Habitação Coletiva para o Jundiaí Industrial | Priscilla Pedrosa Matias | UniEVANGÉLICA

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Habitação Coletiva Uma nova Vila para Vila

Habitação Coletiva para o Jundiaí Industrial


issuu.com/cadernostc

Cadernos de TC 2019-1 Expediente

Direção do Curso de Arquitetura e Urbanismo Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Corpo Editorial Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Simone Buiati, M. arq. Coordenação de TCC Rodrigo Santana Alves, M. arq. Orientadores de TCC Maíra Teixeira Pereira, Dr. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Simone Buiate Brandão, M. arq. Detalhamento de Maquete Volney Rogerio de Lima, E. arq. Seminário de Tecnologia Daniel da Silva Andrade, Dr. arq. Jorge Villavisencio Ordóñez, M. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Seminário de Teoria e Crítica Ana Amélia de Paula Moura, M. arq. Maíra Teixeira Pereira, Dr. arq. Pedro Henrique Máximo, M. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Expressão Gráfica Madalena Bezerra de Souza, E. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Anderson Ferreira de Sousa M. arq. Secretária do Curso Edima Campos Ribeiro de Oliveira (62)3310-6754


Apresentação Este volume faz parte da quinta coleção da revista Cadernos de TC. Uma experiência recente que traz, neste semestre 2018/2, uma versão mais amadurecida dos experimentos nos Ateliês de Projeto Integrado de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo (I, II e III) e demais disciplinas, que acontecem nos últimos três semestres do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Anápolis (UniEVANGÉLICA). Neste volume, como uma síntese que é, encontram-se experiências pedagógicas que ocorrem, no mínimo, em duas instâncias, sendo a primeira, aquela que faz parte da própria estrutura dos Ateliês, objetivando estabelecer uma metodologia clara de projetação, tanto nas mais variadas escalas do urbano, quanto do edifício; e a segunda, que visa estabelecer uma interdisciplinaridade clara com disciplinas que ocorrem ao longo dos três semestres. Os procedimentos metodológicos procuraram evidenciar, por meio do processo, sete elementos vinculados às respostas dadas às demandas da cidade contemporânea: LUGAR, FORMA, PROGRAMA, CIRCULAÇÃO, ESTRUTURA, MATÉRIA e ESPAÇO. No processo, rico em discussões teóricas e projetuais, trabalhou-se tais elementos como layers, o que possibilitou, para cada projeto, um aprimoramento e compreensão do ato de projetar. Para atingir tal objetivo, dois recursos contemporâneos de projeto foram exaustivamente trabalhados. O diagrama gráfico como síntese da proposta projetual e proposição dos elementos acima citados, e a maquete diagramática, cuja ênfase permitiu a averiguação das intenções de projeto, a fim de atribuir sentido, tanto ao processo, quanto ao produto final.

A preocupação com a cidade ou rede de cidades, em primeiro plano, reorientou as estratégias projetuais. Tal postura parte de uma compreensão de que a apreensão das escalas e sua problematização constante estabelece o projeto de arquitetura e urbanismo como uma manifestação concreta da crítica às realidades encontradas. Já a segunda instância, diz respeito à interdisciplinaridade do Ateliê Projeto Integrado de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo com as disciplinas que contribuíram para que estes resultados fossem alcançados. Como este Ateliê faz parte do tronco estruturante do curso de projeto, a equipe do Ateliê orientou toda a articulação e relações com outras quatro disciplinas que deram suporte às discussões: Seminários de Teoria e Crítica, Seminários de Tecnologia, Expressão Gráfica e Detalhamento de Maquete. Por fim e além do mais, como síntese, este volume representa um trabalho conjunto de todos os professores do curso de Arquitetura e Urbanismo, que contribuíram ao longo da formação destes alunos, aqui apresentados em seus projetos de TC. Esta revista, que também é uma maneira de representação e apresentação contemporânea de projetos, intitulada Cadernos de TC, visa, por meio da exposição de partes importantes do processo, pô-lo em discussão para aprimoramento e enriquecimento do método proposto e dos alunos que serão por vocês avaliados.

Maíra Teixeira Pereira, Dr. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Simone Buiate Brandão, M. arq.


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Uma nova Vila para Vila: Habitação Coletiva para o Jundiaí Industrial

O trabalho de conclusão de curso de Arquitetura e Urbanismo da UniEVANGÉLICA, apresentará uma proposta para contornar o cenário atual da habitações coletivas sociais e condomínios residenciais projetados, buscando críticas sobre seu valor social, arquitetônico e urbano e porque não há funcionalidade adequada visto no exercício de cidadania. A ideia surge partindo do questionamento da falta de planejamento e investimento do Poder Público e Poder Econômico, ausencia de Leis e Incentivos Federais, sugerindo então um modelo com qualidade arquitetônica e urbana, e porque,viabilizando um novo espaço para o cidadão. Direcionada a atender várias demandas encontradas, e atender a vários programas e necessidades que existem, diversificando as tipologias e formas, cria-se uma vila conectada com a cidade e vida urbana.

Priscilla Pedrosa Matias

Orientador : Maíra Teixeira celular: (62)993175865 Intagram: @priscilla.matias.arquitetura

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Priscilla Pedrosa Matias


APRESENTAÇÃO ANÁLISE DO LUGAR PROJETO

Habitação Coletiva

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APRESENTAÇÃO

VIVER, EXISTIR E HABITAR NA CIDADE

“Há no Brasil conjuntos habitacionais com localização tão distante e inadequada que não apenas colocaram os moradores em uma condição de sofrimento, como criaram uma série de deseconomias urbanas. Quando se instala um conjunto fora da cidade, é preciso levar a cidade até o conjunto.” (MARICATO, 2012, p.63)

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A CADA 8 DOMICÍLIOS NO BRASIL,1 É SUBNORMAL

LEGENDAS: [f.1] Foto da desigualdade social entre classes sociais no desenho urbano do Rio de Janeiro. FONTE: Carta Capital, link : <http://www.mobilizadores.org.br/noticias/oito-homens-tem-a-mesma-riqueza-que-os36-bilhoes-mais-pobres-d o-mundo/>

Apesar de várias construções feitas em Anápolis, sendo residênciais de diversas tipologias para atender uma demanda variada de pessoas, não há propostas ideais para uma ligação com a vida urbana.

O método aplicado é monótono e modular, sendo quase aplicado um modelo único de moradia para quase todo o país, devida-

Queda da qualidade e infraestrutura

Aumento do Déficit Habitacional

mente pela falta de planejamento projetual e a inexistência de inserção urbana e social. As consequências causadas por essa localização ruim afeta justamente a população de classe baixa que não possuem condições financeiras para adquirir um imóvel, preferindo se apropriar de terrenos inadequados, como morros, beira de corregos e rios, e construir casas sem uma estrutura ideal para continuarem dentro da cidade, aumentando a taxa do déficit habitacional. Tentando solucionar o problema, o governo, na tentativa de demonstrar um interesse de diminuir os números de aglomerados subnormais e fornecer moradia acessível à população mais carente, constrói a cada ano um maior número de habitações coletivas sociais, afim de bater metas, porém, excluídas da sociedade e da vida urbana por conta da especulação imobiliária dentro da cidade.

Excesso de construções para bater metas

O estudo apresentado é de uma proposta projetual diferente do convencional que as habitações coletivas e condomínios residenciais apresentam. É questionado a interação urbana, e porquê não agrega aos indivíduos uma satisfação total de morar no local. Também perdeu-se a essência do convívio coletivo e consequentemente a funcionalidade urbana. O projeto se desenvolveu a partir de questionamentos ao investimento público e privado, e o porquê de seu desenvolvimento projetual ruim, onde pessoas ficam isoladas dentro de muros ou na periferia da cidade, muito das vezes não possuindo insfraestrutura urbana e em algumas vezes o transporte público não chega ao local. Observa-se as implantações de Habitações Coletivas Sociais e Condomínios Residenciais Fechados contruídas no país que desabilita o funcionamento de interação com a cidade, tendo como exemplo as habitações do programa Minha Casa, Minha Vida, foi iniciado pelo Governo Federal junto a ONGs e parcerias empresariais com o intuito de proporcionar moradia a população brasileira, suprindo, assim, o problema de déficit habitacional que o país vinha passando e passa até hoje. Contudo, cada vez mais existe um isolamento do indivíduo, independente de ser público ou privado, de classe baixa ou alta. A arquiteta e urbanista Erminia Maricato, especialista na área de planejamento urbano e habitação popular, cita que:

Existe uma tentativa de solucionar o problema, contudo sem eficácia e funcionalismo, e muito das vezes em vão por não escolherem uma localização mais próxima da cidade. Já a outra parcela que possui melhores condições finaneceiras, para a compra de uma residência dentro da zona urbana, aliêna-se muitas vezes à lotes em condomínios residenciais fechados e isolados com muros, guaritas e seguranças 24 horas, no objetivo de achar que terá uma melhor qualidadde de vida, se desligando da cidade em virtude dos próprios benefícios, acabando com a interação de moradia e cidade, usuário e vida urbana. É sugerido então um modelo viável, com qualidade arquitetônica e localização mais funcional. O projeto Habitação Coletiva Vila Industrial irá propor um novo modelo habitacional, que promove convivência com a vida urbana, no desenrolar de um microbairro, inspirado na antiga Vila de Moradores na zona Industrial de Anápolis. Priscilla Pedrosa Matias


LEGENDAS: [f.1] Para figuras, que incluem grรกficos, fotografias, imagens, mapas, diagramas e etc. [f.2] Para tabelas.

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HABITAÇÃO E VIDA URBANA

A moradia não pode ser considerado apenas como abrigo do sol e da chuva, mas um espaço ideal para viver com acessibilidade, segurança, estabilidade estrutural e durabilidade, infraestrutura básica, qualidade ambiental, salubridade e uma localização próxima a cidade, para que tenha um alcance aos trabalhos e equipamentos urbanos públicos. “Quando instala um conjunto fora da cidade, deve levar a cidade até o conjunto, juntamente com o investimento em saneamento, saúde, educação, coleta e destinação de lixo, cultura e lazer. Não é possível acabar com o déficit habitacional se não tiver esses tipos de soluções.” (MARICATO, 2012, p 63)

Sendo o Brasil membro da ONU, concordou-se no que diz a Declaração dos Direitos Humanos: “Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis”. Isso porque os tratados e acordos internacionais assinados pelo Estado brasileiro têm força de lei, fazendo ser obrigatório o seu cumprimento dentro do nosso território. “São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle. ” Declaração Universal dos Direitos Humanos, ART. VI e XXV.

LEGENDAS: [f.2] Foto da República Checa, rua da cidade, pessoas . FONTE: Best Wallpaper : <https://pt.best-wallpaper.net/Czech-Republic-city-street-people_wallpapers.html>

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Com isso, deveria ter projetos melhores afim de incentivar pessoas de baixa renda a adquirirem habitações por um valor mais baixo, como por exemplo o programa Minha Casa, Minha Vida. E, apesar de já existir desde 1903 construções habitacionais direcionadas pelo poder público, o déficit habitacional não diminuiu consideravalmente, por consequência da falta de investimento, interesse e valoriza-

ção por parte do governamental, que busca apenas bater metas e números. A habitação é uma ligação de vários componentes responsáveis para uma melhor moradia as pessoas. Coloca dentro desse contexto: segurança, conforto, moradia, educação e saúde. Um complexo. Contudo, o direito a habitações de qualidade deveriam ser acessiveis a todos independente da renda ou nível social, e justamente àquelas pessoas que não tem condições financeiras sufuciente. Hoje uma habitação se torna mercadoria cara por conta da especulação imobiliária e cultura de valorizar a região por níveis sociais que ali residem, sendo que se for pessoas de baixa renda o lugar não se torna valorizado como um lugar de convívio entre a alta classe. E assim, o governo deveria ignorar tais pensamentos culturais e disponabilizar habitações em bons lugares, para que não haja exclusão social e evitar o desenvolvimento dessas construções subnormais, em locais inseguros e sem infraestrutura básica. Lembrando que é um direito mundial para todos.

“ habitação é um dos cinco serviços públicos essenciais, junto com educação, saúde, seguridade social e serviços sociais pessoais. A definição de habitação é comumente relacionada a uma concepção de Estado de Bem-Estar Social e, embora uma parte considerável do setor habitacional seja provido pelo setor privado, ao longo do século XX passou a ser consolidada como política pública..” MALPAS(2004),s.d apud KUWAHARA, 2011

AS CONSEQUÊNCIAS DA GLOBALIZAÇÃO

O mundo está passando por profundas transformações no espaço urbano e, de acordo com um relatório feito pela ONU, pela primeira vez a população urbana ultrapassa a população rural, atingindo 54% mundialmente. A tendência maior será em países menos desenvolvidos, principalmente na Ásia e África, trazendo junto a crescente desigualdade social. O crescimento financeiro na contemporaneidade intensifica iniquidades sociais e econômicas, contribuindo para o aparecimento de cidades, mais diversificado no aspecto financeiro, social e cultural. Para Castells (2003) “o avanço da pobreza é reflexo do modelo de desenvolvimento que propicia a desigualdade, inclusão e exclusão simultâneas, a polarização de grupos Priscilla Pedrosa Matias


sociais”. Este fenômeno global de “mundialização do capital” (Chesnais, 1999) interfere no meio urbano, exigindo cada vez mais competitividade, competência e disputas entre pessoas. Consequentemente, gera-se o desemprego, exclusão, pobreza, diminuição de recursos para políticas sociais, aumento da desiguldade, violência e degradação urbana. Novos espaços surgem, com mais tecnologias, centros financeiros especializados, bairros planejados caros e condomínios residenciais fechados, reflexos de uma fragmentação e segregação urbana não planejada para o direito igualitário de todos os cidadãos. No Brasil, a expansão das cidades é caracterizada ou por grandes loteamentos oficiais, destinado a população de alta renda , ou por lotes irregulares em áreas precárias com habitações construídas, direcionadas para a população de renda mais baixa. Essa caracteristica predominante nas cidades do país foi analisada é denominada por Milton Santos de urbanização espraiada. Caracterizada com o crescimento horizontal das cidades, juntamente com a periferização dos mais pobres. As cidades vão em direções determinandas por frentes imobiliárias, um modelo de crescimento extensiva horizontal. É um modelo mais caro, pois estica a malha de infraestrutura tendo o aumento da rede de esgoto, água, energia e pavimentação. Urbanistas analistas, como Benny Schasberg e Nabil Bonduki, colocam em pauta que o papel governamental deve-se qualificar as áreas desqualificadas, e não se deixar levar por especulações do mercado imobiliário. Levar uma qualidade básica para a cidade como um todo sairá mais barato economicamente para o governo, possuirá serviços públicos com funcionamento mais racional, tendo um Mix de Usos, compactabilizando o espaço urbano e promovendo o desenvolvimento de polos econômicos em áreas desqualificados, acabando com a separação de cidade e periferia. Na cidade de Anápolis houve uma crescente expansão desenfreada horizontalmente, a especulação imobiliária trouxe obstáculos para muitos de seus moradores, aumentou o valor dos imóveis dentro da zona urbana, obrigando a população mais pobre a migrar para a periferia, consequêntemente aumentou a insegurança, diminuiu a qualidade de infraestrutura, e aumentou o numero de ocupações irregulares e assim surgindo os variados condomínios residenciais fechados. Novas regiões privatizadas são pratos cheios para os setores imobiliários, colocaHabitação Coletiva

dos com valores altíssimos e inalcançáveis para a maior parte da população, e para agradar uma pequena parcela de pessoas, estas preferem pagar a mais por comodidade de viver dentro de muros do que se arriscar a continuar dentro da cidade. Não deixando de ter a exclusão urbana e social, as periferias vão aumentando, extendendo a malha de infraestrutura com uma qualidade inferior, por questão de valores econômicos para a gestão governamental, consequentemente diminuindo os espaços públicos da cidade, sem centros de lazer, praças, locais de convívio para a comunidade como um todo. Constrõe-se hoje lugares cada vez mais isolados ao público, com restrições e segurança intensa. Em análise do CAU/GO, observou-se uma desorganização territorial em Anápolis, onde houve sua expansão territorial em um curto período de tempo sem que tivesse o cuidado da observação de normas técnicas e legais, recaindo sobre toda a sociedade, onerando a administração pública e penalizando a população de menor renda, principalmente pelo aumento dos custos de serviços públicos. E outro vertente que ainda persiste é a retenção especulativa de imóveis onde o proprietário não investe e/ou vende o terreno, esperando a valorização da região através dos investimentos de poder público ou agentes privados. O prejuízo que a ociosidade de imóveis pode causar à população de uma cidade é o alto custo, por habitante, de equipamentos e serviços públicos. Isto acontece quando muitos terrenos permanecem baldios no interior de bairros já consolidados e, quando, ao redor da cidade, se multiplicam lote mentos e conjuntos residenciais, dispe sos, em área ainda não urbanizada e distantes dos locais onde há oferta de empregos, comércio e serviços urbanos. (OLIVEIRA, 2001, p. 26)

A Lei nº 10.270, mais conhecida como Estatuto da Cidade, foi aprovada em outubro de 2001 e estabelece as diretrizes gerais da política urbana, objetivando o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade, garantindo o direito a cidades sustentáveis. Esta prevê instrumentos como o Parcelamento, edificação ou utilização compulsória. Facultam ao poder público municipal, mediante o estabelecimento de lei para área incluída no Plano Diretor da cidade, exigir nos termos da lei ao proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado que o utilize adequadamente, sob pena de utilização dos instrumentos acima citados na ordem sucessiva.

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O principal objetivo é o combate à retenção de terrenos ociosos em setores da cidade que se valorizam evitando com isto os custos de urbanização e expansão em áreas periféricas. Algumas das propostas interessantes como, a disponabilidade dentro da cidade direcionado à ocupação de áreas com novas construções ou até mesmo em edifícios existentes abandonados, seria uma altenativa ideal e compactaria a cidade, aglomerando de forma positiva os usos, excluindo a necessidade de expansão territorial com maiores gastos em investimentos em infraestrutura, segurança e novo planejamento urbano. As taxas de impostos por consequência diminuíriam, a segurança seria melhorada e serviços públicos racionais e funcionais chamaria atenção daqueles que procuram condomínios residenciais fechados pelos benefícios oferecidos, porque estes estariam previstos ao longo do desenvolvimento urbano da cidade.

O DÉFICIT HABITACIONAL

O déficit habitacional é a consequência principal da exclusão social que a sociedade carrega como cultura, ou seja, espaços valorizados é onde o rico convive e espaços desqualificados é aonde o pobre tem que ir. O defícit surgiu a partir do momento em que as pessoas não conseguiram ter acesso a moradias ideais em locais qualificados. Assim, para não ficarem desabrigadas e sem um lugar para morar, constrõem em locais onde não tem tanto valor imobiliário, como em morros, margens de rios, áreas de preservação e as periferias. Então, as habitações geradas pela própria população ficam precárias, sem infraestrutura básica, insalubridade. É uma moradia com condições de construção que colocam em risco a vida do indivíduo, prejudica as preservações naturais, como rios e áreas verdes, não possui uma salubridade por muito das vezes não ter instação de redes de esgotos e coloca em risco a vida de outros, principalmente em casos de construções nos morros, vistos com mais frequência em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. LEGENDAS: [f.3] Foto do Aglomerad da Cerra, em Belo Horizonte. FONTE: Noticias R7: <https://noticias.r7.com/minas-gerais/ibge-aponta-que-647-dos-moradores-de-aglomer ados-em-bh-recebem-a te-um-salario-minimo-06 112013>

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“O conceito de déficit de habitação se refere a quatro situações : à população sem moradia, à população que habita domicílios rústicos, à população que gasta mais de 30% de seu salário mensal no alugem, e à coabitação. Domicílios rústicos são aqueles que não possuem paredes de alvenaria ou madeira aparelhada, e a coabitação

é caracterizada como a mais de três habitantes por dormitório, não atingindo assim as condições de salubridade. Trata-se de um problema eminentemente urbano, resultante de uma distribuição de renda desproporcional, com 85% do déficit habitacional brasileiro ocorrendo nas cidades.” (Fundação João Pinheiro, 2010.)

A existência de habitações precárias nas cidades não é um fato novo. Historicamente, esses tipos de moradias em condições ruins surgiu já no final do séc. XIX e início do séc. XX, situação vivenciadas pelos trabalhadores da Inglaterra na era da Revolução Industrial. Realidade que ainda hoje se encontra, não exclusivamente no Brasil, mas sim mundialmente, como cita Mike Davis: Assim, as cidades do futuro, uma vez feitas de vidro e aço, como fora previsto por gerações anteriores de urbanistas, serão contruídas em grande parte de tijolo aparente, palha, plástico reciclado, blocos de cimento e restos de madeira. Em vez de cidades de luz arrojando-se aos céus, boa parte do munto urbano do século XXI instala-se miséria, cercada de poluição, excrementos e deterioração. (DAVIS, 2006, p.28-29)

A aliança entre proprietários e setores imobiliários faz com que terrenos sejam loteados e disponabilizado para poucos, causando uma paisagem vazia dentro da cidade, e nesta lógica, resta a população pobre produzir habitações precárias. O termo déficit habitacional prevê residências de moradia denominados Moradias SUbnormais, um terno que designa um conjunto construído onde o morador tem a posse e não a propriedade do terreno ocupado. Estes vem de processos de formação “espontâneo” e reproduzidas de forma manual, pelos próprios moradores.

O REFLEXO DA POLÍTICA HABITACIONAL NO BRASIL

A questão habitacional é um dos principais problemas sociais urbanos no Brasil. Numa perspectiva que une a problemática da moradia integrado à questão de direito à cidade, é possível análisar que as revindicações surgem por várias facetas como soluções para graves problemas de infraestrutura básica, sendo saneamento, pavimentação, redes elétricas, construção de moradias para atender ao número alarmante de famílias sem casa própria e o

Priscilla Pedrosa Matias


questionamento das obras de urbanização em áreas periféricas. Houve, por parte governamental, várias tentativas de solucionar problemáticas do défiti habitacional, fundindo vários programas nacionais. Em resumo, o histórico mostra de que tais progras tornaram o tópico habitacional como uma questão de mercado, repassando a responsabilidade que deveria ser do Estado e um direito ao cidadão- para o setor privado, estes protagonizando a produção de habitações que iriam ser financiadas. Esse tipo de modelo econômico fez com que as unidades atingirem a classe média e atingirem o interesse empresariado da construção civil. Uma distorção de lógica na política habitacional fez perder a finalidade social para uma fábrica de produção de moradias. E na impossibilidade de conciliação, os empresários determinaram os investimentos públicos para habitação e qual seria a classe que seria direcionada. E por isso chega-se à um deficit habitacional altíssimo, com aproximadamente 8 milhões de moradias, segundo o levantamento do IBGE, dos quais 6 milhões, aproximadamente, são urbanos. Essa situação, juntamente com a ineficiência política, contribui para diversas lutas sociais por não somente ter acesso a moradia, mas o direito à cidade. O mais recente programa criado para essa vertente social foi o Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), lançado em 2009 pelo Ministério das Cidades, que tinha como meta construir um milhão de moradias, totalizando R$34 bilhões de subsídio para atender famílias com rendas entre 0 a 10 salários mínimos. Além disso, era prometido a estimulação de criação de empregos e investimentos no setor da construção. Contudo, assim como outros grandes programas federais (como a Casa Popular (FCP) e o Banco Nacional de Habitação (BNH)), a iniciativa privada foi quem protagonizou no desenvolvimento das casas, sendo que 97% do subsídio público são destinados à ofertas e produções das construtoras privadas e os outros 3% destinadas a cooperativas e movimentos sociais. Tendo dentro do PMCMV 3 faixas para atender famílias entre 0 a 10 salários mínimos, sendo estas: “A primeira faixa de renda é destinada a pessoas com renda mensal de até R$ 1.800. A faixa 1,5 estão inclusas as famílias com renda mensal de até R$ 2.600. Existe também a faixa 3: Esta é para famílias com renda de até R$ 9.000 reais mensais e a taxa de juros varia de 8,16% a 9,16% ao ano”, todas as demais informações estão

Habitação Coletiva

disponíveis no próprio site do programa. Contudo, percebe-se que o PMCMV cria módulos de moradia monótonos esteticamente e em modelos seriados, padronizando e reproduzindo as mesmas habitações coletivas contruídas. Fruto disso é o resultado de uma abordagem política habitacional que visando apenas lucros e bater números para tentativa de suprir o déficit habitacional.Sucedente disso é uma administração e associação inconsistente entre o setor público e privado. A arquiteta e urbanista Erminia Maricato, acredita que o PMCMV falhou em um detalhe que grande parte dos programas habitacionais brasileiros faltou. “uma visão mais estrutural do que deve ser esse combate ao déficit. O combate ao déficit não pode se resumir apenas aos números. E desde os tempos do Banco Nacional da Habitação, o BNH, que foi criado pelos militares na década de 1960, a questão habitacional no Brasil foi quase sempre tratada como meramente quantitativa, e o sucesso ou fracasso dos programas medido pelo número de unidades construídas.” (MARICATO, 2012, p.62)

Até defende a faceta interessante do PMCMV, contudo preocupa-se com alguns aspectos como localização e tamanho dos conjuntos. “Nós, urbanistas, gostaríamos que Minha Casa, Minha Vida se constituísse de conjuntos de menor porte, inseridos na malha urbana, que trabalhasse na recuperação de edifícios vazios e aproveitasse os terrenos contíguos ao tecido urbano, no centro das cidades”. (MARICATO, 2012, p. 61)

Resume-se então que, citando as problemáticas, vale ressaltar que as problemáticas não giram apenas da falta de lugar para morar, mas também das condições de infra-estrutura urbana e a forma de implantação das obras na rede urbana. Os três conflitos relacionam-se basicamente pela falta de moradia que proporciona um espaço adequado e bom, revindicações por redes de abastecimento de água eficiêntes, esgoto, transportes públicos e instalações elétricas. Assim, o deslocamento na cidade e as condições ambientais dignas, com espaços menores e compactos seria o ideal para concretizar a idéia de cidadania dentro dos programas que tomam conta dessa vertente no Brasil.

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de 2004 e 2011

26.621 é a contagem de condomínios residênciais só no estado de São Paulo

O QUE ESSES CONDOMÍNIOS TEM +

+

+

+

E O QUE DEVERIA TER

+ +

+

+

+

+ +

+

SÃO PAULO ESTADO COM MAIS CONDOMÍNIO FECHADOS

condomínios residenciais

ANÁPOLIS possui uma quantidade de

10.909 LOTES DE

CONDOMÍNIOS FECHADOS

13.806.030

M É O ESPAÇO USADO DENTRO DA CIDADE PARA A CONSTRUÇÃO DE CONDOMINIOS RESIDENCIAIS ISOLADOS DA CIDADE DE GOIÂNIA

URBANA RURAL 67,70% 32,30%

1980

URBANA RURAL 75,47% 24,53%

9

CAPITAL GOIÂNIA

fechados, privados e isolados GOIÂNIA lidera com 21 condomínios no Goiás

URBANA RURAL 78,36% 21,64%

1991

1996

URBANA RURAL 81,23% 18,77%

2000

URBANA RURAL 84,36% 15,64%

2010

FONTE: IBGE - População Urbana e rural no Brasil 1980-2010

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de 2007 a 2015

9,6%

MARANHÃO 20% ESTADO MAIS CRÍTICO

é o déficit em relação ao estoque total de moradias no país.

255.000 DOMICÍLIOS VAGOS

13,41%

21.399

em situação de déficit habitacional. Em seguida ANÁPOLIS com 6,58%

CENTRO-OESTE

GOIÂNIA lidera o ranking dos 10 municípios goiânos com maior quantidade de

GOIÁS

DÉFICIT HABITACIONAL

BRASIL

190.000 DOMICÍLIOS EM

2014 19%

2005 25%

2012 17%

2010 22%

2011 17%

2005 16%

2014 21%

2010 24% 2011 20%

2010 29% 2011 24%

2012 19%

2014 26% 2012 21%

FONTES: FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, IBGE E IMB

Habitação Coletiva

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Fim do século XIX, o fim da da escravidão e chegada de imigrantes europeus chegaram no Brasil. Dois grandes fatores que provocaram o aumento da população nas cidades, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro, acarretando no aumento da demanda de moradia. A iniciativa governamental foi de oferecer crédito a empresas privadas para a construção de habitações. Com a falta de lucro, investidores optaram por fazer prédios de habitação coletiva, surgindo os cortiços.

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HABITAÇÃO NO BRASIL

As condições dos cortiços eram degradantes, imorais e uma ameaça à ordem pública, então o novo poder republicano realizou uma reforma urbana no Rio de Janeiro, com a demolição de 590 prédios velhos e construção de 120 novos edifícios. Significando a expulsão de diversas famílias pobres de suas moradias, estas que buscaram ocupar subúrbios, periferias e o surgimento das primeiras favelas.

1910

1920

Com a crise no setor privado se estendendo por todo país, não sendo capaz de resolver a problemática da habitação para as camadas populares, a tarefa teria de ser assumida pelo Estado, que passou a sofrer pressões dos trabalhadores e do empresariado (o aumento de aluguel fazia com que trabalhadores revindicassem melhores salários). O governo disponabilizou financiamentos por meio do Instituto de Aposentadoria e Pensão que seriam destinadas ao aluguel. Medida ineficiênte e gravente a crise de moradia da época.

Com o Estado Novo e o início do período populista, foi criado a Fundação Casa Popular (FCP), com os primeiros resultados modestos, e foi o primeiro órgão nacional criado para prover residências para a população pobre. Contudo, apesar das váriadas funções relacionadas à política urbana, tornou-se ineficiênte devido ao acúmulo de dívidas, o governo reduziu as atribuições.Perdendo força.

1946

1950 - Deficít Habitacional de 3,6 milhões

1890

1905 - Primeiras construções habitacionais feitas pelo poder público no Rio de Janeiro.

HISTÓRICO

1964

Com as variadas tentativas de reerguer o FCP, com quase 20 anos de existência, produziu apenas 17 mil moradias. O fracasso foi por devirar dividendos políticos, tanto por forma de votos quanto por prestígio. Assim se encerrou em 1964 com o Golpe Militar. E criou-se o Plano Nacional de Habitação, este que buscava dinamização da economia, o desenvolvimento do país com empregos e fortalecimento da construção civil e sobretudo a garantia da estabilidade social.

Priscilla Pedrosa Matias


1994

No Governo Collor, o mais importante programa habitacional foi PAIH (Plano de Ação Imediata para a Habitação), propondo o financiamente de 245 milhões de moradias em 180 dias, mas não se cumpriu as metas. Foi breve e curto o prazo, dando espaço para os programas do Governo Itamar denominados Programa Habitar Brasil e Morar Município, que tinha por objetivo financiar construções de moradias para população de baia renda. Na mesma época foi incentivado a criação de conselhos,à criação de fundos para habitação e mudanças na constituição.

Habitação Coletiva

2000

2007

Não muito diferente dos programas diversos, foi criado o Programa de Aceleração de Crescimento e Programas Habitacionais Federais Subsidiadas pela Caixa Econômica Federal. O objetivo prometeu promover acelaração do crescimento econômico, aumento de empregos e melhoria das condições de vida. Tinha como base o incentivo do investimento privado, aumento do investimento público na infraestrutura e Remover obstáculos (burocráticos, administrativos, normativos, jurídicos e legislativos) ao crescimento. O PAC era dependente da participação do Executivo, Legislativo, dos trabalhadores e dos empresários. Teve que ser reformulado em 2011.

A principal política no governo de 2003-2010 foi o Programa Minha Casa, Minha Vida, ainda vigente nos dias atuais. A meta era de construir um milhão de moradias. Além do objetivo social, estimula a criação de empregos e de invesitmentos no setor da construção, na tentativa da crise econômica de 2008. Com esse programa, as prefeituras têm perdido poder, pois o programa “ estimula um tipo de urbanização e de captura dos fundos públicos que, por si só, torna mais dificil a aplicação”, sendo um dos instrumentos de reforma urbana, de acordo com o Estatuto da Cidade(FIX&ARANTES,2009).

2009

2016 - Deficít Habitacional de 6,4 milhões

1986

1988 - Constituição Federal reconhece direito à moradia

A crise financeira chega ao Sistema de Financiamento Habitacional que era direcionada pelo Governo Militar. E juntamente com o BNH, ambos são extintos, e transferidos a Caixa Econômica Federal suas funções. No período de 22 anos do militarismo, o SFH financiou cerca de 4 milhões de moradias, superando os demais programas até então. E com a crise drástica dos recursos , o governo lançou o Programa Nacional de Mutirões Habitacionais, da Secretaria especial de Ação Comunitária (SEAC), que tinha como objetivo financiar habitacções para famílias cuja renda era inferior a 3 salários mínimos.

Foi aprovada a Lei Federal 10.257, conhecida como Estatuto das Cidades, tendo como objetivo fornecer suporte jurídico mais consistente às estratégias e processos de planejamento participativo nas políticas urbanas e o acesso universal à cidade. Esta lei propõe “que a descentralização e a democratização caminhem juntas para garantir a plena legitimidade social dos processos de planejamento urbano e gestão de cidades” (FERNANDES,2008,p.44). Assim, for reforçado para a garantia do funcionamento social da propriedade e da regularização fundiária, tais como impostos e desapropriação.

169


ANÁLISE DO LUGAR

CIDADE DE ANÁPOLIS

170

375.142 hab.

335.032 hab.

288.085 hab.

2007

2010

2017

Crescimento populacional de Anápolis (30,2% em 10 anos)

11 mil unidades

Com relação ao setor habitacional de Anápolis, tem-se agravado desde 2007 com o crescimento do déficit habitacional na cidade, aumentando com muito mais destreza que o desenvolvimento da infraetrutura da cidade. O déficit habitacional envolve a população de baixa renda (0 a 3 salários mínimos) alcança 9.468 habitações do censo de 2010,, segundo o IBGE,e continua a ser a população menos atendida por programas governamentais. Dentre as faixas de atendimento do PMCMV, citado na página X , o mais predominante em Anápolis é da Faixa 1,5, segundo o censo do IBGE, que constitui entre os salários de até R$ 2.600. 9 mil unidades

[f.4] Imagem da Praça Bom Jesus, uma das principais praças da cidade de Anápolis, que possui um grande fluxo de pessoas diariamente. Fonte : <http://www.anapolis.go.gov.br/portal/search/Bom%20jesus/ver/pra-a-bom-jesus-entr egue-popula-o>

32, 51%, tendo um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,737. Com cidades do entorno, como as capitais Goiânia e Brasília, alguns os percentuais superam a do município, com a capital goiâna em 13,99% de IP e 0,799 de IDH e o Distrito Federal com 37,71% de IP e 0,824 de IDH, baseado nos dados retirados do IBGE no censo de 2010. O fenômeno demográfico de rápido crescimento populacional tem por consequência um agravamento na desigualdade social, vigente a grande demanda de moradias, especulação imobiliária e rápida valorização de terrenos mais próximos aos centros urbanos. E em Anápolis isso trouxe uma crescimento territorial horizontal, o que é ruim, porque causa o aumento de periferías e bairros cada vez mais distântes.

4 mil unidades

LEGENDAS: [f.4] Imagem da CApela de Santana, em seus primórdios, que logo daria início ao desenvolvimento da cidade de Anápolis. Fonte : <https://anapolistranstemporal.wordpress.com/2015/08/04/santana-padroeira-de-anapol is/>

A cidade de Anápolis é um município do interior do estado de Goiás, da região Centro-Oeste do Brasil, localizado à 52 km da capital goiana,Goiânia e 140 km do Distrito Federal. Conhecido por estar entre as capitais Goiânia-(Anápolis)-Brasília, desenvolveu no decorrer dos anos como principal polo industrial do estado, sendo hoje o 2° maior do estado de Goiás, principalmente com a implantação e desenvolvimento do Distrito Agro-Industrial de Anápolis (DAIA). Os princípios de Anápolis começou no início do século XVIII, tendo como responsável a movimentação de tropeiros que vinham de direfentes províncias em direção às lavras de ouro. Os cursos de água que cortam a cidade (João Cezário, Góis e Antes) contribuíam para o translado das pessoas, pois sítios se instalavam nas margens e serviam como ponto de referência de viagem e local de descanso. Até mesmo alguns garimpeiros abandonavam as aventuras de exploração do ouro para se instalarem as margens, estabeler moradia e constituir família. Em abrirl de 1870 surgiu o primeiro documento oficial de Anápolis. O povoado, contituído de 15 casas, aproximadamente, recebeu doações de parte das terras dos maiores fazendeiros para a formação do que se denominou de Patrimônio de Nossa Senhora de Santana, devido a santa padroeira dos fazendeiros. Devido a construção da primeira capela na região, Capela de Santana, fez o lugar florecer rapidamente, pelo que foi elevado à Freguesia de Santana, sobrevindo depois os estágios de vila e de cidade.até R$ 2.600.

[F.4]

O crescimento populacional aparenta ser algo beneficente, contudo, o índice de pobreza (IP) em Anápolis aumentou para

2007

2010

2017

Crescimento déficit habitacional de Anápolis (275% em 10 anos)

Priscilla Pedrosa Matias


Habitação Coletiva

171


N

Setor Central - Núcleo Urbano Original Expansão Urbana déc. 50 - (Jaiara, Jundiaí e Fabril) 0

2000

Escala Gráfica

4000

6000

[FIG.5] Mapa de Macrozoneamento do desenvolvimento de Anápolis.

Expansão Urbana déc. 70 - (DAIA, Base Aérea) Expansão déc. 80/90 Ocupação Recente (após 2000) Parte Jundiaí Industrial (Mapa FIG. 6)


N

Início Centro 1879 Expansão Centro 1907 Expansão Centro 1935 Ocupação Vila Industrial Ocupação Recente Av. JK

1879

Av. Brasil

1907

Terreno do Projeto

1935

1967 1945 2000

K

1000

.J Av

0

[FIG.6] Mapa de Expansão do Jundiaí, Anápolis.

A VILA INDUSTRIAL DE ANÁPOLIS A Vila Jundiaí Indutrial possui uma localização privilegiada por ser próximo do Setor Central e do Bairro Jundiaí. Sendo um dos bairros históricos, se desenvolveu rapidamente, logo após o crescimento do Centro, tendo total ligação e proximidade com o centro urbano e saídas principais de Anápolis, como as Av. Brasil e Av. JK. Sua origem foi para abrigar as primeiras indústrias e armazéns na cidade, aonde se instalaram por volta da década de 40. Após a chegada da, em 1935, a cidade passou por uma grande processo de expansão nas décadas seguintes, tanto para a região norte, com a Vila Jaiara, quanto para a região Sul, com o Bairro Jundiaí e a Vila Jundiaí Industrial, proximo ao centro. O loteamento do Bairro Jundiaí teve início em 1944 pela Sociedade Imobiliária de Anápolis, (f.5) “com o objetivo de urbanizar a região e resolver um problema habitacional na época” (CASTRO et. al. 2008, p.04). O planejamento do bairro incluia 3700 lotes, os quais 253 foram doados para operários que vinham para a cidade trabalhar nas industrias que surgiram e não possuiam condições financeiras para adquirir um lote e o restante da área foi parcelada para habita-

Habitação Coletiva

ção operária, parques, jardins, campos de futbol, hospital, escolas e igrejas, mas também foi planejada a criação de um conglomerado industrial, isolado do centro habitacional para reunir diversas industrias e armazéns, dando origem a Vila Industrial Jundiaí. Com a implantação da Avenida JK, no ano de 1945, o eixo era a ligação entre BRs 153 e 060. A avenida, além de cortar a cidade de Sul à Norte, era valorizado aos olhos de grandes empresários, principalemnte para a instalação de indústrias, juntamente com armazéns, que davam suporte às indústrias. Assim, desenvolveu a Vila Jundiaí Industrial. Sendo rota de entradas e saídas de marcadorias, a estação Engenheiro Castilo foi locada ao bairro, para equiliibrar a carga da estação no Centro. No entanto, a partir do final da década de 1960, uma intensa ocupação urbana no local, devido a expansão de territorial de moradias e comércios do bairro Jundiaí, tornando-a uma região ilhada de indústrias e armazéns, e a ferrovia perdeu sua força na região. A cidade de Anápolis, com um foco econômico voltado para o desenvolvimento da Industrialização e Atacadismo, sofreu na década de 1970 a remodelação urbana,

LEGENDAS: [fig.6]Mapa da expansão do bairro Jundiaí Industrial, com destaque ao desenho da ferrovia, implantada em 1935 e sua relação com a configuração urbana da cidade. Fonte: Plano Diretor 2006, adaptado pelo autor. [fig.7]Galpões, Indústrias e Armazéns no Setor VIla Industrial Jundiaí Fonte: acervo do Autor

como acontecia em várias cidades do Brasil, e a instalação do Distrito Agro-Industrial de Anápolis foi planejado, por iniciativa privada de empresários visionários, fixando assim o poder de polo industrial do estado. Juntamente com o crescimento populacional e com essa intervenção urbana, novas vias foram criados e a cidade passou a receber mais automóveis, surgindo assim o pedido de retirada dos trilhos, e consequentemente, a Estação Ferroviária perdeu força e credibilidade em relação aos deslocamentos, e em 1976 foi desativado a estação, marcando o fim da Era Ferroviária de Anápolis. Até a década de 80, ainda poucas empresas estavam instaladas no DAIA, mas com o incentivo de impostos reduzidos promovido pelo governo, caso as industrias decidicem migrar para o novo espaço criado, a ocupação do distrito chegou à 80%, segundo SEPLAN. Assim, várias indústrias deixaram a Vila Industrial, Vila Jaiara e Fabril, passando por um processo de desindustrialização. Edifícios industriais ficaram em desuso e estado de degradação, com o uso inadequado das atividades que começaram por usufruir das antigas industrias, como é o caso de industrias de reciclagem, depósito de sucatas, caminhões, a permanencia de algumas indústrias como o “Brejeiro” e até mesmo oficinas de carros e lavajatos. Isso acaba por afetar a paisagem e a vida urbana, ficando mais degradada, poluida visualmente e com alto fluxo de caminhões. Também, apesar de ter residências e comércios, o crescimento é lento, devido a um grande espaço que está preenchido por esses edifícios industriais antigos. O trabalho se direcionará ao Bairro Vila Jundiaí Industrial, com a intenção de voltar a ideia de um espaço para se viver e conviver dentro da cidade e a valorização o bairro. Criando moradias voltadas para classe média-baixa, será implantado em um vasto espaço horizontal, nas proximidades dos galpões da Vila Jundiaí, como era na década de 50. Valorizando o desenho de Indústria, Armazém e Galpão, seguirá as formas antigas de telhados e grandes vãos na entrada, e juntará as características das residências que tinham na época, com fachadas ativas, a convivência do carro com o pedestre, a criação de espaços de lazer e estar, e não deixando de estar dentro da cidade, com fácil acesso aos transportes públicos, comércios, serviços. Ou seja, próximo de tudo.

173


RESIDENCIAL COLORADO

N

RESIDENCIAL SOL NASCENTE RESIDENCIAL BELAS ARTES RESIDENCIAL GRAND TRIANON

RESIDENCIAL SÃO CRISTÓVÃO

RESIDENCIAL SANTO EXPEDITO RESIDENCIAL SANTO ANTÔNIO CENTRO URBANO

RESIDENCIAL CAMINHO DAS ÁGUAS RESIDENCIAL ALPHAVILLE RESIDENCIAL SUMMERVILLE

RESIDENCIAL DOS TRABALHADORES

RESIDENCIAL SUNFLOWER

RESIDENCIAL ANAVILLE

RESIDENCIAL LEBLON

RESIDENCIAL GAUDI

RESIDENCIAL COPACABANA

Contorno da área análizada para a implantação do projeto Caminhos Urbanos que ligam para o Setor Central Bairro Jundiaí Industrial RESIDENCIAL NOVA ALIANÇA

Setor Central Condomínios Residenciais Fechados/Privados Habitações Sociais direcionadas pelo Governo 0

2000

4000

6000

Escala Gráfica 173

174

[fig.11] Mapa de Direcionamento das regiões analisadas para as Diretrizes em Anápolis

Priscilla Pedrosa Matias


APONTANDO PROBLEMÁTICAS DE HABITAÇÕES COLETIVAS EM ANÁPOLIS Há instalados na cidade de Anápolis tipologias diferentes de moradia, desde edificações habitacionais, uni-habitacionais, geminadas, habitações plurihabitacionais, seriadas, edifícios de atardamentos, conjuntos residenciais e moradias econômicas isoladas. Das variadas habitações coletivas, oito são sociais do PMCMV voltadas para a população de baixa renda. A maioria, com excessão do Residencial do Trabalhador e o Residencial Summerville, estão localizadas na região periférica de Anápolis, o que gera duas problemáticas predominantes: a falta de acesso ao transporte e equipamentos urbanos públicos e a falta de infraestrutura com qualidade. O deslocamento da população, de um modo geral, é prejudicado pela distância, por ter um único terminal localizado no centro da cidade, responsável pela distribuição de ônibus para a cidade. E a população de baixa renda, por usarem, em sua maioria, do transporte público, necessita de ao menos duas linhas de ônibus para conseguirem se transportar. Assim, na habitação coletiva, não tendo as rotas ou qualquer ligação com algum ponto de ônibus, perde o interesse e valor para moradores em potencial, aumentando o déficit habitacional vigente dessa característica. Para a cidade, a implantação nas zonas periféricas desses conjuntos aumenta a demanda de instalações de infraestrutura, e consequentemente, pela alta demanda, quando é colocado mobiliários, a instalações tende a ter uma qualidade ruim. “[...]localização tão distante e inadequada que não apenas colocaram os moradores em uma condição de sofrimento, como criaram uma série de deseconomias urbanas. Quando se instala um conjunto fora da cidade, é preciso levar a cidade até o conjunto. É uma condição de deseconomia e de insustentabilidade que, no mínimo, gera muitas viagens.” MARICATO, 2012, p.63

O planejamento urbano ruim, feito para as implantações desses projetos habitacionais, dificulta o tráfego de pedestres, com quadras longas e estreitas formadas por ruas de longas distâncias e ingresso escasso à passeios urbanos, devida a falta de conexão com a vida na cidade. Outra problemática encontrada são as construções com materiais ruins, prejudican-

Habitação Coletiva

do a salubridade e durabilidade, conforto térmico e acústico, aumento de falhas de execução e patalogias construtivas após a finalização. Possui exemplos de falhas encontradas como: implantações rasas das fossas, que transbordam em períodos chuvosos, que causa mau cheiro, as fissuras podem aparecer mais rápido que o esperado por usar areia e concreto ruins e a cobertura, não feita com telhas e forros bons, causará em um futuro breve, goteiras e infiltrações. Grandes problemáticas são proveniente de um projeto que não leva em consideração questões climáticas, orientação dos ventos, qualidade de solo, qualidade de materiais e localização. A arquiteta Erminia Maricato descreve que o período depois de 25 anos de neoliberalismo no setor público, não tendo investimento em saneamento, saúde, educação, coleta e destinação de lixo, cultura e lazer. É impossivel desvincular o déficit habitacional de todos esses déficits. “Todos eles fazem parte de um mesmo contexto e por isso deveriam ser tratados de forma conjunta, estruturada. Mas o que se viu, ao longo da história recente, foram apenas pessoas sendo colocadas fora da cidade e em não cidades, em lugares que não passam de depósitos de gente.”(MARICATO, 2012, p.63) Esse reflexo de projetos padronizados usados, causa isolamento e exclusão social e urbana, desenvolvendo conjuntos de alto índice de violências e consequentemente baixa valorização dos próprios moradores, não demonstrando aspectos culturais e sociais. Assim, falta de infraestrutura causa desconexão com a cidade, que gera falta de (des)envolvimento cultural e cria pessoas rotuladas pela sociedade como “pobres” e “perigosas”, com a consequencia de uma segregação social pertinente. Tudo causa da criação de espaços sem convívios e ligação. “Seja um gueto de pessoas homogeneamente pobres, seja um gueto de ricos, sempre dão origem a patologias: formação de gangues, tráfico de drogas, adolecentes endinheirados avessos a qualquer sentimento dde solidariedade humana, de respeito à coletividade. O que se consolidou também nessa concepção foi a cultura patromonialista brasileira, essa trágica herança histórica que temos de carregar.” (MARICATO, 2012, p.63)

LEGENDAS: [f.8] Imagem do Residencial Copacabana, um dos projetos do PMCMV ,em Anápolis FONTE: Portal6.com.br [f.9] Imagem do Residencial SunFlower, o primeiro condomínio fechado de luxo em Anápolis. FONTE: SkyScrapercity, <https://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=101802486>. [f.11] Mapa de Direcionamento dos condomínios analisadas para as Diretrizes, em Anápolis. FONTE: mapa desenvolvido, autoria do autor. pelo autor.

175


[fig.15]Foto da Av. Presidente Wilson, com a perspectiva da Receita Federal. FONTE: acervo do autor [fig.16]Foto da antiga Estação Ferroviária Engenheiro Castilho, atual sede da Secretaria Municipal. FONTE: acervo do autor [fig.17]Foto do Supermercado próximo do terreno escolhido, encontrado na Av. Presidente Wilson. FONTE: acervo do autor [fig.18] Mapa de Análise do Entorno . FONTE: autoria do Autor. Retirado do arquivo DWG do Plano Diretor de Anápolis e editado. [fig.19] Foto do Conjunto Residencial Villa Verde, um dos primeiros residenciais Verticais de Anápolis. FONTE: acervo do autor

176

[fig.13] [fig.14] [fig.15]

[fig.14]Foto da Praça do Coreto, antigamente conhecida como Praça Marechal Floriano Peixoto. Atualmente se encontra ativo, mas com estado de conservação e utilização ruins. FONTE: acervo do autor

[fig.16]

[f.13] Foto do Colégio Dr. Genserico, próximo ao Local escolhido. Está atualmente ativo e em uso. FONTE: acervo do autor

[fig.17]

LEGENDAS: [f.12] Foto de galpões antigos, hoje subutilizados como depósitos de Recicláveis . FONTE: acervo do autor.

Ao analisar o entorno, observa-se uma forte presença de costumes locais, como sentar na porta de casa para conversar com o vizinho, caminhar com cachorros, caminhar até o mercadinho mais próximo, deixar os portões destrancados, características que envolvem os moradores da região, predominantemente composto por famílias, idosos que moram nas suas residências a vários anos e também trabalhadores que residem perto de comércios e indústrias que trabalham. É possivel ver ainda algumas casas com a fachada ativa, que existem desde as primeiras ocupações da região, ainda permanecem em bons estados de conservação e ocupadas por moradores. Com criação do DAIA, o espaço que era movimentado por cargas e descargas, caminhões, ferrovias, sirenes, hoje passa por uma transição lenta de indústria para comercio. Foi, aos poucos, tendo mercados, panificadoras, restaurantes, microempresas, comércios. Estes que atendem principalmente os moradores locais, e cada vez se desenvolve mais serviços e comércios, ignorando a existência dos galpões e armazéns que ali já tiveram uma função própria, além do aumento de residências e habitações verticalizados. As avenidas principais, que se destacam no bairro é a Av. Presidente Wilson,(cortando o bairro de uma ponta a outra), a Av. JK, (aonde mais se encontra as edificações industriais do século passado), e a Av. Presidente Vargas, (abaixo da Antiga Estação Ferroviária Engenheiro Castilho), hoje atual extensão da Prefeitura. A infraestrutura básica, como energia, saneamento, captação da água da chuva, recolhimento de lixo e asfalto é presente na maior parte do bairro, não existindo somente na Av. Federal (fig.18 e fig.23), onde se encontra residências mais carentes e subnormais. Como mostrado na figura 25, a Av. Presidente Wilson, categorizada como Via Arterial, possui uma movimentação maior de carros e pedestres, devido a presença de comércios e serviços.

[fig.12]

O ENTORNO

Priscilla Pedrosa Matias


25 10

10

30

102

0 fig.21 fig. 13

fig.20

0

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15

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Av. Federal fig. 12

dente Av. Presi fig. 16

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Wilson sidente

fig. 17

Av. Pre

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1010

Vargas 1015 1010

fig.22

1005 1000

995 995

1005

fig.19

0

100

0

50

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Escala Grafica

[fig.18] Mapa Análise Geral do Local

5

5 5 5 99 99 99

99

Vias Coletoras Vias Locais

Vias Arteriais Vias sem Asfalto

Linha Formosa via Shell Linha Formosa 4 etapa via Santa Casa

N Terreno Linha Bom Clima

LEGENDAS: [fig.20]Foto da Rua Braz Cordeiro de Morais, perspectivando os comercios locais, comum em toda a região. FONTE: acervo do autor

[fig.19]

[fig.20]

[fig.21]

[fig.22] Habitação Coletiva

[fig.21]Foto do Residencial Saint Germani. Moradias verticalizadas da região, acessivel para classe média. FONTE: acervo do autor [fig.22]Foto da Rua Emboabas, baixada que fornecec ligação direta com o Setor Central. FONTE: acervo do autor

177


[fig.23] [fig.26]Foto da parte inferior do Terreno, que tem ligação com a Av. Presidente Vargas, ao fundo o Ministério da Fazenda. FONTE: acervo do autor [fig.27]Foto da parte superior do terreno, encontrado acesso na, ao lado direito do Ministério da Fazenda. FONTE: acervo do autor

[fig.25]

[fig.25]Foto da parte superior do Terreno, que tem ligação com a Av. Presidente Wilson, ao lado o Ministério da Fazenda. FONTE: acervo do autor

[fig.26]

[fig.24]Foto de algumas residências da Av. Federal, via que não possui asfalto, rede elétrica e saneamento. FONTE: acervo do autor

[fig.24]

LEGENDAS: [f.23] Foto da Av. Federal, via que não possui asfalto, rede elétrica e saneamento. FONTE: acervo do autor

[fig.28]Foto da rua 8, já pré-existênte, parte asfaltada e com rede elétrica, ao lado esquerdo do Ministério da Fazenda. FONTE: acervo do autor

[fig.30]Mapa Gabarito do Entorno Imediato. FONTE: autoria do Autor. Retirado do arquivo DWG do Plano Diretor de Anápolis e editado.

178

[fig.27]

LEGENDAS

[fig.28]

[fig.29]Mapa do Uso do Solo do Entorno Imediato. FONTE: autoria do Autor. Retirado do arquivo DWG do Plano Diretor de Anápolis e editado.

Observa-se que o uso do solo é predominante de residências (fig.29), possuindo habitações coletivas de tipologias variadas (de 3 a 5 pavimentos, com 2 a 3 quartos) apesar do vasto espaço ocupado por edificações industriais, quantitativamente é menor. Com o levantamento fotográfico do terreno, observa-se como o espaço é grande e irregular, com a presença pré-existência de residências próximas, algumas em estados precários. Um edifício diferente do convêncional, característico com um desenho arquitetônico diferente, é o Ministério da Fazenda, que se encontra no centro do terreno escolhido. Já outras edificações do entorno, em sua maioria, é característico os muros e portões altos, fechando o contato do morador dentro de sua residência, prejudicando a interação da vida da cidade com o indivíduo, além de aumentar a insegurança por não ter visibilidade e luz. A escolha do terreno influenciou diretamente escolha do tema de criação das habitações residênciais, espaços de lazer e estar, vias de circulação de pedestres, a possibildiade de um comércio. Além do bairro favorável por possuir uma ligação próxima ao Centro, também dispõem de infraestrutura básica (na maior parte das ruas), equipamentos urbanos e uma importância histórica marcante para Anápolis. Marcado na cor cinza, o terreno propõem uma forma irregular, encaixando-se na quadra que um dia fez parte da ferrovia anapolina. Seu desenho proporciona a ligação das duas avenidas principais presentes, além de interagir diretamente com a Av. Federal, que não possui infraestrutura, possibilitando a proposta de implantação para o benefício dos moradores locais, e projetar um microbairro com habitações arquitetônicamente ideais no decorrer de toda sua extensão.

Uso do Solo

Legenda : Uso do Solo

Parques e Praças

Parques e Praças

Terreno

Terreno

Residências

1 pavimento

Institutos

2 pavimentos

Misto

3 ou Mais pavimentos

Galpões Industriais Comércio/Serviços

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N

Escala Grafica

[fig.29] Mapa Uso do Solo

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fig. 27

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fig. 28

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0

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5 5 5 99 99 99

0

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Escala Grafica

150

N

[fig.30] Mapa Gabarito do Solo

Habitação Coletiva

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O PROJETO

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Priscilla Pedrosa Matias


Habitação Coletiva

181


CONCEITO E PARTIDO A determinação de forma das habitações, juntamente com o traçado da implantação, teve como ponto de partida o lugar escolhido. Não necessariamente há necessidade de um espaço para novas moradias, mas a procura de um espaços para passeios disponíveis, próximo de áreas de lazer, com acesso fácil ao transporte público e aos equipamentos urbano é o ideal e mais procurado quando se refere a uma casa para se morar. O bairro Vila Jundiaí Industrial chama atenção por sua história e importância para a cidade. Atualmente, não tão valorizada como o esperado. Porém, com o crescimento do bairro tendendo a aumentar, juntamente com as novas implantações de comércios, serviços e habitações, proporcionou ser um bairro com grande potencial para um espaço de implantação de novos modelos habitacionais. Assim, após a escolha do lugar e tendo ainda alguns galpões, indústrias e armazéns remanecentes do passado, foi tirado do desenho do skyline dos armazéns e galpões que existem no bairro, delimitou-se um traçado interessante para o desenvolvimento de uma forma. O traçado tende a valorizar a industrialização da vila, que foi aban-

182

donado e esquecido com o tempo. Após a delimitação das formas, o desmembramento e recorte determinaram o desenho volumétrico, com linhas retas e inclinadas. Será feito, de acordo com a necessidade de permabilidade e conectividade com a cidade, vazados nas fachadas. Não somente o terreno proporcionará uma ligação entre duas vias e dois bairros, também as habitações criadas são caracaterizadas por aberturas em suas fachadas, tendo um aspecto de leveza e interação com o externo. Além da forma, o estilo industrial retirado de galpões industriais da vida, direcionará para os materiais que serão predominantes no projeto. Concreto, madeira e vidro. O concreto se destaca como predominante nas formas, e também por ser um material desenvolvido na era da revolução industrial, remete a ideia da industrialização, que foi a alguns anos, o maior setor trabalhado na vila anos atrás. O vidro dará ideia de permeabilidade, por ser transparente, aumentando a visibilidade do interno com o externo, não deixando de ser uma vedação para manter o espaço público do privado. E a madeira, para remeter a ideia de aconchego, por ser um material da natureza, se mistura com os outros dois, quebrando a artificialidade e rigidez do concreto e vidro.

Priscilla Pedrosa Matias


LEGENDAS: [f.31] Fotos dos Galpões e Armazéns subutilizados do bairro Vila Jundiaí Industrial. Fonte: acervo do Autor.

Habitação Coletiva

183


IMPLANTAÇÃO + PROGRAMA

LEGENDAS: [f.32] Mapa de Recorte da cidade de Anápolis, com foco em parte do setor Central, bairro Jundiaí e Vila Jundiaí Industrial, com destaque no terreno escolhido do projeto e a malha urbana no bairro Jundiaí. Fonte: Plano Diretor 2006, adaptado pelo autor.

184

O terreno escolhido possui uma assimetria, por causa da forma como contorna o Ministério da Fazenda, originando então um espaço âmplo e irregular para a implantação da nova vila habitacional do bairro. A intençao de criar uma malha foi inspirada no desenho urbano inicial do Centro da cidade de Anápolis, como mostrado no mapa acima, na qual era o planejamento inicial para a malha urbana do Jundiaí e do Jundiaí Industrial. Pegando do ponto de partida o ângulo inferior esquerdo do terreno, puxa-se duas linhas perpendiculares, e as distribui de forma paralelas, em suas respectivas direções, até formar uma malha quadrada. O quadrado formado possui uma dimensão de 7x7m, formando assim 49 metros quadrados por espaço desenhado. Partindo do desenho quadriculado, determina-se caminhos que ligam as duas avenidas principais que existem no contorno do terreno, mantendo a rua pré-existente do lado esquerdo do Ministério da Fazenda.

Com os caminhos traçados, determinou o desenho das quadras para a implantação das unidades habitacionais, e algumas áreas permeaveis, para ajudar na drenagem do terreno. Assim, com o desenho da malha, definiu-se a distribuição das habitações, sugerindo o desenho para 5 tipologias variadas de unidades habitacionais, contendo elas o preenchimento de 1 ou 2 quadrados da malha. Após o levantamento dos volumes no terreno, é colocado as formas inspiradas no skyline dos galpões do bairro, adaptando-as para compor a paisagem da vila habitacional. A ideia de Ruas Compartilhadas é colocada em proposta projetual, onde não terá o aparecimento de calçadas, mas de uma rua aonde o pedestre e o carro transitam no mesmo espaço, sem divisória de calçadas ou meio-fios. Modelo sugerido e inspirado do livro “Cidade para Pessoas”, de Jan Gehl. A ideia é colocar as aberturas das unidades direto para a rua, proporcionando uma interação direta com o externo da casa.

Priscilla Pedrosa Matias


1

4

2

5

3

6

Habitação Coletiva

185


DESENVOLVIMENTO DA FORMA público

privado

com o formato da implantação em quadrados e não retangulos, proporcionou um fluxo mais interessante entre as habitações

público ao colocar o quadrado na implantação quadriculada, consegue desenvolver espaços privados e públicos, com cheios e vazios, como espécies de quadras, para circulação dinâmica de pedestres e veículos. ao dividir um quadro simetricamente em 4 partes iguais, tem 4 espaços diferentes que proporciona variação de uso dentro do volume, dinamizando parte do espaço para a escolha do morador, ele podendo instalar um ponto comercial, uma garagem fechada, acréscimo de outro cômodo ou deixar aberto.

DESENVOLVIMENTO DAS TIPOLOGIAS

ou

+ +

+

ou

= = =

186

= =

O desenvolvimento das formas se deu com a junção do quadrado e as formas retiradas de galpões, armazéns e indústrias do próprio bairro Jundiaí Industrial. Assim, após determinar a quantidade de cada quadrado para a formação do programa, coloca-se a cobertura com caimento, para ter a formação das fachadas e arremeter a composição do partido. A determinação da quantidade de quadrados se deu pela quantidade de pessoas que irão residir na casa, sendo: Um quadrado para 1 ou 2 pessoas; Dois quadrados para 3 ou 4 pessoas; Três quadrados para 4 ou 5 pessoas.

Priscilla Pedrosa Matias


PROGRAMA

Como colocado no capítulo 1, os pontos negativos das habitações coletivas existentes, sejam elas sociais ou privadas, indicam que a falta de infraestrutura, equipamentos, área de lazer e acessibilidade é a composição mínima para se ter bom projeto habitacional. Assim, as soluções são voltadas para o programa do espaço projetado, e como a demanda contemporânea se volta para variedade de famílias existentes na sociedade atual, sendo elas de 2 pessoas, 3 pessoas, 4 pessoas e até 5 pessos. Com isso, foi desenvolvido 3 grupos de moradias, sendo elas de 1,2 e 3 quartos. Habitação 3 Qtos.

Para se manter a conexão com a cidade, e a valorização da pessoas, as ruas compartilhadas irão fazer a linha de tráfego e transito de pessoas, carros, bicicletas e motos, colocando uma restrição de velocidade e obstáculos, para manter a segurança. As áreas de lazer também serão implantadas, de modo a serem organizadas para o público, com quadras de esportes, parques, academia para terceira idade e área comercial, com almoxarifado, para depósito de equipamentos para manutenção do espaço aberto coletivo. E para completar, será feito áreas permeaveis com vegetação diversa , para ajudar no escoamento da água pluvial.

10%

19%

Habitação 2 Qtos. Habitação 1 Qto.

6%

Ruas Compartilhadas Área de Lazer Área Permeável

18%

16% 31%

Área do Terreno: 13.912,78m Área Total Construída: 17.998,23m

Habitação 3 Qtos. 14 unidades Habitação 2 Qtos. 19 unidades Habitação 1 Qto. 9 unidades Total de unidades: 42 unidades

Habitação Coletiva

187


ESTUDO DO ENTORNO Fachada Ativa ainda predominante na região, com algumas intervenções por causa da segurança, mas metodo muito usado para uma melhor segurança na rua, para o transito de pessoas a pé.

Fachada da década de 70, associada com a fachada da Estação Ferroviária Engenheiro Castilho (fig.

LEGENDAS: [f.33]Foto de uma fachada de uma casa do Bairro Jundiaí Industrial. FONTE: acervo do autor [fig.34]Foto de um galpão pré-existente, atual academia. FONTE: acervo do autor [fig.35]Foto do interior do galpão pré-existente, atual academia. FONTE: acervo do autor [fig.36]Foto de uma fachada nova, no bairro jundiaí, com formas de galpão, respeitando o entorno. FONTE: acervo do autor [fig.37]Foto da Indústria o Brejeiro, fábrica de maior porte ainda localizado no bairro jundiaí industrial. FONTE: acervo do autor

188

Presertação da Fachada antiga e adaptação interna, deixando a estrutura original de treliça para o telhado, a textura de tijolos nas paredes, somente modificando o piso e acrescimo de espaços internos , como é o caso dessa acadêmia de crossfit locada na avenida JK, que preservou a fachada e o material na parte inteira.

duas águas

abobadado

platibanda Edifícios de tipologias industriais novas ao lado de galpões e armazéns do século passado, na Avenida JK. Mesmo a construção sendo nova, conserva-se e respeita a tipologia e gararito local, continuando com a forma e tipo de fachada e materialidade dos outros galpões da região Vila Industrial Jundiaí.

Priscilla Pedrosa Matias


ESTUDOS DE CASO

27 viviendas en Sete Cidades | Eduardo Souto Mouro “O projeto contempla a construção de 27 casas em regime de custos controlados, sendo o objetivo essencial do projeto o de garantir uma otimização da relação custo/qualidade das habitações. A racionalidade das soluções dos espaços tenta garantir a satisfação do exercício das atividades da vida familiar. As casas desenvolvem-se em dois pisos com o aproveitamento da queda do telhado e com um forno exterior, elementos característicos das tipologias do nordeste micaelense.” (ArchDaily, 2015) O concreto aparente e o caimento do telhado contemplou o projeto com um estilo industrial e urbano, quebrando a monotonia das casas que são construídas em habitações coletivas unifamiliares. Quinta Monroy / ELEMENTAL | Alejandro Aravena, Elemental “este edifício devia ser permeável, o suficiente, para que os crescimentos acontecessem dentro de sua estrutura. Por um lado, queríamos emoldurar (mais do que controlar) a construção espontânea, a fim de evitar a deteriorização do entorno urbano com o tempo, e por outro, buscávamos fazer o processo de ampliação o mais fácil possível.”(ArchDaily, 2012) A fácil ampliação dentro da habitação propôs uma ideia de como pensar no futuro, para a família que ali reside não se preocupar em ter que mudar de lugar caso precise de um espaço maior. Conjunto Habitacional Jardim São Francisco | Demetre Anastassakis “O conjunto habitacional Jardim São Francisco , Setor VIII , foi resultado de um concurso nacional destinado à construção de habitação de interesse social no município de São Pau lo no ano de 1989. A proposta apresenada fundamentava -se na valorização de elementos construtivos pe lo povo , como a vila , a esquina e a praça .”(ÁTILA FRANCO; LARA PATRICIA, Passei Direto) A proposta consistiu na ajuda do povo na construção, uma criação de um novo bairro e espaços interligados, criando rotas de conectividade e espaços de convivência para as pessoas da região. As tipologias residênciais permitem a ampliação de novos cômodos, tento uma facilidade para projetar um novo espaço, dinamizando o programa e fornecendo ao morador uma flexibilidade de espaço. Habitação Coletiva

LEGENDAS: [f.38]Lotemento e casas das Sete Cidades / Eduardo Souto de Moura + Adriano Pimenta. FONTE: foto retirada do site ArchDaily.com.br <https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/765643/27-viviendas-en-sete-cidades-eduar do-souto-de-moura-plusadriano-pimenta/552c8 06ee58ecebf54000153-lf a_20140904_043-jpg> [f.39]Lotemento e casas das Sete Cidades / Eduardo Souto de Moura + Adriano Pimenta. FONTE: foto retirada do site ArchDaily.com.br <https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/765643/27-viviendas-en-sete-cidades-eduar do-souto-de-moura-plusadriano-pimenta/552c8 06ee58ecebf54000153-lf a_20140904_043-jpg> [f.40]Imagem da Quinta Monroy, ELEMENTAL. Imagem cortesia de ELEMENTAL. FONTE:foto retirada do site ArchDaily.com.br <https://www.archdaily.com.br/br/769261/a-arquitetura-precisa-de-consciencia-social/5 581715ce58ece56d8000 1e6-design-needs-a-soci al-conscience-image> [f.41]Imagem do Conjunto Habitacional Jardim São Francisco. Demosntrando em uma perspectiva que mostra os diferentes volumes. FONTE:foto retirada do CAU/RJ. dispoível em <https://www.caurj.gov.br/retratos-da-arquitetura-12/imagem-3/>

189


190

Priscilla Pedrosa Matias


25 10

LEGENDAS: TIPOLOGIAS HABITACIONAIS :

n

ilso te W n e d

N

si Pre Av.

5

102

TIPOLOGIA 1

TIPOLOGIA 2

TIPOLOGIA 3 1020

0

102

TIPOLOGIA 4

TIPOLOGIA 5

5

5

rgas

101

ente Va

101

id Av. Pres

0

40

IMPLANTAÇÃO GERAL

120m 0

10

30m

Corte B-B’

Habitação Coletiva

191

Corte A-A’


191

192

Priscilla Pedrosa Matias


DETALHAMENTO MOBILIÁRIO URBANO ÁREA DE LAZER INFANTIL VISTA POSTERIOR

VISTA LATERAL DIREITA

VISTA LATERAL ESQUERDA

CONCRETO MOLDADO IN LOCO, COM FÔRMAS DE MADEIRA.

BALANÇO

RIPAS DE MADEIRA

RIPAS DE MADEIRA MATERIAL REUTILIZADO DAS FÔRMAS DO CONCRETO.

REDE

0

1,5

4,5m

VISTA FRONTAL EM PERSPECTIVA

VISTA FRONTAL

VISTA SUPERIOR REDE DE PROTEÇÃO

REDE DE PROTEÇÃO

RIPAS DE MADEIRA

REDE

BALANÇO

VISTA FRONTAL

VISTA LATERAL ESQUERDA

REDE

RIPAS DE MADEIRA

REDE DE PROTEÇÃO

BALANÇO

REDE DE PROTEÇÃO

BALANÇO

REDE

VISTA POSTERIOR Habitação Coletiva

VISTA LATERAL DIREITA

ESCADA

VISTA POSTERIOR EM PERSPECTIVA 193


PAISAGISMO

son son Wil te Wil e t en en sid sid Pre v. Pre . v A A

N

Área de Lazer Infantil, composto por um parque e quadra poliesportiva

25 10

25 10

SETORIZAÇÃO:

Hortas Comunitárias

Área de Conveniência, com espaço para instalação de lanchonetes, banheiro comunitário e almoxarifado.

1020

1020

Bolsões de estacionamento para uso dos moradores.

Espaço exclusivo para fluxo de pedestres, com mobiliários e equipamentos . Uso de automóveis somente para cauga e descarga.

Academia ao ar Livre

Pontos de Ônibus

Locação dos Postes de instalação elétrica da Vila. Modelo duplo com fiação subterranea. Raio com 7m 193

194

5

101

5

101

IMPLANTAÇÃO GERAL IMPLANTAÇÃO GERAL

Priscilla Pedrosa Matias


PAVIMENTAÇÃO

5

102

0

102

5

102

Piso Intertravado - pavimento usado no espaço exclusivo de pedestre, entre as habitações.

0

102

Concreto Permeável -usado nas ruas compartilhadas, aonde possui um tráfego de veículos e pedestres.

TIPO DE VEGETAÇÃO : Copaíba

Angico

5

101

5

101

Rápis

argas argas idente V ente V Av. Pres Av. Presid

Ipês Amarelo

Aroeira salsa Caroba Araçá

Habitação Coletiva

195


TIPOLOGIA 1

2 1

3 4

6

5

Planta Baixa

Cobertura

Habitação 1: A primeira tipologia é voltada para famílias recentes. Casais sem filhos ou Solteira, estudantes e aposentados. É composto por um quarto, com um banheiro, cozinha conjugada com sala e área de serviço. A peculiariedade da casa se identifica na divisória central, tendo portas pivotantes móveis, podendo flexibilizar o espaço para ser totalmente integrado ou dividir o quarto e banheiro do restante. E também é destacado a parte do Espaço Livre, aonde fornece a possibilidade da construção futura de um anexo, podendo ser um quarto, ponto comercial, garagem ou depósito. Dependente da escolha do morador. Legenda: 1- Quarto/Suíte 2- Banheiro 3- Área de Serviço 4- Cozinha 5- Sala de TV 6-Espaço Livre

Corte A-A’ 0

2

Corte B-B’

4m

Escala Gráfica

Fachada Frontal

Fachada Lateral Direita

Fachada Posterior

Fachada Lateral Esquerda

N

Ripado de Madeira Vidro Bronze

0

20

40m

Implantação Geral - Locação da Tipologia 1 196

Concreto Aparente Escuro com textura lisa Concreto Aparente Claro com textura ripada

Priscilla Pedrosa Matias


Habitação 2: A segunda tipologia é voltada para as famílias mais atuais, como um casal com um filho, ou um casal sem filho, mas com intenção de ter. É composto de dois quartos, varanda e banheiro no pavimento superior, e no térreo, uma cozinha com sala conjugada, banheiro e área de lazer. As portas pivotantes móveis se encontram no pavimento térreo entre a cozinha e a sala, proporcionando a possibilidade de se ter um espaço mais íntimo ou interativo. E também é destacado a parte do Espaço Livre, aonde fornece a possibilidade da construção futura de um anexo, podendo ser um quarto, ponto comercial, garagem ou depósito. Dependente da escolha do morador.

TIPOLOGIA 2

2

3

5

1 4

6 Cobertura

Legenda: 1- Quarto/Suíte 2- Banheiro 3- Área de Serviço 4- Cozinha 5- Sala de TV 6-Espaço Livre

Planta Baixa - Térreo

Corte A-A`

Fachada Frontal

Fachada Lateral Direita

Corte B-B`

Fachada Posterior

1

2

Planta Baixa - Pav. 2

0 2 4m Escala Gráfica

Fachada Lateral Esquerda

N

Vidro Bronze Ripado de Madeira Concreto Aparente Escuro com textura lisa Concreto Aparente Claro com textura ripada

Habitação Coletiva

0

20

40m

Implantação Geral - Locação da Tipologia 2 197


TIPOLOGIA 3

2 2

4 3 Cobertura

2

7

Planta Baixa

Corte A-A’ 0

5

Corte B-B’

4m

1 6

A terceira tipologia é voltada para uma família que necessita de um espaço mais amplo, e prefere a casa térrea. É ideal para um casal com 1 ou dois filhos, por disponabilizar um quarto de solteiro maior. É composto por uma suíte, dois banheiros, um quarto, cozinha e sala conjugada, área de serviço e o espaço livre, na qual flexibiliza o aumento do quarto de solteiro, ou o acréscimo de um anexo independente da casa. O quarto de solteiro possui portas pivotantes rotativas, tendo um acesso mais direto ao espaço. Legenda: 1- Suíte 2- Banheiro 3- Área de Serviço 4- Cozinha 5- Sala 6- Espaço Livre 7- Quarto

Escala Gráfica

Fachada Lateral Direita

Fachada Frontal

Fachada Posterior

Fachada Lateral Esquerda

N

Vidro Bronze Ripado de Madeira Concreto Aparente Escuro com textura lisa Concreto Aparente Claro com textura ripada 0

20

40m

Jardim Vertical

Implantação Geral - Locação da Tipologia 3

198

Priscilla Pedrosa Matias


A habitação 4 é voltada para famílias mais consolidadas, com dois ou até três filhos, e tendo um espaço bem amplo, disponabilizando um espaço para a montagem de um escritório e/ou quarto de hóspede também. A casa tem os setores de íntimo e social divididos por andares, onde a cozinha conjugada com sala e sala de jantar ficam na parte térrea, enquanto a parte superior é composto por quartos e banheiros. Compõe-se a casa por dois quartos, uma suíte, dois banheiros, cozinha e sala conjugada e área de serviço. Em um dos quartos os painéis de correr aumentam o espaço de cima para a possibilidade de uma sala de televisão mais privada, um escritório aberto e uma brinquedoteca, além da função de mais um quarto, cajo haja muitos filhos na família residente. Legenda: 1-Suíte 2-Banheiro 3- Área de Serviço 4- Cozinha 5- Sala 6-Quarto

TIPOLOGIA 4 5

3

4 Planta - Térreo

Cobertura

2

2 1

6

6

Planta - Pav.2

Corte A-A’ 0

2

4m

Corte B-B’

Escala Gráfica

Fachada Frontal

Fachada Lateral Fachada Posterior Direita

Fachada Lateral Esquerda

N

Ripado de Madeira Vidro Bronze Concreto Aparente Claro com textura ripada 0

20

40m

Implantação Geral - Locação da Tipologia 4

Habitação Coletiva

199


TIPOLOGIA 5 4

3 6 Cobertura

1 5

2

Planta - Térreo

7

2

Legenda: 1-Quarto 2- Banheiro 3- Área de Serviço 4- Cozinha 5- Sala 6- Espaço Livre 7- Suíte Conjugada

7 Planta - Pav.2

Corte de Pele

0

Corte A-A’

2

A quinta e última tipologia se caracteriza das demais por ter a cobertura com 2 águas, tem caracaterístico dos armázens. Contudo, não deixando de ser dinâmica e funcional, a casa é composto por 3 quartos, tendo a possibilidade de um deles ser no andar de baixo. Os painéis usados nos quartos consolida a flexibilização do espaço, podendo ser um espaço mais amplo ou um espaço mais íntimo. A casa possui 2 quartos com banheiro conjugado no andar superior, e no andar inferior é composto por um banheiro, um quarto, cozinha e sala conjugada, área de serviço e o espaço flexível.

Corte B-B’

4m

Escala Gráfica

Fachada Frontal

Fachada Lateral Fachada Posterior Direita

Fachada Lateral Esquerda

N

Vidro Bronze Ripas de madeira Concreto Aparente Escuro com textura lisa

0

20

40m

Concreto Aparente Escuro com textura lisa

Implantação Geral - Locação da Tipologia 5 200

Priscilla Pedrosa Matias


DETALHAMENTO CONSTRUTIVO

0

20

60cm

DETALHE 1 1- Forração de Pedra : Britas 3 e 4 2- Concreto de fck 25 MPA 3- Armação da sapata da fundação de concreto 4- Ancoragem de amarração das ferragens 8 mm 5- Ferragem da malha POP horizontal 6- Laje Radierde concreto 25 MPA 7- Base Elástica para assentamento 8- Piso de 1200x600 mm Eliane Porcelanato

0

50

150cm

CORTE DE PELE Habitação Coletiva

201

Travertino Polido 9- Porca de Roscagem do parafuso de ancoragem 10- Ancoragem do painel a fundação diâmentro de 125 mm 11- Rodape de 120 mm de altura 12- Perfil Montante de alumínio (Estrutura Metalica de Sustentação Vertical) 13- Lã de Vidro WF 4+ 1,20x12,50mx50mm Isover 14- Painel de Gesso 12 mm


TECNOLOGIAS CONSTRUTIVAS o volume se encaixa em peças feitas de concreto moldados in loco, sendo elas auto-portantes, para ter resistência a maiores balaços. Contudo, o espaço livre, por ter a possibilidade de acréscimo de outro cômodo, suas vedações são de alvenaria convencional.

Concreto

montantes de madeira

Efeito do concreto apos a retirada das fôrmas Contraventamento

painéis de compensado

Parede de Alvenaria Convencional Tijolo de Cerâmica

Contraventamento

O processo de fabricar paredes auto-portantes consta na montagem das fôrmas no canteiro, após a montagem, irá preencher com concreto, utilizando uma malha de armação .

Parede de Concreto: estrutura autoportante de concreto moldado in loco em fôrmas de Madeira, posteriormente ira ser utilizado para as ripas de entrada

Paredes Portantes de concreto são classificados como incombustíveis, e usam sua massa para a transferência de esforços estruturais. Embora sejam resistentes à compressão, o concreto requer o uso de armadura para quando são impostos esforços da tração. A relação entre a altura e a largura, as medidas de estabilização lateral e a distribuição apropriada das juntas de dilatação são fatores essenciais no projeto e construção de paredes. As superfícies das paredes não precisam ser revestidas (no caso de minha proposta), ficando à vista.

Exemplo de montagem de fôrmas para a moldagem das paredes Reforço de borda 2x10.0mm c/30 Quadro de m a d e i r a pregado na fôrma

Cobertura em placa cimentícia com tratamento imperabilizante

Parede de Concreto: estrutura autoportante de concreto moldado in loco em fôrmas de Madeira, posteriormente ira ser utilizado para as ripas de entrada

Armadura reforço esquadrias 2 x 8.0 mm c/15 Mangueira p a r a passgem dos parafusos

Laje de Concreto com Malha de ferro

Parafuso travamento Tela Q 138 Painel fôrmas

lateral

Corte das paredes com a estrutura de fôrmas

Contrapiso

Parede de Alvenaria Convencional Tijolo de Cerâmica, para ter a possibilidade de quebra para acrescentar cômodo ou aumentar o ambiente

Fôrmas de Parede Utiliza-se separadores, geralmente de madeira, afastam e estabilizam os painéis das fôrmas. Apoio l a t e r a l A Superfície Interna dos painéis marcará as faces de concreto, ficando com as marcas fôrmas deixadas pelas fôrmas, ficando com o Concreto aparente é o concreto que não recebe revestimento após a retirada das fôrmas, especialmente quando sua textura reflete a textura, as juntas e os conectores das fôrmas utilizadas. As Fôrmas utilizadas serão jateadas com areia para acentuar o padrão de madeira, ficando com texturas padrões.

Impermeabilização Contrapiso Concreto

(Laje Radier) Concreto

Vergalhões Longitudinais

Todas as paredes internas em drywall

Tubulação de esgoto

Brita

10

Exemplo de Fundação Radier Fundação em laje radier

Com a proposta tendo características baseadas nas indústrias do entorno, foi utilizado a proposta do Concreto Aparente na fachada, criando a estrutura da casa como auto-portante, com as divisórias internas de DryWall. Serão moldadas in-loco para uma melhor flexibilidade de formas para as diferentes tipologias. As fôrmas utilizadas serão direcionadas para o uso dos Decks instalados, de forma a promover a sustentabilidade e reutilização de escombros de materiais de construção civil.

201

202

2 a1

cm

Vergalhões Transversais Solo

Brita

Fundação utilizada para um melhor distribuição e sustentabilidade da estrutura e das forças das Alvenarias Autoortantes. Foi utilizado a fundação Radier. São lajes de concreto sobre o solo, engrossadas para suportar diretamente a carga imposta por paredes ou pilares, formam um sistema de fundação e piso bastante econômico para edificações de um ou dois pavimentos, em climas não sujeitos a congelamento severo do solo. Priscilla Pedrosa Matias


203


204

Priscilla Pedrosa Matias


"Loteamento e casas das Sete Cidades / Eduardo Souto de Moura + Adriano Pimenta" [27 Dwelling in Sete Cidades / Eduardo Souto de Moura + Adriano Pimenta] 15 Abr 2015. ArchDaily Brasil. (Trad. Delaqua, Victor) Acessado 27 Mar 2018. <https://www.archdaily.com.br/br/765406/loteamento-e-casas-das-sete-cidades-eduardo-souto-de-mour a-plus-adriano-pimenta> ISSN 0719-8906. "27 casas em Sete Cidades / Eduardo Souto de Moura Adriano Pimenta +" [27 Moradia em Sete Cidades / Eduardo Souto de Moura Adriano Pimenta +] 21 abr 2015 Platform Architecture . (Trad. Franco, José Tomás) Acessado em 27 de março de 2018 . <Https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/765643/27-viviendas-en-sete-cidades-eduardo-souto-de-mouraplus-adriano-pimenta> ISSN 0719-8914. "Quinta Monroy / ELEMENTAL" [Quinta Monroy / ELEMENTAL] 06 Fev 2012. ArchDaily Brasil. (Trad. Delaqua, Victor) Acessado 27 Mar 2018. <https://www.archdaily.com.br/28605/quinta-monroy-elemental> ISSN 0719-8906 Anapolis 1948, documentário em vídeo disponível no :<https://www.youtube.com/watch?v=m1BTzVJzTCo>. YouTube. Acessado em 28 març. 2018. CENSO ANÁPOLIS IBGE, Disponível no : <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/go/anapolis/pesquisa/23/47427?detalhes=true> . IBGE. Acesso em 26 març. 2018. ESTAÇÃO DE ARTES ENGENHEIRO CASTILHO,

Habitação Coletiva

REFERÊNCIAS

Trabalho de graduação 2, UEG, Géssica de Bessa Melo. Anápolis 2016. SILVA, Arlete Mendes da. Anápolis e sua geografia: As Multiplas “centralidades do município. Caderno de Pesquisas - Museu Histórico de Anápolis ”Alderico Borges de Carvalho”, Ano 1 n°1. Anápolis, GO, 2009. Disponível em : <http://www.anapolis.go.gov.br/portal/multimidia/caderno-de-pesquisas-museu-historico/ VALENCIO, Norma; SIENA, Mariana; MARCHEZINO, Victor; GONÇALVES, Juliano; Sociologia dos Desastres : Construção, interfaces e perpectivas no Brasil – São Carlos : RiMa Editora, 2009 - SP LIMA, Zélia. A questão de habitação; Graduanda pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia . Disponível em : <http://www.uesb.br/eventos/ebg/anais/2b.pdf> Acesso em 12 març. 2018. Vários autores; Entrevistas - aU ; São Paulo: Pini Ltda, 2012 - SP.

BRITO, Claudius. Quase duas mil pessoas habitam favelas em Anápolis; disponível em : <http://www.jornalcontexto.net/noticia_detalhe.php?id_noticia=3314>, publicado em 31 dez. 2011no Jornal Contexto. Acesso em 14 març. 2018. CHING, Francis D.K., Técnicas de Construção Ilustrada [tradução: Alexandre Salvaterra: revisão técnica da 2 ed.: Miguel Aloysio Sattler ... et al.] - 5 ed. - Porto Alegre: Bookman, 2017.

205



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