações. Nesse sentido podemos dizer que o próprio princípio que rege a formação do programa de Oficinas-Escola possui um valor de patrimônio cultural, por ser a herança de uma antiga prática formativa, cujo principal fundamento era a transmissão oral da prática do ofício. Com isso, garantia-se a transmissão de um acervo de conhecimento, mantendo-o vivo de uma geração para outra e adequando-o às novas necessidades socioeconômicas de cada período.”

A simplicidade do método “aprender fazendo” e por ser uma tradição comunitária de acúmulo de experiências em comunidade, tornou-o de fácil expansão mesmo em outros domínios culturais pela simplicidade da filosofia do método formativo. A flexibilidade, a troca de conhecimento, o exercício constante da vida em comunidade, torna essa opção uma saída viável e satisfatória para o problema em questão na época que seria o fracasso escolar e a exclusão social que atingia jovens que não se adequevam ao modelo educaional padrão de sala de aula. Usando esse público alvo e focando-o em uma área que requeria igual atenção que seria a garantia da continuidade dos saberes com valor patrimonial e cultural. O método e a finalidade da “Oficina escola” o modelo adotado em outros países da américa e que chegou ao Brasil primeiramente em João Pessoa(PE) se adequa a realidade de Pirenópolis por motivos diversos, o principal deles sendo a necessidade de celebrar as permanências.

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LEGENDAS: [f.01]Foto: Escuelas Taller. Fonte: www.portalescuelastaller.com [f.02] Foto: Escuelas Taller. Fonte: www.portalescuelastaller.com [f.03]Foto: Escuelas Taller. Fonte: www.portalescuelastaller.com [f.03]

Uma Casa. Um Museu. Uma Memória

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[f.04] Foto: Escuelas Taller. Fonte: www.portalescuelastaller.com

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Baseado nessa ideia de que terá vagas para todos, o projeto idealizado usa desse sentimento e busca nas ruas de Pirenópolis os ofícios que fazem com que essas pessoas se tornem parte da identidade desse lugar. Levar esses ofícios para um local onde eles possam ser ensinados a todos aqueles, que movidos pelo sentimento de pertencimento, queiram aprender uma profissão e depois passá-la adiante. Dando uma oportunidade de conciliar cultura e desenvolvimento econômico, reafirmando as origens de uma sociedade, mas principalmente mostrando que a história é escrita constantemente, dia a dia, com o cotidiando de cada um, que se tornará em uma escala mais abrangente nas características únicas de uma cidade. Propor inclusão social a pessoas que talvez se sintam falhas com o método de ensino em vigor, propor uma saída a pessoas que precisam trabalhar, usar a demanda produtiva cultural da tradição de Pirenópolis e a energia de pessoas que se sentem parte disso e unir isso em favor da continuidade. Uma Casa de Ofícios que seja espaço de aprendizado, de manifestação cultural e troca de conhecimento. Para compor esse projeto, os ofícios escolhidos foram aqueles considerados mais antigos e cuja continuidade estivesse mais ameaçada dentro da realidade local. São eles: Ourivesaria - por estar ligado ao sutgimento da cidade, que se deu pela descoberta de ouro de aluvião às margens do rio das almas. Olaria - muito presente no artesanato,

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principalmente pelas “namoraeiras”, objeto carcterístico da arte local. Bodados e Confecções - Principal demanda produtiva ligada aos festejos em louvor ao Divino Espírito Santo, com os mantos dos cavaleiros, roupas de mascarados, figurino de todos os grupos artísticos ligados a festa, como Pastorinhas, Contra-Dança, Congo, Congada, entre outros. Restauração de obras de arte - A cidade possui inúmeros museus e nenhum deles apresenta a preocupação com a manutenção desses itens, além dos itens tombados patrimônio histórico que estão nas igrejas da cidade. Recuperação de documentos antigos - Em razão principalmente do Jornal Matutina Meiapontense, o primeiro do estado e que teve sua cede na cidade. Técnicas retrospectivas - para qualificação de mão de obra que corresponda a demanda de restauro dos edifícios da cidade, que muitas vezes sofrem intervenções indevidas por falta de conhecimento. Educação patrimonial - que terá como finalidade ensinar a população sobre a manutenção dos bens patrimôniais, levando em consideração que a cidade possui bens considerados patrimônio tanto material como imaterial e não possui meio de consulta da população para que esta se informe sobre o significado disso. Toda cidade deve cuidar de sua herança, e para isso as pessoas precisam ter conhecimento do valor dessa herança. O ouro para um leigo é só um objeto que brilha. Evitemos o erro pela falta de informação.

Paolla L. B. Nogueira


LEGENDAS: [f.05]Foto: Ourevesaria. Fonte: Arquivo Pessoal. [f.06] Foto: Olaria. Fonte: Arquivo Pessoal. [f.07]Foto: Cavaleiros. Fonte: Arquivo Pessoal. [f.08]Foto: Tapeçaria. Fonte: Arquivo Pessoal. [f.09] Foto: Recuperação de Documentos antigos. Fonte: Arquivo Pessoal do autor..

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[f.10] Foto: Recuperação de Obras de arte. Fonte: or.escola.edu.br

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ÍNTIMO RAZÃO RELAÇÕES O ONTEM


RAZÃO Com cerca de 30 mil habitantes, a cidade de Pirenópolis hoje conta com 8 museus, sendo eles: Museu de Arte - Sacra, Museu Rodas do Tempo, Museu do Divino Espírito Santo, Museu das Cavalhadas, Museu da Família Pompeu de Pina, Casa de Câmara e Cadeira, Museu Lavras de Ouro e Galeria Matutina Onze; Além de centros voltados a arte e cultura, como o Centro de Arte e Música Ita e Alaor, o Teatro Municipal, o Cinema da cidade, pontos turísticos como A Igreija Matriz de Nossa Senhora do Rosário e o Cavalhódromo, edfício construído com a finalidade de sediar as Cavalhadas locais, e servir de centro cultural. Com tantos espaços voltados ao uso cultural e artístico imagina-se que a cidade tem grande preocupação com a garantia da continuidade da tradição. Contudo, infelizmente essa não é uma verdade absoluta. Apesar de tantos locais destinados a esse uso, nenhum deles oferece a população conhecimento sobre o valor das permanencias culturais, nem oficinas que ensinem os ofícios ligados a essas permanências. A Festa em louvor ao Divino Espírito Santo e as Cavalhadas da cidade, são hoje o maior atrativo turístico cultural da cidade, não o único. A comunidade de Pirenópolis encontra-se envolvida com os festejos e utiliza de maneiras próprias de transmitir seus valores para as próximas gerações, criando

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até mesmo modos de festejar voltados para a formação do gosto pela tradição em jovens e crianças. Entretanto existem alguns fatores de risco que ameaçam sua continuidade, estes estão relacionados aos saberes mais antigos, modos de fazer e histórias que vão se perdendo ou ficando restritos às poucas pessoas que têm conhecimento. Alguns conhecimentos, curiosidades são de extrema importância para que a festa do Divino Espírito Santo, registrada patrimônio cultural e imaterial da cidade, tenha significado, tais como sua origem de partilha, origem social. Perder esses conhecimentos, essa origem, acabaria por fazer com que a festa perdesse seu significado. Esse também é um fator de risco quando relacionado aos demais ofícios que não estão ligados a Festa do Divino, os ofícios que estão restritos ao ambiente familiar e que por esse motivo correm o risco de em algum momento acabar não encontrando um sucessor interessado. No dossiê de registro da Festa do Divino Espirito Santo de Pirenópolis, pode-se observar essa preocupação no item de salvaguarda: O registro da Festa do Divino Espírito Santo é a primeira medida recomendada para o seu reconhecimento e preservação.Além disso, recomenda-se o aprofundamento dos seguintes estudos e documentação:

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[...] Ofícios e modos de fazer aplicados na preparação de personagens e atividades da festa, considerandoa história de envolvimento familiar que dá forma à produção destes saberes: - Fundição de armas e acessórios para cavalos e cavaleiros, preparação da pólvora e tiros de toco, levantamento de mastro, confecção de flores, máscaras, bordados banderias e adereços, entre outras habilidades e expresões. - A história da banca de couro, a Zabunba, a primeira banda da cidade, composta basicamente por instrumentos artesanais e que possuía alguns toques de percussão que não são mais executados (Toque Muquém, por exemplo). - Criar mecanismode consulta à população, para que esta se manifeste a respeito dos modos de proteção e manutenção da festa que considerem adequados, orientando e fortalecendo a construção de políticas de proteção e medidas de salvaguarda. (IPHAN, Dossiê de Registro da Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis - GO, 2010)

No mapa é possivel observar os edifícios culturais existentes na cidade e onde se localizam. Tais edifícios não possuem em seu programa nenhuma atividade que se assemelhe ao que é proposto neste trabalho. A Casa de Ofícios algo sem precedentes em Pirenópolis, e sua

necessidade tão palpável fez esta autora questionar o motivo de assim ser até hoje. A conclusão foi que de fato a população não tem conhecimento do quão importante são estes saberes para a identidade da cidade, para a preservação de sua história. Ou talvez, porque a população não precebe os riscos que esses saberes correm se desaparecerem. O único edifício que oferece algum tipo de ensinamento é a Casa Ita e Alaor (5), que algumas vezes por ano disponibiliza aulas de violão e canto para a população. O Cavalhódromo (9) foi um edifício que nasceu com um intuito parecido, propondo espaços de sala de aula, apesar de não especificar usos e também servindo como centro esportivo, entretanto não é usado como tal, servindo a população duas vezes no ano somente e ficando fechado o restanto do tempo, o motivo disso é porque nunca chegou a ser concluído e é hoje usado sem liberação para tal, estando em estado de risco estrutural. Um destes museus, o Museu da Família Pompeu de Pina, apesar de estar localizado como tal no mapa, hoje em dia não possui mais essa finalidade, foi abandonado há alguns anos, seu acervo continua no edifício, sem maiores preocupações, estando exposto a qualquer tipo de imprevisto ou intempéries.

LEGENDAS: [f.11]Imagem: Cavalhódromo. Fonte: arquivo pessoal.

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[f.12] Imagem: Centro de Arte Música Ita e Alaor. Fonte: arquivo pessoal. [f.13]Imagem: Casa de Câmara de Cadeia. Fonte: Arquivo pessoal. [f.14] Imagem: Theatro Municipal de Pirenópolis. Fonte: Arquivo Pessoal.

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Paolla L. B. Nogueira


EDIFÍCIOS CULTURAIS RIO DAS ALMAS

LEGENDA 1 - Museu de Arte Sacra (Igreja do Carmo) 2 - Museu do Divino Espírito Santo (Casa de Câmara e Cadeia) 3 - Igreja Nossa Senhora do Rosário 4 - Cinema 5 - Teatro Municipal 6 - Museu das Cavalhadas 7 - Museu da Família Pompeu 8 - Centro de Arte e Música Ita e Alaor 9 - Cavalhódromo 10 - Banda de Música PHOENIX


RELAÇÕES Toda cidade, com o tempo acaba se dividindo em duas cidades: uma cidade antiga e uma cidade nova. Com um pouco de sorte a cidade antiga participa na nova cidade, com mudanças de usos que ajudem a se adaptar aos novos tempos; sem sorte, ela acaba congelada no passado. Mumificada. Como uma velha senhora e sua neta; por vezes os jovens não prestam atenção às velhas histórias, se esquecem que é de história em história que se chega ao presente. Analisando o perfil cultural da cidade, os edifícios, o perfil arquitetônico, estilos, o que é construído hoje, malha urbana, e outras questões, busquei traçar um perfil que ajudasse a montar uma estratégia projetual que melhor respondesse a realidade local. No mapa é possível identificar o que é considerado centro - histórico na cidade, e como os edifícios mostrados anteriormente com uso cultural estão basicamente concentrados na mesma região, com poucas exceções. Em toda a cidade o Plano Diretor vigente diz que a altura máxima das edificações não deve ultrapassar 8 metros de altura como tentativa de manter uma linguagem visual para toda a cidade. É comum encontrar pela cidade obras que, buscando manter a ideia de historicidade, ou talvez como tentativa de

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valorização do imóvel, são cópias de edifícios tombados. O falso-histórico é comum e errôneamente entendido como “preservar a linguagem local” ou até “preservar a identidade”. O motivo desse problema está, em parte, na falta de conhecimento sobre bens arquitetônicos tombados e na melhor forma de preservação desses bens. Tanto o poder público quanto os cidadãos são responsáveis pela preservação desses bens, entretanto é a falta de informação que faz com que alguns erros ou mesmo esse pensamento errôneo continue em vigor como “verdade”. Também é possível observar que, baseando-me no programa de necessidades dos edifícios culturais, a cidade acaba focando a atenção em entretenimento turístico, pois as atividades costumam visar esse público e poucas ou nenhuma vez é pensado no público local, que é o que produz contúdo atrativo. Isso explicaria o porquê de inúmeros museus e nenhuma oficina. Muita exposição e pouco aprendizado. Depois de traçado um breve perfil de análise, e estudado as possibilidades de intervenção, a esolha do terreno se deu em razão da localização e melhor encaixe com a proposta do projeto. Um terreno localizado entre o ontem e o hoje. Com uma pré existência e espaço para o novo.

Paolla L. B. Nogueira


CENTRO-HISTÓRICO TERRENO ESCOLHIDO RUAS PRINCIPAIS RUAS DE ACESSO (SECUNDÁRIAS) EDIFÍCIOS CULTURAIS MALHA VIÁRIA RIO DAS ALMAS


O CAMINHO O caminho escolhido se abriu diante dos olhos dessa autora após a compreensão de que quantidade nem sempre é qualidade. Com tantos edifícios culturais já existentes, o acréscimo de mais um seria de difícil justificativa, por essa razão optei por escolher um desses edifícios que já possuem esse uso e adequá-lo à necessidade de serviço obervada no decorrer do estudo. Um edifício em particular me chamou a atenção. O Museu da Família Pompeu de Pina, a casa amarela da Rua da Cruz (Rua Nova), que a anos está fechada, que atrai olhares curiosos de todos que passam por ali, pelo estado de deterioração em que se encontra. O esquecimento estava quase cumprindo o seu papel, até que seu potencial se revelou essencial para este trabalho. Um achado, na localização ideal, com a mala cheia de histórias, se revelou a parte faltante. Com cerca de 5.000m², o terreno começa no centro-histórico e termina na área recente da cidade. A linha de tombamento passa no meio do terreno, levando com ela um dos primeiros casarões que está edificado ali e que integra este projeto. A relação com a cidade se dá por sua localização nas regiões centrais, antiga e nova, também por sua proximidade com um marco urbano, a Igreja da Matriz de Nossa Senhora do Rosário, por suas vias de

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acesso próximas as principais da cidade, Rua Direita e Av. Sizenando Jayme. Um olhar mais próximo sobre a região mostra que a área é predominantemente residencial no entorno imediato (escala da quadra), apesar de estar inserida em uma região basicamente comercial (escala do bairro), perto de bancos, edifícios administrativos, supermercados e lojas de artesanato e outros. As ruas de acesso ao terreno são secundárias, mas com largura de aproximadamente 10 metros. O terreno possui acesso pelos dois extremos da quadra. Sua área original sofreu algumas perdas ao longos dos anos, inicialmente tomando quase que a totalidade da quadra, mas através de algumas negociações comerciais e invasões a área que consta hoje é a de 5.000m² delimitada no mapa. Pertence às famílias Pompeu de Pina e Curado, por herança. Foi a leilão diversas vezes por falta de recursos para restauro e manutenção do edifício por parte das duas famílias, mas continua em posse das mesmas. A tipologia arquitetônica da região é de altura máxima 8 metros, definido pelo Plano Diretor vigente. A cobertura é de 1,2 e 4 águas, com telha cerâmica em sua maioria. A técnica é de paredes de adobe e estrutura de madeira no centro-histórico e alvenaria comum e tijolos estruturais na região do entorno.

Paolla L. B. Nogueira


PRÉ-EXISTÊNCIA ENTORNO CENTRO-HISTÓRICO VIAS DE ACESSO EDIFÍCIO A SER DEMOLIDO


O ONTEM O Casarão. O Jornal. O Museu. Esta casa, datada do século XVIII pertenceu à família do Comendador Joaquim Alves. Nela funcionou a primeira tipografia do estado, responsável pela impressão do Jonal “A Matutina Meiapontense”; a primeira Biblioteca Pública; a primeira Banda de Música (PHOENIX); o Colégio Imaculada Conceição; a Escola Padre Gonzaga; o Grupo Escolar Comendador Joaquim Alvez; o Forum e mais recentemente, o Museu Histórico da Família Pompeu de Pina. Atualmente o edifício se encontra fechado ao público, apesar de ainda guardar as peças de valor histórico do museu. A Banda de música PHOENIX que tinha sua sede no edifício, deixou o local no ano de 2016. O Casarão é objeto de disputa entre duas das mais importantes famílias da cidade, a família Pompeu de Pina e a família Curado que compartilham os mesmos antepassados. Dividido interna28

mente por uma única parede, as duas partes do mesmo edifício se encontram em estados de conservação extremamente diferentes, apesar de ambos estarem em atual estado de abandono. O lado chamado Pompeu de Pina, onde funcionou o museu da família já passou ao longo dos anos por alguns reparos e alterações, também já foi usado para gravação de filmes e documentários sobre a região. O lado Curado não tem qualquer registro de uso diferente do original, de séculos atrás, quando foi parte do todo e também não há evidências de recentes reparos. Hoje, essa metade está em total abandono, não guarda nenhum objeto familiar, algumas divisões internas, já cederam e a cobertura é sustentada por estacas que estão espalhadas pelos ambientes ainda existentes, em uma fraca tentativa de preservar o edifício.

Paolla L. B. Nogueira



LEGENDAS: [f.15]Foto: Lado Curado, divisões internas que ruíram. Fonte: Arquivo pessoal. [f.16]Foto: Lado Pompeu de Pina, dano no forro. Fonte: Arquivo Pessoal do autor. [f.17]Foto: Lado Curado, divisões internas que ruíram. Fonte: Arquivo pessoal do autor. [f.18] Foto: Fachada frontal do edifício, ausência de reboco. Fonte: Arquivo pessoal do autor. [f.19] Foto: Lado Curado, divisões internas que ruíram. Fonte: Arquivo pessoal do autor. [f.20] Foto: Lado Curado, estacas que ainda restão e esqueleto de madeira que ainda está de pé e que sustenta o telhado. Fonte: Arquivo pessoal do autor. [f.21] Foto: Lado Pompeu de Pina, intens do museu e mobília que ainda está lá. Fonte: Arquivo pessoal do autor. [f.22] Foto: Lado Pompeu de Pina, itens do museu. Fonte: Arquivo pessoal do autor.

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A

POMPEU DE PINA

CURADO

A

Muro construído atualmente, para dividir o casarão e o terreno entre as famílias.

LEGENDA Umidade Descendente

CORTE AA

Fachada Frontal

Umidade Ascendente

Descamamento de Pintura

Danos do forro e cobertura

0

1

Ausencia de Reboco

Desmoronamento de alvenaria

5

No levantamento de patologias realizado, foi observado a necessidade de: 1- Troca do forro de todos os ambientes em que estes estão presentes. 2- Reparo e/ou troca de telhas. 3- demolição e construção de algumas paredes como forma de adequar o edifício ao novo uso. 4- Revisão e quando necessário reparo das esquadrias. 5- troca de piso de tabuado de madeira. 6revisão de paredes com infiltração ascendente e descendente. 7- demolição do muro construído atualmente, para divisão dos lados de cada família, como forma de devolver ao casarão sua essência de unidade. 8- troca da estrutura da cobertura, e do esqueleto estrutural, principalmente no lado Curado, onde a cobertura corre risco de ruir. 9- Pintura. 10- Manutenção do piso de ladrilho hidraulico e de cimento queimado.

Fachada Posterior 31


CASO DE FAMÍLIA Cultura talvez seja um gene, isso explicaria a transmissão desse sentimento de pertencimento que algumas pessoas tem com o meio em que vivem, ou talvez, de fato esse lugar se torna parte de nós pela vivência. A questão é que independente da razão, algumas famílias simplesmente possuem a arte de continuar. Esse é, precisamente, o caso da Família Pompeu de Pina. A história dessa família e a história de Pirenópolis se encontram incontáveis vezes ao longo dos anos. É basicamente impossível desassociar a família Pompeu e a tradição da cidade. Teatro, música, dança, direção, literatura, não importa, para encontrar um “filho do Pompeu”, esses são expressamente os primeiros lugares onde devem procurar. Essa família é o exemplo perfeito de como o cotidiano, as individualidades constroem uma realidade coletiva. Ela é uma, de várias, e ganhou espaço nesse palco por 32

um motivo especial, uma pessoa. Conhecido simplesmente como Pompeu, esse homem, que defendeu Pirenópolis até o fim, que lutou pela continuação de um sentimento que molda cada um dos moradores da cidade, deixo aqui descrito minha gratidão. Que em nome dele e de sua família, estejam representadas todas as outras famílias que entendem esse brilho nos olhos, essa necessidade de, todo dia, ressignificar a história, de preparar um cafézinho para as visitas e contar um causo, de usar as prórpias mãos e doar o seu jeito de fazer, sua particularidade para um bem maior. Movida por esse sentimento, baseando-me nessas histórias, entendendo a importância disso no panorâma completo, dedico o meu “Muito Obrigada” a população dessa cidade. E a todos os visitantes, sintam -se em casa.

Paolla L. Barbosa Nogueira


LEGENDAS: [f.23]Foto: Família Pompeu de Pina. Fonte: Arquivo pessoal cedido da família. [f.24]Foto:Peça teatral As Pastorinhas, Pompeu como “simão velho”. Fonte: cedido do arquivo pessoal da família. [f.25]Foto: Cortejo do Divino Espírito Santo. Fonte: Cedido do arquivo pessoal da família. [f.23]

[f.24]

[f.26] Foto: Família Pompeu de Pina. Fonte: Cedido do arquivo pessoal da família. [f.27] Foto:Pompeu e a Esposa. Fonte: Cedido do arquivo pessoal da Família. [f.28] Foto: Procissão de cerimônia da entrega da coroa ao Imperador. Fonte: Cedido do arquivo pessoal da família.

[f.25]

[f.26]

[f.29] Foto: Netos do Pompeu caracterizados como os mais diveros personagens do folclore local. Fonte: Arquivo pessoal do autor. [f.30] Foto: Netos do Pompeu caracterizados como os mais diveros personagens do folclore local. Fonte: Arquivo pessoal do autor.

Uma Casa. Um Museu. Uma memória.

[f.27]

[f.28]

[f.29]

[f.30]

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OBJETO A ESSÊNCIA O PROPÓSITO A EXPRESSÃO


A ESSÊNCIA Olhar para uma folha em branco sem saber o que fazer, mas sabendo que muito pode ser feito, é um dilema comum. Neste projeto, não foi necessário eleger um conceito, o conceito já havia se formado junto com a ideia inicial, tudo gira entorno da tentativa de contar uma história, de uma família, de uma festa, a história de uma cidade. Como iniciativa projetual, de tornar essa vontade algo concreto, observei uma analogia que por vezes me passou despercebido, e só observei isso através de uma palavra-chave: ORIGEM Tudo que existe tem uma origem, toda origem tem um processo, pode ser que nem todo processo possa ser facilmente explicado, esse certamente não é, porém, se o intuito é fortalecer uma identidade, o pré-requisito é reconhecer a origem dessa identidade. O desafio era como traduzir isso em arquitetura. Existem milhões de formas de

Uma Casa. Um Museu. Uma Memória

contar histórias, e existem muitas histórias a serem contadas, contudo todas elas tem algo em comum. Todas essas histórias individuais, essas histórias familiares, sempre foram contadas através de uma “linha do tempo” que buscava a origem e chegava até o presente. Talvez você conheça por “ÁRVORE GENEALÓGICA”, a ávore que se ramifica, se desdobra e chega a todos os cantos, a árvore que diz onde começou, mas que é construída e não possui um fim definido, assim como a história, que é escrita dia a dia. Essa é a essência desse projeto, o cenceito. Um edifício que funcione como uma árvore, que partindo da origem chegue ao presente, que se aproprie do terreno e que seus galhos conectem todos os cantos, da história, do terreno, do tempo. Um edifício que se adeque às mudanças, que como uma árvore muda a cada estação, mantendo suas características, também ele possa mudar com o passar do tempo, sempre preservando a essência, que é celebrar as permanências da origem.

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ORI GEM HISTÓRIA TR

AD

IÇÃ O

CO L

PERMANENCIAS

ET

L A U D IVI

IVO

IND IDENTIDADE CONTINUIDADE

ARQUITETURA 36

Paolla L. Barbosa Nogueira


O PROPÓSITO Usar o terreno para também trazer essa analogia ao conceito de “árvore genealógica” foi o primeiro passo para desenvolvimento do partido arquitetônico. 1 : identificar características do terreno- ele está dividido entre a centro histórico (o passado) e o entorno (o presente); por esse motivo decidi que o edifício seria contínuo e que tivesse acesso de ambos os lados, você pode entrar no passado e sair no presente, ou você pode pegar o caminho contrário, o edifício como uma linha do tempo. Ao lado do casarão se encontra atualmente um salão que funciona hoje como igreja evangélica, entretanto por já ter sofrido inúmeras alterações, não possui mais as características históricas de tombamento [f.31], por essa razão e para o fim proposto pelo projeto, optei pela demolição desse edifício. Assim, dando a oportunidade ao novo edifício de ter uma de suas fachadas voltadas para o centro-histórico.

Uma Casa. Um Museu. Uma Memória

2 : o conceito de árvore pode espelhar e inspirar a forma. Preciso que o edifício chegue a todos os lados do terreno, que ele se desenvolva de forma a abranger a área como um todo, com isso, galhos que se estendem aos mais variados cantos. 3 : Respeitar o entorno e a pré-existencia. Manter o gabarito do entorno, porém, marcar a contemporâneidade, através da materialidade e da dinâmica com jogos de águas da cobertura. Respeitar também a forma de ocupação na testada do lote, característica do período. O modelo final de implantação foi pensado de forma que chegasse a todas as partes do terreno como se se esticasse e alcançasse todos os “galhos” dessas histórias. A forma irregular possibilita a criação de áreas abertas públicas de convivência e contemplação e exposição. A forma contínua é para facilitar o acesso e passeio por entre o edifício até seu outro extremo.

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LEGENDA: [f.31] Foto: Rua da Cruz (Rua nova) entorno imediato do terreno, centro-histórico. Mostrando tipologias arquitetônicas. Fonte: Arquivo pessoal do autor. [f.32] Foto: Rua da Cruz (Rua nova) entorno imediato do terreno, centro-histórico. Mostrando tipologia arquitetônica. Fonte: Arquivo pessoal do autor.

[f.31]

[f.32]

[f.33]

[f.34]

[f.33] Foto: Rua Angico, primeira rua do centro comercial, entorno imediato, não mais centro histórico. Fonte: Arquivo pessoal do autor. [f.34] Foto: Rua Angico, primeira rua do centro comercial, entorno imediato, não mais centro histórico. Fonte: Arquivo pessoal do autor.

1

2

IDEIA

3

SITUAÇÃO

INTENÇÃO

ONTEM

ORIGEM [F.31] [F.32]

[F.33]

[F.34]

PRESENTE... Ligar momentos, rememorar, ligar através da “árvore genealógica”

38

Árvores existentes linha de tombamento edifício a ser demolido

HOJE Intenção de implantação, com galhos que se ramificam e alcançam momentos e cantos diversos

galhos

galhos

pré-exisância

vegetação mantida

Respeitar a pré-existência, manter a vegetação existente e levar o edifício a todas as áreas do terreno

Paolla L. Barbosa Nogueira


A EXPRESSÃO A essência pela essência é só uma utopia, o que traz essa essência à realidade é a tradução disso em algo palpável, visível. Por esse motivo, depois da esquematização da ideia e da compreenção da essência, é necessário traduzir isso em arquitetura. A expressão da ideia, nada mais é do que o resultado do processo. Nos diagramas a seguir é possível observar como acontece a tradução do conceito em partido arquitetônico, quando galhos se tornam paredes, e a ávore se torna habitável. O respeito à pré-existência, ao entorno, e uma implantação que nasce ali, destinada a esse lugar. Materialidade pensada de forma a manter o diálogo dos tempos, com tijolos aparentes. Criando espaços abertos de convívio para contemplação, exposição e incentivo a vida em comunidade. Divisões

Uma Casa. Um Museu. Uma Memória

internas flexíveis, com painéis de madeira móveis, porque privacidade não é prioridade aqui. A prioridade é a possibilidade de adaptação, tanto da história quanto do espaço físico edificado. Aberturas generosas ao longo de uma circulação flúida e initerrupta. Janelas altas amplas para manter o ambiente de concentração e aprendizado. A prática da história, o aprender fazendo. A distribuição do programa que segue a linha de raciocínio da implantação, com setorização dos usos, ofícios mais antigos, mais frágeis e os ofícios com a continuidade mais garantida, mas que também merecem espaço. Nesse capítulo chegamos ao cerne deste trabalho, ao resultado do estudo, ao clímax dessa história, apresento a todos, a ÉERA HISTÓRIA - A cultura das Permanências. Seja bem-vendo!

39


[F.35]

O intuito de ocupação, pelo respeito

Os galho que se apropriam [F.35]

A tradução do conceito em arquitetura

40

Preservando a vegetação existente, demolindo o edifício vizinho, ganha espaço para acontecer. A partir daí tem-se a proposta de implantação e apropriação do terreno. A escala do edifício também busca o respeito ao entorno, não ultrapassando a altura máxima das edificações pré-existentes, de 4 e 8 metros. A tipologia arquitetônica dessas edificações também estarão presentes, representadas pelo tipo de cobertura propposto no projeto, com a dinâmica dos jogos de águas.

Paolla L. Barbosa Nogueira


e a dinâmica da região

ganham a escala do entorno

os galhos tornam-se paredes

OFICINA DE TEATRO EXPOSIÇÃO DA FAMÍLIA BIBLIOTECA OLARIA, OURIVESARIA E TECNICAS CONSTRUTIVAS

ADMINISTRAÇÃO CIRCULAÇÃO RECUPERAÇÃO DE DOCUMENTOS E OBRAS DE ARTE

BORDADOS E CONFECÇÕES ESTAR, CONTEMPLAÇÃO E EXPOSIÇÃO

ÁREA VERDE ÁREAS DE TEORIA

Uma Casa. Um Museu. Uma memória.

LEGENDA: [f.35] Foto: Edifício a ser demolido, sem as características históricas de tombamento, esquadrias de metal, alteração na fachada, alvenaria comum. Fonte: Arquivo pessoal do autor.

41


REFERÊNCIA PROJETUAL Como inspiração projetual, na linguagem arquitetônica do projeto, me vi muitas vezes envolvida com a obra do arquiteto Rogelio Salmona. Nascido na França (Paris 1927), foi duas vezes finalista do Prêmio Mies van der Rohe de Arquitetura Latino-americana, cinco vezes premiado nas Bienais de Arquitetura Colombiana; Prêmio Taller de América, Medalha de Mérito Cultural, Prêmio da Fundação Príncipe Clauss de Holanda e Prêmio da II Bienal Ibero-americana de Arquitetura e Engenharia Civil. No Centro Cultural García Márquez, em Bogotá, Rogelio teve o desafio de projetar um edifício que estivesse inserido no centro histórico da cidade, quando questionado sobre o desafio, Rogelio Salmona (2004) disse que “[...] Difícil tarefa a qual dediquei todos os meus esforços para poder inserir, na La Candelaria, centro histórico da cidade, uma arquitetura urbana respeitosa, que entendesse os desejos de bem-estar e de prazer e que expressasse uma modernidade coerente com o lugar da cidade onde se encontra, criando espaços públicos sem barreias, variados, apropriados

para cada terreno e apropriáveis por todos os habitantes. Que permitissem uma ocupação sábia, política e generosa. ” Ainda segundo Salmona (2004), “[...] Como no passado, a arquitetura deve voltar a emocionar e construir o espaço público, ser a essência da cidade e, não como até agora, ser um espaço residual. Constitui um ato culto, humilde e de permanência. A arquitetura está feita para ser vista, vivida e usada, tanto por quem ela pertence, como por todas aquelas pessoas que são testemunhas da sua presença na cidade. A arquitetura é um bem comum. ” A arquitetura de Rogelio Salmona, em particular, essa obra, foi essencial como pesquisa e inspiração para este projeto, tanto pela semelhança dos desafios que ambos os projetos enfrentam, pela inserção de um edifício contemporâneo em meio a uma área histórica, quanto pela disposição de propor a comunidade um espaço cultural amplo, generoso, convidativo e que seja apropriavel pela população local.

Paolla L. Barbosa Nogueira


LEGENDA: [f.36] Foto: Edifício Centro Cultural Garcia Marquez em Bogotá. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/tag/rogelio-salmona [f.37] Foto: Edifício Centro Cultural Garcia Marquez em Bogotá. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/tag/rogelio-salmona

[F.36]

[F.37]

[f.38] Foto: Edifício Centro Cultural Garcia Marquez em Bogotá. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/tag/rogelio-salmona [f.39] Foto: Edifício Centro Cultural Garcia Marquez em Bogotá. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/tag/rogelio-salmona [f.40] Foto: Projeto Rogélio Salmona. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/tag/rogelio-salmona

[F.38]

[F.39]

[f.41] Foto: Projeto Rogélio Salmona. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/tag/rogelio-salmona [f.42] Foto: Projeto Rogélio Salmona. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/tag/rogelio-salmona [f.43] Foto: Projeto Rogélio Salmona. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/tag/rogelio-salmona

Uma Casa. Um Museu. Uma Memória

[F.40]

[F.41]

[F.42]

[F.43]

43


EPÍLOGO TRADUZIR OLHAR APRECIAÇÕES


IMPLANTAÇÃO

1- Recepção; 2- Sala dos Professores; 3Ateliê de Olaria; 4- Ateliê de Ourivesaria; 5Ateliê de Pintura; 6- Laboratório de Técnicas Retrospectivas; 7- Administração e Direção; 8- Banheiros; 9- Salas Teóricas; 10-Auditório; 11- Refeitório; 12- Confecção de Instrumentos em couro; 13- Ateliê de Papel Machê; 14- Ateliê de Confecção e Bordados; 15Sala de Ensaios para Teatro; 16- Camarim; 17- Ateliê de Restauração de Obras de Arte; 18- Ateliê de Recuperação de Documentos Antigos; 19- Sala de esposições Intinerantes;

20- Sala de Exposição; 21- Recepção; 22Sala de Depósito; 23- Biblioteca; 24- Administração; 25- Biblioteca; 26- Sala de estudos; 27- Biblioteca; 28- Sala de Análise de Documentos Antigos; 29- Sala de exposição dos itens do museu familiar; 30- Sala de exposição dos itens do museu familiar; 31Sala de exposição dos itens do museu familiar; 32- Exposição ao ar-livre; 33- Estar e contemplação; 34- Anfiteatro;35- Espaço de produção de técnicas retrospectivas.


PLANTA DE DEMOLIÇÃO LEGENDA CONSTRUIR DEMOLIR

4 7

2

6

5

1 3

5

5

8 8 8

PLANTA DE MODIFICAÇÃO


INTERVENÇÃO

Na pré-existência, a intervenção partiu do princípio de tentar preservar ao máximo as divisões originais, porém, em razão do estado de conservação em que metade do edifício se encontra, optei por manter o esqueleto em madeira da estrutura do edifício e retirar as divisões internas que já cederam, com isso obtive a criação de dois grandes salões para espaço de esposição do museu. Na outra metade, em que as divisões se encontram em melhor [F.42]

Uma Casa. Um Museu. Uma Memória

estado de conservação e estrutura, mantive as divisões internas, de forma a demolir somente o necessário para a adequação do novo programa ao edifício. No Casarão o programa se tornou: 1- Recepção; 2-Exposição; 3-Exposição intinerante; 4-Administração; 5- Biblioteca; 6- Sala de Estudos; 7- Sala de Análise de documentos; 8- Salas de exposição das peças do museu da família, recuperadas pela oficina de Restauração de obras de arte. 47


CORTE AA

CORTE CC

48


FACHADA NORTE

FACHADA LESTE

CORTE BB

49


TRADUZIR Apartir da identidade visual adotada pelo projeto, a materialidade do edifício foi escolhida em razaõ da vontade de manter o diálogo proposto desde a concepção da ideia inicial, os materiais também precisam propor uma ligação entre a pré-existência e a contemporâneidade. Por esse motivo a “casca” do edifício, que é a única parte fixa da edificação é em tijolo solo-cimento, que é um elemento construtivo até hoje utilizado na construção civil, mesmo não sendo considerado um material “novo”, a cobertura com diversas inclinações também será executada nesse material, mas em razão das limitações dessa tecnologia, foi necessária a utilização de uma estrutura auxiliar para essa cobertura. A estrutura auxiliar é em perfil metálico e só é visível do interior do edifício, para que dessa forma a identidade visual

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proposta não seja alterada, contudo essa estrutura em perfil metálico se torna um marco da comtemporaneidade do edifício, sendo assim, ela ficará exposta no interior da edificação. As vedações internas, pela proposta de fluidez e flexibilidade de ambientes, é toda em divisórias móveis, painéis de madeira inspirados em muxarabis, elementos característicos do período histórico da pré-existência. Ao lado é possvível observar a forma como esses elementos se completam no todo, alguns momentos onde esses elementos, tão diferentes, se encontram e se tornam uma unidade. O diálogo constante, presente em todos os aspectos do projeto, entre tempos e a flexibilidade como garantia de que a história é escrita constantemente, por isso a arquitetura precisa ser adequável, se tornando assim sempre utilizável e nunca esquecida.

Paolla L. Barbosa Nogueira


1 - Posição dos pilares metálicos, dispostos ao longo do edifício, de forma periférica, para não interferir da dinâmica do espaço interno.

2- A conexão desses pilares metálicos com as vigas, apoiadas tantos nesses pilares quanto na parede interna de solo-cimento(dupla, como pode ser visto no corte de pele), permitindo assim as diversas inclinações da cobertura.

3- A “rede” metálica composta por ripas metálidas que apoiam as lajes em concreto pré-moldado, onde serão assentados os tijolos da cobertura.

laje de concreto solo-cimento

viga metálica

viga metálica

viga metálica esquedria de madeira

pilar metálico

solo-cimento alvenaria dupla viga metálica

calha viga metálica

abertura em vidro esquedria de madeira

solo-cimento

laje de piso em cimento queimado

Uma Casa. Um Museu. Uma Memória

solo-cimento alvenaria dupla

solo-cimento

[F.42]

laje de piso em cimento queimado

laje de piso em cimento queimado

laje de piso em cimento queimado

51


OLHAR


ANFITEATRO

TÉCNICAS RETROSPECTIVAS Uma Casa. Um Museu. Uma Memória

LANCHONETE

EXPOSIÇÃO 53


CONFECÇÃO E BORDADOS

MUSEU ITENS FAMILIARES

LANCHONETE 54

Paolla L. Barbosa Nogueira


ร LBUM SENTIMENTAL

[F.42]

Uma Casa. Um Museu. Uma Memรณria

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APRECIAÇÕES A IMAGINÁRIA RELIGIOSA DE GOIÁS: O RECONHECIMENTO DE VEIGA VALLE E O ANONIMATO DOS SANTEIROS GOIANOS (1820-1940) – Raquel de Souza Machado - PDF Dossiê IPHAN {Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis - Goiás} 2008 PIRENÓPOLIS - GO: CRESCIMENTO DA MALHA URBANA E ATIVIDADES TURÍSTICAS – Boanerges Cândido da Silva – PDF O PRINCÍPIO FORMATIVO DO APRENDER FAZENDO NO PROGRAMA DAS OFICINAS-ESCOLAS - Rocío Serrano Cañas, 2013 - PDF Turismo em Festejos Populares: O caso da Festa do Divino em Pirenópolis -GO - Ronypeterson Morais Miranda e Ademir Luiz da Silva, 2014-2015 Assis WR 2007. Os Moradores e as Representações de Goiás n’A Matutina Meiapontense (1830 - 1834). Dissertação de Mestrado, Goiânia. Cascudo C 1972. Dicionário do Folclore Brasileiro. 3ed. Tecnoprint, Rio de Janeiro. Curado JG da T, Lôbo TC 2011. Festas do Catolicismo Popular: Expressões

Identitárias Presentes em Pirenópolis-Goiás. Ciberteologia – Revista de Teologia & Cultura 7(35):82-92. NOBREGA, José Claudino. MEMÓRIAS DE UM VIAJANTE ANTIQUÁRIO. Editora Raízes. Ano 1989. CHOAY, Francoise ALEGORIA DO PATRIMÔNIO. 1º edição. Ano 2001. Maia CES 2002. Enlaces geográficos de um mundo festivo – Pirenópolis: a tradição cavalheiresca e sua rede organizacional. Tese de Doutorado, UFRJ, Rio de Janeiro. Moreyra OS 1987-88. O olho que vê o mundo. Boletim Goiano de Geografia 7/8(1/2):. Polonial J 2006. Terra do Anhagüera: História de Goiás. 3ed. Kelps, Goiânia.Silva MM da 2001. A festa do Divino: romanização, patrimônio & tradição em Pirenópolis (1890-1988). AGEPEL, Goiânia, p. 229. Faleiro FF, Lopes LM 2010. Aspectos da mineração e impacto da exploração de quartzito em Pirenópolis-GO. In Ateliê Geográfico 4(3). [cited 2012 may 24]. Available from: http://www.revistas. ufg.br/index.php/atelie/article/view/16655/10101.



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